Você está na página 1de 44

INSTITUTO POLITÉCNICO MAKHETELE

ENSINO MÉDIO TÉCNICO PROFISSIONAL


CURSO DE TÉCNICOS DE NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS ALUNOS ADOLESCENTES


DOS 14 A 18 ANOS DE IDADE NA ESCOLA SECUNDÁRIA MATHIAS MANUEL
KAPHESSE (2º SEMESTRE DE 2023)

Autora:
Marta Ana Colaço

Caia, Outubro de 2023


INSTITUTO POLITÉCNICO MAKHETELE
ENSINO MÉDIO TÉCNICO PROFISSIONAL
CURSO DE TÉCNICOS DE NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS ALUNOS ADOLESCENTES


DOS 14 A 18 ANOS DE IDADE NA ESCOLA SECUNDÁRIA MATHIAS MANUEL
KAPHESSE (2º SEMESTRE DE 2023)

Autora:
Marta Ana Colaço

Monografia a ser apresentado no Instituto


Politécnico Makhetele-Caia, em parcial
cumprimento dos requisitos para a obtenção do
grau de Técnico de Nutrição.

Supervisor: Engº Manuel Salomão David.

Caia, Outubro de 2023

ii
DECLARAÇÃO
Eu, Marta Ana Colaço, declaro por minha honra, que este trabalho de pesquisa é o resultado
do meu empenho e sacrifício. Ele não foi submetido antes para obtenção de nenhum nível
ou para avaliação em nenhuma outra disciplina ou instituição.

Caia; aos ______de ____________________de 2023

_____________________________________
(Marta Ana Colaço)

iii
DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à minha família pela força e coragem e apoio que tem me dado todos
os dias para fazer este curso de Nutrição.

iv
AGRADECIMENTOS

Primeiro agradeço à Deus, pela protecção e inteligência que tem me proporcionado a cada
segundo nesta grande caminhada de desafio da vida profissional.

Em segundo lugar, agradeço, a minha familia e ao meu Supervisor, que de forma gentil e
excelente tem me conduzido a uma realidade do trabalho realizado.

Por final agradeço a todos que me ajudaram directa ou indirectamente.

v
RESUMO
A avaliação antropométrica tem se tornado cada vez mais importante. Para avaliar o estado
nutricional de alunos que vivem no Centro internato da Escola Secundária Mathias Manuel
Kaphesse no Distrito de Caia, foi desenvolvido um estudo por forma a responder os objetivos
traçados. O estudo envolveu 29 alunos dos quais 19 de sexo masculino e 10 de sexo
feminino. Recorreu-se para a tal, a amostragem não-probabilística, como forma de incluir os
participantes no estudo no momento de recolha de dados. Variáveis analisadas foram peso e
altura de cada aluno, Índice da massa corporal, Estado nutricional do aluno, Frequência e
hábitos alimentares dos alunos. Os resultados foram analisados estatisticamente e foram
submetidos ao pacote Microsoft Office Excel, para a sua interpretação. Os resultados
mostraram que o estado nutricional da maior parte dos alunos que residem no Centro
internato estudado, está de acordo com os padrões esperados de peso e crescimento para a
idade. Os resultados, mostraram também que no Centro internato, os alunos pelo menos
passam três refeições por dia que incluem matabicho (pequeno almoço), almoço e jantar, no
entanto, os alimentos não variam, ou seja, sempre no matabico, almoço e jantar os alunos
alimentam-se de Papa de farinha de milho, Xima-feijão e Arroz-feijão respectivante.

Palavras chaves: Estado nutricional, Dieta dos alunos, Alimentação saudável

vi
ABSTRACT
Anthropometric assessment has become increasingly important. To assess the nutritional
status of students living in the boarding center of Mathias Manuel Kaphesse Secondary
School in the District of Caia. A study was developed in order to respond to the objectives
outlined. The study involved 29 students, 19 male and 10 females. For this purpose, non-
probability sampling was used as a way of including participants in the study at the time of
data collection. Variables analyzed were weight and height of each student, Body mass
index, Student's nutritional status, Frequency and eating habits of students. The results were
statistically analyzed and submitted to the Microsoft Office Excel package for interpretation.
The results showed that the nutritional status of most students residing in the studied
boarding center is in line with the expected standards of weight and growth for their age.
The results also showed that at the boarding center, students have at least three meals a day
that include breakfast, lunch and dinner, however, the foods do not vary, that is, always at
breakfast, lunch and dinner students eat corn flour porridge, Xima-beans and Rice-beans
respectively.

Keywords: Nutritional status, Student diet, Healthy eating.

vii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Medidas antropométricas.....................................................................................24


Tabela 2: Índices antropométricos por faixa etária...............................................................24
Tabela 3: Classificação do estado nutricional segundo o IMC para adultos.........................30
Tabela 4: Caracterização dos alunos por sexo......................................................................30

viii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Causas básicas da desnutrição crónica..................................................................21


Figura 2: Métodos de avaliação do estado nutricional........................................................23
Figura 3: Caracterização dos alunos por faixa etária (a) e classe (b)..................................31
Figura 4: Número de refeições diária..................................................................................32
Figura 5: Estado nutricional dos alunos...............................................................................33

ix
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice 1: Questionário para o responsável do internato...................................................38
Apêndice 2: Questionário para a pessoa responsável pela preparação das refeições..........39
Apêndice 3: Questionário para os alunos.............................................................................40
Apêndice 4: Cronograma de actividades..............................................................................41
Apêndice 5: Orçamentação..................................................................................................41
Apêndice 6: Dados antropométricos dos alunos...................................................................42
Apêndice 7: Carta de pedido de realização do estudo..........................................................43
Apêndice 7: Transcrição do despacho de autorização para a realização de estudo...............44
LISTA DE ABREVIATURAS
/………………………... Por
CA……………………... Circunferência Abdominal
E/I……………………... Estatura por Idade
g……………………….. Grama
hab…………………….. Habitantes
IMC/I…………………. Índice da Massa Corporal por Idade
Kg……………………... Quilogramas
m2…………………… metros quadrados
MAE………………….. Ministério de Administração Estatal
MS…………………….. Ministério de Saúde
Mt..……………………. Meticais
P/A……………………. Peso por Altura
P/I……………………... Peso por Idade
Pág……………………. Páginas
QFA…………………… Questionário de Frequência Alimentar

