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Controle de Qualidade &

Estudos de Estabilidade de
Produtos Cosméticos

Prof. Dr. Fábio de Souza Barbosa

- 2022-
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

O conceito de qualidade, embora bastante subjetivo, pode ser definido


como o conjuntos de atributos que se deseja para um determinado
produto.

Qualidade

Relacionada as
expectativas e
requisitos Características
projetadas pelo Adequação Requisitos de segurança,
consumidor ao uso legais performance e
desempenho
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Evolução do controle de qualidade

Século XIX Década de 50-60


Era da inspeção Era da garantia da
qualidade

Década de 30
Década de 60
Era do controle
Era do controle de
estatístico
qualidade Total
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Sistemas de gestão da qualidade: ISO 9000

Norma NBR ISO 9000: descreve os fundamentos de sistema de gestão da qualidade e


estabelece a terminologia para estes sistemas;

Norma NBR ISO 9001: especifica requisitos para um sistema de gestão da qualidade,
segundo os quais a organização precisa demonstrar sua capacidade para fornecer
produtos que atendam aos requisitos dos clientes e aos requisitos regulamentares
aplicáveis, e objetiva aumentar a satisfação do cliente;

Norma NBR ISO 9004: fornece diretrizes que consideram tanto a eficácia como a eficiência
do sistema de gestão da qualidade. O objetivo desta norma e melhorar o desempenho da
organização e a satisfação dos clientes e das outras partes interessadas.
Qualidade de produtos cosméticos
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

RDC n° 48/2013
Boas práticas de fabricação

Garantia
Produção de
qualidade

Controle Geren. de
de riscos da
qualidade qualidade
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Requisitos básicos de Boas Práticas de Fabricação

 Revisão sistemática dos processos de fabricação;

 Validação de processos de fabricação e avaliação de etapas críticas;

 As áreas de fabricação devem ser providas de infraestrutura necessária para


realização das atividades, incluindo:

I. pessoal treinado e qualificado


II. instalações e espaços adequados
III. serviços e equipamentos apropriados
IV. rótulos, embalagens e materiais apropriados
V. instruções e procedimentos aprovados
VI. depósitos apropriados
VII. pessoal, laboratório e equipamentos adequados para o controle de
qualidade.
Controle de Qualidade de produtos cosméticos
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Controle de qualidade

O Controle de Qualidade é a parte das BPF referente à coleta de


amostras, às especificações e à execução de testes, bem como à organização, à
documentação e aos procedimentos de liberação que asseguram que os testes
relevantes e necessários sejam executados, e que os materiais não sejam
liberados para uso, ou que produtos não sejam liberados para comercialização ou
distribuição, até que a sua qualidade tenha sido considerada satisfatória.
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Atribuições do Controle de qualidade

i. Avaliar as condições de transporte e armazenamento dos insumos recebidos,


por ocasião da amostragem;

ii. Aprovar ou rejeitar matérias-primas, material de embalagem, rótulos,


produtos semielaborados e lotes de produtos terminados, de acordo com
normas próprias de controle de qualidade;

iii. Fazer a amostragem e executar análises em amostras, por meio de testes


físicos, químicos ou biológicos;
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Atribuições do Controle de qualidade

iv. Emitir boletins analíticos;

v. Avaliar as condições ambientais da área produtiva, antes ou durante a


manipulação dos produtos;

vi. Avaliar e calibrar equipamentos analíticos e/ou de produção;

vii. Elaborar os planos de estudo de estabilidade em produtos novos;

viii. entre outros...


Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Requisitos para laboratórios de ensaios e calibração

i. Ambiente controlado e adequado

ii. Pessoal instruído, treinado e habilitado

iii. Equipamento adequadamente conservado e calibrado

iv. Rastreabilidade e incerteza de medição

v. Ações preventivas e ações corretivas

vi. Ensaios de proficiência (controle de qualidade externo)

vii. Métodos documentados e validados

viii.Padrões de referência certificados .....


Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Métodos analíticos validados


Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Especificações de qualidade para cosméticos

Especificações são documentos que descrevem atributos de matérias-primas,


materiais de embalagem, produtos a granel, semiacabados e acabados.

As especificações de Controle de Qualidade são estabelecidas pela empresa


atendendo a regulamentação e as normas vigentes;

Podem ser referências:

i. Compêndios
ii. Farmacopeias
iii. Laudos de fornecedores
iv. Pesquisas e tendências mercadológicas
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Especificações de qualidade para cosméticos

Listas restritivas

RDC nº 628, de 10 de março de 2022 Lista de substâncias corantes permitidas

RDC nº 645, de 24 de março de 2022 Condições de uso do acetato de


chumbo, formaldeído, paraformaldeído

RDC nº 629, de 10 de março de 2022 Dispõe sobre protetores solares e


produtos multifuncionais em
cosméticos
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Especificações de qualidade para cosméticos

Listas restritivas

RDC nº 530, de 4 de agosto de 2021 lista de substâncias que os produtos de


higiene pessoal, cosméticos e perfumes não
devem conter exceto nas condições, e com
as restrições estabelecidas
Controle de Qualidade de produtos cosméticos
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Amostragem

Amostra e a fração representativa de um todo, selecionada de tal modo que


possua as características essenciais do conjunto que ela representa.

a) A coleta da amostra deve ser realizada por pessoal treinado

b) A amostragem devera ser executada em etapa(s) definida(s) do processo;

c) A amostra do produto devera ser devidamente rotulada para garantir a


identificação e a rastreabilidade do mesmo (exemplo: Nome do
Produto/Lote/Numero da Ordem de Fabricação/Numero do Tanque de
Armazenamento/Data de Fabricação).
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Cálculo de Amostragem

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑠 = 𝑛 + 𝑥

𝑛 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠


𝑥=1

Exemplo: lote de 1000 unidades

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑠 = 1000 + 1

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑠 = 33
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Tratamento da amostra para análise

Amostras em estado líquido

Perfumes, loções, soluções, óleos, séruns, leites, entre outros.

 Homogeneização antes da coleta;

 Transferência de alguns mililitros do líquido para um recipiente adequado para


a realização dos ensaios pertinentes.
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Tratamento da amostra para análise

Amostras semissólidas

a) Produtos acondicionados em embalagens com abertura estreita (ex.: bisnagas,


frascos flexíveis): descarta-se a primeira alíquota do produto e retira-se a amostra
para ensaio.

b) Produtos acondicionados em embalagens com abertura larga (ex.: potes): a


camada superficial deve ser eliminada, homogeneizando-se o restante, para então
ser efetuada a tomada de amostra para ensaio.
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Tratamento da amostra para análise

Amostras sólidas

Pós, pós compactados, sabonetes em barra e batons na forma de bastão

Pós: a embalagem deve ser agitada antes de ser aberta, afim de garantir a
homogeneização da amostra. A seguir, deve ser efetuada a tomada de amostra
para ensaio.

Pós compactados, sabonetes em barra e batons na forma de bastão: a camada


superficial do sólido deve ser eliminada por meio de uma leve raspagem, para
então ser efetuada a tomada de amostra para ensaio.
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Ensaios analíticos
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios comuns aplicados a cosméticos

A necessidade dos ensaios é determinada pelas características do produto

Aspecto
Densidade
Viscosidade Métodos microbiológicos
Teor alcoólico i. contagem total de microrganismos mesófilos
Umidade ii. Ausência de microrganismos patogênicos
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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Aspecto

 Cor

 Transparecia (turvação)

 Materiais estranhos Alterações destas


características podem indicar
 Odor problemas de formulação, ou
instabilidade química, física
 Presença de gases ou microbiológica.

