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PERIGOSAS NACIONAIS

Dabylla Alves

O Supremo Alpha
2019

Capítulo 1

Sofia
Eu estava em um jardim, era lindo, todas as
flores eram rosas da cor azul. É raro encontrar
uma rosa azul, pois elas basicamente não existem
por conta própria, elas são criadas por variações
genética. Porém, nesse jardim só tinha rosas azuis,
milhares delas. São surpreendentemente lindas.

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Um vento muito forte bateu em minhas costas,


fazendo meus cabelos se agitarem. Não só o meu
cabelo, mas também as flores. O vento foi como um
aviso, alertando que um temporal estava próximo.
Em seguida veio outra onda de vento, mais forte do
que a primeira, o que me fez dar um passo à frente.
Quando fiz isso, todas as flores murcharam,
ficaram pretas e sem vida. Sobrou apenas uma flor
azul. Fui até ela, me agachei e, quando a toquei,
instantemente ficou vermelha... um tom de
vermelho sangue, que só de olhar me fazia sentir
calafrios.
Abro os olhos, que doem com a claridade do
sol em meu rosto. Estou muito suada e ofegante.
Toda vez que tenho esse sonho acordo assim. Não é
sempre que sonho, mas quando sonho sempre é o
mesmo sonho. Pergunto-me o que significa. Não
tenho o privilégio de ter sonhos diferentes a cada
noite. Quando eu era pequena, contei para minha
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mãe e ela me disse que rosas azuis significam “o


mistério” e a rosa vermelha significa “a paixão”.
Essa era a explicação da minha mãe, uma
explicação vazia, que não fazia sentido para mim.
Por que as rosas azuis morreram e sobrou apenas
uma? Por que, quando toquei a última rosa azul, ela
se tornou vermelho-sangue? Eu queria uma
resposta, de preferência lógica.
― SOFIA!
Coloco o travesseiro no rosto.
Era tão cedo e o Nathan já começou a gritar.
Sento-me na minha cama e olho em volta,
analisando o meu quarto.
Por que está cheio de caixas espalhadas por
aqui?
― Droga. ― Dou um pulo da cama e vou até
o banheiro.
Eu me esqueci completamente que hoje seria
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o dia em que iríamos nos mudar. Faz cinco meses


que estamos morando em Illinois, no estado de
Chicago, esse foi o período mais longo que ficamos
em uma cidade. Eu e minha família sempre nos
mudamos de uma cidade para outra, de um estado
para o outro, é assim desde que meus pais sumiram,
mais ou menos dois anos atrás.
Eu sempre pergunto ao meu irmão mais
velho por que que nós não podemos parar em uma
cidade e construir raízes, por que nós não temos
uma alcateia, sendo que não somos ômegas... e a
pergunta que vem me assombrando há décadas: por
que não podemos voltar para a nossa casa? Por que
meus pais sumiram? Mas, a resposta dele sempre é
a mesma: "não podemos confiar em ninguém, é
para o bem de todos nós." Isso me dá muita raiva,
pois sinto que ele me esconde algo muito
importante.

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― Sofia, cadê você? ― Ouço a voz do


Nathan em meu quarto.
Abro a porta do banheiro com a escova de
dentes na boca. Ele me olha sério, com os braços
cruzados e aquela cara de mandão.
― Eu acordei faz horas, só estava arrumando
as caixas ― minto, com a espuma da pasta de
dentes caindo.
― Não mente para mim. Sei que acabou de
acordar, as suas caixas estão do mesmo jeito desde
a semana passada. A sua cama está revirada. ― Ele
vai até a minha cama e coloca a mão nela. ― E
ainda está quente, sem contar que seu rosto está
amassado.
Reviro os olhos.
― Você é muito chato. Qual é? Não tenho o
direito de acordar tarde? ― Cuspo a espuma que
estava na minha boca.
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― Claro que você tem o direito de acordar


tarde, mas também tem que ter responsabilidade.
Enxaguo a boca e lavo o rosto.
― Não começa com esse papo de
responsabilidade, senhor careta. Eu tenho
responsabilidade, sim. ― Jogo-me na cama.
― Você tem responsabilidade quando quer.
― Rolo na cama e ele dá um tapa na minha bunda.
― Trate de ter responsabilidade agora. Levanta,
termina de encaixotar suas coisas e coloque lá
embaixo junto com as outras.
― Tudo bem ― resmungo.
Ele dá um beijo na minha testa e sai do
quarto. Levanto e começo a colocar o resto das
minhas coisas na caixa. A cada mudança que
fazemos aumenta a minha bagagem. Acho que na
próxima vez que eu me mudar vou ter que me
desfazer de alguns pertences.
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Eu estava sentada no chão e fechando as


últimas caixas quando senti algo subindo em
minhas costas.
― Tudo bem, fique calma ― digo a mim
mesma, tentando não surtar. Levanto-me com
cuidado, vou até o espelho e me viro para ver o que
é. ― HAAAA, JONATHAN HAAAAA.
JEFFERSON.
― Sofia. ― Vejo o Jeff me encarando da
porta e sinto algo diferente se movimentar na
minha pele.
Começo a pular feito uma doida desvairada e
Jeff apenas ri do meu pânico, o que me fez dar mais
gritos.
― SEU IDIOTA, FAZ ALGUMA COISA!
― Ele não para de rir. Eu tenho pavor de aranhas...
Ele vem até mim e eu me viro, impaciente.
― Fica quieta, Sofia, senão eu não vou
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conseguir tirar.
Enquanto ele tentava controlar a risada, eu
estava prestes a morrer de ataque do coração.
― Anda logo ― digo, impaciente.
― Olha aqui a sua amiguinha. ― Ele me
mostra aquela coisa horrível que se encontrava em
sua mão.
― Tira isso de perto de mim ― digo
apavorada e ele começa a rir novamente.
― Tem tanta coisa para se ter medo e a dona
Sofia Lattanzi tem medo de uma aranha. — Ele
revira os olhos. — Você é uma loba... é até
vergonhoso ver você ter medo disso. — Ele termina
de falar e sai do meu quarto.
Não é medo... apenas nojo. Não só de
aranhas, mas de qualquer inseto que seja peludo.
Morro de medo... digo, nojo.
Pego as caixas e levo tudo para o andar de
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baixo, colocando em cima das outras.


Já tinha alguns homens carregando as caixas
e colocando-as no caminhão. Vou para fora e vejo
o Nathan e o Jeff supervisionando. Vou até eles.
― Já trouxe tudo, medrosa? ― fala o Nathan
em um tom brincalhão, o Jeff ri e eu reviro os
olhos.
― Já ― digo, cutucando-o. ― Nathan... ―
Ele me encara. ― Você ainda não me disse para
onde vamos dessa vez.
― Nova York. ― Ele sorri. ― Vamos nos
mudar para Nova York.

Capítulo 2
Sofia
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Já tínhamos despachado a mudança toda,


ficaram só as nossas malas com roupas etc. Era
mais ou menos oito horas da noite. Fui até o quarto
do Nathan e ele estava arrumando o resto das coisas
na mala. Sento-me na cama, olhando para ele.
― Por que Nova York?
Ele me olha brevemente.
― Por que toda vez que nos mudamos, você
me pergunta isso?
Ergo os ombros.
― Deve ser porque eu tenho direito de saber.
Se você não me responder essa simples pergunta,
eu vou começar a te questionar novamente do
porquê nós nos mudamos tanto.
Ele para e me olha.
― Eu arranjei trabalho em uma empresa lá.

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Por isso vamos nos mudar para Nova York.


Encaro ele.
― Que empresa?
Ele respira fundo.
― É uma construtora. ― Ele volta a arrumar
as coisas dele.
― Jonathan, nós vamos ficar quanto tempo
lá? ― pergunto e ele me olha. Levanto da cama e o
encaro. ― Três meses? Duas semanas?
― Sofi, não começa ― ele diz, tentando me
acalmar.
― Jonathan, eu já estou cansada disso... não
aguento mais viver sabendo que você esconde algo
de mim e do Jefferson. Por que não fala nada para a
gente? Não confia em nós?
Ele olha para baixo.
― Sofia, isso é para....

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― ...para o bem de todos nós. Você só sabe


falar isso. ― Saio do quarto dele e vou para o meu.
Jogo-me na cama e, sem minha permissão, as
lágrimas começam a escorrer. Eu odeio ficar brava
com o Nathan, mas odeio mais ainda o fato de ele
estar escondendo algo. Ele é meu irmão mais velho,
mas isso não quer dizer que eu tenha que segui-lo
cegamente sem questionar nada.
É nessas horas que preciso dos meus pais...
mas cadê eles? Onde eles estão?
Droga!
― Sofi. ― O Jeff entra no quarto e já vem
me abraçar. ― Discutiu com o Nathan de novo, não
é? ― Não digo nada, ele passa a mão em minha
cabeça. ― Eu também acho que ele esconde algo,
Sofia, mas eu acredito que em algum momento ele
vai nos contar. Eu também sinto falta do pai e da
mãe como você, e sei que o Nathan também sofre.

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Dá um desconto a ele, OK? ― Suspiro fundo. ―


Entendeu, Sofia?
― Já entendi, pirralho.
Ele ri.
― O pirralho que está aqui para te apoiar. ―
Ele dá um beijo na minha testa e se levanta. ―
Dorme um pouco, a gente vai pegar o voo cedo.
Jeff sai e eu fico olhando para o teto.
Olhando assim, nem parece que o Jeff é mais novo
do que eu. Ele é o caçula, eu sou a do meio e o
Nathan o mais velho.
A minha vida é totalmente bagunçada e eu
não faço a mínima ideia do porquê isso tinha que
acontecer. Meus pais sumiram há muito tempo, por
algum motivo não consigo me lembrar, enfim... não
deixaram rastro algum. Desde então, o meu irmão
mais velho toma conta de mim e do Jeff. Apesar de
eu ser maior de idade, meu irmão não quer que
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vivamos separados. Sei que ele faz de tudo para o


meu bem e do Jeff, porém me irrita todo esse
segredo.
Antes de nossos pais sumirem do mapa nós
morávamos na França, meus pais são franceses.
Vivíamos em paz lá, meu pai era o Alfa. Então, do
dia para a noite, eles sumiram. Não me lembro
como e nem quando, só sei que tivemos que
abandonar a alcateia. Por quê? Não sei, mas
pretendo descobrir, nem que seja à força.
Já estava pronta, com uma calça jeans
rasgada, uma blusa preta e um sobretudo. Peguei
minhas malas e desci. O Nathan e o Jeff já estavam
lá embaixo.
― O táxi daqui a pouco chega ― diz o
Nathan. ― Sofia, sobre ontem eu...
― Eu queria me desculpar. Desculpa por
fazer perguntas que você não pode responder ―

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digo e vejo o Jeff nos olhando.


― Eu vou contar... prometo que contarei,
quando puder. ― Dou um sorriso fraco e ele vem
me abraçar. ― Eu te amo.
― Eu também te amo. ― Abraço-o mais
forte, então sinto outro abraço.
― Também amo vocês ― diz o Jeff, fazendo
drama e tentando abraçar nós dois ao mesmo
tempo.
Eu e o Nathan rimos. Escutamos a buzina do
táxi, vamos até lá e colocamos a bagagem no porta-
malas. Olho para a nossa casa e sorrio.
― O tempo mais longo que ficamos em um
lugar ― digo, sem perceber o Nathan do lado.
― É, foi legal ― ele diz e passa o braço no
meu ombro.
― Foi sim ― diz o Jeff atrás de nós, então
ele puxa nós dois para o táxi. ― Em Nova York vai
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ser mais legal ainda. Então, vamos. — Jeff não


conseguia esconder sua alegria.
― Você é muito impaciente ― diz o Nathan
e eu começo a rir.
― Não sou impaciente, seu mandão ― ele
diz.
― Moço, para o aeroporto ― digo ao taxista.
― Eu sou mandão, Sofia? ― Nathan
pergunta e eu o encaro.
― Sim, você é. ― Ele faz uma careta
engraçada. ― E o Jeff é impaciente. ― Ele me
mostra a língua.

Capítulo 3
Sofia

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Enfim, chegamos a Nova York. O Nathan


disse que já temos um apartamento, ele agilizou
tudo antes de virmos.
Logo que chegamos no aeroporto já tinha um
táxi esperando por nós. Eu olhava as ruas
movimentadas imaginado quanto tempo iríamos
ficar ali. Sempre que me mudo imagino isso, é
automático.
Chegamos em frente ao prédio, subimos até o
quinto andar, onde fica o apartamento 340.
Entramos e vejo que o apartamento é menor do que
a casa em que morávamos. Pelo apartamento todo
estavam espalhadas as caixas.
― Temos que arrumar isso aqui ainda hoje
― o Nathan diz.
― Acabamos de chegar, Jonathan ― diz o
Jeff.
― Vamos ter que arrumar hoje se não
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quiserem arrumar sozinhos amanhã ― ele diz,


colocando a mala no chão.
― Por quê? ― pergunto.
― Porque amanhã já tenho que ir à empresa
onde irei trabalhar ― ele diz.
― Tudo bem ― digo.
Não era muita coisa para arrumar, pois o
apartamento já é mobiliado.
Era em torno de duas e meia da tarde quando
começamos a arrumar as coisas na sala. O
apartamento tinha apenas dois quartos grandes. Eu
levei vantagem, porque ficarei com um só para
mim, enquanto isso o Nathan e o Jeff vão ter que
dividir o outro.
Terminamos de arrumar a sala e a cozinha era
em torno de cinco horas. Então, fomos arrumar os
quartos.
Meu quarto tinha uma cama de casal, um
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guarda-roupa grande, um banheiro pequeno e a


sacada. Demorou um pouco para eu conseguir
organizar tudo.
― Sofi. ― O Jeff bate na porta e entra. ―
Você quer alguma coisa para comer?
― Pizza ― digo, colocando a mão na barriga
e ele sorri.
― OK. ― Ele sai e eu vou para o banheiro
tomar banho.
Tomo um banho bem demorado, saio do
banheiro e vou vestir minha roupa. Visto uma blusa
azul e um short cinza de malha e prendo meu
cabelo em um coque frouxo.
Vou até a sacada. Já estava escuro e a cidade
estava toda iluminada, era lindo de se ver. Então,
bate um vento que faz minha espinha se arrepiar e
uma sensação de estar sendo observada me atinge.
Viro-me e entro para o quarto.
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― SOFIA, SUA PIZZA CHEGOU! ― o


Nathan grita.
Fala sério, esse menino é idiota? Não está
vendo que não pode gritar em apartamento?
Vou até a sala e o Jeff está sentado no sofá
comendo e o Nathan na cozinha. Vou até a cozinha,
pego um pedaço da pizza.
― Nathan. ― Ele me olha. ― Qual é o nome
da empresa em que você vai trabalhar mesmo?
― Construtora Adams ― ele diz e eu penso
um pouco.
― É longe daqui?
Ele sorri.
― Um dos motivos para eu ter escolhido esse
prédio é porque a empresa fica na rua da frente ―
ele diz.
― Hum... ― Bem, eu não queria ter

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perguntado isso, mas as perguntas que eu ia fazer


ele não me responderia mesmo. Então, desisti.
Pego outra pizza, vou para o quarto e me jogo
na cama. Hoje é um dos vários dias em que
perguntas começam a latejar em minha cabeça. Isso
é foda. Para evitar isso, tenho que dormir.

*****

PIPIPIPIPIPIPI. O despertador toca que nem


louco, eu acordo assustada e caio da cama.
― Eita, porra! ― Coloco a mão no coração.
Mas que saco, eu não coloquei o despertador para
tocar. ― Espera, mas eu tenho um despertador?
Como ele veio parar aqui? Levanto-me e vou
no banheiro, escovo os dentes e lavo o rosto.
Vou até a cozinha e vejo o Jeff sair do quarto

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todo arrumado.
― Quem colocou aquela bomba-relógio no
meu quarto? ― pergunto, encarando-o, e ele ri.
― Quem você acha? Ele disse que, como sai
muito cedo para trabalhar, teve que te dar um
despertador, senão é capaz de você dormir a tarde
toda. ― Reviro os olhos. ― Ou você quer acordar
no horário em que ele sai? ― Faço cara de nojo.
― Para onde vai todo arrumado desse jeito?
― digo, pegando um suco.
― Não vou aguentar ficar o dia todo aqui,
vou procurar um trabalho para mim. Você devia
fazer o mesmo ― ele diz, colocando o celular no
bolso.
― E vou ― digo.
Ele vem até mim e deposita um beijo em
minha testa.
― Juízo.
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― Eu que devia dizer isso. Eu sou mais velha


do que você, pirralho.
Ele ri e sai.
Como tudo que vejo pela frente e depois vou
para o quarto. Acho que vou dar uma volta. Quem
sabe não encontro um emprego?
Tomo um banho, visto uma calça preta
rasgada e uma blusa verde-escura. Pego meu
celular e desço.
Ando na rua desapercebida. Eu olhava em
tudo ao meu redor e sem querer esbarro em alguém.
― Nossa, me desculpa! ― digo à pessoa. E
que pessoa linda, hein?
― Ah, não desculpo, não. ― O quê? Que
pessoa horrível. ― Desculpo, se me disser o seu
nome. ― Ele sorri. Que sorriso lindo.
― Quem me garante que não vai fazer
mandinga com o meu nome? ― Ele ri.
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― Tenho cara de quem faz isso? ― Ele me


encara com um sorriso de lado.
― Não. ― Sorrio e estendo a mão. ― Meu
nome é Sofia. ― Ele pega na minha mão.
― Meu nome é Alan ― ele diz com um
sorriso de lado.
― Foi um prazer te conhecer, Alan, mas
tenho que ir agora ― digo.
― Não vai me passar nem seu número?
Seria uma tentação pois ele é gatão.
― Não ― digo, sorrindo. ― Tchau.
Falo e depois me viro. Por mais que ele seja
bonito não gosto de me envolver dessa forma com
humanos. Senão, eu iria ouvir muito do Sr.
Jonathan.
Viro em uma esquina e vejo uma empresa
enorme do outro lado da rua: Construtora Adams.