xi
ÍNDICE

DECLARAÇÃO................................................................................................................... iii
DEDICATÓRIA ................................................................................................................... iv
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... v
RESUMO ............................................................................................................................. vi
ABSTRACT ........................................................................................................................ vii
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... ix
LISTA DE APÊNDICES ...................................................................................................... x
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................ xi
1.1. Problema do estudo .................................................................................................. 15
1.2. Justificativa ............................................................................................................... 15
1.3. Hipóteses .................................................................................................................. 16
1.3.1. Hipótese nula (Ho).............................................................................................. 16
1.3.2. Hipótese alternativa (H1).................................................................................... 16
1.4. Objectivos ................................................................................................................. 17
1.4.1. Objectivo Geral .................................................................................................. 17
1.4.2. Objectivos Específicos ....................................................................................... 17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 18
2.1. Nutrição .................................................................................................................... 18
2.2. Má nutrição ............................................................................................................... 19
2.3. A Desnutrição ........................................................................................................... 20
2.3.1. Principais causas da desnutrição ........................................................................ 20
2.4. A desnutrição e o processo de ensino aprendizagem ............................................... 21
2.5. Avaliação do estado nutricional ............................................................................... 22
2.5.1. Métodos de avaliação do estado nutricional ...................................................... 22
2.5.2. Indicadores Antropométricos de Avaliação do Crescimento e da Massa Corporal
..................................................................................................................................... 24
3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 26
3.1. Localização do local de estudo ................................................................................. 26
3.2. Superfície e população do distrito ............................................................................ 26
3.3. Saúde e Segurança alimentar no distrito................................................................... 26
3.3.1. Unidades Sanitárias ............................................................................................ 27

12
3.3.2. Segurança Alimentar .......................................................................................... 27
3.4. Desenvolvimento da Pesquisa .................................................................................. 28
3.4.1. Amostragem ....................................................................................................... 28
3.4.2. Critérios de Inclusão e exclusão ........................................................................ 28
3.4.3. Técnicas de recolha de Dados ............................................................................ 29
3.5. Variáveis analisadas ................................................................................................. 29
3.5.1. O peso e altura de cada aluno............................................................................. 29
3.5.2. O Índice da massa corporal ................................................................................ 30
3.5.4. Frequência e hábitos de ingestão dos alimentos ................................................ 30
3.6. Análise estatística ..................................................................................................... 30
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 36
8. APÊNDICES ................................................................................................................... 38

13
1. INTRODUÇÃO

O estado nutricional é conceituado como “o estado resultante do equilíbrio entre o


suprimento de nutrientes e o gasto energético”, também caracterizado pelo balanço entre a
necessidade e a oferta de nutrientes (VASCONCELOS, 2008 e BERTIN et al., 2010), sendo
considerado um indicador de saúde global (SPERANDIO et al., 2011), o qual está
intimamente ligado à saúde do ser humano, influenciando seu processo de crescimento e
evolução clínica (BERTIN et al., 2010 citados por MOZ e SANTOLIM, 2014).

A Escola Secundária Mathias Manuel Kaphesse, especialmente ao seu centro internato tem
desempenhado um papel fundamental nas famílias ao nível do distrito de Caia. No entanto,
o monitoramento do estado nutricional dos alunos adolescentes que residem nele promoveu
o desenvolvimento integral desses alunos. Assim, a antropometria representa a estratégia
mais eficaz para estimativa e controlo do estado nutricional desses alunos segundo BRASIL,
(2006) citado por ZUCCO E COGLIN, (2018).

A avaliação antropométrica tem se tornado cada vez mais importante para controlo e
monitorização de situações de risco e para o planejamento de acções voltadas a promoção
da saúde e prevenção de doenças. Sua importância é reconhecida na atenção primária, para
acompanhar o crescimento e a saúde da criança e na detecção precoce de distúrbios
nutricionais, seja desnutrição, ou obesidade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PEDIATRIA, 2009 citada por citado por ZUCCO E COGLIN, (2018).

ZUCCO E COGLIN, (2028), afirmam que a avaliação antropométrica é a medida que melhor
define saúde do adolescente e estado nutricional, visto que distúrbios de saúde e nutrição
afectam o crescimento deste grupo, independentemente da sua etiologia (FOSCHINI e
CAMPOS, 2010). Além de ser uma alternativa simples, não invasiva, rápida e barata, é
diferente de outros métodos que são caros e demorados, e que requer pessoal especializado
(SILVA, 2005).

Os índices antropométricos podem ser tomados como indicadores positivos de saúde, pois
permitem avaliar o estado nutricional e o potencial de desenvolvimento dos adolescentes
(FERNANDES, 2006; VASCONCELOS et al., 2011 citados por MOZ e SANTOLIM,
2014). Portanto, o objectivo deste trabalho foi de avaliar o estado nutricional dos alunos
adolescentes de ambos sexos que residem no centro internato da Escola Secundária Mathias
Manuel Kaphesse no Distrito de Caia.

14
1.1. Problema do estudo

A fase escolar compreende crianças, adolescentes e jovens de entre 6 a 18 anos de idade, no


qual pode ser caracterizada por um período de várias mudanças e influências na alimentação
(PEREIRA et al., 2014). Uma alimentação inadequada poderá comprometer o período de
crescimento e desenvolvimento contínuo do aluno (CARMO; CASTRO; NOVAIS, 2013
citados por LOURENÇO et. al., 2014).

A OMS (2005), afirma que a saúde na infância é preditiva da saúde ao longo da vida,
constituindo nos primeiros anos, os alicerces sobre os quais se constrói a realização e o
potencial em saúde individual. A prevenção, sobretudo para os mais jovens, é considerada
universalmente como a melhor opção para reverter o aumento da prevalência da desnutrição
ou da obesidade infantil e/ou na adolescência a nível mundial (HAN, LAWER, E KIM, 2010
citados por LOURENÇO et. al., 2014).

Face ao exposto, considera-se importante conhecer o estado nutricional e os hábitos


alimentares dos alunos adolescentes que residem no centro internato da Escola Secundária
Mathias Manuel Kaphesse-Caia, pelo que se define a seguinte questão de investigação:

Qual é o estado nutricional dos alunos adolescentes dos 14 a 18 anos de idade


que residem no centro internato da Escola Secundária Mathias Manuel
Kaphesse-Caia?

1.2. Justificativa

A prevalência de desnutrição, pré-obesidade e obesidade infantil ou na adolescência continua


a aumentar de forma significativa no Mundo, na Europa e África. Em Moçambique, tornou-
se causa de grande apreensão em termos de saúde pública (LOURENÇO et. al., 2014). A
avaliação nutricional juntamente com as técnicas aplicáveis, são métodos importantes de
diagnóstico, pois fornece estimativas de prevalência e possíveis alterações nutricionais
(BARBOSA; SOARES; LANZILLOTTI, 2009 citados por DA SILVA e AVI, 2017).

