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SUMÁRIO

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SUMÁRIO

PONTO DE VISTA MÉDICO........................................................................................3


PONTO DE VISTA EDUCACIONAL............................................................................4
PONTO DE VISTA CULTURAL...................................................................................4
COMO PREVENIR PROBLEMAS AUDITIVOS E A SURDEZ?..................................5
HISTÓRIA DA LINGUA DE SINAIS...........................................................................10
POR QUE APRENDER LIBRAS?..............................................................................12
DICAS ESSENCIAIS..................................................................................................14
Expressão facial e/ou corporal...................................................................................23
ESTRUTURA LINGUÍSTICA......................................................................................24
SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO PARA LIBRAS..........................................................28
Cumprimentos em Libras...........................................................................................37
Gênero e Família em Libras.......................................................................................38
Cores..........................................................................................................................48
Meses e dias da semana............................................................................................49
Tempo........................................................................................................................61
Referências................................................................................................................62

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PONTO DE VISTA MÉDICO

Em termos médicos, a surdez (ou hipoacusia) é categorizada de acordo com o nível


da perda auditiva, que podemos chamar também de grau da perda auditiva:
 Audição normal: pessoas com audição normal ouvem em torno de 20
decibéis.
Para facilitar a compreensão deste volume, citamos um sussurro, o roçar das
folhas, o canto dos
pássaros, o tic-tac de um
relógio, uma torneira
pingando. Se a pessoa
conseguir ouvir somente
sons acima de 20 decibéis,
possui perda auditiva.
 Perda auditiva
leve: pessoas com perda
auditiva leve possuem certa
dificuldade em manter uma conversa a dois em tom de voz baixa, quase
sussurrando. Em média o som mais suave experimentado está entre 25 a 40
dB (decibéis), por exemplo: o motor de uma geladeira, um ar-condicionado.
 Perda auditiva moderada: pessoas com perda auditiva moderada têm muita
dificuldade de manter um diálogo, não ouvem bem quase nenhum som em
nível de voz natural, sendo preciso falar alto para que ouçam. Em média o
som mais suave experimentado está entre 40 a 70 dB (decibéis), por
exemplo: um aspirador de pó moderado, um bebê chorando.
 Perda auditiva severa: pessoas com perda auditiva severa não ouvem
nenhum som de fala, poucos sons são percebidos. Em média o som mais
suave experimentado está entre 70 a 90 dB (decibéis), por exemplo: um piano
tocando forte, uma avenida de tráfego intenso, um cachorro latindo forte, um
telefone tocando em volume máximo.
 Perda auditiva profunda: pessoas com perda auditiva profunda ouvem
pouquíssimos sons. Em média, o som mais suave experimentado é acima de
90 dB (decibéis) ou mais, por exemplo: um helicóptero próximo, a decolagem
de um avião a jato, uma moto sem escapamento, uma serra elétrica, uma
furadeira, uma britadeira, motosserra, tiro de arma de fogo, estrondo de rojão,
bateria de escola de samba, show de rock.

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De acordo com o decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005, Art. 2º:
[...] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e
interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura
principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total,
de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de
500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

PONTO DE VISTA EDUCACIONAL

Do ponto de vista educacional, a


surdez refere-se à dificuldade da
criança surda aprender a se
comunicar por via auditiva,
tornando necessária medidas
educacionais que possibilitem a
comunicação como um
instrumento de inclusão social.

A partir da lei nº 10.436, o


governo brasileiro reconhece a
Libras como um sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura
gramatical própria e assegura aos surdos o direito de que, nas instituições
educacionais, tenham aulas
ministradas em Libras, ou pelo
menos, com a presença de um
intérprete de Libras.

PONTO DE VISTA CULTURAL

Em termos culturais, a surdez


não é considerada somente uma
condição fisiológica, ela constrói
uma identidade cultural própria,
portanto, não existe cultura
surda sem surdez. O idioma natal dos surdos, a língua de sinais, é o principal

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elemento que une os membros desta comunidade, assim, o sentido da cultura surda
é mais forte entre aqueles que
utilizam este idioma. Isso
porque os surdos utilizam-se da
própria diferença linguística
como forma de elevar a auto-
estima e sentir orgulho de suas
próprias conquistas.

(IMAGEM: Símbolo Internacional da


Surdez. No Brasil, determinado pela lei Lei
nº 8.160, de 1991).

COMO PREVENIR
PROBLEMAS AUDITIVOS E A
SURDEZ?