 Material de embalagem
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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

pH

O pH deve ser compatível com o local de aplicação do cosmético e com a


estabilidade da formulação

Para medidas em meio não aquoso


deve-se utilizar eletrodos específicos!!
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios comuns aplicados a cosméticos

pH

 Se o produto é um sólido ou semissólido, recomenda-se preparar uma


solução/ dispersão/suspensão aquosa da amostra em uma
concentração pré-estabelecida (geralmente a 10% m/v).

 Se o produto é uma loção ou solução, determinar o pH diretamente


sobre o liquido, imergindo-se o eletrodo diretamente nele.
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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Densidade relativa

Pesar o picnômetro vazio Completar volume do picnômetro


com amostra

Completar volume do picnômetro com água

Determinar a massa (cheio-vazio)


Determinar a massa (cheio - vazio)

O quociente entre a massa da amostra líquida e a


massa da água é a DENSIDADE RELATIVA

𝑚𝑝𝑖𝑐𝐴 − 𝑚𝑝𝑖𝑐
𝑑= 𝑚𝑝𝑖𝑐𝐻2𝑂 − 𝑚𝑝𝑖𝑐
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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Densidade bruta e de compactação para pós ou granulados

𝑚
𝑑=
𝑣
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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Viscosidade

 É a expressão da resistência ao escoamento, e é medida em centipoise (cp);

 Análise: Consiste em medir a resistência de um material ao fluxo por meio da


fricção ou do tempo de escoamento;

 Métodos mais comuns: viscosímetros rotativos, de orifício e capilares.


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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Viscosidade

Viscosímetro rotacional

Medição do torque requerido para rodar um fuso (spindle) imerso em um dado


fluido.
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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Viscosidade

Viscosímetro de orifício

Medição do tempo de escoamento do material comparado com a água. Utiliza-se


um copo na forma de cone (copo Ford), com um orifício na parte inferior por onde
escoa o fluido
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Viscosidade

Viscosímetro capilar

Medição do tempo de escoamento do material comparado com a água. A forca


hidrostática do liquido força-o a fluir através de um tubo capilar
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Viscosidade
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Granulometria

A proporção de partículas fora dos limites especificados poderá influenciar na


aparência, na performance e na cor do produto

Para sólidos: Tamisação: são utilizados tamises com malhas padronizadas para
especificar o tamanho das partículas;

Para emulsões: Difração a laser: utilizada para avaliar partículas de tamanho


reduzido.
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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Granulometria Difração de raios x


Tamis
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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Identificação e doseamento

 Métodos cromatográficos (HPLC, CCD)

 Métodos espectrométricos (UV, IV)

 Métodos volumétricos
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Doseamento

Ex. Doseamento de alumínio em antitranspirantes (exceto aerossol)

Método de absorção atômica

Chama: oxido nitroso/acetileno.


Comprimento de onda: 309,3 nm.
Correção de fundo: não.
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Ensaios comuns aplicados a cosméticos

Doseamento

Ex. Doseamento de filtros solares

Coluna: RP-C18 (125 mm x 4,6 mm) 5-μm.


Temperatura da coluna: 28 °C.
Fluxo: 1,0 ml/min.
Volume de injeção: 20 μl.
Comprimento de onda: 313 e 360 nm.
Membrana fi ltrante: 0,45 μm.
Fase móvel: gradiente de etanol e solução tampão de acetato
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios microbiológicos
Número total de microrganismos mesofílicos

Esse teste consiste na contagem da população de micro-organismos que


apresentam crescimento visível, em até cinco dias, em Ágar caseína-soja a (32,5 ±
2,5) °C e em até sete dias, em Ágar Sabouraud-dextrose a (22,5 ± 2,5) °C.

