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Licenciatura em Relações Internacionais e Diplomacia

2º Ano - Laboral
Disciplina: Metodologia de Investigação Científica

Tema: Leitura Analítica do Artigo do Dr. Nelson Antunes “ Migração Internacional


e Segurança.

Discentes:
Arcénio Armando Jorge
Carolina Laura Machava
Jeremias Sitoe Jr.
Layla De Lemos Soáres
Roquia Hassane Momed

Docente:
Dr. Edson Muirazeque

Maputo, Abril de 2024


Índice
Introducão 2
Análise textual 3
Vida e Obra 3
Palavras-Chave: 3
Factos Históricos: 4
Autores Mais Citados: 4
Doutrinas/Teorias 5
Esquematização 5
Analise Temática 6
Problemas 6
Respostas as Questões Apresentadas 6
Objectivos que o autor pretende alcançar 8
Tese do Autor 8
Ideias Secundárias: 8
Raciocínio do Autor 8
Analise Interpretativa 9
Situação filosófica e influências (Por que o autor escreveu o que escreveu) 9
Crítica 9
Quanto a Coerência 9
Quanto a validade 9
Quanto a Originalidade 9
Quanto a profundidade 9
Alcance das conclusões 10
Apreciação e juízo do grupo das ideias defendidas 10
Problematização 11
Síntese de grupo 12
Relatório de Grupo 13
Introducão:
Neste presente trabalho iremos fazer a leitura analítica do livro do Dr. Nelson Antunes,
especificamente do capítulo 3 o mesmo intitulado ´´ Migração Internacional e Segurança’’.
Análise textual

Vida e Obra
Nelson Antunes nasceu na cidade da Beira província de Sofala. Filho de Antunes João e de
Fátima Naciotela. Em 2014 concluiu o curso de licenciatura em Relações Internacionais e
Diplomacia, pelo Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI). Em 2016 terminou o seu
Mestrado com especialização em Migração Internacional e Direitos Humanos pela Jindal Global
University na India. Nesse momento vem exercendo as funções como docente e pesquisador da
Universidade Joaquim Chissano, onde leciona as cadeiras de Economia de Desenvolvimento e
Economia de Moçambique do curso de Licenciatura em Relações Internacionais e Diplomacia.
As suas áreas de pesquisa científica englobam os estudos de migração internacional, migrações
forcadas, ameaças transnacionais e segurança, direitos humanos e estudos de desenvolvimento.

Palavras-Chave:
Emigração: saída de pessoas do país de origem, ou de residência, de forma temporária ou
permanente.

Imigração: entrada de cidadãos estrangeiros num país para estabelecimento temporário ou


permanente e por outras razões que não envolvam a fixação de residência.

Migrante: individuo que decide atravessar as fronteiras internacionais de forma voluntaria por
razoes diversas. Por um lado, quando o individuo sai do seu país de origem ou de residência é
designado de emigrante e, por outro lado, quando o individuo entra num país estrangeiro passa a
ser designado de imigrante.

Migração Sazonal: saída temporária durante uma época específica do ano de um país A para um
país B por razões de trabalho num determinado sector, normalmente relacionado a atividade
agrícola.

Imigração Irregular: entrada num país sem autorização formal.

País de Origem ou Emigração: refere-se ao país de proveniência ou saída de migrantes.

País de Destino ou Imigração: refere-se ao país final dos fluxos migratórios ou entrada de
migrantes.
País de Trânsito: diz respeito ao país de travessia que normalmente se localiza entre o país de
origem e o país de destino ou é usado como travessia para chegar ao país de destino.

País de Acolhimento: trata-se do país que recebe um número determinado de migrantes,


anualmente, por decisão do governo.

Migração Forçada: movimento migratório em que existe um elemento de coação,


nomeadamente ameaças a vida ou a sobrevivência.

Refugiado: pessoa que receando, com razão, ser perseguida em virtude da sua raça, religião,
nacionalidade, filiação em certo grupo social ou das suas opiniões politicas, se encontre fora do
país de que tem nacionalidade e não possa ou, em virtude daquele receio, não queira pedir a
proteção daquele país.

Factos Históricos:
O estudo sistematizado de fenómenos de migração internacional foi influenciado por três
desenvolvimentos históricos posterior ao surgimento do Estado moderno, respectivamente:

- Urbanização do século XVIII, que impulsionou o aumento da mobilidade entre os Estados


europeus;

- As migrações massivas transatlânticas do século XIX;

- As migrações do norte da China para Manchúria durante o seculo XX

- O fim da guerra fria: desintegração da união das Repúblicas Socialistas Soviéticas, surgimento
de estados falhados e de guerras civis.

