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CONFISSÕES GERAIS:

UM MANUAL PARA PADR ES

Título original:
Modus se gerendi in confessionibus generalibus
(da obra Theologia pastoralis complectens
practicam institutionem confessarii)

ISBN:
978-85-52993-18-6

Publicado por:

Av. Higienópolis, 174, Centro


86020-908 — Londrina (PR) — Brasil
editorapadrepio.org

Autoria de Pe. José Aertnys, C.Ss.R.


Capa por Klaus Bento
Diagramação por Eduardo de Oliveira
Direção de Criação por Luciano Higuchi
Edição e Revisão por Éverth Oliveira
Tradução de Equipe Christo Nihil Præponere

© Todos os direitos desta edição


pertencem e estão reservados à
Editora Padre Pio.

Com exceção de pequenos excertos utilizados em análises críticas, nenhuma


parte desta obra pode ser reproduzida, transmitida ou armazenada, em qual-
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A criação, exploração e distribuição de quaisquer edições não autorizadas
desta obra, em qualquer formato existente atualmente ou no futuro —
incluindo mas não se limitando a texto, áudio e vídeo —, é proibida sem a
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Redempti ac vivificati Christi sanguine, Christo nihil præponere debemus,


quia nec ille quidquam nobis præposuit.
SUMÁRIO

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Sobre o autor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

MODO DE LIDAR COM


AS CONFISSÕES GERAIS

Artigo I
Utilidade das Confissões Gerais em geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Artigo II
Pessoas às quais a Confissão Geral é necessária, útil ou nociva . . . . 19

Artigo III
Modo de ouvir a Confissão Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Artigo IV
Catálogo dos Pecados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Interrogações prévias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Sobre o Sexto e o Nono Mandamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Sobre o Primeiro Mandamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Sobre o Segundo Mandamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Sobre o Terceiro Mandamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Sobre o Quarto Mandamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Sobre o Quinto Mandamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Sobre o Sétimo e o Décimo Mandamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Sobre o Oitavo Mandamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
PREFÁCIO
Padre Paulo Ricardo

Neste vale de lágrimas em que vivemos, nada importa tanto


quanto a salvação das almas. Percorre os séculos o clamor da
Sabedoria aos corações humanos: “Que aproveitará ao homem
ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8, 36). Mas
a obra da salvação é obra da graça, que restaura a natureza hu-
mana e a torna participante da divina. Portanto, sem os meios
sobrenaturais da graça, só alcançaremos bens terrenos, incapa-
zes de nos garantir uma eternidade feliz.

Dentre os meios principais da graça, Cristo nos deixou os sete


sacramentos: Batismo, Eucaristia, Crisma, Penitência (ou Con-
fissão), Ordem, Matrimônio, Unção dos Enfermos, cada um
contendo graças eficazes especiais. O sacramento da Penitên-
cia, em particular, destina-se a restaurar a graça santificante
no cristão que a perdeu pelo pecado mortal, conferindo, além
disso, forças para resistir às tentações no futuro. Por ser recebi-
do muitas vezes durante a vida, este sacramento é de máxima
importância na vida cristã. Daí podemos perceber a nobreza e
grandiosidade da missão do sacerdote confessor.

Em seus livros dirigidos ao clero, Santo Afonso de Ligório fre-


quentemente cita a seguinte frase de São Pio V: “Dai-me con-
fessores competentes, e vereis uma reforma completa em toda a
cristandade”. Tão importante é a missão do confessor aos olhos
1

1. Cf. Homo Apostolicus, Introdução: Dentur idonei confessarii, ecce omnium christia-
norum plena reformatio.

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do santo Papa e do santo Doutor, que eles creem ser possível


reformar a cristandade inteira apenas por este meio: confesso-
res competentes. E têm razão. Afinal, onde abrimos nossa alma
com mais franqueza que no confessionário, confiantes no sigi-
lo sacramental? Quem, além do sacerdote, pode arrancar nossa
alma das garras do maligno, pela absolvição? De quem, senão
do prudente confessor, podemos receber conselhos úteis para
emendarmos nossas vidas errantes? Quem nos pode instruir nas
verdades eternas com mais clareza senão o sábio confessor? Mas
ah!, como é raro encontrar um tal confessor!

Santo Afonso dizia: “Se em todos os confessores se encontras-


sem a ciência e a bondade convenientes a tamanho ministério,
nem o mundo estaria tão deturpado pela lama dos pecados,
nem o inferno tão cheio de almas batizadas”. Certamente o 2

santo Doutor repetiria hoje tais palavras, provavelmente em


tom ainda mais pesaroso.

Com essa publicação queremos contribuir, embora modesta-


mente, para que haja mais confessores competentes, e assim
mais almas sejam salvas.

Traduzimos quatro capítulos do livro Theologia Pastoralis com-


plectens practicam institutionem confessarii, do sacerdote reden-
torista José Aertnys (1828–1915). Trata-se do capítulo em que o
autor ensina o modo de lidar com as confissões gerais. No pri-
meiro artigo, expõe ele genericamente a utilidade das confissões
gerais, confirmando-a com o documento Apostolica Constitutio
de Bento XIV, e com frases de Santo Afonso, São Francisco de
Sales e outros autores. No segundo artigo, ensina a que tipo de
pessoas a confissão geral é necessária, útil ou nociva. No tercei-
ro, instrui o confessor quanto ao modo de ouvir a confissão ge-

2. Prática dos Confessores, Introdução.

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

ral. E no quarto artigo, apresenta uma lista de pecados, que o


confessor pode utilizar naquelas confissões de penitentes rudes
ou que não fizeram um diligente exame de consciência.

O leitor descobrirá, por exemplo, que a confissão geral é necessá-


ria aos que no passado fizeram confissões inválidas, ou porque
ignoraram mistérios de fé nos quais deveriam crer, ou negligen-
ciaram o exame de consciência, ou esconderam conscientemen-
te algum pecado grave, ou não tiveram arrependimento e pro-
pósito. Saberá ainda que, embora não seja necessária, a confissão
geral é útil: a todos os adultos que ainda não a fizeram; àqueles
cujas confissões anteriores são dubiamente válidas; aos recém-
-convertidos; antes de adotar um estado de vida, isto é, antes
do matrimônio, antes do sacerdócio, antes da profissão religiosa;
aos que se encontram em perigo de morte, se ainda têm forças,
ou aos que devem submeter-se a um perigo de morte.

O autor originalmente dirigia-se a sacerdotes confessores ou se-


minaristas que pretendiam tornar-se confessores. Não obstante,
este conteúdo também pode beneficiar os leigos interessados ou
em fazer uma confissão geral, ou ao menos em ensinar parentes
e amigos a fazerem-na com fruto. Exemplo disso é o segundo
artigo, onde o autor, dentre outras coisas, ensina que a confissão
geral é ordinariamente nociva: às pessoas tecnicamente diagnos-
ticadas como escrupulosas; aos que no passado mergulharam
na sexualidade desregrada, pelo risco de caírem na tentação ao
recordarem os antigos pecados; e a alguns outros.

Desejamos que esse livro digital forneça ao menos um vislum-


bre do que foi a teologia moral num passado não muito distan-
te, para que ele desperte nos corações sacerdotais o desejo de
retomar o estudo dessa disciplina tão útil ao ministério pasto-
ral e tão necessária à consecução do que realmente importa: a
salvação das almas.

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SOBRE O AUTOR

José Aertnys, ou Josef Aertnijs, foi teólogo moral redentoris-


ta — isto é, da Congregação do Santíssimo Redentor, fundada
por Santo Afonso Maria de Ligório.

Nasceu em Eindhoven, na Holanda, em 15 de janeiro de


1828, e faleceu em Wittem, também na Holanda, em 30 de
junho de 1915.

Depois de ser educado pelos redentoristas, Aertnys fez sua


profissão religiosa em 15 de outubro de 1846, e foi ordenado
sacerdote em 14 de setembro de 1854.

Professor de teologia moral em Wittem de 1860 a 1898, e


consultor dos bispos e sacerdotes de sua terra natal para
assuntos teológicos e canônicos, Aertnys escreveu exten-
samente sobre liturgia, sendo um Cæremoniale solemnium
functionum e um Compendium liturgiæ sacræ duas de suas
mais importantes obras.

Escreveu também uma Theologia pastoralis, voltada aos con-


fessores, que foi de onde extraímos o presente opúsculo.

Todavia, a obra mais importante de sua pena é, sem dúvida, a


sua Theologia moralis juxta doctrinam S. Alphonsi [“Teologia
Moral de acordo com a doutrina de Santo Afonso”], que conti-
nuou a ser editada mesmo após a sua morte, primeiro pelo Pe.
Cornélio Afonso Damen, e depois pelo Pe. Jan Visser, ambos
redentoristas.

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Oxalá seja suficiente, para atestar a qualidade e solidez de sua


obra, esta carta que o Papa São Pio X redigiu em 1906, ao pró-
prio Aertnys, elogiando a sua Teologia Moral:

Ao dileto filho: saudação e bênção apostólica.


Assim como recebemos com agrado os teus livros de Teologia
Moral, oferecidos de presente, de bom grado e com vontade
grata os louvamos. Pois um professor de tão séria disciplina
que gastasse cinco anos ensinando teologia moral, não po-
deria dar um fruto de ciência ou de aplicação das coisas que
ultrapassasse o que foi produzido por ti. Nesta obra agrada
não só a clareza das opiniões, mas também a seriedade das
coisas, sustentada em ótimos fundamentos, não tanto de au-
tores como de razões; embora, se quisermos considerar a ex-
celência e o peso dos doutores, encontramos constantemente
em ti aquele guia maduro e robusto, que qualquer estudioso
desta disciplina pode sempre seguir sem risco. Por essa razão,
com felicitações e votos honramos teu excelente serviço pres-
tado aos clérigos encarregados dos estudos e aos ministros das
sagradas confissões; e são votos de que sejas abundantemente
útil não só no aperfeiçoamento da ciência dos sacerdotes, mas
também na maior facilidade com que muitos fiéis alcancem a
salvação. Com muito amor no Senhor concedemos-te a bên-
ção apostólica, testemunha de nossa benevolência e auspício
das graças celestes.
Dado em Roma junto de São Pedro, no dia 2 de maio do ano
de 1906, terceiro do nosso Pontificado.
3

3.Texto publicado nas AAS 39 [1906], p. 338, mas disponível também no site da
Santa Sé (acesso a 15 fev. 2024).

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MODO DE LIDAR COM AS

CONFISSÕES GERAIS
José Aertnys
CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

Confessio generalis multis A confissão geral convém a muitos como


ex necessitate incumbit, ali-
is consulitur tamquam utilis, necessária, aconselha-se a outros como
paucis demum interdicitur útil, proíbe-se a uns poucos como no-
veluti noxia. Tractando de
civa. Ao tratar das confissões gerais: 1.º
confessionibus generalibus 1º
exponemus earum utilitatem in exporemos a utilidade delas em geral; 2.º
genere; 2º dicemus quibusnam falaremos das pessoas às quais esta con-
personis eiusmodi confessio sit
necessaria, vel utilis, vel noxia; fissão é necessária, ou útil, ou nociva; 3.º
3º trademus modum eas exci- ensinaremos o modo de ouvi-las; 4.º for-
piendi; 4º subiungemus catalo-
neceremos um catálogo de pecados para o
gum peccatorum pro examine
conscientiæ. exame de consciência.

