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RESUMO
O presente artigo tem por objetivo principal realizar um estudo bibliográfico a respeito do
comportamento da imprensa durante o período da Revolta da Vacina. Pretende-se fazer uma
breve contextualização histórica a respeito dos acontecimentos sociopolíticos do ano de 1904
e, em seguia, discorrer subjetivamente sobre as publicações dos jornais da época, com ênfase
para o Correio da Manhã.
ABSTRACT
The presente article has as its main objective to do a bibliographic study about the press during
the Vaccine Revolt period. It is intended to do a brief historical contextualization about the
sociopolitical events in 1904 and, after that, subjectively discuss the newspaper publications of
the time, with a great emphasis in the “Correio da Manhã’ newspaper.
1
Acadêmico do curso de História pela Universidade de Passo Fundo. Contato: 184358@upf.br.
INTRODUÇÃO
As ações que marcam a história sempre têm suas raízes em problemas sociais que se
agravam com o tempo e culminam em revolta quando as camadas desprivilegiadas não podem
mais suportar seu estado de miséria. Com a Revolta da Vacina, não foi diferente. No entanto,
as perguntas mais comuns acerca desse tema se fundamentam pela forma como a população
reagiu – de forma desordeira, provocando quebra-quebra e com total resistência – a algo que
lhes seria benéfico e, inclusive, salvaria vidas.
Para que seja possível compreender um pouco mais a respeito de como o povo do Rio
de Janeiro se sentiu ameaçado pela vacina desenvolvida a partir dos estudos de Oswaldo Cruz,
que combateria a varíola, é necessário que se retroceda ligeiramente no tempo, observando-se
a transformação pela qual passava a Cidade Maravilhosa no início do século XX. Em 1870,
por exemplo, o Rio de Janeiro prosperava abundantemente com as lavouras de café e outras
atividades agrícolas. O surgimento das estradas de ferro, nessa mesma época, também
impulsionou o Brasil a crescer comercial e financeiramente. Somado a tantos acontecimentos
positivos, o aumento do trabalho livre proporcionado pela abolição da escravatura concentrou
diversas parcelas da população nas cidades. No entanto, “apesar da formação de novos
bairros, iam se condensando na área central realidades críticas, oriundas da crescente
incompatibilidade entre a antiga estrutura material e as novas relações econômicas capitalistas
que nela se enraizavam.” (BENCHIMOL, J. L., 2019).
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Discurso de posse de Rodrigues Alves, em 15 de novembro de 1902. In: Anais da
Assembléia Legislativa do Estado do Rio de janeiro. Disponível em:
http://www.ccs.saude.gov.br/revolta/revolta.html. Acesso em: 20 nov. 2022
manifestações populares de caráter público. Os cidadãos inativos pelo critério
constitucional revelavam-se então não só profundamente atentos a aspectos do
exercício do poder que lhes afetavam a vida cotidiana como também dispostos a ir
até as últimas consequências para defender o que consideravam seus direitos.
(IDEM)
O jornal, nesse caso, estava adiantando críticas a respeito da vacinação com certa
antecedência, uma vez que a Lei da obrigatoriedade da vacina foi aprovada pelo congresso em
31 de outubro, apenas. As edições das primeiras semanas de novembro apresentavam grande
ênfase na movimentação acerca da vacina, uma vez que a tensão que explodiria na revolta já
estava se estabelecendo de forma clara.
3
Todas as edições do Jornal Correio da Manhã podem ser acessadas na íntegra por meio da hemeroteca.
Edição completa de 11 out. 1904 disponível em:
<http://memoria.bn.br/pdf/089842/per089842_1904_01216.pdf >. Acesso em 20 nov. 2022.
Recorte do Correio da Manhã. Fonte: hemeroteca.
Nesse trecho, é possível que se observe uma posição de também revolta em relação às
medidas tomadas pelo Diretório da Saúde da época para que a vacinação se cumprisse. Em
outras edições, o jornal também publicava avisos e dizeres daqueles que faziam parte da Liga
Contra a Vacinação Obrigatória, bem como reuniões de populares que precederam a revolta em
si.
Assim, a imprensa seguia uma linha geral de comunicação, tal qual era sua função. No
entanto, um estudo mais aprofundado de cada uma das primeiras páginas das edições dos jornais
da época permitiria que pudessem ser feitas algumas inferências a respeito da posição do
periódico perante ao governo e sua subjetividade discreta a respeito da vacinação em si. Por
outro lado, nada se encontra nos jornais em se tratando de informações concretas e sólidas sobre
o funcionamento da vacina propriamente dito ou uma lista sobre os benefícios que ela traria. A
revolta da vacina ocorreu, infelizmente, em meio a um cenário bastante crítico no Rio de
Janeiro, somando-se a eventos alarmantes e que tomavam a atenção do povo mais do que a
ideia de que poderiam observar outros experimentos de Oswaldo Cruz e constatar, por si
mesmos, que a vacinação estava sendo posta como um apelo à população para que outras áreas
de atuação do Brasil pudessem retomar seu curso normal, principalmente a do transporte, já que
outros países estavam se negando a atracar no porto por medo de contraírem as doenças que
estavam causando terror por aqui.
CONSIDERAÇÕES FINAIS