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Curso de Economia

Unidade Curricular: Gestão Estratégica

The Navigator Company

Elaborador por:

João Francisco Maciel Costa nº2097220

Luís Henrique Câmara Sardinha nº2097820

Pedro Miguel Alves Santos nº2097920

1. Introdução
The Navigator Company é um produtor integrado de floresta, pasta e papel, tissue
e energia com sede na cidade de Setúbal. A sua atividade alicerçada em fábricas modernas
de grande escala, com tecnologia de ponta fazem da companhia uma referência de
qualidade no setor. Os produtos comercializados pela mesma têm como destino
aproximadamente 130 países distribuídos pelos cinco continentes, com destaque para os
EUA e países europeus. A empresa é a terceira maior exportadora em Portugal e a maior
geradora de Valor Acrescentado Nacional, responsável por aproximadamente 1% do PIB
nacional, cerca de 3% das exportações de bens nacionais, e próximo de 6% do total da
carga contentorizada exportada pelos portos nacionais. Destaca-se pela sua produção de
energia a partir de biomassa, representando mais de 50% de toda a energia produzida em
Portugal a partir de biomassa. A empresa tem como missão, e passo a citar, “Ser uma
empresa global, reconhecida por transformar, de forma inovadora e sustentável, a floresta
em produtos e serviços que contribuam para o bem-estar das pessoas”.
The Navigator Company

2. História
A história da empresa tem começo na década de 50 do século XX, mais
precisamente em 1953 com o início de atividade da Companhia Portuguesa de Celulose
em Cacia com a produção de pasta crua de pinho, projeto liderado por Manuel Santos
Mendonça. Anos mais tarde, em 1957 um grupo de técnicos tornou a fábrica de Cacia a
primeira, a nível mundial, a produzir pasta de papel a partir de eucalipto pelo processo
kraft, este foi o primeiro grande marco que levaria a empresa a alcançar uma tremenda
relevância internacional. Em 1964 houve o arranque da Socel-Sociedade Industrial de
Celulose, SARL, em Setúbal, unidade industrial vocacionada para a produção de pasta
branqueada de eucalipto, um ano mais tarde, em 1965, dá-se a constituição da Inapa com
o intuito de construir uma fábrica de papéis finos de impressão e escrita anexa à Socel em
Setúbal. Em 1969 começa a produção de papel em grande escala e três anos mais tarde é
iniciada a comercialização do papel produzido a partir da pasta na Europa.
Em 1976 começou um dos mais importantes momentos de consolidação da
empresa, com a constituição da Portucel (Empresa de Celulose e Papel de Portugal),
empresa resultante do processo de nacionalização da indústria de celulose. Já em 1984 a
Soporcel inicia a sua atividade com o arranque da fábrica de pasta da Figueira da Foz. No
virar do século a Portucel adquire a Papéis Inapa em 2000 bem como a Soporcel em 2001,
processo este que dá origem ao que hoje conhecemos como The Navigator Company, o
maior produtor de papéis finos não revestidos da Europa.
Em 2004, um novo ciclo ocorre na empresa com a aquisição de 67,1% do capital
da Portucel, S.A. pelo grupo Semapa (atualmente 70%), consolidando assim a sua posição
no mercado internacional, posição essa que seria fortalecida pelo imenso investimento,
em 2006, numa nova fábrica de papel em Setúbal.
Em 2009, iniciou-se dois grandes marcos que mudaram a dimensão da empresa
de forma exponencial, sendo esses a criação de uma nova fábrica de papel em Setúbal
designada About The Future, que alterou a capacidade industrial do país tornando-se
então líder europeu na produção de papéis finos de impressão e escrita não revestidos
bem como um dos maiores a nível mundial, o outro marco relevante aconteceu com a
instauração da Portucel Moçambique, grupo que é responsável pela instalação do maior
projeto florestal integrado de produção de pasta de papel e energia em África. Para além
da internalização para o continente africano, em 2014, a empresa aventura-se noutra área
de negócios marcada pelo investimento na construção de uma fábrica de pellets nos EUA,
alcançando assim a mais ampla presença a nível internacional entre as empresas
portuguesas.
A preocupação com um futuro mais sustentável levou a empresa, ao longo do final
da primeira década do século XXI, a fazer grandes investimentos na produção de energia
renovável e diminuição do consumo de combustíveis fósseis, construindo duas centrais
termoelétricas a biomassa (Cacia e Setúbal), uma central de ciclo combinado (Setúbal) e
um turbogerador a vapor (Figueira da Foz). Esta preocupação levou a empresa ao patamar
de maior produtor nacional de energia elétrica a partir de biomassa florestal.
Em 2016, o grupo Portucel Soporcel decide alterar a sua marca corporativa para
The Navigator Company que se mantém até os dias de hoje.