São muitos os fatores que


levam à deficiência auditiva ou
surdez. Mas existe uma maneira de prevenir estes problemas auditivos? Antes de
falar sobre prevenção é importante compreender quais os tipos de surdez e seus
tratamentos. Normalmente, os especialistas falam em três tipos de surdez:
 Surdez neurossensorial – É quando ocorre lesão nas células nervosas e
sensoriais que levam o estímulo do som da cóclea até o cérebro. As doenças
que atingem a cóclea e o nervo auditivo raramente têm tratamento.
 Surdez por condução – Este tipo de perda acontece quando há algo
bloqueando a passagem do som da orelha externa até a orelha interna. Ela
pode ocorrer pelo rompimento do tímpano, excesso de cera que se acumula
no canal auditivo, introdução de algum material no canal auditivo.
 Surdez central – Também chamada de presbiacusia, ela ocorre à medida
que envelhecemos por conta do desgaste natural do sistema auditivo.

Tratamentos para a surdez


Para cada tipo de surdez, existe um tipo de tratamento recomendado. Confira os
principais tratamentos:

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Acúmulo de cera no ouvido
Se a perda auditiva for devido a um grande acúmulo de cera no canal do ouvido, o
médico simplesmente fará a remoção usando o instrumental do consultório. Você
pode tirar o cerume em casa? A resposta é não. Esqueça o uso de hastes flexíveis,
elas podem empurrar ainda mais a cera para o conduto auditivo e bloquear o
tímpano.

Presbiacusia
Com o passar dos anos, as células ciliadas auditivas vão se desgastando, o que vai
gerar a surdez. Essa perda auditiva provocada pela idade é a chamada
presbiacusia. Normalmente, esses casos podem ser solucionados com o uso de
aparelhos auditivos, conhecidos popularmente como aparelhos de surdez.

Tímpano perfurado
Nas perfurações timpânicas e nas lesões ou fixação dos ossículos (martelo, bigorna,
estribo) o tratamento é cirúrgico. Nos casos de secreção acumulada atrás do
tímpano (otite secretora) por mais de 90 dias, sem melhora da audição, a cirurgia
também está indicada.

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Doença de Ménière
Na doença de Meniére o tratamento é clínico e, às vezes, cirúrgico. Em casos de
tumores, o tratamento indicado pode ser essencialmente cirúrgico, radioterápico ou
radio cirúrgico. Muitos pacientes têm indicação de aparelhos auditivos (aparelhos de
surdez), cuja função é amplificar os sons. Para aqueles pacientes com surdez
severa e profunda que não se beneficiam com esses aparelhos, está indicado o uso
do implante coclear. Os implantes cocleares são sistemas eletrônicos implantados
cirurgicamente, que têm a função de transmitir estímulos elétricos ao cérebro através
do nervo auditivo. No cérebro esses estímulos elétricos são interpretados como
sons.

Como prevenir a surdez


De uma maneira geral, estas dicas ajudam a prevenir os casos de surdez:
 Nunca coloque qualquer objeto, incluindo cotonetes, dentro de seu canal
auditivo. Se o fizer, pode acabar forçando a cera para dentro e entupir o canal
ou danificar o tímpano.
 Não se esqueça de vacinar seu filho contra sarampo e caxumba, os efeitos
colaterais podem causar surdez. Se você for uma mulher em idade de
engravidar, consulte seu médico sobre possíveis métodos de imunização
contra a rubéola.
 Independentemente das necessidades especiais que seu filho apresente, vai
ser preciso fazer um esforço especial para ajudar no seu desenvolvimento.

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Mas e se a surdez for diagnosticada?
Uma vez constatada a perda auditiva, procure um otorrinolaringologista. Quanto
mais precoce for o tratamento, maiores são as chances de ter um bom resultado.

Graus de perda auditiva

Como são identificados os graus de perda auditiva?


Existem maneiras diferentes de diagnosticar e identificar os graus da perda auditiva:
 Teste geral de triagem: O médico pode pedir ao paciente para cobrir um
ouvido e descrever o quanto ele ouve sobre as palavras faladas, bem como
verificar a sensibilidade a outros sons. Se o médico suspeitar de um problema
de audição, ele o encaminhará a um especialista em otorrinolaringologia, que