ARTICULUS I ARTIGO I
Confessionum Generalium Utilidade das Confissões
utilitas in genere Gerais em geral
Ad persuadendam illam utilita-
tem nihil magis conducet quam Para inculcar a utilidade da confissão geral,
gravissima testimonia allegare
Sanctorum Missionariorum,
nada melhor do que citar os gravíssimos
Sanctorum Episcoporum, et testemunhos dos santos missionários, dos
ipsorum Summorum Pontifi- santos bispos e dos próprios Papas. Bento
cum. Plura horum testimonio-
rum congessit Benedictus XIV XIV reuniu muitos destes testemunhos na
in Constit. Apostolica 26 Iunii encíclica Apostolica Constitutio, razão pela
1749, n. 16 et 17; quamobrem
verba eius referre iuvabit. Tra-
qual será útil mencionar suas palavras.
dendo saluberrimas instructio- Transmitidas salubérrimas instruções com
nes, quibus præparandi sunt as quais os povos devem ser preparados
populi ad Iubilæi fructum per-
cipiendum, n. 15 hortatur Sa- para colher os frutos do Jubileu, exorta os
cerdotes, qui sacrarum Missio- sacerdotes encarregados das sagradas mis-
num ministerio incumbunt, ut
pœnitentiam populo inculcent,
sões a moverem o povo à penitência e a
4

4. “Em sentido canônico entende-se por missão o minis-


tério da pregação concedido pelo legítimo Superior ecle-
siástico (CIC/1917, cân. 1328) para a difusão do Santo

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demonstrarem a utilidade da confissão ge- et n. 16 et 17 ut confessionum


generalium utilitatem osten-
ral. Eis o trecho: dant. En totum contextum:

Que, cheios de zelo apostólico, os en- Qui sacrarum Missionum


carregados do ministério das sagradas ministerio incumbunt,
apostolico instructi zelo,
missões dirijam a palavra contra as de- in sæculi corruptelas, quæ
pravações do século que se alastram por longe lateque grassantur,
toda a parte, recordando-se das palavras sermonem convertant, me-
mores verborum Isaiæ cap.
de Isaías: “Clama fortemente, não ces-
58: Clama, ne cesses, quasi
ses, levanta como trombeta a tua voz, e tuba exalta vocem tuam, et
annuntia populo meo scelera

Evangelho, segundo o mandamento do Divino Mestre:


‘Ide e ensinai’ (Mc 15, 16; Mt 28, 19-20). As missões,
portanto, podem ser definidas como expedições sagra-
das instituídas diretamente para renovar o fervor cristão
e converter os pecadores, bem como para a difusão da
fé católica entre os hereges e infiéis. Assim, temos duas
espécies de missões: a) missões internas, também chama-
das populares ou missões sagradas (CIC/1917, cân. 1349,
§ 1); e missões estrangeiras (Ibid., cc. 1349, § 1; 1350, § 2),
cujo fim essencial e principal consiste em estender o rei-
no de Cristo no mundo infiel e em aumentar o núme-
ro dos fiéis. — As missões internas, também chamadas
exercícios para o povo, são o ministério extraordinário de
um ou mais pregadores enviados pela autoridade com-
petente (cf. cc. 1328, 1337), os quais com um método
particular transmitem a uma cidade, paróquia ou região
a palavra de Deus mediante a exposição orgânica das
verdades da fé para a conversão dos pecadores e a refor-
ma dos costumes e do culto. — As missões estrangeiras,
ao contrário, fazem parte do ministério eclesiástico que
cuida da introdução ou consolidação da fé católica entre
os acatólicos. Portanto, a atividade das missões exteriores
ou estrangeiras começa com a pregação do Evangelho e
progressivamente se estende ao exercício pleno do ofício
sacerdotal e pastoral. — A história das missões internas
remonta ao séc. XI; quanto às estrangeiras, devemos di-
zer que remontam ao próprio Divino Mestre” (Francesco
Roberti, Diccionario de teologia moral. Barcelona: Edito-
rial Liturgica Española, 1960, p. 803-804). (N.T.)

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eorum, et domui Iacob pec- anuncia ao meu povo as suas maldades,


cata eorum. Pœnitentiæ ne-
cessitatem indicant, ac ine-
à casa de Jacó os seus pecados” (Is 58, 1).
luctabilem animæ iacturam Mostrem a necessidade da penitência, e
urgeant, nisi pœnitentiæ a perda irreparável da alma se os crimes
ope crimina deleantur: quo não forem apagados por obras de peni-
pertinet illud Christi Do-
mini, Lucæ cap. 13: Nisi tência, tendo em conta as palavras de
pœnitentiam egeritis, om- Cristo Senhor: “Se não fizerdes penitên-
nes similiter peribitis. Ad cia, todos perecereis do mesmo modo”
hæc, divinæ misericordiæ
divitias extollant, quæ in
(Lc 13, 3). Para isto, exaltem as riquezas
eos effunduntur, qui, pra- da divina misericórdia, que são derra-
vis anteactæ vitæ moribus madas naqueles que, abandonando com-
omnino reiectis, cor no-
vum, novumque spiritum
pletamente os maus hábitos da vida pas-
sibi comparant. Interim sada, adquirem um novo coração e um
vero præ oculis habeant ea novo espírito. Tenham diante dos olhos
Domini verba, Ezechielis aquelas palavras do Senhor em Ezequiel:
cap. 18: Convertimini, et
agite pœnitentiam ab om- “Convertei-vos, apartai-vos de todas as
nibus iniquitatibus vestris, vossas iniquidades, e a iniquidade não se
et non erit vobis in ruinam tornará em vossa ruína. Lançai para lon-
iniquitas. Proiicite a vobis
omnes prævaricationes ve-
ge de vós todas as prevaricações de que
stras, in quibus prævaricati vos tornastes culpados, e fazei-vos um
estis, et facite vobis cor no- coração novo e um espírito novo… Não
vum et spiritum novum…
Quia nolo mortem morien-
sinto gosto na morte do que morre, diz o
tis, dicit Dominus Deus, re- Senhor Deus! Convertei-vos e vivei” (Ez
vertimini et vivite. Et cap. 18, 30-32); “Juro pela minha vida, diz o
33: Vivo ego, dicit Dominus Senhor Deus, que não quero a morte do
Deus, nolo mortem impii, sed
ut convertatur impius a via ímpio, mas sim que se converta do seu
sua, et vivat. mau proceder e viva” (Ez 33, 11).
Proposita virtutis pœnit- Proposta a necessidade da virtude da
entiæ necessitate, ad Sa-
cramentum Pœnitentiæ
penitência, conduzam a pregação ao sa-
sermonem convertant, at- cramento da Penitência, e não cessem de
que hortamenta ac monita exortar e aconselhar os fiéis a receberem
ingeminent, ut fideles hoc
saluberrimo muniti Sacra-
este salubérrimo sacramento, a fim de se
mento, ad annum iubilæi aproximarem do ano de Jubileu devida-
accedant rite dispositi. mente dispostos. Depois, ensinem os po-
Hinc ad validam ac utilem vos a fazerem uma válida e útil confissão
peccatorum confessionem
perficiendam populos eru- dos pecados; expliquem a necessidade

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absoluta de repetir as confissões invá- diant; omnimodam necessi-


tatem iterandi confessiones
lidas do passado; e empreguem todo o pridem irritas explicent;
cuidado para que, também aqueles que omnemque curam adhibe-
não se julgam obrigados por qualquer ant, ut ii quoque, qui nulla
necessidade, sejam persuadidos a ma- necessitate obstrictos se
putant, ad præterita crimina
nifestar novamente os antigos pecados in Pœnitentiæ Sacramento
no sacramento da Penitência e a realizar iterum manifestanda, atque
uma confissão geral dos pecados. “Em- ad generalem peccatorum
confessionem instituendam
bora não seja necessário confessar no- facile inducantur. Licet non
vamente os mesmos pecados, contudo, sit de necessitate iterum con-
julgamos salutar que seja repetida a con- fiteri eadem peccata, tamen
propter erubescentiam, quæ
fissão dos mesmos pecados, tendo em est magna pœnitentiæ pars,
vista a humilhação, na qual está grande ut eorumdem peccatorum
parte da penitência.” As palavras são de iteretur confessio reputamus
nosso predecessor Bento XI, na Decretal salubre: verba sunt Præd-
ecessoris nostri Bened. XI
Inter Cunctas, de Privilegiis, incluída nas in Decretali Inter Cunctas
Extravagantes Communes. São Carlos
5
de Privilegiis, relata inter
Borromeu, nos Conselhos aos Confesso- Extravagantes communes.
Quibus consona scribit
res, escreveu palavras semelhantes, que o S. Carolus Borromæus in
nosso predecessor Inocêncio XII cuidou suis ad Confessarios mo-
que fossem impressas novamente em nitis, quæ Innocentius XII,
Prædecessor noster, ut iis,
Roma, para que servissem de exemplo e qui Confessiones audiunt,
ensinamento aos que ouvem confissões. exemplo essent ac docu-
Assim fala São Carlos: “Que os confesso- mento, Romæ iterum im-
primenda curavit. Confessa-

5. “Frequentemente as Decretais que ficavam de fora


das coleções eram chamadas ‘extravagantes’. E este foi o
nome definitivo que receberam duas coleções inseridas
em 1580 (1582) em quase todas as edições do Corpus
Iuris Canonici tradicional, uma chamada Extravagan-
tes Ioannis XXII, e outra, Extravagantes Communes. A
primeira, preparada entre 1317-1326 por Guglielmo di
Monte Laudono e Zenzelino da Cassanis, foi publicada
por Giovanni Chappuis, de Paris, entre 1500-1503; a
outra, coligida pelo mesmo Chappuis, foi publicada na
mesma data” (Luigi Chiappetta. Il Codice di Diritto Cano-
nico: Commento giuridico-pastorale, vol. 1. Bologna: EDB,
2011, p. XXXIV). (N.T.)

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rii, ita loquitur S. Carolus, res, segundo a condição de cada pessoa


pro cuiusque personæ qualita-
te, opportuno tempore et loco,
e em tempo e lugar oportunos, exortem
ad generalem quamdam Con- os penitentes a fazerem uma confissão
fessionem pœnitentes exhor- geral; a fim de que, contemplando por
tentur, ut per hanc, proposita
meio desta [confissão geral] toda a vida
omni præterita vita sibi ob
oculos, maiori cum alacritate passada, retornem ao Senhor com maior
redeant ad Dominum, ac om- entusiasmo e reparem todos os erros que
nes errores, qui potuissent in porventura tenham ocorrido nas confis-
præcedentibus Confessionibus
accidere, resarciant. sões passadas.”

Hanc ipsam generalium São Francisco de Sales também fala des-


Confessionum utilitatem in sa mesma utilidade das confissões gerais
suorum Operum locis quam-
plurimis S. Franciscus Sale- em muitos lugares das suas obras. As
sius commendat. Præcipua principais palavras, por sinal cheias de
vero sunt, multamque redo- suavidade, são as que citamos aqui to-
lent suavitatem verba illa,
quæ ex epistola ad Viduam
madas da carta enviada por ele a uma
Matronam data hic repeti- viúva, traduzidas do francês para o la-
mus, e Gallico sermone La- tim: “Recebi uma carta do teu pai pedin-
tine reddita: Accepi litteras a
Patre tuo, quibus a me postulat,
do-me que lhe indique algo que seja útil
ut aliquid, quod animæ saluti à salvação de sua alma. De bom grado
profuturum sit, illi aperiam. atendo aos seus desejos, e talvez mais
Lubens et facilior fortasse quam
prontamente do que deveria. Os con-
par est, votis annuo. Quæ illi
trado monita, ad duo revocan- selhos que lhe dou reduzem-se a dois
tur capita. Alterum est, sedula pontos. Primeiro: um exame diligente
ac universalis anteactæ vitæ di- e completo da vida passada, seguido de
cussio, quam generalis Confes-
sio, et par pœnitentia sequatur. uma confissão geral e da devida peni-
Hoc enim illud est, quod nemo tência. Pois isto é algo que nenhum ho-
vir ingenuus ante obitum ne- mem bom negligencia antes de morrer.
gligit. Alterum in eo versatur,
ut paulatim a mundi illecebris Segundo: que se esforce por desapegar
animum studeat avellere. Eiu- gradativamente a alma das seduções do
smodi epistolæ exemplum mundo.” O texto desta carta encontra-se
inseritur tom. I illius operum
editionis Parisiensis anno
no tomo I de suas Oeuvres, edição pari-
1669, pag. 914, n. 6. siense de 1669, pág. 914, n. 6.
In vita S. Vincentii a Paulo, Na biografia italiana de São Vicente de
Fundatoris Congregationis
Missionis, italice scripta,
Paulo, fundador da Congregação da
multis agitur de fructu, qui Missão, muitas vezes se fala do fruto
a generalibus Confessio- proveniente das confissões gerais por