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The Navigator Company

3. Modelo das cinco forças de Porter


O modelo das cinco forças de Porter é um modelo que identifica e analisa cinco
forças competitivas que modelam cada indústria e ajudam a determinar as fraquezas e as
forças de uma empresa. Quando as empresas são capazes de perceber as forças que afetam
a sua indústria, conseguiram adaptar mais facilmente a sua estratégia com vista a
aumentar a sua rentabilidade bem como a competir de forma mais eficaz no mercado. As
cinco forças que Porter enumera como sendo cruciais para o bem-estar de uma empresa
são as seguintes:
• Poder de negociação dos fornecedores
• Poder de negociação dos clientes
• Ameaça de novos entrantes
• Ameaça de produtos substitutos
• Competitividade entre empresas na indústria

3.1. Poder de negociação dos fornecedores


O poder de negociação dos fornecedores é a pressão que estes podem exercer
sobre as empresas aumentando preços, diminuindo a qualidade ou reduzindo a
disponibilidade dos seus produtos.
O ano de 2020 foi marcado pelo forte impacto que a pandemia da COVID-19 teve
nos mercados a nível global que conduziu a uma redução significativa da procura em
algumas das matérias-primas compradas pela Navigator. O impacto da pandemia exigiu
a tomada de medidas para a diminuição do abastecimento de madeira, mais concretamente
entre abril e junho, tendo sido necessária uma redução global de volume em cerca de 15%
em comparação com 2019. Para suportar toda a atividade de abastecimento de madeira,
a Navigator dispõe de uma base de fornecedores/transportadores correspondente a 350.
Apesar da forte pressão exercida nos mercados, a base de fornecedores da
Navigator manteve-se forte e inalterada comprovando o vigor da política de seleção e
gestão de fornecedores da empresa. Os parceiros demonstraram durante todo o ano de
2020 uma grande capacidade de adaptação perante a redução da procura ao ajustarem a
sua oferta à nova realidade. Podemos dizer que a política de fornecedores executada pela
Navigator foi bem-sucedida porque em um ano onde as alterações do mercado foram
radicais necessitando de vários ajustes, a empresa conseguiu, em conjunto com os seus
parceiros, manter as relações constantes não perdendo poder de negociação com os seus
fornecedores. Neste mesmo ano de 2020, a Navigator foi a terceira maior exportadora
portuguesa e a que mais criou valor acrescentado nacional, fruto da elevada incorporação
local, nomeadamente aquela que é produzida pelos mais de 5600 fornecedores
portugueses muitos deles pequenas ou médias empresas. O poder de negociação dos
fornecedores em relação à Navigator é relativamente fraco devido ao facto de existirem
várias empresas para poucos compradores, enfraquecendo assim o poder dos
fornecedores, os produtos destes são maioritariamente homogéneos e não diferenciados
e os custos de substituição são menores devido ao elevado número de empresas neste
mercado o que não deixa a Navigator dependente de apenas um fornecedor.

