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APRESENTAÇÃO
É muito claro que hoje em dia temos no mercado de consumo um número incontável de
produtos e de serviços que afetam diretamente nossa saúde.
Para assegurar que o que consumimos é seguro e não nos causará danos, o Direito do
Consumidor, através do Código de Defesa do Consumidor elencou em seus dispositivos regras
que garantem a proteção à saúde e à segurança.
Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer como os dispositivos legais incidem na
proteção à saúde e à segurança e os tipos de periculosidade dos produtos e dos serviços.
Bons estudos.
DESAFIO
Vejamos um caso de grande repercussão que ocorreu em 2012, um exemplo claro de Recall.
No caso acima podemos perceber que a empresa agiu rapidamente para contornar o problema.
Diga em que artigo do Código de Defesa do Consumidor a empresa se amparou e justifique sua
resposta.
INFOGRÁFICO
A proteção da saúde e da segurança para ser bem compreendida deve ser analisada com
detalhes, uma vez que a vida e a segurança são direitos fundamentais que o Estado deve
assegurar a todos, segundo o art. 5º da Constituição Federal, portanto saiba mais por meio da
leitura do capítulo Da Proteção à Saúde e Segurança do livro "Direito do Consumidor".
Boa leitura!
DIREITO DO
CONSUMIDOR
Gustavo
Santanna
DA PROTEÇÃO
À SAÚDE E
SEGURANÇA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃO
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Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não
acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os
considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e
fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as
informações necessárias e adequadas a seu respeito.
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Da simples leitura do artigo 8º resta claro que os produtos e serviços não
poderão ocasionar qualquer dano ou risco ao consumidor, sendo dever do
fornecedor informar sobre eventuais riscos inerentes da natureza do produto
ou serviço:
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Já o artigo 9º preocupa-se com os casos em que os produtos e serviços são
“potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança” do consumidor,
salientando que as informações, neste caso, devem se dar de maneira
OSTENSIVA e adequada:
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embora classificada em seu rótulo com a expressão “sem álcool”, possua
teor alcoólico de até 0,5%. Similitude entre os acórdãos embargado e
paradigma, que trataram da matéria à luz das normas legais vigentes,
notadamente do Código de Defesa do Consumidor.
O art. 9º, in fine, menciona que a informação não exonera o fornecedor “da
adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto”, dentre elas a
retirada do produto ou a cessação do serviço, voluntária ou administrativa.
(BENJAMIN, MARQUES, MIRAGEM, 2010, p. 362)
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Com relação à proteção à saúde e à segurança dos consumidores, vale
salientar a aplicação dos princípios da prevenção e da precaução, típicos
do direito ambiental. (...) as diferenças entre o princípio da prevenção e da
precaução é que, no primeiro, há conhecimentos sobre a periculosidade
dos produtos ou serviços, devendo tomar todas as medidas para que não
ocorram danos à saúde e à segurança dos consumidores, enquanto no
segundo, (precaução) não se conhece, inteira ou parcialmente, os possíveis
danos que os produtos ou serviços possam causar. (LEONARDO GARCIA,
2015, p. 147-148)
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A obrigatoriedade de ampla divulgação referente ao aumento da nocividade
ou periculosidade dos produtos ou serviços já foi objeto de análise pelo
Superior Tribunal de Justiça, restando muito bem ementada a decisão:
(...)
(...)
Resta claro que a divulgação feita nos termos do artigo 10, §§ 1º e 2º do Código
de Defesa do Consumidor, não exime o fornecedor da responsabilidade dos
danos decorrente dos vícios do produto ou serviço:
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E, por fim, o Código de Defesa do Consumidor traz, no § 3º do art. 10, a
hipótese em que os Entes Públicos, cientes da periculosidade de produtos
ou serviços, também possuem a responsabilidade de informar tal fato aos
consumidores: “sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de
produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.”
SAIBA
MAIS
TIPOS DE PERICULOSIDADE
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p. 147), enquadrando-se, inicialmente, como de periculosidade inerente, mas
que, mesmo com a informação adequada, os riscos não seriam mitigados. Os
riscos do produto não compensariam os benefícios trazidos.
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CUMULÁVEIS AS FIGURAS DO DANO MORAL E ESTÉTICO, JÁ QUE O ÚLTIMO
NÃO CUIDA DE MODALIDADE DO PRIMEIRO, TAMPOUCO É POR AQUELE
ENGLOBADO. CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL. EXEGESE DOS ARTIGOS 602 E
20, § 5º DO CPC. CIRURGIA PLÁSTICA ESTÉTICO-REPARADORA. DIREITO
À AMPLA REPARAÇÃO, NA EXEGESE DOS ARTS. 1.538 E 1.539 DO
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO. DANO MORAL QUANTIFICAÇÃO. AVALIADAS
AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO, MOSTRA-SE RAZOÁVEL
INDENIZAÇÃO NO VALOR EQUIVALENTE A 100 SALÁRIOS MÍNIMOS, O QUE
ENCONTRA RESSONÂNCIA EM ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS
E DOUTRINÁRIOS PARA CASOS ANÁLOGOS. APELO PARCIALMENTE
PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70003095759, Nona Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira Rebout, Julgado
em 27/11/2002)
Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos, estes não podem ser
interrompidos ou paralisados, devendo ser prestados de forma contínua.