Analisar o estado nutricional dos alunos adolescentes do centro internato da escola em


estudo, é significativo para auxiliar propostas que previnem e controlem distúrbios
nutricionais que acometem essa fase da vida. O presente estudo tem como objectivo avaliar
o estado nutricional dos alunos adolescentes dos 14 a 18 anos de idade de ambos sexos que
residem no centro internato da Escola Secundária Mathias Manuel Kaphesse no Distrito de
Caia.

15
1.3. Hipóteses

1.3.1. Hipótese nula (Ho)

A minoria dos alunos adolescentes que residem no centro internato da Escola


Secundária Mathias Manuel Kaphesse, no Distrito de Caia, estão na situação de
desnutrição.

1.3.2. Hipótese alternativa (H1)

A maior parte dos alunos adolescentes que residem no centro internato da Escola
Secundária Mathias Manuel Kaphesse, no Distrito de Caia, estão na situação de
desnutrição;

16
1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo Geral

Avaliar o estado nutricional dos alunos adolescentes que residem no centro internato
da Escola Secundária Mathias Manuel Kaphesse.

1.4.2. Objectivos Específicos

Determinar as medidas antropométricas em cada aluno e o respectivo estado


nutricional;
Identificar os hábitos alimentares dos alunos do internato em estudo;
Prescrever recomendações para alimentação saudável para adolescente da escola em
estudo.

17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Nutrição

Segundo GUIMARÃES (1988), a nutrição é um processo vital que se cumpre mediante a


alimentação, a digestão e o metabolismo e que consiste na transformação dos alimentos
(formados por material orgânico e inorgânico encontrado no meio ambiente), em organismo.
A função nutritiva no organismo é tão importante que as outras funções lhe ficam
subordinadas em grau maior ou menor.

O alimento é o primeiro aspecto do fenômeno nutrição, é composto de substâncias de


natureza mineral e orgânica que serão transformadas em tecidos e órgãos. O segundo aspecto
é a transformação do alimento desde a mastigação até à sua integração nas células e humores.
O terceiro aspecto é o resultado dos dois primeiros e consiste nas condições somáticas em
que o organismo se apresenta em consequência da assimilação do alimento, traduzindo-se
na construção do organismo e, finalmente, o quarto aspecto é a utilização dos materiais
plásticos e energéticos na realização dos actos vitais do organismo (GUIMARÃES, 1988).

Os alimentos são os transportadores naturais de nutrientes para o organismo humano, sendo


imprescindíveis para assegurar a produção de energia, a construção, reparação e manutenção
dos tecidos e o controle dos processos da vida (CAVALCANTI et al., 1979). Este é o
conceito fisiológico de alimento, segundo o qual a função dos alimentos é nutrir.

Entretanto, além da função primária de nutrir, os alimentos desempenham outros importantes


papeis que muitas vezes determinam quanto, como, quando e quais alimentos são
selecionados, preparados e consumidos. O comportamento alimentar dos indivíduos sofre a
influência de padrões culturais, da significação social dos alimentos e do valor psicológico
deste.

As substâncias de que são constituídos os alimentos são denominadas nutrientes, têm


funções específicas e funcionam associadamente. são eles segundo GUIMARÃES (1988): o
oxigênio, a água, as proteínas, as gorduras, os elementos minerais e as vitaminas. As funções
dos nutrientes, segundo o autor acima citado são: função reguladoras, função plásticas e
função energéticas.

18
2.2. Má nutrição

É insuficiência ou excesso de alimentos do mesmo grupo no organismo. São as principais


causas da má nutrição, segundo BARBOSA E FREITAS (2013):

a) A falta de chuva numa zona provoca seca e estiagem: Quando há FOME numa
zona as crianças menores de 5 anos sofrem mais do que os adultos.

b) Único tipo de refeição: Algumas crianças ficam malnutridas porque suas mães dão
um único tipo de alimentos, nas refeições como o desenho representa ao lado. As três
refeições da criança são papas. Outras ficam malnutridas porque as mães dão uma
refeição por dia e não satisfaz a criança.

c) Grupo de crianças de diferentes idades comendo no mesmo prato: Quando as


crianças de diferentes idades comem juntas no mesmo prato, a criança mais nova
pode ficar malnutrida, porque a quantidade de comida que consume não é igual à dos
irmãos mais velhos. Por isso as crianças menores de 3 anos devem ser acompanhadas
durante as refeições para se ter a certeza de que a criança comeu a quantidade
suficiente de alimentos.

d) Desmame brusco: Quando uma mãe desmama a criança antes de completar 2 anos
de idade, pode ficar malnutrida. Uma criança deve mamar até 2 anos de idade. Os
pais devem fazer planeamento familiar para evitarem gravidezes indesejadas durante
o período de amamentação. Se acontecer que a mulher fique grávida antes de a
criança completar 2 anos, a mãe pode continuar a amamentar até a altura do parto.
Depois do parto, se a criança mais velha ainda não tiver completado 2 anos podem
continuar a mamar as duas até a outra completar 2 anos.

e) O saneamento do meio: Péssimas condições de higiene. Não tem aterro-sanitário,


não tem latrina nem mesa para pôr a louça. As famílias como esta, põem em perigo
os seus membros, a vizinhança e até a comunidade. O lixo é a causa principal de
muitas doenças principalmente da diarreia.

f) As Doenças: As doenças causam má nutrição principalmente quando as crianças


demoram ser tratadas. O primeiro sinal de mal nutrição é perda de peso e
emagrecimento.

19
A diarreia por exemplo pode estar ligada a má nutrição pelas seguintes razões:

Quando há diarreia não há digestão de alimentos.


Quando não há digestão de alimentos os nutrientes não são aproveitados pelas
células. Também uma criança com diarreia não tem apetite por causa da doença.

2.3. A Desnutrição

A desnutrição, para EDUARDO MARCONDES, citado por GUIMARÃES (1988), é "a


resultante da baixa ingestão calórico proteica", sendo a mais importante distrofia por
carência alimentar encontrada nos países em desenvolvimento. são outras distrofias por
carência alimentar: anemia, o escorbuto, o raquitismo, etc.

A desnutrição é um dos mais graves problemas de saúde mundiais. Estima-se que cerca de
metade a dois terços da população mundial é vítima de má nutrição (GUIMARÃES, 1988).

Há muito tempo a desnutrição é vista como facilitadora de infecções, parasitoses,


incapacidade, mortalidade, etc. Hoje, é vista, também, como provável causa de deficiência
intelectual. Os problemas nutricionais são evidentes, principalmente, na criança que
representa o grupo etário mais vulnerável à deficiência nutricional (GUIMARÃES, 1988).

