Você está na página 1de 7

A∴ R∴ L∴ S∴ e B∴ O∴ ACÁCIA DO OESTE DE ROLIM DE MOURA Nº 2.

401
Fundada em 27 de fevereiro de 1986
Federada ao Grande Oriente do Brasil
Jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil Rondônia

POST.: UNIV.: DA MAÇONARIA E SALMO 133

JOÃO PAULO MENEGOTI

Rolim de Moura – RO
2023
JOÃO PAULO MENEGOTI

POST∴ UNIV∴ DA MAÇONARIA E SALMO 133

2° trabalho apresentado à A∴ R∴ L∴ S∴ e B∴ O∴ ACÁCIA DO


OESTE DE ROLIM DE MOURA Nº 2.401, como cumprimento
parcial das obrigações do grau de Apr∴ M∴

Seg∴ Vig∴: Ir∴ Anderson Ferreira da Costa

Rolim de Moura – RO
Sembro / 2023
A Sublime ordem, assim como qualquer outra instituição, deve basear-se em
princípios, firmados em seus Postulados, que serão instrumentos para governar e manter-
se operante ao longo da trajetória do tempo.
O termo Postulado, têm sentido, que poderíamos chamar de próprio, sendo
condicionais essenciais para atingir determinado objetivo comum.
É um princípio ou fato não demonstrado que se admite como verdadeiro. Ponto a
partir do qual, se dá início a um raciocínio, uma premissa.
Os Postulados são afirmações práticas consideradas verdadeiras, que determinam
uma ação possível, sem que haja a real necessidade de comprovação face às evidências.
Os Postulados Universais da Maçonaria são temas, afirmações, conceitos,
princípios que regem a doutrina maçônica, dando parâmetros excenciais para o maçon
reforçar seu caráter, melhorar sua bagagem moral, espiritual e aumentar seus horizontes
culturais.
Com o passar do tempo, o maçon, em sua tragetoria de vida, deve aprender a
executar os postulados, a cada dia de forma mais intensa, na esperança de ser um bom
obreiro, honrando a si mesmo e homenagiando a Fraternidade a qual é membro.
Esses Postulados, crivados na nossa Constituição do Grande Oriente do Brasil,
promulgada em 25 de junho de 2007, que abrange todo o seu artigo 2º, são bases adotadas
universalmente pela Maçonaria, sendo essas: a existência de um grande criador supremo,
que não teve começo e nunca terá fim: o Grande Arquiteto do Universo; O sigilo que é
da essência da entidade maçônica, juramentado por nós membros, não somente um dever,
mas também um orgulho em guardar; o Simbolismo da Maçonaria universal, que é meio
de comunicação e identificação entre os povos e também de uma geração para outra; A
Maçonaria divida em três graus (aprendiz, companheiro e mestre), também conhecida
como Simbólica ou ainda Operativa; A lenda do Terceiro Grau e sua incorporação aos
rituais; exclusividade de iniciação masculina; Proibição de discussão ou controvérsia
sobre matéria político-partidária, religiosa e racial, dentro dos templos ou fora deles, em
seu nome; a manutenção das Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Livro da Lei, o
Esquadro e o Compasso, sempre à vista, em todas as sessões das Lojas e o uso de avental
nas sessões.