 Filtração em membrana
 Contagem em placa
 Método dos Tubos Múltiplos

A escolha do método é determinada por fatores tais como a natureza do produto e o


número esperado de micro-organismos, sendo que o método escolhido deve ser
devidamente validado!!!
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios microbiológicos
Número total de microrganismos mesofílicos
Ágar caseína-soja, (32,5 ± 2,5) °C
Crescimento de microrganismos
aeróbicos totais

Ágar Sabouraud-dextrose, (22,5 ± 2,5)


Crescimento de bolores e leveduras

Transferir 10 mL, ou a quantidade de diluição que


represente 1 g ou 1 mL da amostra a ser testada, para
duas membranas e filtrar imediatamente.
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios microbiológicos
Número total de microrganismos mesofílicos

Método de profundidade - Adicionar 1 mL da amostra, em


placa de Petri e verter, separadamente, de 15 mL a 20 mL de
Ágar caseína-soja e Ágar Sabouraud-dextrose mantidos de 45
°C a 50 °C.

Método de superfície - Adicionar em placas de Petri,


separadamente, de 15 mL a 20 mL de Ágar caseína-soja e Ágar
Sabouraud-dextrose e deixar solidificar. Secar as placas.
Adicionar à superfície de cada meio de cultura, 0,1 mL da
amostra.
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios microbiológicos
Número total de microrganismos mesofílicos

Exemplo de cálculo de UFC/g ou UFC/mL

Diluição N° de colônia/placa UFC/g ou mL


1:100 293 2,93 x 104
1:100 100 1,00 x 104
1:1000 41 4,10 x 104
1:1000 12 1,20 x 104

2,93 + 1,00 + 4,10 + 1,20


𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 𝑥 104 𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 2,30 𝑥 104 𝑈𝐹𝐶/𝑔
4
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

Ensaios microbiológicos
Número total de microrganismos mesofílicos

Procedimento para verificar a presença ou ausência de microrganismos específicos em


meios seletivos

X Bactérias Gram negativas bile tolerantes


X Escherichia coli
X Salmonella Cada microrganismo possui um
X Pseudomonas aeruginosa meio de cultura específico para
X Staphylococcus aureus crescimento e identificação
X Clostridium
X Candida albicans
Controle de Qualidade de produtos cosméticos

O lote de produtos cosméticos só pode ser liberado para o


comércio após a realização de todos os testes pertinentes e
aprovação pelo controle de qualidade!!

Amostras de retenção

Amostras de Referência Futura


- embalagem original ou equivalente
- armazenadas nas condições especificadas
- quantidade suficiente para no mínimo 2 análises completas
Estabilidade de produtos cosméticos
Estabilidade de produtos cosméticos

O estudo da estabilidade de produtos cosméticos contribui para:

i. Orientar o desenvolvimento da formulação e do material de


acondicionamento adequado;

ii. Fornecer subsídios para o aperfeiçoamento das formulações;

iii. Estimar o prazo de validade e fornecer informações para a sua


confirmação;

iv. Auxiliar no monitoramento da estabilidade organoléptica, físico-


química e microbiológica, produzindo informações sobre a
confiabilidade e segurança dos produtos.
Estabilidade de produtos cosméticos

Fatores que influenciam a estabilidade de produtos cosméticos

Fatores extrínsecos Fatores intrínsecos


i. Temperatura i. Estabilidade intrínseca dos
ii. Umidade constituintes da formulação;
iii. Luz ii. Incompatibilidades físico-químicas
iv. Oxigênio dos constituintes da fomulação.
v. Materiais de acondicionamento
vi. Contaminação e proliferação
microbiana
vii. Condições de transporte
(temperatura e vibração)
Estabilidade de produtos cosméticos

Fatores que influenciam a estabilidade de produtos cosméticos


Fatores intrínsecos

i. Temperatura
ii. Umidade
iii. Luz
iv. Oxigênio
v. Materiais de acondicionamento
vi. Contaminação e proliferação microbiana
vii. Condições de transporte (temperatura e vibração)
Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Física