2.3.1. Principais causas da desnutrição

a) Causas imediatas da desnutrição crónica

As causas imediatas da desnutrição crónicas, identificadas no PAMRDC (2010) citado por


ISMAEL (2013), são:

Ingestão inadequada de nutrientes – Caracterizadas por dietas monótonas, com


deficiências de micronutrientes, afectando a maioria da população;

Elevados níveis de infecções - A malária e os parasitas gastrointestinais afectam


metade da população, sendo que igual número de mulheres que são atendidas nas
consultas pré-natais apresenta doenças sexualmente transmissíveis;

Gravidez precoce – 41% das raparigas de 15-19 anos de idade são casadas, vivem
em união marital ou já o foram; e perto de 22% teve o seu primeiro contacto sexual
aos 15 anos; e 29% já tem um filho.

20
b) Causas subjacentes da desnutrição crónica

As causas subjacentes da desnutrição crónica segundo ISMAEL (2013) são:

Insegurança alimentar (Especialmente no limitado acesso e uso de alimentos


nutritivos);
Pobreza e práticas inadequadas em relação aos cuidados das mães e/ou família;
insuficiente acesso à saúde, à água e aos serviços de saneamento.

As causas básicas da desnutrição crónica, para além da pobreza, incluem o baixo nível de
educação e a desigualdade do género (este último responsável pelos casamentos e gravidezes
precoces) (Fig. 1)

Figura 1: Causas básicas da desnutrição crónica


Fonte: ISMAEL (2013)

2.4. A desnutrição e o processo de ensino aprendizagem

De acordo com GUIMARÃES, (1988), a desnutrição, afecta a mielinização da célula


nervosa, prejudicando desta forma a velocidade de condução dos impulsos nervosos. Quando
se considera que um tempo de condução aumentado sugere lentidão nas reações
comportamentais, pode-se inferir que a desnutrição é factor que prejudica a aprendizagem.

21
GUIMARÃES, (1988), admite que o estado nutricional seja uma consequência natural das
circunstâncias culturais e socio-económicas existentes, o que mostra a nítida correlação entre
meio, nutrição e capacidade de aprender.

Autores como BONTEMPO (2005), FULGÊNCIO (2007), FORTUNATI (2008), e


ANDRADE (2010), que trabalham temas sobre a importância da alimentação, concordam
que a falta de alguns nutrientes no organismo do ser humano, prejudicam a concentração
mental e dificultam a agregação do conhecimento. Dessa maneira, vale afirmar que o aluno
malnutrido poderá apresentar problemas na assimilação de informações e retardo no
desempenho da aprendizagem.

2.5. Avaliação do estado nutricional


Consiste na utilização de métodos e procedimentos diagnósticos (dados clínicos, dietéticos,
bioquímicos, antropométricos, entre outros) com a finalidade de avaliar/examinar as
manifestações orgânicas decorrentes da influência das relações que ocorrem entre o homem,
o ambiente e o alimento, no interior de uma sociedade, identificando as causas prováveis
visando estabelecer atitudes de intervenção. (SIGULEM, 2000).

O estado nutricional dum indivíduo é avaliado através das medições do seu peso, altura e
idade. Com base nessas medições se pode determinar se o indivíduo está bem nutrido ou
malnutrido. quando malnutrido, poderá ser por excesso (obesidade) ou por défice
(desnutrição). Para além da desnutrição o indivíduo poderá também sofrer de deficiência de
micronutrientes, sendo as mais comuns à de ferro (Anemia), vitamina A e iodo (ISMAEL,
2013).

2.5.1. Métodos de avaliação do estado nutricional


O método de avaliação do estado nutricional está diretamente relacionado com o objectivo
da avaliação, qual seja: diagnosticar a magnitude dos problemas nutricionais, identificar e
analisar os seus determinantes para o estabelecimento de medidas de intervenção adequadas.
(VASCONCELOS, 1995)

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (2009), a identificação do risco nutricional e a


garantia da monitoração contínua do crescimento fazem da avaliação nutricional um
instrumento essencial para que os profissionais da área conheçam as condições de saúde dos
indivíduos. Dessa forma, a avaliação nutricional pode ser embasada por diferentes métodos,
sejam eles directos ou indirectos conforme a Fig. 2 adiante.

22
Figura 2: Métodos de avaliação do estado nutricional
Fonte: VASCONCELOS (1995).

A antropometria tem como função “medir as variações nas dimensões físicas e na


composição global do corpo humano em diferentes idades e em distintos graus de nutrição”.
(LOURENÇO; TAQUETTE; HASSELMANN, 2011). É um método muito tradicional e
utilizado na avaliação do estado nutricional, tanto em indivíduos quanto em coletividades,
haja vista suas vantagens, muito bem esclarecidas na literatura, como: facilidade de
aplicação, baixo custo e caráter pouco invasivo, além de ser universal. (ARAÚJO;
CAMPOS, 2008). Entretanto, deve-se ponderar seu fator limitante de não identificar,
isoladamente, estados carenciais de micronutrientes.

É importante salientar a necessidade de capacitação profissional e padronização das técnicas,


a fim de garantir a precisão e a acurácia deste método. (LOURENÇO; TAQUETTE;
HASSELMANN, 2011).

23
Tabela 1: Medidas antropométricas

Fonte: RIBEIRO JÚNIOR (2000).

Os parâmetros antropométricos usualmente utilizados para avaliar a condição nutricional de


crianças e adolescentes são o peso e a estatura (altura ou comprimento). Essas são medidas
consideradas de alta sensibilidade, por refletirem variações nas condições nutricionais e,
indirectamente, influências do ambiente socioeconômico. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2002). Além dessas medidas, os perímetros cefálico, torácico, braquial e abdominal também
podem ser utilizados na avaliação nutricional de crianças e adolescentes. (SIGULEM;
DEVINCENZI; LESSA, 2000)

2.5.2. Indicadores Antropométricos de Avaliação do Crescimento e da Massa Corporal


A partir da aferição do peso e da altura podem ser calculados os três índices antropométricos
mais frequentemente empregados: Peso/idade, Estatura/idade e Peso/estatura, além do
Índice de Massa Corporal/Idade.

Tabela 2: Índices antropométricos por faixa etária

Fonte: Adaptado da Sociedade Brasileira de Pediatria (2009).

