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CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DA POLPA E DO RESÍDUO

SÓLIDO DO LIMÃO TAHITI (Citrus latifolia)

Maria Luísa de Sá Freire1, Lucas Bezerra Rodrigues Dantas1, Carlos Erickson


Melo de Farias Filho1, Alberto Oliveira Falcão Junior1,4
1
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, Paraíba, email:
freiremaluu@gmail.com*; lucasbrdantas2010@gmail.com; rafaelsdreher@gmail.com;
carloserickson0710@gmail.com; albertofalcao12@gmail.com.

RESUMO: O presente artigo é um estudo físico-químico de uma lima ácida, popularmente chamada de limão
Tahiti. Este, é de origem tropical e foi descoberto na Califórnia (EUA) em 1875. Esse fruto possui bastante
representatividade econômica no Brasil, que é um dos maiores produtores dessa fruta. Os experimentos foram
feitos na Universidade Federal da Paraíba no laboratório de bioengenharia. Foram realizadas as caracterizações de
6 amostras – 3 da polpa do suco e 3 do resíduo sólido triturado e diluído- e foram calculados as médias e os
desvios padrão das triplicatas. Em relação a caracterização, obteve-se um pH de 2,113 para suco e de 3 para a
casca, o BRIX foi de 8,43 oBx para o suco e de 0,8 oBx para a casca, a umidade foi de 80,277% de umidade para a
casca, o teor de cinzas foi de -0,44% para casca e de -0,55% para o suco. Por fim, o teor de açúcares redutores foi
de 2,954% para o suco e de 0,2486% para os resíduos sólidos(casca).

Palavras chave: mercado interno, composição físico-química, desenvolvimento, aproveitamento.


ácidas do Mundo são: Brasil, China, Índia, México e
Argentina. Em perspectiva de Brasil, o País é o maior
INTRODUÇÃO produtor de frutas cítricas do planeta Em 2013, por
O conhecido como limão Tahiti (citrus x exemplo, houve a produção de 1.165,296 toneladas de
latifolia), na verdade, não é um limão verdadeiro e lima ácida 'Tahiti'. Apesar da enorme produção, o
sim uma lima ácida de origem tropical e de atividade mercado interno brasileiro do fruto ainda tem muito
econômica relativamente recente. Sua fama veio por potencial de crescimento (SIMÕES, COELHO et al.,
volta de 1875, quando foi registrado na Califórnia 2017). Diante desse contexto, é de extrema
(EUA) e, embora não se tenha certeza de sua origem, importância a avaliação físico-química para que se
admite-se que seja proveniente de sementes de possa medir a disponibilidade de nutrientes e ressaltar
frutos cítricos importados do Tahiti, esse fato inspirou as características principais desta fruta, a fim de
seu nome popular (COELHO et al., 1998). viabilizar o desenvolvimento de novos produtos com
O “Tahiti” é uma fruta de polpa espessa e o limão Tahiti (citrus x latifolia) (BRITO et al.2017).
firme, envolta por uma casca composta por duas O presente trabalho teve como objetivo a
partes: o epicarpo (flavedo) e o mesocarpo (albedo) caracterização físico-química da fruta citrus x
(BRITO et al.,2017), como é mostrado na Figura 1 latifolia, com aproveitamento não só da sua polpa,
que apresenta um corte transversal do limão em mas também de seu resíduo sólido (casca). Foram
questão: avaliados os açúcares redutores, teor de cinzas, pH,
BRIX e umidade.

MATERIAL E MÉTODOS
Matéria-Prima
Foram utilizados como matéria prima frutos
dos limões (Citrus × latifolia). Para as análises, foram
utilizados 12 limões e os procedimentos foram feitos
no laboratório de bioengenharia da UFPB
Universidade Federal da Paraíba. Os 12 “Tahitis”
foram cortados ao meio- manualmente- e foi extraído
Figura 1. Corte transversal do citrus x latifolia Fonte: o suco dos 12 limões, também manualmente. Após a
(BRITO et al., 2017) retida do suco, a casca foi coletada e triturada com o
auxílio de um liquidificador convencional. Logo em
Os maiores produtores de limões e limas seguida, com as amostras de suco e de casca triturada,