2
A Constituição citada em tela, é Carta Magna Maçônica que vige no âmbito da
Maçonaria operativa brasileira e se baseia implicitamente ao “Código Landmarks”,
compilado por Albert Galletin Mackey em 1856, sendo este por sua vez o grande alicerce
constitucional universal maçônico, reconhecido pela Grande Loja Unida da Inglaterra.
Esse “Código”, está estruturado sobre um texto com os três modos de operações clássicas:
o permissivo (conjunto de normas que estabelecem um direito ou uma possibilidade), o
proibitivo (normativos que visam restringir as liberdades e os direitos) e o declarativo (as
disposições que visam formalizar, contextualizar e explicar um conjunto de definições
fundamentais à operação legal).
Levando em consideração a importância nos Postulados, sobre crer na existência
do Grande Arquiteto do Universo e o livro da Lei como uma das três luzes, é que se faz
necessário a sua leitura no início dos trabalhos.
É importante lembrar que Livro da Lei poderá ser, além da Bíblia, o Alcorão, a
Torah, o Evangelho Segundo o Espiritismo, o Livro de Mormon ou qualquer outro livro
que seja sagrado para a religião dos Obreiros participantes dos trabalhos ritualísticos.
No Brasil, onde predomina a influência judaico-cristã, as Lojas que trabalham no
Rito Escocês Antigo e Aceito, adotaram a Bíblia.
O Livro da Lei não existia nas reuniões da Maçonaria Operativa inglesa. Só a
partir de 1670, as Lojas Jurisdicionadas à Grande Loja de Londres - passaram a usar a
Bíblia em suas reuniões;
A partir de então, as lojas passam a fazer a leitura do Capítulo 1 do Evangelho de
São João, versículos 1 a 5, na abertura dos trabalhos ritualísticos.
A leitura do Salmo 133, no Altar dos Juramentos, foi oficialmente estabelecido
pela Grande Loja da Inglaterra em 1717, cumprindo o 21º Landmark, sendo condicional
para dar início aos trabalhos ritualísticos maçônicos.
No Brasil, todas as Lojas usavam a leitura do Evangelho de São João até à década
de 1930-40. Na década de 1950-60 a leitura do Salmo 133 foi adotada nas Lojas com o
R∴E∴A∴A∴, federadas ao Grande Oriente do Brasil.
Os salmos são diversos poemas e recitações religiosos, que são consideradas
orações sagradas e louvores, na forma de cânticos acompanhados por instrumento de
cordas, a cítara, espécie de harpa triangular ou trapezoidal. O Salmo 133, é atribuído ao
Rei Davi, pai do Rei Salomão, que era poeta e músico. Este salmo intitulado na Bíblia de
Jerusalém – “A vida fraterna” – exalta de forma singular o real significado da fraternidade
e é um hino de louvor ao Deus de Abraão:

3
1
“Oh! Quão bom e quão suave é que os Irmãos viviam em união.
2
É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce pela
barba, a barba de Aarão, e que desce até a gola das suas vestes.
3
É como o orvalho do Hermón, que desce sobre os Montes de
Sião:porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre”.

Levando em consideração que a Maçonaria não é uma religião, mas respeita as


religiões diversas, devemos observar essa referência religiosa em questão, tendo uma
visão maçônica, buscando a interpretação também exotérica e seu significado cêntrico de
essência.
Na conscientização dos homens, sobre a necessidade de conviver em paz, este
Salmo exerce uma grande influência como se fosse resultado da sabedoria atual.
No primeiro versículo, é firmado a excelência da união entre irmão, e para o quão
bom é esta união, o Rei Davi, faz comparações nos próximos dois versículos de forma
sublime, a princípio não tão bem compreendida, porém quando estudados a fundo,
resgatamos a infinita importância aos seus significados.
No Segundo Versículo – “É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce pela
barba, a barba de Aarão, e que desce até a gola de suas vestes” – Davi está ilustrando o
sacramento de Aarão (relatado em Êxodo, capítulo 29), quando Moisés derrama óleo
sobre a cabeça de Aarão para ungi-lo sumo sacerdote, cumprindo as determinações
recebidas de Iahweh no Monte Sinai.
O óleo utilizado na unção sagrada seria “precioso”, pois, foi constituído por
Moisés através da determinação de Iahweh, a partir da combinação de bálsamo, mirra,
cássia, canela aromática, cálamo e azeite puro de oliva. (Êxodo, capítulo 30, versículos
22 ao 24).
A consagração de Aarão, é o sinal da aliança que o Criador selou com a Sua
Criação, ou seja, é o sinal da maior proximidade possível entre o Grande Arquiteto do
Universo e o Homem.
No Terceiro Versículo – “É como o orvalho do Hermón, que desce sobre os
Montes de Sião: porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre” – O salmista
relata a descida da água (orvalho), sobre os montes, a partir do ponto mais alto e sagrado
(Hémon), trazendo vida e prosperidade a todos que vivem abaixo, abençoando todos que
ali vivem em união.