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

ocasião das sagradas missões. Daí que nibus, occasione sacrarum


Missionum, percipitur. Hinc
as regras da referida Congregação, apro- memoratæ Congregationis
vadas pela Sé Apostólica, entre outros regulæ, ab Apostolica Sede
ministérios do Instituto enumeram o probatæ, inter cætera Institu-
ti ministeria illud enumerant,
seguinte: “Encorajar e ouvir confissões Confessiones generales totius
gerais de toda a vida passada.” Do mes- anteactæ vitæ suadere et exci-
mo teor são as palavras de Urbano VIII pere. Eodem pertinent verba
Urbani VIII relata in Bulla,
na bula Salvatoris nostri, na qual apro- quæ incipit: Salvatoris no-
vou o Instituto da referida Congregação; stri, qua Institutum præfatæ
assim encarece a utilidade e a prática das Congregationis confirmatur;
ita namque generalium Con-
confissões gerais: “Do abundante suces- fessionum usum ac utilitatem
so destas (isto é, das obras e ministérios commendat: Ex quorum feli-
cibus successibus (operum sci-
particulares e próprios ao Instituto da
licet ac ministeriorum, quæ
Congregação) é manifesto que este pie- Congregationis Instituto
doso Instituto é agradabilíssimo a Deus, propria sunt ac particularia)
evidenter apparet, hoc pium
utilíssimo aos homens, e absolutamente Institutum Deo acceptissimum,
necessário; pois em razão dele, embo- hominibus vero utilissimum,
ra não há muito tempo, o raro uso das prorsusque necessarium esse: ex
eo enim, licet non multo abhinc
confissões sacramentais, inclusive das tempore, rarus antea Confes-
gerais, e da Santíssima Eucaristia, tor- sionum sacramentalium, etiam
nou-se frequente por graça de Deus.” generalium, et Sanctissimæ
Eucharistiæ usus, frequens per
Dei gratiam factus est.
Daí que nosso predecessor Inocêncio
XII, considerando os sérios prejuízos Hinc Prædecessor noster In-
que podem resultar da realização de nocentius XII secum reputans
graviores defectus, qui ex irri-
confissões inválidas no passado, na Ins- to præteritarum Confessio-
trução que divulgou após promulgar o num usu possunt occurrere,
ano do Jubileu, exortou cada peregrino in ea, quam post indictum
Iubilæi annum evulgavit
a declarar novamente no foro sacramen- Instructione, hisce verbis a
tal todos os pecados da vida passada, Nobis latine redditis, quem-
libet peregrinorum hortatur,
com as seguintes palavras que Nós ago- ut ante discessum universa
ra traduzimos: “Quem estiver de saída, anteactæ vitæ crimina iterato
faça antes uma confissão geral válida; e aperiat in foro sacramentali:
Discessurus validam ac genera-
seja advertido a não negligenciá-la, logo lem Confessionem præmittat; ac
que surgir a oportunidade, para assim moneatur, ut hac oblata occasio-
corrigir os defeitos que porventura te- ne, id non negligat: ut nimirum
medeatur languoribus, quibus
nham afetado as confissões passadas. Os Confessiones pridem habitæ for-

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

tasse laborant. Sane conscien- diretores de consciência unanimemente


tiarum moderatores uno ore
conveniunt, multam ex ge-
concordam que a prática das confissões
neralium Confessionum usu gerais é de grande utilidade, pois então
percipi utilitatem. Ita namque a vida como um todo apresenta-se aos
universa vitæ ratio animo
obversatur: ex quo hominis olhos da alma: donde surgem no ho-
timor ac humilitas, maior in mem o temor e a humildade, e um hor-
peccatum horror insurgit; ror maior ao pecado; crescem as forças
augentur vires, ut quidquid ad
malum provocat, propulsetur; para repelir tudo o que incita ao mal;
iucundissa pax et tranquillitas surge na alma agradabilíssima paz e
animo accedit; et quæ præter- tranquilidade; e são reparados os danos
itis Confessionibus illata sunt
damna sarciuntur”. provenientes de confissões passadas”.

De utilitate Confessionis ge- Quanto à utilidade da confissão geral, lê-se


neralis hæc tradit Directorium
in exercitia spiritualia S. Ignatii
no Diretório para os exercícios espirituais
cap. 16, compositum ab aliquot de Santo Inácio (cap. 16), composto por al-
Patribus Societatis Iesu, et guns padres da Companhia de Jesus e edi-
editum a Præposito Generali
Claudio Aquaviva: “Si nulla tado pelo Superior Geral Cláudio Acquavi-
alia esset (utilitas), hæc certe va: “Se não houvesse outra (utilidade), sem
satis esse deberet, quod expe-
rimur homines plerumque, aut
dúvida seria suficiente esta: sabemos por
sine examine sufficienti, aut experiência que muitos homens aproxi-
sine debito dolore, nullo vel mam-se da confissão sem exame suficien-
valde infirmo melioris vitæ
proposito ad Confessionem te ou sem o devido arrependimento, com
accedere; ac propterea ad con- propósito muito fraco ou nenhum propó-
sequendam pacem conscientiæ,
et ad tollendos scrupulos, qui
sito de melhorar de vida; por isso, é muito
si non antea, saltem in puncto útil purificar-se ao menos uma vez de to-
mortis animam excruciare, et dos os pecados da vida passada, a fim de
in periculum salutis æternæ ad-
ducere solent, multum prodest alcançar a paz da consciência e remover os
semel se ab omnibus anteactæ escrúpulos que, se não antes, ao menos na
vitæ peccatis abluere”.
hora da morte costumam torturar a alma e
pôr em risco sua salvação eterna”.

Similia tradit Ven. P. Segneri O mesmo ensina o Pe. Segneri com estas
hisce verbis: “Optimum et salu-
palavras: “Ótimo e salubérrimo conse-
berrimum est consilium univer-
sam vitam suam relegere atque lho é este: repassar e examinar a própria
lustrare, saltem semel, per Con- vida como um todo pela confissão geral,
fessionem generalem, ac dein

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

ao menos uma vez; e depois, em certos per certa intervalla temporis,


velut post unius anni spatium,
intervalos de tempo, como no transcur- vel etiam sæpius, ducto initio
so de um ano ou até com mais frequên- a proxima, conscientiæ suæ
rationes trutinando. Fructus
cia, examinar as disposições da própria
huius operis est, non solum,
consciência durante aquele período. Esta 6
quod, cum sub unum aspectum
obra é frutuosa porque, quando temos statuuntur labes omnes et ma-
culæ, maior consequatur con-
diante dos olhos todas as quedas e man- fusio et erubescentia, fortiori
chas, experimentamos maior confusão e animus compungatur aculeo,
magisque sese humiliandi stu-
vergonha, nossa alma sente mais forte o
dio afficiatur, verum etiam, quia
aguilhão da compunção, e sentimos mais timor divinæ iustitiæ vehe-
desejo de nos humilhar; mas também menter augetur, cum recentia
delicta præteritis aggesta ve-
porque, o ver que os delitos recentes, so- luti in acervum montis instar
mados aos passados, parecem ter crescido excrevisse conspiciuntur, ut in
veritate cum Esdra cogatur su-
ao ponto de assemelhar-se a uma monta-
spirare: Delicta nostra creverunt
nha, faz crescer veementemente o temor ad cælum (Esdr. IX, 6). Dein-
da justiça divina, forçando a alma a suspi- de quis non videt absque tali
Confessione difficulter obtineri
rar verdadeiramente com Esdras: ‘Nossos conscientiæ tranquillitatem, fe-
delitos cresceram até ao céu’ (Esd 9, 6). licitatem sane inæstimabilem,
relicto alioquin perpetuo re-
Ademais, quem não vê que, sem tal con-
morsu ac dubio, nec sine funda-
fissão, dificilmente se obtém a tranquili- mento, præsertim si frequentes
dade da consciência, fonte de inestimável relapsus ex defectu debitæ ad
Confessionem dispositionis
felicidade, bem como a libertação daque- provenerunt. O quot Confes-
las dúvidas e remorsos perpétuos, que in- siones iudicantur validæ, nec
tamen in veritate sunt!” (In-
felizmente não são infundados, sobretudo
struct. pœnit. cap. 16).
se houve recaídas frequentes por falta das
devidas disposições para a confissão. Oh,
quantas confissões são consideradas váli-
das, mas na verdade não o são!”

Santo Afonso igualmente a recomenda. Es- Non minus S. Alphonsus eam-


dem suadet; scripsit enim: “Unu-
creve ele: “Exorto a cada um que ainda não
mquemque hortor ut, nisi adhuc
o tenha feito, a confessar-se de todos os pe- fecerit, peccata omnia, quæ un-

6. Ou seja: é útil, em certos intervalos de tempo, repetir


todas as confissões daquele intervalo. (Nota do Autor)

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

quam in sua vita commisit, con- cados cometidos durante a vida; e digo-o
fiteatur: et non solum pro illis
loquor, qui sacrilege confessi sunt não apenas aos que se confessaram sacri-
aliqua peccata omittentes, aut qui legamente escondendo alguns pecados, ou
invalide confessi sunt, quia de-
se confessaram invalidamente por falta do
bitum examen non fecerunt, aut
verum non habuerunt dolorem; devido exame ou verdadeiro arrependi-
verum etiam de unoquoque, qui mento, mas a todos os que quiserem enca-
ad bonam vitam se recipere velit.
Ad hoc Confessio generalis pluri- minhar-se para uma boa vida. A confissão
mum prodest” (Instit. catech. part. geral é muito útil para isso”. Na obra Vera
2, cap. 5, n. 11). Utilitates huiu-
Sponsa, o Santo Doutor enumera breve-
smodi Confessionis paucis recen-
set in Vera Sponsa, cap. 18, § 2. mente os benefícios desta Confissão.

ARTICULUS II ARTIGO II
Quibus Confessio Pessoas às quais a
Generalis sit necessaria, Confissão Geral é
utilis, vel noxia
necessária, útil ou nociva
Necessaria est, quoties invali- [A confissão geral] é sempre necessária
dæ præcesserunt confessiones,
sive per totam fere vitam, sive
quando as confissões passadas foram in-
per diuturnum tempus. Invali- válidas, seja por quase toda a vida, seja
das autem fuisse confessiones por muito tempo. As confissões podem
potest evenire:
ter sido inválidas:

1º Ob ignorantiam, cum pœn- 1.º Por ignorância, quando os penitentes,


itentes ignorant, sive culpabi-
culposa ou inculposamente, ignoram aque-
liter sive inculpabiliter, ea quæ
necessario credenda sunt ne- les mistérios que se deve crer com necessi-
cessitate medii; vel cum gravi dade de meio; ou quando, por grave culpa
7

sua culpa neglexerunt discere

7. Necessidade de meio se contrapõe a necessidade de pre-


ceito. Necessidade de meio significa que, sem a fé explícita
nestas verdades, é absolutamente impossível ao adulto
ser justificado e se salvar. Por exemplo: é impossível um
adulto ser justificado por Deus sem antes acreditar que

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

sua, negligenciaram aprender aquelas coi- ea, quæ sub gravi præcepto te-
nentur scire, nimirum si pluries
sas que, sob grave preceito, estão obrigados admoniti de obligatione illa di-
a saber, ou seja, se foram advertidos várias scendi nullatenus curarunt eam
implere.
vezes da obrigação de aprendê-las e não ti-
veram cuidado algum em satisfazê-la.

2.º Por negligência no exame de consciência, 2º Ob neglectum examen con-


scientiæ, quando notabilem ad-
quando foram notavelmente negligentes ao miserunt negligentiam in exa-
examinar a própria consciência, e sabem minanda propria conscientia,
idque bene noverunt.
disto perfeitamente.

3.º Por falta de sinceridade, se deliberada- 3º Ob defectum sinceritatis, si


mente calaram algum pecado grave, ou deliberate reticuerint grave ali-
quod peccatum, vel numerum
diminuíram o número, ou omitiram uma minuerunt, aut necessariam
circunstância necessária. circumstantiam omiserunt.

