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Trabalho de história

Nome: Matheus Aguiar Q.


N° 31. 2°B

Instrução:

Realizar um relatório completo das informações contidas


nesse link:

https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=1909

Resumo

No início do século XX, no Rio de Janeiro, providências em torno do


combate de diversas doenças já provocavam grandes polêmicas. A
campanha de combate à varíola resultou, em novembro de 1904, em
uma revolta popular e militar, a Revolta da Vacina ou Quebra-Lampiões
– um protesto contra a lei que tornava obrigatória a vacinação em
massa contra a doença, instituída pelo prefeito Pereira Passos e
colocada em prática pelo então Diretor Geral de Saúde Pública,
Oswaldo Cruz, contratado para o cargo para combater a varíola, assim
como a peste bubônica e a febre amarela, que grassavam na cidade.

Em 30 de dezembro de 1902, por decreto, Francisco Pereira Passos


(1836 – 1913) foi nomeado prefeito do então Distrito Federal, o Rio de
Janeiro, pelo presidente Rodrigues Alves (1848 – 1919), que prometia
marcar seu governo pela modernização e pelo saneamento. Assumiu no
mesmo dia (Gazeta de Notícias, 31 de dezembro de 1902, na sexta
coluna), sucedendo Carlos Leite Ribeiro (1858 – 1945). Ocupou o cargo
até 16 de novembro de 1906, quando foi sucedido por Francisco
Marcelino de Sousa Aguiar (1855 – 1935) Durante seu mandato, o
prefeito Pereira Passos realizou uma significativa reforma urbana na
cidade.

Para saneá-la e modernizá-la realizou diversas demolições, conhecidas


popularmente como a política do “bota-abaixo”, que contribuiu
fortemente para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque, sendo
a abertura da Avenida Central dos seus maiores símbolos, festejada em
uma crônica de Olavo Bilac (1865 – 1918) (Kosmos, março de 1904)

Mas as reformas urbanas não eram o bastante para mudar o perfil do


Rio de Janeiro, na época uma cidade bastante insalubre, assolada por
doenças e sem saneamento básico, certamente obstáculos para o
estabelecimento de uma sociedade moderna e cosmopolita nos moldes
das capitais europeias.

Pereira Passos assumiu a prefeitura de uma cidade que no fim do


Império tinha uma população de cerca de 500 mil habitantes e que
atingira cerca de 700 mil pessoas em 1904. Ele aliou a reforma
urbanística e arquitetônica da cidade – que incluiria a construção de um
novo porto, de novas avenidas, o aterramento de praias, o desmonte de
morros, a derrubada de casas e cortiços e o embelezamento de praças
e jardins, que não deixou de ter seu lado excludente e criticado,
deslocando parte da população do centro para o subúrbio e também
contribuindo para o surgimento das favelas – a uma nova política
higienista. Para implementar medidas sanitárias arrojadas foi nomeado
pelo presidente Rodrigues Alves para a direção geral de Saúde Pública
o jovem médico Oswaldo Cruz (1872 – 1917), que tomou posse em 23
de março de 1903. Ficou no cargo até 1909.

Oswaldo Cruz havia estudado microbiologia, soroterapia e imunologia


no Instituto Pasteur, e medicina legal no Instituto de Toxicologia, na
França, entre 1897 e 1898. Quando voltou ao Brasil, tomou posse, em
24 de agosto de 1899, na Academia Nacional de Medicina, e, em 1900,
assumiu a direção técnica do Instituto Soroterápico Federal, o qual
passou a dirigir em 1902. Os principais problemas que Oswaldo Cruz
teve que enfrentar como Diretor Geral de Saúde Pública foram a febre
amarela, a peste bubônica e a varíola. Um de seus colaboradores foi o
sanitarista Belisário Penna (1868 – 1939).

Febre amarela

Em 1902, a febre amarela havia sido responsável pela morte de cerca


de mil pessoas no Rio de Janeiro. Oswaldo Cruz era adepto da teoria do
médico cubano Carlos Finlay (1833 – 1915) sobre a transmissão da
febre amarela pelos mosquitos Stegomyia fasciata. Para exterminá-los,
em abril de 1903, iniciou a campanha de combate à doença. Em 15 de
abril, foi criado o Serviço de Profilaxia Específica da Febre Amarela

Foram criadas as brigadas sanitárias, que “eram constituídas por 1


inspetor do serviço, responsável por toda a execução das atividades e
nomeado por decreto; 10 médicos que o auxiliam, destacados dentre os
inspetores sanitários pelo diretor geral de saúde pública, mediante
indicação do inspetor do serviço; 70 auxiliares acadêmicos e 9 chefes
de turma, nomeados pelo diretor geral de saúde pública; 1 administrador
do serviço, 1 almoxarife e 1 escrituario-arquivista, nomeados por
portaria do Ministro; 200 capatazes, 18 guardas de saúde de primeira
classe e 18 de segunda classe, 18 carpinteiros e pedreiros, bombeiros,
cocheiros, nomeados pelo inspetor do serviço; e quantos mais
trabalhadores fossem necessários” (BRASIL, 1905).

