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Índice

CAPÍTULO I.............................................................................................................................................2
1. Introdução..........................................................................................................................................2
CAPÍTULO II............................................................................................................................................3
2. Entidade Leal.....................................................................................................................................3
2.1. Registo............................................................................................................................................3
2.1.1. Objecto....................................................................................................................................3
2.1.2. Factos sujeitos a registo predial............................................................................................4
2.2. Princípios do registo predial.....................................................................................................6
Princípio da oponibilidade a terceiros.................................................................................................6
2.3. Princípio da prioridade.............................................................................................................6
2.3.1. Princípio da legalidade......................................................................................................6
2.3.2. Princípio do trato sucessivo...............................................................................................6
2.3.3. Princípio da eficácia entre partes.....................................................................................7
2.4. Efeitos.........................................................................................................................................7
CAPÍTULO III..........................................................................................................................................9
3. Conclusão...........................................................................................................................................9
3.1. Bibliografia.......................................................................................................................................10
CAPÍTULO I
1. Introdução

Existem várias maneiras de proceder no registo de empresas em Moçambique, no entanto, todas


elas exigem algum tipo de registo. O nível de registo e a responsabilidade jurídica, no geral,
depende de factores como o tamanho do negócio, se pequenas, médias ou grandes empresas, e o
número de proprietários ou accionistas legais. Embora registar uma empresa em Moçambique
possa de alguma forma parecer complicado, está em andamento um conjunto de reformas que
visam a simplificação de vários passos com vista à celeridade dos processos e à maior
acessibilidade para todos os empreendedores que desejam iniciar uma empresa. A par dessas
mudanças, estão a ser introduzidas novas regras para a contratação de mão de obra, através da
Lei de Trabalho, e estão em criação centros de arbitragem de conflitos laborais.

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CAPÍTULO II
2. Entidade Leal
Uma entidade legal é uma organização que tem uma estrutura legal registrada ou legislada.
As entidades legais podem participar de contratos legais e são obrigadas a preparar
demonstrativos que registram seu desempenho. Uma empresa é um tipo de entidade legal.

2.1. Registo
O registo de entidades legais visa, essencialmente, dar publicidade à situação jurídica das
mesmas, tendo em vista a segurança jurídica. O registo definitivo constitui presunção de que o
direito existe e pertence ao titular inscrito, nos precisos termos em que o registo o define.

Em Moçambique, o registo predial é assegurado por serviços de registo, dirigidos por


conservadores.

Os serviços de registo são serviços desconcentrados do Instituto dos Registos e do Notariado,


que é um instituto público integrado na administração indireta do Estado e sob superintendência
e tutela do Ministério da Justiça. Estes serviços estão dispersos por todo o território nacional, em
cada município, mas a sua competência não é delimitada em função do território podendo
praticar atos relativos a qualquer imóvel sito em Moçambique.

2.1.1. Objecto
O registo tem por finalidade dar a conhecer a qualidade de proprietário das pessoas singulares e
colectivas, sendo definido como obrigatório para a constituição das sociedades.

A falta de registo das sociedades implica que estas não possam prevalecer-se da qualidade de
comerciante em relação a terceiros, podendo, no entanto, serem chamadas a responderem pelas
obrigações e responsabilidades contraídas nesta qualidade.

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O incumprimento da obrigação de matricular leva ao pagamento de multa, sem prejuízo da
ocorrência de procedimento criminal. A multa será de montante variável, tendo em conta o
capital da sociedade.

As sociedades estrangeiras que pretendam estabelecer sucursal ou qualquer espécie de


representação social no território moçambicano, só poderão matricular-se se estiverem munidas
de um certificado passado pelo competente agente consular moçambicano, comprovativo de que
se acham constituídas e funcionam de harmonia com a Lei do País em que se constituíram, para
além de juntarem os documentos exigidos aos nacionais.

Podem requerero registo de sociedade, pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou


estrangeiras.