24
a) Desnutrição Crónica (Altura/idade)

A desnutrição crónica é definida como baixa estatura para a idade (crianças baixinhas) e
desenvolve-se no período entre a concepção e os dois anos, e dificilmente é recuperada
depois desse período. Assim, a desnutrição crónica, é causada pela desnutrição tanto da mãe
antes e durante a gravidez, e na lactação, bem como da criança durante os primeiros dois
anos de vida. Esta falha precoce de crescimento aumenta a mortalidade na primeira infância
e diminui a função cognitiva, mental e motora da pessoa, reduzindo o rendimento escolar e
produtividade da pessoa.

b) Desnutrição Aguda (Peso/Altura)

Definida como baixo peso para a altura (criança magra para a altura; magrinha). A
desnutrição aguda pode aparecer em qualquer época da vida como resultado duma redução
de consumo ou associado a infecções. Pode ser recuperada facilmente, através de boas
práticas alimentares e cuidados de saúde adequados. Normalmente a desnutrição aguda
ocorre em situações de emergência ou de insegurança alimentar; no caso das crianças é
normal acontecer quando estas passam do aleitamento materno para a alimentação
complementar. Este indicador é recomendado em avaliações de programas de intervenção,
por ser sensível as mudanças do estado nutricional do menor (ISMAEL, 2013).

c) Desnutrição actual (Peso/idade)

Definida como baixo peso para a idade. É o indicador normalmente usados pelo sistema de
Saúde para o controle de crescimento dos menores de cinco anos (cartão de saúde da
criança); e serve para monitorar o crescimento da mesma.

d) Índice de Massa Corporal (IMC)

É o indicador antropométrico utilizado para avaliar o estado nutricional em adultos. O


método de cálculo do IMC é simples e rápido e permite uma avaliação geral para definir se
uma pessoa se encontra desnutrida (IMC< 18.5) em risco de obesidade (IMC > 30). Para se
determinar o IMC, basta dividir o peso do indivíduo (massa) pela sua altura ao quadrado. A
massa deve ser definida em quilogramas (kg) e a altura em metros. Este indicador é válido
apenas para adultos.

25
3. MATERIAIS E MÉTODOS

Com a finalidade de alcançar os objectivos desenhados na presente pesquisa, foi avaliado o


estado nutricional dos alunos adolescentes do centro internato da Escola Secundária Mathias
Manuel Kaphesse.

De acordo com LEOPARDI, (2002) e MINAYO, (2004) citados por FROTA et al., (2009),
nesta pesquisa, foi utilizada a metodologia descritiva de natureza quantitativa, uma vez que
compreende problemas da vivência diária do sujeito, portanto, dados subjetivos com
universo de significados, motivos, crenças e valores, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis.

3.1. Localização do local de estudo

A pesquisa será desenvolvida no centro internato da Escola Secundária Mathias Manuel


Kaphesse. A escola localiza-se no distrito de Caia, província de Sofala. O distrito de Caia,
segundo MAE, (2014) é limitado pelo distrito de Chemba a Nordeste e rio Zambeze a Este,
a Noroeste e Oeste faz limite com o distrito de Marínguè, e a Sul limitado pelos distritos de
Cheringoma e Marromeu.

3.2. Superfície e população do distrito


A superfície do distrito é de 3.596 km2 e a sua população está estimada em 136 mil habitantes
à data de 1/7/2012. Com uma densidade populacional aproximada de 37,8 hab/km2, prevê-
se que o distrito em 2020 venha a atingir os 168 mil habitantes (MAE, 2014).

A estrutura etária do distrito reflete uma relação de dependência económica de 1:0.8, isto é,
por cada 10 crianças ou anciões existem 8 pessoas em idade activa. Com uma população
jovem (52%, abaixo dos 15 anos), tem um índice de masculinidade de 91% (por cada 100
pessoas do sexo feminino existem 91 do masculino) e uma taxa de urbanização de 16%,
concentrada na Vila de Caia e zonas periféricas de matriz semiurbana (MAE, 2014).

3.3. Saúde e Segurança alimentar no distrito


O distrito está localizado na região centro do país, nas margens do Zambeze, num
entroncamento estratégico servido pela estrada centro-nordeste. O Norte, Centro e Sul de
Moçambique estão desde finais de 2009 ligados por terra, através da Estrada Nacional
Número 1, pela primeira vez na história do país, com ponte do rio Zambeze, denominada
Armando Guebuza (MAE, 2014).

26
3.3.1. Unidades Sanitárias
O distrito conta até 2011, com 16 unidades sanitárias, que possibilitam o acesso progressivo
da população aos serviços do Sistema Nacional de Saúde, apesar de a um nível bastante
insuficiente como se conclui dos seguintes índices de cobertura média (MAE, 2014):
Uma unidade sanitária por cada 8.500 mil pessoas;
Uma cama por 1.511 mil habitantes; e
Um profissional técnico para cada 992 residentes no distrito.

3.3.2. Segurança Alimentar


O Distrito de Caia é propenso a várias calamidades naturais, com maior destaque as cheias,
inundações que assolam a zona baixa, contrariamente à zona alta que é afectada pela
estiagem. Devido ao aumento do nível de água do rio Zambeze ocorrido na campanha
agrícola 2010/2011 cerca de 1.544 ha de culturas diversas (milho, batata doce, feijões),
ficaram inundadas nos Postos Administrativos de Caia Sede, Murraça e Sena tendo afectado
cerca de 4.000 famílias. Foram revitalizados 19 comités de gestão de riscos de calamidades
existentes no Distrito (MAE, 2014).

Estes desastres, associados à fraca produtividade agrícola, conduzem a níveis de segurança


alimentar de risco, sobretudo os camponeses de menos posses, idosos e famílias chefiadas
por mulheres, numa situação potencialmente vulnerável. Efectivamente, dadas as
tecnologias primárias utilizadas e, consequentemente, os baixos rendimentos das culturas, a
colheita principal é, em geral, insuficiente para cobrir as necessidades de alimentos básicos,
que só são satisfeitas com a ajuda alimentar, a segunda colheita, rendimentos não agrícolas
ou outros mecanismos de sobrevivência (MAE, 2014).

Nos períodos de escassez, as famílias recorrem a uma diversidade de estratégias de


sobrevivência que incluem a participação em programas de "comida pelo trabalho", a recolha
de frutos silvestres, a venda de lenha, carvão, estacas, caniço, bebidas e a caça. As famílias
com homens activos recorrem ao trabalho remunerado nas cidades mais próximas, já que as
oportunidades de emprego no distrito são reduzidas, dado que a economia ter por base,
essencialmente, as relações familiares (MAE, 2014).