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The Navigator Company

Em 2022, as operações da Navigator foram afetadas por um acentuado aumento


dos custos de matérias-primas químicas, petroquímicas e embalagem. O índice TTF,
usado como referência para o preço do gás natural, subiu cerca de 170%. A juntar-se a
esta situação, a guerra na Ucrânia originou dificuldades no abastecimento de milho para
toda a Europa (onde se inclui Portugal) o que levou à subida do seu preço e,
consequentemente, ao aumento do preço do amido que necessita de milho para a sua
produção e que constituí uma matéria-prima necessária para as operações da Navigator.
Com a continuidade deste conflito, o abastecimento de amido para a Navigator fica em
risco de modo que a empresa possa ter perdido algum poder de negociação com os
fornecedores de amido. Para atenuar os efeitos da diminuição de amido existente no
mercado e para recuperar a sua posição forte perante os fornecedores, a Navigator através
da sua equipa Materials Management reagiu rapidamente, investindo na busca de outras
fontes que pudessem garantir a continuidade de fornecimento deste tipo de matéria-prima
focando-se em mercados menos afetados pelo aumento dos custos da energia e gás natural
sentido na Europa.
Foi ainda desenvolvido um projeto de procurement com um fornecedor nacional
de cal, em que a Navigator assumiu o papel de sponsor, incentivando o investimento na
produção da energia a partir da biomassa, como forma de atenuar o aumento dos custos
do gás. Este projeto foi uma estratégia da empresa para consolidar-se num mercado
através da cooperação com um fornecedor. A empresa apresenta uma faceta proativa
perante as várias adversidades que o ambiente externo cria relativamente aos
fornecedores mostrando-se estar rapidamente pronta para reagir de acordo com as
necessidades que a mudança nesse ambiente suscita através da cooperação com os
fornecedores ao entrar ou consolidar-se em determinados mercados e mitigar certos riscos
relacionados com o fornecimento de matérias-primas importantes e, ao mesmo tempo,
reduzir a dependência externa. Como resultado disto, a base de fornecedores da Navigator
aumentou em 2022 e a expetativa é que se mantenha igual em 2023.
Concluindo, a Navigator é um motor da economia rural, nomeadamente nas
regiões do interior, que valoriza a floresta, multiplicando oportunidades ao longo da
cadeia de valor e gerindo perto de 106.000 hectares de floresta totalmente certificada; que
valoriza os seus mais de 7.300 Fornecedores, dos quais 73% são portugueses, sendo a 3.ª
maior exportadora e a que gera maior Valor Acrescentado Nacional.

3.2. Poder de negociação dos clientes


O poder de negociação dos clientes é mais uma força que atua no setor e determina
o seu nível de competitividade. Quanto maior for o poder de negociação dos clientes,
mais estes podem pressionar os vendedores a baixarem o preço ou aumentarem a
qualidade do seu produto. Os clientes sempre querem comprar mais e pagar menos.
A Navigator possui diferentes segmentos de mercado e isso obviamente implica
clientes diferentes distribuídos por cada um desses segmentos. Os segmentos são Papel
UWF, Packaging, Tissue e Pasta BEKP. No final de 2022, a Navigator conta com 1242
clientes UWF, 185 clientes Packaging, 630 clientes Tissue e 158 clientes Pasta BEKP.

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Clientes UWF Navigator por região Clientes Pasta BEKP Navigator por região

EUA
Resto do
11%
mundo
24% Resto do
EUA Mundo Europa
49% 51%
Europa
Resto do mundo

Europa
65%
Europa Resto do Mundo

Clientes Packaging Navigator por região Clientes Tissue Navigator por região
Resto da Europa
12%

