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História de Ciência e Tecnologia –Ensino a Distância 30

Lição n°5:
O pitagorismo.
Na lição passada, debruçamo-nos sobre os pré-socráticos,
particularmente os da tendência monista.

Nesta lição, vamos falar dos pré-socráticos de tendência dualista e


os pitagóricos.

Ao completar essa lição, você deverá ser capaz de:

 Explicar o pensamento pitagórico e sua contribuição na ciência;

 Caracterizar a concepção filosófica dos pitagóricos sobre o


Objectivos
universo.

Matemática e antropologia

Pitágoras foi um filósofo que no terreno científico centralizou os


seus esforços na Matemática. Hoje todos sabemos do seu mais
famoso teorema sobre os triângulos rectângulos.

Pitágoras é natural da ilha grega de Samos, estabeleceu-se e fundou


a sua escola em Crotona, na Itália (‘Grande Grécia’). Naquela
época a reflexão filosófica deixou de ser sobre a natureza e o
cosmos, para ser em volta do Homem, nomeadamente, o problema
da alma - princípio universal cognoscente, concepção da
imaterialidade do espírito humano e da sua consequente
imortalidade. Ele afirma que a verdadeira substância original é a
alma imortal, que pré-existe ao corpo e no qual se encarna como
numa prisão, como castigo pelas culpas da existência anterior. O
pitagorismo representa a primeira tentativa de apreender o
conteúdo inteligível das coisas, a essência, prenúncio do mundo das
ideias de Platão.
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Porém, Pitágoras e os seus discípulos (pitagóricos) foram também


grandes matemáticos e músicos. Verificando que as propriedades
físicas dos corpos e seus comportamentos naturais podiam ser
expressas através de princípios e regras matemáticas, formularam a
hipótese de que todos os seres do universo seriam matematizáveis,
isto é, poderiam ser medidos e explicados matematicamente.

O universo foi concebido matematicamente e portanto comporta-se


de acordo com regras rígidas lógico-matemáticas. E, por isso
mesmo, foi considerado lógica a ideia de que os números
constituiriam a natureza do universo. Tudo na natureza é número.
Os pitagóricos conceberam o cosmos como uma harmonia
numérica e musical e, os símbolos matemáticos foram vistos como
realidades imateriais que servem para representar a origem e a
natureza do universo.

Sumário
Os pitagóricos inauguraram uma época em que a reflexão filosófica
deixava de ser sobre a natureza e o cosmos, para ser em volta do
Homem, nomeadamente, o problema da alma - princípio universal
cognoscente. O pitagorismo representa a primeira tentativa de
apreender o conteúdo inteligível das coisas, a essência, prenúncio
do mundo das ideias de Platão.

Os filósofos pitagóricos foram também grandes matemáticos e


músicos, tendo verificado que as propriedades físicas dos corpos e
seus comportamentos naturais podiam ser expressas através de
princípios e regras matemáticas.
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Exercícios:
Para terminar esta lição sobre o pitagorismo, apresentam-se as
seguintes questões de auto-avaliação:

Auto-avaliação 1. Em que áreas de ciência e arte Pitágoras e seus discípulos se


distinguiram?

2. Sobre que aspectos filosóficos a escola pitagórica se


debruçava?

3. Qual foi a concepção pitagórica sobre o universo?

Lição n°6:
Os sofistas
Introdução

Vamos terminar esta segunda unidade do módulo, estudando a


contribuição dada por um outro grupo de pré-socráticos, os sofistas,
no desenvolvimento do conhecimento.

Ao completar essa lição, você deverá ser capaz de:

 Definir o que são os sofistas;

 Caracterizar a arte dos sofistas na transmissão do seu


Objectivos
pensamento;

 Descrever o papel dos sofistas na educação.

Os sofistas eram compostos de grupos de mestres que não eram


gregos, pois não podiam participar da democracia ateniense. Os
democratas viajavam de cidade em cidade realizando aparições
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públicas (discursos, etc.) para atrair estudantes, de quem cobravam


taxas para oferecer-lhes educação. O foco central dos seus
ensinamentos concentrava-se no logos ou discurso, com foco em
estratégias de argumentação. Os mestres sofistas alegavam que
podiam "melhorar" os seus discípulos, ou seja, que a "virtude" seria
passível de ser ensinada.

Quando a filosofia se centrou na Hélade (Grécia), particularmente


em Atenas, no tempo da democracia ateniense, com Péricles, criou-
se um vasto movimento cultural, social e político, cujos
representantes ficaram conhecidos por Sofistas. Focalizaram a sua
reflexão sobre a vida social e política. Cultivaram o relativismo
(afirmação de que não há verdades absolutas) e o cepticismo
(negação de qualquer verdade absoluta ou da impossibilidade do
seu conhecimento).

Os sofistas foram também grandes educadores, criadores das


escolas para o povo. Ainda hoje são ponto de referência na história
da Pedagogia. Protágoras (um dos mais célebres sofistas) gostava
de afirmar que “o homem é a medida de todas as coisas” -
princípio que pretendia indicar a máxima do relativismo
gnoseológico e moral. E Górgias afirmava: “Não há ser; se
houvesse, não poderia ser conhecido; caso pudesse ser conhecido, o
seu conhecimento não poderia ser comunicado através da
linguagem” - pretendendo indicar com estas palavras que a postura
mais correcta intelectualmente é a do céptico.

Os sofistas ficaram especialmente conhecidos por se tornarem


eminentes praticantes da Retórica, transformando-a numa arma de
argumentação e persuasão política, jurídica e filosófica. Contra esta
interpretação e instrumentalização da dialéctica retórica, insurgir-
se-ão tanto Sócrates como Platão.