4.º Por falta de arrependimento e propósito. 4º Ob defectum doloris et propo-


siti; qui casus multoties evenit,
Este caso acontece muitas vezes: quando
puta quando verum peccatorum
não tiveram verdadeiro arrependimento de suorum dolorem non elicue-
seus pecados, v.g.: porque se confessaram runt; quia e.g. ex solo respectu
hominum confessi sunt; quan-
somente por respeito humano; quando do requisitum defuit propo-
faltou o necessário propósito de não mais situm non amplius peccandi,
deserendi occasiones proximas,
pecar, de abandonar as ocasiões próximas,
restituendi famam graviter
de restituir a fama gravemente lesada ou os læsam, bona iniuste possessa,
bens injustamente possuídos, de perdoar condonandi offensas et se re-
conciliandi; aut quando tali se
as ofensas e se reconciliar; ou quando, em- exsecuturos esse promiserunt
bora prometessem ao confessor que fariam Confessario, sed non ex ani-
mo, et ideo exsequi omiserunt;
tais coisas, não eram sinceros, e por isso

Ele existe, e que recompensa os bons e castiga os maus.


Necessidade de preceito significa a necessidade de crer
também em outras verdades porque a Igreja assim o pre-
ceituou. Por exemplo: Os católicos adultos devem crer
também na Imaculada Conceição de Maria, na existên-
cia do Purgatório e nos demais artigos do Credo, porque
a Igreja preceitua a fé explícita nessas verdades. (N.T.)

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quando voluntarie retinuerunt omitiram-lhe a execução; quando manti-


habitum peccati mortalis, quia
post confessiones suas sine veram voluntariamente o hábito de um pe-
luctamine et nullo adhibito cado mortal, porque, após suas confissões,
medio statim relapsi sunt.
logo caíram novamente sem combate e
sem utilizar qualquer meio [recomendado
pelo confessor].

De frequenti necessitate repa- Acerca da frequente necessidade de re-


randi confessiones sacrilegas parar, durante as sagradas missões, as
tempore sacrarum Missionum
audiri meretur expertus S. Al- confissões sacrílegas, merece ser ouvido
phonsus, qui sic monet Mis- o experiente Santo Afonso, que assim ad-
sionarios: “Quum præcipua
Missionum utilitas consistat
verte os missionários: “Como a principal
in reparandis confessionibus utilidade das missões consiste em reparar
sacrilegis, oportet in singulis as confissões sacrílegas, convém insistir
instructionibus in hanc rem
insistere, demonstrando quan- neste assunto em todas as palestras, de-
ta sit sacrilegii malitia et quot monstrando quão grande é a malícia do
animæ pereant propter pecca-
torum reticentiam in confes-
sacrilégio e quantas almas se perdem por
sione. Experientia docti sumus terem ocultado pecados na confissão. A
multas esse personas, quas experiência nos ensinou que muitas pes-
verecundia eo usque occupat,
ut, etiamsi apud Missionarios soas são tomadas de tal modo pela vergo-
confiteantur, tamen pergunt nha que, mesmo que se confessem com
peccata sua reticere. Sed, si qua
persona intra Missionem non
missionários, contudo, continuam a ocul-
reparat confessiones suas male tar seus pecados. Mas se, durante a mis-
factas, annon interibit? Etenim, são, uma pessoa não repara suas confis-
si in confessione apud Missio-
narium non vicit verecundiam, sões mal feitas, acaso não perecerá? Pois,
quomodo vincet eam postea se na confissão com o missionário ela não
apud Confessarium loci? En
rationem, propter quam, sicut
vence a vergonha, como a vencerá depois
dictum est, oportet iugiter hoc junto ao confessor local? Eis a razão pela
punctum inculcare” (Silva, part. qual, como foi dito, convém insistir cons-
3, cap. 6).
tantemente neste ponto”.
Ob eamdem rationem vehe- Pela mesma razão, [o santo] deseja vee-
menter exoptat ut tempore
Missionis Confessarii loci ab- mentemente que, durante a missão, os
stineant ab auditione confes- confessores locais se abstenham de ouvir
sionum et confessionalia sua
concedant Missionariis; cum
confissões e entreguem seus confessio-

21
CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

nários aos missionários; pois quando os


8
enim pœnitentes vident Con-
fessarium suum ordinarium in
penitentes veem seu confessor ordinário confessionali sedentem, non
sentado no confessionário, não ousam ir audent adire extraneum, et
pergunt sacrilege confiteri. Et
a um estrangeiro, e assim continuam a se
notetur, non raro contingere ut
confessar sacrilegamente. E note-se que, personæ, in quas minima cadit
não raramente, as pessoas que mais preci- suspicio, maxime indigeant li-
bertate confessionis (loc. cit.,
sam de liberdade na confissão são aquelas cap. 10).
das quais não suspeitamos minimamente.

Resta acrescentarmos alguns conselhos Superest ut monita quædam


práticos: practica adiiciamus.

1.º Não é raro acontecer que o confessor 1º Non raro evenit ut Confes-
considere necessária a confissão geral, en- sarius necessariam ducat con-
fessionem generalem, pœnitens
quanto o penitente não nota aquela neces- vero eam necessitatem non ap-
sidade; neste caso, o penitente deverá ser prehendat; quo casu pœnitens
de sua obligatione monendus
ou não advertido de sua obrigação confor- vel non monendus erit, iuxta
me as regras que ditam quando a adver- regulas de monitione facienda
tência deve ser feita ou omitida; pois se a aut omittenda; ignorata nam-
que præteritarum confessionum
nulidade das confissões passadas é ignora- nullitas non obstat valori con-
da, ela não prejudica o valor da confissão fessionis præsentis bona fide et
rite factæ, et una confessione va-
presente feita corretamente e de boa-fé, lida indirecte remittuntur pec-
e, com uma confissão válida, são indire- cata præterita, quæ tum solum
tamente perdoados os pecados passados, repetenda erunt, cum conscien-
tia dictaverit. Cæterum, quando
que só deverão ser reapresentados quando pœnitens moneri nequit, pru-
a consciência o ditar. De resto, quando o dens Confessarius quibusdam

8. Embora esses conselhos originalmente tenham sido


dirigidos às antigas missões paroquiais, julgamos que
podem ser utilmente aplicados aos modernos “mutirões
de confissão”, que costumam ser feitos na Quaresma e no
Advento. Em nossa época imperam a ignorância e a in-
diferença em matéria de fé e moral. Portanto, é urgente a
pregação contra as confissões sacrílegas, e o uso de todos
os meios necessários para que o povo se confesse valida-
mente. (N.T.)

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

quæstionibus rudi modo sup- penitente não pode ser advertido, o confes-
plere poterit; imo, si pœnitens
interrogationes non ægre ferat, sor prudente poderá acrescentar de modo
callide poterit totam confessio- simples algumas perguntas; inclusive, se o
nem generalem expiscari; sed
penitente não se aborrecer com as interro-
tunc debet peractam confessio-
nem generalem pœnitenti ante gações, poderá habilmente pescar a confis-
absolutionem notificare. são geral em sua totalidade, mas neste caso,
antes da absolvição, deve notificar o peni-
tente acerca da confissão geral realizada.
2º Contingit quoque ut post 2.º Acontece também que, após uma ou
unam aut plures confessiones
sacrilegas pœnitens deinceps muitas confissões sacrílegas, o penitente
earum obliviscatur, et incipiat depois se esqueça delas, e comece a fazer
bonas facere confessiones, sa-
crilegis nondum reparatis; quod
boas confissões, antes de reparar as sacrí-
præcipue in pueritia evenit. legas; isto acontece principalmente na in-
Hoc in casu confessio necessa- fância. Neste caso, a confissão geral só será
ria tantum erit pro confessioni-
bus sacrilegis. necessária para as confissões sacrílegas.

Utilis est confessio generalis: É útil a confissão geral:


1º Regulariter omnibus adultis, 1.º Regularmente para todos os adultos que
qui eam nondum fecerunt.
ainda não a fizeram.

2º Iis imprimis, quorum con- 2.º Principalmente para aqueles cujas con-
fessiones anteactæ dubie validæ
fissões anteriores são dubiamente válidas,
censentur, dubio nempe ratio-
nabili, e.g. propter frequentes conquanto seja uma dúvida racional, v.g.:
relapsus. por frequentes recaídas.

3º Iis, qui novam vivendi ra- 3.º Para aqueles que querem assumir uma
tionem instituere volunt, puta nova maneira de viver, ou seja, os recém-
recens conversis; nam non so-
lum utilis erit pro emendandis
-convertidos; pois lhes será útil não só para
defectibus in præteritis confes- emendar as falhas cometidas nas confissões
sionibus commissis, sed mul- passadas, mas muito ajudará para ordenar
tum conducet ad vitam melius
instituendam. melhor a vida.

4º Ante susceptionem status 4.º Antes de adotar um estado de vida, isto


vitæ, videlicet ante matrimo-
é, antes do matrimônio, antes do sacerdó-
nium, ante Sacerdotium, ante
professionem religiosam. cio, antes da profissão religiosa.

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5.º Em tempo de Jubileu, ou de sagrada 5º Tempore Iubilæi, vel sacræ


Missionis, aut spiritualium
missão, ou de exercícios espirituais; pois exercitiorum; hæc enim tempo-
estes tempos foram destinados à produção ra ad dignos fructus pœnitentiæ
faciendos destinata sunt.
de dignos frutos de penitência.

6.º Para os que se encontram em perigo de 6º Iis, qui in periculo mortis


morte, se ainda têm forças, ou para os que exsistunt, si vires suppetant,
aut qui periculum mortis adire
devem submeter-se a um perigo de morte. debent.

Um adulto que faz uma boa confissão geral Confessione generali totius
vitæ in matura ætate bene pe-
da vida inteira, pode viver serenamente e
racta, quiete licebit vivere, et
esperar confiantemente a chegada da mor- confidenter opperiri mortis
te. Portanto, se pedirem depois para fazer adventum. Quare non facile
acquiescendum est, si postea
uma nova confissão geral, não se lhes deve petant novam generalem face-
facilmente permitir; mas um ótimo propó- re confessionem; sed optimum
erit consilium omnes repetere
sito será repetir todas as confissões feitas
confessiones peractas a tempo-
desde o tempo da confissão geral, ou da re confessionis generalis, vel a
última missão, ou ainda, a cada ano repe- tempore præcedentis Missionis,
aut singulis annis omnes illius
tir todas as confissões daquele ano, como é anni confessiones repetere, uti
costume nas comunidades religiosas. mos est in Religiosis Familiis.

De bom grado, pois, o confessor deve Confessarius igitur libenter


atender os penitentes que pedem razoavel- assentiatur pœnitentibus, qui
rationabiliter petunt confes-
mente para repetir as confissões de toda a siones totius vitæ vel alicuius
vida ou de algum período da vida; e deve vitæ spatii repetere; et statim
quidem eam excipiat, si pœnit-
ouvi-la imediatamente, se o penitente es- ens paratus est, et nihil obstat,
tiver preparado e não houver obstáculo, e.g. turba pœnitentium. Ita S.
v.g.: grande afluência de penitentes. Assim Alph. Homo Apostolicus, append.
IV, § 1, n. 15. Subinde evenit ut
ensina Santo Afonso. Às vezes a confissão confessio generalis, quæ initio
geral, que a princípio era considerada [ape- utilis putabatur, intra confes-
sionem necessaria appareat. E
nas] útil, durante a confissão revele-se ne- converso, confessio generalis si
cessária. Ao contrário, se a confissão geral necessaria non sit, invito non
não é necessária, não deve ser imposta à est obtrudenda, ut monet S.
Alphonsus in Praxi Conf., n. 20,
força, como adverte Santo Afonso na Práti- in f ine.
ca dos Confessores.