foram pesadas suas massas totais. Em posse das massas totais, foram separados 3 recipientes com a
casca (as cascas foram diluídas com água e, logo
após, foram filtradas com papel filme) e 3 recipientes Umidade
com o suco para que fossem feitas as análises em O cálculo da umidade foi feito seguindo a
triplicata. Equação 1:
Todos as análises foram feitas com essas 6 amostras.
%����������. =��.
Análises Físicas e Físico-químicas
�������������� −
A pesagem do suco e da casca foi
��. ��������������
determinada com o auxílio de uma balança
semianalitica. Após isso, com um phmetro de bancada �������� ��.
foi calculado o pH das amostras de casca e de suco,
ambas diluídas em água. Em seguida, com o auxílio
de um refratômetro de bancada do tipo ABBE foi ��������������
achado o BRIX de 3 amostras de suco e 3 amostras
de casca. Utilizando o espectrofotômetro com leitura ��������∗ 100
à 540 nm foi calculado o valor de absorbância para as
amostras com DNS para a análise de açúcares (1)
redutores totais. Para a análise de umidade foi usada A análise de umidade foi feita apenas para as
a estufa e para o cálculo do teor de cinzas as 3 amostras de resíduo sólido. Para a amostra “casca
amostras foram colocadas na mufla. 1” a umidade foi de 78,91%, a “casca 2” de 80,57% e
a “casca 3” 81,35%. A média desses valores foi de
RESULTADOS E DISCUSSÃO 80,277% e o desvio padrão (DP) de 1,246. O DP
Rendimento da polpa e do resíduo sólido Os 12 apresentou um valor relativamente alto devido á
limões Tahitis totalizaram um peso de 1 144,36 possíveis erros experimentais.
gramas. Quando extraído o suco desses
Teor de cinzas
apresenta 8,3oBx, a amostra “suco 2” 8,5oBx e a
O cálculo das cinzas foi realizado seguindo a
“suco 3” 8,5 oBx. A média dos 3 valores da polpa
Equação 2:
8,43 oBx e desvio padrão de 0,11554.
Já as 3 amostras da casca (resíduo sólido), %������. =(��. ����������ℎ�� +
o
apresentaram uma média de 0,8 Bx e um desvio ��. ������������) − ��.
padrão de 0,1732. ����������ℎ��
frutos, o peso obtido foi de 331,68 resíduo sólido, obteve-se um total de
gramas totalizando um 28,984% de 737,84 gramas (2)
rendimento. Já quando triturado o ��. ��������������
∗ 100
de 3,09 e a “casca 3” de 3,06. A média dos 3 valores
é de 3,0 e o desvio padrão de 0,01732.
(um rendimento 64,214%). A Tabela 1 mostra os
rendimentos percentuais: BRIX
Tabela 1. Rendimentos percentuais da polpa e dos O BRIX é uma escala numérica que mede a
resíduos sólidos quantidade de sólidos solúveis em uma solução de
Massa Rendimento sacarose. Um grau BRIX (1 oBx) é igual a 1 grama de
açúcar por 100 gramas de solução. A amostra “suco
Limões inteiros 100% (base de cálculo) 1”

Polpa 28,984% Sendo o cadinho o local onde as cinzas


foram depositadas. O teor de cinzas foi a única
Resíduos sólidos 64,214% análise que não foi feita em triplicata. O teor do
resíduo sólido foi de -0,44%. Já o da polpa foi de
-0,55%. Possivelmente, devido aos erros
experimentais (regulamento da mufla, pesagem,
pH tempo de mufla...) o valor das cinzas deu um número
A amostra do suco foi dividida em negativo.
3(triplicata), denominadas como “suco 1”, “suco 2” e
“suco 3”. O “suco 1” apresentou um pH de 2,13, o Açúcares redutores
“suco 2” de 2,12 e o “suco 3” de 2,08. A média dos 3 O valor de açúcares redutores foi obtido a
valores é de aproximadamente 2,113 e o desvio partir da curva padrão (de calibração do DNS) da
padrão de 0,026457. concentração de açúcares (eixo y) pela absorbância
Já a amostra da casca também foi dividida (eixo x) que é a fração de energia luminosa absorvida
em 3, chamadas de “casca 1”, “casca 2” e “casca 3”. pelo material. A equação de reta utilizada está
A “casca 1” apresentou um pH de 3,06, a “casca 2” representada na Equação 3:
para as 3 amostras de suco foi de 0,275. Já a
�� = 1,708�� média de açúcares redutores para os
resíduos sólidos é de 0,2486% e o DP é de
(3) 0,0165.
A média de açúcares redutores para o
suco é de 2,954% e o desvio padrão (DP)