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provavelmente realizará outros testes.
 Teste de diapasão: Também é conhecido como o teste de Rinn. Um
diapasão é um instrumento de metal com dois pinos que produz um som
quando é atingido. Testes de diapasão simples podem ajudar o médico a
detectar se há perda auditiva e onde está o problema.
Um diapasão é vibrado e colocado contra o osso mastóide atrás da orelha. O
paciente é solicitado a indicar quando não ouvir mais nenhum som. O
aparelho, que ainda está vibrando, é então colocado a 1 a 2 centímetros (cm)
do canal auditivo. O paciente é questionado novamente se pode ouvir.
Como a condução
aérea é maior que a
condução óssea, o
paciente deve ser
capaz de ouvir a
vibração. Se a
condução óssea é
superior à condução
aérea, isso sugere um
problema de captação
das ondas sonoras na
cóclea por meio do canal auditivo.
 Audiometria: O paciente usa fones de ouvido para que os sons sejam
direcionados em um ouvido de cada vez. Assim, quando emitido os sons, o
paciente, que estará em uma cabine isolada, deverá sinalizar cada som
ouvido.
Cada tom é apresentado em vários volumes, para que o audiologista possa
determinar em que ponto o som não é mais detectado. O mesmo teste é
realizado com palavras. O fonoaudiólogo apresenta palavras em vários tons e
níveis de decibéis para determinar onde a capacidade de ouvir se encerra.
 Teste do oscilador ósseo: Esse teste é feito para descobrir como as
vibrações passam pelos ossículos. Nele um oscilador ósseo é colocado
contra a mastóide. Assim o objetivo é avaliar a função do nervo que
transporta esses sinais para o cérebro.

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HISTÓRIA DA LINGUA DE SINAIS

Antes de 1750, os surdos eram marginalizados, pois eram mal compreendidos,


ficavam revoltados e frustrados. Por vezes eram tidos como loucos e afastados do
convívio social. Quando adultos, eram forçados a fazer trabalhos desprezíveis,
viviam isolados e eram considerados ineducáveis. Muitos surdos de famílias nobres
eram forçados a ler e a falar para receber reconhecimento como pessoas da lei,
conseguir títulos e herança e até então não havia escolas especializadas para
surdos.
Em 1755, na França, o abade Charles Michel de I’Épée inicia um método de
aprendizagem para surdos começando a associar palavras a figuras e ensinando
surdos a ler, e assim levando acesso à cultura do mundo e para o mundo. Charles
Michel fundou a primeira escola para surdos que teve auxílio público e treinou
diversos professores na França e Europa.

Charles-Michel de l’Épée, também conhecido como o “Pai dos Surdos”

Durante esse período, houve uma divergência quanto ao método mais indicado para
ser adotado no ensino dos surdos, o Método Oral Puro contra o Método Combinado
(língua de sinais para o ensino da fala).
Em 1864, é fundada a primeira instituição superior para surdos, a Gallaudet
University, em Washington D.C., nos Estados Unidos. Utilizava o Método Combinado
com uso da língua de sinais justificado para o ensino do surdo a escrever e a falar, o
que não atende aos objetivos, pois os surdos não têm vontade de falar.

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Gallaudet University

Em 1880, ocorre o Congresso Mundial de Professores de Surdos, em Milão, na


Itália. Nesse Congresso é decidido que todos os surdos deveriam ser ensinados pelo
Método Oral Puro e que seria proibida a língua de sinais. A partir de então, os
professores e fonoaudiólogos deveriam utilizar o Oralismo. Calcula-se que levava
em média 10 anos para se oralizar um surdo.

Somente em 1960 em que estudiosos, psicólogos e historiadores despertaram para


o fracasso do oralismo, e logo foi criado a metodologia da comunicação total (sinais,
leitura labial e fala). Atualmente, é adotado o bilinguismo, a língua de sinais como
primeira língua e língua da comunidade local como segunda língua.

Já aqui no Brasil, durante o Império de D. Pedro II, o professor Hernest Huet fundou
o Imperial Instituto para Surdos-Mudos, no Rio de Janeiro, em 1857, e utilizava o
Método Combinado. Na época, o Instituto funcionava como asilo, no qual só eram
aceitas pessoas do sexo masculino que vinham de todos os lugares do país, muitas
delas abandonadas pelas famílias. Os surdos brasileiros passaram a contar com
uma escola especializada para sua educação e tiveram a oportunidade de criar a
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), mistura da Língua de Sinais Francesa com os
sistemas de comunicação já usados pelos surdos das mais diversas localidades.
Em 1957, o nome de Imperial Instituto foi mudado para Instituto Nacional de
Educação para Surdos (INES). Hoje é um órgão do Ministério da Educação.