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Nociva est confessio generalis: É nociva a confissão geral:

1º Scrupulosis, imo et personis 1.º Para os escrupulosos, e para as pessoas


nimis timoratis; in hisce nam-
muito timoratas; pois nestes a confissão ge-
que talis confessio, si semel eam
peregerint, plures scrupulos ge- ral, uma vez feita, gera mais escrúpulos do
nerat quam destruit. “Scrupu- que destrói. “Os escrupulosos — diz San-
losi, inquit S. Alphonsus, in-
desinenter facere et repetere to Afonso — gostariam de fazer e repetir
vellent confessiones generales, incansavelmente as confissões gerais, es-
anxietatum suarum sedationem
perando daí o alívio de suas inquietações.
inde sperantes. Sed malum inde
potius accrescit; post quamlibet Mas com isso o mal só aumenta; porque
enim confessionem generalem depois de cada confissão geral nascem no-
novi angores novique scrupuli
nascuntur, eo quod peccata ali- vas angústias e novos escrúpulos, pois eles
qua se non exposuisse aut non temem não ter declarado alguns pecados
rite exposuisse timeant, ita ut
ou não os ter declarado corretamente, de
anxietas intantum ingravescant
inquantum Confessiones rei- modo que as angústias crescem na medi-
terantur… Quando quis semel da em que as confissões são reiteradas…
peregit confessionem genera-
lem, non expedit eam redinte- Quando alguém já fez uma confissão geral,
grare” (Vera Sponsa, cap. 18, § não convém repeti-la”. Portanto, o confes-
2). Caveat igitur Confessarius
sor tenha o cuidado de não se deixar levar
ne a scrupulosis se seduci pa-
tiatur; id unum ipsis permittere pelos escrupulosos; pode permitir-lhes tão
potest, ut nempe exponant id somente que exponham o que lhes aflige a
quod conscientiam angit; dein-
de eos doceat, defectus, si qui consciência; depois ensine-lhes que os de-
fuerint, actu contritionis sanari. feitos, se houver alguns, são curados com o
ato de contrição.
2º Iis præsertim, qui peccatis 2.º Sobretudo para os que foram muito
carnalibus multum irretiti fue-
runt, si quæ inclinatio superes-
enredados em pecados carnais, se ain-
set necdum penitus exstincta; da lhes resta alguma inclinação que não
hisce namque distincta recor- fora extirpada totalmente; pois para estes
datio ac commemoratio isto-
rum peccatorum vitæ præteritæ é muito perigosa a recordação distinta e a
valde periculosa est; timendum lembrança destes pecados da vida passada,
quippe est ne dæmon novis
tentationibus eos involvat.
afinal corre-se o risco de que o demônio os
Unde isti, peracta semel eorum envolva em novas tentações. Portanto, feita
peccatorum confessione gene- uma vez a confissão geral de seus pecados,
rali, non amplius eorumdem
meminerint, neque confitean- tais penitentes não devem mais lembrá-los,

25
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nem confessá-los, senão genericamente a tur de illis, nisi generatim, ut ea


detestentur.
fim de detestá-los.

3.º Para alguns ocasionários e reinciden- 3º Nonnullis occasionariis ac


recidivis, qui non sunt vere di-
tes que não estão verdadeiramente dis- spositi, et interdum confessio-
postos, e às vezes pedem a confissão geral nem generalem petunt, quo fa-
para mais facilmente obter a absolvição. cilius absolutionem aucupentur.
Isti se produnt modo, quo de
Estes revelam-se por como se acusam dos peccatis ab ultima confessione
pecados cometidos desde a última confis- commissis se accusant; qua-
propter monendi sunt ut occa-
são; razão pela qual devem ser advertidos sionem relinquant ac pravum
a abandonar a ocasião, lutar seriamente habitum strenue impugnent,
contra o mau hábito, e depois fazer a con- postea generalem confessionem
instituant (Marc. Instit. mor., n.
fissão geral. 1712).

4.º Grandemente reprovável é a prática de 4º Summopere improbanda est


praxis nonnullorum Confessa-
alguns confessores que, tendo ouvido uma
riorum, qui, audito semel ite-
e outra vez algum novo ou nova penitente, rumque aliquo aut aliqua nova
logo o induzem a fazer consigo uma con- pœnitente, mox illum inducunt
ad confessionem generalem sibi
fissão geral, movidos ou por zelo impru- faciendam, ducti aut zelo im-
dente, ou sob pretexto de conhecer melhor prudenti, aut specie hauriendæ
melioris notitiæ conscientiæ,
as consciências para dirigir mais adequa-
ut commodius animas regant.
damente as almas. Também é reprovável a Improbanda quoque est pra-
prática dos confessores que dão ouvido aos xi eorum Confessariorum, qui
aures præbent pœnitentibus
penitentes que desejam fazer confissões volentibus sæpius peragere
gerais de toda a vida com frequência, ou confessiones generales totius
vitæ, aut certe quoties novum
sempre que encontram um novo confessor.
Confessarium nanciscuntur.
Tais confissões gerais são totalmente inú- Eiusmodi enim confessiones
teis e um desperdício de tempo. generales prorsus inutiles sunt
et iactura temporis.

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

ARTICULUS III ARTIGO III


Modus excipiendi Con- Modo de ouvir a
fessionem Generalem Confissão Geral

Ante omnia iuvat saluberrima Convém antes de tudo citar os salubérri-


monita referre, quæ tradit cita-
mos conselhos contidos no Diretório aos
tum Directorium in exercit. spi-
rit., cap. 16: “Etsi cavendum est exercícios espirituais, cap. 16: “Embora seja
a nimia anxietate in facienda hac necessário evitar uma excessiva ansiedade
confessione, ne semper deinde
maneant scrupuli ac reliquiæ, ao fazer esta confissão, para que dela não
ut quibusdam contingit: tamen provenham sempre escrúpulos e outras
ex altera parte studendum et
coisas, como acontece a alguns, por outro
conandum est, ut ita diligenter
atque accurate fiat, ut postea se- lado é também necessário empenhar-se
cura esse possit anima se fecisse por fazê-la cuidadosa e diligentemente, de
quod in se erat: nam sine hoc
nunquam frui poterit illa pace modo que a alma possa depois estar segu-
animi et tranquillitate conscien- ra de ter feito o que estava em seu poder;
tiæ, quam diximus. Ideo, præter
pois sem isto, nunca poderá gozar daquela
proprium studium et diligen-
tiam ipsius qui Exercitia susci- paz de alma e tranquilidade de consciência
pit, iuvandus est etiam aliqua via que mencionamos. Por isso, além do pró-
et methodo, nempe Directorio
aliquo ad bene confitendum”. prio empenho e da diligência daquele que
Porro, quod methodum attinet, recebe os Exercícios, deve-se ajudá-lo com
quædam a Confessario obser-
algum caminho e método, ou seja, com al-
vanda sunt ante confessionem,
quædam intra illam. gum Diretório, para que se confesse bem”.
9

Ante Confessionem. Cum Antes da Confissão. Quando alguém pede


quis confessionem generalem
instituere petit, Confessari-
para fazer uma confissão geral, o confessor
us statim exploret utrum talis deve investigar imediatamente se tal con-
confessio sit necessaria, utilis, fissão é necessária, útil ou nociva. Para este

9. Segundo o Dicionário Aulete, diretório é um “livro


que contém as instruções e indicações necessárias para
alguém se dirigir ou guiar em determinado assunto ou
negócio”. No caso em questão, trata-se de um livreto com
instruções para a prática da vida espiritual, sobretudo da
confissão geral. (N.T.)

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

fim, não convém interrogar bruscamente o an vero nociva. Hunc in fi-


nem non expedit pœnitent-
penitente se ele escondeu algum pecado ou em abrupte rogare an aliquod
algo do tipo; pois facilmente acontecerá de peccatum reticuerit, vel quid
simile; facile namque continget
o penitente ser culpado, mas acabar negan-
ut pœnitens reus sed turbatus
do por nervosismo, sem que depois ouse se neget, et postea retractare non
retratar. Convém perguntar ao penitente a audeat. Quare proderit petere a
pœnitente quænam ratio eum
razão que o moveu a fazer uma confissão impellat ad confessionem gene-
geral, se algo o atormenta etc. Com estas ralem faciendam, an quid eum
angat, etc. Hisce et similibus
e outras perguntas semelhantes, procure
quæstionibus nitatur suaviter
suave e sagazmente descobrir se porventu- et sagaciter expiscari num forte
ra há sacrilégios escondidos. Às perguntas sacrilegia lateant. Confessario
sciscitanti pœnitens sæpe unum
do confessor, o penitente dará geralmente ex sequentibus responsis dabit:
uma das seguintes respostas:

1.ª É porque escondi meus pecados; o con- 1º Quia peccata mea celavi; tunc
fessor deve então encorajá-lo imediata- Confessarius statim animum
addat illi, benignum se erga ip-
mente, assegurando que será benigno sum fore promittat, eumque ad
para com ele, e exortando-o a ser plena- plenam sinceritatem adhortetur.
mente sincero.

2.ª Nunca fiz uma confissão geral; examine 2º Confessionem generalem nun-
quam peregi; tunc sedulo exami-
então cuidadosamente se ela é necessária,
net utrum necessaria, an utilis
ou se parece ser apenas útil. tantum videatur.

3.ª Fiz, mas não bem; pergunte então por 3º Feci, sed non bene; tunc
quærat quare non bene fece-
que não a fez bem. Se o penitente não pu- rit. Si pœnitens nullum præter
der alegar nenhum outro motivo determi- anxietatem determinatum mo-
nado além da angústia, será suspeito de tivum allegare queat, scrupulo-
sitatis suspicionem ingerit.
escrupulosidade.

4.ª Pelas pregações, entendi que minhas 4º Ex concionibus intellexi con-


confissões foram malfeitas; então proceda fessiones meas fuisse malas; tunc
procedat ut supra. Notetur au-
como dissemos acima. Note-se porém que, tem, tempore Missionis pœnit-
em tempo de missões, os penitentes às ve- entes aliquando rem exaggerare.
zes exageram a coisa.

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

5º Intendo melius vivere; tunc 5.ª Quero viver melhor; então certamente
certe perutilis erit.
será muito útil.
Quod attinet deinde ad tem- Acerca do tempo mais oportuno para fazer
pus, quo confessio generalis
opportunius fiat, distinctione
a confissão geral, convém fazer algumas
opus est. distinções:
a) Si confessio est utilis tan- a) Se a confissão é somente útil e o peni-
tum, et pœnitens nondum
præparatus, omnino expedit ut
tente ainda não está preparado, certamente
per aliquot dies sese præparet convém que se prepare por alguns dias pelo
per examen conscientiæ, dolo- exame de consciência, pela busca do arre-
ris excitationem, et præcipue
per orationem; hoc modo enim pendimento, e principalmente pela oração;
uberiores fructus ex tali confes- pois deste modo colherá maiores frutos de
sione percipiet, et ferventioris
vitæ solidum ponet fundamen-
tal confissão, e estabelecerá o sólido funda-
tum. Interim Confessarius do- mento para uma vida mais fervorosa. Por
ceat pœnitentem confessionem ora, o confessor ensine ao penitente que a
generalem non esse opus diffi-
cile, siquidem ipse libenter eum confissão geral não é uma obra difícil, pois
adiuturus est. Quodsi pœnitens ele mesmo o ajudará de bom grado. Se o
commode redire nequeat ad
eumdem Confessarium, apud
penitente não puder comodamente retor-
quem generaliter confiteri cu- nar ao mesmo confessor junto ao qual de-
pit, absque dilatione eius con- seja fazer a confissão geral, sua confissão
fessio excipienda est.
deve ser ouvida sem adiamento.
b) Si confessio generalis necessa- b) Se a confissão geral é necessária, a mesma
ria est, eadem præparatio magis
exoptanda est; attamen quoties preparação é ainda mais desejável; contudo,
periculosum subest ne pœnitens sempre que houver o risco de o penitente
non sit rediturus et confessionem
não retornar e negligenciar a confissão ge-
generalem sit neglecturus, opor-
tet statim eam excipere. Hoc au- ral, convirá ouvi-la imediatamente. Este ris-
tem periculum multoties aderit. co estará presente muitas vezes.
Nota. Consulendum non est Nota. Não se deve aconselhar que todas as
ut confessiones generales totæ
scribantur; nam ordinarie con-
confissões gerais sejam escritas, pois or-
fusio in illis reperitur; scriptæ dinariamente haverá confusão nelas. Se a
tamen, si de utili tantum con- confissão geral for apenas útil, as que esti-
fessione generali agatur, ac-
ceptari possunt a Confessario verem escritas podem ser recebidas e lidas
et legi; si de necessaria agatur, pelo confessor; se for necessária, o peniten-

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

te poderá lê-la. Todavia, pode-se permitir pœnitens eam legere poterit.


