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ESPAÇO ANDORINHA

novo centro para abrigo e tratamentos paliativos em


pacientes oncológicos na cidade de São João del Rei - MG

Dossiê STFG | Mylena Beatriz Irwing Silva | UFSJ | 2021.1


Universidade Federal de São João del Rei
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
Seminário de Trabalho Final de Graduação

ESPAÇO ANDORINHA
novo centro para abrigo e tratamentos paliativos em
pacientes oncológicos na cidade de São João del Rei - MG

Mylena Beatriz Irwing Silva


Orientadora: Prof.ª Dr.ª Luciana Massami Inoue
INTRODUÇÃO
01 1.1 Apresentação ..................... 02
1.2 Justificativa ....................... 03
1.3 Recorte do Objeto ............. 03
1.4 Objetivos ........................... 03
1.5 Metodologia ..................... 03

O CÂNCER
02 2.1 O que é? .............................................................................................. 05
2.2 Diagnóstico e Tratamento ................................................................. 06
2.3 Efeitos Colaterias ............................................................................... 07
2.4 Cuidados Paliativos ........................................................................... 07
2.5 Breve Análise do Câncer no Brasil .................................................... 08
2.6 O Câncer na Macrorregião Centro-Sul de Minas Gerais .................09
2.7 O Câncer e a Demanda por Tratamento em São João del-Rei .........10

03 CASAS DE APOIO E A ASAPAC


3.1 O Conceito das Casas de Apoio ...........................................................................12
3.2 A ASAPAC Como Auxílio no tratamento
Contra o Câncer ...................................................................................................13
3.3 Vivências em Casas de Apoio .............................................................................13
3.3.1 Casa de Apoio da Associação de Amparo a Pacientes com Cân-
cer (ASAPAC) em Belo Horizonte - MG .....................................................................14
3.3.2 Bethânia - Casa de Passagem e Acolhimentos aos Portadores
de Cancêr em Juiz de Fora - MG ...............................................................................14
3.4 A ASAPAC em São João del-Rei e a Casa de apoio ............................................15
04 ARQUITETURA HUMANIZADA
4.1 Processo de Humanização nos Ambientes de Saúde ....................... 19
4.2 Humanização Sob a Ótica do Paciente ............................................ 20
4.3 Humanização Sob a Ótica do Acompanhante ................................. 20
4.4 Humanização Sob a Ótica dos Profissionais de Saúde .................... 21
4.5 Biofilia e a Relação Interior x Exterior ............................................... 21
4.6 Requisitos Básicos Para a Humanização em Casas de Apoio ........ 22
4.7 Obras Análogas .................................................................................. 23
4.7.1 Centro Maggie de Oldham - Reino Unido ....................................... 23
4.7.2 Centro Maggie de Forth Valley - Reino Unido ............................... 25
4.7.2 Casa Ronald McDonald de Moema - SP ........................................ 27

05 PARÂMETROS DE PROJETO
5.1 Área de Intervenção .......................29
5.2 Análise do Entorno de Projeto ...... 30
5.3 Legislação ...................................... 32

UMÁRIO
5.4 Público Alvo ................................... 32
5.5 Programa de Necessidades ......... 33

06 PROPOSTA PROJETUAL
6.1 Viabilização do Projeto ...................38
6.2 Implantação ................................... 39
6.3 Setorização .................................... 40
6.4 Plantas ............................................ 41
6.5 Fachadas e Materiais .................... 43
6.6 Renders ........................................... 44
ANEXOS
Entrevista ASAPAC - Assistente Social Laura Lopes
1.1 APRESENTAÇÃO

Fonte: Blog ProDoctor.

Conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA) localizados em cidades mais desenvolvidas. em um ambiente que remeta o verdadeiro lar.

(2014), o câncer é considerado, de forma isolada, Frente a isso, pacientes de cidades interioranas Habitualmente, são instituições filantrópicas

a segunda maior causa de morte no Brasil, são submetidos a se locomoverem até os hospitais sem fins lucrativos e são mantidas por meio de

tornando-se cada vez mais comum o surgimento que ofereçam o serviço, enfrentando horas de trabalhos voluntários e doações, sendo, em sua

de novos casos nos seios de muitas famílias. viagemeintensificandoodesgastefísico,emocional maioria, espaços adaptados para o fim, não

Este fato acarreta diretamente na necessidade e monetário. Tal situação ainda é agravada pelos garantindo o conforto e acessibilidade necessária.

de uma reestruturação social, principalmente no efeitos colaterais acarretados pela terapêutica Assim, baseando-se nas informações e

que se refere ao apoio as pessoas e familiares aplicada, gerando desconfortos e restrições, pesquisas realizadas, o presente estudo tem

que passam a adaptar o seu cotidiano a doença. fazendo com que seja necessário a permanência como propósito oferecer um novo espaço de

Os tratamentos contra o câncer são de dos pacientes na cidade de tratamento. abrigo e cuidados paliativos para pacientes

alta complexidade, exigindo mecanismos de As Casas de Apoio surgiram então, com a oncológicos e seus familiares, projetando de

tecnologia de ponta e cientificidade para a sua intenção de oferecer assistência e cuidados forma a pensar nas vivências entre pacientes,

realização, sendo encontrados majoritariamente para os pacientes oncológicos e seus familiares, familiares e colaboradores do local e tendo

em centros oncológicos de grande porte, assegurando o bem-estar físico e emocional como resultado uma arquitetura mais humana.

02
1.2 JUSTIFICATIVA 1.3 RECORTE DO OBJETO 1.4 OBJETIVOS
A cidade de São João del-Rei oferece Atualmente, a ASAPAC de São João del- Conceber um novo edifício com ambientes
tratamentos de quimioterapia e radioterapia Rei oferece uma casa de apoio destinada a humanizados que contribuam para o abrigo
desde 2018, pelo Centro de Tratamento receber pacientes oncológicos e familiares de e oferta de tratamentos paliativos para
Oncológico Dom Célio de Oliveira Goulart cidades vizinhas que estejam em tratamento, pacientes oncológicos e familiares dos
(CTO) onde pacientes de São João del-Rei e tendo, segundo a assistente social Laura distritos e regiões próximas de São João del
região são encaminhados pelo Sistema Único Lopes (2022), uma demanda de 12 a 16 Rei.
de Saúde, de acordo com a disponibilidade hóspedes por semana, entre pacientes e • Entender a função das casas de apoio e
de vagas. Portanto, desde então a cidade seus acompanhantes, vindos de cidades da recuperação de pacientes em tratamentos
conta com um espaço destinado ao repouso Macrorregião Centro-Sul de Minas Gerais. A de câncer;
dos pacientes dos distritos e cidades casa utilizada pela instituição é cedida pela • Analisar como a arquitetura empregada em
vizinhas, que é oferecido pela Associação de Conferência Vicentina da cidade, o que traz casas de apoio interferem na recuperação
Amparo a Pacientes com Câncer (ASAPAC), incertezas no que se refere a disponibilidade dos pacientes, de forma a resgatar a
porém o mesmo é cedido pelos Vicentinos para o uso futuro e, impossibilita uma reforma “dimensão humana” nesses locais;
e possui carências ambientais, por ter sido para uma melhor adaptação dos espaços • Compreender a situação dos pacientes
adaptado para o fim. internos. oncológicos na cidade de São João del
Dessa maneira, percebe-se que a cidade Dessa forma, observa-se a demanda por um Rei;
necessita de uma melhor estrutura para novo espaço humanizado, seguro e preparado • Buscar referencial teórico e projetual
receber tais pacientes que já se encontram para o abrigar e oferecer tratamentos relacionado à cuidados paliativos,
com a saúde física e emocional tão paliativos aos usuários do local. recuperação no tratamento de câncer,
fragilizada. humanização e biofilia.

