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DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL DA BBA INDÚSTRIA OPOTERÁPICA LTDA.


PARA IMPORTAÇÃO DE BÍLIS BOVINA DA ARGENTINA, AUSTRÁLIA, CHILE,
COLÔMBIA, ESTADOS UNIDOS, ITÁLIA, PARAGUAI E URUGUAI

ENTERPRISE DIAGNOSIS OF THE BBA INDÚSTRIA OPOTERÁPICA LTDA. FOR


BOVINE BILE SHIPMENT FROM ARGENTINA, AUSTRALIA, CHILE, COLOMBIA,
UNITED STATES OF AMERICA, ITALY, PARAGUAY AND URUGUAY

RESUMO Alberto Possetti


BBA Indústria Opoterápica Ltda. foi fundada em 25/01/1995, desde a sua Professor Titular de Gestão em
existência produz matéria-prima e recursos extraídos da bílis bovina. O Logística, Transportes e
produto principal é o ácido cólico bruto, matéria-prima para a fabricação de Seguros da FESP
vários produtos químicos e farmacêuticos. A empresa, também, faz exportação
de casco e chifre bovino moído utilizado como adubo orgânico e na fabricação
Doutor em Informática (UIB –
de pó para extintores de incêndio. Devido ao mercado nacional não suprir a Espanha)
demanda de bílis para a produção da matéria-prima, a empresa importa bílis Engenheiro Civil (UCPR)
bovina dos seguintes países: Argentina, Austrália, Chile, Colômbia, Estados Licenciado em Matemática
Unidos, Itália, Paraguai e Uruguai. Com a purificação do ácido cólico bruto são
produzidos: ácido cólico puro, taurina, ácido desoxicólico puro, bílis bovina em
(UFPR)
pó e mistura de ácidos biliares, que são exportados para a Itália, Tailândia e Especialista em Administração
Taiwan e os cascos e chifres bovinos, são exportados para a Alemanha, de Empresas (Funpar)
Inglaterra e Itália. As importações da bílis bovina são todas por via marítima, Consultor das áreas de
devido ao grande volume de tambores e devido ao peso da mercadoria. Tais
embarques são amparados pelo Incoterm FOB (Free on Board), no qual o
Engenharia Civil, Logística e
fornecedor paga apenas as taxas de origem, ficando por responsabilidade do Finanças Empresariais
importador o pagamento do frete, seguro e taxas de destino como BL Fee, possetti@fesppr.br
capatazia, impostos etc. O fechamento de praça, ou booking, é feito no país de
origem. O armador a ser utilizado é definido pelo melhor frete e menor transit Elisa Zaramela
time. A importação demonstrada foi abordada de acordo com o diagnóstico
empresarial da empresa BBA, a qual destacou todas as fases do processo de Bacharel em Administração
importação e a otimização que esse produto traz nas mais diversas culturas. com Habilitação em Comércio
Exterior (FESP, 2005)
Palavras-chave: Importação, Bílis Bovina, Ácido Cólico, Incoterms. elisazaramela@yahoo.com.br
ABSTRACT Luciane Bezerra Leite

BBA Indústria Opoterápica Ltda. was established on 01/25/1995, and since its
Bacharel em Administração
existence produces raw material and resources extracted from bovine bile. The com Habilitação em Comércio
essential product is gross cholic acid, raw material to manufacture chemical and Exterior (FESP, 2005)
pharmaceutics products. The company exports bovine scalp and mowed horns, luciane@everlog.com.br
used as organic fertilizer and in the manufacturing of dust for great fire
extinguisher. Due to the fact that national market doesn’t supply the demand for Mirian Cristina Zacariotti
bile, to produce the raw material, the company imports bovine bile from the
following countries: Argentina, Australia, Chile, Colombia, Italy, United States of Bacharel em Administração
America, Paraguay and Uruguay. Along with gross acid cholic purification are com Habilitação em Comércio
produce: pure cholic acid, taurine, pure deoxycholic acid, mowed bovine bile
and bile acids mixture, which are exported to Italy, Thailand and Taiwan, the
Exterior (FESP, 2005)
bovine scalp and horns are exported to England, Germany and Italy. BBA mzacariotti@yahoo.com.br
shipments are made by ocean freight, due to the great volume of barrels and
weight. The shipments are assisted by incoterm FOB (Free on Board), in which Viviane Skrzyszoski Serigueli
the supplier pays the taxes only, and the importer pays freight, insurance,
destination rates, as BL Fee, THC, duty, etc. Booking is held at origin country. Bacharel em Administração
The shipping line is determined by the best price and transit time. The com Habilitação em Comércio
aforementioned process was informed according to BBA diagnose, that pointed Exterior (FESP, 2005)
out all stages of ocean import shipment, and optimization that those products vserigueli@pop.com.br
bring about on a diversity of civilizations.

Key Words: Import, Bovine Bile, Cholic Acid, Incoterms.


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INTRODUÇÃO

Com a atividade de compra e venda de mercadorias em expansão, algumas


empresas precisam através da exportação, escoar a parcela excedente da sua
produção para o mercado internacional, propiciando melhores condições de
desenvolvimento da sua economia. Outras procuram, através da compra de
mercadorias importadas, uma integração cada vez maior dentro do contexto da
economia mundial.
O mercado interno não supre a demanda na aquisição de bílis bovina
concentrada (fluído produzido pelo fígado que atua na digestão de gorduras e na
absorção de substâncias nutritivas da dieta ao passarem pelos intestinos), para a
produção da matéria-prima, ácido cólico, que é fornecido para a indústria química e
farmacêutica. Além disso, o mercado nacional fornece em maior porcentagem a bílis
bovina líquida concentrada. A qualidade desta bílis concentrada nacional é, na
maioria das vezes, inferior à importada, daí a BBA, através do diagnóstico
empresarial, perceber a necessidade de importar bílis bovina concentrada de outros
mercados.
Da bílis bovina são extraídos: o ácido cólico puro, a taurina, o ácido
desoxicólico puro e a bílis bovina em pó, matérias-primas utilizadas pela indústria
química e farmacêutica na fabricação de remédios e cosméticos.
O Diagnóstico Empresarial da BBA – Indústria Opoterápica1 objetivou
levantar os fatores condicionantes ante a necessidade de importação da bílis bovina
concentrada da Argentina, Austrália, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Itália,
Paraguai e Uruguai, com a finalidade de suprir as necessidades da indústria química
e farmacêutica. De acordo com este objetivo, levantaram-se os índices de qualidade
da bílis bovina existentes e a forma de utilização dos métodos de conservação da
bílis bovina. Analisou-se a logística de distribuição internacional, quanto aos modais
de transporte usados na importação de bílis bovina e a possibilidade de ampliação
na participação na aquisição de bílis bovina em outros países, trabalhando-se em
parceria com fornecedores e eliminando-se a concorrência.

1 Opoterápica: relativa à terapia que emprega sucos ou extratos de glândulas ou de órgãos de animais para suprir a deficiência
das glândulas ou órgãos correspondentes do homem.
3

Segundo Martin (1997) “as negociações internacionais são amparadas por


um contrato, no qual são definidos os diversos aspectos, riscos e responsabilidades
em que o exportador e o importador estão envolvidos.” Para se definir de forma mais
precisa as operações internacionais, serão utilizados os Incoterms2 (International
Commercial Terms), cuja simplificação ajuda na definição de direitos e obrigações
dos negociadores internacionais.
Efetuaram-se ponderações quanto ao mau desenvolvimento das operações
portuárias possibilitando a adoção de diversos princípios fundamentais para a
compreensão e aplicação de uma nova administração nessas atividades.
Tradicionalmente, as importações de bílis bovina são feitas através do
transporte marítimo que pode trazer adversidades como, por exemplo, o embarque
ou desembarque em condições adversas de tempo (chuva), o valor cobrado pela
estiva, pelos conferentes de carga, etc. Da mesma forma, se a carga é obrigada a
esperar mais tempo no porto, o custo de armazenagem pode atingir níveis
inesperados. Ao fim, fazendo as contas dos custos realmente pagos, observam-se
grandes oscilações nos valores totais do embarque.
Outro aspecto que foge ao controle e à previsão do usuário, está ligado ao
tempo total da viagem, desde a origem até o destino final da mercadoria. Atrasos
nos portos ocorrem em função de muitos fatores, alguns de responsabilidade das
diversas entidades que operam o porto, outros de responsabilidades dos armadores,
que são aqueles que procedem no armamento do navio, além daqueles ocasionados
pelos meios de transporte terrestres (falta de vagões, congestionamentos nas vias
de acesso, etc.). As escalas que o navio faz ao longo da rota, passando
mercadorias/produtos de um para outro veículo de transporte, o transbordo, nem
sempre obedecem ao programado. Desta forma, o tempo de permanência nos
portos intermediários pode variar bastante.
Todas essas complicações dificultam o sistema de logística de comércio
exterior das empresas e para que isso não seja um fator prejudicial, a BBA deve

