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01/03/2024, 21:02 A Dança do Sol

Serpente Sagrada 5 de mar. de 2018 3 min para ler

A Dança do Sol
Atualizado: 5 de jul. de 2020

A Dança do Sol é uma cerimônia sagrada tradicional dos Nativos Americanos das Grandes
Planícies, entre eles o povo Arapaho, Cheyenne, Crow, Sioux, Omaha, Ponca, Kiowa, e
tribos Blackfoot.
Nesse ritual é oferecido ao Guerreiro a oportunidade de ofertar sua dor, seu sangue, suas
preces e a si mesmo, um ato de auto-sacrifício para o bem de seu povo. Provando também
seu valor, como protetores e guardiões de sua tribo.
Normalmente, o dançarino se oferece para a cerimônia em Busca da Visão, revelação da
sua função de crescimento dentro da tribo, assim como uma responsabilidade perante um
grupo, ou como uma preparação para casamento, mensagens de Guias para a cura e
soluções de problemas da tribo.
A Busca da Visão consiste em um instrumento, podendo ser alcançado por distintas
cerimônias, para buscar ou encontrar uma direção na vida. Auxiliando o caminhante a
encontrar um meio de contatar o seu conhecimento interior, o seu ser em essência para que
a verdade seja revelada.
A tradicional Dança do Sol ocorre uma vez por ano, no solstício de Verão. O Avô Sol é
reconhecido e honrado, como fonte de calor e amor da Mãe Terra, permitindo o crescimento
e florescimento sob sua proteção. O aspecto masculino presente no Avô Sol é um exemplo
de como os Guerreiros devem constituir essa força protetora e amorosa à sua tribo. Assim,
os Guerreiros, em conexão com a energia do Avô Sol, dança em reverência solicitando o
conhecimento necessário para proteger o seu povo.
A duração da cerimônia é de quatro dias, em honra às Quatro Direções Sagradas. No centro
do local do ritual é colocada uma árvore, em algumas tradições, somente um tronco,
representando a Sagrada Árvore da Vida. Alguns costumes são particulares e variam de
acordo com cada tribo, como pendurar a Sacola da Dança do Sol. Nesta é inserido diversos
objetos, especialmente escolhidos para que os objetivos da tribo sejam alcançados naquele
ano. Outras tribos, penduraram um crânio de búfalo, pedindo bençãos e proteções ao
Sagrado Espírito.
O que é permanente nas diversas culturas é a fixação do dançarino à Árvore da Dança do
Sol. Normalmente no terceiro dia, os Guerreiros são trespassados através do tecido
conjuntivo dos músculos peitorais, semelhante ao processo de piercing, e depois prendem-
se tiras de couro às pequenas estacas que lhes atravessam o peito, atando-os à Árvore da
Vida. Cada um recebe também um coroa de sálvia e um apito, para acompanhar o ritmo dos
tambores, criar e conservar a energia da cerimônia.
Devido a intensidade do ritual, o dançarino passa por uma rigorosa preparação, elaborada e
preparada pelo padrinho muitos meses antes da Dança Do Sol. O Guerreiro é preparado
por jejuns, muitas horas de orações, rituais de purificação e treinamento. Tradicionalmente,
o padrinho deve ter participado de outras danças antes dele.

Sagrado Masculino e Sagrado Feminino na Dança do Sol

A preparação do local segue todo um ritual. Cabe às mulheres preparar um terreno circular.
Após a árvore ser fixada, nas tradições Sioux, Kiowa e Crow, somente o Ma-ho poderia
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pendurar a Sacola da Dança do Sol. O Ma-ho era o possuidor das “Duas Almas” em um só
corpo, ele era sempre uma mulher com características masculinas ou um homem com
características femininas, possuindo assim a faculdade de representar os dois sexos
igualmente.
Nesse ritual também se reconhece o aspecto feminino, honrando ambos os lados natureza.
Os dançarinos choram, soam, urinam e sangram, percebendo o líquido como um elemento
feminino, que são devolvidos à Terra, a nutrindo e fertilizando pelo caminho da verdadeira
energia de troca e do equilíbrio. “Assim como o elemento água viaja até o Pai Céu para
assumir a forma do Povo Nuvem, o coração de um Guerreiro viaja até o Avô Sol enquanto
seu sangue alimenta o corpo da Mãe Terra.” Jamie Sams.
Estes conhecem uma pequena fração da dor que as mulheres sentem no plano do Grande
Mistério, nos partos, amamentação e nas suas Luas (menstruações). Partilham seu sangue
e sua dor com a Mãe Terra, assim como as mulheres o fazem constantemente. “As
mulheres nutrem as sementes das futuras gerações enquanto os homens comprometem
suas vidas com a proteção desse futuro através da cerimônia da Dança do Sol.” Jamie
Sams.
A cerimônia da Dança do Sol foi proibida por um período no Estados Unidos, devido à
tortura auto-infligida, mas já foi restaurada na cultura nativo americana e ainda é realizada
atualmente.
“A Dança do Sol...as lições que ela transmite constituem uma bela maneira de se
compreender o equilíbrio entre homens e mulheres, coragem e dor, fantasia e obstinação,
lealdade e amor... Este antigo ritual pode ser considerado um profundo ato de amor. Ele nos
ensina a Caminhar em Equilíbrio e a deixar de lado certas facetas que só estão girando em
torno do nosso pequeno “Eu” pessoal.” Jamie Sams.

Bibliografia
J. Sams, As Cartas do Caminho Sagrado (1993) Ed. Rocco
http://www.okhistory.org/publications/enc/entry.php?entry=SU008 (acessado dia 4 de Março
de 2018)
http://www.thecanadianencyclopedia.ca/en/article/sun-dance/ (acessado dia 5 de Março de
2018)

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