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CASO PRÁTICO 5

(baseado no Acórdão n.º 3102/11.4TBCSC-1, de 01/12/2015)

- As RR. organizaram, entre Setembro e Outubro de 2010, uma exposição


internacional de escultura, denominada “Prémio Artemar E 2010”, no
passeio marítimo de Cascais.
- O autor apresentou a sua obra “Preservação da fauna Marinha”, que foi
selecionada pela organização;
- Do regulamento do “Prémio Artemar 2010” consta a seguinte cláusula:
“Serão atribuídos os seguintes prémios: 1. Prémio Artemar E 2010, no
valor de 15.000€; 2. Prémio do Público no valor de 5.000€;
- A obras vencedora deverá ser doada à Câmara Municipal de Cascais;
- O A. declarou aceitar o regulamento do concurso;
- O júri do concurso decidiu que havia 3 peças vencedoras e que a cada
uma caberia 1/3 do prémio: além da obra do autor, foram ainda
vencedoras as obras “Invólucro” e “Open Ocean”.

O Autor alega ter direito à totalidade do prémio. A RR. alegam que em


causa está a aplicação do artigo 462.º do CC.
Quid Iuris?
No caso “sub judice” está presente a matéria das modalidades das obrigações quanto
ao, vinculo, civil, logo, judicialmente exigível havendo um verdadeiro dever jurídico de
prestar e quanto ao sujeito, que pode ser determinado ou indeterminado. Em regra,
será determinado quando tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo sejam
conhecidos na relação jurídica, já o sujeito indeterminado diz o art. 511.º que o credor
aquando do nascimento da obrigação pode ser desconhecido, devendo ser conhecido
para que a obrigação seja cumprida. O credor é determinável por designação do júri do
concurso de acordo com o art. 463.º do CC.
Um dos casos de obrigação com sujeito indeterminado é o caso de concurso público,
para saber se estamos perante um concurso público devemos ter em atenção o art.
463.º no N.º 1 fala de um prazo que está presente sendo entre Setembro e Outubro de
2010, no N.º 2 existe o problema de escolher as pessoas e o problema de escolher um
vencedor, no caso o presente concurso público tem 1 júri e 3 concorrente em que a
obra vencedora é doada à camara municipal, existe um prémio de 15.000 euros, e um
segundo prémio de 5.000 euros.
Em causa está um réu que entende que o prémio deve ser dividido 1/3 por cada um
dos vencedores e que as três obras seriam doadas à camara municipal de acordo com
o art. 462.º, já o autor acredita que merece a totalidade do prémio e que o art. 462.º
não se aplica.
Ora a aplicabilidade do art. 462.º depende de cooperação, em conjunto e
individualmente, onde há uma única prestação, como tal este artigo se aplica mais às
promessas públicas simples do art. 459.º. Ora a presença de três obras diferentes e o
facto de haver apenas 1 vencedor com um prémio e a menção expressa de que “a obra
será doada à camara municipal” não prevê a possibilidade de três vencedores. Como
tal o art. 462.º não se aplica, os réus não têm razão e como a promessa é de 15.000
euros a obra vencedora tem direito há totalidade dos 15.000 euros. Para ser divisível
pelos três teria de se constar essa promessa no regulamento.

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