2
Incoterms - International Commercial Terms ou Termos de Comércio Internacional. Conjunto de
termos internacionais que uniformizam as 13 condições usuais de venda (EXW, FCA, FAS, FOB,
CFR, CIF, CPT, CIP, DAF, DES, DEQ, DDU e DDP), uniformes e imparciais, válidas para todo o
mundo e emitidas pela Câmara Internacional de Comércio, em Paris, cuja edição em vigor é de 2000.
Quando agregados a um contrato internacional passam a ter força legal, com significado jurídico
preciso e interpretado uniformemente por todas as cortes internacionais. (POSSETTI, 2005, p. 21).
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planejar seus embarques de maneira que não atrapalhe a produção e o


fornecimento dos ácidos biliares aos seus clientes.
Portanto, o diagnóstico empresarial da empresa BBA Indústria Opoterápica
Ltda. analisa as operações de importação de bílis bovina da Argentina, Austrália,
Chile, Colômbia, Estados Unidos, Itália, Paraguai e Uruguai, demonstrando-se os
resultados obtidos através da realização da importação que foi projetada em anos
anteriores.

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Transportar uma carga é o ato de transferi-la, utilizando algum meio de


transporte, de um local a outro. Pode ser uma atividade que ocorra dentro do
território de um país ou entre dois ou mais países, o chamado trânsito aduaneiro.
Segundo Keedi e Mendonça (2000, p. 126), “o transporte de carga significa a
atividade de circulação de mercadorias, de um ponto a outro de um território,
podendo ser nacional ou internacional.”
As modalidades de transportes são aeroviário, aquaviário (hidroviário ou de
interior), terrestre (rodoviário ou ferroviário) e dutoviário. A BBA faz suas importações
por via marítima, logo por meio da modalidade de transporte aquaviário, na qual os
containers3 são transportados em navios apropriados para carregamento de cargas
unitizadas.
A importância dos Incoterms deriva de que toda venda ou compra tem um
ponto de entrega da mercadoria, aquele onde cessa a responsabilidade do vendedor
e se inicia a do comprador e, portanto, isto deve estar definido através de regras
claras. A BBA faz seus embarques FOB4, no qual o exportador cumpre sua
obrigação quando a mercadoria tiver passado a amurada do navio, no porto de
embarque. Após o embarque, todos os custos irão decorrer do importador.

3
Container - Contêiner. Equipamento de transporte, de diferentes tipos, com dimensões
padronizadas próprio para unitização de carga geral, granéis sólidos e líquidos. (BERTIN, J.C., 1998).
4
FOB - Free on board – livre a bordo. Modalidade de contrato de Comércio Exterior (Incoterm) em
que o preço é cotado sem frete incluso, devendo a mercadoria ser carregada no navio às custas do
exportador. Existem algumas variações, entre as quais: FOB Fábrica, quando o material tem que ser
retirado na indústria e FOB Cidade, quando o fornecedor coloca o material em uma transportadora
escolhida pelo cliente. No Brasil, a expressão FOB é usada indistintamente para qualquer modal de
transporte, quando existe terminologia própria para cada modal (FOT - Free on Truck - para
caminhões, FOR - Free on Rail - para o modal ferroviário, etc.). (KEEDI, S., 2002)
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2 METODOLOGIA

2.1 Método de Abordagem

As importações de bílis bovina foram abordadas a partir do diagnóstico


empresarial da empresa BBA Indústria Opoterápica Ltda., destacando-se as fases
do processo de importação, procurando-se otimizar as vantagens que esse produto
pode trazer às mais diversas culturas, as sejam latinas, européias ou de outro
continente.