Durante as décadas de 70 e 80, iniciou-se um serviço de estimulação precoce para

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atendimento de bebês de 0 a 3 anos. Houve especialização para professores na
área da surdez e foi criado a Federação Nacional de Educação e Integração dos
Deficientes Auditivos (FENEIDA), mas que em 1986 mudou-se o nome para FENEIS
(Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos) e também que o ensino
de LIBRAS passa a ser exigido pelos surdos que passam a ser responsáveis pela
instituição e por suas decisões.

Somente no ano 2000 houve um reconhecimento oficial de LIBRAS pelo governo


federal através da Lei 10436/02. Em 2005, ocorreu uma regulamentação da Lei, pois
pelo Decreto 5626 determinou-se um prazo máximo de 10 anos para LIBRAS estar
inserida nos currículos de Licenciatura, Pedagogia, Letras e Fonoaudiologia, e dois
anos depois se teve o Primeiro Exame de Proficiência da LIBRAS (PROLIBRAS)
para a formação de intérpretes e professores, cumprindo assim o Decreto 5626/05.
A Língua de Sinais não é mímica, são línguas com estruturas gramaticais
próprias. A prática da língua de sinais é diferente em cada país, veja na tabela
a seguir:

SIGLAS DESCRIÇÃO PAÍS


ASL (AMESLAN) American Sign Language EUA, parte do Canadá e algumas regiões do México
BSL British Sign Language Reino Unido
HSE Hausa Sian Language Nigéria
JSL Japanese Sign Language Japão
LGP Língua Gestual Portuguesa Portugal
LIS Língua Italiana dei Segni Itália
LSA Lengua de Senas Argentina Argentina
LIBRAS Língua Brasileira de Sinais Brasil
LSF Langue des Signes Française França
USC Lengua de Senas Chilena Chile

POR QUE APRENDER LIBRAS?

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) possui suas próprias estruturas e regras e não
é somente uma “mímica”. Segundo dados do IBGE de 2010, no Brasil existem cerca
de 9,8 milhões de brasileiros com deficiência auditiva. Deste total 2,6 milhões são
surdos e 7,2 milhões apresentam grande dificuldade para ouvir.

E hoje em dia, as crianças, jovens e adultos com surdez frequentam a escola


regular. Além disso, atuam no mercado de trabalho e interagem em todos os

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espaços. Diante dessa realidade, existe a necessidade cada vez maior no mercado,
de pessoas que sejam especializadas em Libras.

Quem sabe Libras é considerado bilíngue. Você sabia?


Dúvidas sobre a importância de aprender a Língua Brasileira de Sinais? Vamos
apresentar cinco boas razões que vão fazer você se convencer de vez:

1. Auxilia na eliminação das barreiras de comunicação


Contribuir no processo de eliminação das barreiras de comunicação entre as
pessoas é um papel de grande importância. Aprender a Língua Brasileira de Sinais
oportuniza conhecer melhor a comunidade surda. Também faz com que seja
possível entender o seu cotidiano, desenvolvendo mais empatia em todas as
situações. É de grande relevância que você estude Libras, porque a comunidade
surda e a sociedade precisam de mais profissionais habilitados para atuar nesse
ramo.

2. Novas oportunidades pessoais e profissionais


Se tornar especialista e profissional habilitado em Libras pode ser um diferencial na
sua vida profissional. Dado que, ser capaz de se comunicar com os surdos acaba
abrindo muitas portas. Com base nisso, buscar especialização na área da Língua
Brasileira de Sinais pode ser uma ótima opção. Existem ainda poucos profissionais
com qualificação na área e uma grande demanda de exigências do mercado.

3. Mais agilidade no seu raciocínio


Estudando a Língua Brasileira de Sinais você aprende a pensar não só verbalmente,
mas também visualmente e também com mais rapidez. Na Libras é possível ter uma
grande liberdade de expressão, por ser uma
língua gestual que envolve a mente e a
expressão do corpo, dos gestos e do rosto.
Aprender uma língua como a Libras lhe
acrescenta conhecimento específico. Além
do mais, pode contribuir para os seus demais
aprendizados, justamente por estimular o
raciocínio.

4. Com dedicação você consegue


Como qualquer outra língua você não vai aprender da noite para o dia. É necessário
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um tempo de estudo e principalmente de treino, porque você estará construindo uma
nova habilidade. Para quem deseja aprender e principalmente se tornar profissional
nessa área, é indispensável que saiba que estará aprendendo a pensar diferente.

5. Desenvolvimento da sua carreira


O acesso à educação por uma pessoa surda é um direito por lei, e deve ser feito por
meio da Língua Brasileira de Sinais. Com isso, surge a demanda por profissionais
que tenham formação em Libras não apenas para atuar na Educação Básica e no
Ensino Superior. A formação possibilita trabalhar como tradutor/intérprete nas áreas
da educação, saúde, assistência social, jurídica, dentre outras.