Resto do Mundo
19%

Resto do Mundo Ibéria


3%
Europa
Resto do Mundo
Resto do Mundo
Resto da Europa

Europa Ibéria
81% 85%

A 31 de dezembro de 2022, os 10 principais grupos de Clientes de pasta BEKP do


Grupo representavam 15% da produção de pasta BEKP do período (2021: 15%) e 71%
das vendas externas de pasta BEKP (2021: 71%). Esta assimetria resulta da estratégia
seguida pelo Grupo de crescente integração da pasta BEKP que produz nos papéis UWF
que produz e comercializa. Isto poderia causar alguma dependência neste tipo de clientes,
porém o Grupo tem a crença de que existe pouca exposição a riscos de concentração de
clientes neste segmento.
Como é visível, a Navigator tem alguma concentração em termos de clientes, no
entanto esta concentração não parece ser elevada o suficiente para garantir que algum
destes tenha capacidade de negociação suficiente para fazer grandes alterações nos
preços, no entanto é normal que os clientes que comprem em maior quantidade obtenham
preços mais baixos do que os que adquirem em menor quantidade.
Uma das condições que influencia o poder dos clientes perante as empresas é a
existência ou não de empresas substitutas onde os mesmos podem alternar onde compram
devido à homogeneidade do produto na indústria. Os clientes escolhem onde compram
dado o preço e a qualidade do produto. Quanto mais substitutos, maior o poder dos
clientes e no mercado a que a Navigator pertence existem vários substitutos, mas poucos
com qualidade de produtos superior. Desta maneira, devido a um número de empresas até

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significativo os clientes neste mercado têm algum poder de escolha e isso obviamente
prejudica a Navigator. Pelo lado positivo, podemos dizer que os clientes não conseguem
obter produtos com a qualidade da Navigator com tanta facilidade, diminuindo assim o
poder de negociação dos clientes.
Um aspeto que pode aumentar o poder de negociação dos clientes é estes
conseguirem produzir o produto que estão a comprar da empresa. No caso dos clientes
que a Navigator possui, na sua maioria não têm a capacidade ou não estão viradas para
produzir o produto que compram à Navigator devido à sua estrutura. Como consequência,
o poder de negociação dos clientes diminui.

3.3. Ameaça de novos entrantes

Os mercados de pasta de papel são altamente competitivos. Quando o capital


necessário para a entrada de novas empresas é relativamente baixo, a possibilidade de
novos participantes se torna maior. Além disso, se as empresas estabelecidas não têm
controlo sobre os novos entrantes, se a regulamentação governamental e a necessidade de
proteção de patentes são menores, se as matérias-primas são de fácil acesso e se os canais
de distribuição são acessíveis, as ameaças de novos entrantes no mercado aumentam
significativamente. Na indústria do papel, onde a Navigator está inserida, existem muitos
países onde as regulamentações governamentais dificultam a entrada de novas empresas
no setor, com requisitos de licenciamento, restrições ambientais e normas de segurança.
Outros países também têm tarifas alfandegárias sobre a importação de materiais que são
utilizados na fabricação de produtos de pasta de papel. Estas tarifas aumentam os custos
de entrada neste setor.
O setor da pasta de papel caracteriza-se pela:
• Necessidade uma grande quantidade de capital para investimento inicial em
fábricas e linhas de produção, além destes custos também é necessário ter
capital para adquirir matérias-primas, mão-de-obra. equipamentos, etc.
• Necessidade de investimento em I&D, sendo que o setor da pasta de papel
é caracterizado pelas constantes inovações tecnológicas para responder à
crescente procura de produtos com maior qualidade, e a necessidade de
aumento de produtividade com vista a reduzir os custos de produção.
• A reputação das empresas existentes junto dos seus consumidores e
fornecedores cria um desafio para as novas empresas que buscam conquistar
novos clientes e parceiros para o seu negócio. Os consumidores tendem a
ter uma lealdade já estabelecida com as empresas existentes, enquanto que
os fornecedores mantêm contratos já firmados com as mesmas, dificultando
assim o acesso destas novas empresas aos mercados.
• A falta de experiência é um fator muito importante, as empresas existentes
sabem como funciona o mercado e como lidar com disrupções. O setor da
pasta de papel é um setor cíclico o que envolve que as empresas tenham
estratégias bem cimentadas de maneira a aproveitar os períodos de expansão
e lidar com os períodos de recessão no preço da pasta de papel. A
experiência a lidar com os consumidores, entendendo as necessidades dos
mesmos e adaptando-se de maneira a satisfazê-las também constitui uma

