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Este ensaio tem como objetivo organizar algumas reflexões sobre as problemáticas
emergentes dos contextos de atuação pedagógica, a partir das discussões da turma no
ambiente virtual e nas aulas presenciais.
Contexto de trabalho 1:
Nesta escola sou professora nos anos iniciais do ensino fundamental, neste ano
trabalho com as turmas do 1º e do 4º anos, mas essa designação não é fixa (em anos
anteriores já trabalhei com o 2º e com o 3º). O horário das minhas aulas é no dia de
planejamento (hora-atividade) das professoras pedagogas de cada turma, e essa condição
acaba formando uma ideia, para a gestão e para a equipe de professoras, de que a educação
física nos anos iniciais serve para preencher a carga horária da hora-atividade, portanto as
aulas são encaixadas e podem ser alteradas conforme a necessidade, quando falta alguma
professora, por exemplo. Ou seja, eu posso ser convocada a “ficar com o 5º ano hoje, porque
a professora precisou trocar o planejamento dela”. Isso prejudica muito o desenvolvimento do
meu planejamento, o aprendizado dos estudantes e a concepção de educação física que eles
vão formando. Penso que essa visão acaba sendo fortalecida pela centralidade dos esportes
que ocorre nos anos finais do ensino fundamental, que é a abordagem adotada pelo meu
colega, professor de educação física na escola há mais tempo do que eu. Ele coloca bastante
ênfase na participação das equipes nos jogos escolares e a escola toda se mobiliza para isso.
Claro que essa participação nos jogos traz frutos muito positivos para as experiências dos
estudantes, porém, por outro lado, sinto que diminui a importância da educação física nos
anos iniciais. As estratégias para o enfrentamento dessas questões, acredito, precisam iniciar
no diálogo com a gestão e colegas acerca dos objetivos da educação física nos anos iniciais,
relacionados ao projeto pedagógico da escola. Nos “espaços de interlocução entre os pares”, é
preciso “testar os argumentos com outros colegas” (González, 2021, p. 143).
Contexto de trabalho 2:
Nesta escola sou a única professora de educação física, atuo com os anos finais, nas
turmas multisseriadas de 6º e 7º anos e de 8º e 9º anos. O problema da indisciplina é o que
está se agravando atualmente na escola. Nas aulas de educação física não ocorrem graves
problemas de indisciplina, o que acontece são agitações em momentos de explicação, atitudes
de desrespeito, como utilização de apelidos, uso de celular em momentos inadequados, e
alguma recusa inicial em não participar de certas atividades práticas das aulas, mas penso que
tenho conseguido intervir quando necessário e resolver pontualmente o que ocorre. Porém, as
ocorrências aumentaram no último mês, principalmente na turma de 8º e 9º anos. Acredito
que o motivo para o aumento da indisciplina é uma certa revolta dos estudantes com o modo
com que eles têm sido tratados por uma professora. Em síntese, a partir do meu ponto de
vista, e a partir de conversas com a referida professora e outras colegas, e da escuta dos
estudantes, entendo que a professora está bastante adoecida emocionalmente/psiquicamente,
ela é bastante exigente (de um modo tradicional) e enfatiza o que os alunos não sabem, não
conseguem aprender. A minha preocupação é que essa situação continue se agravando, pois a
gestão escolar não está conseguindo propor formas de intervenção mais amplas e
construtivas. Tenho notado que os “grandes sermões” para a turma estão se repetindo e a
assinatura de atas de registro de ocorrência aumentou. Essas ações não são resolutivas e são
pouco pedagógicas, por isso percebo a necessidade de uma ação coletiva mais
interdisciplinar, com o apoio da gestão escolar.
Referências:
BORGES, Robson; FENSTERSEIFER, Paulo; FRAGA, Alex. O estado de angústia manifestado por
professores em uma formação continuada: uma análise à luz de Soren Kierkegaard. Educar em Revista,
Curitiba, v. 37, 2021.
GONZÁLEZ, Fernando. Educação Física Escolar: entre o “rola bola” e a renovação pedagógica. In: Desafios da
educação física escolar: temáticas da formação em serviço no ProEF. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2020.