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Onde o Nathan trabalha. Bem que ele falou que não


é muito longe. Olho atrás de mim e tinha uma
cafetaria. O que mais me chamou atenção foi o
anúncio pregado no vidro: Precisamos de
balconista. Meus olhos até brilharam. Isso é sorte
ou o quê?

Capítulo 4
Sofia

Sem perder tempo eu entro na cafetaria. Não


tinha muita gente. Vou até o balcão, tinha uma
moça do cabelo castanho e de olhos verdes muito
bonita.
― Pois não? O que vai querer? ― ela sorri,

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simpática.
― O emprego. ― Aponto para a placa no
vidro e ela sorri.
― Veio pelo emprego? ― Confirmo. ―
Você tem alguma experiência em atender clientes?
― Até tenho. Já trabalhei como garçonete. ―
Já faz um tempo isso.
― Bom, a cafetaria é dos meus pais, a minha
mãe gerencia tudo, eu a ajudo aqui, mas não estou
dando conta sozinha, pois tem vezes que isso aqui
enche. Você me parece uma ótima pessoa, mas eu
não posso te dar o emprego porque não mando em
nada aqui, e no momento a minha mãe saiu, mas eu
vou falar com ela. Você não quer deixar o seu
número? ― ela pergunta, receosa.
― Quero sim. ― Ela sorri aliviada e me dá
um papel e uma caneta.
― Você mora por perto?
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― Sim. Na rua de trás. Meu irmão trabalha


aqui na frente ― digo e entrego o papel com o meu
número.
― Prometo que ligo com a resposta ainda
hoje ― ela diz guardando o papel.
― Está bom. ― Despeço-me dela e saio da
cafetaria torcendo para que eu ganhe o emprego.
Tinha um cara me olhando lá do outro lado
da rua, ele estava em frente à empresa. Reviro os
olhos e volto a andar. Tinha a impressão de estar
sendo seguida, então olho para trás e vejo o cara
que estava do outro lado da rua. Eu mereço! Logo
de manhã já tem um doido atrás de mim. Aperto os
passos e, quando viro a esquina, alguém me
empurra para o lado em um beco.
― Tá fugindo por que, lobinha? ― O cara
que me perseguia me prende contra a parede. Eu
sou meio desapercebida e não fico procurando

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quem é lobo e quem não é na rua, mas esse cara já,


pelo contrário. Sentiu o meu cheiro e viu que sou
loba, ele é um lobo também, só que... fraco.
― Nossa, você fede muito ― digo. ― Você
sabe o que é sabonete? É aquela coisa que tira fedor
quando se toma banho. Espera, você toma banho?
― Não brinca comigo. ― Ele aperta meu
braço com força.
― Ninguém te ensinou que não se pode
machucar uma moça?
Ele ri.
― Pelo que vi aqui, você não é uma moça e
sim uma cavala ― ele diz, sorridente.
― A cavala aqui quer saber o que o
fedorento quer.
Ele cerra os olhos.
― Eu sou o beta do Alfa. ― Foi a minha vez

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de rir. ― Por que está rindo, idiota? ― Ele aperta


meu braço mais uma vez.
― Sabe, você não está fazendo nem cócega
apertando o meu braço. ― Paro de rir e o encaro.
― Você pode ser tudo, menos o beta do Alfa,
nenhum Alfa tem um beta como você. O máximo
que você pode ser é um beta substituto. ― Nem sei
se existe isso, mas sei que ele não é beta do Alfa
coisa nenhuma.
― Não importa se sou substituto. Eu sirvo o
meu Alfa, e vim a mando dele. ― Ele fica com a
expressão mais séria e aperta mais uma vez o meu
braço.
― Se você fizer isso de novo, eu arranco suas
bolas.
Ele não liga para o que eu falo.
― Meu nome é Leonardo e quero saber o que
você faz no território do Supremo. Você não faz
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parte daqui.
Como assim, Supremo?
― Do que você está falando? ― digo,
olhando para o nada e tentando entender o que
estamos fazendo aqui nesse território.
― A lobinha ficou assustada, é? ― Com um
movimento rápido pego em suas bolas, aperto e ele
reprime o grito de dor. ― Sua... Sua...
― Cala a boca, senão eu arranco fora ― Ele
resmunga e eu solto seu membro. Ele cai no chão
com a mão no saco. ― Aqui é o território do
Supremo?
― Vai me dizer que não sabia? ― Eu o
encaro. ― É, sim. Todos sabem que Nova York é
onde o Supremo mora.
— Bom, eu não sabia.
Viro-me para sair.

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― Hei, espera....
― Se você vier atrás de mim mais uma vez
― viro a cabeça e o encaro com um sorriso
macabro ―, te garanto que não vai ter mais o
membro que te define como macho.
Saio do beco e atravesso a rua, ando mais um
pouco e chego no prédio. Subo e vou direto para o
banheiro, lavo as mãos e depois me jogo na cama
encarando o teto.
― Território do Supremo ― digo a mim
mesma e meu corpo se arrepia de medo. ― Droga.
― Rolo na cama. ― Como viemos parar logo
aqui?
A fama do Supremo não é das melhores. Em
todos os territórios por onde já passamos
conseguimos ficar sem que o Alfa soubesse, mas
agora é diferente. Estamos no território do
Supremo. Porra como vamos nos esconder dele?

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Algo me diz que ele já sabe.


*****
Já era em torno de sete horas da noite e eu
esperava o Nathan. Eu estava impaciente, pois
queria questioná-lo.
Jeff chegou algumas horas atrás. Quando
disse a ele que supostamente eu iria ter um
emprego, ele pirou, pois não tinha achado nada.
Estava na sala mudando o canal da TV sem
ter interesse em nenhum. A porta é aberta e eu pulo
do sofá.
― Preciso falar com você ― digo.
― Oi para você também. Se for sobre o
despertador, nem vem que não vou me desfazer
dele. Você tem que acordar no horário certo. ― Ele
tira o terno e vai até a cozinha.
― Na verdade, tinha até esquecido disso. ―
Ele pega um copo e vai até a geladeira. ― Quero
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falar outra coisa. ― Ele coloca água e começa a


beber. ― Jonathan, por que estamos no território
do Supremo?
Na mesma hora ele joga a água toda da boca
e se engasga.
― Como sabe que aqui é território do
Supremo? ― Então, ele já sabia. ― Quem te
contou isso?
― Um beta do Alfa me perseguiu hoje e me
contou. ― Ele fica com a expressão tensa. ― Eu
devia agradecer s ele, porque se ele não me falasse
eu estaria até agora sem saber, já que meu próprio
irmão não me conta nada. ― Eu me viro, vou para
o meu quarto e bato a porta com força.

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Capítulo 5
Sofia

Eu estava em um sono muito bom quando


escuto algo vibrar debaixo do meu travesseiro.
Passo a mão, pego o meu celular e atendo sem ver
quem era no visor.
— Alô.
— Oi, aqui é a menina da cafetaria. Acho que
te acordei, não é?
— Ah, sem problemas. — Sento-me na cama.
— Estou tentando te ligar desde ontem à
noite, mas você não atendia. Bem, eu não sei seu
nome ainda.
— É Sofia.
— Sou Fernanda. Bom, eu queria te dizer que
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você está contratada.


Dou um pulo da cama e coloco a mão na
boca.
— Sério?
— Sim ― ela diz, rindo. ― Se você quiser,
pode começar ainda hoje.
— Claro. A que horas que tenho que ir? ―
pergunto, animada.
— Nós abrimos às sete e meia. Tem que estar
lá às sete horas.
— OK.
— Te vejo lá., Tchau.
— Tchau.
Desligo o celular e faço uma dancinha
ridícula. Ainda bem que ninguém estava vendo.
Tenho um emprego agora... A minha vontade é de
gritar para o mundo ouvir que não estou mais

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desempregada.
Corro para o banheiro e tomo um banho bem
rápido. Visto a minha inseparável calça preta
rasgada, uma blusa cinza e faço tranças dos dois
lados do meu cabelo.
Pego meu celular e vou até a cozinha, tomo
um suco e vejo a hora: seis e cinquenta e cinco.
Quase me engasguei.
― Que milagre é esse? Já está acordada? ―
diz o Nathan colocando o terno.
― Não tão milagre, já que estou atrasada.
― Onde está indo?
― Trabalhar. ― Vou até a porta, mas ele
pega meu braço.
― Como assim, trabalhar? Está trabalhando e
não me falou nada? ― Puxa o meu braço.
― Por que eu devia falar? Você não me fala

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nada também. ― Saio de casa e ando pelas ruas


olhando o movimento, que já está bem grande, por
sinal.
Se eu estou brava com Nathan? Sim, estou, e
não é pouco. Já estou cansada disso, estou cansada
de fingir que não me importo de não saber de nada,
cansei de ser a última a saber das coisas. Nós
somos uma família, não devemos esconder as
coisas... independentemente do que seja.
Chego na cafetaria às sete e dez e a Fernanda
abre a porta para mim.
― Desculpa, era para eu estar aqui dez
minutos atrás. É que eu....
― Hei, está tudo bem. Vamos abrir só daqui
a vinte minutos. Pedi para vir mais cedo para eu
explicar as coisas para você.
Dou um suspiro de alívio.
― Há, você deve ser a Sofia, certo?
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Uma senhora de meia-idade diz, ela deve ser


a mãe da Fernanda, pois se parecem.
― Sim eu mesma. ― Sorrio e ela vem me
abraçar.
― Eu sou Cláudia, a mãe da Fernanda e sua
patroa. ― Ela pisca.
― Vem, deixa eu mostrar a cafetaria toda
para você. ― Ela me mostra a parte de trás do
balcão, onde ficam os doces e a máquina de café.
Na cafetaria tinha algumas mesas embaixo e em
cima mais algumas também. É, pois é, é de dois
andares. Bem grande. ― É o seguinte: nós vamos
revezar, um dia eu sirvo as mesas e você fica no
balcão, no outro dia a gente troca. Tudo bem?
― Claro. ― Sorrio. — Tem bastante
movimento aqui?
― Na parte da manhã isso aqui fica uma
loucura, e quando a máquina de café da construtora
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daqui da frente quebra, fica pior ― ela diz fazendo


uma cara estranha e eu rio. Faltavam alguns
minutos para abrir, então nos sentamos. ― Você
sempre morou aqui em Nova York?
― Não. Eu sou da França. ― Não tem
necessidade de eu dizer a ela que nunca parei em
nenhuma cidade.
― Sério? ― Sorrio. ― Veio para cá por quê?
Eu queria saber também.
― Por causa da transferência do trabalho do
meu irmão ― digo.
― Meninas, já está na hora de abrir ― diz a
Cláudia.
― Hoje você fica com as mesas, OK? ― ela
pergunta e eu confirmo. ― Toma. ― Ela me
entrega o bloquinho de papel com uma caneta. ―
Uma dica: não dê muita atenção aos estudantes do
ensino médio, eles são uns idiotas ― ela diz
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revirando os olhos.
― Aqui não trabalhamos com uniforme, por
causas de certas pessoas ― a Cláudia diz
encarando a Fernanda, o que me faz rir. ― Mas
usamos o broche com o nome e o avental. O seu
broche vai ficar pronto só daqui a dois dias ― ela
diz, me entregando o avental branco com babados
cor-de-rosa.
― Tudo bem ― digo, colocando o avental.
― Qualquer problema, me chamem. Estarei
no escritório ― a Cláudia diz e sai.
― Vamos lá.
A Fernanda vai até a porta, destranca e vira a
placa indicando que está aberto.
Entram umas quatro pessoas já fazendo fila e
um casal se senta perto do vidro. Vou até eles.
― Bom-dia, o que desejam?

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Eles me olham.
― Quero um café puro e uma torta de frango
― o homem diz.
― Quero café com leite e um sanduíche
natural ― ela diz, sorridente.
― OK. Só um minuto. ― Anoto os pedidos e
vou até o balcão. Preparo tudo e levo até a mesa.
Acho que não vai ser um bicho de sete
cabeças trabalhar aqui, afinal.

Capítulo 6
Sofia

A cafetaria começou a lotar de uma hora para


outra, a Fernanda estava apavorada. Fui ao balcão
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pegar os pedidos e aproveitei para falar com ela.


― Fernanda, se acalme. A gente dá conta ―
digo e ela respira fundo.
― Tudo bem ― ela diz mais calma.
― Moça, meu café ― um cara da fila fala.
― Tá... claro ― ela diz toda atrapalhada.
Entrego os pedidos e volto para o balcão para
preparar os outros. Então, um homem alto, moreno
e de cabelos escuros para de frente para mim me
encarando do outro lado do balcão.
― Moço, se eu atrasei seu pedido, peço que
tenha paciência. Caso contrário, entre na fila. ―
Aponto para a fila onde a Fernanda estava
atendendo.
― Na verdade, vim aqui só para ter certeza
se era verdade o que diziam.
Franzo a testa e olho para ele.

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― Do que está falando?


Ele dá um sorriso.
― Vim confirmar se era verdade que a
prometida estava trabalhando em uma cafetaria. —
Minhas mãos suam frio.
― Prometida? ― Meu coração batia forte e
eu não sabia por quê.
― Lobinha, não se faça de desentendida. ―
Ele coloca as mãos sobre o balcão e aproxima seu
corpo. ― A única coisa que vou te falar é que você
não vai durar muito tempo.
Pego o lápis que estava no meu bolso, finco
na mão dele e tapo sua boca com a outra mão
desocupada, para ele não gritar.
― A única coisa que vou te falar é que se
aparecer na minha frente mais uma vez... te deixo
sem as mãos ― sussurro a última parte. Pego no
lápis e remexo ele dentro da mão do homem e ele
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faz uma careta de dor. ― Entendeu?


Ele confirma, eu puxo o lápis e ele sai me
encarando.
*****
Meu expediente é até as cinco horas. Eu não
conseguia parar de pensar no que aconteceu até a
hora em que saí da cafeteria.
Mas que diabos é isso? O que está
acontecendo? Prometida? Droga, em vez das
minhas perguntas estarem diminuindo só estão
aumentando.
Quando chego em casa, corro para o banheiro
e tomo um banho demorado.
Eu estava até pensando em contar para o
Nathan sobre o que aconteceu. Mas o que vai
resolver? Mesmo se ele souber de alguma coisa (eu
tenho certeza que sabe), não iria me contar.
Saio do banheiro, visto meu short cinza e
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uma blusa branca. Jogo-me na cama e fico


encarando o teto.
Sinto meu rosto ficar molhado, mas que
droga. Passo a mão no rosto limpando as lágrimas
que teimavam em cair. Eu sou assim, uma hora
estou bem, em outra eu desabo.
― Sofia precisamos conversar. ― O Nathan
entra no quarto e eu tapo o rosto com o travesseiro.
― Sofia. ― Ele se senta ao meu lado e tira o
travesseiro com dificuldade. — Por que está
chorando? ― Ele passa a mão no meu rosto.
― Porque sou uma idiota ― digo com ironia
e ele revira os olhos.
― Eu vim aqui para fazer as pazes ― ele diz,
me encarando.
― Vai me responder tudo que quero saber?
― Levanto uma sobrancelha.
― Não ― ele diz, sendo direto.
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― Então, não quero fazer as pazes ― digo


me virando e ele me puxa.
― Sofia, não está na hora de eu falar nada
para você, mas, quando chegar a hora, garanto que
vou responder tudo que quiser saber ― ele diz
tentando me convencer.
― O problema é que você me fala isso desde
quando tinha dezessete anos ― digo, indignada.
Ele abre a boca para dizer algo, mas eu não deixo.
― Sinto falta da mamãe e do papai, eu quero eles
de volta com a gente. Eu quero voltar para a
França, onde é o nosso lugar. Eu queria lembrar o
que aconteceu com eles no dia em que sumiram,
mas eu não consigo. Você sabe a dor que sinto?
Sabe como é saber que você estava lá e não
conseguir lembrar de nada? Sabe como é dormir e
não sonhar nada e quando sonha é sempre o mesmo
sonho? Sabe como é ter milhares de perguntas e

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nenhuma ter resposta? Sabe como é se sentir presa,


mas estar solta? Sabe como é sofrer? Não. Você
não sabe Jonathan, porque você não é eu. ― Ele
me abraça e eu bato em seu peito deixando as
lágrimas caírem.
― Eu sei que um dia você vai me perdoar. ―
Minhas lágrimas aumentam. ― Sofia, não é fácil
para mim esconder essas coisas de você. Isso me
machuca, mas é preciso, pois coloca em risco a
vida de uma pessoa muito importante para mim. ―
Aperto sua camisa.
― Quem? ― Ele me aperta contra si.
― Você, Sofia.
Meu corpo amolece.
― Você me ajudou muito, babaca, me
falando que eu sou o motivo de esconder as coisas
de mim mesma. ― Ele passa a mão em meus
cabelos. ― Eu te odeio.
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― Sei que você está falando isso agora só


porque está com raiva ― ele diz.
― Cala boca.