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força importante para as empresas existentes e uma ameaça às entrantes que


não têm qualquer tipo de experiência neste ponto.
• As empresas neste setor, por norma, detêm terrenos florestais, isto é mais
um custo para as novas empresas sendo que estes “setores florestais”
necessitaram de ser adquiridos se a nova empresa quiser garantir alguma
segurança no fornecimento de madeira, isto também envolve custos de
preservação e uma série de regulações que necessitaram de ser cumpridas,
as empresas existentes também devido a sua experiência serão mais capazes
de adquirir novos e melhores terrenos florestais e saberão preserva-los e usa-
los da maneira mais eficiente e económica.
• As empresas incumbentes nesta indústria possuem economias de escala que
representam um fator que dificulta a entrada de novas empresas. Isto
acontece porque estas empresas têm processos produtivos bem
desenvolvidos e acumularam ao longo dos anos capital para investir em
equipamentos modernos e eficientes permitindo-lhes produzir em grandes
volumes reduzindo custos e obtendo vantagens sobre as entrantes. Outro
aspeto relevante é que as empresas incumbentes têm o conhecimento técnico
específico necessário para produzir pasta de papel de qualidade.

3.4. Ameaça de produtos substitutos

A ameaça dos produtos substitutos mostra que as empresas precisam estar atentas
também às empresas de outros setores, que não vendem o mesmo produto que o seu setor.
porém, podem vender produtos que o substituem, ou seja, que atendem à mesma
necessidade ou desempenham a mesma função que o seu produto e, nesse caso, podem
impactar diretamente o seu negócio. Esses produtos podem pressionar a rentabilidade da
indústria como um todo ou forçar a adaptação das suas estratégias. Com o avanço da
tecnologia, um dos aspetos que têm vindo a alterar-se é a necessidade de papel físico dado
que é possível chegar à mesma finalidade através de produtos tecnológicos como, por
exemplo, o PDF e outros produtos digitais. Determinados produtos digitais como o Word
que são bens complementares onde podem ser criados documentos dentro desse programa
que depois podem ser impressos podem tornar-se bens substitutos, por exemplo, se as
empresas adotarem medidas para que os documentos não fiquem num arquivo físico e,
em vez disso, criarem bases de dados comuns em computadores no seio da empresa para
armazenar os documentos.
No negócio de tissue, isto é, rolos de papel higiénico, lenços ou rolos de papel de
cozinha os substitutos não são encontrados com tanta facilidade, no entanto a Navigator
continua a inovar nos produtos desta área de maneira a conseguir se diferenciar e atribuir
mais valor ao consumidor tal como garantir o objetivo da sustentabilidade pretendido pela
empresa.
A Navigator também é conhecida por vender energia produzida pela biomassa,
energia térmica e energia solar/fotovoltaica, nesta indústria há várias alternativas desde a
energia hidráulica, resíduos sólidos, energia eólica e muitos outros. Apesar disso, os
modelos de produção de energia da Navigator são de cariz sustentável e renovável pelo
que no futuro é provável que estes ganhem vantagens competitivas sobre outros meios de
produção. Como uma das primeiras empresas a investir na biomassa como fonte de
energia sendo que este tipo de energia tenderá a ser mais utilizado no futuro, a empresa