1.5 METODOLOGIA
A pesquisa terá caráter exploratório

Pesquisa Consulta Visita Técnica Obras Análogas Programa


Bibliográfica Documental
• Conhecer as demandas
• Artigos; • Saber, por meio da Sec. • Conhecer o espaço de • Edificações que
de um espaço de
• Periódicos; de Saúde e ASAPAC, repouso já oferecido alcançaram sucesso
apoio à pacientes
• Revistas; qual é a demanda de pela ASAPAC de São na humanização e
oncológicos;
• Entre outros; pacientes de distritos e João del-Rei; biofilia em espaços
• Estabelecer o programa
cidades vizinhas; assistenciais de saúde;
a ser desenvolvido no
03 projeto.
. O CÂNCER
2.1 0 QUE É?

Segundo o INCA (2020), o câncer é o nome geral dado a um conjunto de Tal crescimento celular desordenado formam os tumores, e é então
mais de 100 doenças, que têm em comum o crescimento desordenado chamado de neoplasia, podendo vir a ser benigna ou maligna.
de células que tendem a invadir tecidos e órgãos vizinhos.
A maioria das “células normais” que formam os tecidos do corpo
humano se multiplicam por meio de um processo contínuo que é
natural, desse modo, elas crescem, se multiplicam e morrem de TUMOR BENIGNO TUMOR MALIGNO
maneira ordenada.
• Formado por células • Formado por
Porém, nas células cancerosas, ao invés de morrerem, elas continuam
bem diferenciadas células anaplásticas
a crescer de forma descontrolada, formando novas células anormais,
(semelhante às (diferentes das do
que de acordo com o INCA (2020), se dividem de forma rápida,
do tecido normal); tecido normal); atípico;
agressiva e incontrolável, podendo se espalhar para outras regiões do
estrutura típica do falta diferenciação;
corpo.
tecido de origem; • Crescimento rápido;
FORMAÇÃO DO CÂNCER
• Crescimento mitoses anormais e
progressivo; pode numerosas;
regredir; mitoses • Massa pouco
normais e raras; delimitada, localmente
• Massa bem delimitada, invasivo, infiltra tecidos
expansiva; não invade adjacentes;
nem infiltra tecidos • Metástase
multiplicação adjacentes; frequentemente
descontrolada • Não ocorre metástase. presente;

acúmulo
de células

tumor
05 Fonte: Autoria Própria
2.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Para um tratamento assertivo, é necessário um diagnóstico preciso


do estágio da doença, sendo feito a partir da história clínica e exames CIRURGIA
físicos detalhados. Somente após esse processo que o médico
responsável encaminhará o paciente para o tratamento mais adequado,
podendo até mesmo combinar mais de um método terapêutico. Considerada como um dos principais tratamentos para o câncer, ela
Atualmente, existem três formas principais de tratamento do câncer, pode ser aplicada de forma isolada ou em conjunto com outros métodos,
sendo elas: como a quimioterapia e radioterapia. O procedimento viabiliza grandes
chances de cura em casos de diagnóstico precoce.

CIRURGIA
QUIMIOTERAPIA

Forma de tratamento sistêmico do câncer através de medicamentos


que são administrados em intervalos regulares, podendo variar
QUIMIOTERAPIA conforme os esquemas terapêuticos adotados em cada caso.

RADIOTERAPIA
RADIOTERAPIA
Meio de tratamento local ou locorregional do câncer que utiliza de
equipamentos e variadas técnicas de irradiação nas áreas do organismo
humano, prévia e cuidadosamente demarcados.

06
2.3 EFEITOS COLATERAIS

O paciente oncológico passa por diversas mudanças durante o Dessa maneira, é necessário que os ambientes de estadia pós
processo de tratamento e, como consequência disso, a grande procedimentos terapêuticos sejam preparados para acolher os
maioria apresenta efeitos colaterais, provocados pelo uso regular de pacientes de forma segura e eficaz. Sendo assim, quando em casas
fortes medicações. de apoio, o espaço deve garantir um ambiente físico que auxílie
De acordo com o Centro Especializado de Oncologia Oswaldo Cruz, na recuperação e favoreça os cuidados com os possíveis efeitos
cada método terapêutico pode oferecer um tipo de efeito, que pode colaterais, por meio do alívio do desconforto psiquico e, pincipalmente,
físico, garantindo aos usuários:
se manifestar de diferentes maneiras, sendo os mais comuns:

PRIVACIDADE SEGURANÇA

CONFORTO AMPARO
ALTERAÇÃO DA DEPRESSÃO
MUCOSA ORAL
Oferecendo ambientes que favoreçam tais situações, como por
FALTA DE APETITE exemplo:
FADIGA
NÁUSEAS
E VÔMITOS QUARTOS PRIVATIVOS
CONSTIPAÇÃO
INTESTINAL AUMENTO DO
VOLUME ABDOMINAL
BANHEIROS INDIVIDUAIS

DIARREIA

SANGRAMENTO ESPAÇOS PARA TRATAMENTOS


ALTERNATIVOS
DOR EDEMA E
LINFEDEMA
AMBIENTES DE SOCIALIZAÇÃO

07
2.4 CUIDADOS PALIATIVOS

O QUE SÃO? QUAL PACIENTE RECEBE O TRATAMENTO?


Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados Todo paciente que é portador de doenças graves, que ofereçam
paliativos é um tipo de abordagem multidimensional (nas dimensões riscos a continuidade da vida e que apresente sintomas de sofrimento,
física, emocional, social, espiritual e familiar) que é desenvolvida e pode se beneficiar do atendimento de uma equipe de cuidados
oferecida por uma equipe multiprofissional capaz e qualificada para paliativos.
apoiar e melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares durante O acompanhamento é realizado pela equipe desde o diagnóstico
o período de enfrentamento de doenças que ofereçam risco de vida. da doença, se mantendo no processo de tratamento buscando a cura
Todo o trabalho desenvolvido pela equipe tem como finalidade ou controle da doença, até os cuidados do luto.
o alívio e a prevenção de sofrimento que envolvam a evolução do
adoecimento, garantindo que os pacientes acessem o momento
vivenciado com sentido, conforto, valor e significado.

COMO É REALIZADO ESSE TRABALHO? PRINCIPAIS OBJETIVOS


Os cuidados paliativos são complementares entre si e atuam • Promover alívio da dor e de outros sintomas que causam o
diretamente nas necessidades do paciente e sua família, empenhando- sofrimento, melhorando a qualidade de vida do paciente e influenciando
se para aliviar e tratar sintomas típicos de efeitos colaterais como positivamente o curso da doença;
desconforto, dor, fadiga, cansaço, falta de ar, depressão, ansiedade e • Integrar os aspectos físico, psicológico e espiritual no cuidado
demais sintomas que possam causar sofrimento e ameaça a qualidade ao paciente, por meio de equipes interdisciplinares;
de vida. • Promover os cuidados e as investigações necessárias para
Os profissionais que compõem a equipe também são de extrema melhorar a compreensão e o manejo das complicações clínicas que
relevância, controlando os sintomas do corpo – dimensão física causam sofrimento ao paciente, evitando procedimentos invasivos
(profissionais da saúde que auxiliam nas mais variadas áreas) -, da que não levam à melhoria da qualidade de vida;
mente – dimensão emocional (psicólogo, psicoterapeuta, psicanalista • Oferecer suporte para a família no período da doença e depois
e psiquiatra)-, do espírito – dimensão espiritual (padre, pastor, rabino, do óbito, em seu próprio processo de luto;
guru, sacerdotes das diferentes crenças religiosas professadas • Respeitar a morte como um processo natural do ciclo da vida,
pelos pacientes)-, e do social e familiar (assistente social, voluntário, não buscando a sua antecipação ou o seu adiamento;
psicólogo).