A doença foi perdendo a força e, em 1907, Oswaldo Cruz escreveu ao


presidente Afonso Pena (1847 – 1909): “graças à firmeza e vontade do
governo, a febre amarela já não mais devasta sob a forma epidêmica a
capital da República”. Nesse mesmo ano, a delegação brasileira de
cientistas de Maguinhos, liderada por Oswaldo Cruz, recebeu a medalha
de ouro no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de
Berlim.

Peste bubônica

A peste bubônica, doença transmitida pela picada de pulgas infectadas


por ratos contaminados pela bactéria Yersinia pestis, o bacilo
descoberto pelo suíço Alexandre Yersin (1863 – 1943) e pelo japonês
Shibasaburo Sato (1852 – 1931), em 1894, chegou ao Brasil, pelo porto
de Santos, em 1900. Foi combatida por Oswaldo Cruz e as medidas
contra a peste bubônica não encontraram resistência da população. Foi
intensificada a limpeza urbana e a notificação dos doentes era
compulsória, o que ajudava no isolamento e no tratamento dos mesmos
com o soro fabricado no Instituto Soroterápico Federal. Foi também
promovida a vacinação de pessoas residentes nas áreas mais atingidas
e uma abrangente campanha de desratização foi realizada: os
funcionários destacados para a função tinham que recolher 150 ratos
por mês, pelos quais recebiam 60 mil-réis.

A Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP) passou a comprar ratos:


para cada animal morto apresentado, pagava-se a quantia de duzentos
réis, o que ocasionou o surgimento da profissão de “ratoeiro” –
compravam ratos a baixo preço ou até mesmo os criavam em casa e os
revendiam para a DGSP. A “guerra aos ratos” virou motivo de piada, de
críticas

O fato é que as mortes por peste bubônica que, em 1903, atingiram o


índice de 48,74 mortes para cada 100 mil habitantes, caíram
vertiginosamente e quando Oswaldo Cruz deixou a Diretoria Geral de
Saúde Pública, em 1909, esse índice chegou ao seu mais baixo
patamar: 1,73.

A varíola e a guerra da vacina

Até meados de 1904, as internações causadas pela varíola já chegavam


a 1800 no Hospital São Sebastião. Oswaldo Cruz pretendeu controlar a
doença com a vacinação em massa da população. Pediu que fosse
enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei para resgatar a
obrigatoriedade da vacinação e revacinação antivariólica. A vacinação já
estava contemplada em uma lei em vigor desde 1837, mas que nunca
havia sido cumprida.

A medida enfrentou a oposição liderada pelo senador paraense Lauro


Sodré (1858 – 1944), líder do Partido Republicano Federal, e pelos
deputados pernambucano Barbosa Lima (1862 – 1931) e gaúcho
Alfredo Varela (1864 – 1943), todos contra o governo do presidente
Rodrigues Alves, do Partido Conservador. O Apostolado Positivista do
Brasil, liderado por Raimundo Teixeira Mendes (1855 – 1927), também
se opôs à lei.

Jornais e políticos lançaram uma campanha contra a medida, incitando


a desobediência à lei, que eles classificavam como despótica e
ameaçadora, já que estranhos tocariam nas pessoas no caso da
vacinação, além de entrarem nas casas para desinfecção. Além disso, a
vacina, que consistia no líquido de pústulas de vacas doentes, era
rejeitada pelas camadas populares – havia um boato de que os
vacinados adquiriam feições bovinas…

Finalmente, foi promulgada, em 31 de outubro de 1904, uma lei que


tornou a vacinação e a revacinação contra a varíola obrigatória.

Lei n° 1.261, de 31 de outubro. de


1904

Torna obrigatorias, em toda a Republica, a vaccinação e a revaccinação


contra a variola

O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil:


Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sancciono a lei
seguinte:

Art. 1º A vaccinação e revaccinação contra a variola são obrigatorias


em toda a Republica.

Art. 2º Fica o Governo autorizado a regulamental-a sob as seguintes


bases:

a) A vaccinação será praticada até o sexto mez de idade, excepto


nos casos provados de molestia, em que poderá ser feita mais tarde;
b) A revaccinação terá logar sete annos após a vaccinação e será
repetida por septennios;

c) As pessoas que tiverem mais de seis mezes de idade serão


vaccinadas, excepto si provarem de modo cabal terem soffrido esta
operação com proveito dentro dos ultimos seis annos;

d) Todos os officiaes e soldados das classes armadas da Republica


deverão ser vaccinados e revaccinados, ficando os commandantes
responsaveis pelo cumprimento desta;

e) O Governo lançara mão, afim de que sejam fielmente cumpridas


as disposições desta lei, da medida estabelecida na primeira parte da
lettra f do § 3º do art. 1º do decreto n. 1151, de 5 de janeiro de 1904;

f) Todos os serviços que se relacionem com a presente lei serão


postos em pratica no Districto Federal e fiscalizados pelo Ministerio da
Justiça e Negocios Interiores, por intermedio da Directoria Geral de
Saude Publica.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrario.