Capítulo 7
Sofia

Ontem à noite o Nathan ficou comigo até eu


dormir. Eu tento ficar com raiva dele, mas não
consigo. Eu meio que me odeio por isso.
Estava na cozinha tomando um suco para ir
trabalhar. Aí o Nathan vem até mim.
― Preciso te dar uma coisa ― ele diz com
uma caixa aveludada azul na mão. ― Na verdade,
faz muito tempo que é para eu dar isso a você. ―
Ele abre a caixa e me mostra um colar com a pedra

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azul em formato de coração.


― Caramba! ― Coloco a mão na boca. ―
Que lindo!
― A mamãe deixou isso para você. ― Olho
assustada para ele. ― Ela me disse para dar a você
quando completasse dezoito anos.
― Eu fiz dezoito há cinco anos, Jonathan ―
digo com a mão na cintura e ele dá um sorriso sem
graça.
― Eu sei. É que eu não lembrava onde tinha
guardado. Enfim, eu achei esses dias. ― Ele tira o
colar da caixa e coloca no meu pescoço. ― Outra
coisa que ela me disse é que não é para você tirar
esse colar em nenhum momento.
― Mas eu não posso ficar com isso no
pescoço no meio do dia.
Ele ri e coloca o colar dentro da minha blusa.
― Problema resolvido. ― Ele dá um beijo na
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minha testa.
― Por que não devo tirar? ― pergunto com a
mão no colar.
― Eu não sei. ― Pela primeira vez em muito
tempo sinto que ele está sendo sincero. ― Cadê o
Jeff? Ultimamente não vejo ele.
― Ele se levanta cedo para procurar emprego
e volta só à tarde ― digo, pegando meu celular. ―
Bom, já vou indo.
― Também já vou. ― Saímos do
apartamento, ele anda na minha frente e eu mais
atrás. No meio do caminho ele se vira e me encara:
― Está me seguindo?
― Não ― digo e sorrio. ― Eu trabalho na
cafetaria de frente para a empresa.
Ele sorri.
Chegamos em frente da cafetaria. Ele me dá
um beijo na testa e atravessa a rua.
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― Seu namorado?
Levo um susto com a Fernanda atrás de mim.
― Não. Ele é meu irmão ― digo.
― Uau! ― ela diz se abanando. Eu começo a
rir e dou um tapa no seu braço. ― Hoje é seu dia de
ficar no balcão ― ela diz entrando e vou atrás. ―
Ah, chegou isso para você. ― Ela me entrega o
broche com o meu nome.
― Obrigada ― digo e ela pisca.
*****
O movimento na cafetaria estava bem
tranquilo. Ainda bem, pois ontem foi uma loucura.
Entra uma moça com cabelos castanho-
claros, ela estava conversando no celular. Ela é
baixinha, muito fofa, deve ter a idade do Jeff. Ela
vem até o balcão.
― Idiota, eu já estou aqui na cafetaria, você

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vai ou não vai querer o cappuccino? ― ela


pergunta no celular, parecia brava. ― Diogo, eu
vou te matar, eu não vou voltar aí, já estou aqui. ―
Ela desliga o celular, me olha e eu tentava não rir.
Ela é fofa até brava. ― Oi ― diz sorrindo.
― Oi ― digo sorrindo. Então inspiro, sinto
seu cheiro e meu sorriso some.
― Me dê dois cappuccinos ― ela diz
mexendo na bolsa.
Fui preparar o pedido. Ela é loba, espero que
não perceba que sou também. Entrego o seu
pedido.
― Aqui está. ― Ela me dá o dinheiro e se
vira indo até a porta, mas então, antes de chegar à
porta, ela se vira e volta até mim. Droga. ― Eu te
conheço de algum lugar?
― Eu acho que não ― digo, firme. Ela
franze a testa.
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― Não, eu sei que te conheço. ― Ela pensa,


então arregala os olhos. ― Por acaso tem algum
parentesco com Jonathan Lattanzi? ― Então, foi a
minha vez de me assustar. Ela chega mais perto
discretamente e me fareja. ― Você é loba.
― Você conhece o meu irmão?
Ela faz que sim.
― Eu tenho que ir lavar isso aqui lá na
empresa, mas já volto. ― Ela se vira e atravessa a
rua correndo.
― Sofi... ― Fernanda me chama. ― Está
tudo bem? Você parece assustada.
― Não é nada ― digo passando a mão no
rosto.
Começo a limpar o balcão. Quem era a
garota? Ela conhece o Nathan? Ela é loba também.
O que está acontecendo?
― Oi de novo. ― A garota me olha. ― Eu
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queria conversar mais com você ― ela diz me


olhando.
― É... É que. Eu estou trabalhando e....
― Está tudo bem ― diz a Fernanda. ― Pode
sair mais cedo, sem problemas.
― Tem certeza? ― digo, encarando-a.
― Sim ― ela diz.
Tiro meu avental e guardo o broche.
Eu não sei quem é essa garota, mas ela
conhece o meu irmão. Já que o Nathan não me
responde nada, quem sabe ela pode me ajudar?

Capítulo 8
Sofia

Fui dispensada mais cedo para conversar com


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a garota. Saímos da cafetaria e fomos andando para


algum lugar.
― Meu nome é Diane ― ela diz.
― Sofia ― digo.
― Eu sei. ― Ela sorri. ― Vem. ― Ela me
puxa até uma praça. Sentamo-nos em um banco que
tinha por ali. ― Seu irmão fala muito sobre você.
― Fala? ― Franzo a testa. ― Me desculpa,
mas eu estou meio confusa ― digo. ― Como você
conhece o meu irmão?
― É porque ele trabalha com meu irmão e é
o beta dele. ― Meu coração gela. ― Você não
sabia?
― Eu não sei de muita coisa ― digo
colocando a mão na cabeça. ― Meu irmão é beta
de quem?
― Do supremo. ― Sinto-me gelar dos pés à
cabeça.
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― Espera... O Leonardo... Não é ele que é o


beta do supremo?
Ela franze a testa.
― Beta substituto. O verdadeiro beta, que
tem uma ligação e tudo o mais, é o seu irmão.
Por que ele não me disse nada? Por quê?
― Como conhece o Leonardo? — ela
pergunta.
― Esses dias ele estava me seguindo e me
atacou, falando que era a mando do Supremo
porque eu não fazia parte da alcateia.
Ela se assusta.
― Juro que meu irmão não ordenou nada
disso ― ela diz, assustada. ― Mas me fala, como
você não sabia que seu irmão é beta do Supremo?
― Meu irmão não me disse nada ― digo,
cabisbaixa.

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― Ele deve ter seus motivos. ― Reviro os


olhos. ― Olha, eu o conheci há pouco tempo, mas
nesse tempo pude ver que ele ama muito você e seu
irmão. Ele não conversa muito sobre a família com
meu irmão, ele fala mais comigo, e quando ele me
disse sobre você, tive uma vontade muito grande
em te conhecer. ― Ela sorri e eu retribuo o seu
sorriso.
― Então, você é a irmã do Supremo? ―
pergunto.
― É, mais ou menos. Sou meio que irmã
adotiva, ele não tem irmão de sangue ― ela diz.
― Entendo ― digo. ― Diane, você disse que
meu irmão conversa bastante com você. Ele já
chegou de falar dos nossos pais?
― A única coisa que ele me disse foi que
vocês moravam na França, que seu pai era o Alfa
de lá e que faz sete anos que seus pais sumiram ―

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ela diz.
― Ele não falou mais nada?
Ela faz que não com a cabeça.
― Mas acho que ele disse algo a meu irmão,
eles têm que ser abertos um com o outro por causa
da ligação. Então, pode ter certeza: se você quer
saber alguma coisa que seu irmão não te contou,
meu irmão deve saber ― ela diz, pensativa.
― Isso é horrível. ― Reviro os olhos. ― Ele
me conhece desde sempre e nunca me conta nada.
Aí ele descobre que tem uma ligação com um Alfa,
e tem que contar todos seus segredos em menos de
uma semana.
Ouço a Diane rir.
― Sinto uma pontada de ciúmes ― ela diz
me cutucando.― Você é legal. ― Ela sorri.
― Você também. ― Ela pega o celular no
bolso. ― Passa seu número para mim, qualquer dia
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a gente pode combinar de sair para nos


conhecermos melhor.
― Claro. ― Pego o celular dela e anoto meu
número.
― Queria poder continuar a conversa, mas
agora tenho que ir ― ela diz se levantando.
― Tudo bem. Foi um prazer te conhecer,
Diane.
Ela me abraça.
― Pode me chamar de Ane. ― Sorrio. ―
Tchau.
― Tchau.
Ela vai embora e eu vou para o apartamento.
Chegando em casa, o Jeff e o Nathan estavam
sentados no sofá vendo alguma coisa na TV.
― Chegou tarde hoje ― diz o Jeff.
Vou até o sofá e me sento bem na ponta

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olhando para eles.


― É que fiz uma nova amiga, aí estava
conversando com ela.
O Jeff franze a testa.
― Nova amiga? ― ele diz.
― Sim. O nome dela é Diane ― digo e na
hora o Nathan me olha assustado. ― Você está
sabendo da última, Jeff?
― O quê? ― ele pergunta, curioso.
― Você sabia que o Jonathan é o beta do
Supremo Alfa?
O Jeff se engasga.
― Eu posso explicar ― diz o Nathan.
― Não tem nada o que explicar. Já me
acostumei com isso, de saber as coisas por outras
pessoas ― digo e dou um sorriso irônico.
― Quer dizer que temos uma alcateia agora?

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Nós não vamos mais embora? ― o Jeff pergunta


para o Nathan.
― Eu... eu não sei ― o Nathan diz.
― Jonathan ― digo e me levanto ―, eu
acabei de decidir uma coisa: eu não vou mais te
perguntar nada, pode ficar tranquilo. ― Ele franze
a testa. ― Decidi que de agora em diante, se eu
quiser saber alguma coisa, vou descobrir sozinha.
― Sofia...
― Nathan, eu só estou te avisando, só isso.
Eu vou correr atrás das minhas respostas. Odeio ter
que dizer isso, mas se você tentar me impedir juro
que vai se arrepender.
Digo e vou para o meu quarto. Eu não gosto
de ameaçá-lo, mas estou decidida e tenho que
demonstrar que estou confiante.

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Capítulo 9
Sofia

Passaram-se dois dias depois que ameacei o


Jonathan. Ele parece não dar muita importância,
mas de uma coisa ele sabe: eu estou muito brava
com ele. Quando o chamo de “Jonathan” é porque
me estresso e, quando o chamo de “Nathan”, é
porque estou um amorzinho.
Já estou no trabalho, hoje é sexta feira, um
dos motivos de eu estar feliz: a semana está
acabando. Não que eu não goste de trabalhar aqui
na cafeteria. Ao contrário, é muito divertido e
tranquilo. Estou mais animada hoje porque quero
sair.
Vejo a Diane entrar na cafeteria e ela vem
direto para o balcão onde estou encostada.
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― Oi gatinha. — Ela sorri.


― Oi Ane — digo.
― O que me diz de sair hoje?
Franzi a testa e semicerrei os olhos.
― Leu meus pensamentos por acaso? — Ela
ri.
― Isso é um sim? — pergunta, me
encarando.
― Claro — digo.
― Por que não vem com a gente? — ela
pergunta para a Fernanda.
― Hã... Eu? — ela diz, meio sem graça.
― É, Fe. Vamos? Se a Ane não tivesse me
convidado eu ia te chamar para sair de qualquer
jeito. — Encaro-a. — E aí, vamos?
― Está bom. — Ela sorri.
― Vamos combinar de se encontrar lá? —
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pergunto.
― Eu posso pegar vocês de carro — a Ane
diz.
― Eu moro muito longe, acho melhor
encontrar com vocês lá — diz a Fe.
― Então, eu passo para pegar você às oito e
meia — ela diz para mim.
― Tá, mas aonde vamos? — pergunto.
― Que tal a casa noturna World of Dance?
— a Ane diz sorridente.
― Gostei — diz a Fe.
― Nunca fui, mas parece boa. — Elas se
entreolham e sorriem.
― Até mais tarde — diz a Ane e sai.
*****
Eu já estava em casa, estava revirando o meu
guarda-roupa para achar uma roupa. Queria um

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vestido ou uma saia, mas não acho nada.


Ah, sabe de uma coisa? Vou vestir qualquer
roupa mesmo. Peguei uma calça e uma blusa preta
e uma jaqueta verde, já que à noite é mais frio. Vou
para o banheiro e tomo um banho demorado.
Saio e visto a minha roupa, pego meus tênis
brancos, mas não acho meia para vestir. Vou até a
sala e o Jeff está sentado no sofá.
― Cadê o Jonathan? — pergunto.
― Ainda não chegou — ele diz sem me
olhar.
― Jeff, me empresta uma meia? — pergunto.
― Eu só tenho meia preta. Se quiser, está na
segunda gaveta à esquerda — ele diz.
― Não tem branca?
Ele faz que não.
― Pega do Nathan, é a primeira gaveta à

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direita — ele diz e vou até o quarto deles.


Abro a gaveta e a primeira coisa que me
chama atenção é um tipo de caderno estreito preto.
Como a curiosidade é grande pego ele e as meias.
Volto para o meu quarto, escondo o caderno e volto
a me arrumar, pois já estou atrasada.
ANE: Estou te esperando aqui embaixo.
EU: Só um minuto já desço.
Respondo, calço os tênis e pego o celular em
cima da cômoda do lado de um boné preto, encaro
o boné e acabo pegando ele mesmo.
― Jeff, estou indo — digo, abrindo a porta.
― Vai para uma balada assim? — Ele me
encara. — Tem razão de nenhum cara chegar perto
de você.
― Só não te mando para aquele lugar porque
a mãe também é minha — digo e ele ri. Desço e
entro no carro, já perguntando para Ane: — Você
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acha que me arrumei tão mal assim?


― Não. Na verdade, combina com o lugar
que vamos.
Ela pisca e eu fico curiosa para saber que tipo
de lugar é esse para combinar com o estilo com que
eu me visto.
Acho que chegamos, pois estamos em um
lugar que tem vários carros estacionados e uma
multidão entrando na balada. Saímos do carro e a
Diane pega a minha mão me puxando, ela fala com
um segurança e logo entramos. Quando entramos já
ouço a música alta e um monte de gente gritando.
Saímos do corredor e damos em um lugar grande e
lotado de gente. Quando vi o palco meu coração
disparou.
― Você está de brincadeira — digo,
sorrindo. Olho para Diane. — Por que não me disse
que era uma competição de dança?

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― Você dança? — ela pergunta, curiosa.


― Mais ou menos — digo.
Fazia muito tempo que eu não dançava.
― Oi — a Fernanda grita atrás de mim.
― Oi — eu e a Ane dizemos juntas.
― Com licença. — Uma voz que eu acho que
conheço de algum lugar fala atrás de mim e eu me
viro. — Oi, garota que me deu um fora.
― Alan? — digo.
― Eu mesmo. — Ele sorri. — Que bom te
ver de novo.
― É... essas são as minhas amigas, Diane e
Fernanda — apresento-as.
― Oi, meninas — ele diz e elas sorriem. —
Por acaso uma de vocês dança? É que a competição
vai começar daqui a pouco, mas falta um
participante.