08
2.5 BREVE ANÁLISE DO CÂNCER NO BRASIL

Segundo o INCA (2020), o câncer está entre as doenças não • Prolongamento da expectativa de vida e envelhecimento
transmissíveis que mais gera impacto na mudança do perfil de populacional;
adoecimento da população brasileira. A divisão dessa incidência por • Aumento no número de óbitos pela doença;
regiões do país aponta que as Regiões Nordeste e Sudeste concentram • Melhoria da qualidade de registos e informações;
70% dos novos casos, de forma que, na Região Sudeste, encontra-se Diante desse cenário, o número de novos casos de câncer cresce
48,4% das ocorrências. a cada ano. O INCA (2020) estimava que entre os anos de 2020 e
Pode-se dizer que alguns fatores da vida moderna direcionam para tal 2022, surgiria 625 mil casos novos por ano, no Brasil, sendo eles
mudança do perfil, entre elas, podemos citar: caracterizados por localização primária e divididos por sexo, conforme
• Maior exposição a fontes cancerígenas (como o padrão de vida mostra o gráfico abaixo.
adotado em relação ao trabalho, alimentação e consumo em geral);

TIPOS DE CÂNCER MAIS INCIDENTES NO HOMEM E MULHER BRASILEIROS

HOMENS MULHERES

29,2% Próstata Mama 29,7%

9,1% Colo e Reto Colo e Reto 9,2%

7,9% Pulmão Colo do Útero 7,4%

5,9% Estômago Pulmão 5,6%

5,0% Cavidade Oral/Boca Tireoide 5,4%

09
Fonte: INCA - ABC do Câncer (2020), adaptado pela autora.
2.6 O CÂNCER NA MACRORREGIÃO CENTRO-SUL DE MINAS GERAIS

Conforme BLANCO (2021), a Macrorregião Centro-Sul do estado de A cada ano, são esperados 2.160 novos casos na macrorregião,
Minas Gerais é formada por 3 Microrregiões, sendo elas: Conselheiro sendo os tipos de câncer mais frequentes :
Lafaiete, Barbacena e São João del-Rei, sendo que delas, São João
del-rei e Barbacena possuem Centros de Oncologia aptos a oferecer
terapias oncológicas de alta complexidade.

A Macrorregião engloba
50 MUNICÍPIOS com
MAMA
uma POPULAÇÃO TOTAL 18%
de 723.489 HABITANTES,
conforme pesquisas do
IBGE DE 2010.
PROSTÁTA
11%
CONSELHEIRO
SÃO JOÃO DEL-REI LAFAIETE /
238.444 hab. CONGONHAS CÓLON
305.104 hab.
E
RETO
6%

BARBACENA
ESTÔMAGO
236.393 hab. 5%

Mapa com a localização da Macrorregião Centro-Sul de MInas Gerais.


10
2.7 O CÂNCER E A DEMANDA POR TRATAMENTO EM SÃO JOÃO DEL-REI

A cidade de São João del-Rei oferta tratamento oncológico desde Casa da Misericórdia, utilizando um de seus espaços e realizando
o início do ano de 2000, quando era oferecido sessões de tratamento procedimentos cirúrgicos e de internação na mesma.
quimioterápico nas dependências da Santa Casa da Misericórdia. Conforme Blanco (2021), a Gerência Regional de Saúde de São João
Em maio de 2018, a capacidade de atendimento da instituição del-Rei é composta por 18 municípios, reunindo 250.730 habitantes,
foi ampliada em virtude da inauguração do Centro de Tratamento segundo dados do IBGE. Tais municípios, quando identificados casos
Oncológico Dom Célio Goulart (CTO), que iniciou a oferta de radioterapia, oncológicos que serão tratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
sendo capaz de atender entre 40 a 50 pacientes por dia, e oferecendo encaminham o mesmo para tratamento no CTO de São João del-Rei,
até 375 sessões de radioterapia no mês. Além destes tratamentos, o verificando a disponibilidade de vagas. Vale salientar, que caso não
centro ainda mantém ligação com a instituição da Santa haja vagas, o utente é encaminhado para outro centro de tratamento
da Macrorregião Centro-sul de Minas Gerais.

CIDADES DA MICRORREGIÃO DE SÃO JOÃO DEL-REI

1. Barroso 10. Piedade do Rio Grande


2. Bom Sucesso 11. Prados
3. Conceição da Barra de Minas 12. Resende Costa
4. Coronel Xavier Chaves 13. Ritápolis
5. Dores de Campos 14. Santa Cruz de Minas
6. Ibituruna 15. São João del-Rei
7. Lagoa Dourada 16. São Tiago
8. Madre de Deus de Minas 17. São Vicente de Minas Mapa com as Cidades da Microrregião
9. Nazareno 18. Tiradentes de São João del-Rei.
Fonte: Notícias Gerais

11
FAIXA ETÁRIA MÉDIA ATENDIDA NO CTO DE SÃO JOÃO DEL-REI

27,5%
26,7%

16,2% 18%
8,4%
2,6%
0,1% 0,5%

15 A 20 20 A 29 30 A 39 40 A 49 50 A 59 60 A 69 70 A 79 +80
ANOS ANOS ANOS ANOS ANOS ANOS ANOS ANOS
Fonte: CTO São João del-Rei

MÉDIA DE CASOS EM CIDADES DA REGIÃO NOS ANOS DE 2020 e 2021

300 284 2020


250 230
2021
200
200 Fonte: DATA SUS

150
100 42 32 4648 41
31 35 41 26
23 33 27 2321 21 24 33
4 12 11 13 17 13 8 11 14 16 14 15 19 18 10 17 13 24
DORES DE CAMPOS

MADRE DE DEUS DE

SÃO JOÃO DEL REI


LAGOA DOURADA
CORONEL XAVIER
BARROSO

BARRA DE MINAS

SÃO VICENTE DE
RESENDE COSTA
PIEDADE DO RIO

SANTA CRUZ DE
CONCEIÇÃO DA
BOM SUCESSO

TIRADENTES
NAZARENO

SÃO TIAGO
IBITURUNA

RITÁPOLIS
GRANDE
PRADOS
CHAVES

MINAS
MINAS

12 MINAS
3. CASAS DE APOIO
E A ASAPAC
3.1 O CONCEITO DAS CASAS DE APOIO

Os tratamentos contra o câncer são terapias de alta complexidade Outra importante atribuição das casas de apoio é a prestação
que requerem mecanismos de tecnologia de ponta e cientificidade para de auxílio psicossocial aliado a cuidados paliativos aos que nela
a sua realização, desta maneira, os mesmos ficam restritos a hospitais se encontram. Esse amparo é viabilizado por meio de uma equipe
que possam comportar a infraestrutura necessária, localizados, em multidisciplinar que combina a união dos mais variados conhecimentos
sua maioria, em cidades mais desenvolvidas. com o intuito de garantir uma boa qualidade de vida aos pacientes e
Com isso, pacientes de cidades interioranas necessitam se familiares, e um ambiente de bem-estar físico, emocional e espiritual. O
locomover até os grandes centros oncológicos, resultando em uma INCA (2020), afirma que o trabalho desenvolvido por essas instituições
maior dificuldade no combate à doença e aumento do desgaste físico, complementa o trabalho realizado pelos hospitais, colaborando com o
financeiro e emocional dos pacientes, ou até mesmo ocasionando acesso e adesão da terapia.
na desistência do tratamento. Tal fator agrava-se ainda mais diante Sua estrutura física garante aos seus hóspedes, seja ele paciente
dos efeitos colaterais, resultantes da terapêutica utilizada, que ou acompanhante, os seguintes serviços:
geram desconfortos e restrições, fazendo com que seja necessário a
permanência dos pacientes na cidade de tratamento.
Com o propósito de acolher e oferecer suporte a essas pessoas,
surgiram as casas de apoio, a fim de garantir uma atmosfera familiar
para os seus usuários, distanciando-se do ambiente hospitalar
tradicional e aproximando-se do contexto de um lar. Hospedagem
Segundo Santos, Simões, Pereira (2018), as casas de apoio são,
em grande parte, instituições filantrópicas sem fins lucrativos, que
são sustentadas por meio de trabalhos voluntários, pelo apoio da
sociedade civil e doações.
Usualmente, o encaminhamento dos pacientes a essas instituições Cinco Cuidados
de acolhimento é feito a partir do serviço social do hospital de tratamento Refeições Paliativos
ou da própria instituição, quando houver.
Dessa maneira, fica garantido a hospedagem e alimentação gratuita do Transporte
paciente e seu acompanhante durante todo o processo de tratamento.
Ou, em casos em que o tratamento tenha duração de apenas um dia Conforme orientações do INCA (2014), a estrutura espacial
da semana, como em algumas situações da quimioterapia, o paciente também deve proporcionar um ambiente acolhedor, favorecendo um
tem a possibilidade de usufruir dos espaços sociais, da alimentação e sentimento de pertencimento aos seus usuários, com um programa
dos serviços oferecidos pela casa, sendo caracterizado como paciente básico que ofereça quartos, sala, copa e cozinha. Podendo também
“passante”, pois ao final do dia, ele retornará para a sua residência de abrigar espaços para outras atividades como suporte psicológico,
origem. fisioterápico, religiosa e atividades lúdicas e de entretenimento.
14
3.2 A ASAPAC E O AUXÍLIO NO TRATAMENTO CONTRA O CÂNCER