Permitti vero potest ut præcip-
que os pontos principais da confissão se- ua capita confessionis scriban-
jam escritos, pois isto ajuda a memória e tur; hoc enim iuvat ad ordinem
et memoriam. Deinde caute
é útil para a organização. Por fim, deve-se
utendum est catalogis pecca-
usar com cautela os catálogos de pecados, torum, qui in libris precum in-
contidos nos livros de oração sob o nome veniuntur, sub nomine Speculi
Confessionis; nam plerumque
de Espelho da Confissão , pois muitas vezes
10

peccata mortalia a venialibus


os pecados mortais não são aí distinguidos ibi non discernuntur.
dos veniais.

Dentro da Confissão. 1.º Antes da confis- Intra Confessionem. 1º Con-


fessioni generali regulariter
são geral, via de regra convém fazer a con- præmittenda est confessio par-
fissão particular dos pecados cometidos ticularis peccatorum ab ultima
desde a última confissão, para que assim o confessione commissorum, ut
Confessarius sic melius digno-
confessor conheça melhor o estado do pe- scat statum pœnitentis, videa-
nitente e veja se há algum obstáculo à ab- tque num quid obstet absolu-
tioni, nam hoc casu confessio
solvição, pois neste caso a confissão geral generalis excipienda non est.
não deve ser ouvida.

2.º Quando começar a confissão geral, o 2º Ubi incipit confessio gene-


confessor pergunte imediatamente aquelas ralis, Confessarius statim sci-
scitetur ea, quæ confessionem
coisas que tornarão a confissão mais fácil, faciliorem reddent, prout in Ar-
como será exposto no artigo subsequente. ticulo subsequenti proponetur.

3.º Se o penitente estiver instruído e pre- 3º Si pœnitens est instructus et


parado, ele mesmo pode, se quiser, expor paratus, potest ipsemet, si cupit,

10. Assim eram chamados antigamente os Exames de


Consciência. Temos um em nosso site, ao qual chamamos
Manual de Confissão, e do qual retiramos as perguntas
referentes a pecados veniais, deixando apenas as que são
direta ou potencialmente matéria grave. Convém notar,
porém, que para haver de fato um pecado mortal impu-
tável a uma pessoa concreta, além de matéria grave é pre-
ciso ter havido plena advertência e pleno consentimento,
como aliás explicamos na parte introdutória de nosso
Manual. (N.T.)

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

exponere peccata sua, adiuvante seus pecados, ajudando-lhe o confessor


Confessario quoties opus fue-
rit. Ordinarie vero præstat, et sempre que for necessário. Porém, geral-
Confessario minus grave erit, si mente é mais útil e menos oneroso ao con-
Confessarius ipse interrogando
fessor, se o próprio confessor conduz toda
totam confessionem generalem
perficiat, idque, si de hominibus a confissão geral através das interrogações;
rudioribus agitur, communiter e tratando-se de pessoas mais rudes, isto
etiam pœnitentibus gratius erit.
comumente será também mais agradável
aos penitentes.
4º Si confessio generalis est ne- 4.º Se a confissão geral for necessária por-
cessaria, eo quod confessiones
anteactæ sacrilegæ aut invalidæ
que as confissões passadas foram sacrílegas
fuerint, illa accurate excipienda ou inválidas, deve ela ser ouvida cuidadosa-
est, perquirendo species et nu- mente, investigando, tanto quanto possível,
merum peccatorum quantum
fieri potest, perinde ac si peccata as espécies e o número dos pecados, como
nunquam declarata fuissent. Si se os pecados nunca tivessem sido declara-
vero confessiones præcedentes
non apparent certo invalidæ,
dos. Entretanto, se as confissões preceden-
eiusmodi accuratio non postula- tes não parecem certamente inválidas, não
tur; idcirco, si magnus sit pœn- se requer tal cuidado; portanto, se houver
itentium concursus et confessio
generalis ad opportunius tem- grande afluência de penitentes e a confissão
pus differri nequeat, ut accidit geral não puder ser adiada para um mo-
in Missionibus, curet Confessa-
rius saltem summatim excipere
mento mais oportuno, como acontece nas
illam, tantummodo exquirendo missões, cuide o confessor de ao menos ou-
species, et tempus peccatorum vi-las sumariamente, perguntando apenas
habituatorum, quin immoretur
in exquisitione numeri et cir- as espécies e o tempo dos pecados habituais,
cumstantiarum particularium: sem demorar-se na investigação do número
aut certe indulgeat pœnitenti
exonerare conscientiam suam,
e das circunstâncias particulares; ou certa-
atque adeo dicere quæ cupit, ut mente permita ao penitente que alivie sua
pacatus recedat; deinde in ge- consciência e diga o que deseja, a fim de que
nere ab ipso quærat: “Nonne te
accusas de omnibus pravis cogi- vá em paz; depois pergunte-lhe em geral:
tationibus, verbis, etc.?” (Homo “Não te acusas de todos os maus pensamen-
Apostolicus, append. IV, § 1, n.
15; Silva, part. 3, cap. 10).
tos, palavras etc.?”.
Propterea in confessione gene- Por essa razão, na confissão geral não ne-
rali non necessaria pœnitentem
monere expedit, obligationem cessária, convém advertir o penitente que
omnia peccata accusandi non neste caso não há obrigação de confessar

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

todos os pecados; contudo, o confessor adesse; attamen a nimia brevi-


tate aut quadam præcipitantia
também deve se abster da excessiva bre- Confessario etiam abstinen-
vidade e de certa precipitação, pois do dum est; secus ipse pœnitens
non tranquillus, sed inquietus
contrário o penitente não sairá tranquilo,
redditur, unde non semel con-
mas inquieto, donde não raramente acon- tingit ut pœnitentes postea
tece que os penitentes depois se queixam conquerantur se non omnia di-
cere potuisse, eo quod Confes-
por não terem tido a chance de dizer tudo, sarius nimis cito rem expedire
visto que o confessor quis terminar a coisa voluerit (Lehmkuhl, n. 346).
rápido demais.

5.º Se é o próprio confessor que conduz a 5º Confessarius, si ipse inter-


confissão interrogando, deve ele proceder rogando excipiat confessionem,
ordinatim procedat, secundum
ordenadamente segundo a ordem do De- ordinem Decalogi, præcept-
cálogo, dos mandamentos da Igreja e dos orum Ecclesiæ, et officiorum
status. In eo autem huic ordini
deveres de estado. Todavia, convém alterar
derogare expedit, quod incipiat
essa ordem para começar pelo sexto manda- a sexto Decalogi præcepto; quia
mento do Decálogo: porque a matéria deste huis materia solet esse uberior
et manifestatu difficilior; qua-
costuma ser mais abundante e mais difícil re, hisce peccatis expositis, cor
de manifestar; porque, expostos estes peca- pœnitentis multum allevari, et
reliqua confessio facilior reddi
dos, o coração do penitente costuma aliviar-
solet; deinde præcepta Ecclesiæ
-se muito e o restante da confissão costuma commode revocantur ad ter-
tornar-se mais fácil; ademais, os manda- tium, et officia status ad quar-
tum Decalogi præceptum.
mentos da Igreja podem ser comodamente
incluídos no terceiro, e os deveres de estado,
no quarto mandamento do Decálogo.

Não é aconselhável dividir a confissão em Consultum non est confessio-


partes conforme a ordem das épocas da nem dividere in partes iuxta
ordinem epocharum vitæ; quia
vida, pois torna a confissão comprida. Só confessionem prolixat: in sola
na matéria do sexto mandamento convém materia sexti præcepti con-
ducit seorsum rogare peccata
interrogar separadamente os pecados co- commissa ante matrimonium,
metidos antes do matrimônio, durante o stante matrimonio, et in vidu-
matrimônio, e na viuvez. Enfim, os peni- itate. Tandem pœnitentes, qui
protinus examinari possunt
tentes que podem ser examinados acerca de actibus consummatis, post
de atos consumados, após cada uma das singulas horum species simul

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

examinandi sunt de actibus espécies destes, devem ser examinados


imperfectis tam internis quam
externis circa eosdem. quanto aos atos imperfeitos tanto internos
como externos referentes a tais atos.
6º Non omittat Confessarius 6.º O confessor não deixe de animar o pe-
pœnitentem animare ad ma-
gnam sinceritatem, ne quid ve- nitente a ser muito sincero, para que não
recundia occupatus reticeat. esconda algo movido por vergonha.

ARTICULUS IV ARTIGO IV
Catalogus Peccatorum Catálogo dos Pecados

Trademus primo interrogatio- Primeiro, transmitiremos algumas interro-


nes quasdam prævias, deinde gações prévias; depois, fá-lo-emos segundo
secundum præcepta Decalogi.
Meminerit Confessarius in- os mandamentos do Decálogo. Lembre-se
terrogandum esse de pecca- o confessor que as interrogações devem ser
tis probabiliter commissis a
pœnitente; unde, iuxta huius
de pecados provavelmente cometidos pelo
conditionem et responsa, vel penitente; portanto, conforme a condição e
multæ ex sequentibus interro- as respostas deste, ou muitas das seguintes
gationibus erunt omittendæ, vel
aliæ adendæ. Quod ad habitus perguntas deverão ser omitidas, ou algu-
peccatorum attinet, resciendum mas deverão ser acrescentadas. Quanto aos
est a pœnitente quo tempore
incœperint et quanto tempore
hábitos de cometer certos pecados, deve-se
duraverint. perguntar ao penitente em que época co-
meçaram e quanto tempo duraram.

Interrogationes Præviæ Interrogações prévias


1º Circa ætatem, vitæ statum 1.º Sobre a idade, o estado de vida ou o ma-
seu matrimonium, et profes-
sionem. trimônio, e a profissão.
2º Circa confessiones præterit- 2.º Sobre as confissões passadas. Se o peni-
as. Si pœnitens sacrilegia con-
fitetur nondum reparata, Con-
tente revela confissões sacrílegas ainda não
fessarius statim examinet totam reparadas, o confessor examine imediata-

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

mente toda a série delas. Pergunte: quando eorum seriem. Idcirco roget
quo tempore prima vice pec-
escondeu pecados pela primeira vez, e por cata reticuerit, et quamdiu; an
quanto tempo; se depois reparou as con- confessiones sacrilegas postea
reparaverit; quoties in illo statu
fissões sacrílegas; quantas vezes por ano
per annum solitus fuerit confi-
costumava confessar e comungar naquele teri et communicare; an sciat se
estado; se sabe que, com tais confissões e talibus confessionibus et Com-
munionibus etiam præcept-
comunhões, também não cumpriu o precei- um paschale non implesse; an
to pascal; se todas as vezes que confessava toties quoties confitebatur et
communicabat, sacrilegii me-
e comungava, lembrava-se do sacrilégio; se
mor fuerit; an illo tempore alia
naquele tempo recebeu também outros sa- insuper Sacramenta susceperit,
cramentos, v.g.: Confirmação, Matrimônio, e.g. Confirmationem, Matri-
monium, Extremam Unctio-
Extrema-Unção. Se no início o penitente nem. Si pœnitens initio nega-
negar [ter feito] confissões sacrílegas, porém verit confessiones sacrilegas, et
tamen aliqua suspicio subsit,
houver razões para suspeitar, será muito
admodum proderit si Confes-
útil que o confessor, ouvindo algum pecado sarius intra confessionem, puta
mais grave dentro da confissão — por exem- in examine de sexto præcepto,
audiens aliquod gravius pec-
plo, no exame acerca do sexto mandamento catum, blande roget: “Et hoc
—, pergunte com gentileza: “E isso você tal- fortasse nunquam es confessus,
nonne?” Vel: “Non es ausus hoc
vez nunca confessou, não é?”, ou: “Você não
confiteri, nonne?”.
tentou confessar isso antes, não é?”.

Circa Sextum et Nonum


Sobre o Sexto e o Nono Mandamento Præceptum
De início, o confessor tente conhecer o es- Conetur Confessarius ab initio
tado do penitente em geral, perguntando: generaliter cognoscere statum
pœnitentis, quærendo: “An in
“Por acaso você se desencaminhou na ju- iuventute forte seductus es?
ventude? Em que idade? Você teve maus Qua ætate? An habuisti pra-
vos habitus contra castitatem?
hábitos contra a castidade? Foram toques Num tactus, an peiora?”. Si
ou coisas piores?”. Se ficar claro que o peni- apparet pœnitentem esse reum,
tente tem culpa, continue perguntando; do procedat ulterius; secus transeat
ad alia præcepta.
contrário, passe aos outros mandamentos.