DICAS ESSENCIAIS

Memorize os sinais
É importante que os sinais sejam memorizados para que
não hajam erros durante a comunicação, pois esse é um
aspeto absolutamente essencial para que uma
mensagem seja transmitida. E quanto mais palavras
forem memorizadas, maior será a fluidez de uma conversa.
Comece aprendendo os sinais mais simples e vá avançando aos poucos, sempre
retornando aos básicos para que haja uma boa memorização. Uma das melhores
dicas para aprender a linguagem e ajudar a guardar bem os significados das
expressões é a de realizar anotações durante o aprendizado. Desenhar todos os
sinais em um papel e escrever informações úteis sobre eles ajudará na gravação e
na revisão dos dados.

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Cuidado com a configuração das mãos
Para não se perder na configuração das mãos, uma das dicas mais funcionais para
aprender rapidamente é a de observar quem já entende do assunto. Se tiver
dúvidas, pergunte e não deixe de praticar.
É preciso ficar atento para não errar nos sinais, pois alguns deles são muitas vezes
parecidos. O mais importante nessa etapa é realizar a configuração das mãos
corretamente desde o início, pois assim ficará mais fácil para se lembrar delas
depois.

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Use músicas
Usar músicas e associá-las aos sinais é uma das dicas para aprender Libras, já que
auxilia muito na hora de memorizar os códigos. Sempre escolha uma música que
seja de sua preferência para que possa
repeti-la várias vezes, reforçando a
memorização e a configuração das
mãos.
Tal processo de aprendizado é muito
usado nas escolas, pois assim como em
outros idiomas, a melhor maneira de
aprender uma nova linguagem é por
meio da aplicação do aprendizado em
situações conhecidas.
Assim, sempre que ouvir a música estudada você irá se lembrar dos sinais, o que
deixará tudo mais prático. E quando você for capaz de realizar a música completa,
passe para outra e aumente ainda mais o seu conhecimento.

Estipule metas
Estipular metas para aprender Libras é fundamental para que você possa se
comprometer e se motivar com o processo de aprendizagem. Comece a semana
aprendendo uma quantidade específica de vocabulário e aumente gradativamente.
Sempre faça essa progressão em dias pré-determinados, pois isso lhe dará
disciplina e foco.

Traduza conversas
Uma forma efetiva de aprender uma nova linguagem é fazendo tradução de
conversas.
Essa é uma ótima forma de memorizar os sinais, pois você irá aprender na prática
como eles se aplicam. Se for possível, estabeleça conversas com alguém que
entenda mais do assunto, anotando os erros e acertos.

A configuração da mão:
A configuração adotada pela mão tem como resultado a posição dos dedos. Cada
configuração pode ser feita pela mão dominante (mão direita para os destros, mão
esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos dependendo do sinal. Os sinais
APRENDER, SÁBADO, LARANJA e DESODORANTE-SPRAY têm a mesma

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configuração de mão e são realizados na testa, na boca e na axila, respectivamente.

Exemplos de sinais que utilizam a mesma configuração de mão: sinal de "aprender", "sábado", "laranja" e
"desodorante-spray". Fonte: Felipe, Tanya A., Monteiro, Myrna Salerno S. - Libras em Contexto - Livro do
Professor pg. 21.

É a forma que a mão assume para a realização do sinal, pode ser feito usando uma
mão os as duas. Existem 61 configurações de mãos diferentes, veja na imagem
seguinte:

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Existem sinais que apresentam a mesma configuração de mão, no entanto de
acordo com os outros parâmetros ou contextos, irão representar significados e sinais
diferentes. Veja a seguir exemplos:

Ponto ou local de articulação


Este parâmetro indica onde o sinal pode ser realizado. Ele é delimitado pela
extensão máxima dos braços do emissor e ocorre tocado em alguma parte do corpo
ou no espaço neutro, que é a região do meio do corpo até à cabeça ou para frente
do emissor.

Deve-se dizer que no discurso normal as extremidades são articuladas em um


espaço mais limitado que a extensão máxima, portanto, o tamanho do sinal pode
ser comparado à intensidade da voz.

Felipe e Monteiro (2007, pg. 22) citam como exemplos de ponto ou local de
articulação os sinais TRABALHAR, BRINCAR, PAQUERAR, realizados no espaço

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neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e DECORAR realizados na testa.