A Associação de Amparo a Pacientes com Câncer (ASAPAC) é A instituição surgiu em 1º de Março de 2004 em Belo Horizonte,
conhecida por ser uma organização civil sem fins lucrativos, com o como iniciativa de Isabel Matilde Cunha, cujo filho faleceu vítima de
objetivo de auxiliar pacientes oncológicos durante todas as etapas de câncer quando criança. Conforme Silvano (2019), ainda durante o
tratamento, tendo como os seus principais valores: tratamento de seu filho, Isabel mobilizou uma equipe de voluntários a
fim de oferecer trabalhos caritativos para pacientes e acompanhantes.
Após o falecimento de seu filho, Isabel retornou para sua cidade natal
em Caratinga-MG, e com o auxílio de amigos, formulou um Estatuto,
que mais tarde seria registrado em Belo Horizonte, local onde originou
a história da ASAPAC.
No início, a associação oferecia somente alojamento e alimentação
para pacientes de outras cidades que faziam tratamento em Belo
Horizonte, mas tempos depois o estatuto foi ampliado, sendo capaz
AMOR SAÚDE de apoiar os pacientes em todas as suas necessidades durante o
tratamento.
Hoje, além da sede em Belo Horizonte, a instituição conta com mais
doze filiais em outras cidades mineiras, sendo uma delas, na cidade de
São João del-Rei.

3.3 VIVÊNCIAS EM CASAS DE APOIO


AMPARO PERSEVERANÇA COMO ACOMPANHANTE
Tendo vivenciado os espaços de casas de repouso em 2015 e 2017
nas cidades de Belo Horizonte e Juiz de Fora, durante tratamento
oncológico de minha avó e de meu avô, respectivamente, observei
que, em geral, esses espaços acontecem em casas que são alugadas
ou cedidas às instituições por meio de doações e boas ações.
Dessa maneira, grande parte delas apresentam deficiências projetuais
pelo fato de terem sido adaptadas para o fim. Com isso, trago abaixo
ASSISTÊNCIA CUIDADO informações sobre as instituições frequentadas por mim a fim de
exemplificar as demandas e carências de tais espaços.

15
3.3.1 CASA DE APOIO DA ASSOCIAÇÃO 3.3.2 BETHÂNIA - CASA DE PASSAGEM E
DE AMPARO A PACIENTES COM CÂNCER ACOLHIMENTO AOS PORTADORES DE
(ASAPAC) EM BELO HORIZONTE - MG CÂNCER EM JUIZ DE FORA - MG
Situada no bairro Carlos Prates em Belo Horizonte, capital mineira, Localizada no centro da cidade de Juiz de Fora – MG, a casa de apoio
a casa de apoio disponibilizada pela ASAPAC contava com um recebe pacientes de outras cidades que estão realizando tratamento
programa básico de 5 quartos compartilhados, totalizando 15 camas, contra o câncer na cidade e oferece, gratuitamente, hospedagem,
4 banheiros, sala de estar, copa, cozinha e área livre externa. alimentação, banho e lazer.
O local garante a hospedagem do paciente portador de câncer e A casa recebe dois tipos de hóspedes, o “passante”, que usufrui do
de um acompanhante, transporte até o local de tratamento, banho e espaço e dos serviços locais durante o dia de tratamento ou consulta,
cozinha equipada com utensílios básicos para os usuários cozinharem voltando para a casa no final do dia, e o “hóspede”, que necessita se
suas próprias refeições, sendo esse um agravante para pacientes que, alojar no local durante a semana pelo fato de morar em cidades mais
por necessidade, se hospedam sem acompanhantes na casa. Outro afastadas do centro de tratamento.
fator de vulnerabilidade na casa é o fato de manutenção, pois por Em 2017, a parte externa da casa apresentava acesso por meio de
motivos de verba escassa, a mesma não possuía trabalhadores que escadas e, o seu interior contava com 17 leitos compartilhados, 3
garantisse a limpeza do ambiente, sendo essa tarefa destinada aos banheiros, copa, cozinha, sala de TV e área verde externa. Com isso,
hóspedes locais, que por muita das vezes não possuem condições o acesso da casa era dificultado para pacientes com capacidade de
físicas para tal. locomoção reduzida, o compartilhamento dos quartos não favorecia a
individualidade dos usuários e, em alguns horários do dia, a quantidade
de banheiros não suportava a demanda de uso, principalmente para
pacientes com efeitos colaterais pós terapia.

Mapa esquemático com a localização


da Casa de Apoio da ASAPAC em
Belo Horizonte - MG.

Mapa esquemático com a localização

16 da Casa Bethânia em Juiz de Fora - MG.


3.4 A ASAPAC EM SÃO JOÃO DEL REI E A CASA DE APOIO

Inaugurada no ano de 2006 em São João del-Rei, a ASAPAC tem


como principal objetivo auxiliar portadores de câncer da cidade e
região oferecendo os seguintes atendimentos e assistências:

SERVIÇOS

FISIOTERAPEUTA DENTISTA

PSICÓLOGO TERAPÊUTA REIKI

FONOAUDIÓLOGO ASSISTENTE SOCIAL

NUTRICIONISTA ADVOGADO

ASSISTÊNCIAS
ASAPAC
MEDICAMENTOS EQUIPAMENTOS
PREFEITURA
MUNICIPAL
SUPLEMENTAÇÃO DE SÃO JOÃO
PERUCAS
ALIMENTAR DEL-REI

CESTA BÁSICA escala gráfica (m):

17 0 10 30 60
A CASA DE APOIO EM SÃO JOÃO DEL REI
Desde o ano de 2014, a instituição também oferece um espaço de
apoio e repouso para pacientes e acompanhantes de outras cidades.
A casa fica localizada na Rua Aristídes Zaneti, no bairro Fábricas e é
destinada, primeiramente, aos pacientes portadores de câncer e seus
acompanhantes, mas caso haja vagas, portadores de outras patologias
também são atendidos. No local, os usuários são responsáveis por
manter a limpeza e organização e também por prepararem suas
refeições.
Segundo a assistente social Laura Lopes, a casa é temporária e foi
cedida a ASAPAC pelos Vicentinos, sem a previsão de quando será
necessário a devolução do imóvel. Ainda segundo ela, o espaço é
dividido em alas feminina e masculina e a sua estrutura conta com:

15 CAMAS
DE SOLTEIRO 2 BANHEIROS

SALA DE COZINHA
ESTAR EQUIPADA

Mapa esquemático com


LAVANDERIA a localização da Casa de
Apoio da ASAPAC em
EQUIPADA São João del-Rei - MG.