Os Sofistas foram os primeiros advogados do mundo, ao cobrar de


seus clientes para efectuar suas defesas, dada sua alta capacidade
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de argumentação. São também considerados por muitos os


guardiãos da democracia na antiguidade, na medida em que
aceitavam a relatividade da verdade. Hoje, a aceitação do "ponto de
vista alheio" é a pedra fundamental da democracia moderna.

Os sofistas são os primeiros a romperem com a busca pré-socrática


por uma unidade originária.

Sumário
Quando a filosofia se centrou na Grécia, particularmente no tempo
da democracia ateniense, criou-se um vasto movimento cultural,
social e político, cujos representantes ficaram conhecidos por
Sofistas.

Os filósofos sofistas eram mestres não gregos que viajavam de


cidade em cidade realizando aparições públicas para atrair
estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação,
focalizando os seus ensinamentos no logos ou discurso,
particularmente em estratégias de argumentação.

Eles foram também grandes educadores, criadores das escolas para


o povo, sendo ainda hoje um ponto de referência na história da
Pedagogia.
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Exercícios
Termine esta segunda unidade, realizando as seguintes actividades
de auto-avaliação:

Auto-avaliação 1. Quem foram os sofistas e qual foi a sua prática reflexiva?

2. Que contribuições os sofistas deram na educação?

3. Tente argumentar por suas próprias palavras as afirmações


de Protágoras e Górias presentes nesta lição.

4. O texto refere que os sofistas ficaram especialmente


conhecidos por se tornarem eminentes praticantes da
Retórica, transformando-a numa arma de argumentação e
persuasão política, jurídica e filosófica. Argumente esta
afirmação, dando ênfase às frases sublinhadas. (procure
responder a esta questão reflectindo sobre o poder da
oratória na persuasão)
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Bibliografia:
1. Giovanni Realle e Dário Antiseri História da Filosofia Antiga,
Volume I. Editora: Paulinas. SP, 1996
2. Giovanni Realle e Dário Antiseri. História da Filosofia Antiga,
Volume II. Editora: Paulinas. SP, 1996
3. Autor: R. G. Collingwood . Ciência e Filosofia Antiga: A Ideia
da Natureza. 5ª Edição. Editorial Presença, Lda. Lisboa, 1986.

4. GIL PÉREZ, D. Contribuición de la História y de la Filosofta


de las ciências al desarrolo de un modelo de
enseñanza/aprendizaje como investigación. Enseñanza de las
Ciencias, volume 11, edição no.2, 1993.
5. CHAUÍ, M., Convite à Filosofia. SP, Ática, 2002.
6. KNELLER, GEORGE F. A Ciência como atividade humana.
SP, Universidade de São Paulo, 1978.
7. DAMPIER, WILLIAM CECIL. História da Ciência e das suas
relações com a filosofia e a religião. Trad. Alberto Candeias, e
ed. Lisboa, Ed. Inquérito, 1945, 683 p.
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Unidade 3:
A era medieval
Nesta terceira unidade, vamos abordar o evoluir do pensamento
científico e a sua interacção com as sociedades humanas, ao longo
dum período particularmente importante da História do Ocidente,
por vezes rotulado período de trevas: a Idade Média.

A Idade Média foi um período intermédio numa divisão


esquemática da História da Europa em quatro eras: a Idade Antiga,
a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.

Abordaremos como o surgimento deste pensamento científico na


Grécia Antiga levou a sociedade ocidental a sair de uma forma de
pensamento baseada em mitos e dogmas (que coloca as ideias
como sendo superiores ao que se observa), para entrar no
pensamento científico baseado no cepticismo (que coloca o que é
observado como sendo superior às ideias).

Será também abordado o papel desempenhado pela Igreja (a Igreja


Católica Apostólica Romana) neste processo do desenvolvimento
da ciência.

O pensamento científico, que se consolidou na época de Sócrates e


seus contemporâneos, principalmente com o surgimento do
conceito de prova científica, ou repetição do fato observado na
natureza, levou à formulação de afirmações que, por vezes,
contrastavam com princípios tidos como verdades absolutas no
meio religioso da época, o que fez com que os seus adeptos fossem
condenados, pela igreja, por esta considerar que estavam
desvirtuando a sociedade.
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Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar a Idade Média, do ponto de vista dos principais


eventos políticos, sociais e científicos que nela tiveram lugar;
Objectivos
 Explicar a influência exercida pela religião no processo da
evolução da ciência e da técnica;

 Descrever as contribuições dadas por grandes figuras no


desenvolvimento da ciência na Idade Média.

Idade medieval, Europa Ocidental, Peste Negra e Império Romano.

Terminologia
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Lição n°1:
A ciência na era medieval
Introdução

Um dos períodos particularmente importantes da História do


Ocidente, no qual a evolução da ciência registou avanços e recuos
importantes, é certamente a Idade Média. Nesta lição, vamos fazer
uma caracterização das principais etapas deste período e do estágio
da ciência na Europa.

Ao terminar essa lição, você deverá ser capaz de:

 Caracterizar a era medieval;

 Estabelecer o período da era medieval;


Objectivos
 Descrever o movimento científico na idade medieval;

 Caracterizar a ciência romana.

Linhas Caracterizadoras da era medieval

A era medieval tinha uma forte influência do cristianismo e a ela


estavam adestradas muitas referências. A seguir apresentamos
algumas características desta era:

1. Para a caracterização de um tempo histórico a periodização


era feita de acordo com o modelo cristológico. Trata-se de
um modelo temporal que separa os eventos que decorreram
antes do nascimento de Cristo ou depois de Cristo.

2. Os conteúdos assumiam uma função caquéctica


(doutrinária).

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