27
As principais organizações que apoiam o distrito, sobretudo aquando de calamidades, são o
PMA, o Departamento de Prevenção e Combate às Calamidades Naturais o Programa de
Emergência de Sementes e Utensílios, a Save the Children e a Organização Rural de Ajuda
Mútua, cuja actuação inclui a entrega de alimentos e a distribuição de sementes e de
instrumentos agrícolas, no quadro de programas “comida por trabalho” (MAE, 2014).

3.4. Desenvolvimento da Pesquisa

A pesquisa envolver 29 alunos dos quais 19 de sexo masculino e 10 de sexo feminino. A


selecção dos alunos a fizeram parte da amostra, foi feita em função da idade.

3.4.1. Amostragem

Recorreu-se para a presente pesquisa, a amostragem não-probabilística, como forma de


incluir os participantes no estudo e no momento de recolha de dados (características internas
capazes de responder aos objectivos), pois, de acordo com Fortin (2003) citado por Gove
(2017), este método é formado por sujeitos que são facilmente acessíveis e estão presentes
num local determinado e no momento preciso.

No caso concreto recorreu-se aos alunos adolescentes do centro internato da Escola


Secundária Mathias Manuel Kaphesse. Foram entrevistados 29 alunos de ambos sexos.

3.4.2. Critérios de Inclusão e exclusão

Fizeram parte do estudo, alunos que atenderam aos critérios seguintes:


Alunos que vivem no centro internato da Escola em estudo e que tinham idade de 14
a 18 anos;
Alunos que tiveram disponibilidade de tempo e que aceitaram em participar do
estudo.
Não fizeram parte do estudo, alunos que não atenderam aos critérios seguintes:
Que não vivem no internato da Escola em estudo ou que tinham idade inferior a 14
e superior de 18 anos;
Alunos que aceitaara em participar do estudo.

28
3.4.3. Técnicas de recolha de Dados
A entrevista é considerada por Yin (2005) citado por Monteiro (2012) como uma das mais
importantes fontes de informação, desde que o entrevistador siga sua linha de investigação
a partir de um protocolo e elabore questões reais que atendam às necessidades de sua
investigação. Para a efectivação desta pesquisa, foi utilizada como técnica de recolha de
dados a Entrevista semi-estruturada por meio de um questionário previamente elaborado,
Medição e Observação directa participante.

3.5. Variáveis analisadas

3.5.1. O peso e altura de cada aluno

O Peso e a altura de cada formando em amostra foram determinados com ajuda de uma
balança digital de adulto e um altímetro respectivamente. As informações de idade, foram
tiradas dos bilhetes de identidades ou cédulas pessoais com base nas seguintes equações.

𝐀𝐚
X= -1, para os alunos que ainda não completaram o seu aniversário
𝐀𝐧

ou

𝐀𝐚
X= , para os alunos que já completaram o seu aniversário.
𝐀𝐧

Onde: X = idade do aluno; Aa = ano actual; An = ano de nascimento.

Conforme preconizado pelo MS, os alunos foram pesados com roupas leves, descalças, com
os pés unidos e os braços estendidos ao longo do corpo, conforme a metodologia do
BRASIL, (2011) citado por DA SILVA e AVI, (2017). Após fixação do peso na balança, o
resultado foi anotado.

Para a aferição da altura, a medida foirealizada com um altímetro, mantidos em posição


erecta com os braços estendidos ao longo do corpo, cabeça erguida, olhando para um ponto
fixo na altura dos olhos, conforme o autor anteriormente citado.

Os resultados obtidos de estaturaforam classificados de acordo com a proposta do MS, de


acordo com cada faixa etária (BRASIL, 2011 citado por DA SILVA e AVI, (2017). Para
avaliação da adequação de peso e estatura foram utilizados os índices antropométricos
Estatura para Idade (E/I), Peso para Idade (P/I) e Índice de Massa Corporal (IMC) para Idade
preconizada pelo MS (2011)

29
3.5.2. O Índice da massa corporal

O índice da massa corporal de cada aluno foi determinado com base na equação seguinte,
proposta por CHUMLEA; ROCHE; STEINBAUGH, (1985):

𝐏
IMC=
𝐀𝟐
Onde:
IMC = Índice da massa corporal do formando (kg/m2);
Pa = Peso actual do aluno (kg); A = Altura do aluno (m2).

3.5.3. O Estado nutricional do aluno

A avaliação do estado nutricional dos alunos foi feita com base nas medidas antropométricas,
especialmente para o índice da massa corporal, conforme a tabela abaixo:

Tabela 3: Classificação do estado nutricional segundo o IMC para adultos

Fonte: WHO, (1997)

3.5.4. Frequência e hábitos de ingestão dos alimentos


A frequência e hábitos de ingestão dos alimentos foram avaliados por meio da aplicação do
questionário de frequência alimentar (QFA), desenvolvido para este estudo, que teve como
objectivo a avaliação da frequência alimentar. Este instrumento foi explicado quanto ao
modo de preenchimento e entregue a cada aluno em que fizer parte do estudo. O QFA,
também foi aplicado para a pessoa responsável do internato, assim como também para a
pessoa responsável pela preparação das refeições.

3.6. Análise estatística


Os resultados foram analisados estatisticamente, por meio das análises de dados e foram
submetidos ao pacote Microsoft Office Excel, para a sua interpretação.

30
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização dos alunos por sexo, faixa etária e classe.


De acordo com a informação colhida no Centro internato da Escola Secundária Mathias
Manuel Kaphesse, viu se naquele centro, moram cerca de 45 alunos de que frequentam a 8ª
a 12ª Classe, desses, 35 são do sexo masculino e 10 do sexo feminino. de todos alunos que
moram no cento internato em estudo, 29 estão na faixa etária dos 14 a 18 anos, dos quais, 19
do sexo masculino e 10 do sexo feminino.

Tabela 4: Caracterização dos alunos por sexo.


Alunos que moram no internato
Todas as faixas etárias Faixa etária dos 14 a 18 anos
M 35 M 19
F 10 F 10
Total 45 Total 29
Fonte: Autora (2023)

Dos alunos que fizeram parte do presente estudo, a maior parte deles (65,5%) encontra-se
na faixa etária dos 17 a 18 anos de idade (figura 5a). No entanto, 37,9% de alunos do
internato, frequenta, a 11ª Classe, constituindo a maioria, sendo apenas minoria (3,4%) de
alunos frequentam a 8ª Classe. (figura 5b).

Figura 3: Caracterização dos alunos por faixa etária (a) e classe (b)
Fonte: Autora (2023).