18
COZINHA LAVANDERIA

CONSIDERAÇÕES SOBRE
O ESPAÇO

SALA DE ESTAR FEMININA SALA DE ESTAR MASCULINA

• A casa não é próxima do Centro de Tratamento, o


que torna os usuários totalmente dependentes do
serviço de transporte da ASAPAC;

• A estrutura dos espaços sociais, como as salas e


cozinha, não promove a interação adequada dos
hóspedes;
BANHEIRO MASCULINO BANHEIRO FEMININO

• Os quartos são compartilhados e, na ala masculina,


um dos quartos é integrado com o ambiente da
sala de estar, o que não garante a privacidade e o
repouso adequado;

• O local oferece somente dois banheiros, sendo


QUARTO FEMININO QUARTO MASCULINO um feminino e um masculino, não suportando as
necessidades em período de efeitos colaterais dos
pacientes, segundo o zelador Sr. Antônio;

19 Fonte: Autoria Própria


. ARQUITETURA
HUMANIZAD
4.1 PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO NOS AMBIENTES DE SAÚDE

O modo como o usuário compreende o ambiente influencia diretamente com a qualidade da mesma e, permitindo com que o ambiente
em toda a sua conduta de interação espaço x usuário, podendo gerar influencie o utente de modo a auxiliar no seu tratamento, na sua cura e
resultados positivos ou negativos sobre o contexto em que ele está em sua reinserção na vida cotidiana de forma mais rápida possível. A
inserido. partir disso, o arquiteto assume papel essencial, projetando ambientes
que favoreçam o relaxamento, repouso e o sossego, permitindo que
o paciente se sinta mais seguro e motivado e que tenha condições de
recuperação mais ágil. Por sua vez, a equipe de profissionais também
é favorecida com um ambiente de trabalho que viabilize um melhor
atendimento, produtividade, segurança e satisfação profissional.
De acordo com Linton (1992 apud VASCONCELOS, 2004), pesquisas
realizadas por universidades e hospitais americanos afirmam que
a qualidade dos espaços de saúde auxilia o processo de cura,
reduzindo o período de internação e também os custos voltados para
a manutenção dos pacientes. Dessa maneira, o cuidado em projetar
ambientes de qualidade voltados para a área da medicina além de
favorecer os usuários, também proporciona resultados positivos para
a economia da instituição.
Frente a isso, a humanização dos espaços de saúde passa a ser
crucial para que o ambiente garanta ao indivíduo sentimentos de bem-
estar, pertencimento e harmonia.

Baseando-se nisso, a arquitetura voltada para ambientes de saúde H relaxamento


vem sofrendo um processo de transformação nos últimos tempos,
BEM-ESTAR U
como resultado de uma maior consideração em relação ao bem- M
estar de seus utentes. Preocupados em afastar a aparência hostil e segurança A INTERAÇÃO POSITIVA
institucional que sempre prevaleceu sobre esses estabelecimentos, a cuidado N cura
humanização conecta o meio físico com os valores humanos, colocando
I valores
o paciente como foco no processo de projeto e estimulando fatores
que beneficiarão o comportamento do usuário, em sua condição de
ESPAÇO x USUÁRIO Z
COMPORTAMENTO
maior fragilidade. tratamento paliativo A
A preocupação, portanto, passa a ir além dos procedimentos Ç
terapêuticos, aliando a responsabilidade de recuperação do paciente à pertencimento
recuperação
O
21
4.2 HUMANIZAÇÃO SOB A ÓTICA 4.3 HUMANIZAÇÃO SOB A ÓTICA
DO PACIENTE DO ACOMPANHANTE

PACIENTE
ACOMPANHANTE MODIFICAÇÕES NA ROTI-
NA E VULNERABILIDADE
EMOCIONAL

PERMANÊNCIA
MODIFICAÇÃO PROLONGADA EM
DA ROTINA ESPAÇOS DE SAÚDE HUMANIZAÇÃO ESPACIAL

OLHAR
NEGATIVO FRENTE SENTIMENTOS
AO HISTÓRICO DA DEPRESSIVOS
DOENÇA AMBIENTES PARA ESPAÇOS DE
ATIVIDADES CONVIVÊNCIA
RECREATIVAS

HUMANIZAÇÃO ESPACIAL
Garantia de um espaço que ofereça ÁREAS PARA APOIO
qualidade do tratamento e, principalmente, EMOCIONAL E
qualidade de vida e apoio utente. DISCUSSÕES

22 Fonte: SILVANO (2019, p.19), adaptado pela autora. Fonte: SILVANO (2019, p.19), adaptado pela autora.
4.4 HUMANIZAÇÃO SOB A ÓTICA 4.5 BIOFILIA E A RELAÇÃO
DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE INTERIOR X EXTERIOR

A palavra biofilia possui origem grega, onde

BIO = VIDA + PHILIA = AMOR

Sendo assim, a biofilia é traduzida como amor pela vida e, conforme


Gielfe e Padovan (s.d.) o termo foi utilizado primeiramente pelo biólogo
americano Edward Wilson, em 1986 em seu livro Biophilia como uma
PROFISSIONAIS PERMANÊNCIA maneira de “explicar a relação entre as pessoas e a natureza, definindo
DA SAÚDE PROLONGADA EM o novo termo como tendência inata ao ser humano de focar na vida e
AMBIENTES DE SAÚDE em seus processos”.
Na arquitetura, o princípio por trás da biofilia é de conectar humanos
com a natureza, afim de proporcionar o bem-estar. Portanto, o design
biofílico apresenta-se como uma técnica utilizada para desenhar
ambientes mais saudáveis para os usuários, utilizando-se de luz e
ventilação natural, vegetações, emprego de materiais que representem
elementos naturais, utilização de tons que remetam a natureza, dentre
ÁREAS CONFORTÁVEIS HUMANIZAÇÃO ESPACIAL outras estratégias.
PARA O DESCANSO Sendo uma fonte rica em estímulos sensoriais, a biofilia torna-se a
terapia essencial para qualificar a vida de qualquer pessoa e, por isso,
a integração interior x exterior pode vir a ser conceituada como uma
das estratégias mais relevantes no processo de humanização de um
espaço, sobretudo em espaços de saúde.
A interação com ambientes naturais, quando comparada com a
visualização de cenas urbanas, é consideravelmente mais efetiva no
reestabelecimento dos componentes psicológicos do estresse e da
ansiedade, muito presentes no cotidiano de pacientes.
AMBIENTE DE REFEITÓRIOS ESPAÇOSOS Por isso, projetos que utilizam da estratégia de relação entre os
TRABALHO PREPARADO espaços internos e externos em ambientes de saúde, fazem com que
os utentes captem os estímulos da natureza de maneira facilitada, pela
simples distração ocasionada pela paisagem natural, permitindo que
o organismo se mantenha em repouso e que as reservas de energia
sejam recarregadas.
23 Fonte: SILVANO (2019, p.19), adaptado pela autora.
RELAÇÃO PESSOA x AMBIENTE

Tais propriedades terapêuticas e restauradoras da natureza são


conhecidas e utilizadas desde a antiguidade, das propriedades
medicinais de extratos vegetais, animais e minerais, às propriedades
das águas termais, da luz natural e ar puro e, por isso, a disponibilização
facilitada do acesso físico e visual a jardins e cenários que remetam
a natureza auxiliam diretamente na aproximação dos pacientes com interação com o ambiente
esses elementos benéficos no processo de tratamento.
A relação dos jardins com a redução do estresse em utentes
está intimamente relacionada com a capacidade do espaço em gerar
estimulos a sensação de controle e acesso à privacidade; o suporte
social; o movimento gerado por ele; e o acesso à natureza e outras
distrações positivas. O projeto de jardins biofílicos deve passar
precisamente, pela oferta de um ambiente concentrado de experiências
sensoriais que têm por finalidade produzir reações positivas nos
usuários e entregar como resultado uma sensação de bem-estar
geral. As experiências ou atividades de estimulação sensorial estão percepção do espaço e do que ele tem a oferecer
relacionadas com os nossos sentidos básicos, olfato, tato, visão e
paladar, sendo assim, o jardim biofílico busca trazer tais experiências
aos seus utilizadores por meio de diferentes texturas de mobiliário,
forrações, plantas e seus frutos e flores; através dos elementos ar,
agua ,terra e fogo; dos diferentes aromas das plantas e dos sabores
de seus frutos e folhas. (MARCUS et al., 1999, 2014; ULRICH, 1999;
STIGSDOTTER et al., s.d; TRUST, s.d apud CEZÁRIO, 2019).
Em casas de repouso, os jardins biofílicos tornam-se um conceito compreensão do ambiente
ainda mais interessante, sendo que, além de auxiliar nas propriedades
citadas anteriormente, o local pode ainda vir a ser um ponto de encontro
dos hóspedes ou, até mesmo, um local de realização de atividades
culturais, proporcionando uma maior conexão e interação entre os
utentes.

resultado comportamental
Fonte: CEZÁRIO (2019, p.22), adaptado pela autora.
24
4.6 REQUISITOS BÁSICOS PARA A HUMANIZAÇÃO DE CASAS DE APOIO

2) FUNCIONALIDADE E 3) RACIONALIZAÇÃO 4) FLEXIBILIDADE


ASPECTOS TÉCNICOS DE CIRCULAÇÕES ESPACIAL
Reconhecer a atividade que será E AGRUPAMENTO Potencial de ampliação e adequação
exercida no local de projeto a partir DE USOS do objeto arquitetônico, garantindo
do diálogo entre profissionais da Distribuição dos ambientes de possibilidade de evolução espacial
área de saúde e arquitetos. acordo com suas funcionalidades, em casos de uma demanda
garantindo um arranjo lógico e crescente de utentes.
funcional, segurança, produtividade
e economia.