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― A Sofia dança — diz a Diane e eu a


encaro.
― Sério? — diz a Fe e eu a olho.
― Não — digo.
― Isso, Sofia Lattanzi — diz a Diane do lado
do Alan, que estava escrevendo algo em uma
prancheta.
― Quê? Eu não vou dançar — digo. — Eu
dancei já faz anos, já me esqueci como se dança.
― Ninguém esquece como se dança — o
Alan diz. — Daqui a dez minutos começa. — Ele
sai.
― Eu vou matar você, Diane — digo.
― Pode me matar depois que dançar — ela
diz e pisca.
Não sei se é porque estou nervosa ou se os
dez minutos passam realmente rápido. O primeiro

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participante já tinha dançado, então o segundo, o


terceiro, o quarto, o quinto. Todos eles são ótimos
dançarinos.
Tudo bem, relaxa Sofia. Por que você
dançava? Porque você achava divertido. Isso aí, eu
dançava com alegria porque era legal e divertido.
Se eu mantiver isso em mente acho que consigo
dançar.
― A próxima competidora é nova por aqui.
Sei que gostam de carne nova no pedaço, então
vamos chamar a SOFIA LATTANZI.
Meu coração erra uma batida e eu olho para
as meninas.
― Vai — elas dizem.
Respiro fundo e repito meu mantra
mentalmente: seja corajosa. Relaxo o corpo, subo
no palco e todas as minhas preocupações somem.
Começam a gritar logo que subo, sorrio e começa a
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tocar a música Kid Cudi — day 'n' nit. Como se o


palco fosse a minha casa começo a soltar meu
corpo e a dançar conforme a música.

Capítulo 10
Sofia

Desci do palco e as meninas me olhavam sem


saber o que falar.
― Juro que quando alguém te perguntar se
sabe dançar e você responder "mais ou menos", eu
te mato ― diz a Ane.
― Não parecia nem um pouco que tinha
esquecido como se dança ― diz o Alan chegando
perto de nós.
― Você dança muito ― diz a Fernanda. ―

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Onde aprendeu a dançar assim?


― Com meus pais ― digo.
― Eles dançam como você? ― a Ane
pergunta.
― Mais ou menos. ― Nós rimos.
― Queria conhecer eles ― diz a Ane e eu
dou um sorriso fraco. ― Vamos beber. ― Ela me
puxa até o balcão.
― Uma rodada na minha conta ― diz o
Alan.
Bebemos a primeira rodada e ficamos
dançando na pista. Eu estava me divertindo e isso
me assusta, faz muito tempo que não sei o que é
isso.
Olho para um lado e o Alan estava
conversando com a Fernanda. Sorrio. Vou até a
Ane, que estava dançando.

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― Eu vou lá fora um pouco — cochicho no


ouvido dela.
Ela confirma com a cabeça e eu saio. Lá fora
tinha bastante gente ainda. Vou para um lado que
tem poucas pessoas, encosto na parede e na minha
frente tinha um grupo de três moleques fumando.
Eles me encaram, olho para o lado e vejo uma
escada que dá no telhado da boate. Vou até lá e
subo.
Aqui em cima estava mais gelado e dava para
ver uma boa parte da cidade. Coloco as mãos nos
bolsos da jaqueta. Eu não sei se é paranoia, mas
tem alguém me observando. Viro-me para trás e
vejo os três moleques que estavam lá embaixo.
― Oi, gatinha — um diz e vem caminhando
até mim.
― A gente podia brincar, não é? — O outro
também se aproxima.

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― Garanto que vamos nos divertir. — Os


três andavam em círculo me rodeando.
― Não estou a fim — digo tranquila.
― Que pena, sua opinião não vale de nada
para nós — um diz e pega a minha mão erguendo-a
para cima.
― Se eu fosse você, soltava logo — digo e
ele ri. Chuto suas bolas e ele cai no chão. ― Eu
avisei.
― Vadia ― o que caiu diz.
Os outros dois vem até mim e um pega os
meus dois braços segurando para trás e na hora que
o outro ia me bater inclino meu corpo para trás e
dou um chute no rosto do moleque, que cai
desorientado. Eu me solto do cara que me segurava,
ele vem para bater no meu rosto, mas pego sua
mão, viro-a ao contrário e o empurro junto com os
outros.
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― Isso é para aprenderem a ouvir uma


garota. Quando ela diz que não está a fim, então
respeitem. — Sorrio e ia descer, mas um
brutamontes me impede.
― Batendo nos mais fracos, é? ― Olho para
ele com uma sobrancelha erguida. ― Que coisa
feia.
― Defesa pessoal. ― O brutamontes ri.
― Quer me enganar, lobinha? ― Ele segura
meu braço com força. ― Me pergunto como ele
deixa você ficar sozinha assim.
― Ele quem? ― Franzi a testa. Com a outra
mão ele passa no meu rosto.
― Se você fosse minha prometida, garanto
que não deixaria nenhum cara chegar perto de você
— ele diz me acariciando.
― Você fugiu do manicômio por acaso? ―
Solto-me dele. ― Quem é você?
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― Eu? O cara que veio levar a sua vida —


ele diz sorrindo.
― Está atuando em alguma peça? Vai se
tratar.
Ele fecha a cara.
― Você é muito engraçadinha para o seu
tamanho — ele diz.
― Não julgue a força de uma engraçadinha
— digo.
Ouço um assobio, vou mais para a ponta do
telhado e olho para baixo. Vejo a Diane fazendo
sinal para eu descer.
― Tá me desafiando para um duelo, lobinha?
Encaro ele e sorrio. Farejo o cheiro dele, ele
tem cheiro de humano, mas não parece ser humano.
― Não, você iria acabar que nem aqueles
moleques — digo e vejo a fúria em seu olhar. ―

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Você não é um lobo, não vale a pena. Até mais,


brutamontes ― digo e pulo do telhado.
Chegando no chão o vejo pegando fogo de
raiva. A Diane me puxa para o carro e sai em alta
velocidade.
― Eu não acredito que você o deixou bravo
— ela diz apertando o volante.
― Por quê? Ele é só um humano... que sabe
que sou uma loba — digo finalmente caindo a
ficha. ― Hei, como ele sabe?
― Ele é conhecido como o Ceifeiro. ― Não
aguentei e ri. ― Você é louca, por que está rindo?
― Fala sério Ane, não tinha outro nome?
Ceifeiro? ― Reviro os olhos. ― O que tem esse tal
de Ceifeiro? O que ele ceifa?
― Lobos. ― Encaro-a. ― Ele é caçador de
lobisomens. Ele é um híbrido, metade humano,
metade lobisomem.
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― Por que ele está atrás de mim?


Ela me olha.
― Eu ia te perguntar isso agora — ela diz
nervosa.
― Meu Santo lobo, em vez da minha vida
melhorar só piora. Isso é uma praga ou o quê? ―
Olho para ela. ― Acho melhor se afastar, vai que
isso pega. ― Ela ri e revira os olhos.
― Se lobos ficassem drogados eu ia pensar
que você fumou alguma coisa — ela diz e eu
começo a rir. ― Falando sério agora Sofia, acho
que devia falar para o seu irmão sobre o Ceifeiro.
― Caçador é melhor. ― Ela ri. ― Mas não,
eu não vou dizer nada a ele. Até porque ele não iria
ajudar em nada.
― Tudo bem. Você que sabe.

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Capítulo 11
Sofia

Hoje amanheceu muito frio. E eu estou com


uma dor de cabeça horrível por causa das bebidas
de ontem, apesar de que nem bebi muito.
Hoje é sábado e não tem nada para fazer. Eu
estava sentada no sofá junto com o Jeff.
― Cadê seu irmão? ― pergunto e ele me
olha e revira os olhos.
― Essa briguinha de vocês me irrita — ele
diz. ― Ele saiu cedo.
― Sabe hoje está um ótimo dia para....
― Não — ele diz antes de eu terminar. ―
Pessoas normais não correm em dias como hoje,
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Sofia.
― E quem falou que somos normais?
Ele ri.
― Verdade. ― Ele me encara, pensativo. ―
Tem uma floresta na saída da cidade. O que me
diz?
Sorrio.
― Como vamos chegar até lá? Não temos um
carro ainda — digo revirando os olhos.
― Mas temos táxi.
Levanto-me do sofá.
― Vou só trocar de roupa — digo.
― Vou chamar um táxi — ele diz e eu vou
para o quarto.
Pego meu conjunto de moletom e visto.
Coloco o colar debaixo da minha blusa.
― Sofia ― o Jeff me chama e descemos.
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Eu realmente amo correr, ainda mais com o


tempo gelado. Ajuda a aquecer e é mais
emocionante. Faz tempo que não corro, estou muito
ansiosa.
Demora um pouco e chegamos no nosso
destino. O táxi para no acostamento.
― Desculpem me intrometer, mas o que vão
fazer aqui? ― o taxista pergunta.
― Trilha — digo.
― Nesse frio? ― Ele se assusta. ― Nessa
floresta? Tem certeza?
― Sim, temos — diz o Jeff e saímos do táxi.
Nós adentramos na floresta. ― Sem trapaças dona
Sofia, e vamos correr na forma humana mesmo.
― Tudo bem. ― Sorrio e ele se posiciona.
― Pronta? ― Faço que sim com a cabeça. ―
Já. ― Quando ele disse "Já" estava bem longe de
mim.
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― EU VOU TE MATAR, JEFFERSON! —


grito atrás dele e o ouço rir.
― TA ENFERRUJADA, SOFIA? ― ele
grita na minha frente.
Vou mais para o lado direito e aumento a
velocidade. Na próxima árvore seguro e giro dando
de frente com o Jeff. Nós caímos no chão.
― Não me subestime, pirralho. ― Ele ri.
Levanto e estendo a mão para ele. ― Vamos ver
quem consegue chegar primeiro lá no topo?
― Beleza. ― Sem fazer contagem saio na
frente dele. ― SOFIA!
Começo a rir. Conforme nós subíamos ia
ficando mais frio. Por fim eu cheguei primeiro,
sento-me no chão cruzando as pernas e espero o
Jeff chegar. Ele chega e me olha com cara fechada.
― Você devia deixar eu ganhar pelo menos
uma vez.
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Sorrio. Levanto-me e vou até a ponta da


montanha, que era com um barranco. Era liso até lá
embaixo, um passo em falso e você escorrega.
― Sofia. ― O Jeff vem perto de mim. ― Tá
ouvindo?
Escuto um galho quebrar e folhas sendo
pisadas. Fico em posição de ataque como o Jeff,
então o arbusto começa a se mexer e de lá pula um
lobo pequeno... Não, não é um lobo é um cachorro,
um husky siberiano.
― Oi garotão. ― Sorrio e vou para perto
dele, me agacho e ele deita querendo que faço
carinho. ― Que lindo. ― Começo a brincar com
ele.
― Como ele veio parar aqui? Não está muito
alto para um cachorro? ― diz o Jeff se abaixando.
― Ele deve ser treinado. Ele tem dono, está
com coleira — digo e puxo o pingente para ver o
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seu nome. ― Killer. ― Leio em voz alta e o Jeff


cai no chão.
― Se está brincando — ele diz assustado e
eu não aguento e acabo rindo. ― Sofia, para de rir,
é sério. O que um cachorro com o nome de Killer
faz aqui no topo de uma montanha?
Levanto-me e o encaro.
― Para de ser bunda mole, não há nada de
errado com o cachorro. ― Olho para o cachorro e
ele vira a cara de lado olhando para nós. ― Viu?
Ele é muito fofo, se ele não tivesse dono eu ficava
com ele. Bem que eu podia roubar ele, né? ― digo
pensativa.
― Pode ser que não tenha nada de errado
com o cachorro, mas já com o dono... O dono dele
dever ser um assassino ou coisa do tipo para
colocar o nome do cachorro de Killer.
O cachorro late ao ouvir seu nome.
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― Killer, que tal abandonar seu dono e vir


comigo? ― Ele abana o rabo. ― Ah, ele quer.
― Para de ser idiota, Sofia — o Jeff diz e eu
reviro os olhos.
O Killer vai na ponta da montanha e late.
― Que foi Killer?
Ele fica olhando lá para baixo e se afasta para
trás, mais e mais.
― Ele vai pular? ― diz o Jeff
― Quê?
É, ele vai. Ele estava vindo correndo e eu
entro na frente.
― SOFIA!
O Killer não para e passa por baixo da minha
perna e sou arrastada também. O Killer desceu
primeiro e logo eu caí capotando ladeira abaixo. Eu
gritava feito louca. Eu já estava toda ralada e meu

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cabelo podia ser confundido com um ninho de


passarinho. Depois de um tempo escorregando, um
arbusto me para e vejo que ali era o pé da
montanha. Olho para cima e me jogo no chão. Não
acredito que desci tudo isso. Sinto meu rosto ficar
encharcado.
― Hei, para! — digo. O Killer estava
lambendo o meu rosto. Sento e passo a mão nele.
― Você está bem?
― Devia se preocupar com você, ele é
acostumado a fazer isso — diz uma voz grossa.
Olho para a pessoa em pé na minha frente,
mas não consigo ver seu rosto por causa da
claridade.
― Como assim, ele é acostumado? ― digo.
― Caramba, esse cachorro é doido. Ele podia
morrer.
― Como disse, ele é acostumado — ele diz,
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curto e grosso. Levanto limpando minha roupa.


― Tudo bem, senhor grosseria — digo e o
olho. Meu coração dispara e sinto algo queimar no
meu pescoço.
― Sofia. ― Ouço a voz do Jeff. ― Sofia,
você está bem? ― O Jeff segura nos meus braços.
― Sofia, por que está tão branca?
― Está... ardendo — digo e não consigo me
controlar e tiro o meu moletom ficando só de top.
Olho para o meu pescoço e a pedra do meu
colar que era azul agora está vermelha. Olho para o
cara do meu lado e por um segundo vejo seus olhos
tornarem vermelhos.

Capítulo 12

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Sofia

― Sofia, ficou doida de vez? Por que tirou


seu moletom? ― o Jeff diz irritado.
― É... que... É... estava ardendo — digo. A
pedra do meu colar ainda está vermelha, mas não
arde mais.
― Ardendo o quê? ― ele pergunta.
― É... Minhas costas — digo.
Ele me vira, olhando minhas costas, e eu fico
de frente para o cara grosseiro. Ele olha para baixo.
― É, está toda ralada — o Jeff diz.
―Toma. ― O cara tira a jaqueta e me
entrega. ― Creio que não vai dar mais para vestir
seu moletom. ― Ele aponta para o Killer que
estava com meu moletom na boca.
― Ah... É, não precisa — digo.
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― Precisa sim, não vou embora com você só


de top. Se chegar em casa desse jeito e o Nathan
estiver lá, é bem capaz dele me mutilar.
Reviro os olhos e visto a jaqueta dele, sinto o
seu cheiro o que me faz perder o ar. Meu pai, que
aroma bom. Além de ser lindo, tem um cheiro
inebriante.
― Você é o dono do Killer?
― É sou eu. ― Sinto o Jeff ficar tenso e
tento não rir. ― Meu nome é Diogo Adams. ―
Olho assustada para ele e seguro no Jeff para não
cair.
― Que foi? ― pergunta o Jeff.
― Di... Di... Diogo Adams? ― Ele faz que
sim. ― Da Construtora Adams? O Supremo Alfa?
― Sim — ele diz, calmo.
― O quê? Supremo Alfa? ― diz o Jeff.

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― Só pode ser brincadeira ― Olho para o


Jeff. ― Eu podia encontrar com o idiota do
fedorento, com o cara que enfiei o lápis em sua
mão, com os três drogados da balada ou até mesmo
o Ceifeiro... Mas o Supremo Alfa? O que eu fiz de
errado?
― Sofia do que você está falando? Que
história é essa de enfiar lápis na mão de um cara?
Coloco a mão na boca.
― Ah, não foi nada... ― digo.
― Encontrou com o Ceifeiro? ― o tal Diogo
me pergunta.
― Foi um encontro breve, ele veio com uma
história de levar a minha vida. Aí eu fiz ele ficar
brava e depois fugi. ― Sorrio.
― Chefe, a matilha já está de volta. ― Ouço
uma voz familiar. Ele me olha e sorri. ― Lobinha,
que corajosa, veio pessoalmente pedir desculpa
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para o Supremo por estar no território dele?


― Oi, fedorento — digo e ele fica bravo. ―
Como estão suas bolas?
― Espera aí, esse é o cara que te atacou
aquele dia no beco? ― o Jeff pergunta.
― Isso mesmo, o beta do Alfa — digo
irônica.
― Você atacou ela? ― Diogo pergunta a ele.
― Pensei que o Supremo sabia, já que ele
disse que foram suas ordens — digo e o fedorento
engole em seco.
― Ela... Ela não é da Alcateia — ele diz ao
Diogo. O Diogo vai até ele e pega em seu pescoço
levantando-o no alto.
― Eu não mandei você fazer nada, e quem
diz se é ou não da Alcateia sou eu. Está me
entendendo, Leonardo? ― Ele solta o homem e ele
cai no chão. ― Peço desculpas pelo
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comportamento desse idiota.