2.2 Métodos e Procedimentos

O diagnóstico empresarial da empresa BBA Indústria Opoterápica Ltda., foi


elaborado por meio de uma investigação, iniciando com o histórico da empresa
estudada, comparando a importação do produto nos últimos anos e a utilização do
material nas diferentes regiões do país importador. Estudou-se o motivo pelo qual o
mercado interno não suporta a demanda de extração de bílis bovina.

2.3 Técnicas

Para a coleta dos dados necessários à elaboração do projeto utilizaram-se


pesquisas nos registros da empresa estudada e análise de livros específicos sobre
importação.
Foi utilizado, também, o levantamento de dados referente ao assunto
estudado, por meio da análise da documentação e da aplicação das técnicas de
observação direta intensiva e observação direta extensiva:

2.3.1 Observação Direta Intensiva


• Observação: foram examinados os registros da empresa BBA Indústria
Opoterápica Ltda., através de documentos cedidos pela própria
empresa;
• Entrevista: por meio desta técnica, obteve-se do Sr. Alexandre Magno
Consolin Aló, responsável pelo departamento de Comércio Exterior,
informações internas sobre o transporte internacional de importação e
liberação alfandegária.
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2.3.2 Observação Direta Extensiva


• Análise de conteúdo: descreveram-se todos os processos de importação
de bílis bovina de maneira sistemática, objetiva e quantitativa do
conteúdo da comunicação;
• História de vida: de acordo com a experiência adquirida durante os anos
de existência da empresa BBA, obtiveram-se dados sobre a utilização
do produto na indústria farmacêutica;
• Pesquisa de mercado: de maneira organizada e sistemática levantaram-
se informações sobre a escassez de bílis bovina no mercado interno,
com o objetivo de solucionar a empresa no processo decisivo de
importação.

2.4 Limitações da Pesquisa

Conforme foi acordado com a empresa BBA Indústria Opoterápica Ltda., que
forneceu as informações necessárias para a elaboração do projeto, não se enfocou
a transformação da bílis bovina em produto final, os valores de venda que a empresa
BBA insere sobre seus produtos e a utilização da bílis de outros animais.

2.5 Delimitação do Tema

O diagnóstico empresarial abordou índices de qualidade existentes, por meio


de métodos de distribuição física e do fluxo de informações relacionado, quanto aos
aspectos de conservação e armazenagem da bílis bovina concentrada. Através da
logística de distribuição internacional, analisou-se o modal de transporte e os termos
de comércio internacionais utilizados para a referida importação e a ampliação da
participação na aquisição de bílis bovina em outros países.

2.6 Amostragem

Os fornecedores, nacionais e internacionais, possuem um código de


identificação. Toda bílis quando chega à BBA é analisada, sendo que cada amostra
retirada do lote possui esse código.
A análise é laboratorial e por amostragem, a amostra da bílis é retirada a
cada lote de cinco tambores. A análise consiste em verificar a concentração e o teor
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de cólico5, a fim de confirmar se estão dentro do padrão acordado na hora da


aquisição.
O teor de cólico padrão é 45%; se a bílis não chegar a esse teor, não é
descartada, é utilizada na produção do ácido cólico, mas o rendimento na produção
final é inferior e de baixa qualidade.
A concentração padrão é 50% ou 75%. Se a bílis não chegar a esse padrão,
também, não é descartada, é utilizada na produção do ácido cólico. Por meio da
análise da concentração é possível verificar se os frigoríficos estão fazendo uma boa
coleta de bílis, ou se estão misturando água, urina, etc.
A maior parte da bílis adquirida no mercado interno é líquida, poucos
frigoríficos fornecem a bílis concentrada, motivo pelo qual é feita a aquisição da bílis
concentrada no mercado internacional.
A bílis importada sempre apresenta os teores de concentração e cólico
dentro dos padrões e às vezes até superiores (os teores). Já ocorreu o caso de bílis
importada de concentração 50% que chegou ao Brasil com 30% e 48% de cólico,
valores que correspondem aos de sua origem. É, realmente, uma bílis de boa
qualidade. A bílis nacional, dificilmente, chega a esses padrões. Às vezes, a bílis
importada, também, não chega aos padrões, mas, mesmo assim, é superior à
nacional, conforme opinião própria da BBA.
Para um bom rendimento na produção do cólico, a BBA sempre mescla na
preparação, bílis de alta e de baixa qualidade, baseada nos resultados das análises,
a fim de obter uma quantidade média de cólico produzido.
Quando o rendimento da produção de cólico é baixo, é feito um
rastreamento para verificar o lote que foi utilizado na preparação, e saber qual foi o
fornecedor, para saber o porquê do baixo rendimento.