Tabelas físico-químicas
A Tabela 2 mostra a caracterização físico Os valores médios das características físico
química da polpa do fruto, com a média e os desvios químicas da polpa e dos resíduos sólidos do limão
padrões das análises. Tahiti (citrus x latifolia) foram relativamente
parecidos com os valores comparados da literatura no
Tabela 2. Caracterização físico-química do suco do que diz respeito ao pH, ao BRIX e à umidade. Porém,
limão Tahiti o valor de cinzas foi diferente em virtude de erros
experimentais nas análises de teor de cinzas feitas na
pH BRIX umidade Teor AçúcUniversidade Federal da Paraíba.
cinz redutO valor de açúcares redutores também foi
as (%consideravelmente diferente. Contudo, vale ressaltar
(%) que na análise físico-química realizada faltaram
algumas caracterizações importantes como, por exemplo,
Média 2,113 8,43oBx - -0,55 2,9proteínas e lipídios.
Por fim, vale ressaltar a importância do estudo da composição
DP 0,0264 0,1154 - 0 027química dos alimentos, no caso, do limão Tahiti com o objetivo
de ampliar a sua utilização em produtos alternativos e, assim,
aumentar seu mercado interno que já é bastante relevante
economicamente para o País.
A tabela 3 é a caracterização físico-química
dos resíduos sólidos do fruto, também com as médias
e desvios padrão. AGRADECIMENTOS
Tabela 3. Caracterização físico-química dos resíduos À Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ao laboratório de
sólidos do limão Tahiti bioengenharia da UFPB e aos profissionais que nele atuam.
pH BRIX Umida Teor Açúc
de cinz redu
(%) as (%REFERÊNCIAS
(%)
BRITO, K.D. et al. Estudo experimental do limão Tahiti (Citrus
Média 3 o
0,8 Bx 80,277 -0,44 0,24latifólia Tanaka): composição físico-química e de minerais da polpa in
natura e do resíduo albedo. Revista Principia (João Pessoa-PB-
Brasil), n 37, p. 64-70, 2017.
DP 0,01732 0,1732 1,246 0 0,0
MENDONÇA, L.M. et al. Caracterização da composição química e
do rendimento dos resíduos industriais do limão Tahiti (Citrus
latifolia Tanaka). Campinas-SP Brasil. Disponível em <
Agora, foi comparado os dados obtidos nas https://www.scielo.br/j/cta/a/X3SdYWY7qPh6MNzBZfk9
zjL/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 11 abril de 2022.
análises feitas no laboratório de bioengenharia da
Universidade Federal da Paraíba com os dados da BRIGHENTI, D. M. et al. Inversão da sacarose utilizando ácido
literatura. cítrico e suco de limão para preparo de dieta energética de Apis
Segundo Melo et al. (2014), o pH melífera. LINNAEUS, 1758. Ciência Agrotécnica, Lavras, v. 35, n. 2,
característico do limão Tahiti foi de 2,63 para a polpa p. 297-304, mar./abr. 2011.
e de 4,02 para o resíduo sólido.
Segundo Melo et al (2014), o Brix verificado MELO, J. C. et al. características físico-químicas em limão ‘tahiti’
comercializado na ceagesp – entreposto de Ribeirão Preto. Nucleus
foi de 9º Bx de sólidos solúveis. Já de acordo com
(Ribeirão Preto-SP- Brasil), v.11, n.2, 2014.
Brito et al (2017) o teor de cinzas verificado foi de
0,221 para a casca e o teor de açúcares redutores foi SIMÕES, W.L, COELHO, E.F. et al. Produtividade e características
de 1,041 para casca. físico-químicas dos frutos da lima ácida 'Tahiti' sob diferentes
Sob as análises de Mendonça et al (2006) a disposições de micro aspersores. Revista Wrin (Cruz das Armas- BA-
umidade da casca do limão Tahiti foi de 81,36%. Brasil), v.6, n.1, p. 107-114, 2017.
Segundo Brighenti et al (2011), o teor de açucares
COELHO, Y. da S. et al. A cultura do limão-taiti. Revista Plantar
redutores pro suco foi de 3,03%.
(Brasília-DF-Brasil), v.2, n. 39, p. 1-71, 1998.
CONCLUSÃO NETO, J.P.S. et al. Características Físico-Químicas de Frutos de
Mandacaru (Cereus Jamacaru P. Dc.) Cultivados no Sertão Alagoano. Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental (Campina Grande-
Revista Craibeiras de Agroecologia, v. 4, n. 1, p. e7741, 2019. PB Brasil), v. 18, n. 8, p. 856-860, 2014.

NASCIMENTO, R.S.M. et al. Caracterização físico química dos frutos FOLCH, J., LESS, M., STANLEY, S.A simple method for the isolation
de Mangabeira (hancornia speciosa gomes) no oeste da Bahia. Revista and purification of total lipids from animal

tissues. Journal of Biological Chemistry, v. 226, p. 497-


509, 1957.

MALDONADE, I. R. et al. Protocolo para determinação


de açúcares totais em hortaliças pelo método de DNS.
Brasília-DF- Brasil. Disponível em<
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/8158
0/1/cot-85.pdf>. Acesso em 11 de abril de 2022.

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