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ganha uma vantagem pois quando a biomassa tornar-se um produto bastante cobiçado e
utilizado para produzir energia, a Navigator terá adquirido experiência e relações com
fornecedores e clientes dentro daquele mercado que lhe permitirão estar acima da
concorrência.
No segmento do packaging, existem vários tipos de produto produzidos de
maneira diferente que podem ser substitutos dos produtos da Navigator, no entanto
novamente os produtos da Navigator caracterizam-se por serem produtos sustentáveis o
que lhes deve atribuir vantagens competitivas sobre outras empresas no mercado. Em
2019, a União Europeia baniu o uso de plásticos descartáveis com o objetivo de reduzir a
poluição nos oceanos que ameaça a biodiversidade dos animais que habitam nesse
ecossistema. Como resposta, todos os produtos feitos com plástico descartável são
substituídos por papel o que implicou que muitas empresas tenham mudado a forma como
obtiam recursos para produzir o seu produto obrigando-as a encontrar florestas onde
consigam extrair papel para substituir o modo de produção dos seus produtos. Como tal,
a Navigator que possuía largos terrenos de florestas garante que o seu volume de produção
não seja alterado e tem vantagem sobre essas empresas que estão a mudar a forma como
alcançam recursos pois estas terão dificuldade em encontrar grandes terrenos de floresta
que já não estejam ocupados por outras empresas da indústria da pasta de papel.
Em suma, os segmentos do packaging e tissue são aqueles em que mais
dificilmente aparecerão produtos substitutos que ofereçam uma opção melhor e de menor
preço ao consumidor. Nestes segmentos a Navigator foca-se na inovação e
desenvolvimento de novos produtos, produtos diferenciados e de melhor qualidade de
maneira a conseguir obter vantagem competitiva sobre outras empresas. O segmento
relacionado com o papel de escritório e gráfico pode vir a ser mais afetado devido à
transição para produtos digitais que envolvem menos custos.

3.5. Competitividade entre empresas na indústria

O mercado da pasta de papel é extremamente competitivo, com grandes, médias


e pequenas empresas a disputarem um lugar no mercado global. As empresas têm
competido para aumentar a sua quota de mercado, desenvolvendo produtos inovadores e
oferecendo preços competitivos. O setor tem sido impulsionado pela crescente procura
dos clientes por novas opções, bem como pelas alterações nas preferências dos
consumidores. Nesta indústria existem uma série de empresas, umas focam-se na
produção de bens intermédios enquanto que outras focam-se na produção de produtos
finais. Dito isto, a Navigator compete diretamente com umas empresas pelo produto final
como packaging ou tissue, mas também compete com outras empresas em produtos
intermédios como rolos de papel. Algumas das maiores empresas no setor da pasta de
papel são a Stora Enso (Finlândia), Nippon Paper Group (Japão), WestRock (Estados
Unidos), Smurfit Kappa Group (Irlanda), Oji Paper Company (Japão) que apresentam um
volume de receitas maiores que a Navigator. Apesar disso, a Navigator é o maior
fabricante europeu de papéis de impressão e escrita não revestidos (UWF) e de pasta
BEKP. Visto que o grupo tem menos capacidade de produção que outras empresas
presentes no mercado, o objetivo da empresa tem passado não por produzir o maior
número de quantidade, mas por inovar e desenvolver produtos premium com o objetivo
de obter vantagem competitiva, para além que estes tipos de produtos levarem à maior
lealdade à marca por parte dos seus clientes dada a sua qualidade.

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Nos anos 2010-2020 assistiu-se ao fim do papel gráfico acompanhado por um