Instabilidade Física Efeito na qualidade


 Sorção do ativo para a embalagem ou  Perda do ativo
a tampa;  Toxicidade dos extrativos
Produtos líquidos
 Extração de materiais da embalagem;  Mudança no pH da solução
em geral  Desprendimento de partículas de  Má aparência
recipientes de vidro.
 Má aparência
 Produto não homogêneo
 Separação de fases e rachaduras
Emulsões e cremes  Características de aplicação
 Redução na viscosidade
indesejáveis para produtos
tópicos
Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Microbiológica

Produtos cosméticos são vulneráveis à contaminação e à deterioração por


microrganismos.

 Contaminação é a entrada de microrganismos no produto,

 Deterioração descreve o dano ao produto que resulta do


crescimento microbiano.

O crescimento microbiano pode levar a infecções no paciente e degradar o


ingrediente ativo, reduzir a estabilidade física do produto ou torná-lo
inviável ao paciente.
Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Microbiológica

Fontes de contaminação

 As matérias-primas, incluindo a água a partir da qual o produto é


fabricado.
 O ambiente de fabricação, incluindo atmosfera, equipamentos e superfícies
de trabalho.
 A equipe de fabricação.

As matérias-primas de origem animal, vegetal ou de origem mineral costumam ter


um nível mais elevado de contaminação do que as por síntese química nas quais
calor, pH extremo ou solventes orgânicos tendem a reduzir os microrganismos.
Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Microbiológica

Fontes de contaminação

Contaminação pelo próprio usuário!!

 contaminação por parte do usuário ainda é um problema a ser considerado


no design do recipiente, nas instruções de rotulagem e na preservação do
produto.
Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Microbiológica

Fontes de contaminação

Colônias de bactéria resultantes do toque de


dedo em ágar. No canto superior esquerdo:
bactéria de um dedo não lavado; canto
superior direito: bactéria de um dedo lavado
com sabão bactericida; canto inferior:
nenhuma colônia a partir de um dedo imerso
em solução antisséptica.
Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Microbiológica

São sinais visíveis de contaminação e proliferação microbiana

i. Turvação e nebulosidade em formas líquidas

ii. Alterações de cor e odor

iii. Presença de gases


Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Microbiológica

Fatores que influenciam o crescimento de microroganismos

 Atividade de água

 Disponibilidade de nutrientes.

 Temperatura.

 pH.

 Potencial de oxidação-redução

 Presença de conservantes.
Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Microbiológica

Teste de eficácia dos conservantes (Challenge test)

Neste teste a formulação é desafiada através da inoculação de


microrganismos específicos.

Microrganismos utilizados

- Candida albicans ATCC 10231


- Aspergillus brasiliensis ATCC 16404
- Escherichia coli ATCC 8739
- Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027
- Staphylococcus aureus ATCC 6538

O teste envolve a adição deliberada de bactérias e fungos e a avaliação de


sua inativação
Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Química

 Hidrólise: A hidrólise é a quebra de uma ligação molecular por meio da


reação com a água. Essas reações só dependem da água para ocorrer,
porem, são significativamente catalisadas pelo pH do meio.

 A maioria das reações de hidrólise envolve derivados de ácidos


carboxílicos, tais como ésteres e amidas.

 O carbono do grupo éster carboxila é relativamente deficiente em


elétrons, devido à polarização da ligação causada pelos átomos de
oxigênio adjacentes.
Estabilidade de produtos cosméticos

Estabilidade Química
 Oxidação: As reações de oxidação envolvem um aumento do número de
ligações carbono-oxigênio numa molécula ou uma redução no número de
ligações carbono-hidrogênio;

 Estas reações são uma causa comum de instabilidade química. Eles também
são responsáveis pela deterioração dos óleos vegetais, que podem ser
utilizados em produtos cosméticos como solventes ou emolientes em
emulsões e cremes.

 As reações de oxidação tendem a ser mais complexas que reações de


hidrólise..

