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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas

Faculdade de Psicologia – São Gabriel


Psicologia da Vida Adulta e Velhice
Grupo: Caroline Santos, Giselle Lima, Maria Isabel Chaves, Tayná Brandão Silva Prata,
Tiago Soares e Thamires Gomes

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Por que os adolescentes levam cada vez mais tempo para amadurecer

Leia mais em: https://veja.abril.com.br/saude/por-que-os-adolescentes-levam-cada-vez-mais-


tempo-para-amadurecer/

A reportagem escolhida se debruça fundamentalmente sobre o prolongamento do


processo de amadurecimento dos jovens em relação à juventude de tempos passados. Essa
análise é realizada a partir dos hábitos comuns na vida de um adulto e a adesão ou não destas
práticas pelos jovens, o que caracterizaria a passagem da adolescência para a vida adulta.
Neste sentido, é interessante refletirmos à luz do que Carvalho (1996) citando Erikson, ano
afirma “em cada fase existe um nível de desenvolvimento orgânico e de ego e um padrão de
exigências sociais” (n.p), isto é, o padrão de exigências sociais, além de suas particularidades
em relação à cada fase do ciclo vital, sofre mutações conforme as gerações, resultando em
uma mudança prática no nível da ação deste jovens. Se outrora, conforme a reportagem
evidencia, os jovens buscavam experiências como o da prática sexual, consumo de bebidas
alcoólicas ou ainda, autonomia e uma vida financeira independente, por outro lado, os jovens
dos anos mais recente à nossa década, não demonstraram um anseio imediato na conquista e
na prática deste mesmo hábitos.
Bem como a reportagem escolhida, a literatura revela o papel fundamental das
transformações socioculturais na vivência dos jovens de cada geração. O avanço tecnológico,
por exemplo, tem influenciado significativamente os hábitos juvenis, já que percebe-se um
aumento do tempo gasto na internet em detrimento da prática de outras atividades. É
necessário ressaltarmos que a adolescência é um período propício à construção da identidade
e ao encontro de si consigo mesmo, reconhecer-se para que se encontre no mundo em um
processo de maturação biológica e desenvolvimento social e identitário. A adolescência se
caracteriza como um momento essencialmente de crise, no entanto, uma vez que este
processo tem acontecido de maneira mais lenta e a construção de identidade é fundamental
para o desenvolvimento de nossa saúde mental, a prorrogação deste momento, poderia
constituir-se como um prolongamento também do sofrimento inerente a este processo?
Nessa direção, tanto a reportagem quanto o texto da Claudia Andrade (2010),
apontam que “as mudanças sociais colocam novos desafios ao modo como os jovens vivem a
transição para a idade adulta fazendo surgir uma nova figura de adulto “em transição”, o
chamado adulto emergente.” (p. 255) Esses novos desafios são percebidos nessa crise
prolongada, com o sofrimento deixando de ser transitório e tornando-se uma constante. Se
compreende-se uma nova figura de adulto, também é preciso compreender quais são as
dificuldades inerentes a eles.
Outra característica interessante, que vale ressaltar, é a própria visão que os
adolescentes possuem sobre questões como o emprego. Se antes trabalhar era uma condição
para a liberdade e para o desenvolvimento da autonomia, com configurações familiares e
contextos econômicos que postergam a escolha e o exercício das profissões, e também “as
transformações estruturais dos sistemas de ensino e de formação e do mundo do trabalho
induzem também a períodos mais longos de coabitação entre pais e filhos adultos”
(ANDRADE, p. 257, 2010), eles estão inclinados a passar “períodos mais longos de
coabitação” com os pais.
O que Cláudia Andrade (2010) pontua como uma mudança na maneira como os
adolescentes enxergam o trabalho, isto é, um “lugar de realização pessoal” para além da
atividade que permite “liberdade econômica” é percebido na reportagem quando os dados da
pesquisa realizada pela Universidade de San Diego dizem que “as pessoas que tinham entre
13 e 19 anos em 2010 mostraram-se menos propensas a trabalhar para ganhar um dinheiro
extra”.
Por fim, identificamos que a adolescência tem um impacto fundamental na
constituição do eu da fase adulta e que as mudanças socioculturais desempenham outro fator
decisivo neste desenvolvimento. Não devemos associar as diferenças geracionais à noções
qualitativas, mas compreender e possibilitar um desenvolvimento saudável de cada etapa do
ciclo vital segundo suas particularidades e características.

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Referências

ANDRADE, Cláudia. Transição para a idade adulta: Das condições sociais às implicações
psicológicas. Análise Psicológica, 2 (XXVIII): 255-267. 2010.

CARVALHO, Vânia Brina Corrêa Lima de. Desenvolvimento Humano e Psicologia:


generalidades, conceitos e teorias. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
Por que os adolescentes levam cada vez mais tempo para amadurecer. VEJA, 25 set 2017.
Disponível em: < https://veja.abril.com.br/saude/por-que-os-adolescentes-levam-cada-vez-m
ais-tempo-para-amadurecer/>.

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