Nesse sentido, afirma o artigo 6º, § 1º da Lei nº 8.9.87/95 ao afirmar que
o serviço adequado é aquele que satisfaz, dentre outras condições, a de
continuidade. É claro que “o princípio da continuidade do serviço público” não
impede que em determinados momentos o serviço público não possa ser
interrompido ou suspenso, como ocorre no caso do artigo 6º, § 3º, da Lei nº
8.987/95 (SANTANNA, 2015, p. 201).
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ADMINISTRATIVO – SERVIÇO PÚBLICO CONCEDIDO – ENERGIA ELÉTRICA
– INADIMPLÊNCIA ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO
DE ÁGUA. USUÁRIO INADIMPLENTE. POSSIBILIDADE.
1. Nos termos do art. 22 da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do
Consumidor), “os órgãos públicos, por si ou suas empresas concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto
aos essenciais, contínuos”.
2. A Lei nº8.987/95, por sua vez, ao dispor sobre o regime de concessão
e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da
Constituição Federal, em seu Capítulo II (“Do Serviço Adequado”), traz a
definição, para esse especial objeto de relação de consumo, do que se
considera “serviço adequado”, prevendo, nos incisos I e II do § 3º do art.
6º, duas hipóteses em que é legítima a sua interrupção, em situação de
emergência ou após prévio aviso: (a)
por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; (b) por
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
3. Tem-se, assim, que a continuidade do serviço público assegurada pelo
art. 22 do CDC não constitui princípio absoluto, mas garantia limitada pelas
disposições da Lei 8.987/95, que, em nome justamente da preservação
da continuidade e da qualidade da prestação dos serviços ao conjunto
dos usuários, permite, em hipóteses, entre as quais, o inadimplemento, a
suspensão no seu fornecimento. Precedentes da 1ª Turma: REsp 591.692/
RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 14.03.2005; REsp 691.516/RS,
Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ de 24.10.2005; REsp 337.965/MG, Rel.ª
Min.ª Eliana Calmon, 2ª Turma, DJ de 20.10.2003.
4. Recurso especial a que se dá provimento.
(REsp nº 898.769/RS, Ministro Relator Teori Albino Zavascki, julgado em
01/03/2007).
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ESCOLAS; CRECHES; FONTES DE ABASTECIMENTO D’ÁGUA E ILUMINAÇÃO
PÚBLICA; E SERVIÇOS DE SEGURANÇA PÚBLICA. INADIMPLÊNCIA.
SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO. SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL.
1. A suspensão do serviço de energia elétrica, por empresa concessionária,
em razão de inadimplemento de unidades públicas essenciais - hospitais;
prontos-socorros; escolas; creches; fontes de abastecimento d’água,
iluminação pública; e serviços de segurança pública, como forma de
compelir o usuário ao pagamento de tarifa ou multa, despreza o interesse
da coletividade.
2. É que resta assente nesta Corte que: “O princípio da continuidade
do serviço público assegurado pelo art. 22 do Código de Defesa do
Consumidor deve ser obtemperado, ante a exegese do art. 6º, § 3º, II da Lei
nº 8.987/95 que prevê a possibilidade de interrupção do fornecimento de
energia elétrica quando, após aviso, permanecer inadimplente o usuário,
considerado o interesse da coletividade. Precedentes de ambas as Turmas
de Direito Público (...) “ RESP 845.982/RJ.
3. Deveras, não se concebe a aplicação da legislação infraconstitucional,
in casu, art. 6.º, § 3.º, II, da Lei 8.987/95, sem o crivo dos princípios
constitucionais, dentre os quais sobressai o da dignidade da pessoa
humana, que é um dos fundamentos da República como previsto na
Constituição Federal.
4. (...)
5. Embargos de Divergência rejeitados.
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precariedade de suas instalações, em um único prédio, funcionam várias
Secretarias e até mesmo escolas”, a suspensão do fornecimento de energia
iria de encontro ao interesse da coletividade. Agravo regimental improvido.
(STJ AgRg no REsp nº 1.142.903/AL, Ministro Relator Humberto Martins,
julgado em 13/12/10).
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7. Destarte, é mister analisar que as empresas concessionárias ressalvam
evidentemente um percentual de inadimplemento na sua avaliação de
perdas e os fatos notórios não dependem de prova (notoria nom egent
probationem), por isso que a empresa recebe mais do que experimenta
inadimplementos.
8. Esses fatos conduzem a conclusão contrária à possibilidade de corte
do fornecimento de serviços essenciais de pessoa física em situação de
miserabilidade, em contrapartida ao corte de pessoa jurídica portentosa,
que pode pagar e protela a prestação da sua obrigação, aproveitando-se
dos meios judiciais cabíveis.
9. Embargos de declaração providos, com efeitos infringentes.
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REFERÊNCIAS
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Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
EXERCÍCIOS
C) Produtos importados devem ter as informações sobre riscos à saúde traduzidas pelo
importador.
D) As bebidas alcoólicas não pertencem ao rol de produtos nocivos à saúde. Podem ser
comercializadas livremente.
D) Desde que o fornecedor alerte sobre o perigo na forma prevista na lei, ficará isento de
responsabilidade perante consumidores por conta do choque do ferro, mas apenas em
relação aos fatos ocorridos após a divulgação do alerta.
C) Deverá adequar seu produto para que não tenha os efeitos danosos.
NA PRÁTICA
O direito do consumidor não permite que produtos e serviços que causem riscos à saúde e à
segurança estejam no mercado, todavia alguns produtos que por suas características ofereçam
riscos podem estar no mercado de consumo desde que fornecedores advirtam os consumidores
dos riscos.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor: