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Tema: Princípios de mudança linguística

Definição da variação linguística

William Labov (1966): define a variação linguística como a existência de diferentes formas de
uma língua, que podem ser usadas de maneira intercambiável para expressar o mesmo
significado. Ele enfatiza que essa variação não é aleatória, mas sim sistemática, ou seja, as
variantes linguísticas ocorrem de acordo com regras e padrões previsíveis. Para Labov, a
variação linguística está intrinsicamente ligada a fatores sociais, como classe social, etnia e
idade.

Lesley Milroy (1980): Milroy aborda a variação linguística de uma perspectiva sociolinguística e
a define como a diversidade de formas de falar em uma comunidade linguística, que pode ser
influenciada pela estrutura social dessa comunidade. Ela argumenta que a variação linguística é
um indicador das redes sociais das pessoas e que os padrões de fala são moldados por essas
redes.

Penelope Eckert (1990): define a variação linguística como uma característica inerente à
linguagem e à identidade social. Ela se concentra em como os indivíduos usam a linguagem para
construir e expressar suas identidades sociais, incluindo identidades de gênero, classe social e
pertencimento a grupos específicos. Para Eckert, a variação linguística é uma ferramenta
fundamental para explorar essas dinâmicas sociais.

Walt Wolfram (1970): aborda a variação linguística em termos de dialetos regionais e étnicos
nos Estados Unidos. Ele define a variação linguística como uma manifestação da diversidade
cultural e étnica do país. Ele argumenta que os dialetos não são apenas variações linguísticas,
mas também símbolos de identidade cultural e étnica.

Labov e Cohen (1967): Em seu estudo clássico, definem a variação linguística como a presença
de diferentes formas linguísticas que são usadas em uma língua, com uma ênfase na distinção
entre formas padrão e não padrão. Eles exploram como fatores sociais, como classe social,
influenciam a escolha das formas linguísticas pelos falantes.

Definição de mudança linguística

William Labov (1970): Define a mudança linguística como um processo contínuo que afeta a
estrutura de uma língua ao longo do tempo. Ele acredita que as mudanças linguísticas ocorrem
em padrões sistemáticos e que podem ser observadas e documentadas por meio da
sociolinguística variacionista. Para Labov, a mudança linguística está relacionada à variação
linguística e é influenciada por fatores sociais, como classe social e idade.
Lesley Milroy (1980): Considera a mudança linguística como parte integrante da variação
linguística. Ela argumenta que a língua está sempre em estado de mudança, mas essa mudança
pode ser mais visível em certos contextos sociais e em grupos específicos de falantes. Milroy
também enfatiza a importância das redes sociais na disseminação ou retenção de mudanças
linguísticas.

Penelope Eckert (1990): Aborda a mudança linguística em relação à construção da identidade


social. Para ela, a mudança linguística ocorre à medida que os indivíduos adaptam suas formas
de falar para se alinharem com grupos sociais específicos, como grupos de amigos ou colegas. A
mudança linguística é vista como um meio de expressar afiliação ou desafiliação social.

Walt Wolfram(1970): Enfoca a mudança linguística em relação aos dialetos regionais e étnicos
nos Estados Unidos. Ele argumenta que as mudanças linguísticas podem ser impulsionadas pela
dinâmica social e cultural de comunidades específicas. Ele destaca que as mudanças linguísticas
são um reflexo da diversidade étnica e cultural do país.

Labov e Cohen (1967): Em seu estudo clássico, Labov e Cohen definem a mudança linguística
como a alteração sistemática das formas linguísticas de uma língua ao longo do tempo. Eles
demonstram que a mudança linguística pode ser rastreada por meio da observação de diferentes
variantes linguísticas em uso. Eles também estabelecem a relação entre a mudança linguística e
fatores sociais, destacando como a variação é uma etapa intermediária no processo de mudança.

Factores de mudança linguística

Os fatores que podem desencadear mudanças linguísticas são diversos e complexos, e os


linguistas têm estudado esses fenômenos ao longo dos anos.

De acordo com William Labov(1960):Os principais factores que contribuem para a mudança
linguística são:

William Labov ( 1960):

a) Inovação Linguística: Mudanças frequentemente começam como inovações linguísticas


introduzidas por indivíduos ou grupos de falantes. Isso pode ser resultado de adaptações
criativas na língua, simplificação gramatical, influência de línguas estrangeiras ou mesmo
por razões estilísticas.

J.C. Wells (Décadas de 1980)

b) Mudanças Fonéticas: Alterações na pronúncia dos sons de uma língua podem ocorrer
gradualmente, resultando em uma mudança na fonologia. Isso pode ser causado por
fatores como assimilação (quando um som é influenciado por sons vizinhos),
dissimilação (quando um som se torna menos semelhante a um som adjacente), elisão
(quando um som é omitido) e outros processos fonéticos.
Elizabeth Traugott (1970):

c) Mudanças Morfológicas e Sintáticas: Mudanças na estrutura das palavras e na


gramática também são comuns na mudança linguística. Por exemplo, a evolução de casos
gramaticais em línguas indo-europeias para a perda de casos em línguas modernas é um
exemplo de mudança morfológica.

Elisabeth Closs Traugott (1980):

d) Mudanças Semânticas: Mudanças no significado das palavras ou expressões são


frequentes. Isso pode ocorrer por extensão semântica (uma palavra adquire novos
significados), reanálise (uma palavra é interpretada de forma diferente) ou generalização
(uma palavra é aplicada a mais contextos).

Sarah Thomason (1980):

e) Empréstimos Linguísticos: O contato com outras línguas pode resultar na incorporação


de palavras, frases ou estruturas linguísticas estrangeiras à língua original. Isso é
conhecido como empréstimo linguístico e é uma fonte comum de mudança vocabular.