31
4.2. Número de refeições diária

Os resultados do estudo para a variável número de refeições diárias passadas no Centro


internato da Escola Secundária Mathias Manuel Kaphesse, mostraram que que pelo menos
os alunos passam três refeições diárias e todos os dias os mesmos tipos de alimentos, ou seja,
o Centro internato da Escola em estudo não dispõem de outros tipos de alimentos para além
de Farinha de milho, Feijão e Arroz.

100

100
80
60
40 0 0
20
0
Duas Refeições Três refeições Quatro refeições
Figura 4: Número de refeições diária
Fonte: Autora (2023).

No entanto, o estudo revelou que falta nos alunos o hábito diário de consumir alguns
alimentos importantes, como frutas, verduras, peixe, leite, ovos e etc. Estes alimentos de
acordo com BARBOS e FREITAS (2013) são excelentes fontes de vitaminas e sais minerais
que contribuem para a saúde do ser humano, sendo que a falta desses alimentos reduz o
rendimento pedagógico da escola.

Além das proteínas, outros alimentos têm sido amplamente divulgados como formadores da
função cerebral. Especialistas fazem alusões a diferentes nutrientes, boa parte “acredita na
força da nutrição na produção da memória, equilíbrio de humor, concentração e consequente
aprendizagem” (DINIS, 2006, citado por CUSTÓDIO, 2010).

4.3. Estado nutricional dos alunos


Os resultados, mostraram que o estado nutricional da maior parte (86,21 %) dos alunos do
internato, está na situação de Eutrofia, ou seja, normal, sendo 3,45 % na situação de
desnutrição do 1º grau e 10,34 % na situação de pré-obesidade (Subnutrição do 1º grau).

32
86,21
100,00
80,00
60,00
40,00 10,34
3,45
20,00
0,00
Desnutrição do Normal Pré-Obesidade
1º grau

Figura 5: Estado nutricional dos alunos


Fonte: Autora (2023).

GOES et al. (2012), citados por ZUCCO e COGLIN, (2018), quando avaliaram o estado
nutricional e consumo alimentar de pré- escolares de 30 a 60 meses de idade, dos centros
municipais de educação infantil do município de Guarapuava, Paraná, observaram a maior
prevalência de eutrofia a e estatura adequada para a idade entre os pré-escolares.

Os dois distúrbios, desnutrição e obesidade, de acordo com ZUCCO e COGLIN, (2018),


necessitam de uma atenção especial, visando a educação alimentar, a melhora da qualidade
da alimentação e a criação de hábitos de vida mais saudáveis.

Tanto em adultos como em adolescente, a obesidade está associada a vários factores de risco
para doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemias,
além, também, de estar associada a alguns tipos de câncer (FERRARI, 2009, citado por MOZ
e SANTOLIN, 2014).

33
5. CONCLUSÃO

Observou-se que o estado nutricional prevalecente para o IMC foi de eutrofia, ou seja, o
estado nutricional da maior parte dos alunos que residem no Centro internato da Escola
Secundária Mathias Manuel Kaphesse em Caia, está de acordo com os padrões esperados de
peso e crescimento para a idade.

Os resultados do estudo, mostraram que no Centro internato estudado, os alunos pelo menos
passam três refeições por dia que incluem matabicho (pequeno almoço), almoço e jantar, no
entanto, os alimentos não variam, ou seja, sempre no matabico, almoço e jantar os alunos
alimentam-se de Papa de farinha de milho, Xima-feijão e Arroz-feijão respectivamente.

34
6. RECOMENDAÇÕES

a) Aos profissionais de saúde da área de nutrição:


Desenvolvam mais estudos para avaliar o estado nutricional de pessoas que
vivem em centros de acomodação;

b) Ao senhor Director do Cento internato da Escola Secundária Mathias Manuel


Kaphesse:
Recomenda-se reforçar a implementação de políticas que possam promover a
produção escolar, sobre tudo na produção de mandioca e batata-doce (para variar
o tipo do alimento no mata-bicho), hortícolas (para reforçar o feijão consumidos
todos os dias pelos alunos) algumas fruteiras como papaieiras, ananaseiros,
Mangueiras enxertadas, e outras que possam se adaptas as condições do solo e
clima do local (para reforçar a sobremesa durante as refeições dos alunos).

c) Aos alunos do centro internato estudado:


Aderir à produção escolar para produção de alimentos diversificados como forma
de melhorar seus hábitos alimentares e consequentemente o seu bem-estar de
saúde.

35
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, C. A. N. (2010). Planejamento educacional. São Paulo: Annablume.

BARBOSA, M. J. DOS S.; FREITAS, N. F. DE J. (2013). Influência da merenda escolar na


aprendizagem e frequência dos alunos nas séries iniciais do ensino fundamental da escola
pedro bispo dos anjos- Brasil.

BERTIN, RENATA L. et al. Estado nutricional, hábitos alimentares e conhecimentos de


nutrição em escolares. Rev. paul. pediatr., São Paulo, v. 28, n. 3, p. 303-308, 2010.

BONTEMPO, A. (2005). A importância das Fibras Naturais-Brasil.

CALVALCANTI, M. L. F. et al. (1979). Saúde na Escola: 1° grau: manual do professor:


com um guia de primeiros socorros. São Paulo: IBRAS.

CUSTÓDIO, I. M. (2010). Influências da alimentação na aprendizagem-Brasil.

DA SILVA, G.A.P, AVI, B. (2017). Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e


adolescentes.

FORTUNATI, J. (2008). Gestão da Educação Pública. Caminhos e desafios. Porto Alegre:


Artmes.

FOSCHINI, A. L. R.; CAMPOS, J. A. D. B. Indicadores antropométricos do estado


nutricional de pré-escolares em Araraquara, SP. Alim. Nutr. Araraquara, v. 21, n. 3, p.
349355, Set. 2010.

FROTA, M. A.; PÁSCO, E. G.; BEZERRA, M. D.M.; MARTINS, M. C.; MARTINS, M.


C. (2009). Má alimentação: fator que influencia na aprendizagem de crianças de uma escola
pública-Brasil.

FULGÊNCIO, P. C. (2007). Glossário Vade Mecum: Administração pública, ciências


contábeis, direito, economia, meio ambiente: 14 termos e definições-Brasil.

GUIMARÃES, L. C. DE O. (1988). Desnutrição e aprendizagem ... Uma abordagem sobre


a controvertida relação, Rio de Janeiro-Brasil.

LOURENÇO, MARGARIDA; SANTOS, CÉLIA; DO CARMO, ISABEL. Estado


nutricional e hábitos alimentares em crianças de idade pré-escolar - Revista de Enfermagem,
vol. IV, núm. 1, febrero-marzo, 2014, pp. 7-14

36
MINISTÉRIO DE ADMINISTRAÇÃO ESTATAL. (2014). Perfil do Distrito de Caia.
Maputo-Moçambique.

MOZ, J. A. SANTOLIN, M. B. (2014). Avaliação do estado nutricional de Crianças de 7 a


10 anos de uma escola Estadual de erechim-RS. PERSPECTIVA, Erechim. v. 38, n.141, p.

