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As sete perdas
da produção
Altair Flamarion Klippel
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
As sete perdas identificadas durante a construção do Sistema Toyota de Produção
(STP), atualmente conhecido como Sistema de Produção Enxuta, ou Lean Manu-
facturing, revolucionaram a forma como as empresas devem ser gerenciadas.
Isso porque, a partir do STP, o foco da gestão passou a ser analisar as atividades
realizadas no sistema de produção buscando-se descobrir quais são as que agre-
gam valor ao produto, sob a ótica do cliente, e quais são as que implicam perdas
e devem ser eliminadas ou reduzidas.
Neste capítulo, você conhecerá as sete perdas identificadas no processo de
produção da Toyota Motor Company. Além disso, você poderá compreender que
essa identificação foi possibilitada por uma revolução na forma de analisar um
sistema de produção, a qual deu origem ao mecanismo da função produção, que
propõe a análise de um sistema de produção considerando-se dois eixos: o eixo
do processo e o eixo das operações. Por fim, apresentaremos um panorama da
evolução da lógica do mercado, de modo que você possa entender a lógica vigente
hoje em dia e, a partir disso, compreender a importância de se empregarem
2 As sete perdas da produção
(JUNICO ANTUNES et al., 2008). Elas podem ser observadas, por exemplo,
quando um operador tem de se afastar de sua máquina para apanhar uma
peça a ser processada. Se essa peça estivesse disponível a uma distância
menor, o operador reduziria o seu movimento e, consequentemente, o tempo
de realização da atividade de abastecimento da máquina.
As perdas por espera são aquelas relacionadas aos momentos em que
equipamentos e operadores não estão sendo utilizados de forma produtiva,
“[...] ou seja, embora pagos, não estão contribuindo para a agregação de
valor aos produtos e/ou serviços” (JUNICO ANTUNES et al., 2008, p. 216). As
causas desse tipo de perda são diversas, tais como falta de produto, quebra
de máquina, preparação de máquina (setup), entre outras.
Além das sete perdas que apresentamos, modernamente têm sido con-
sideradas outras perdas em um sistema produtivo, como as perdas ambien-
tais, resultantes da agressão ao meio ambiente; as perdas ergonômicas,
relacionadas ao afastamento de colaboradores devido a doenças causadas
por esforços repetitivos durante a realização das atividades profissionais;
e as perdas energéticas, ocasionadas por desperdício de fontes de energia
(ANTUNES, 1998). Ainda, existem também as perdas por não aproveitar o co-
nhecimento dos operadores, isto é, perdas que se devem à não consideração
da “inteligência oculta” existente no ambiente fabril, do conhecimento tácito
dos operadores fruto da experiência na atividade que executam.
Just-in-case Just-in-time
Centralizados e Descentralizados e
Planejamento
externos ao sistema internos ao sistema
e controle
produtivo produtivo
O desenvolvimento do conceito TRF levou, ao todo, 19 anos. Ele surgiu como re-
sultado dos meus estudos cada vez mais aprofundados dos aspectos teóricos e
práticos da melhoria de setup. Os toques finais foram estimulados pelo pedido
da Toyota Motor Company para reduzir o tempo de setup de uma prensa de 1000
toneladas de quatro horas para noventa minutos.
Gostaria de destacar que a TRF se baseia na teoria e em anos de experimentação
prática. É uma abordagem científica para a redução do tempo de setup, que pode
ser aplicada em qualquer fábrica e em qualquer máquina.
Referências
ANTUNES, J. A. V. Em direção a uma Teoria Geral do Processo na Administração da
Produção: uma discussão sobre a possibilidade de unificação da Teoria das Restrições
e da teoria que sustenta a construção dos Sistemas de Produção com Estoque Zero.
Tese (Doutorado em administração) - Programa de Pós-graduação em Administração,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998.
ANTUNES, J. et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão
da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008.
KLIPPEL, A. F. Implementação da gestão enxuta em empresas de mineração a partir
de um modelo de gestão integrada: uma perspectiva de sinergia entre a engenharia
de minas e a engenharia de produção. Tese (Doutorado em Engenharia) - Programa
de Pós-graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível em: https://www.lume.
ufrgs.br/handle/10183/11802. Acesso em: 27 dez. 2020.
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Leituras recomendadas
ANTUNES JÚNIOR, J. A. V. et al. Uma revolução na produtividade: a gestão lucrativa dos
postos de trabalho. Porto Alegre: Bookman, 2013.
HAY, E. J. Just-in-time. São Paulo: Maltese, 1992.