― Tudo bem — digo
― Vamos, Sofia — diz o Jeff saindo na
minha frente.
Eu me viro para acompanhá-lo, mas alguém
agarra meu braço com força.
― Fica longe de encrenca — ele diz com a
voz grossa e ríspido. ― Isso não é um pedido, é
uma ordem. Não se meta em encrenca.
Ele me solta e vou atrás do Jeff. Eu não tive
forças nem para falar alguma coisa para ele. Era
como se meu corpo fosse obrigado a obedecê-lo.
Ele é o Supremo e exala exigência de submissão,
mas ainda assim ele não manda em mim. Droga,
aquele homem é terrivelmente assustador e lindo.
Senhor, que homem lindo. Recomponha-se, dona
Sofia.
*****
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Eu já estava em casa, especificamente


trancada no meu quarto. O Jeff contou para o
Nathan sobre o cara do lápis, sobre os três drogados
e o Ceifeiro, mas eu não estava a fim de responder
perguntas ou escutar sermões. Então, preferi ficar
no quarto.
Tiro o meu colar e vejo que a pedra está azul.
Por que ela ficou vermelha? O que tem de errado
com o colar?
Coloco o colar na cômoda e vejo a jaqueta do
Diogo na poltrona. Pego-a e vou até a cama, levo a
jaqueta até meu nariz. Seu cheiro inebriante entra
nas minhas narinas me deixando tonta. O cheiro
está bem mais forte do que lá na floresta quando
cheirei. Minha cabeça rodava e aquele aroma me
proporcionava prazer.
― Meu... — sussurro. Jogo a jaqueta longe
de mim e coloco a mão na boca.

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Eu não disse isso. Não, não é possível, isso só


pode ser doideira da minha cabeça. Levanto e
coloco a mão na cabeça. Vou até o espelho, vejo
meus olhos amarelos e fico mais assustada.
― Como isso é possível? ― Minha cabeça
doía muito tentando pensar como isso aconteceu.
Ele não pode ser meu companheiro, não
mesmo. Certo é isso mesmo. Ele não é meu
companheiro. Isso foi minha mente pregando uma
peça, só isso.

Capítulo 13
Sofia

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Eu estava em um jardim, era lindo, todas as


flores eram rosas da cor azul. É bem difícil achar
uma rosa azul, porque elas basicamente não
existem por conta própria, elas são criadas por
variações genéticas, mas nesse jardim só tem rosas
azuis e são milhares delas. É surpreendentemente,
são lindas essas flores, azul é minha cor favorita.
Um vento muito forte passa por mim, fazendo meus
cabelos se agitarem, não só o meu cabelo, mas
também as flores. Parece que o vento é tipo um
aviso, avisando que um temporal está próximo.
Logo em seguida vem outra onda de vento, mais
forte do que a primeira, o que me faz dar um passo
à frente. Então, um lobo do meu tamanho ou até
maior aparece na minha frente. Seus pelos são tão
negros quanto a escuridão e seus olhos são tão
amarelos quanto o sol. O lobo exalava submissão,
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e em um ato de respeito abaixo a cabeça e vejo que


as flores azuis não existem mais, estavam todas
mortas. Mas, uma que estava perto do meu pé, se
encontrava viva, apenas uma. Pego a flor e então
ergo a cabeça e vejo a cor dos olhos do lobo se
tornarem vermelho-sangue, o que me faz arrepiar.
Olho para a flor e vejo-a se transformar em
vermelha e começa a escorrer sangue na minha
mão. Jogo a flor longe e então, em um piscar de
olhos, estou caída no chão sangrando pelo corpo
todo. O lobo negro uiva, um uivo de dor e perda.
Ele se abaixa e se deita em cima de mim.

Sento-me na cama assustada e suando frio.


Passo a mão no rosto e limpo minhas lágrimas. O
que foi isso? Isso foi real?
― O meu sonho mudou — digo respirando
com dificuldade.

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Se eu não sabia o que o outro sonho significa,


imagina esse. Droga, o que está acontecendo
comigo? Eu chorava feito uma criança.
― Sofia. ― O Nathan entra desesperado no
quarto, ele deve ter ouvido meu choro. ― Sofia o
que foi?
Ele se senta do meu lado e eu o abraço forte.
― Meu sonho mudou, Nathan — digo entre
lágrimas. ― E no sonho eu morria, eu morria,
Nathan.
― Foi só um sonho. ― Ele passa a mão em
meus cabelos.
Não, não foi só um sonho e ele sabe disso.
― Eu não quero morrer, Nathan — digo,
apertando-o.
― Você não vai. ― Ele me puxa e me olha.
― Eu sempre, sempre vou te proteger.

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― Eu estou assustada.
Ele me aperta.
― Vai ficar tudo bem. Eu prometo.
Encosto minha cabeça em seu peito.
― Fica comigo por favor — digo e ele se
deita ao meu lado.
― Tenta dormir, ainda está muito cedo — ele
diz e me cobre.
*****
Eu acordei já faz um tempo, mas não tenho
ânimo para me levantar da cama. O sonho não sai
da minha cabeça e isso está me deixando louca.
Levanto-me, escorrego em algo e caio no chão.
― Droga — resmungo.
Se fosse para cair, não precisava nem se
levantar da cama. Vejo no que escorreguei... a
jaqueta. Só pode ser brincadeira. Se essa jaqueta

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não fosse do grosseiro do Supremo eu jogaria fora,


mas tenho que descobrir por que o cheiro da
jaqueta dele me causou aquilo quando cheguei em
casa e por que não quando ele estava perto de mim.
Se é que ele é mesmo o meu companheiro. Fala
sério, eu torço para que não "mentiria”. Balanço a
cabeça e me levanto, pego a jaqueta e jogo na
última gaveta do meu guarda-roupa.
Tomo um banho e visto uma camisa surrada
cinza que era do Jeff, arrumo meu cabelo em um
coque e coloco o maldito colar debaixo da camisa.
Eu não gosto nem um pouco dele, preciso saber por
que ele mudou de cor daquele jeito. Mas vou usar
porque foi a mamãe que disse que não posso tirar.
Saio do quarto e vou em direção à cozinha, mas o
Nathan chama minha atenção.
― Bom-dia, dona Sofia — ele diz, mas só
fico parada e não viro para ele.

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― Sr. Careta — digo indo ao meu destino,


mas ele tosse chamando a minha atenção de novo.
― Mas que saco, Jonathan, o que você qu... ― Eu
me viro e na hora quase tenho um infarto. ― Eita,
porra.
― Sofia. ― Ele chama atenção de novo.
― Ah, é... desculpa. Bom-dia, senhor Adams
— digo. Ele estava sentado no sofá com meu
irmão.
― Bom-dia. Pode me chamar só de Diogo —
ele diz me encarando... até demais.
Fico atrás do outro sofá, pois me dou conta
da roupa que estou vestindo. Então, sinto algo
queimar no meu pescoço, droga. Coloco a mão no
pingente do colar, que está embaixo da camisa.
― Ai... — escapa da minha boca.
― Sofia, o que foi? ― o Nathan pergunta
preocupado.
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Olho para o Diogo e ele parece tenso.


― Nada, não — digo sorrindo.
― Eu vim buscar a minha jaqueta ― diz o
Diogo me encarando. Droga, não posso dar para
ele, não agora.
― Se importa de eu entregar a você outro
dia? É que a guardei para lavar e não sei onde está.
― Não sei se foi impressão minha, mas ele deu um
sorriso de lado.
― Tudo bem. Você me entrega outro dia,
então ― ele diz.
― Eu... eu vou comer. ― Vou para a
cozinha, olho debaixo da camisa e a pedra está
vermelha. Mas que porra é essa?

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Capítulo 14
Sofia

Eu estava deitada na minha cama, já era umas


oito horas da noite.
Viro-me na cama, então me lembro de algo
importante que peguei no quarto dos meninos na
sexta-feira. Vou até a porta e a tranco. Pego a
caderneta. Ela é toda preta e estreita. Abro-a no
meio e começo a ler a primeira coisa que vi.

França; quinta-feira de 2010.


Quando a minha irmã Sofia nasceu, um
oráculo profetizou sobre ela para a minha mãe....

Paro de ler na hora. Isso é um diário, o diário


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do Jonathan. Fecho e coloco a mão na cabeça. Eu


quero ler, eu posso descobrir tudo que ele esconde
de mim, mas isso é invasão de privacidade. Droga.
― Pensa, Sofia — digo a mim mesma.
Quer saber... não me importo se é invasão de
privacidade, eu não aguento mais ficar sem saber
de nada. Eu vou ler, mas tenho medo do que vou
descobrir.
Pego meu celular e ligo para Diane.
— Oi — a Ane diz.
— Ane, você mora com o seu irmão?
— Não, na verdade moro sozinha em um
apartamento. Por quê?
— Posso te pedir um favor?
— Claro, Sofia.
— Posso dormir na sua casa?
— Claro que pode, passo para te pegar

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agorinha.
— Obrigada.
Desligo o celular e coloco só o necessário em
uma bolsa, sem esquecer o diário.
― Nathan. ― Bato na porta do seu quarto.
Ele abre. ― Vou dormir na casa da Diane hoje.
Ele franze a testa.
― Está bom. Toma cuidado. ― Ele me dá
um beijo na testa e entra no quarto de novo.
Pego minha bolsa e desço, não demora muito
e a Ane chega. Explico tudo a ela.
― Não acho que querer saber a verdade
sobre você mesma, seja uma invasão de
privacidade. Mesmo o diário sendo do seu irmão —
ela diz sem tirar os olhos da rua.
― Obrigada por me deixar ir para a sua casa.
É que eu não sei o que está escrito, então prefiro ler

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bem longe dele — digo.


― Eu entendo. ― Ela estaciona na garagem
do prédio e subimos até o apartamento dela. Era
pequeno, mas bem organizado. ― Fica à vontade, a
casa é toda sua.
Ela me leva até seu quarto onde tinha uma
cama de casal que vai dar para nós duas
dormirmos, apesar de que não sei se irei dormir
hoje.
Deixo minha bolsa no quarto dela, pego o
diário e vou para a sala. Sento-me em uma poltrona
e começo a ler novamente.

França; quinta-feira de 2010.


Quando a minha irmã Sofia nasceu, um
oráculo profetizou sobre ela para a minha mãe. Na
visão do oráculo, ele via que a Sofia era a chave e
o futuro companheiro dela era o cadeado. O
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oráculo disse que quando Sofia encontrasse seu


companheiro ela estaria destrancando um grande
poder dele, um poder que há décadas nenhum
lobisomem possuía. Quando meus pais ouviram
isso eles ficaram muito preocupados. O que os
acalmou foi o fato de a Sofia ser apenas um bebê
ainda.
Mas hoje a Sofia completou 16 anos e
aconteceu sua primeira transformação. E hoje, na
sua primeira corrida, ela foi perseguida por um
grupo de lobos de outra alcateia. Eles querem
matá-la, por causa da visão do oráculo.

Meu coração batia acelerado e eu não sabia o


que pensar. Não me lembro desse dia, não me
lembro da minha primeira transformação, não me
lembro da profecia. Por quê? Viro a folha e volto a
ler.

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França; Terça-feira de 2010.

Desde a primeira transformação da Sofia


não param de vir lobos de outras alcateias para
tentar matá-la, isso está saindo de controle e meu
pai não sabe até quando podemos segurar todos
eles. Na última vez que a Sofia foi atacada ela foi
ferida gravemente, e eu não pude fazer nada.
Essa semana eu e meu pai conseguimos
pegar um dos lobos para interrogar. E, pelo que
entendemos, eles estão sendo mandados para
matar a Sofia porque não querem que ela encontre
o seu companheiro, senão, seria o fim dos
lobisomens. Isso foi o que eles disseram. Eles têm
medo do poder que irá ser destrancado. Pelo que
meu pai disse, ele acha que quem está atrás de tudo
isso sabe quem é o companheiro da Sofia.

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Meus pais estão com uma ideia maluca na


cabeça, eles querem ir atrás de respostas, eles
querem saber quem é o companheiro da Sofia e que
poder é esse, eles querem proteger a Sofia como
eu. O que eles querem fazer é loucura, mas vou ter
que ser obrigado a aceitar. Eles querem apagar as
memórias do Jeff e da Sofi, para eles não se
lembrarem do ataque que tivemos nos últimos
meses. Nisso, meus pais sairiam em procura de
respostas e eu não poderia falar nada para a Sofia
ou para o Jefferson. Para a segurança deles,
principalmente da Sofia, nós vamos ter que
abandonar nossa alcateia e não vamos poder ficar
muito tempo em nenhuma cidade, pois é perigoso
se os lobos a atacarem novamente.
Eu espero que algum dia a Sofia e o
Jefferson entendam e me perdoem por ter
concordado em tirar suas memórias.

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Eu já não tinha lágrimas para derramar.


― Hei, Sofia. ― A Ane vem até mim e me
abraça. ― Se acalme, por favor.
― Eles tiraram a minha memória Ane, meus
pais e meu irmão tiraram a minha memória.
Ela me abraça forte.
― Hei, se acalme. Por favor.
Eu não conseguia parar de chorar.
― Não tinha necessidade de fazer isso. Não
mesmo.
Eu estava desesperada. Não posso acreditar
que isso esteja acontecendo comigo.

Capítulo 15
Sofia
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Eu conversei com a Ane e pedi a ela para me


deixar passar alguns dias aqui. Não vou aguentar
ficar em casa sem brigar com o Nathan. Na
verdade, não tenho nem coragem de olhar para ele.
Drama? Não, não é drama.
Eu queria ficar sozinha e pensar um pouco,
então a Ane foi para o quarto e eu fiquei aqui na
sala.
Eu até entendo que meus pais e o Nathan
queriam me proteger, mas tirar a minha memória e
do Jeff? Isso realmente era necessário?
Eu fiquei achando que eu tinha um problema
mental por não conseguir me lembrar do dia em
que meus pais sumiram, mas a verdade é que
apagaram a minha memória. Fiquei anos achando
que meus pais tinham sumido do nada e na verdade
estão por aí, procurando meu companheiro. Isso me

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faz deduzir que talvez o Supremo não seja nada


meu, me faz pensar que foi coisa da minha cabeça
mesmo o que senti ao cheirar sua jaqueta.
Eu queria poder conversar civilizadamente
com o Jonathan sobre os nossos pais, queria saber
se ele tem alguma ideia de onde eles possam estar,
mas sei que não vou conseguir, provavelmente iria
surtar e brigar com ele.
Eu queria muito que tivesse outro motivo
para ter tirado as minhas memórias, um motivo que
não me faça culpá-los.
*****
Acordo e vejo que estou com uma coberta no
corpo, levanto-me e me estico. Meu corpo está
doendo por eu ter dormido no sofá de mau jeito.
― Bom-dia — a Ane diz me entregando uma
xícara de café. ― Está melhor?
― Estou sim. ― Sorrio fraco e pego a xícara.
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― Foi você que me cobriu?


Ela franze a testa.
― Não. Na verdade, nem me levantei à noite
— ela diz.
― Então, quem me cobriu? ― pergunto
curiosa.
― Ah, deve ser o meu irmão.
Engasgo com o café.
― Você disse que ele não mora com aqui —
digo, sem entender.
― E não mora. Só que ele vem todos os dias
aqui porque não gosta que eu more sozinha. Na
maioria das vezes ele vem à noite ver se está tudo
bem.
Meu coração bate descompassado, sem eu
saber o porquê. Termino de tomar o café, me
arrumo e vou para a cafeteria. Eu queria conversar

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com alguém sobre o meu colar, eu preciso entender


o que está acontecendo para ele mudar de cor do
nada. Será que a Ane sabe me explicar algo? Irei
perguntar a ela depois.
*****
Eu liguei para o Jeff e pedi para ele trazer
algumas roupas para mim aqui na cafeteria. Não
quis contar nada a ele, pois tenho esperanças de o
Jonathan contar.
A cafeteria não está cheia, isso é bom, pois
não estou no clima de ficar tolerando cliente
estressado, já basta eu.
Já era final de tarde quando o Jeff me trouxe
as roupas. Eu entreguei o diário a ele e pedi para
dar para o Jonathan. Sei que quando o Jeff entregar
a ele, ele já vai saber que eu sei de tudo, então não
faço questão de dizer.
Hoje vou sair mais tarde, pois estou ajudando
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a Fernanda a fechar a cafeteria. Queria perguntar o


que rolou entre ela e o Alan, mas não estou
animada para nada.
Despedi-me dela e fui andando até o
apartamento da Ane. Era um pouco longe, mas eu
queria andar.
Depois de algum tempo chego em seu
apartamento. Ela estava cozinhando e, quando
cheguei, começou a brigar comigo pois era para eu
ligar para ela, para ela ir me buscar. Depois de
pedir mil desculpas à Ane fui tomar banho.
Tomei um banho bem demorado, saí e vesti
meu short cinza e minha blusa azul. Fiz um coque
frouxo e fui jantar.
― Sofi, eu vou me deitar, fica à vontade, tá?
― Sorrio e ela sai da cozinha, mas logo depois
volta. ― Não dorme no sofá. Seu lugar do meu
lado vai esperar — ela diz com um sorriso

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malicioso. Rimos e ela sai.