Rio de Janeiro, 31 de outubro de 1904, 16º da Republica.

FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES ALVES.


J. J. Seabra.

Em um encontro presidido pelo senador Lauro Sodré, no Centro das


Classes Operárias, em 5 de novembro de 1904, foi fundada a Liga
Contra a Vacina Obrigatória O descontentamento popular se agravou
quando, no dia 9 de novembro de 1904, o governo divulgou seu plano
de regulamentação da aplicação da vacina obrigatória contra a varíola
Nos dias 10 e 11, no Largo de São Francisco, estudantes contrários à lei
se reuniram e, no dia 13 de novembro, acirrou-se a rebelião popular,
que ficou conhecida como , da Vacina, marcada por diversos distúrbios
urbanos em várias regiões da cidade, embates com a polícia e prisões.
Mais de 20 bondes da Companhia Carris Urbanos e muitos lampiões da
iluminação pública foram destruídos, daí o apelido Quebra Lampiões
atribuído ao movimento

Paralelamente à revolta popular, aconteceu um movimento militar


orquestrado pelos generais Silvestre Travassos (? – 1904) e Olímpio da
Silveira (1887 – 1935), Lauro Sodré, Barbosa Lima, o major Gomes de
Castro e o capitão Augusto Mendes de Moraes, que se reuniram no dia
14 de novembro de 1904, no Clube Militar. Tinham por objetivo derrubar
o governo de Rodrigues Alves, que foi aconselhado a ir para um navio
de guerra, onde teria mais segurança – ele recusou.

Houve no mesmo dia uma tentativa fracassada de levante na Escola de


Tática do Realengo, sufocada pelo então diretor da instituição, general
Hermes da Fonseca (1855 – 1923), futuro presidente do Brasil. O
comandante da Escola Militar de Realengo, o general Alípio Costallat (c.
1853 – 1933), foi deposto pelo general Travassos que liderou, durante a
noite, a marcha dos alunos em direção ao Palácio do Catete. Os
revoltosos trocaram tiros com uma brigada de ataque enviada pelo
govenro, na rua da Passagem, em Botafogo. O tiroteio, de cerca de
meia hora, matou um aluno da Escola Militar, Silvestre Cavalcanti, e um
sargento da tropa legalista, chamado Camargo. O general Travassos
ficou gravemente ferido e faleceu oito dias depois. A Escola Militar,
bombardeada durante a noite por navios de guerra posicionados na
baía de Guanabara, foi ocupada pelo ministro da Guerra, o marechal
Francisco de Paula Argollo (1847 – 1930) e pelo ministro da Indústria,
Viação e Obras Públicas, Lauro Müller (1863 – 1926). Seus alunos
foram presos, expulsos da Escola e levados para portos na região Sul
do país. Obviamente, o desfile comemorativo dos 15 anos da
Proclamação da República foi cancelado

No dia 16 de novembro, foi decretado o estado de sítio e revogada a


obrigatoriedade da vacinação. Com isso, o movimento popular
arrefeceu, os serviços voltaram a funcionar e a cidade se apazigou.
Saldo do movimento: 945 prisões, 461 deportações, 110 feridos e 30
mortos
Segundo o historiador Jaime Larry Benchimol: Todos saíram perdendo.
Os revoltosos foram castigados pelo governo e pela varíola. A
vacinação vinha crescendo e despencou, depois da tentativa de torná-la
obrigatória. A ação do governo foi desastrada e desastrosa, porque
interrompeu um movimento ascendente de adesão à vacina”.

Apenas nove pessoas morreram por varíola em 1906 no Rio de Janeiro.


Porém, dois anos depois, em 1908, uma violenta epidemia da doença
ocorreu na cidade, causando mais de 6.500 casos.

Retrospectiva das pandemias do século XX e XXI

O mundo, ao longo dos séculos XX e XXI, enfrentou cinco pandemias: a


Gripe Espanhola, em 1918, tema de uma recente publicação da
Brasiliana Fotográfica, E o ex e futuro presidente do Brasil morreu de
gripe…a Gripe Espanhola de 1918; a Gripe Asiática, em 1957; a Gripe
de Hong Kong, em 1968, a identificação de um novo vírus da influenza
do tipo A pandêmico que desencadeou a Emergência de Saúde Pública
de Importância Internacional, decretada pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), em 2009; e cerca de 11 anos depois, em 11 de abril de
2020, a OMS declarou uma pandemia do novo coronavírus, chamado
de Sars-Cov-2, causador da Covid-19, surgido na cidade de Wuhan, na
China, em fins de 2019.

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