Os pecados de luxúria consumada podem Peccata luxuriæ consummatæ


ad quattuor species revocari
ser reduzidos a quatro espécies: mastur-
possunt, scilicet ad pollutionem,

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fornicationem, sodomia, et be- bação, fornicação, sodomia e bestialidade.


stialitatem. Istæ species habent
etiam actus imperfectos tum ex- Estas espécies têm também atos imperfei-
ternos, uti tactus, tum internos, tos: externos, como os toques; ou internos,
nempe delectationes morosas et
como as deleitações morosas e os desejos.
desideria, et insuper habere pos-
sunt tres circumstantias speciem Ademais, podem ter três circunstâncias
mutantes, videlicet adulterium, que mudam a espécie: adultério, incesto e
incestum, et sacrilegium. Secun-
dum illas species Confessarius sacrilégio. O confessor ordene suas inter-
ordinet suas interrogationes, rogações segundo aquelas espécies; e, so-
simulque inquirat de singulis an
bre cada uma delas, pergunte se há alguma
accedat circumstantia mutans
speciem, et an accedant actus circunstância que muda a espécie, e se há
imperfecti separati. também atos imperfeitos separados.

I. Circa pollutionem. An ha- I. Sobre a masturbação. Você teve o hábi-


buisti habitum te polluendi?
to de se masturbar? Por quanto tempo? Já
per quantum tempus? an ista
peccata confessus es? an adhuc confessou estes pecados? Ainda tem aquele
habes illum habitum? annon si- hábito? Tinha também o desejo de pecar
mul habebas desideria peccan-
di cum aliis? an sæpe habuisti com outras pessoas? Frequentemente você
tecum tactus impudicos sine fez toques impuros em si mesmo sem mas-
pollutione? an sæpe consensisti
turbação? Frequentemente você consentiu
cogitationibus, desideriis? an in
matrimonio habitus iste perse- em pensamentos, desejos? Este hábito con-
veravit? an turpiloquia frequen- tinuou no matrimônio? Frequentemente
ter habuisti?
teve conversas obscenas?
II. Circa fornicationem. An pec- II. Sobre a fornicação. Pecou com outras
casti cum aliis? cum personis
alterius sexus? manibus, aut ali-
pessoas? Com pessoas do outro sexo? Com
ter? an fecisti actum matrimo- as mãos ou de outro modo? Praticou o ato
nii? an sic ut proles inde nasci do matrimônio? Você o fez de tal modo
potuisset? an inde proles non
est secuta? quare putas id non que dele pudessem nascer filhos? Não vie-
contigisse? annon prava consi- ram filhos daquele ato? Por que você acha
lia dedisti (si puella: accepisti)
circa hoc? an lupanaria adiisti?
que isso não aconteceu? Você deu (se for
Interrogentur pœnitentes in- moça: recebeu) maus conselhos sobre isso?
super de adulterio, de incestu; Frequentou casas de prostituição? Os pe-
item de actibus imperfectis
tactuum, aspectuum, deside- nitentes sejam interrogados também sobre
riorum. adultério, incesto; e sobre atos imperfeitos
de toques, olhares, desejos.

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III. Sobre a sodomia. Fez coisas obscenas III. Circa sodomiam. Annon
fecisti turpia cum personis eiu-
com pessoas do mesmo sexo? Foram to- sdem sexus? an tactus, an quid
ques, ou algo pior? Frequentemente você peius? An sæpius desiderasti?
Post fœdum aliquod peccatum
desejou [isso]? Após algum pecado mais
iterum quæratur: Et hoc forte
feio, pergunte novamente: E isto você tal- non es ausus confiteri?
vez nunca confessou, não é?

IV. Sobre a bestialidade. Fez também coi- IV. Circa bestialitatem. An


etiam peiora fecisti? Quænam?
sas piores? Quais? Os animais nunca foram an animalia nunquam tibi fue-
para você ocasião de tentações? Foram to- runt occasio tentationum? an
ques, ou coisas piores? tactus, an peiora?

Depois, se o penitente é casado, convém Postmodum, si pœnitens co-


examinar os pecados dos cônjuges entre si: niugatus est, opportune exa-
minatur de peccatis coniugum
Sobre o ato conjugal, não há nada causan- inter se: An nil remordet con-
do remorso na sua consciência? Você não scientiam circa convictum in
matrimonio? An castitatem
transgrediu a castidade conjugal? Quantos coniugalem non læsisti? Quot
filhos você tem? Você completou o ato con- habes liberos? An actum coniu-
jugal da maneira devida? Para a mulher: galem complesti uti fieri debet?
Uxor: Annon es questa de nu-
Você se lamentou do número de filhos? mero liberorum?

V. Pecados imperfeitos. Quando não são en- V. Peccata imperfecta. Quando


peccata consummata in pœn-
contrados no penitente pecados consuma-
itente non reperiuntur, statim
dos, deve-se passar imediatamente para os transeundum est ad non con-
não consumados. summata.

1.º Internos: Você teve pensamentos e mo- 1º Interna: An cogitationes et


motus impuros habuisti cum
vimentos impuros com complacência vo- voluntaria complacentia? An
luntária? Consentiu nos desejos impuros? turpibus desideriis consensisti?
Qualia fuerunt?
Quais foram?

2.º Externos: Você teve conversas eróticas, 2º Externa: An colloquia la-


sciva habuisti, aut audisti malo
ou [as] ouviu com uma intenção má? Can- fine? An cecinisti cantilenas la-
tarolou canções eróticas? Leu livros impu- scivas? An libros impudicos le-
ros, ou fez outras leituras impuras? Fixou gisti, aliasve impuras lectiones
fecisti? An obtutus in obiecta
o olhar em objetos desonestos com prazer inhonesta fixisti cum affectu

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CO N F I S S Õ ES G ERA I S: U M M A N UA L PA RA PA D RES

libidinis? An impudice tetigisti sexual? Tocou de modo impuro a si mes-


teipsum aut alium? An peccasti
osculis et amplexibus? an cum mo ou a outra pessoa? Pecou por olhares
personis coniugatis, cognatis? e abraços? Com pessoas casadas, parentes?
VI. Pericula castitatis. 1º An de- VI. Perigos para a castidade. 1.º Você deu
disti aliis occasionem peccandi
per vestitum indecentem, per
aos outros ocasião de pecar em razão de
denudationes, per libros mutuo roupas indecentes, nudez, livros empresta-
datos, per imagines lascivas, dos; imagens eróticas, mostrando-as com
eas ostendendo malo fine, per
litteras amatorias, per excita- uma intenção má, ou cartas românticas;
tiones ad libidinem, adeundo incitando os outros ao prazer sexual, indo
cum sociis lupanaria, etc.? 2º
An adiisti occasiones peccandi,
com os companheiros a casas de prosti-
puta choreas inhonestas, thea- tuição etc.? 2.º Dirigiu-se a ocasiões de
tra, pravos libros et prava diaria, pecado, por exemplo, danças desonestas,
societates, procationes, cohabi-
tationem cum persona peccato- teatros, maus livros e maus jornais, compa-
rum socia, etc. nhias, namoros, coabitação com a pessoa
cúmplice dos pecados, etc.?

Circa Primum Præceptum Sobre o Primeiro Mandamento


1º Contra f idem. Si pœnitens 1.º Contra a fé. Se o penitente parece igno-
videtur ignorans, si orationem,
Missam et conciones neglexit, rante, se negligencia a oração, a Missa e as
interrogandus est an calle- pregações, deve ser interrogado se conhece
at principalia fidei mysteria.
os principais mistérios da fé. Além disso,
Cæterum rogetur: An de aliqua
veritate fidei serio dubitasti? an pergunte-lhe: Duvidou seriamente de al-
de Deo ac rebus divinis opinio- guma verdade de fé? Teve uma má opinião
nem non bonam habuisti? An
unquam veritatem fidei negasti, sobre Deus e as coisas divinas? Negou al-
et an hæresim protulisti? guma vez uma verdade de fé? E externali-
zou a heresia?
2º Contra spem. An desperasti 2.º Contra a esperança. Desesperou da sua
de tua salute, de vitæ emenda-
tione, peccatorumque remis-
salvação, da mudança de vida, de que obte-
sione obtinenda a Deo? An ria de Deus o perdão dos pecados? Adiou
pœnitentiam distulisti usque ad o arrependimento até a velhice ou a hora
senectutem aut mortis horam?
da morte?

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3.º Contra a caridade. Alguma vez, no 3º Contra charitatem. An un-


quam in impetu passionis odium
impulso das paixões, concebeu ódio para in Deum concepisti? Annon per
com Deus? Esqueceu-se completamente de longum tempus Dei penitus
oblitus fuisti? An, spreto cælo,
Deus por um longo tempo? Colocou o fim
finem ultimum non posuisti in
último nos prazeres presentes, desprezan- præsentibus voluptatibus? An
do o céu? Murmurou contra Deus? contra Deum non murmurasti?

4.º Contra a religião. a) Irreligião. Teve con- 4º Contra religionem. a) Irre-


ligio. Annon colloquia impia
versas ímpias sobre as coisas da religião?
instituisti de rebus religionis?
Na presença de muitas pessoas? Leu livros an coram multis? an libros im-
ímpios, entregou-os a outras pessoas? Lê pios legisti, aliis tradidisti? an
diaria liberalia aut socialistica
jornais liberais ou socialistas? Praticou legis? an actiones impias con-
ações ímpias contra a religião? b) Supers- tra religionem commisisti? b)
Superstitio. An superstitiones
tição. Praticou superstições? Alguma vez
exercuisti? an unquam dæm-
invocou o demônio, quer expressa quer onem invocasti, expresse sive
implicitamente, pelo espiritismo, hipnotis- tacite, spiritismo, hypnotismo?
an divinos consuluisti? num
mo? Consultou adivinhos? E fez isso seria- serio? an remedia superstitiosa
mente? Utilizou remédios supersticiosos? adhibuisti? c) Sacrilegium. An
Sacramenta indigne suscepisti?
c) Sacrilégio. Recebeu indignamente os sa-
Sacerdotibus iniuriam intulisti?
cramentos? Ofendeu os sacerdotes? Profa- res aut loca sacra profanasti?
nou coisas ou lugares sagrados?

Circa Secundum
Sobre o Segundo Mandamento Præceptum

Proferiu blasfêmias? Diante dos filhos? An blasphemias protulisti? an


coram filiis? An falsum iurasti?
Jurou algo falso? Em juízo, e com dano a in iudicio, et cum damno proxi-
terceiro? Jurou coisas ilícitas? Tem o cos- mi? an illicita iurasti? an habes
tume de jurar? Fez alguma promessa que consuetudinem iurandi? An fe-
cisti aliquod votum, quod non
não cumpriu? implevisti?

Sobre o Terceiro Mandamento Circa Tertium Præceptum

1.º Missa. Culposamente deixou de par- 1º Missa. An culpabiliter omi-


sisti audire Missam, aut in-
ticipar da Missa, ou da Missa inteira, em tegram Missam, in die festo?