Começo a procurar um prato. Abro as
prateleiras de baixo, mas em nenhuma delas se
encontravam os pratos, abro a de cima e para a
minha infelicidade os pratos estavam lá. Muito
legal, mas que droga, a Ane é do meu tamanho
também, por que ela coloca as coisas no alto se não
consegue pegar? Eu estava com o braço esticado
tentando pegar o prato, mas não alcançava, então o
prato sai de lá de cima milagrosamente.
Quer dizer, alguém pega para mim. Olho e o
vejo. Ele estava com um terno azul-escuro e uma
gravata vermelha. Ele me entrega o prato e eu pego.
― O... Obrigada ― digo, tentando respirar.
― De nada. ― Ele dá um breve sorriso, ele
me parece tão sério. Será que ele sempre é assim?
Sinto meu colar queimar em minha pele. Por
impulso coloco a mão apertando, com o intuito de

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parar de queimar. ― Está tudo bem?


― Está... ― digo.
― Não me parece bem — ele diz, me
encarando. Ele chega mais perto. Como eu sou
baixinha e ele um brutamontes, ele fica com a
cabeça abaixada me encarando. ― Pode me falar o
que há de errado com você?
― Há muitas coisas de errado comigo —
digo olhando em seus olhos, era como se eu
estivesse hipnotizada.
― Pode me dizer? Eu sou um bom ouvinte
— ele diz, ainda me encarando, ele estava muito
perto.
― Não quero — digo me virando, mas ele
segura o meu braço.
― Você sabe que eu sou o Supremo, eu
posso fazer você me dizer na marra — ele diz sério,
isso me fez ter medo por breves segundos.
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― Eu sei, mas você não vai me forçar a dizer


porque você não está interessado em saber. ― Ele
dá um sorriso de lado e solta meu braço.
― É, você está certa.
Fiquei surpresa, mas decidi não dizer nada.
Eu me viro e começo arrumar a comida em meu
prato.

Capítulo 16
Sofia

Eu arrumo a comida e vou para a sala sem


dar atenção para o indivíduo que se encontra na
cozinha.
Estava comendo na minha santa paz quando
o indivíduo se senta ao meu lado e fica me

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encarando. Paro de comer e o olho.


― Está com fome por acaso? Tem comida lá
no fogão ainda.
Ele revira os olhos.
― Já jantei — ele diz sem tirar os olhos de
mim.
― Então, me deixa comer — digo e ele
levanta uma sobrancelha.
― Não estou te segurando. ― Ele dá um
sorriso de sarcasmo.
― Para de me olhar, Sr. Adams — digo séria.
― Por quê?
Que homem irritante, Senhor. Respiro fundo
e tento não surtar.
― Eu só não jogo esse prato de comida em
você porque estou com muita fome — digo com os
olhos fechados e então ele pega meu braço. No

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susto, olho direto em seus olhos.


― Não. Corrigindo: você não vai jogar o
prato de comida em mim porque eu sou o Supremo,
não é mesmo? ― ele diz com a voz grossa e
ríspido.
Chego perto dele.
― Eu não estou nem aí se você é o Supremo.
Ele sorri. Porra, ele sorriu? Eu me cagando de
medo aqui e ele sorri?
― Você é corajosa. ― Engulo em seco. ― E
impulsiva. ― Meu coração dispara, pois ele chega
mais perto do que o permitido. Fecho os olhos com
medo do que vem em seguida, mas então ele fala
em meu ouvido: ― Coma logo, antes que esfrie.
Ele se afasta e não diz nada. Eu me viro e
tento ignorá-lo. O que há de errado com esse cara?
Mudança de humor repentina? Odeio pessoas com
bipolaridade.
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― A Diane e você parecem se dar bem — ele


diz e eu confirmo com a cabeça sem olhar para ele.
― Ela anda meio estranha. Ela disse alguma coisa
para você?
― Não — digo e o olho. ― Estranha como?
― Não sei explicar, ela só está diferente.
― Vou falar com ela depois — digo. ― É...
Obrigada por me cobrir ontem à noite. ― Ele se
levanta.
― Não durma no sofá outra vez. ― Foi a
única coisa que ele disse antes de sair.
― Tchau para você também — digo e reviro
os olhos.
Termino de comer e levo o prato na pia, lavo
e guardo. Vou para o quarto e me deito do lado da
Ane, que deve estar em seu sétimo sono.
Não posso me esquecer de falar com ela. Não
acho que ela está estranha, mas se o irmão dela
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disse que está, quem sou eu para dizer que não?


*****
Eu já tinha acordado faz horas e estava me
arrumando para ir para a cafeteria.
Eu sonhei, e o sonho termina comigo
morrendo novamente. Isso me deixa muito
assustada.
Pego meu celular e vejo que tem várias
ligações e mensagens do Jonathan. Encaro meu
celular, penso um pouco, desligo ele e jogo na
minha bolsa. Não estou a fim de falar com
ninguém.
A Diane ia sair, então ela me deu uma carona
e me levou até a cafeteria.
*****
Hoje a cafeteria estava bem movimentada e
eu estou morta de cansada. Estava limpando as
mesas junto com a Fernanda, a cafeteria já estava
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fechada.
― Fernanda. ― Ela me olha. ― Aquele dia
na boate rolou alguma coisa com você e o Alan? ―
Ela cora e eu sorrio. ― Ficou com ele? ― pergunto
sorridente.
― É... ― Começo a rir, porque ela ficou com
vergonha. ― Ele é legal, sabe.
―Sei. Legal. ― Ela me joga um pano e eu
rio.
Terminamos de arrumar tudo e eu fui
embora. Estava andando distraída. Não vejo a hora
de chegar no apartamento da Ane e poder tomar um
banho, estou um caco hoje.
Sinto uma presença estranha. Então paro,
olho em meu redor e nada. Volto a andar. A rua
estava quieta, o que era muito estranho pois era
bem movimentada nesse horário. Escuto um
rosnado atrás de mim e não tenho chance nem de
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me virar, a pessoa já me joga contra a parede.


― Oi, lobinha. ― Ele estava transformado
pela metade, nunca o vi por aqui e acho que ele não
faz parte do território também. ― Fiquei sabendo
que você é bem durona. Vamos testar isso?
― Quem é você? O que você quer?
Ele sorri.
― Quem sou eu? O cara que te quer muito. O
que eu quero? Preciso mesmo responder isso? ―
Ele coloca a mão por baixo da minha blusa e alisa a
minha barriga, então aperta com força, o que me
faz gemer de dor.
― Se afasta de mim! — digo com raiva e
nojo.
― Não — ele diz em meu ouvido e quando
ele encosta seus lábios na minha pele eu cravo as
unhas em seu pescoço. Minhas unhas normalmente
já são grandes e quando me transformo pela metade
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elas ficam maiores e mais afiadas. Sinto minhas


unhas cortarem sua pele e sorrio. ― Vadia....
― Eu disse para se afastar. ― Forço as unhas
mais para dentro.
― SOFIA! ― Escuto uma voz grave e
grossa. Tiro as minhas unhas do pescoço do cara e
na mesma hora ele corre e some do meu campo de
visão. ― O que você fez?
― Defesa pessoal — digo e não sei se era
impressão minha, mas ele estava tenso. ― O que
quer, Sr. Adams? Se veio para salvar a mocinha
indefesa, chegou tarde. ― Pego minha bolsa do
chão.
― Você não tem nada de mocinha indefesa.
― Ele vem até mim, pega meu braço e me puxa até
seu carro. ― E já disse para não me chamar de Sr.
Adams. ― Ele me empurra para dentro do carro.
Tento sair, mas ele tinha trancado a porta. Ele
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dá a volta e se senta no banco do motorista.


― Eu quero sair do carro ― digo, brava.
― Vou te levar — ele diz sem me olhar.
― Não quero sua carona — digo cruzando os
braços e então ele me olha com um olhar
assustador.
― Você não tem que querer.

Capítulo 17
Sofia

O caminho até o apartamento da Diane foi


em silêncio. Não fui capaz de discutir com ele e
obrigá-lo a me deixar sair do carro. Não estou a fim
de morrer tão cedo, então achei melhor ceder.
Chegando no prédio saí que nem um foguete
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do carro. Corri para o apartamento e quando ia


fechar a porta um pé impede.
― Muito lenta — ele diz empurrando a porta
e entra. Bufo de raiva. Pelo jeito a Ane não está em
casa. Ótimo, agora estou sozinha com um cara
bipolar. Perfeito. ― Por que atacou aquele cara? ―
Olho para ele e tento não mostrar a minha raiva.
― Já disse. Foi um ato de defesa.
Ele franze a testa.
― Então, deixa eu mudar a pergunta. Por que
aquele cara te atacou?
Olho para ele com os olhos semicerrados.
― Não sou obrigada a te responder — digo
sem pensar duas vezes e ele faz força na
mandíbula.
― Me responda logo — ele diz com os olhos
fechados. Acho que está tentando se controlar para
não me matar.
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― Não sou obrigada a te responder ― digo


mais uma vez e então ele pega meu braço e o
aperta.
― Me responda, Sofia. ― Ele me olha com
aqueles olhos pegando fogo. ― Eu estou
mandando.
― Você não é nada meu para mandar em
mim.
Ele dá um sorriso de lado.
― Engano seu. ― Ele olha nos fundos dos
meus olhos, o que me deixa sem ar por alguns
minutos. ― Você é minha...― ele diz com um
rosnado, o que faz meu corpo estremecer de
prazer... Prazer? Quer dizer, medo. ― Então me
responda.
― Você não é meu dono.
Ele me empurra para a parede, até cair um
quadro. Tá, agora eu morro.
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― Eu já disse que você é minha — ele diz


rosnando. ― Eu já descobri Sofia, não tente
esconder de mim.
Meu coração salta para fora e volta
novamente.
― Descobriu... o... o quê? ― Ele sorri e
então rasga a minha blusa, me deixando apenas de
sutiã. ― Ficou doido? ― Tento tapar meu corpo
com os braços. ― O que pensa que está fazendo?
― Isso aí. ― Ele aponta para o meu colar
que está com a pedra vermelha. ― Tira ele. ―
Coloco a mão no colar.
― Por quê? ― pergunto com raiva por ele ter
me deixado apenas de sutiã.
― Sofia, eu não sou muito paciente. Então,
se você não tirar esse colar eu tiro — ele diz
autoritário e eu engulo em seco.
― Eu não quero tirar — digo olhando em
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seus olhos.
Eu não sei como ainda estou de pé, não sei
como consigo enfrentá-lo. Ele exala submissão e
autoridade, em seus olhos vejo a fúria de um lobo,
só de olhar para ele me deixa com medo. Então,
como consigo discutir com ele assim?
― Por quê? ― Ele chega mais perto do meu
rosto. ― Tem medo de tirar o colar e descobrir algo
que você não quer que seja verdade? ― meu
coração já não tinha ritmo para bater. ― Não vou
dizer outra vez Sofia, tira essa porra desse colar. ―
Elevo a mão até o colar e o tiro devagar. Olho para
a pedra e ela volta a ser azul. Meu coração doía de
tão rápido que batia. ― Olha em meus olhos, Sofia.
Eu não queria levantar minha cabeça, eu não
quero, eu não quero que isso seja verdade. Por que
não podia ser só minha cabeça pregando uma peça?
Por quê?

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― Sofia — ele diz e levanta a minha cabeça.


Quando nossos olhos se encontram meu coração
explode e sinto meu corpo todo formigar, seus
olhos se tornam vermelhos por breves segundos e
então ficam amarelos como os meus. Minha
garganta ardia querendo gritar, me sentia tão leve
que podia sair voando.
― Meu — sussurro sem conseguir me
controlar. Coloco a mão na boca e minha respiração
sai fora de controle.
― Como eu disse...― ele diz em meu
ouvido: — Você é minha. ― Eu não consigo
respirar, eu estava sem ar. Não sabia o que fazer.
Ele passa a mão em meu rosto. ― Não quero que
fique assustada, Sofia — ele diz e fecha os olhos.
― Por favor, não fique assustada. ― Ele tinha uma
expressão preocupada e aflita. Por mais doido que
seja, ele estava com medo. Aos poucos minha

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respiração volta ao normal, ele abre os olhos e me


encara. ― Desculpa... ― ele sussurra me olhando
sem tirar a mão do meu rosto. ― Desculpa... eu não
devia... ― Ele fecha os olhos com força. ― Eu não
devia ter forçado você s tirar o colar. Não sei o que
deu em mim. ― Ele tira a mão do meu rosto e ia se
dirigindo a porta, mas eu seguro sua mão, ele para e
eu olho para baixo.
― Você não pode... ― Lágrimas começam a
cair sem permissão. ―Você não pode... fazer isso
comigo e depois sair... Você é um idiota, Sr.
Adams, eu te odeio...Você não devia ter tirado o
maldito colar... Não podia ter tirado.
Ele me puxa e meu corpo vai de encontro ao
dele, ele limpa minhas lágrimas.
― Já pedi desculpas — ele diz limpando
mais lágrimas que caíam.
― Não é suficiente... O que você fez é

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imperdoável.
Ele coloca a mão em minha cabeça e seus
dedos passam nos meios dos meus cabelos, me
fazendo arrepiar e eu fecho os olhos com o ato.
― Você fez uma coisa imperdoável também,
então estamos empatados. ― Sinto sua respiração
bater na pele do meu rosto. ― Eu sei que vou me
arrepender muito de fazer isso... ― ele sussurra. ―
Mas não consigo mais me controlar.
Sem pedir licença ele toma meus lábios com
necessidade e nem se eu quisesse teria forças para
parar o beijo. Então cedi, cedi sem pensar duas
vezes, seus lábios macios contra os meus me
deixavam viajar para outro mundo do qual não
queria sair nunca mais... Pelo menos, naquele
momento, não.

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Capítulo 18
Sofia

Paramos o beijo por falta de ar. Ele me olha


nos olhos e eu não consigo decifrar sua expressão,
queria poder ler sua mente. Nunca quis tanto saber
o que uma pessoa pensa como agora.
― Agora vai me dizer por que aquele cara te
atacou? ― ele pergunta com uma sobrancelha
arqueada.
― É... Isso é culpa sua — digo olhando para
baixo e ele segura os meus braços me fazendo olhar
para ele.
― Como assim? Me explique isso direito. ―
Ele estava com raiva? Apreensivo? Surpreso? Eu
não sabia.

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― Precisamos conversar — digo.


― É claro que precisamos — ele diz
sarcástico.
― É, mas antes preciso colocar uma blusa —
digo me abraçando.
― Por mim você pode ficar assim mesmo. ―
Ele diz com um sorriso pervertido e o empurro.
― Fala sério, quando você não está
assustadoramente assustador você está um
pervertido idiota — digo revirando os olhos. ― Eu
tinha dúvidas, mas agora posso ter certeza de que
você é bipolar.
Ele se senta no sofá e me encara.
― É, pode ser que eu seja bipolar. Você
ainda não me conheceu direito. ― Ele dá um
sorriso de lado.
― Eu pretendo conhecer — digo sem pensar
e ele fecha a cara.
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― Se eu fosse você, não gostaria de me


conhecer. ― Eu ia protestar pelo que ele falou, mas
ele me corta. ― Você não ia vestir uma blusa? ―
ele pergunta sem me olhar.
Reviro os olhos e saio da sala. Vou até o
quarto e visto uma blusa branca. Fala sério, por que
esse idiota tinha que ser o meu companheiro? O
que fiz de errado para merecer isso?
Volto para a sala, sento-me na poltrona e ele
me encara.
― Então? ― suspiro fundo.
― Antes de te contar eu preciso saber de uma
coisa. ― Ele franze a testa. ― Você tem algum
tipo de poder especial? Algum poder escondido?
― Por que quer saber?
Ele fica tenso.
― Você tem? ― Ele me encara com um
semblante assustador. Então, achei melhor não
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perguntar novamente.
― Quando nasci, recebi uma profecia. Dizia
que eu sou a chave e meu companheiro o cadeado,
quando eu encontrasse o meu companheiro eu
estaria destrancando um poder que há décadas
ninguém possuía.
Ele estava muito nervoso, mas não parecia
nem um pouco surpreso.
― Qual o motivo do cara te atacar? ― ele diz
apertando o pulso.
― Eles tentam me matar desde que eu me
transformei pela primeira vez.
Ele me olha e vejo fúria em seus olhos.
― Por quê?
Engulo em seco pois a atmosfera na sala
estava ficando um pouco assustadora.
― De alguma forma eles sabem quem é o

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meu companheiro. Pelo que fiquei sabendo eles


querem me matar para que a profecia não se
cumpra — digo.
― Do que mais você sabe? ― Ele olha para
o chão.
― Nada. Eu não sei de mais nada. Pode até
ser que eu soubesse de alguma coisa alguns anos
atrás, mas agora eu não sei de absolutamente nada.
Ele me olha novamente.
― Seja mais clara.
Dou um sorriso de lado sem humor.
― Apagaram a minha memória. ― Passo a
mão na cabeça. ― Não sei o quanto apagaram, não
sei se foram anos ou meses. Não sei.
― Por que apagaram a sua memória? Quem
fez isso?
Suspiro fundo.