3 PROCEDIMENTOS

A coleta de bílis bovina segue o mesmo procedimento no mercado


internacional e nacional, sendo feita, manualmente, no momento do abate do animal.
A bolsa da bílis fica no meio das vísceras do boi, de onde o líquido é extraído.

5
Teor de cólico: conforme nota da figura 1.
8

Alguns frigoríficos criam sistemas de coleta da bolsa da bílis, porque, além


da bílis, em algumas bolsas, raramente, encontra-se pedra biliar que é muito valiosa
e usada para fabricação de remédio para o coração.
Quando a bolsa é aberta, o líquido extraído é armazenado em tambores.
Nos tambores, acrescenta-se formol ou soda para conservação, na proporção de,
aproximadamente 11 litros em cada tambor que tem a capacidade de 200 a 240
litros.
No mercado nacional a BBA fornece, para os frigoríficos, os tambores, com
os conservantes para realização da coleta. A cada semana, tambores com os
conservantes são enviados e só, então, retirados os cheios.
A bílis possui duas formas:

• Líquida: trata-se de um líquido verde;

• Concentrada: trata-se de uma pasta de cor verde-escura, com odor


característico.
Para se obter a bílis concentrada, se passa a bílis líquida por um processo
de concentração a vapor no qual umidade é retirada conforme dois tipos de
concentração:

• 50% bílis e 50% umidade (01 tambor equivale a 06 tambores da bílis


líquida);

• 75% bílis e 25% umidade (01 tambor equivale a 09 tambores da bílis


líquida).
A bílis líquida, em tambores bem fechados, conservada em local fresco,
pode durar até dois anos. A bílis concentrada não tem data de validade, desde que
conservada em boas condições de armazenagem.
O tamanho da bolsa da bílis varia de acordo com o tamanho e o porte do
animal, podendo pesar de 250 a 550 gramas.
Para conseguir um tambor da bílis líquida de 200 kg, considerando-se a
média de 400 gramas por bolsa, deve-se abater aproximadamente 500 bois.
O Brasil não possui gado bovino suficiente para que se utilize somente a
bílis nacional e, além disso, há a concorrência que atrapalha um pouco o mercado.
Não há conhecimento de nenhuma outra empresa que importe bílis no Brasil
além da BBA. O que se sabe é que várias pessoas compram a bílis no mercado
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interno e vendem para alguns exportadores concorrentes da empresa, que exportam


para outras empresas na Nova Zelândia e Itália. O diferencial é que essas empresas
exportam a bílis e não os ácidos. A concorrência é acirrada, tanto no mercado
interno e externo na aquisição de matéria-prima.
A extração é um processo contínuo, não há descarte. Depois de retirado o
ácido cólico, sobra água e borra de bílis decantada que são utilizadas para a
produção de outros produtos, tais como a taurina e o ácido cólico puro.
No início, a BBA produzia somente o ácido cólico bruto, cuja fórmula
estrutural pode ser observada na figura 1. Este produto é a matéria-prima para a
fabricação de vários produtos químicos e farmacêuticos. Na Itália, era feita a
purificação do ácido cólico bruto e dele se extraíam os produtos químicos derivados.

Figura 1 Fórmula Estrutural do Ácido Cólico Bruto


Cholic Acid
3 , 7 , 12 -Trihydroxy-5ß-cholan-24-oic acid

3 FORMULA: C24H40O5

MOLECULAR WEIGHT: 408.58


CAS number: 81-25-4

FONTE: p.p. autores apud ICE INDUSTRIA CHIMICA EMILIANA(2005).


NOTAS:
1) Descrição: Branco, cristalino, pó inodoro que tem um gosto amargo.
2) Solubilidade: Ligeiramente solúvel em água; solúvel no ácido acético glacial, solúvel no álcool e na
acetona.
A purificação do ácido cólico bruto pela BBA iniciou-se no final de 2002. Com
esta purificação, é desenvolvida uma série de produtos que, também, são
produzidos na Itália, o ácido cólico puro, a taurina, o ácido desoxicólico puro, a bílis
bovina em pó e a mistura de ácidos biliares.
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Figura 2 Fórmula Estrutural Ácido Desoxicólico Puro


Deoxycholic Acid
3 , 12 -Dihydroxy-5ß-cholan-24-oic acid

4 FORMULA: C24H40O4

MOLECULAR WEIGHT: 392.58.


