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ARLS – TRABALHO E PROGRESSO Nº 17

ANÁLISE DA QUINTA INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM


R.˙.E.˙.E.˙.A.˙.

Saudações ao Venerável Mestre, Irmão Primeiro Vigilante,


Irmão Segundo Vigilante, demais e queridos irmãos.

Tem o presente trabalho a finalidade de expor meu


entendimento acerca da Quinta Instrução do Grau de Aprendiz
Maçom.

Meus queridos Irmãos, após percorrer o caminho dos


conhecimentos acerca da composição da Loja, seus
simbolismos, seus estatutos bem como a moral maçônica,
avançamos para o conhecimento do simbolismo dos números, a
saber, inicialmente dos números de 01 a 04, que competem ao
grau de aprendiz maçom.

Logo após as primeiras considerações, nosso ritual já


define o numero 3 como “primordial ao grau de aprendiz”,
para tanto chama atenção para a coincidência que se
apresenta na Bateria e na Marcha do aprendiz, por exemplo,
sendo que cada uma delas se encerram no número três;
contudo, é importante ressaltar que há um contexto
histórico por trás dessa definição, o qual se fosse
ignorada, poderia provocar certa confusão.

Nosso ritual traz a informação que: “Todos os povos da


Antiguidade tiveram um sistema numérico, ligado intimamente
à religião e ao seu culto”. Segundo alguns historiadores,
as primeiras civilizações enxergavam nos fenômenos da
natureza uma ação dos seus deuses – digo, “seus deuses”
porque era comum o culto a divindades diversas, cujas ações
se refletiam sobre os eventos naturais, por exemplo, um
relâmpago, uma enchente, um período de seca, a morte, etc
– porém, com a evolução dessas mesmas civilizações, o
pensamento mítico começa dar espaço ao raciocínio lógico;
neste hiato, as explicações fabulosas são superadas pela
busca de um pensamento mais organizado tendo em vista a
organização observada no universo; é nesse momento que o
pensar matemático passa a ganhar notoriedade.

Há registros que retratam que a figura de TALES DE


MILETO(624 a.C. a 546 a.C) considerado o primeiro Filósofo,
teria feito o uso “prático” do conhecimento matemático,
quando trouxe explicações lógico-racionais sobre as
enchentes e período de secas do Rio Nilo, pois até então se
pensava ser uma ação divina, entretanto, esse mesmo

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conhecimento já era utilizado pelos construtores egípcios
quando da construção das pirâmides, pelos construtores das
grandes catedrais e de diversos monumentos da antiguidade,
ou seja, por meio do pensar matemático, se buscava a
simetria perfeita nessas construções. Cabe mencionar que o
modelo cosmológico, do período pré-socrático, mesmo sendo
superada, nunca deixou de ter o seu deslumbre; Quando
contemplamos as catedrais góticas européias ou mesmo as
pirâmides no Egito, percebemos uma forte necessidade de uma
obra que pudesse realizar o papel de ligação entre a
divindade e o homem, daí a concepção etimológica da palavra
Religião, que vem de Religare(ligar novamente) o homem com
o divino, sendo que a linguagem matemática e seus números,
atrelados nessas construções, desempenhavam essa função de
superação do meio físico(metafísica).

Ainda em nosso ritual vemos que: “se o aprendiz


realmente quiser estar em condições de passar a Companheiro
deve estudar as propriedades dos números, seja: nas obras
de Pitágoras, na cabala numérica ou ainda nas obras de
arquitetura e arqueologia iniciática”.

O motivo pelo qual se expõem essas “ciências” acima


citadas, é porque os números tem um papel essencial dentro
de seus sistemas; em nosso caso específico, as concepções
da cabala são mais evidentes.

Antes de seguirmos nessa apresentação, cumpre-me


informar que dada a extensão do assunto, me aterei aos
aspetos mais evidentes dos significados dos números, a fim
de não parecer um mero control C, Control V de nosso
ritual. Dessa forma peço a compreensão dos Irmãos, tendo em
vista que esse assunto não se encerrará neste grau.

Neste sentido, os números ganham uma conotação


simbólica da manifestação do divino em nosso plano
material, conforme o conceito de POTHOS: “isto é, o desejo
ou ação de sair do absoluto, a fim de entrar no real”, isso
se chama Involução, quando transcende do plano espiritual
para o plano material, ou melhor, quando o ABSOLUTO, se
manifesta para formar o UM e todas as suas grandezas.

Assim sendo, o UM não é o próprio ABSOLUTO, mas sua


manifestação, pois, é a unidade indivisível, é o símbolo do
G.A.D.U, principio e fundamento do universo, sendo,
portanto um número sagrado. Representa o princípio ativo,
a primeira manifestação da energia criadora; é também, o
símbolo do Sol(o primeiro dos deuses da humanidade) e
chamado “pai dos números”.