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― Se quer saber de mais alguma coisa,


pergunte ao meu irmão. Ele é o seu beta, não é? Se
você perguntar ele vai te dizer, já que ele não quis
me falar. ― Reviro os olhos.
― Já que a sua memória foi apagada e seu
irmão não te contou nada, como descobriu? ― ele
me pergunta com os olhos semicerrados.
― Li algumas anotações do meu irmão —
digo e esfrego as mãos uma na outra.
― Leu o diário do seu irmão, dona Sofia?
― Anotações — digo.
― Invasão de privacidade.
― Não tente me fazer sentir culpada, pois
não vai funcionar. Acho que se tivesse em meu
lugar iria fazer a mesma coisa — digo olhando para
o chão.
― Talvez — ele diz e bufa. ― Está
explicado o porquê de estar aqui na Ane. Você
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devia conversar com seu irmão, ele está muito


preocupado com você, nem trabalhou direito hoje.
― Não digo nada. ― Mais uma coisa: quem te deu
o colar?
― O Jonathan, ele disse que a mãe pediu
para ele me dar e que não era para eu tirar ― digo e
suspiro fundo.
― Bom, vou indo. ― Ele levanta e pega o
colar no sofá. ― Vou levar isso comigo. ―
Levanto-me rapidamente e vou até ele.
― Por quê? ― pergunto, encarando-o.
― Quero descobrir o que tem por trás dele,
obviamente não é um colar qualquer... ― Ele vem
até mim e seu rosto fica próximo ao meu. ― E
porque não quero que nada me impeça de sentir seu
cheiro. ― Ele diz e me fareja, o que me faz
arrepiar. Então, ele vem mais e mais perto. Ele
estava perto da minha boca, mas então ele sobe e

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deposita um beijo na minha testa, sussurrando: ―


Não se meta em encrenca.
Ele sai e quando a porta é fechada eu me
seguro no sofá para não cair. Acho que preciso do
colar, não sei se vou aguentar. Pelo menos com o
colar eu não sentia esses sentimentos estranhos e
idiotas.
A porta é aberta, a Ane entra e vem até mim
com pressa.
― Por que está escorada no sofá? ― ela
pergunta assustada e eu sorrio.
― Nada ― digo com a voz falha.
― Você está com o rosto vermelho e sua pele
está quente, Sofia. ― Dou um sorriso fraco ela olha
para o chão. ― Sofia, essa blusa não é sua. Por que
está rasgada? ― Estava tentando pensar em algo
para dizer a ela. ― Por que meu quadro caiu? ―
Ela me encara e dá um sorriso pervertido.
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― Nem vem — digo e me sento no sofá.


― Blusa rasgada, pele quente, rosto corado e
o quadro da parede no chão. ― Ela ri. ― Recebeu
uma visita interessante, não é dona Sofia? ― Ela
para do nada e segura meus braços. ― Foi meu
irmão? ― Meu coração queria sair pela boca.
― Q... quê? ― digo sem saber o que falar. ―
Está doida, Diane?
― Não tente me enganar. ― Ela ri. ―
Encontrei meu irmão lá embaixo, ele estava com
falta de ar por algum motivo, e quando chego aqui
te encontro desse jeito. ― Ela se levanta. ― Tudo
bem, vou parar de te torturar. Daqui a pouco seu
coração sai pela boca. ― Ela vem mais perto e diz
no meu ouvido: ― Super apoio vocês.

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Capítulo 19
Sofia

Na noite passada não consegui dormir, pois


toda vez que fechava os olhos e estava quase
dormindo aquele pesadelo me atormentava.
― Sofia, você me ouviu?
Olho para a Fernanda, que estava na minha
frente.
― Hum?
Ela suspira fundo.
― Eu disse que se você não estiver bem,
pode ir embora ― ela diz, me olhando preocupada.
― Eu estou bem. ― Dou um sorriso fraco.
― Não. Você está péssima — ela diz com a
testa franzida.
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― Eu só não dormi bem.


Ela suspira.
― Se você não quer ir embora, então não
precisa se esforçar muito. OK?
Confirmo com a cabeça, ela volta para o
balcão e eu volto a limpar as mesas.
*****
Hoje eu estava tão distraída que as horas
passaram rápido. O porquê de eu estar assim? Por
causa do sonho é claro, toda vez que sonho eu fico
desse jeito.
A Fernanda queria me levar para casa, pois
viu que eu não estava bem. Mas eu recusei, quero
andar e pensar mais um pouco. E foi isso que fiz.
Olho para o céu e vejo nuvens escuras se
formando, vou me molhar hoje. Mas não me
importo, então nem me apressei para ir mais rápido.

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Começam a cair pingos gelados na minha


pele e logo a chuva vai ficando mais forte. Ainda
bem que não estou com o meu celular hoje.
Escuto um barulho e paro imediatamente, a
rua estava vazia e escura. Escuto o barulho mais
uma vez e então sou arremessada contra uma
parede. Com o impacto do meu corpo a parede
quebra.
― Te encontrei novamente. ― Olho para o
dono da voz e vejo o brutamontes. Ceifeiro. Ele
pega meu pescoço e me fareja. ― Então, já
descobriu quem é o seu companheiro, não é
mesmo? ― Eu não conseguia fazer nada, pois por
algum motivo estava sem forças. ― Mais um
motivo para eu te matar logo. ― Ele aperta meu
pescoço. ― Como quer morrer? ― Ele franze a
testa. ― O que há de errado com você? ― Ele me
joga no chão. ― Gosto quando você luta para não

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ser morta, assim é mais divertido. ― Ele sorri.


― Vai para o inferno — digo com a mão no
pescoço. Ele dá um sorriso de lado e chega mais
perto e então finco minhas unhas na sua perna e ele
rosna.
― Vadia! ― Ele levanta a mão para me
bater.
Quando sua mão começa a chegar no meu
rosto ele é arremessado contra outra parede, mas
ainda assim sua unha foi capaz de chegar no meu
rosto e deixar um arranhado que começou a
sangrar.
― Sofia! ― O Diogo abaixa e passa sua mão
quente no meu rosto tirando o excesso do sangue, o
que era fácil por conta da chuva. ― Você está
bem? ― ele pergunta segurando meu rosto e eu só
balanço a cabeça confirmando.
― Então, o destemido Supremo resolveu
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aparecer? ― diz o Ceifeiro levantando-se do chão.


― Isso vai ser melhor do que eu pensava. ― O
Diogo fecha os olhos e cerra os punhos. ― Você
vai poder ver a sua companheira morrer na sua
frente.
Meus olhos se arregalaram quando viu veias
pretas aparecer em volta do olho do Diogo, o que
me fez ter medo. Ele olha para o Ceifeiro.
― Vou te dar uma chance de correr — ele
diz com uma voz assustadora. ― Quer ficar e
morrer ou quer fugir para eu te encontrar depois e
te matar com a morte mais dolorosa que existe? ―
Juro que senti medo por ele. E então o idiota sai
dali o mais rápido possível. O Diogo me olha e seus
olhos estavam vermelhos. Então vão desaparecendo
a cor e as veias. ― Vamos.
Ele me puxa e coloca seu terno em volta de
mim. Ele me conduz até o carro. Entro, ele rodeia e

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se senta no lugar do motorista. Antes de ligar o


carro ele me encara.
― Eu disse para não se meter em encrenca
— ele diz com raiva. Encaro ele por breves
minutos.
― Por acaso você é idiota? ― Então,
estouro. ― Você acha que eu me meto em encrenca
porque quero? A encrenca me ama querido, por
isso que ela vive comigo — digo brava, mas ele ri.
― Droga, Diogo. ― Bato em seu braço. ― Você é
muito bipolar.
― Vamos embora. ― Ele passa a mão nos
cabelos molhados e dá partida no carro.
*****
Chegando no apartamento vou direto para o
banho. Tomo um banho quente, visto uma calça
moletom cinza e uma blusa fina de manga longa.
Vou até a sala e o Diogo está de pé conversando no
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celular.
― Tá... Fica tranquila, não vou fazer nada
com ela. ― Ele me olha, dá um sorriso de lado e
meu coração pula. ― Toma cuidado aí... está bom.
Tchau. ― Ele joga o celular no sofá e me olha. ―
A Diane foi na minha casa pegar uns papéis para
mim. Minha casa é perto da saída da cidade e,
como a chuva está forte, caiu uma árvore na
estrada, que vai se retirada só amanhã. Vou ter que
dormir aqui e ela não tem como vir.
― Tudo bem. ― Passo a mão em meu braço.
Ele franze a testa.
― Não está com medo? ― Levanto uma
sobrancelha e ele vem mais perto de mim. ― Não
tem medo de eu te atacar? ― Ele chega mais perto
do meu ouvido e sussurra: ― Não tem medo de eu
te atacar quando estiver dormindo? ― Minhas
costas se arrepiam. ― Estou sozinho com você,

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posso fazer o que eu bem entender. ― Ele aperta a


minha cintura e eu solto um gemido baixinho. Ele
me olha nos olhos. ― Não está com medo?
― Não — digo sem pensar. E vejo seus olhos
se encherem de luxúria e desejo. Ele começa a
chegar mais perto dos meus lábios e minha perna
começa a falhar.
― Vou tomar banho — ele diz
repentinamente, sai de perto de mim e eu caio no
sofá.

Capítulo 20
Sofia

Na casa da Ane tem dois banheiros, um no


quarto dela e outro fora. O Diogo estava no de fora

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então fui para o quarto da Ane e aproveitei para


tomar banho.
O Diogo me faz sentir coisas estranhas que
eu jamais senti por outro homem. Deve ser por nós
termos a ligação de companheiros. Não sabia que
seu companheiro poderia te causar essas coisas
somente com palavras. Gosto da sensação, gosto de
sentir que tenho uma ligação com ele, só não sei se
ele gosta. Pode ser que não, não importa. O
importante é que eu não posso dar bandeira, não
posso deixá-lo descobrir que sinto isso por ele.
Saio do banho e visto uma roupa qualquer.
Desembaraço meu cabelo e deixo-o solto para secar
naturalmente.
Vou para a sala e ouço barulho de pipoca
estourando, vou até a cozinha e vejo o Diogo de
costas para mim e de frente para o fogão. Ele estava
de bermuda e uma regata branca.

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― Vou assistir um filme. Quer assistir


comigo? ― ele pergunta sem olhar para trás.
― Pode ser — digo. ― Que filme vai
assistir?
― Invocação do Mal. ― Minhas pernas
falham. Eu não digo nada, então ele se vira e me
encara. ― Uma mulher que enfia garras nas
pessoas tem medo de filme de terror?
― E... eu... eu não enfio garras nas pessoas.
― Reviro os olhos. ― Não fale coisas que não
sabe.
Ele sorri.
― Impressionante. ― Ele passa a mão no seu
cabelo perfeito. ― Eu não sabia que a Sofia
Lattanzi tem medo de filme de terror.
― Cala a boca, eu não tenho medo — digo
tentando soar confiante.
― Então você vai assistir certo?
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Mas que droga.


― Tá... Tudo bem. ― Respiro fundo. ― Eu
vou assistir.
Ele sorri, pega uma tigela e despeja a pipoca
dentro dela. Fomos para a sala e nos sentamos no
chão. E a tortura começa.
Estava chovendo ainda e cada vez ficava
mais forte. Então dá um relâmpago e logo em
seguida o trovão. Por impulso eu me assusto. O
Diogo me olha e ri, bato em seu braço e reviro os
olhos.
Todos nós temos medo, certo? Só que os
meus medos estão sendo revelados em uma
velocidade impressionante.
*****
Já estava na metade do filme, eu não levei
muitos sustos porque não estava prestando atenção
no filme e sim nos trovões. Então, começo a tremer
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de frio.
― Sofia, que foi? ― o Diogo pergunta.
― Estou com frio — digo e ele franze a testa.
― Você devia ter secado o cabelo. ― Ele se
senta mais perto de mim e quando seu corpo
encosta no meu por impulso abraço seu braço e
deito minha cabeça no seu ombro.
― Tão quente — digo e ele passa a mão na
minha testa.
― Droga, Sofia você está gelada. ― Ele se
levanta do chão, se senta no sofá e me puxa, me
fazendo sentar no vão das suas pernas.
― Di... Diogo... O que você está fazendo? ―
pergunto com meu coração acelerado a mil.
― Te esquentando, idiota. ― Ele se deita no
sofá e me faz fazer o mesmo. Ele pega meu braço e
passa por seu corpo para eu ficar abraçada a ele.
Ele puxa uma coberta do outro sofá e nos cobre. ―
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Agora fica quietinha aí, eu quero terminar de ver o


filme.
Quer saber uma coisa interessante sobre
lobisomens? Lá vai uma: eu estou com febre.
Quando os humanos sentem febre a temperatura do
seu corpo aumenta, fazendo-os ficarem quentes.
Nós lobisomens somos diferentes, no normal nosso
corpo é tão quente quanto o de um humano que está
com febre, e quando ficamos doente nossa "febre"
dá o efeito ao contrário. Em vez da nossa
temperatura aumentar, ela diminui. Não ao ponto
de fazer o coração parar, mas ao ponto de deixar
você morrendo de frio.
― Eu quero... levantar. ― Tento me levantar,
mas ele me prende. ― Diogo... eu quero ir dormir
— digo e ele me olha.
― Pode dormir aqui, você ainda está gelada
— ele diz e me puxa de uma vez me fazendo cair

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em seu peito.
― Só para te avisar... Se você está querendo
ser gentil, não está dando certo. ― Ele ri. ― Seja
mais delicado, seu idiota.
Ele passa mão no meu cabelo me fazendo
relaxar por alguns minutos.
― Assim? ― Levanto a cabeça e o encaro.
― Sinto muito... ― ele diz com a voz rouca e então
morde os lábios. ― Não sei ser nem um pouco
delicado.
Minha respiração falha um pouco.
― Você é idiota ― digo e ele abre mais seu
sorriso perfeito.
― E você é linda. ― Ele passa a mão em
meu rosto, eu fecho os olhos, mas então sou
empurrada para o seu peito novamente. ― Se você
não quer assistir ao filme, deixa eu assistir.
― Bipolar ― digo sorrindo e suas palavras
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ecoam em minha cabeça: "E você é linda."


Mesmo que ele não tenha percebido, ele disse
isso em tom de admiração e afeto. É... acho que
causo alguma coisa nele.
Coloco a minha mão em seus cabelos e enfio
os meus dedos entre os fios macios.
― O que está fazendo? ― ele pergunta.
― Minha mão está gelada, só quero
esquentá-la ― digo e ele bufa.
― No meu cabelo? ― ele diz, irritado.
― Qual o problema? ― Encaro-o.
― Meu cabelo é tão precioso quanto o seu ―
ele diz me encarando e eu levanto uma sobrancelha.
― Diogo Adams, desejo que fique careca ―
digo séria e ele faz careta. ― Mas não vou tirar
minha mão daqui. ― Sorrio e me deito em seu
peito novamente.

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Capítulo 21
Sofia

― Sofia... ― Alguém me balança. ― Sofia...


Abro os olhos e vejo a Diane.
― Oi, Ane ― digo com a voz sonolenta.
― Não acredito que o meu irmão deixou
você dormir aqui no sofá.
Sento-me rapidamente no sofá e a encaro.
― Cadê ele? ― Ela levanta uma sobrancelha.
― Quando cheguei ele não estava mais
aqui.... ― Respiro, aliviada. ― Onde o Diogo
dormiu? ― Ela me olha desconfiada.
― Ah... É... Estávamos assistindo um filme
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ontem... Aí fiquei com sono e me deitei no sofá....


acho que ele dormiu no chão... Ou no seu quarto.
Não sei.
Ela ri e me encara.
― Você mente muito mal.
― Não estou mentindo — digo, séria.
― Relaxa. ― Ela dá um beijo na minha
bochecha. ― Eu já disse que apoio vocês dois.
― Para com isso ― digo e ele sai rindo até a
cozinha. Vou atrás dela. ― Ane, tem alguma coisa
acontecendo com você? ― Ela vira e me encara.
― Por que a pergunta repentina? ― Ela
franze a testa.
― Já era para eu ter te perguntado isso há
algum tempo, mas me esqueci.
Ela suspira.
― Foi o Diogo, né? Ele pediu para você me

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perguntar?
Sorrio.
― Ele está preocupado. Ele acha que você
anda escondendo alguma coisa. ― Ela sorri
fracamente. Parecia estar envergonhada. ― Ei,
você está escondendo algo. Me diz.
― Ah... É...
― Eu não vou contar para o chato do Diogo.
Eu prometo.
Ela sorri.
― Eu... eu encontrei o meu companheiro.
Dou um sorriso enorme.
― Você gostou de ter encontrado ele?
Ela olha para baixo e sorri.
― Sim. Ele é fofo e engraçado. Gosto dele
― ela diz toda envergonhada.
― Que bom que ficou satisfeita em ter
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encontrado ele. Já eu... ― digo e reviro os olhos.