4
Em aramaico, Hermón significava “lugar sagrado ou proibido”. Com altitude de
3.046m acima do nível do mar, é a montanha mais alta da costa oriental do mar
Mediterrâneo, situado na fronteira entre o Líbano, Israel e a Síria.
Em Árabe, o Hermon é conhecido como “Jabal Ash Thelj”, que significa
montanha de neve. De fato, o cume do Hermon fica permanentemente coberto de neve,
inclusive no verão. Nos seus contrafortes nasce o rio Jordão (significa “rio que desce”),
cujas nascentes recebem o orvalho e a neve que, derretidos, descem do topo do Hermon.
A sua travessia simboliza a entrada dos judeus na Terra Prometida de Canaã, após
o Êxodo do Egipto.
Sião era o nome da primitiva Jerusalém e das terras à sua volta. As águas do
Hermon, descendo o rio Jordão, abasteciam e vivificavam os “Montes de Sião”, irrigando
as terras à sua volta e trazendo a abundância em alimentos e a riqueza ao povo ungido de
Deus, trazendo-lhes “a bênção e a vida para sempre”.
O salmo 133, desde a sua criação, até os dias atuais, quando bem compreendido,
evidencia claramente o quanto é benéfico buscar a união entre o irmão e a ligação de
proximidade ao G∴A∴D∴U∴, para alcançar na vida, a benção da prosperidade para
sempre.

5
Referencias:
BÍBLIA, Sagrada de Jerusalém, edições Paulistas, São Paulo, 1973

RITUAL, Rito Escocês Antigo E Aceito. 1º Grau Aprendiz Maçom. São Paulo:
Grande Oriente do Brasil, 2009. ISBN 978-85-88308-05-3.

CUNHA, João Geraldo Martins da “Existência e Arte” - Revista Eletrônica do Grupo


PET – Ciências Humanas, Estética e Artes da Universidade Federal de São João Del-
Rei – Ano V – Número V – Janeiro a Dezembro de 2010

ÁVILA, Humberto Bergmann. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos


princípios jurídicos. 4. ed. revista. São Paulo: Malheiros Editores, 2005.

SILVA, Tiago Sousa. Conceitos Maçôniocos: Lei, Jurisprudência,


Landmarks, Regularidade e Reconhecimento. 2023
https://www.freemason.pt/lei-landmarks-regularidade-reconhecimento/

GUEIROS, Fernando Guilherme Neves. Livro da Lei e Landmarks:


Deísmo – Teísmo - Ateísmo. 2021
https://www.freemason.pt/livro-da-lei-e-landmarks-deismo-teismo-ateismo/

GOB LEX: Constituição do Grande Oriente do Brasil


https://goblex.gob.org.br/legislacao/constituicao-do-grande-oriente-do-brasil/

ALBANI, Pedro Jorge de Alcantara. Salmo 133. Revista Maçônica Digital Acácia, pag.
27, ano 4 – Nº 46 – outubro 2022

PINHEIRO, Sandro. Tolerancia e convivência - Convívio entre irmãos. Revista


Maçônica Digital Acácia, pag. 20, ano 4 – Nº 42 – junho 2022

FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário Maçônico pg 352, editora Pensamento

RODRIGUES, Marcel Henrique – Maçonaria e Simbologia – 2ª edição, editora


multifoco, Rio de Janeiro 2020

MENDES, Alberto – Os Antigos Landmarks da ordem, Rio de Janeiro 2011

BAÇAN, Lourivaldo Perez – O Livro Secreto da Maçonaria – Ed. Universo dos Livros

PAIVA, Antônio Guilherme de – Salmo 133: análise e interpretação – São João Del-
Rei 2003

Você também pode gostar