6) PRESENÇA
DE VERDE 1) ESCOLHA DO 5) CONFORTO
TERRENO AMBIENTAL
O emprego de vegetações em
Avaliação da topografia, características do solo, ventos
ambientes de saúde contribui com Qualidade dos espaços oferecidos,
dominantes, insolação, condições de acessibilidade, além da
a redução do estresse, relaxamento garantindo sensação de conforto
análise do entorno, que deve estar em harmonia com a proposta
e redução dos níveis de ansiedade. e bem-estar do usuário dentro do
da instituição.
Quando aliado a presença de água, espaço construído.
pode auxiliar também questões de
conforto ambiental.

5.3) CONFORTO 5.1) CONFORTO


ACÚSTICO 5.2) CONFORTO TÉRMICO
VISUAL
Qualidade acústica do ambiente, por meio da escolha de Preservação do bem-estar do utente
revestimentos, mobiliários e tecidos que não refletem ou Garantia do bem-estar com relação a uma em referência à temperatura, umidade
amplifiquem as ondas sonoras e, também pela oferta de boa visualização, distribuição correta de relativa e movimento do ar, radiação
sons naturais, como fontes de água e jardins internos, luz natural e artificial, emprego de cores solar e radiação infravermelha que é
que além de possuírem efeitos calmantes e relaxantes, e sinalizações que favoreçam reações emitida pelo entorno.
auxiliam na redução da intensidade de sons indesejáveis. positivas no utente e aberturas e que
estimulem o paciente.
25
4.7 OBRAS ANÁLOGAS

4.7.1 CENTRO MAGGIE DE OLDHAM -


REINO UNIDO
De acordo com González, os Centros Maggie são espaços distribuídos
pelo Reino Unido, que oferecem suporte físico e psicológico gratuitos
para pacientes em fase de tratamento contra o câncer. Projetado
pelo escritório dRRM, o centro de Oldham é um edifício de um
pavimento, que tem como ponto principal de projeto a relação interior
x exterior propiciada pela abertura central que viabiliza interações
com a vegetação preexistente no local. Além disso, em outras partes
do edifício é possível encontrar grandes aberturas, que permitem a
visualização externa, ventilação e iluminação natural.
Internamente, o espaço pode ser subdivido por cortinas, garantindo
uma maior flexibilidade e privacidade dos espaços. A estrutura do local
conta com uma cozinha de uso comunitário, sala de estar, biblioteca, Fonte: ArchDaily
banheiros, espaços de convivência e salas para atendimentos para os
tratamentos paliativos oferecidos pela instituição.

Fonte: ArchDaily Fonte: ArchDaily Fonte: ArchDaily

26
PLANTA BAIXA - CENTRO MAGGIE | OLDHAM

1. Cozinha Compartilhada

2. Sala de Jantar

3. Biblioteca / Área de Leitura 1 3 4


4. Sala de Informática
5
5. Sala de Estar
2
6. Sala de Reuniões

7. Salas de Atendimentos 7 6
8 7 7
8. Banheiro

escala gráfica (m):


Fonte: ArchDaily
0 2 5 10

MÉTODOS DE HUMANIZAÇÃO UTILIZADOS


Boa relação interior x exterior Conforto ambiental

Flexibilidade espacial Presença de verde

Uso de materiais que remetem a natureza


27
4.7.2 CENTRO MAGGIE DE FORTH VALLEY-
REINO UNIDO

Projeto do escritório James Garber, o Centro Maggie de Forth Valley


teve o seu princípio inspirado no próprio entorno do edifício. O terreno
à beira lago propiciou o incremento da biofilia na edificação, sendo a
cor, os reflexos e iluminação os princípios norteadores da proposta.
Na fachada, além da ampla conexão com a natureza preexistente,
podemos observar o uso de madeira e grandes aberturas que garante
uma boa iluminação natural do local. Já na parte interna, os espaços
sociais se integram, garantindo maior relação entre os usuários da casa.
Além disso, tons mais sóbrios são utilizados na paleta, e alguns pontos
de cor são garantidos pelo mobiliário local, retirando a monotonia do
ambiente. Fonte: Architects Journal

Fonte: Architects Journal Fonte: Architects Journal Fonte: Architects Journal

28
PLANTA BAIXA - CENTRO MAGGIE | FORTH VALLEY

1. Salas de Atendimento
MÉTODOS DE
HUMANIZAÇÃO UTILIZADOS
2. Banheiros 1
3. Sala de Informática
Boa relação interior x exterior
4. Sala de Jantar 2
5. Cozinha Compartilhada Conforto ambiental
6. Área de Leitura 3
Paleta de cores que promovem
bem-estar e calmaria

Presença de verde
2
4
Uso de materiais que remetem
1 a natureza
5
6

1
1

Fonte: Architects Journal escala gráfica (m):

29 0 10
4.7.3 CASA RONALD McDONALD DE
MOEMA - SP
Inaugurada em Abril de 2007, a Casa Ronald McDonald localizada
em Moema, São Paulo, integra o programa internacional da Ronald
McDonald House Charities e no estado de São Paulo a estrutura é
mantida em parceria com o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança
com Câncer (GRAAC). Fonte: www.casaronaldspmoema.org.br Fonte: www.casaronaldspmoema.org.br
A casa oferece hospedagem, alimentação, transporte e suporte
biopsicossocial, visando um tratamento integral e humanizado para as
crianças e adolescentes portadores de câncer, assim como para suas
famílias. De acordo com a instituição, a estrutura do edifício conta com:

30 SUÍTES COZINHA
INDIVIDUAIS INDUSTRIAL

BIBLIOTECA JARDIM
Fonte: www.casaronaldspmoema.org.br Fonte: www.casaronaldspmoema.org.br

SALA DE JOGOS
BRINQUEDOTECA
E ARTESANATO

REFEITÓRIO LAVANDERIA

SALA DE
ESTAR CAPELA

Fonte: www.casaronaldspmoema.org.br Fonte: www.casaronaldspmoema.org.br


30
. PARÂMETROS
DE PROJETO
5.1 ÁREA DE INTERVENÇÃO
O local selecionado para a realização do projeto é um terreno de
1.200m², localizado no Centro de São João del-Rei, mais precisamente
na esquina das ruas Comendador Costa e Conselheiro Belizário Leite
Andrade.
A seleção do terreno foi moderada pela proximidade com o Centro de
Tratamento Oncológico e a ASAPAC, além do fato de estar situado no
centro da cidade, facilitando o acesso dos utentes ao local de terapia
e também aos demais serviços oferecidos na cidade.
De acordo com o Plano Diretor da cidade, o terreno está inserido na
Zona de Proteção Cultural.

escala gráfica (m):

0 50 100 200

TERRENO R. COMENDADOR COSTA


CTO
Mapa esquemático com a localização do R. CONSELHEIRO
ASAPAC AV. TIRADENTES
32 terreno de intervenção. BELIZÁRIO LEITE
5.2 ANÁLISE DO ENTORNO DE PROJETO