Exemplos de ponto ou local de articulação.


Fonte: Felipe, Tanya A., Monteiro, Myrna Salerno S. - Libras em Contexto - Livro do Professor pg. 22.

O movimento
Alguns sinais são estáticos em um local, outros contêm algum movimento. Dessa
forma, podemos entender que o parâmetro de movimento refere-se ao modo como
as mãos se movimentam (movimento linear, em movimento da forma de seta
arqueada, circular, simultânea ou alternada com ambas as mãos, etc.) e para onde
estão movimentando (para a frente, em direção à direita, esquerda, etc...).

Direcionalidade do movimento
a) Unidirecional: movimento em uma direção no espaço, durante a realização de um
sinal.
Ex.: PROIBID@, SENTAR, MANDAR.

b) Bidirecional: movimento realizado por uma ou ambas as mãos, em duas direções


diferentes.
Ex.: PRONTO, JULGAMENTO, GRANDE, COMPRIDO, DISCUTIR,
EMPREGADO, PRIMO, TRABALHAR, BRINCAR.

c) Multidirecional: movimentos que exploram várias direções no espaço, durante a


realização de um sinal. Ex. : INCOMODAR, PESQUISAR.

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Tipos de movimentos
a) movimento retilíneo:

ENCONTRAR ESTUDAR PORQUE

b) movimento helicoidal:

ALTO MACARRÃO AZEITE

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c) movimento circular:

BRINCAR IDIOTA BICICLETA

d) movimento semicircular:

SURDO SAPO CORAGEM

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e) movimento sinuoso:

BRASIL RIO NAVIO

f) movimento angular:

RAIO ELÉTRICO DIFÍCIL

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Orientação/direcionalidade
É o plano em direção ao qual a palma da mão é orientada. Alguns sinais têm a
mesma configuração, o mesmo ponto de articulação e o mesmo movimento, e
diferem apenas na orientação da mão. É importante perceber como a modificação
de um único parâmetro pode alterar completamente o significado do sinal.
Segundo Felipe e Monteiro (2007, pg. 23), os verbos IR e VIR se opõem em relação
à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR,
ABRIR-PORTA e FECHAR-PORTA.

Exemplos de sinais com movimento e sem movimento.


Fonte: Felipe, Tanya A., Monteiro, Myrna Salerno S. - Libras em Contexto - Livro do Professor pg. 23.

Expressão facial e/ou corporal


Também chamados de componentes não manuais, incluem o uso de expressões
faciais, linguagem corporal, movimentos da cabeça, olhares, etc.
Se uma pessoa quer demonstrar que está com raiva de alguém ou de algo, talvez
não precise usar nem um sinal. Basta utilizar apenas a expressão facial. Ou, se
alguém fizer uma pergunta para responder "sim" ou "não", basta simplesmente
balançar a cabeça de acordo. Estas são simples situações para exemplificar este
parâmetro, todavia, durante uma conversa em Libras, é necessário combinar
diversos componentes não manuais com sinais específicos para esclarecer a
mensagem.
Exemplos de componentes não manuais, extraído de Ferreira-Brito (1995, p.240 -
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 Rosto:
Parte superior: sobrancelhas franzidas; olhos arregalados; lance de olhos;
sobrancelhas levantadas.
Parte inferior: bochechas infladas; bochechas contraídas; lábios.
 Cabeça:
Movimento de assentimento (sim); movimento de negação; inclinação para frente;
inclinação para o lado; inclinação para trás.
 Rosto e cabeça:
Cabeça projetada para frente; olhos levemente cerrados, sobrancelhas franzidas;
cabeça projetada para trás e olhos arregalados.
 Tronco:
Para frente; para trás; balanceamento alternado (ou simultâneo) dos ombros.

Segundo Felipe e Monteiro (2007, pg. 27), "Na combinação destes quatro
parâmetros, ou cinco, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes
elementos para formarem as palavras e estas formarem as frases em um contexto".
Geralmente, a expressão facial e/ou corporal se desenvolve ao longo do tempo, à
medida que se torna fluente em Libras. Ao conversar com pessoas surdas, é
importante observar quais componentes não manuais elas usam. Por exemplo:
balançam a cabeça para indicar uma afirmação? Movimentam o corpo ou os olhos?
Fazem expressões faciais quando estão conversando sobre felicidade, tristeza,
raiva, susto? Por isso é extremamente importante observar cuidadosamente os
sinais e seus parâmetros para reproduzi-los corretamente.

Exemplos do uso da expressão facial como traço diferenciador.