CAS number: 83-44-3

FONTE: p.p. autores apud ICE INDUSTRIA CHIMICA EMILIANA (2005).


NOTAS:
1) Descrição: Pó branco, cristalino, inodoro e que tem um gosto amargo.
2) Solubilidade: Solúvel na solução de alcalóide, dos hidróxidos e dos carbonos, solúvel no metanol e
no etanol. Insolúvel na água e no éter.
Figura 3 Fórmula Estrutural da Taurina
Natural Taurine
NATURAL 2-AMINOETHANSULFONIC ACID

5 FORMULA: C2H7NO3S

MOLECULAR WEIGHT: 125.1.


CAS number: 107-35-7

FONTE: p.p. autores apud ICE INDUSTRIA CHIMICA EMILIANA (2005).


NOTAS:
1) Descrição: Branco, microcristalino, pó inodoro.
2) Solubilidade: Ligeiramente solúvel em água; não é solúvel no etanol e no éter. A solução aquosa
de C=5% deve ser desobstruída e incolor.
A produção do ácido desoxicólico, conforme pode ser observado na figura 2,
depende da produção de ácido cólico; a produção de taurina, conforme pode ser
observado na figura 3, depende dos dois anteriores; a produção de misturas de
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ácidos biliares depende de todos eles, ou seja, é a purificação do ácido cólico que
serve de base para outros produtos.
Estes produtos extraídos da bílis bovina são chamados de ácidos biliares.
A bílis, também, serve como base para medicamentos, mas não é o caso da
BBA.
A empresa não chega a ser uma indústria química, nem farmacêutica, pois a
matéria-prima é produzida para a fabricação do ácido cólico, do qual deriva uma
série de produtos químicos utilizados naquelas indústrias.
A BBA trabalha com uma programação de estoque para o ácido cólico puro,
cuja capacidade produtiva é de 30 toneladas/mês.
Cada lote de produção de ácido cólico é chamado de preparação. São
utilizados aproximadamente 8.000 kg da bílis líquida e 1.450 kg da bílis concentrada
por preparação. Desse total da bílis, são produzido, aproximadamente, 760 kg de
ácido cólico. Cada preparação demora, aproximadamente, 06 dias.
A qualidade da bílis depende muito da saúde do animal, da maneira como é
extraída, armazenada, conservada, etc. O importante é que ela atinja o teor de cólico
padrão e de umidade.
As importações de bílis bovina são preferencialmente por via marítima,
amparadas pelo Incoterm FOB (Free on Board), no qual o fornecedor paga, apenas,
as taxas de origem, ficando sob a responsabilidade do importador: o pagamento do
frete, seguro e taxas de destino, como BL Fee (taxa para retirar BL6 junto ao
armador), capatazias7, impostos, etc..
A reserva ou fechamento de praça (booking), é feito no país de origem. O
armador é definido pelo melhor frete e menor transit time8.
Com relação às exportações, a BBA é a quarta empresa no mundo que
produz os ácidos biliares, dados obtidos através de relacionamento com os
dirigentes da empresa.
Toda a produção é para o mercado externo. Os ácidos biliares vão para a
Itália, Tailândia e Taiwan.

6
BL – Bill of lading: conhecimento de embarque marítimo. (KEEDI, S. , 2004)
7
Capatazias: despesas e taxas cobradas pela importação. (MAIA, J.M., 1999)
8
Transit time – tempo de transporte: é o período compreendido entre a data de entrega do material, ao transportador, até a sua
chegado ao requisitante (destino). Normalmente, se estabelece um tempo-padrão permitido considerado em qualquer pedido
determinado para as movimentações de materiais de uma operação até a próxima operação. (CASTRO, J.A., 2005).
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A BBA tem como projeto utilizar a bílis de aves, peixes, suínos e ovinos. A
bílis desses animais se diferencia da bovina, química e tecnicamente. A bílis bovina
é mais completa, pois é possível se fazer uma cadeia maior de produtos. Já, com a
de outros animais, esta cadeia fica limitada.