2.1.2. Factos sujeitos a registo predial

a. Os factos jurídicos que determinem a constituição, o reconhecimento, a aquisição ou a


modificação dos direitos de propriedade, usufruto, uso e habitação, superfície ou
servidão;
b. Os factos jurídicos que determinem a constituição ou a modificação da propriedade
horizontal e do direito de habitação periódica;
c. Os factos jurídicos confirmativos de convenções anuláveis ou resolúveis que tenham por
objeto os direitos mencionados na alínea a);
d. As operações de transformação fundiária resultantes de loteamento, de estruturação de
compropriedade e de reparcelamento, bem como as respetivas alterações;
e. A mera posse;
f. A promessa de alienação ou oneração, os pactos de preferência e a disposição
testamentária de preferência, se lhes tiver sido atribuída eficácia real, bem como a cessão
da posição contratual emergente desses factos;
g. A cessão de bens aos credores;
h. A hipoteca, a sua cessão ou modificação, a cessão do grau de prioridade do respetivo
registo e a consignação de rendimentos;

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i. A transmissão de créditos garantidos por hipoteca ou consignação de rendimentos,
quando importe transmissão de garantia;
j. A afetação de imóveis ao caucionamento das reservas técnicas das companhias de
seguros, bem como ao caucionamento da responsabilidade das entidades patronais;
k. A locação financeira e as suas transmissões;
l. O arrendamento por mais de seis anos e as suas transmissões ou sublocações, excetuado o
arrendamento rural;
m. A penhora e a declaração de insolvência;
n. O penhor, a penhora, o arresto e o arrolamento de créditos garantidos por hipoteca ou
consignação de rendimentos e quaisquer outros atos ou providências que incidam sobre
os mesmos créditos;
o. A apreensão em processo penal;
p. A constituição do apanágio e as suas alterações;
q. O ónus de eventual redução das doações sujeitas a colação;
r. O ónus de casa de renda limitada ou de renda económica sobre os prédios assim
classificados;
s. O ónus de pagamento das anuidades previstas nos casos de obras de fomento agrícola;
t. A renúncia à indemnização, em caso de eventual expropriação, pelo aumento do valor
resultante de obras realizadas em imóveis situados nas zonas marginais das estradas
nacionais ou abrangidos por planos de melhoramentos municipais;
u. Quaisquer outras restrições ao direito de propriedade, quaisquer outros encargos e
quaisquer outros factos sujeitos por lei a registo;
v. A concessão em bens do domínio público e as suas transmissões quando sobre o direito
concedido se pretenda registar hipoteca;
w. Os factos jurídicos que importem a extinção de direitos, ónus ou encargos registados;
x. O título constitutivo do empreendimento turístico e suas alterações.

Estão, igualmente, sujeitas a registo as ações que tenham como fim, principal ou acessório:

 O reconhecimento, a constituição, a modificação ou a extinção de algum dos direitos


referidos anteriormente, bem como as ações de impugnação pauliana;

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 A reforma, a declaração de nulidade ou a anulação de um registo ou do seu
cancelamento;
 As decisões finais proferidas nas ações anteriores, logo que transitem em julgado;
 Os procedimentos que tenham por fim o decretamento do arresto e do arrolamento, bem
como, de quaisquer outras providências que afetem a livre disposição de bens; e
 As providências decretadas nos procedimentos referidos anteriormente.

2.2. Princípios do registo predial


Princípio da oponibilidade a terceiros

os factos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros depois da data do respetivo
registo, exceto:

 a aquisição, fundada na usucapião, dos direitos de propriedade, usufruto, uso e habitação,


superfície ou servidão;
 as servidões aparentes; e
 os factos relativos a bens indeterminados, enquanto estes não forem devidamente
especificados e determinados.

2.3. Princípio da prioridade

O direito inscrito em primeiro lugar prevalece sobre os que se lhe seguirem relativamente aos
mesmos bens, por ordem da data dos registos e, dentro da mesma data, pela ordem temporal das
apresentações correspondentes.

2.3.1. Princípio da legalidade

A viabilidade do pedido de registo é apreciada em face das disposições legais aplicáveis, dos
documentos apresentados e dos registos anteriores, verificando-se especialmente a identidade do
prédio, a legitimidade dos interessados, a regularidade formal dos títulos e a validade dos atos
neles contidos.

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2.3.2. Princípio do trato sucessivo

O registo definitivo de constituição de encargos por negócio jurídico depende da prévia inscrição
dos bens em nome de quem os onera.

O registo definitivo de aquisição de direitos depende da prévia inscrição dos bens em nome de
quem os transmite, quando o documento comprovativo do direito do transmitente não tiver sido
apresentado perante o serviço de registo, com exceção dos casos de registo de aquisição com
base em partilha em que a inscrição prévia é sempre dispensada.

No caso de existir sobre os bens registo de aquisição ou reconhecimento de direito suscetível de


ser transmitido ou de mera posse, é necessária a intervenção do respetivo titular para poder ser
lavrada nova inscrição definitiva, salvo, se o facto for consequência de outro anteriormente
inscrito.

2.3.3. Princípio da eficácia entre partes

Os factos sujeitos a registo, ainda que não registados, podem ser invocados entre as próprias
partes ou seus herdeiros, com exceção da constituição de hipoteca cuja eficácia, entre as próprias
partes, depende da realização do registo.