Fonte: Dicionário de Libras Online do INES, disponível em http://www.acessobrasil.org.br/libras/

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ESTRUTURA LINGUÍSTICA

Como toda língua de sinais, a Libras possui como característica a sua estrutura
linguística própria, constituída de verbos, pronomes, advérbios, elementos de flexão em
número - plural e singular - intensificadores, quantificadores e estruturação de frases.
Porém, tais mecanismos não seguem as regras gramaticais da língua portuguesa, oral.
Na sua estrutura frasal, não se observam artigos e preposições, e a flexão verbal não
se dá como na língua oral.

As palavras são expressas por meio de sinais considerados léxicos pela linguística e se
estruturam a partir dos mecanismos quirológicos (fonológicos), morfológicos, sintáticos,
semânticos e pragmáticos, conforme comprovam os estudos do linguista americano
William Stokoe, na década de 1960.

A LIBRAS é dotada de uma gramática constituída a partir de elementos constitutivos


das palavras ou itens lexicais e de um léxico que se estruturam a partir de mecanismos
fonológicos, entre outros, mas seguem também princípios básicos gerais. É dotada
também de componentes pragmáticos convencionais no léxico e nas estruturas da
LIBRAS e de princípios pragmáticos que permitem a geração de implícitos, sentidos
metafóricos, ironias e outros significados não literais.

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O alfabeto manual utilizado pela comunidade surda constitui um recurso considerado
um empréstimo linguístico da língua oral. Com ele, é possível formar palavras. Embora
existam os sinais lexicais, muitas vezes o alfabeto é utilizado quando não existe um
sinal correspondente à palavra desejada na língua oral.

Stokoe propôs um esquema linguístico estrutural para analisar a formação de sinais e


fez a decomposição dos sinais na ALS em três principais aspectos ou parâmetros que
não carregam significados isoladamente. Também os os componentes não manuais
dos sinais, como a expressão facial e/ou corporal são considerados parâmetros. São
aumentados à medida que surgem novos sinais. Isso ocorre devido ao fato de a Libras
estar em constante mudança.

Aquele ou Aquela = AQUEL@


Note também que os sinais em Libras são representados em letras maiúsculas, e a
datilologia (alfabeto manual) além desta característica, aplica-se o hífen para a
separação das mesmas.

Exemplos: ESCREVER, CASA, M-A-R-I-A

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A grande maioria dos sinais em Libras, para se referir as principais pessoas da
família, não irão variar de acordo com o gênero, ou seja, a representação do sinal é
igual variando apenas pelo sinal de homem, e o sinal de mulher, estes que são feitos
antes do sinal desejado, por exemplo: o sinal de “TIA e TIO”, “PRIMA e PRIMO”,
“IRMÃ e IRMÃO” entre outros. Veja a seguir um exemplo:

Sinais Iônicos e Sinais Arbitrários


Os sinais podem ser classificados em sinais iônicos, quando o sinal é semelhante à
realidade, ou seja, lembram o seu significado, por exemplo: BORBOLETA, BEBER,
TELEFONE, CORRER, MILHO, entre outros. Já os sinais arbitrários, ou
convencionais são aqueles não representam nenhuma semelhança com a realidade,
é o caso dos sinais: MORANGO, AJUDAR, CONSEGUIR CONVERSAR, entre
outros.

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SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO PARA LIBRAS

Existem diversos sistemas de convenções para escrever as LIBRAS, mas a maior


parte deles demanda tempo de estudo. Um dos métodos mais simples com o qual
podemos trabalhar é o Sistema de notação em palavras. Trata-se de sistema que
vem sendo adotado por pesquisadores de línguas de sinais do Brasil e outros
países.
O nome vem das palavras de uma língua oral-auditiva que são utilizadas para
representar, aproximadamente, os sinais. Deste modo, a LIBRAS pode ser
representada a partir das seguintes convenções:

1) Os sinais, para efeito de simplificação, serão representados por itens lexicais da


Língua Portuguesa em letras maiúsculas:

Fonte: Slideshare

2) Um sinal que é traduzido por duas ou mais palavras em LP será representado


pelas palavras correspondentes separadas por hífen. Ex: CORTAR-COM-FACA =
CORTAR

28

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29

29
3) Um sinal composto, formado por dois ou mais sinais, que será representado por duas ou
mais palavras, mas a ideia de uma coisa só, serão separados pelo símbolo ^:

4) A datilologia (alfabeto manual), usada para expressar nome de pessoas,


localidades e outras palavras que não possuem sinal está representada pela palavra
separada, letra por letra, pelo hífen:

5) O sinal soletrado, palavra da língua portuguesa que, por empréstimo, passou a


pertencer à Libras, é representada pela datilologia do sinal em itálico:

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6) Não há desinências de gêneros na LIBRAS. O plural representado, em LP, por
palavra da que possui estas marcas, está terminado com o símbolo @ para reforçar
a ideia de ausência e não haver confusão.