William Wang (1970):

f) Mudança Diacrônica e Sincrônica: A mudança linguística pode ocorrer ao longo do


tempo (diacrônica), afetando diferentes gerações, ou pode ser observada em um momento
específico (sincrônica), afetando grupos de falantes contemporâneos.

Thom Huebner (1980):

g) Contato Linguístico: Quando duas ou mais línguas entram em contato, é comum que
ocorra influência mútua, levando à adoção de palavras e estruturas de outras línguas. Esse
fenômeno é observado em situações de bilinguismo ou multilinguismo.

Gillian Sankoff (1970):

h) Mudança Geracional: À medida que uma língua é transmitida de uma geração para a
próxima, pequenas variações linguísticas podem ser introduzidas e gradualmente se
estabilizarem como parte da língua falada. Essas mudanças podem resultar na formação
de dialetos ou variantes linguísticas regionais.

Walt Wolfram (1980):

i) Mobilidade e Migração: Movimentos populacionais, como migrações, podem levar à


disseminação de diferentes variantes linguísticas, causando uma mudança na língua em
áreas geográficas distintas.
Factores de variação linguística

A variação linguística ocorre quando uma língua apresenta diferentes formas de expressar a
mesma ideia ou conceito. Essas variações podem ocorrer em diversos níveis linguísticos, e
diversos factores contribuem para essa variação. Aqui estão alguns dos principais fatores de
variação linguística:

Segundo William Labov (1970):

a) Factores Geográficos: A variação geográfica é uma das formas mais evidentes de


variação linguística. Diferentes regiões de um país ou áreas geográficas distintas podem
apresentar variações na pronúncia, vocabulário, gramática e até mesmo na entonação.

Penelope Eckert (1980):

b) Factores Sociais: A classe social, a educação e o status socioeconômico influenciam


significativamente a variação linguística. Grupos sociais diferentes podem adotar
diferentes variantes linguísticas, criando uma divisão linguística.

Ana Celia Zentella (1980):

c) Factores Etários: A idade dos falantes também é um fator importante. Mudanças


linguísticas frequentemente começam em grupos mais jovens e podem se espalhar para
gerações mais antigas à medida que o tempo passa. Isso resulta em diferenças linguísticas
entre gerações.

Deborah Tannen (1990):

d) Factores Étnicos e Culturais: Diferentes grupos étnicos e culturais podem ter suas
próprias variações linguísticas, incluindo vocabulário, pronúncia e expressões idiomáticas
específicas à sua cultura.

Carol Myers-Scotton (1990):

e) Factores de Gênero: A linguagem pode variar de acordo com o gênero dos falantes.
Certos traços linguísticos, como o uso de gírias ou padrões de fala mais cuidadosa,
podem ser associados a grupos de um determinado gênero.

William Wang (1960):

f) Factores de Contato Linguístico: Quando diferentes línguas ou dialetos entram em


contato, ocorrem fenômenos de empréstimo linguístico e influência mútua, levando à
variação linguística. Isso é comum em comunidades multilíngues.
Ronald Macaulay (1987):

g) Factores Históricos: Eventos históricos, como migrações, conquistas ou influências


culturais, podem deixar marcas na língua, resultando em variações linguísticas históricas.

John Gumperz (1960):

h) Factores Individuais: As preferências e escolhas individuais dos falantes também


desempenham um papel na variação linguística. Alguns falantes podem optar por usar
uma variante linguística específica com base em suas preferências pessoais.

David Crystal (2000):

i) Factores Contextuais: O contexto de comunicação, como a formalidade da situação, a


presença de interlocutores ou o propósito da comunicação, pode influenciar a escolha de
variantes linguísticas por parte dos falantes.

Sali Tagliamonte (2000):

j) Factores Tecnológicos e Culturais Atuais: Avanços tecnológicos, como a internet e as


redes sociais, também têm impacto na variação linguística. Novas formas de
comunicação online e a globalização podem introduzir novos elementos na língua.

Referências

Labov, W. (1972). Padrões Sociolinguísticos. University of Pennsylvania Press.

Trudgill, P. (2010). Sociolinguística: Uma Introdução à Linguagem e à Sociedade. Penguin.

Eckert, P. (2000). Variação Linguística como Prática Social: A Construção Linguística da


Identidade em Belten High. Blackwell.

Milroy, L. (1987). Linguagem e Redes Sociais. Blackwell.

Wolfram, W. (2007). Inglês Americano: Dialeto e Variação. Blackwell.

Tagliamonte, S. A. (2012). Sociolinguística Variacionista: Mudança, Observação, Interpretação.


Wiley-Blackwell.

Myers-Scotton, C. (1993). Duas línguas em contato: Alternância de códigos e mudança


linguística. Oxford University Press.

Macaulay, R. (2001). A sociolinguística das variações linguísticas. Blackwell.

Gumperz, J. (1982). Estratégias de discurso. Cambridge University Press.


Crystal, D. (2008). Dicionário de Linguística e Fonética. Wiley-Blackwell.

Zentella, A. C. (1997). Crescendo Bilíngue: Crianças Porto-Riquenhas em Nova York. Wiley-


Blackwell.

Huebner, T. (2008). Sociolinguística Variacionista e a História da Língua Espanhola. De


Gruyter.

Traugott, E. C. (1972). Uma História da Sintaxe do Inglês: Uma Abordagem Transformacional à


História da Estrutura de Sentenças do Inglês. Holt, Rinehart and Winston.

Traugott, E. C., & Traugott, R. L. (1980). A Linguística da Situacionalidade: Uma Incursão


Metodológica. Plenum Press.

Wells, J. C. (2006). Intonação do Inglês: Uma Introdução. Cambridge University Press

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