foco forte na reestruturação da indústria de papel com o encerramento de certos ativos e
conversões de fábrica. Isto levou a uma redução da procura de papel gráfico obrigando as
empresas a movimentar os seus ativos para produção de packaging e tissue. A partir de
2020, a previsão é que iremos presenciar um tipo de mudança diferente que será
caraterizada por uma nova onda de disrupção do setor, isto é, a tecnologia e as análises
estatísticas acompanhadas por um esforço para conseguir sustentabilidade. A
sustentabilidade envolve a aplicação de novas técnicas para, por exemplo, redução de
emissões para a atmosfera, maior cuidado com o número de árvores cortadas e a maneira
como são cortadas. A indústria do papel é uma indústria em que a procura tende sempre
a subir e que com a introdução da tecnologia e analise estatística é muito provável que a
produtividade aumente combinando isso com maiores níveis de sustentabilidade.
No panorama nacional a Navigator tem como competidor a Altri que foca-se na
produção de pasta BEKP enquanto que a Navigator, para além de produzir esta pasta,
produz produtos finais. A Altri possui várias semelhanças em relação à Navigator sendo
que esta também tem como foco a inovação dos seus produtos com vista à
sustentabilidade na produção de energias renováveis, energia de biomassa e a gestão
eficiente das suas florestas para que seja garantida a eficiência necessária para a produção
de energia através da biomassa. Estas duas empresas, apesar de rivais, também já
cooperaram no sentido de partilharem meios para proteger florestas que tinham em
comum (duzentos mil hectares de floresta partilhada pelas duas) de modo a garantir que
os seus recursos estejam garantidos. A cooperação neste aspeto é importante para suportar
custos em conjunto o que acaba por ajudar ambas as empresas.
No setor da pasta BEKP, há informações importantes relativamente ao
crescimento da indústria em diferentes regiões do globo:
• Os países da América do Sul como o Brasil e Uruguai, e asiáticos como
China e Indonésia com custos de produção ainda relativamente baixos
comparativamente aos países da Europa têm vindo a adquirir maior peso
no mercado, pondo em risco a posição competitiva dos produtores
europeus de pasta de papel.
• Nos EUA, neste momento, assistimos a um desinvestimento neste setor
com as empresas a adaptarem o seu nível de capacidade de produção numa
tentativa de ajustamento da oferta perante o declínio no lado da procura.
• Na China, o que tem acontecido é exatamente o contrário com
investimentos que visam o aumento da capacidade de as empresas
produzirem mais pasta de papel no curto e médio prazo e ainda se
perspetivam mais investimentos com este objetivo em mente.

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Estes fatores têm obrigado a Navigator a fazer investimentos significativos para


conseguir manter-se competitiva no mercado, com custos competitivos e produtos com
qualidade apesar de haver a noção que a pressão concorrencial irá continuar. Os dois
países onde a produção concentra-se maioritariamente são a China e os EUA com o
aparecimento emergente de alguns países da América do Sul e Ásia.

Figura 1-Produção de papel e cartão por país

De acordo com as mudanças que surgem em cada região, o Grupo Navigator tem
adequado a sua estratégia. Por exemplo, a Navigator tem uma presença importante nos
EUA, representando metade das vendas de produtores europeus neste mercado. Com
procura descendente que temos assistido nos EUA, o volume de vendas para esse mercado
por parte da Navigator tenderá a diminuir algo que a empresa terá de ter em conta e
apresentar uma resposta adequada.
Uma componente importante na análise da competitividade são os custos de saída
existentes onde existem custos bastante semelhantes e comuns entre as diferentes
indústrias e que também se encontram neste mercado:
• Custos de encerramento de fábricas, incluindo custos de desativação de
instalações, equipamentos, processos e funcionários.
• Custos de transferência de contratos de fornecedores existentes.
• Custos de extração e disposição de materiais residuais e resíduos
industriais.
• Custos de transferência de ativos, como maquinário, equipamentos e
licenças.
• Custos associados à liquidação de contratos de trabalho.
• Custos de reintegração ecológica do local.

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4. Referências
The Navigator Company. Disponível em: http://www.thenavigatorcompany.com/
Wikipedia - The Navigator Company. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Navigator_Company
Grupo Portucel Soporcel é agora “The Navigator Company” (2016). Disponível
em:http://www.thenavigatorcompany.com/var/ezdemo_site/storage/original/application/
0a0f30f8b24141d7dcf1235bf7726260.pdf
Relatório e Contas 2022. Disponível em:
http://thenavigatorcompany.com/external/relatorio-de-contas-
2022/docs/RelatContas_2022_FINAL_CMVM_Reduzido.pdf
Relatório e Contas 2020. Disponível em:
http://www.thenavigatorcompany.com/var/ezdemo_site/storage/original/application/1c5
bb2931f0dba7caa0d653541c99aa9.pdf

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