7) Expressões facial e corporal, simultaneamente feitas com um sinal, estão


representados acima do sinal ao qual está acrescentando alguma ideia que pode ser
em relação ao:

Para simplificação, serão usados os sinais de pontuação utilizados nas línguas orais
auditivas para representar frases nas formas exclamativas e interrogativas.

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31
8) Os verbos que possuem concordância de gênero, através de classificadores,
estão sendo representados com o tipo de classificador em subscrito. É o tipo do
morfema usado através das configurações de mãos que podem ser incorporados a
um morfema lexical para mencionar a classe a que pertence o referente para
descrevê-lo quanto a forma ou tamanho, ou a maneira como esse referente se
comporta na ação verbal.

9) Verbos em concordância de lugar ou número-pessoal, através do movimento


direcionado, estão representados pela palavra correspondente com uma letra em
subscrito que indicará:

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10) Em casos da marca de plural pela repetição do sinal, esta será representada por
uma cruz no lado direito acima do sinal que está sendo repetido:

11) Quando um sinal geralmente feito com uma das mãos, ou dois sinais feitos pelas
duas mãos simultaneamente, serão representados um abaixo do outro com
indicação das mãos: direita (md) e esquerda (me).

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ALFABETO MANUAL

Em 1856, o francês Ernest Huet que era surdo, desembarcou no Rio de Janeiro com
o alfabeto manual francês e alguns sinais. O material foi adaptado e deu origem a
Libras, passando a ser usado em várias regiões, mas a sua oficialização começou
em 2001, com o Programa Nacional de Apoio à Educação do Surdo, e então
surgiram os primeiros 80 professores preparados para lecionar a Língua Brasileira
de Sinais. E em 24 de abril de 2002, a Libras foi regulamentada em âmbito federal,
com a lei nº 10.436 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais, também
conhecida como Libras. A primeira publicação do alfabeto manual, foi feita por Juan
Pablo Monet, no ano de 1620, com o título “Reduccion de Las Letras e arte para
enseñar a hablar a los mudos”, onde ele mostra toda a apresentação do alfabeto
manual.
Normalmente, usa-se o alfabeto para representar através de sinais, os nomes
próprios (nomes de pessoas), nomes de lugares específicos, ou ainda quando a
outra pessoa que está se comunicando não entende ou não conhece o sinal de
alguma palavra.
O Número Cardinal indica o número ou quantidade dos elementos que constituem
um conjunto. Eles são utilizados em nosso dia a dia para representar diversas
funções, por exemplo, o número de telefone, CPF, identidade, conta do banco e etc.

Exemplos: 1 (um), 2 (dois), 3 (três), ..., 1.000 (mil), ...

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Na LIBRAS os números cardinais são utilizados das seguintes maneiras:

Representação de números:

Representação de quantidade:

E o Número Ordinal indica ordem, posição ou lugar ocupado em uma série.

Por exemplo: 1° (primeiro), 2° (segundo), 3° (terceiro), ..., 100° (centésimo), ...

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Na LIBRAS os números ordinais são sinalizados com movimentos trêmulos até o
nono, depois é representado igual os números cardinais:

Representação de ordem, posição ou lugar ocupado em uma série:

Para aqueles que estão aprendendo linguagem de sinais é muito importante


aprender as saudações em libras, afinal, como se inicia uma conversa sem uma
saudação?

Imagens de Saudações em Libras

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Cumprimentos em Libras

37

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Gênero e Família em Libras

Homem:

Mulher:

38

38
Menino:

Menina:

39

39
Família:

Pai:

40

40
Mãe:

Filho:

41

41
Filha:

Irmão:

42

42
Irmã:

Jovem:

43

43
Criança:

Bebê:

44

44
Tio:

Tia:

45

45
Avô:

Avó:

46

46
Primo:

Prima:

47

47
Cores:

48

48
Meses e dias da semana:

49

49
50

50
Tempo:

51

51
REFERÊNCIAS

Carpovilla Digital
Cidadão PG
Direito de Ouvir
Educação Pública
Libras
Libras na
Matemática
Puc Goiás
Trabalhando com
Surdos
Vlibras

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