2.4. Efeitos
O efeito declarativo e o efeito constitutivo do registo

O sistema registal moçambicano é, maioritariamente, declarativo. Porém, quanto a alguns factos,


como a hipoteca, o registo assume um efeito constitutivo, porque o efeito real é criado com o
próprio registo e não com o título pelo qual a mesma se constitui. A garantia hipotecária deve ser
registada para que produza efeitos, porque o título, por si só, não é suficiente para que o direito
do credor seja considerado garantia real, sendo indispensável o registo que, neste caso, assume
um efeito constitutivo. Por outras palavras, apenas fica constituída a garantia com o respetivo
registo da hipoteca, seja essa mesma hipoteca legal, judicial ou voluntária. Ora, analisando o CC,
no art. 714.º, verificamos que o ato de constituição ou modificação da hipoteca deve constar de
escritura pública, testamento ou de documento particular autenticado. No entanto, dispõe o art.

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716.º n.º 2 do CC que o legislador considera o título da hipoteca um título constitutivo. Face à
visível contradição, levanta-se a questão de se saber se o título de hipoteca é constitutivo do
direito real de garantia ou se é o seu registo? Em alguma situação poderemos reclamar a
hipoteca, não registada, de um bem vendido a terceiro? Neste contexto, certo é que o comprador
adquiriu a coisa livre de quaisquer ónus ou encargos, na medida em que aquela hipoteca não foi
registada. Surge, assim, outra questão, que é a de saber se basta o título para provar que aquele
credor tem uma garantia hipotecária? Verificamos que a falta de registo da hipoteca gera
ininvocabilidade absoluta, pois o negócio, embora válido, não produz quaisquer dos efeitos a que
tende, ou seja, nem sequer as próprias partes podem valer-se da sua existência. Assim sendo, e de
acordo com os presentes fundamentos, consideramos que não deverá ser considerado como
constitutivo o título da hipoteca, tal como se presume do n.º 2 do art. 716.º do CC.

Assim, com exceção da hipoteca, pode dizer-se, então, que é por mero efeito do contrato que os
direitos reais sobre imóveis se constituem, sem ser necessário convocar o registo para a respetiva
validade. Neste alinhamento, Mouteira Guerreiro, na obra Publicidade e Princípios do Registo,
afirma que apesar da posição maioritária dos doutrinários e da jurisprudência, não se deve
considerar o sistema registal português simplesmente declarativo, isto porque, a hipoteca não
constitui exceção (“É um registo fundamental”) na medida em que para além desta, a penhora
também só produz efeitos através do registo bem como ainda os destaques. A realidade do
sistema registal em diversos países é a seguinte: na Alemanha, na Áustria, na Suíça, e ainda na
Austrália, os registos têm efeito constitutivo; já na França e na Itália, tal como nós, os registos
têm, em geral, efeito declarativo.

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CAPÍTULO III
3. Conclusão

Qualquer empresa iniciante no mercado moçambicano deve ser registada, embora o processo
possa variar dependendo do tipo de negócio, tal como esclarecemos acima. O registo é de
estrema importância na medida em que sem o mesmo não poderá haver oponibilidade a terceiros,
que pode culminar com vários problemas na esfera jurídica do empresário ou singlar.

Desta feita, importa salientar que estas informações servem apenas para propósitos de orientação
e facilitação; podendo ser necessária uma consulta a um especialista ou a uma entidade
governamental para atender às suas necessidades específicas.

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3.1. Bibliografia

Código de Registo Predial

FERNANDES, Luís A. Carvalho, LABAREDA, João - Colectânea de Estudos sobre a


Insolvência. Lisboa: Quid Iuris, 2009. ISBN 9789727244478.

FERREIRA, Fernando Amâncio - Curso de Processo de Execução, 13.ª edição. Coimbra:


Almedina, 2010. ISBN 9789724043883.

FREITAS, José Lebre - A Ação Executiva Depois da Reforma, 5.ª edição. Coimbra: Coimbra
Editora, 2012. ISBN 9789723221145.

https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Empresas/Registos/Registo-de-Sociedades/Entidade-
Responsavel

https://coworklab.net/registo-de-empresas-em-mocambique/

https://www.acismoz.com/wp-content/uploads/2017/06/Comp-Reg-Guide-ed-5-PORT.pdf

https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Empresas/Registos/Registo-de-Sociedades/Descricao-
Geral

https://e-justice.europa.eu/content_land_registers_in_member_states-109-pt-pt.do?member=1

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