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An audiendo Missam valde dia de preceito? Comportou-se de maneira


irreverenter indecenterque te
gessisti? 2º Opera servilia. An muito irreverente e indecente ao participar
sine necessitate eiusmodi opera da Missa? 2.º Obras servis. Realizou essas
11

peregisti? aliis imposuisti? an


obras sem necessidade? E as impôs a outras
diu? an publice cum scandalo
aliorum? 3º Ieiunium et absti- pessoas? Por muito tempo? Publicamente e
nentia. An ieiunia ecclesiastica com escândalo de outros? 3.º Jejum e abs-
violasti? cur? an sine permissio-
ne usus es cibis vetitis? an alios tinência. Violou os jejuns da Igreja? Por
12

11. O direito canônico antigo proibia, nos domingos e


dias de guarda, trabalhos servis, comércio público e ativi-
dades forenses. O Código de 1983 não cita essas proibi-
ções de maneira explícita; diz apenas o seguinte: “No do-
mingo e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm
a obrigação de participar da missa; além disso, devem
abster-se das atividades e negócios que impeçam o culto
a ser prestado a Deus, a alegria própria do dia do Senhor
e o devido descanso da mente e do corpo” (cân. 1247).
Preferimos não alterar o texto original, pois ainda que as
perguntas não tenham exatamente o mesmo sentido que
lhes atribuímos hoje, o sacerdote pode utilizá-las para in-
terrogar o penitente sobre a abstenção de trabalhos, que
continua sendo um mandamento da Igreja. (N.T.)
12. Estão obrigadas à lei da abstinência de carne as pes-
soas que completaram catorze anos de idade. Estão obri-
gadas à lei do jejum todas as pessoas que completaram
dezoito anos de idade, e esta obrigação perdura até os
sessenta anos. Quando e como devemos fazer jejum? Na
Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. O jejum
mínimo para cumprir o preceito consiste em tomar
apenas três refeições durante todo o dia de jejum: uma
refeição completa, mais duas pequenas refeições que,
somadas, não chegam a formar uma refeição completa.
Quando e como devemos fazer abstinência de carne? Na
Quarta-feira de Cinzas e em todas as sextas-feiras do ano,
com exceção das sextas-feiras que caírem em solenidades
da Igreja. Devemos nos abster de todos os tipos de carne
de animal de sangue quente, ou seja, carne de boi, frango,
porco, aves e caça. Nesses dias é permitido comer peixes,
ovos e frutos do mar. Cabe recordar que, por determi-
nação do episcopado brasileiro, nas sextas-feiras do ano
(exceto a Sexta-feira Santa) a abstinência de carne pode

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quê? Serviu-se de alimentos proibidos sem etiam induxisti? 4º Confessio et


Communio annua. An eas omi-
permissão? Induziu outros a fazerem o sisti? an pœnitentiam imposi-
mesmo? 4.º Confissão e comunhão anuais. tam neglexisti?
Deixou de fazê-las? Deixou de cumprir a
penitência imposta [na confissão]?

Circa Quartum
Sobre o Quarto Mandamento Præceptum

I. Filhos e empregados. 1.º Contra a obediên- I. Liberi et famuli. 1º Contra


obedientiam. An pertinaciter re-
cia. Recusou-se pertinazmente a obedecer nuisti obedire in re gravi? (e.g.
em coisa grave? (Ex.: namoros, bebedeiras circa procationes, nocturnas
noturnas, más companhias, deveres religio- compotationes, pravos socios,
officia religiosa, res domesti-
sos, coisas domésticas de grande importân- cas gravis momenti). 2º Contra
cia.) 2.º Contra o amor. Teve ódio aos pais amorem. An parentes vel heros
odio habuisti? gravia mala eis
ou patrões? Desejou graves males para eles? precatus es? mortem deside-
Desejou-lhes a morte? Entristeceu-os grave- rasti? graviter contristasti eos?
mente? Negou-se a sustentar os pais em ne- an negasti sustentare parentes
in necessitate? 3º Contra reve-
cessidade? 3.º Contra a reverência. Despre- rentiam. An eos ex animo con-
zou-os deliberadamente? Falou-lhes com tempsisti? an verbis iniuriosis
allocutus es? an aspere tractasti?
palavras ofensivas? Tratou-os com aspere- an minatus es? percussisti? 4º
za? Ameaçou-os? Agrediu-os? 4.º Contra Contra iustitiam. Famuli præs-
a justiça. Sobretudo os empregados sejam ertim interrogentur an hero
fidelitatem servaverint, damna
interrogados se foram fiéis ao patrão, se lhe intulerint, ipsum defraudarint?
causaram prejuízo, se o defraudaram.

II. Pais e superiores. 1.º Contra o amor. II. Parentes et Superiores. 1º


Contra amorem. An iniuste
Odiou injustamente um dos seus filhos? unum ex filiis tuis odisti? An
Praguejou seriamente contra eles? Tratou- serio eis imprecatus es? eos du-
-os com muita dureza? Dissipou os bens fa- rius tractasti? An ebrietatibus
bona familiæ non dilapidasti?
miliares com bebedeiras? 2.º Contra o bom 2º Contra bonum exemplum.

ser comutada em “outras formas de penitência, princi-


palmente em obras de caridade e exercícios de piedade”
(Código de Direito Canônico, cân. 1253). (N.T.)

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Annon scandalo fuisti filiis tuis, exemplo. Foi motivo de escândalo para os
e.g. coram filiis liberius loquen-
do, mala opera patrando? 3º seus filhos, ex.: falando imoralidades diante
Contra correctionem. An filiis dos filhos, praticando más ações? 3.º Contra
invigilasti? An male agentes
a correção. Você vigiou seus filhos? Puniu os
punivisti? An tolerasti ut pra-
vos socios frequentarent? fa- que agiam mal? Permitiu que frequentas-
miliaritatem periculosam cum sem más companhias? [Permitiu] familiari-
diverso sexu, procationes solita-
rias? An eos in doctrina et vita dade perigosa com o sexo oposto, namoros
christiana instituisti? annon ad solitários? Educou-os na doutrina e na vida
pravas scholas misisti? 4º Con-
cristã? Enviou-os a escolas más? 4.º Contra a
tra iustitiam. An matrimonium
liberorum iniuste impedivisti? justiça. Impediu injustamente o matrimônio
An debitam mercedem famulis dos filhos? Pagou o devido salário aos em-
et operariis solvisti?
pregados domésticos e operários?
III. Coniuges. 1º Contra amo- III. Cônjuges. 1.º Contra o amor. Viveu pa-
rem. An cum coniuge pacifice
vixisti? an peccasti per graves
cificamente com o cônjuge? Pecou por gra-
imprecationes, convicia, rixas, ves imprecações [praguejando contra ele],
sævitias? an filios ad compar- gritarias, discussões, violências? Incitou os
tem contemnendum excitasti?
2º Contra societatem. An of- filhos a desprezarem o outro cônjuge? 2.º
ficium cohabitationis debito Contra a união. Observou da maneira de-
modo servasti? annon diutius
abfuisti? 3º Contra obedientiam.
vida o dever de coabitação? Passou muito
Uxor interrogetur: An marito tempo fora de casa? 3.º Contra a obediên-
fuisti morigera in rebus do- cia. A esposa seja interrogada: Foi dócil ao
mesticis? annon vitam mariti
molestam reddidisti arrogantia marido nas coisas de casa? Tornou penosa
et turbulentia? an curam domus a vida do marido por arruaça e arrogân-
neglexisti? an fuisti obediens in
officio coniugali?
cia? Foi negligente no cuidado da casa? Foi
obediente no débito conjugal?

Circa Quintum
Præceptum Sobre o Quinto Mandamento
An aliquem odio prosecutus Tratou alguém com ódio? Pensou em
es? an vindictam cogitasti? an
cuipiam grande malum op-
vingança? Desejou um grande mal para
tasti? aut de eo gavisus es? an alguém? Ou se alegrou com isto? Provo-
rixas concitasti, aliquem gravi- cou brigas? Agrediu ou feriu gravemente
ter percussisti aut vulnerasti?
an satisfecisti ei, quem læsisti? alguém? Reparou o dano causado àquele

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a quem lesionou? Causou dano a si mes- an tibi ipsi nocuisti? malum


imprecatus es? de suicidio de-
mo? Desejou o mal [a si mesmo]? Pensou liberasti? an ebrietati indulsi-
deliberadamente em suicídio? Entregou-se sti? num perfectæ? an negasti
eleemosynam pauperibus gravi
à embriaguez? À embriaguez perfeita? Ne-
necessitate laborantibus?
gou esmola a pessoas pobres que estavam
em grave necessidade?

Circa Septimum et
Sobre o Sétimo e o Décimo Mandamento Decimum Præceptum

Teve vontade de roubar algo, ou de trapa- An habuisti voluntatem qui-


dpiam furandi, aut proximum
cear o próximo? Roubou algo? Lucrou algo fallendi? aut furto aliquid su-
com mentiras ou fraudes, ex.: ao vender ou stulisti? an mendaciis aut frau-
dibus quidpiam lucratus es, e.g.
comprar, ou em outros contratos? Pagou as
in vendendo aut emendo, aut
dívidas? Atrasou muito o pagamento das in aliis contractibus? an debita
dívidas? Processou alguém injustamente? solvisti? an solvere non nimium
distulisti? an litem iniuste ali-
Danificou injustamente os bens do próxi- cui intendisti? an damnum
mo? Prometeu que faria a restituição e no iniustum intulisti bonis proxi-
mi tui? an restitutionem facien-
entanto a negligenciou?
dam promisisti, at neglexisti?

Circa Octavum
Sobre o Oitavo Mandamento Præceptum
Mentiu, causando grave dano ao próximo? An mentitus es cum gravi dam-
Deu falso testemunho contra o próximo no proximi? an falsum testimo-
nium dixisti contra proximum
em juízo? Violou um segredo em coisa in iudicio? an secretum violasti
grave? Lesionou a reputação do próximo, in re gravi? an famam proxi-
mi læsisti, revelando delictum
revelando um delito oculto dele? Contou occultum? an narrasti coram
isso diante de muitas pessoas? Reparou os pluribus? an damna inde secuta
danos que se seguiram disso? reparasti?

Conclusão Conclusio

Feita a confissão, diga ao penitente se há Peracta confessione, pœnitens


ainda algo que lhe atormenta a consciên- interrogetur num aliud quid
habeat, quod conscientiam

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mordeat, et Confessarius non cia e que o confessor não tenha pergunta-


rogaverit; excitetur ad confi-
tendum ac si ultima confessio do; estimule-o a se confessar como se fosse
esset. Deinde paterna exhorta- a última confissão [de sua vida]. Depois,
tione et efficacibus motivis ad
com exortação paterna e motivos eficazes,
contritionem peccatorum indu-
catur et ad firmum propositum induza-o ao arrependimento dos pecados
cavendi abhinc ab omni pecca- e ao firme propósito de evitar doravante
to mortali; dicat illi: “Gratias
maximas Deo age, amice, pro todo pecado mortal. Diga-lhe: “Agrade-
tanta tibi exhibita misericordia; ça grandemente a Deus, meu amigo, pela
si tempore, quo tot tantisque
misericórdia tão grande que demonstrou
peccatis onustus vixisti, mors
te præoccupasset, vide quan- por você; veja a grande condenação em
tam damnationem incurrisses. que você teria caído, se a morte o tivesse
Nunc esto prorsus quietus, nec
unquam de hisce peccatis anga- surpreendido no tempo em que você viveu
ris; omnia absolvam; anima tua carregado de tantos e tão grandes pecados.
hodie alba erit sicut in die qua
Agora, fique inteiramente em paz, e nunca
baptizatus es; sed cave ut tantæ
Dei misericordiæ respondeas; mais se atormente por causa destes peca-
cave ne iterum te peccatis coin- dos; absolverei todos eles, e a sua alma hoje
quines”, etc. Non omittat Con-
fessarius hac occasione consilia ficará branca como no dia em que você foi
salutaria pro vitæ emendatione, batizado. Mas tenha o cuidado de corres-
prout opus videbitur, pœnitenti
ponder a esta grandíssima misericórdia de
suggerere; maxime vero con-
ducet unum alterumve ex con- Deus; tenha o cuidado de não se sujar no-
fessis vitiis seligere, atque ad vamente com os pecados” etc. Nessa oca-
illud debellandum tum exhor-
tari efficaciter, tum aptis etiam sião, o confessor não deixe de sugerir ao
mediis armisque pœnitentem penitente salutares conselhos para a emen-
instruere; quem in finem si suas
da de vida, na medida em que parecer útil.
etiam illi preces Confessarius
spoponderit, non modice sane Todavia, o mais útil é escolher um ou outro
illum in Domino recreatum dentre os vícios confessados, e exortar efi-
dimittet.
cazmente a combatê-lo, bem como munir
o penitente com as armas e os meios ade-
quados. A este fim, se o confessor prome-
ter-lhe também as suas preces, irá despedi-
-lo muito reconfortado no Senhor.

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