151-157.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. (2005). The European health report 2005:


Public health action for healthier children and populations. Copenhagen, Denmark: World
Health Organization.

PONTES, R.; SLOMPO, R. B.; DA LUZ, P. A.; PASSONI, C. M. S. (2017). Influência da


merenda escolar no estado Nutricional estado nutricional e merenda escolar-Brasil

SILVA, GISELA ALVES PONTES DA; BALABAN, GENI; MOTTA, MARIA EUGÊNIA

F. DE A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de diferentes


condições socioeconômicas. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, v. 5, n. 1, p. 53- 59,
Mar. 2005.

SPERANDIO, N. et al., Comparação do estado nutricional infantil com utilização de


diferentes curvas de crescimento. Revista de Nutrição 2011, vol.24, n.4, pp. 565-574

VASCONCELOS, Francisco A.G. Avaliação nutricional de coletividades. Florianópolis:


Ed. da UFSC, 2008.

ZUCCO, CRISTIANE; KOGLIN, GABRIELA. (2018). Avaliação do perfil nutricional de


crianças matriculadas nas escolas de educação infantil do município de sapucaia do sul.
CIPPUS (ISSN2238-9032)

37
8. APÊNDICES

Apêndice 1: Questionário para o responsável do internato


1. Qual a sua idade? __________

2. Há quanto tempo o senhor trabalha nesta escola como responsável do internato?

1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) + de 5 anos ( )

3. Quantos alunos vivem no internato?

Homens ___________________

Mulheres __________________

4. Quantos alunos do internato estão na faixa etária dos 14 a 18 anos de idade?

Homens ___________________

Mulheres __________________

5. Assinale com “X” os locais de maior proveniência dos alunos que vivem no internato?

Sena ( ) Murraça ( ) Caia sede ( ) Distritos


vizinhos ( ) Províncias vizinhas ( )

6. Na sua opinião qual a refeição preferida dos alunos?

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7. O senhor acha que deveria mudar no cardápio do internato? Por quê?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

8. Qual a origem dos alimentos utilizados na escola?

Doação ( ) Compra no mercado ( ) Produzido pela escola ( )

Outros. Citar: _____________________________________________________________

9. Os alimentos são preparados em boas condições de higiene e saúde?

Sim ( ) Não ( )

38
Apêndice 2: Questionário para a pessoa responsável pela preparação das refeições
1. Qual a sua idade? __________

2. Há quanto tempo trabalha nesta escola?

1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) + de 5 anos ( )

3. Como você se sente realizando o trabalho de cozinheira?

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

4. Você tem alguma orientação para preparar a refeição?

________________________________________________________________________

5. O cardápio muda ou é sempre o mesmo o ano todo?

________________________________________________________________________

6. Na sua opinião qual a refeição preferida dos alunos?

_________________________________________________________________________

7. Você acha que os alimentos que contém verduras são bem aceitos pelos alunos? Por quê?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

8. O que você acha que deveria mudar no cardápio do internato? Por quê?

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

9. Qual a origem dos alimentos utilizados no internato?

Doação ( ) Compra no mercado ( ) Produzido pela escola ( )

Outros. Citar: _____________________________________________________________

10. Os alimentos são preparados em boas condições de higiene e saúde?

Sim ( ) Não ( )

39
Apêndice 3: Questionário para os alunos
1. Idade? __________ Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) Classe ____________

2. Assinale CO “X” as refeições que você faz durante o dia:


Matabicho ( ) Almoço ( ) Lanche ( ) Jantar ( )
Também como em outros horários ( )

3. Quais alimentos você come no matabicho?


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

4. Quais alimentos você come no almoço?


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

5. Quais alimentos que você come no lanche?


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

6. Quais alimentos que você come no jantar?


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

7. Você matabicha, almoça e janta todos os dias?


Sim ( ) Não ( ) Ás vezes ( )

8. O que você acha sobre as refeições tomadas na escola?


Boas ( ) Regulares ( ) Péssimas ( )

9. Você já foi algum dia na escola esfomeado?


Sim ( ) Não ( ) Sempre ( )

10. Estando você com fome, qual é a sua disposição em fazer as actividades escolares?
Boa ( ) Normal ( ) Péssima ( )

11. Você acha que as refeições do seu dia-a-dia influenciam no seu aprendizado? Por quê?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

40
Apêndice 4: Cronograma de actividades
Actividades/Semana Junho Julho Agosto Setembro Outubro
do mês
I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV
Análise do problema
e definição do tema
da pesquisa
Preparação do
protocolo de
pesquisa
Revisão bibliográfica
e aspectos
metodológicos
Recolha, registro de
dados e análise de
dados
Processamento,
compilação dos
resultados de
pesquisa
Apresentação e
defesa do trabalho
final

Apêndice 5: Orçamentação
Item Quantidade Unidade Preço/Item Unidade Total
Bloco de Notas 1 - 85,00 Mt 85,00
Canetas 4 - 15,00 Mt 60,00
Digitação 100 Pág 15,00 Mt 1 500,00
Impressão 100 Pág 3,00 Mt 300,00
Encadernação 3 - 50,00 Mt 150,00
Total 2 095,00

41
Apêndice 6: Dados antropométricos dos alunos

Nr Peso (Kg) Altura (m) IMC (Kg/m2)


1 59 1,5 26,22
2 48 1,55 19,98
3 48 1,5 21,33
4 52 1,6 20,31
5 59 1,59 23,34
6 60 1,6 23,44
7 54 1,61 20,83
8 60 1,63 22,58
9 52 1,63 19,57
10 59 1,6 23,05
11 68 1,63 25,59
12 70 1,6 27,34
13 50,6 1,58 20,27
14 49 1,5 21,78
15 52 1,6 20,31
16 58 1,6 22,66
17 48 1,5 21,33
18 44 1,6 17,19
19 59 1,59 23,34
20 55 1,65 20,20
21 55 1,59 21,76
22 52 1,52 22,51
23 54 1,61 20,83
24 60 1,6 23,44
25 48 1,6 18,75
26 52 1,52 22,51
27 47 1,5 20,89
28 50 1,64 18,59
29 53 1,53 22,64

42
Apêndice 7: Carta de pedido de realização do estudo

43
Apêndice 7: Transcrição do despacho de autorização para a realização de estudo

44

Você também pode gostar