 A oxidação ocorre comumente por:


 Auto-oxidação
 Oxidação por peróxido de hidrogênio
Estabilidade de produtos cosméticos

Condições para estudos de estabilidade

Estudo de estabilidade preliminar


Não tem a finalidade de estimar a vida útil do produto, mas sim de auxiliar na triagem das
formulações.

Estufa: T= 37 ± 2 °C
Estufa: T= 40 ± 2 °C
Estufa: T= 45 ± 2 °C
Estufa: T= 50 ± 2 °C

Teste de centrifuga
3.000 rpm durante
30 minutos.
Estabilidade de produtos cosméticos

Condições para estudos de estabilidade

Estudo de estabilidade preliminar

Ciclos de congelamento e descongelamento


Ciclos de 24 horas à temperatura ambiente, e 24 horas a –5 ± 2°C.
Ciclos de 24 horas a 40 ± 2° C, e 24 horas a 4 ± 2° C.
Ciclos de 24 horas a 45 ± 2° C, e 24 horas a –5 ± 2° C.
Ciclos de 24 horas a 50 ± 2° C, e 24 horas a –5 ± 2° C.
Estabilidade de produtos cosméticos

Condições para estudos de estabilidade

Estudo de estabilidade acelerada

Tem como objetivo fornecer dados para prever a estabilidade do produto,


tempo de vida útil e compatibilidade da formulação com o material de
acondicionamento.

Normalmente realizada em período de até 90 dias, mas pode se estender


Estabilidade de produtos cosméticos

Condições para estudos de estabilidade

Estudo de estabilidade acelerada

Estufa: T= 37 ± 2 °C
Estufa: T= 40 ± 2 °C 5 ± 2 °C
Fotoestabilidade –5 ± 2 °C
Estufa: T= 45 ± 2 °C
Estufa: T= 50 ± 2 °C –10 ± 2 °C
Estabilidade de produtos cosméticos

Condições para estudos de estabilidade

Estudo de estabilidade de longa duração (teste de prateleira)

Tem como objetivo validar os limites de estabilidade do produto e


comprovar o prazo de validade estimado no teste de estabilidade
acelerada.

A frequência das análises deve ser determinada conforme o produto, o


número de lotes produzidos e o prazo de validade estimado.
Estabilidade de produtos cosméticos

Condições para estudos de estabilidade

RDC n° 318/2019
Estabilidade de
medicamentos
Estabilidade de produtos cosméticos

Condições para estudos de estabilidade

Avaliações realizadas durante o estudos de estabilidade

Características organolépticas: aspecto, cor, odor e sabor, quando


aplicável;

Características físico-químicas: valor de pH, viscosidade, densidade,


doseamento, distribuição granulométrica, teor de água.

Características microbiológicas: estudo do sistema conservante do


produto por meio do teste de desafio efetuado antes e ou após o período
de estudo acelerado.
Estabilidade de produtos cosméticos

Teste de transporte e distribuição

Os estudos de estabilidade têm a finalidade de predizer o comportamento


do produto em todo o sistema logístico, incluindo manuseio e transporte.

Ensaio real:
Acondicionamento em caminhões, aviões, trem, navio

Ensaio simulado:
Equipamentos e condições que simulem diferentes meios de transporte (vibração,
pressão, teste de queda e variações ambientais)
Referências

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Gerência Geral de Cosméticos.


Guia de Estabilidade de Produtos Cosméticos. Brasília, 2004.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Gerência Geral de Cosméticos.


Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosméticos. Brasília, 2008.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). RDC n° 48 de 25 de outubro


de 2013. Brasília, 2008.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Farmacopeia Brasileira


Volume 1, 6 ed. Brasília, 2019.

PINTO TJ, et al. Controle biológico de qualidade de produtos farmacêuticos, correlatos e


cosméticos. 4 ed. Editora Manole. 2015.

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