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Nesse diapasão vimos que todas as coisas se realizam
no UM, contudo a unidade, ou seja, tudo que compõem o mundo
a nossa volta, só é perceptível quando manifesta-se o seu
contraditório. Segundo o nosso ritual o número DOIS é um
número terrível e fatídico, de modo que “O Aprendiz não
deve aprofundar-se em seu estudo, porque fraco ainda no
cabedal cientifico de nossas tradições, pode inveredar pelo
caminho oposto ao que deveria seguir”, sendo assim, o
número DOIS é o símbolo do conflito, ou contraposição de
forças antagônicas, é considerado um número nefasto, pois
representa a dualidade, ou a divisão do ser(UM) e o não-
ser,seu oposto, representando a grande dúvida existencial
humana. Essa dualidade, calcada nos textos cabalísticos,
não se refere ao corpo e alma, mas sim a dúvida, a
bipartição entre a existência e a não-existência. Ao meu
ver simboliza também a dualidade positivo-negativa de todas
as coisas existentes, pois cada elemento da natureza tem
seu oposto: luz e sombra; calor e frio; vida e morte;
espírito e matéria.

Meus amados Irmãos, ficou claro, no estudo que até


aqui fizemos, que a UNIDADE gera a DUALIDADE e esta é
constituída pelos contrários, mas a existência desses dois
aspectos contrários,nada criam de real, pois ainda são
aspectos metafísicos que não criam nenhuma forma real e
nada materializam. Assim, um terceiro elemento há que ser
juntado aos dois primeiros para que o ABSOLUTO, antes
apenas manifestado, se materialize com o aparecimento da
“forma”. É o TRÊS, número considerado perfeito porque
resulta da soma da UNIDADE com a DUALIDADE, conduzindo ao
equilíbrio dos contrários. Assim diz nosso ritual: “A
diferença, o desequilíbrio, o antagonismo que existe no
número DOIS cessam repentinamente, quando se lhe ajunta uma
TERCEIRA unidade. A instabilidade da divisão ou da
diferença, aniquilada pelo acréscimo de uma TERCEIRA
unidade, faz com que simbolicamente, o número TRÊS se
converta em unidade”. Logo, o número TRÊS simboliza a
sintese espiritual é a formula para a criação de cada um
dos mundos. Considerado um número perfeito, de alto
significado místico, é considerado um dos números sagrados.
Representa a Tríade Divina(Pai, Filho e Espírito Santo);
como número perfeito, o TRÊS aparece diversas vezes nos
textos bíblicos; graficamente, o TRÊS pode ser representado
por um triangulo, o qual quando considerado um Delta
Radiante representa o G.A.D.U. ou seja, simboliza a
Divindade Única, bem como representa as tríades divinas dos
povos da antiguidade: Osíris, Isis e Hórus, por exemplo.

O TRÊS é o número do Aprendiz: a Loja é iluminada por


três luzes, três são os passos ritualísticos do Aprendiz,
bem como três são as pancadas da bateria.

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Meus Irmãos, após essas explanações feitas acima, cabe
agora tratarmos do número QUATRO. Antes de qualquer
exposição é importante salientar que o nosso ritual se
mostra econômico quanto às explicações deste número. Em
minhas pesquisas eu notei que os autores maçônicos que
comentam esse tópico se reservam ao direito apenas de dizer
que no grau seguinte se lançará mais luzes sobre seu
entendimento, e que por ora basta ao Aprendiz fixar olhar
no número QUATRO como sendo o símbolo da Grande Evolução,
ou do que foi, do que é e do que será, conforme ensina
nosso ritual, entretanto, cabe o seguinte comentário. O
número QUATRO é considerado um número cósmico, pois quatro
eram os elementos tradicionais - ar, água, fogo e terra –
quatro as extremidades do mundo(pontos cardeais), quatro as
estações e quatro as bestas do Apocalipse. Pode ser
representado pelo quadrado e pelo cubo, ou pela cruz de
ramos iguais. Esotericamente, simboliza o caminho da
realização espiritual.

A Evolução é a Lei da Vida, o Número é a Lei do Universo, a


Unidade é a Lei de Deus.(Pitagoras de Samos)

Referências Bibliográficas:

Livro: PRIMEIRO DEGRAU DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO;


AUTOR: JOAQUIM SILVA PIRES – ED. A TROLHA;

Livro: GRAU DE APRENDIZ MAÇOM E SEUS MISTÉRIOS; AUTOR:


JORGE ADOUN – ED. BIBLIOTECA MAÇÔNICA PENSAMENTO;

RITUAL APRENDIZ MAÇOM – R.E.E.A. – 3º EDIÇÃO/2019 – GLEMT;

TEXTOS EM MEIO ELETRÔNICO: https://pt.wikipedia.org –


ASSUNTO: SIMBOLOGIA DOS NÚMEROS NA MAÇONARIA.

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