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Universidade do Estado da Bahia - UNEB

DCH-4, Jacobina-BA
Graduação Licenciatura em História, 2023.2.
Docente: Maria Sandra da Gama
Discente: Aislan Nascimento Alves Pedroza
Disciplina: Livros e Materiais Didáticos no Ensino de História.

FICHAMENTO.

RÜSEN, Jörn. O livro didático ideal.


In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de
Resende Martins. Jörn Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Editora da UFPR,
2010, p.109-127.

Jörn Rüsen é professor doutor da Universidade de Witten, o seu doutorado é em


Filosofia e História pela Universidade de Colônia (1966), sendo um historiador de suma
importância para as pesquisas e para a educação referente a Didática da História 1. Neste
artigo, ele vem abordando as maneiras de analisar as qualidades dos livros didáticos no
ensino de história, pois este é “o guia mais importante da aula de história”, analisando
os formatos, estruturas e as relações que os livros didáticos se constroem nas
interpretações dos estudantes e nas práticas, além das metodologias que são
fundamentais para as interpretações históricas por meio das imagens, mapas e esboços,
textos, pluralidade da experiência histórica, das análises de “pluriperspectividades”
desses materiais didáticos na sala de aula e se esses correspondem com as normas
científicas da ciência histórica.
A priori, o texto inicia-se com o autor denotando a maior lacuna sobre as
análises dos livros didáticos de história: a análise empírica, este seria a análise da
sistematização dos conhecimentos dos livros de maneira mais aprofundada e buscando
fazer as leituras de como as configurações se mostram em cada livro, tendo o seu papel
fundamental para a aprendizagem histórica em sala de aula. Sendo assim, a função
primordial de um livro didático está em “tornar possível, impulsionar e favorecer a
1
https://www.escavador.com/sobre/373784/jorn-rusen acessado em 08/10/2023
aprendizagem da história” por meio da consciência histórica, resultado de narrativas e
interpretações históricas do passado que possibilitam as construções de identidades e a
obtenção das dimensões temporais, etc. (pp. 111-113)
“a consciência histórica pode ser descrita como a
atividade mental da memória histórica, que tem sua representação em
uma interpretação da experiência do passado encaminhada de maneira
a compreender as atuais condições de vida e a desenvolver perspectivas
de futuro na vida prática conforme a experiência.” (p. 112)

Com o exposto, a consciência histórica, segundo Rüsen, é o resultado dos


desenvolvimentos das aprendizagens históricas que envolve o potencial comunicativo
da memória histórica, pois essa faculdade comunicativa/narrativa deve ser seguido no
viés de competências narrativas: competência perceptiva, onde se deve “saber perceber
o passado como tal, isto é, em seu distanciamento e diferenciação do presente
(alteridade histórica), em vê-lo a partir do horizonte de experiências do presente como
um conjunto de ruínas e tradição”; competência interpretativa, que “consiste em saber
perceber o passado como tal, isto é, em seu distanciamento e diferenciação do presente
(alteridade histórica), em vê-lo a partir do horizonte de experiências do presente como
um conjunto de ruínas e tradição” e, por fim, a competência de orientação, onde
“consiste em admitir e integrar a "História" como construção de sentido com o conteúdo
de experiências do passado, no marco de orientação cultural da própria experiência de
vida’’. (p. 114)
“Em toda a sua estrutura, o livro didático tem que levar em conta as condições de aprendizagem
dos alunos e alunas. Tem que estar
de acordo com sua capacidade de compreensão, e isto vale, acima de
tudo, no que se refere ao nível de linguagem utilizado” (p. 116)

Os livros didáticos são meios de suma importância para levar a aprendizagem e


as construções da consciência histórica, porém, deve-se manter a relação com as formas
de abordagens da linguagem com o uso do livro referente as cognitividade de cada
aluno, sem deixar que os alunos obtenham sobrecargas cognitivas em relação aos textos.
Pensando na receptividade, pois este é algo fundamental para a relação aluno e livro, de
forma relativizada para dar a possibilidade de compreensão, como exemplo da
utilização das experiências cotidianas e inserir o aluno de forma explicita nas
abordagens dos conteúdos e interpretações dos temas para a orientação histórica dos
conhecimentos. (p. 117)
Já em relação à sala de aula, os livros didáticos devem desenvolver “A
capacidade de julgar e argumentar”, pois este “é um objetivo irrenunciável (além de
altamente aceito) do ensino de história e esta não pode ser alcançada mediante uma
mera exposição que não cede espaço aos alunos e alunas para desenvolverem sua
capacidade de argumentar, criticar e julgar”. No entanto, com a ajuda dos professores, o
uso dos documentos e as suas interpretações são fundamentais para os alunos durante as
aulas, não apenas expondo, mas também interpretar e estabelecer relações com os
contextos históricos com base nas fontes utilizadas.
“Mediante o modo como apresentam o passado, mediante diferentes materiais,
os livros didáticos devem incitar as percepções e experiências históricas. Têm que abrir os olhos
das crianças e jovens às diferenças históricas e às diferentes qualidades da vida humana
através dos tempos. Portanto, não devem apresentar unicamente as
experiências históricas já interpretadas e as percepções já assimiladas
de forma cognitiva.” (p. 119)

Com isso, o autor denota diversas possibilidades do livro didático para a


percepção histórica: utilizando as imagens que admitem e estimulem aos alunos a
fazerem interpretações e comparações com o passado e o presente, além da
compreensão das singularidades das dimensões temporais e trabalhando em cima das
suas “estranhezas”; mapas e esboços com as suas utilidades em demarcar os espaços
que ocorreram os processos e fatos históricos dentro dos contextos cronológicos,
fazendo com que movimente os sentidos dos estudantes para as extensões e as
mudanças temporais; em relação aos textos “o mesmo que para as imagens: devem
possuir aspecto atrativo e estimulante, devem induzir a perguntas e devem ser
interpretáveis em relação ao problema”; a pluralidade das experiências históricas tem a
ver com o entendimento mais amplo da Cultura, da Sociedade, da Política e da
Economia, juntamente com as suas mudanças a curto e longo prazo, tudo isso deve fazer
parte do livro didático, assim como demonstrar essas experiências históricas a partir das
diversas perspectivas. (pp. 119-122)
Por fim, a leitura desse artigo é fundamental para os docentes em formação e os
que já estão licenciando nas salas de aulas, pelo motivo de que esse texto norteia os
professores em relação ao uso ideal dos livros didáticos escolares, tanto para a relação
de críticas sob essas fontes e de como construir uma aula de maneira
metodologicamente preparada para construções de consciência histórica, tanto com o
uso do livro didático como investigação histórica “como meio para conseguir seus fins
didáticos e específicos” para as feituras das aulas que permeiam a aprendizagem
histórica, as suas experiências e interpretações nas diferenças temporais que venha
possibilitar perspectivas do futuro para o presente.

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