ANÁLISE DE USO DO ENTORNO


E PRINCIPAIS VISADAS

FONTE: Google Maps

FONTE: Google Maps

escala gráfica (m):

0 20 50 100

Uso Residencial Uso Misto

Uso Comercial Uso Institucional

Terreno FONTE: Google Maps

33
ANÁLISE DA ALTIMETRIA CONDIÇÕES DE CONFORTO
DO ENTORNO E SEGUNDO O PROJETEE
CONFORTO AMBIENTAL
56% 30% 14%
% do ano em desconforto por frio
% do ano em conforto térmico
% do ano em desconforto por calor

ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS
RECOMENDADAS PELO
PROJETEE

Ventilação Inércia Térmica


Natural Para Aquecimento
escala gráfica (m):

0 20 50 100

1 Pavimento 3 ou mais Pavimentos

2 Pavimentos Terreno
Aquecimento
Solar Passivo
34 Fonte: PROJETEE, adaptado pela autora.
5.3 LEGISLAÇÃO 5.4 PÚBLICO ALVO

Devido ao fato do terreno estar localizado na cidade de São João del- Conforme a assistente social Laura Lopes, o CTO de São João del-
Rei, analisou-se o Plano Diretor (2006) e, também, o Código de Obras Rei tem como objetivo o atendimento de pacientes oncológicos na fase
(1991) da cidade, porém, os mesmos não apresentam Parâmetros adulta, porém, mesmo que os pacientes infantis sejam encaminhados
Urbanísticos detalhados para serem seguidos. para outros centros de tratamento do estado, encaramos como
Dessa maneira, norteado pelos parâmetros do Conselho de possibilidade a realização dos tratamentos alternativos para público
Patrimônio de São João del-Rei e pelas análises do entorno dos mapas infantil no local, sendo caracterizado como público passante, com
já apresentados, fica definido os seguintes parâmetros urbanísticos: isso, o público alvo fica definido como:

TAXA DE OCUPAÇÃO
PÚBLICO
70% ALVO

Adultos e Idosos
Portadores de Câncer
TAXA DE PERMEABILIDADE
20%

PÚBLICO
COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO SECUNDÁRIO
2 PAVIMENTOS

Acompanhantes (1 por paciente) e


crianças portadoras de câncer
35
5.5 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Psicologia ............................. 8m² Jardim Central ......... 30m² s


a s
Fonoaudiologia .................... 8m² Sala de Estar ............. 40m² e
t á o
Cozinha ............. 50m²
Nutrição ............................... 8m² Sala de Jogos ........... 30m² r
e r c Lavanderia ........ 25m²
Tratamentos Paliativos (3). 30m²
Sala de Artesanato .. 25m² v
n e i Despensa ............. 6m²
Brinquedoteca .......... 12m² i
d Fisioterapia ........................ 20m² a a Depósito de Lixo . 6m²
Capela ...................... 10m² ç
i Odontologia ......................... 9m² l Refeitório ................. 50m² o
m Advocacia ............................ 6m² WC Social (2) ........... 20m²
e Assistência Social ................ 6m²
TOTAL= 87 m²
TOTAL= 205 m²
n
Recepção .............................. 8m²
t
o Diretoria ............................... 6m² área íntima Suítes Acessíveis (20) ..... 500m² TOTAL= 500 m²

Administrativo ................... 20m²

TOTAL= 129 m²
SOMATÓRIO = 919 m² + 15% de área ÁREA DO TERRENO
de circulação
e paredes
=
1.056,81 m² 1.200 m²

36
. PROPOSTA
PROJETUA
6.1 VIABILIZAÇÃO DO PROJETO

PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA

AQUISIÇÃO CONSTRUÇÃO GESTÃO DA


DO TERRENO DO EDIFÍCIO CASA DE APOIO

FINANCIAMENTO FINANCIAMENTO
PRIVADO PÚBLICO

Auxílio de ONGs e instituições Apoio através de verbas do


privadas, por meio de doações governo
e de fundos de ação social

38
6.2 IMPLANTAÇÃO

A implantação do edifício foi realizada por meio de um grande pública, situada na lateral direita do terreno, também exerce
bloco trabalhado em volumes, que ora avança e recua no a função de suavizar a relação entre rua x edificação, além
terreno, viabilizando diferentes atmosferas e conexões em um de ser um espaço biofílico capaz de auxiliar na recuperação
ambiente que une cuidado, socialização e repouso. A praça e na emoção dos pacientes usuários do Espaço Andorinha.

R. Conselheiro Belizário Leite Andrade

calçada
calçada

pedestre
calçada acesso
JARDIM
calçada

pedestre
acesso

acesso
jardim pedestre
VAGAS DE
ESTACIONAMENTO

jardim
I= 3,46%
pedestre
acesso
R. Comendador Costa

muro de divisa
JARDIM
JARDIM

EDIFICAÇÃO
ÁREA: 813,02m²

JARDIM

muro de divisa

IMPLANTAÇÃO
ESCALA......................................1/100

39
6.3 SETORIZAÇÃO

Setor Repouso
Espaço destinado a suítes que garantem o repouso
e a individualidade dos pacientes e familiares no
período de estadia. É composto por 10 suítes
acessíveis e 10 suítes não acessíveis, com
capacidade para dois hóspedes em cada quarto.

Setor Socialização
Ambientes integrados que fomentam a
Setor Cuidado
coletividade, troca de experiências e a união Composto por 8 salas de atendimento
entre os hóspedes e os colaboradores do local. multiprofissional, ofertando cuidado pós
O setor comporta cozinha compartilhada, tratamento para hóspedes e pacientes são-
refeitório, sala de jogos, sala de estar, joanenses e espaços de brinquedoteca, capela
banheiros, lavanderia, despensa e jardim e sala de atividades, o setor cuidado tem como
externo. principal objetivo garantir a qualidade de vida
para os usuários do Espaço Andorinha.

40
41
6.4 PLANTAS

6.4.1 PAVIMENTO TÉRREO


jardim externo áreas sociais
estacionamento o jardim externo de abre integradas
o local conta com vaga
trazendo elementos
de estacionamento para ambientes que se conectam
biofílicos como a água e
pacientes são-joanenses que e instigam a conexão entre
plantas, além de ser uma
necessitarem de tratamentos no os seus usuários
extensão do refeitório
edifício

R. Conselheiro Belizário Leite Andrade

proj. pav superior

proj. pav superior


proj. pav superior
R. Comendador Costa

proj. pav superior


DEPÓSITO DML
DESPENSA DE LIXO 6,52m²
10,68m² 6,52m²

LAVANDERIA
19,32m²

COZINHA / REFEITÓRIO
49,32m²

proj. pav superior


FONOAUDIOLOGIA / PSICOLOGIA
NUTRIÇÃO 14,97m²
14,97m² RECEPÇÃO
23,87m²

TRATAMENTOS PALIATIVOS ELEVADOR


33,50m² RESIDENTES
6,00m²

FISIOTERAPIA
35,75m²
SALA DE JOGOS

CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO
BANHEIRO MASCULINO BANHEIRO FEMININO 42,92m²

7,16m²

7,16m²
14,97m² 14,97m²

proj. pav superior

16
15
14
13
12

10
11

9
8
S

2
3

5
6
7
1

4
CIRCULAÇÃO
66,88m²

1 16
WC
2 15 FEMININO
10,20m²
3 14
4 13
5 12
6 11 ELEVADOR CAPELA
ADVOCACIA RESIDENTES 20,00m²
ODONTOLOGIA 7 10
17,36m² 6,00m²
29,30m²
SALA DE ESTAR
SALA DE ATIVIDADES 51,13m²
BRINQUEDOTECA 20,00m² WC
DIRETORIA / ASSISTÊNCIA SOCIAL 20,00m² MASCULINO
ADMINISTRATIVO 17,36m² 8 9
10,20m²
17,36m²

proj. pav superior


proj. pav superior

proj. pav superior

PLANTA BAIXA - TÉRREO


praça pública
ESCALA......................................1/100
salas de atendimento
estratégia adotada a fim de e atividades
suavizar a conexão rua x edifício
e de proporcionar um ambiente todas as salas de atendimento foram voltadas para o exterior do
calmo e tranquilo, auxiliando na edifício, tornando os procedimentos mais prazerosos e tranquilos,
recuperação dos pacientes quando mesclados com as vegetações trabalhadas no paisagismo

42
VARANDA
10,17m²

QUARTO 15
21,87m²

QUARTO 19
QUARTO 18 16,09m² QUARTO 20
FISIOTERAPIA
35,75m²
SALA DE JOGOS

CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO
BANHEIRO MASCULINO BANHEIRO FEMININO 42,92m²

7,16m²

7,16m²
14,97m² 14,97m²

proj. pav superior


6.4 PLANTAS

16
15
14
13
12

10
11

9
8
S

2
3

5
6
7
1

4
CIRCULAÇÃO
66,88m²

1 16
WC
2 15 FEMININO
10,20m²
3 14
4 13
5 12
6 11 ELEVADOR CAPELA
ADVOCACIA RESIDENTES 20,00m²
ODONTOLOGIA 7 10
17,36m² 6,00m²
29,30m²
SALA DE ESTAR
SALA DE ATIVIDADES 51,13m²

6.4.2 PRIMEIRO PAVIMENTO


BRINQUEDOTECA 20,00m² WC
DIRETORIA / ASSISTÊNCIA SOCIAL 20,00m² MASCULINO
ADMINISTRATIVO 17,36m² 8 9
10,20m²
17,36m²

proj. pav superior


suítes acessíveis

proj. pav superior


proj. pav superior

espaços de como alguns pacientes


podem apresentar mobilidade
convivência
PLANTA BAIXA - TÉRREO
ESCALA......................................1/100
reduzida, é ofertado 10 suítes
pensando em gerar conexão e acessíveis, com capacidade
boa relação entre os usuários, os para 2 hóspedes (paciente e
espaços de convivência também acompanhante)
se abrem no primeiro pavimento

VARANDA
10,17m²

QUARTO 15
21,87m²

QUARTO 19
QUARTO 18 16,09m² QUARTO 20
23,86m² 23,75m²

WC 14 QUARTO 14 SALA DE ESTAR WC 15


5,94m² 24,89m² 11,65m² 5,94m²

WC 19
4,25m²

WC 18
5,94m²
WC 20
5,94m²

CIRCULAÇÃO
22,84m² QUARTO 16
23,22m²

QUARTO 13
27,38m²
ELEVADOR RESIDENTES
QUARTO 17
QUARTO 12 6,00m²
18,84m²
QUARTO 11 26,29m²
12,55m²
SALA DE ESTAR
39,27m²

CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO
6,84m²

6,84m²

D
WC 12 WC 13 WC 16
5,94m² 5,94m² 5,94m²

16
15
14
13
12

10
11

9
WC 17
4,25m²

8
WC 11
5,94m²

2
3
4
5
6
7
1
CIRCULAÇÃO
81,54m²

D WC 1
5,40m²

1 16
WC 10 2 15
5,94m²
3 14

WC 9 WC 8 WC 7 4 13 WC 6 WC 5 WC 4 WC 3 WC 2
4,25m² 4,25m² 4,25m² 4,25m² 4,25m² 4,25m² 4,25m² 4,25m²
5 12 ELEVADOR
RESIDENTES
6 11 6,00m²
7 10

QUARTO 10
12,55m² QUARTO 9 QUARTO 8 QUARTO 7 QUARTO 6 QUARTO 5 QUARTO 4 QUARTO 3 QUARTO 2 QUARTO 1
15,09m² 15,09m² 15,09m² 8 9 15,09m² 15,09m² 15,09m² 15,09m² 15,09m² 23,90m²

PLANTA BAIXA - 1º PAVIMENTO


ESCALA......................................1/100

espaços de
suítes não acessíveis convivência
o edifício conta com 10 quartos pensando em gerar conexão e
comuns, sem acessibilidade com boa relação entre os usuários, os
capacidade para 2 hóspedes (1 espaços de convivência também
paciente e 1 acompanhante) se abrem no primeiro pavimento

43
6.5 FACHADAS E MATERIAIS

muro verde pele de vidro alvenaria esquadrias alvenaria


com estrutura emassada e em madeira revestida em
em alumínio pintada na cor tratada pedra moledo
branca

fachada frontal

alvenaria esquadrias pele de vidro esquadria fixa alvenaria


revestida em em madeira com estrutura em madeira emassada e
pedra moledo tratada em alumínio tratada e vidro pintada na cor
branca

fachada posterior

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6.6 RENDERS

alvenaria pele de vidro alvenaria


revestida em com estrutura emassada e
pedra moledo em alumínio pintada na cor
branca

esquadrias
em madeira
tratada

fachada lateral esquerda

dormentes alvenaria alvenaria


em madeira emassada e revestida em
de demolição pintada na cor pedra moledo
branca

esquadrias
em madeira
tratada

fachada lateral direita

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46
BIBLIOGRÁFICA
BLANCO, Marina Rocha. AUXÍLIO NA CURA: um projeto de centro de tratamento oncológico huma-
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EFERÊNCIAS
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NEXOS
ENTREVISTA ASAPAC - ASSISTENTE SOCIAL LAURA LOPES

Laura Lopes: Bom, primeiramente eu vou começar te contado sobre o que a nossa ASAPAC daqui de São João faz. Nossos somos uma
instituição sem fins lucrativos, né? Aí sobrevivemos com ajudas financeiras de alguns comerciantes da cidade e parceiros, doações
da população e trabalho voluntaria, em sua maioria. Na parte de prestação de serviços, oferecemos aos nossos pacientes o
atendimento com psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, dentista, terapêuta reiki, advogado e assistente social.
Outra coisa que fazemos também é a doação de medicamentos, cesta básica e suplementos alimentares para aqueles que têm um
situação financeira mais frágil, emprestamos equipamentos como cadeira de rodas, cama hospitalar e bengalas também.

Mylena: Perfeito, Laura. E quanto ao funcionamento de vocês? Vocês abrem todos os dias?

Laura Lopes: Não não, o nosso funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 08:00 às 17:00. O que acontece é que em algumas datas
específicas acontecem eventos aqui na instituição, aí, na maioria das vezes, eles são realizados no sábado pela manhã. E a nossa
casa de repouso também funciona assim, viu. Os pacientes chegam na segunda pela manhã e podem ficar até na sexta, voltando
para a cidade natal deles no fim de semana.

Mylena: A sim, e como funciona a Casa de Repouso de vocês?

Laura Lopes: A casa de apoio da ASAPAC é destinada para receber pacientes oncológicos que estejam em tratamento, a gente pensa que não
mas a região aqui é grande, então a pessoa vem das outras cidades e fica cansativo de voltar todo dia, então as vezes a pessoa
precisa de algum lugar pra ficar, e aí a gente oferece a casa de apoio, onde pode ficar o paciente e um familiar.

Mylena: E a estrutura da casa, como é?

Laura Lopes: É uma estrutura de casa mesmo, tem fogão, tem geladeira, tem banheiro, tem um local pra eles ficarem, mas eles mesmo fazem
a própria comida, seu próprio alimento. A gente deixa tudo lá, mantimento, produto de higiene. A gente também busca, oferece o
transporte pra levar no CTO, mas não fica profissional de saúde nenhum lá. Mas a casa é temporária, ela foi cedida pra nós pelos
Vicentinos e não sabemos até quando vamos ter esse espaço.

Mylena: Como a casa é mantida na limpeza, nos gastos, entre outros?

Laura Lopes: Na limpeza, a nossa funcionária da limpeza da ASAPAC vai uma vez por semana lá e a gente pede pra quem fica lá que ajude a
manter a casa limpa e organizada. Tem um senhor que mora lá, que já era morador antigo desde a época dos Vicentinos e tem um
quarto só pra ele lá, então é como se ele fosse um zelador, mas ele não é funcionário e também não presta nenhum serviço.
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