4 EXECUÇÃO DAS PROPOSTAS COM ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

Através de dados cedidos pela BBA, pôde-se verificar a quantidade total, em


quilogramas, de bílis bovina importada nos anos de 2002, 2003 e 2004.
Em 2002, o total importado foi 432.881,07 kg. Em 2003, este total aumentou
para 585.906,07 kg e em 2004 houve uma queda para 413.723,28 kg, conforme está
demonstrado no gráfico 1.

Gráfico 1 Importações efetuadas em 2002, 2003 e 2004


IMPORTAÇÕES EFETUADAS (KG)

300000

250000

200000

150000

100000

50000

0
NA
IA

AI
I

A
A

UA

BI
EU

U
ÁL

TI

UG

M
AG
IT

EN


UR
R
G

2002
PA

CO
AR

2003
PAÍSES
2004

FONTE: BBA Indústria Opoterápica Ltda.


Na tabela 1, demonstra-se o percentual de aumento e queda no volume das
importações de bílis bovina.
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Tabela 1 Demonstrativo da variação na importação da bílis bovina


Quantidade (kg) % %
Países
2002 2003 2004 2002-2003 2003-2004
ITÁLIA 63.983,40 149.011,30 - 132,89 (100,00)
ARGENTINA 130.600,00 84.700,00 127.050,00 (35,15) 50,00
EUA 158.937,67 266.018,77 209.513,28 67,37 (21,24)
PARAGUAI 24.960,00 25.176,00 22.360,00 0,87 (11,19)
URUGUAI 34.400,00 31.000,00 24.800,00 (9,88) (20,00)
COLÔMBIA 20.000,00 30.000,00 30.000,00 50,00 -
FONTE: BBA Indústria Opoterápica Ltda.
Todos os ácidos biliares produzidos pela BBA têm como foco o mercado
externo, conforme é demonstrado no gráfico 2:

Gráfico 2 Exportações efetuadas em 2004

7%

20%
ÁCIDOS BILIARES
46%
ACIDO CÓLICO
TAURINA

4% BÍLIS EM PÓ
BÍLIS CONCENTRADA
1%
22% MISTURA AC. BILIARES
AC. DESOXICÓLICO

FONTE: BBA Indústria Opoterápica Ltda.


Definida a estratégia de marketing, a empresa BBA planeja os detalhes do
mix de marketing, que segundo KOTLER e ARMSTRONG (2003, p. 47), ”vêm a ser
um conjunto de ferramentas de marketing táticas e controláveis que são utilizadas
para produzir respostas que o mercado-alvo deseja, influenciando a demanda de
seu produto por meio dos 4 Ps: produto, preço, praça e promoção.”

5 CONCLUSÕES

Como o mercado interno é insuficiente no fornecimento de bílis bovina, a


empresa BBA Indústria Opoterápica Ltda. importa esta matéria-prima de outros
países para suprir sua demanda.
14

Para melhor desempenho logístico, devem-se utilizar veículos adequados,


que facilitem as operações de carga e descarga, unitizar o material adequado em
paletes e contêineres, melhorando a capacitação do pessoal, usando equipamentos
adequados apropriados e racionalizando o leiaute do armazém. A escolha de
equipamentos adequados para o transporte de produtos específicos é de vital
importância para se atingir um nível de serviço satisfatório no que se refere ao
sistema logístico de acordo com a prática da Logística Integrada. (ALVARENGA e
NOVAES, 2000).
A BBA, com a finalidade de evitar que ocorra atraso na extração dos ácidos
biliares, o que prejudicaria sua produção, faz um planejamento de reabastecimento
do estoque, para que os problemas que atinjam o processo logístico de importação
não interfiram no fornecimento destes ácidos aos clientes.
Cabe ressaltar que a BBA por ter um planejamento de logística, integrando a
cadeia de suprimento com a de distribuição física, a faz ser a única empresa
brasileira que importa a bílis bovina, da qual faz a extração dos ácidos biliares, e por
meio de parceria com fornecedores os exporta para outras empresas.

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, A.C.; NOVAES, A.G. Logística Aplicada: suprimento e distribuição física. 3.


ed. São Paulo: Edgard Blucher Ltda., 2000.
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