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RESENHA
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Universidade do Estado da Bahia. 2022.2
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Universidade do Estado da Bahia. 2022.2
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Universidade do Estado da Bahia. 2022.2
‘’mui velho e viúvo’’, porém não foi suficiente e acabou-se indo casar, forçadamente, na
Igreja de Santa Luzia. Entretanto, não foi possível realizar tal ato por Maria ter ficado aos
‘’grandes prantos’’e, logo depois, castigada, mau tratada, forçada pela terceira vez, casou-se
com Antônio. Sendo assim, Emily Machado retrata veemente as misoginias sofridas pelas
mulheres vindos da sociedade europeia e da ideologia cristã de que as mulheres sejam iguais a
Virgem Maria, ‘’aquela capaz de redimir a humanidade através da obediência, restaurando o
que foi perdido pela desobediência de Eva.’’, o que estava longe de ser, principalmente para
as mulheres de estratos médios e baixos. Tudo isso se encaixa no sentido do controle do
patriarcado sob os corpos e sexualidades femininas, onde era (e ainda é) entendida como ‘’a
faceta mais perigosa das mulheres’’, tendo o matrimônio como uma maneira de controle,
adequando aos objetivos, costumes, ideias da Igreja e do Estado, porém eram baseadas de
acordo as suas funções sociais, foco excessivo perante suas sexualidades e invisíveis perante a
lei, causa excepcionalmente relacionada as Ordenações Afonsinas, onde só eram presentes
para as suas demarcações e exclusões das suas figuras em espaços públicos (com exceção das
mulheres nobres).
Logo, apesar das perversidades e inumanidades do patriarcado, as resistências
femininas seguiram adiante, como no caso de Maria Coelha, forçada e agredida a se casar,
ainda continuou resistindo e fugiu para Lisboa, construindo uma nova vida, onde encontrou-se
com o seu novo marido, mas no interrogatório inquisitorial, em 1707, mesmo resistindo até o
fim, Maria se confessou, foi punida com açoites e degredada por sete anos para Angola, por
causa de sua vontade em viver a sua sexualidade e afetos de maneira livre. Por fim, a
dissertação é fundamental para os estudos e analises das mulheres e suas resistências perante a
Igreja e o Estado, é dolorosa para as leitoras mulheres até por ser recente, apesar das
evoluções nas jurisdições e da sociedade. Assim, para concluir, a demarcação do caso de D.
Gertrudes Margarida de Jesus, autora da obra Primeira Carta Apologética, em favor, e defensa
das Mulheres publicada em Lisboa, em 1761, foi e é uma fundamental resposta para todo o
sistema patriarcal da época, onde Emily Machado fez com que chegasse, de maneira ampla,
essa narrativa nas mãos de atuais historiadores e estudantes “[...] agora em defensa do meu
sexo, quando me vejo insultada, procuro a defensa com as mesmas armas, com que me vejo
ofendida”.
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