Autores Mais Citados:


Watson, S.D., (2009)

Castles, S. et al., (2012)

Thachuk, K.L. (ed), (2007)

Halon, J., (2018)


Doutrinas/Teorias
Teoria da Securitização

A teoria de securitização é uma das principais contribuições da Escola de Copenhague, a


segurança internacional ela surgiu em 1985,

Os percursores da teoria de securitização, inicialmente liderada por Barry Buzan, Ole Waever e
Jaap de Wilde que na sua obra intitulada A New Framework for analysis (1998) que sustentava o
pressuposto segundo o qual ocorreu uma evolução nos estudos de segurança internacional.
Segundo eles, três grandes diferenças marcaram a evolução nesses estudos. A primeira está no
conceito chave de segurança. Após a II Guerra, estudiosos deixaram de pensar esse conceito
apenas como sinônimo de defesa, havendo uma abertura para questões políticas e sociais dentro
dos estudos da área. A segunda mudança foi a abordagem de um novo problema: as armas
nucleares. Utilizar apenas meios militares para entender segurança não era suficiente para
compreender o uso ou não de armas nucleares. O contexto era significativamente diferente do
anterior à II Guerra Mundial. A disputa nuclear se tornou a arte de evitar guerras, mas sem ser
militarmente derrotado ou coagido. A terceira grande mudança diz respeito à natureza das
questões de segurança, que deixaram de ser puramente militares e passaram a envolver outros
temas relacionados à segurança do oponente, como as questões econômicas.

Partindo dessas mudanças, a Escola de Copenhague desenvolveu a teoria de securitização. A


Escola demonstra se alinhar ao realismo em seu objeto de referência, que continua sendo o
Estado. Porém, ao mesmo tempo em que não abandonam o Estado como referência, os autores
de Copenhaga elaboraram uma teoria de securitização cuja essência se fundamenta no
Construtivismo dos autores da virada linguística, como Nicholas Onuf e F. Kratochwil (1998).

Esquematização
O Capítulo analisa a Migração Internacional na sua relação com a segurança nos países
receptores. O capítulo discute as bases da securitização do fenómeno da migração internacional
em duas perspectivas: a primeira olha para o imigrante como ameaça e a segunda olha para o
mesmo como objecto de segurança.
Analise Temática
Migração Internacional e Segurança

Problemas

⮚ Como os Estados lidam com questões de segurança humana no âmbito global?

⮚ Como os Estados lidam com a ameaça do terrorismo devido ao aumento no fluxo na

migração internacional?

⮚ Quais são os principais desafios que Moçambique enfrenta para eliminar a imigração

ilegal, o tráfico humano, terrorismo e narcotráfico?

Respostas as Questões Apresentadas


Resposta a primeira pergunta:

Foucault, os estados devem limitar a migração internacional para assim manter a segurança
humana. Em resposta a ameaças percebidas à segurança humana, como o terrorismo, o tráfico
humano e o crime organizado transnacional, muitos Estados implementam medidas de controle
de fronteiras e segurança nacional. Isso pode incluir o fortalecimento das fronteiras, a aplicação
de leis de imigração e a cooperação policial internacional para combater atividades criminosas.

Por outro lado, alguns Estados adoptam a abordagem cosmopolitana que fundamenta a igualdade
dos seres humanos e pertencimento a mesma comunidade global através de estabelecimento de
relacionamentos baseados no respeito mútuo, com partilha de valores morais que constitui a base
de solidariedade entre os povos a nivel global.

Resposta a segunda pergunta:

Os Estados deram passos significativos no processo de securitização da migração internacional


com a adopção do Acto Anti-terrorismo, a Reforma da Imigração Ilegal e o Acto de
Responsabilidade Individual adoptados em 1996 em resposta aos ataques de 1993. Os terroristas
envolvidos nos ataques eram de ascendência migrante, facto que gerou a percepção de que a
migração internacional desempenha um papel de relevo no terrorismo através das suas conexões
transnacionais que facilitam o movimento de potenciais terroristas.

Resposta a terceira pergunta:

Segundo o autor, Moçambique não tem uma estratégia anti-tráfico para facilitar ou combater o
alto nível de suborno e corrupção praticados nos postos fronteiriços, apesar da implementação de
medidas de prevenção, o país é usado como país de origem, de trânsito e destino de pessoas
traficadas para trabalhos forçados e exploração sexual. Na questão da migração ilegal
Moçambique tem dificuldades para conceber as ameaças provenientes da imigração internacional
como prioridade na agenda de governação por carecer de entendimento sobre a natureza e as
dinâmicas das ameaças transnacionais resultantes da migração internacional, e também há
limitação na formação de capital humano que seja capaz de fiscalizar a imigração ilegal.

De acordo com Hayson (2018), Moçambique faz parte da rota sul de África, funcionado como
país de trânsito de heroína que é produzida no Afeganistão, processada no Paquistão e
transportada para o Irão de onde é enviada por via marítima para países de trânsito no continente
africano.

Objectivos que o autor pretende alcançar

⮚ Analisar como a migração internacional e outros fenómenos de carácter transnacionais

ameaçam a Segurança Internacional;

⮚ O autor procura refletir como a migração internacional passou a ser associada a ameaça

contra a segurança interna de Moçambique devido a questões do terrorismo, imigração ilegal,


narcotráfico, trafico humano;

Tese do Autor
Analisando a natureza das migrações internacionais: uma reflexão sobre a segurança dos
Estados, o autor constata que a migração internacional requer uma abordagem multidisciplinar,
isto é, não existe uma disciplina de migração internacional, mas sim, um campo que congrega
estudos provenientes de várias disciplinas das ciências sociais sobre o mesmo fenómeno, a sua
análise tem sido feita acompanhada de um objecto secundário próprio de cada disciplina dentro
das ciências sociais, combinando princípios económicos, políticos, ambientais e sociais.

Ideias Secundárias
Criação de uma sociedade com tendências globais que falam da intensificação da globalização de
atividades económicas e de fusão dos meios de comunicação para assim eliminar as disparidades
económicas que diferenciam os Estados no sistema internacional e uma criação de regimes
totalmente democráticos. Assim a migração internacional funciona como mecanismo de trânsito
transfronteiriço e ameaças como imigração ilegal, o tráfico humano, o terrorismo e o narcotráfico
que são as atuais ameaças a segurança nas relações internacionais.

Raciocínio do Autor
O autor neste artigo procura explicar como a segurança internacional pode ou não facilitar e
aumentar o desejo de migrar para um Estado. Explicando que medidas facilitariam a entrada de
imigrantes em países receptores. Analisando como o Estado explicaria os seus objectivos para
manter a segurança individual e do Estado, passando do geral para falar do caso concreto de
Moçambique (particular).

Analise Interpretativa

Situação filosófica e influências (Por que o autor escreveu o que escreveu)


Segundo o autor, esta obra tem a função de fazer uma contribuição pioneira para compreensão da
Migração Internacional e Segurança nas Relações Internacionais

Crítica

Quanto a Coerência
O capítulo trouxe uma evidente coerência entre os múltiplos segmentos:

● Os argumentos expressos no artigo foram firmes e bem emitidos;

● A organização da obra explicitou um notável vinculo entre as ideias exibidas;


● Foi se capaz de notar uma organização temática e lógica no tratamento dos conteúdos;

● Os conhecimentos foram enunciados de forma notável e sistemática, elucidando uma


harmonia entre os assuntos debruçados.

Quanto a validade
Os argumentos são válidos pois o autor defende que pode se alcançar a segurança nos Estados
adoptando medidas politicas, económicas e sociais para o melhor controlo da migração
internacional.

Quanto a Originalidade
O grupo constatou que o capítulo é pouco original pois não trouxe perspectivas próprias. As
ideias apresentadas não são novas e já foram discutidas anteriormente. O autor traz uma
observação superficial e trouxe resultados previsíveis.

Quanto a profundidade
O grupo chegou a conclusão de que o trabalho é profundo porque no capítulo ele faz a análise do
tema em diferentes perspectivas: política, teórico, económica, social.

Alcance das conclusões


No capítulo o autor pretendia analisar a migração internacional na perspectiva de segurança
politica, teórica, económica social dos Estados, as analises feitas pelo autor concluíram que a
imigração tem sido politicamente construída como ameaça em muitos países receptores. O autor
concluiu que as tendências nos países receptores indicam que o nível de securitização da
imigração aumenta com períodos de crise económica e reduz em períodos de prosperidade e
crescimento económico devido à alta demanda por mão-de-obra barata para atender as
necessidades de certos sectores da economia. Do ponto de vista teórico, o autor aborda que o
processo de securitização da imigração internacional faz parte do debate sobre a extensão da
agenda de segurança que tem por objectivo incluir assuntos não militares nas discussões de
segurança a nível estatal. Por outro lado, ele mostra que as ameaças transnacionais resultantes da
migração internacional têm registado tendências de crescimento nos últimos anos. Moçambique
é um exemplo de um Estado em que as ameaças transnacionais resultantes da migração
internacional tem registado um forte aumento de imigrantes, este cenário mostra a existência de
uma necessidade cada vez mais crescente de priorizar a migração internacional na política de
segurança.

Apreciação e juízo do grupo das ideias defendidas


O grupo está de acordo com a análise da migração internacional na sua relação com a segurança
nos países receptores. Acreditamos que as bases da securitização do fenómeno da migração
internacional efectuam-se em duas perspectivas: a primeira olha para o imigrante como ameaça a
segurança do Estado e a segunda olha para o imigrante como objecto de segurança.

A primeira perspectiva, privilegia a ligação política, económica e social existente entre o


individuo e sua comunidade e cria fronteiras com outras comunidades, neste sentido, o imigrante
é visto como um forasteiro que coloca em causa a segurança do Estado.

A segunda perspectiva tem como fundamento ideológico a concepção segundo a qual os seres
humanos pertencem todos a mesma comunidade global, por isso deve-se estabelecer
relacionamentos baseados no respeito mútuo, partilha de valores morais que constitui a base de
solidariedade entre as nações. Essa perspectiva pressupõe a unificação das sociedades através de
valores políticos básicos: direitos indivíduos e dignidade humana.

Problematização
O autor traz o estudo da migração internacional na perspectiva de segurança. Migração implica
uma multiplicidade de categorias que abrangem o crescimento económico, estabilidade social,
estabilidade politica, direitos humanos e o bem-estar das populações. Ele enfatiza o modelo
sociológico influenciado pelo Foucault que tem a ver com a incorporação de práticas públicas e
privadas cujo principal objectivo é disciplinar a conduta de liberdade em sociedades modernas,
assim criando actividades e policiamento da insegurança e punições contra violação de normas
que estabelecem a ordem social. O cosmopolitanismo por sua vez defende a proteção de
migrantes a dimensão global, entendendo assim a migração internacional de forma positiva.

De acordo Bauman, a migração internacional não deve ser vista predominantemente como uma
questão de segurança, mas sim como uma expressão fundamental da natureza humana em busca
de oportunidades, liberdade e desenvolvimento. Ele defende que a migração internacional
enriquece culturalmente as sociedades receptoras, trazendo novas perspectivas, ideias e práticas.
Além disso, acredita também que muitos migrantes contribuem significativamente para as
economias dos países de destino. Em vez de ser uma fonte de insegurança, a diversidade cultural
trazida pela migração pode fortalecer as sociedades ao promover a tolerância, a compreensão
mútua e a criatividade. Ao abordar a migração principalmente sob uma lente de segurança, corre-
se o risco de criar políticas e práticas que prejudicam os direitos humanos dos migrantes e geram
divisões sociais.

Segundo Castles, a migração internacional deve ser abordada como um fenômeno complexo que
não pode ser reduzido exclusivamente às questões de segurança, mas sim como um desafio
global que exige uma abordagem multidimensional, incluindo considerações humanitárias,
econômicas e políticas. Ele fundamenta que os migrantes muitas vezes fogem de situações
extremas, como guerras, perseguições e desastres naturais. Negar-lhes a entrada ou tratá-los
predominantemente como ameaças de segurança pode violar seus direitos humanos básicos.
Muitas economias dependem da mão de obra migrante para preencher lacunas no mercado de
trabalho e impulsionar o crescimento econômico. Restrições excessivas à migração podem
prejudicar setores essenciais e limitar o potencial de desenvolvimento. Ao invés de focar
exclusivamente na segurança contra ameaças percebidas, uma abordagem holística considera os
fatores que levam à migração forçada, como conflitos armados e desigualdades econômicas,
buscando soluções mais eficazes e duradouras.

Síntese de grupo
Migração Internacional tem vários impactos na segurança dos Estados. Segurança fronteiriça,
controle de migração, crimes transnacionais e ameaças a segurança internacional. A segurança
fronteiriça é ameaçada diariamente por entrada de novos indivíduos no território, alguns com
desejos mal-intencionados. O bom controlo da migração ajuda na segurança do Estado, evitando
entrada de oportunistas com intenções de cometer crimes transnacionais. Com tudo os Estados
devem criar formas de melhor controle das fronteiras criando mão-de-obra profissional
qualificada para evitar o aumento do fluxo de imigrantes indesejados.

Relatório de Grupo
Arcénio Armando Jorge 100%

Carolina Laura Machava 100%

Jeremias Sitoe Jr. 100%

Layla De Lemos Soáres 100%

Roquia Hassane Momed 100%

Referências Bibliográficas
ANTUNES, Nelson. Migração Internacional: Teorias, Temáticas e Análise do Fenômeno em
Moçambique. CTP Editora&Universidade Joaquim Chissano. 2020
Bauman, Zygmunt. “Liquid Modernity”. Cambridge: Polity Press.
Castles, Stephen. “The Age of Migration: International Population Movements in the Modern
World”. Fifth Edition. New York: The Guilford Press, 2020.

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