― Como assim? ― Ela dá um pulo e me
puxa. ― Já você o quê? Você encontrou o seu
companheiro?
― Eu disse isso? ― Ela faz que sim com a
cabeça. ― Você deve ter escutado errado. ― Eu e
minha boca grande. ― Mas, mudando de assunto,
quem é o sortudo?
― Ah, então. ― Ela me solta e me encara. ―
Acho melhor não dizer nada ainda ― ela diz e eu
sorrio.
― Quer dizer que eu conheço ele? ― Ela faz
uma careta, mas não diz nada. ― Tudo bem.
Quando quiser me contar, pode vir falar comigo. ―
Pisco para ela e vou para o quarto tomar banho.
Tomo um banho, visto uma calça jeans e uma
regata branca. Prendo meu cabelo e pego uma blusa
de frio, porque estava fresquinho.
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Pego minhas coisas e vou para a sala. Vejo a


Ane conversando no celular.
― Espera aí.... fala você mesmo para ela. ―
Ela me entrega o celular.
― Quem é? ― pergunto antes de falar com a
pessoa.
― Diogo ― ela diz e sai da sala.
— Oi.
— Sofia, eu quero que você fique em casa
hoje.
— Quê?
Diogo: Isso mesmo que você ouviu, Sofia.
— Diogo, você acha que é quem para achar
que eu vou te obedecer?
— Quer mesmo que eu te responda? Bom, lá
vai. Sou o seu Supremo Alfa, você querendo ou
não. Para completar, ainda sou o seu companheiro.

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— Eu não estou nem aí, isso não faz com que


eu te obedeça.
— Sofia, não me faz ficar bravo com você.
Só me obedeça, fique em casa hoje. Já falei com a
sua amiga lá na cafeteria, disse a ela que você não
vai.
— Você é muito intrometido.
— Tchau.
― Como eu te odeio Diogo ― digo olhando
para o celular e escuto uma risada.
― Só não quebre o meu celular. ― Sorrio e
entrego a ela. ― Vou ficar com você aqui hoje.
― Por que ele quer que eu fique aqui?
Ela dá de ombros.
― Não sei, ele é sempre assim. Mandão. Não
diz nada com detalhes. Isso me faz querer bater
nele também. ― Sorrio.

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*****
Era em torno de três horas da tarde. Eu e a
Ane estávamos sentadas no sofá assistindo um
filme.
N celular dela começam a chegar mensagens.
Ela pega, começa a sorrir e do nada se levanta.
― Eu vou ter que sair. É muito importante ―
ela diz toda sorridente.
― Sei. ― Sorrio. ― Vai lá, aproveita.
― Aproveitar o quê? ― Encaro-a. ― Se o
chato aparecer, não fala nada para ele.
Sorrio e ela sai.
Levanto-me e vou na cozinha. Abro a
geladeira e procuro algo para comer. Então, a
campainha toca.
― Diane, você esqueceu alguma coisa? ―
pergunto indo até a porta, mas quando abro vejo o

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Diogo e o meu irmão, Jonathan. ― O que ele está


fazendo aqui? ― pergunto séria ao Diogo.
― Sofia, eu quero conversar ― diz o
Jonathan.
― Mas eu não quero conversar ― digo.
― Sofia, ouça o seu irmão ― diz o Diogo.
― Era por isso que você queria que eu
ficasse aqui hoje? ― pergunto ao Diogo. ― Para
trazer ele para conversar comigo?
― Também, mas não é só por isso. Se você
der uma chance para o seu irmão eu falo o porquê
― ele diz com um sorriso convencido.
― Não estou interessada ― digo e ele
levanta uma sobrancelha.
― Certeza?
Respiro fundo.
― Eu te odeio ― digo e abro mais a porta.

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― Entrem.

Capítulo 22 – Bônus
Diogo

Depois de um ano que virei o Supremo,


encontrei a Jessica e a Diane. Eu estava em uma
corrida na floresta com o meu cachorro Killer
quando as encontrei. Elas estavam machucadas e
então cuidei delas. Jessica era mais velha do que a
Diane uns três anos.
Eu não podia me envolver e ter sentimentos
por alguém. Era muito perigoso, mas ainda sim
arrisquei. Deixei a Jessica e a Diane morarem
comigo. Elas eram tudo para mim, eu era o seu
irmão mais velho mandão. Nós ficamos muito

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próximos e isso não podia acontecer, mas


aconteceu.
Eu tenho um tipo de poder diferenciado dos
outros. Porque sou o Supremo, e o Supremo é o
mais forte de todos. Só que eu não tenho controle
sobre esse poder ainda. E por causa desse maldito
poder, uma noite eu perdi o controle e matei a
Jessica. Matei a minha irmã adotiva, matei a irmã
de sangue da Diane.
Aquela noite eu quis morrer, mas a Diane foi
a minha salvação, ela me abraçou e disse: "A culpa
não é sua, não se culpe por favor. Não me
abandone, cuida de mim." Isso me fez querer
morrer mais ainda, ela não me culpava e isso estava
errado porque eu era o culpado. Ela tinha que me
odiar por ter matado sua irmã, mas não, ela não me
odiou.
Depois daquela noite eu decidi que iria a uma

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bruxa para bloquear o meu poder, já que não tem


como arrancá-lo. Com meus poderes bloqueados eu
poderia proteger a Diane, protegê-la de qualquer
mal e isso me incluía também.
Sete anos atrás, logo depois que me tornei o
Supremo Alfa, antes da Diane e da Jessica, eu
comecei a ter sonhos com uma linda mulher. Pensei
que era coisa da minha cabeça, mas depois que
passou um ano e eu continuei a sonhar com ela e vi
que não era coisa da minha cabeça. Vi que aquela
mulher era importante para mim, ela era a minha
futura companheira. Não sei explicar o porquê de
eu sonhar com ela sem ao menos conhecê-la.
Desde que sonho com aquela mulher, vem
crescendo um sentimento forte por ela. Eu tenho
um sentimento incontrolável por uma mulher que
não conheço, mas eu não me importava se eu não a
conhecia pessoalmente, o que era importante para

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mim era que ela era a minha futura companheira,


que eu não conhecia, mas já amava. E por ter esse
sentimento por ela decidi que não podia encontrá-
la. Senão, iria acontecer a mesma coisa que
aconteceu com a minha irmã adotiva, a Jessica. Eu
contei sobre a minha linda mulher e futura
companheira para a Diane e disse a ela o que
decidi. Ela ficou brava e disse que eu não deveria
pensar assim, disse que só porque aconteceu uma
vez não quer dizer que irá acontecer outra, mas isso
não me convenceu.
Depois de sete anos eu estava no trabalho
quando comecei a sentir coisas estranhas. E então,
como se eu não tivesse controle sobre minhas
pernas, saí andando pelas ruas de Nova York, até
que cheguei em uma esquina e vi aquela linda
mulher entrando em um apartamento. Era ela, a
minha futura companheira. Meu coração acelerou
tanto que pensei que ia explodir. Eu fiquei louco,
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ao mesmo tempo que eu queria conhecê-la, queria


sumir e foi o que fiz. Peguei o meu carro e sem
avisar ninguém fui para a Califórnia.
Fui direto para a casa do meu amigo David
Lewis, ele é como um irmão para mim. Depois que
meus pais morreram o seu avô me trouxe lá da
França para morar com eles na Califórnia, fui
criado como se fosse da família.
Eu me surpreendi quando vi que os boatos
estavam certos, que o David tinha encontrado sua
companheira. Eles pareciam viver muito bem, isso
me fez pensar duas vezes antes de me distanciar de
vez daquela linda mulher dos meus sonhos, mas
depois recuperei minha sanidade.
A companheira do David era um tanto
surpreendente. Não, isso não a define, acho que
"louca" fica melhor. Enfim, ela me disse coisas que
me fez abrir os olhos e no dia seguinte voltei para

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Nova York, mas não voltei só por causa do que ela


me disse, voltei porque acho que estava
atrapalhando-os em alguma coisa.
Depois que voltei a Nova York não me
contive e fiquei observando-a, sem ela saber é
claro. Depois de alguns dias conheci o Jonathan
Lattanzi, meu braço direito na empresa e, para a
minha surpresa, o meu beta de alma. Descobri que
ele era irmão da mulher dos meus sonhos, descobri
que o nome dela é Sofia, mas não disse nada a ele
sobre o meu sonho.
Passou-se mais ou menos uma semana depois
que ela apareceu. Eu estava perto de casa em uma
caminhada com o Killer, ele tinha corrido até o
topo da montanha para vir rolando de lá, mas vi que
estava demorando e tinha algo errado. Foi quando,
do nada, ele esbarrou em alguém atrás dele.
Quando vi que a pessoa que desceu com ele

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era a Sofia eu fiquei extasiado. Era tão linda


pessoalmente... Mesmo estando toda suja e com o
cabelo bagunçado, ela estava linda. Quando nossos
olhos se cruzaram por breves segundos senti o meu
poder, que estava bloqueado, ressurgir, isso me
deixou em pânico, mas logo não senti mais nada.
Mesmo tendo a certeza de que ela era a
minha companheira eu não conseguia sentir seu
cheiro, mas então percebi o que estava me
impedindo quando ela tirou o moletom e ficou
somente de top. O colar dela com a pedra
vermelha estava bloqueando seu cheiro. Fiquei
aliviado, pois ela não iria saber que eu era o seu
companheiro.
Passaram-se mais alguns dias e o Jonathan
me contou que a Sofia não estava dormindo em
casa, ele estava preocupado. Descobri que ela
estava morando com a minha irmã porque estava

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com raiva do irmão, por alguma coisa.


Certo dia eu estava indo até a casa da Diane e
vi que a Sofia estava sendo atacada por um ômega.
Fiquei com muita raiva, mas vi que ela não
precisava da minha ajuda. Naquele mesmo dia,
queria saber o que estava acontecendo para ela ter
sido atacada e foi nesse dia que o inevitável veio à
tona. Eu não me controlei e arranquei o colar dela,
revelando que nós somos companheiros. Ela
parecia já saber disso, mas não aceitava.
Eu não deveria ter arrancado o colar dela, eu
não podia ter feito isso. Eu não quero que ela corra
perigo por minha causa, mas vou fazer de tudo ao
meu alcance para ela ficar bem. Mesmo eu sendo o
próprio perigo, não quero deixá-la. Eu não vou
conseguir ficar longe dela. Eu pensei que seria
fácil, mas é impossível.
Já tinha uma semana que a Sofia estava

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morando com minha irmã, e eu não sabia o porquê.


O que eu sabia era que ela estava brava com o
irmão, mas não sabia o motivo. O Jonathan me
procurou e me pediu ajuda para falar com ela.
Liguei para minha irmã e falei com a teimosa da
Sofia para ficar em casa e com muito custo ela
aceitou. Quando ela atendeu o celular eu não
contive o sorriso, me lembrei da noite passada, ela
havia dormido em meus braços com a mão no meu
cabelo. Ela não faz ideia do quanto eu me segurei
para não beijá-la, era tão linda dormindo, parecia
um anjo. Eu tive que sair bem cedo, antes que ela
acordasse. A voz dela fazia meu coração acelerar
feito louco.
Eu me comporto de um jeito idiota e superior
com ela, mas a verdade é que eu tento não mostrar
o meu verdadeiro jeito de ser. Ainda não sei se sou
um perigo para ela, então acho melhor me
comportar de um jeito grosseiro, assim ela me
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odeia e não se apega. Se for o caso de eu me afastar


dela, ela não sentiria tanto a minha falta tanto
quanto eu iria sentir.

Capítulo 23
Sofia

― Antes de começar, eu quero entender


primeiro o que está acontecendo ― diz o Diogo e
me olha. ― Por que veio para a casa da Ane?
― Você é muito intrometido, não tem
necessidade de você saber o que está acontecendo
— digo e ele dá um sorriso de lado.
― Só me diz. OK?
― Vim ficar com a Ane por um tempo,
porque não queria olhar para a cara desse traíra —

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digo olhando para o Jonathan.


― Sofia eu...
― Tá, e por quê? ― o Diogo corta o
Jonathan.
― Porque ele escondeu uma coisa muito
importante de mim — digo com raiva.
― Eu posso me explicar — diz o Jonathan.
― O que escondeu dela? ― pergunta o
Diogo para o meu irmão.
― Eu escondi porque era perigoso. Eu ia
contar a ela, mas quando fosse a hora. ― Reviro os
olhos pela segunda vez. ― Mas ela achou meu
diário e descobriu tudo.
O Diogo me olha.
― Invasão de privacidade — ele diz.
― Não me faça voar em seu pescoço, idiota.
Ele ri.

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― Tá, agora seja mais claro. O que estava


escondendo dela? ― pergunta o Diogo. Jonathan
respira fundo e conta tudo sobre a profecia do
oráculo.
Enquanto o Diogo ouvia parecia que ia surtar
a qualquer momento. Não conseguia definir a sua
expressão. Ele aparentava estar com medo e ao
mesmo tempo preocupado. Acho que é porque a
profecia tem a ver com ele, até porque ele é o meu
companheiro.
― Então, meus pais decidiram apagar as
memórias da Sofia para ela estar segura. Para ela
não se lembrar da profecia ou muito menos que foi
atacada quando se transformou pela primeira vez.
― O Diogo me olha. ― Meus pais saíram em
busca do oráculo, para saber quem é o companheiro
da Sofia. Eles acham que a oráculo sabe quem ele
é.

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Aparentemente, o meu irmão não sabe que eu


já o encontrei.
― A profecia, diz que a Sofia vai destrancar
um poder jamais visto do companheiro dela? ―
pergunta o Diogo e o Jonathan confirma. O Diogo
engole em seco e parece ficar nervoso.
― Enfim, eu queria muito te contar Sofia. ―
O Jonathan me encara. ― Eu sinto muito, mesmo
eu querendo... eu não podia. Pois não é seguro. O
pai disse que era para eu te contar quando eles
descobrissem quem é o seu companheiro. ― Ele
passa a mão no rosto. ― Me perdoa.
Eu estava me segurando desde que o vi na
porta. Meu irmão é tudo para mim. Mesmo ele
tendo feito o que fez, ainda assim é meu irmão.
Lágrimas escorrem no meu rosto. Saio do sofá em
que estava sentada, me atiro em seus braços e ele
me aperta.

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― Fiquei muito magoada, muito mesmo.


Mas isso não muda o fato de que te amo. ― Ele
passa a mão no meu cabelo.
― Desculpa, princesa. ― Ele me afasta e dá
um beijo na minha testa. ― Também te amo.
Sorrio.
― Então, seus pais estão atrás de mim... Quer
dizer, do companheiro da Sofia?
Sorrio com o erro dele.
― É — diz o Jonathan com a testa franzida.
― Você tem alguma ideia de onde eles
possam estar? ― pergunto.
― Não. Eles cortaram qualquer tipo de
contato comigo, por segurança.
Suspiro.
― Acho que já está na hora de procurar por
aqueles doidos — digo e o Jonathan ri.

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― Não sei, eles disseram que iam aparecer


quando descobrissem tudo. ― Ele dá de ombros.
― É... Mas o problema é que já encontrei o
meu companheiro, Jonathan.
O Diogo arregala os olhos e o Jonathan dá
um pulo do sofá, me encarando.
― Como assim? ― ele diz assustado. ―
Quando? Como? Quem?
― Acho melhor eu dizer quem ele é quando
meus pais estiverem aqui — digo firme e o Diogo
fica calmo.
― Tudo bem. Eu vou começar a investigar
para saber onde eles estão — diz o Jonathan.
― Nathan. ― Ele me encara. ― A mãe te
falou alguma coisa quando ela disse para você me
entregar aquele colar?
― Não. Ela não disse nada. ― Ele franze o
cenho. ― Por quê?
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― Supostamente o colar estava me


impedindo de saber quem era o meu companheiro
— digo.
― E como descobriu isso? ― o Nathan
pergunta e o Diogo me encara com uma
sobrancelha erguida.
― Longa história. Vamos deixar para outra
hora. ― Dou um sorriso.
― Você vai voltar para o apartamento? ―
ele me olha com expectativas.
― Vou ficar mais um tempo aqui com a Ane.
― Ele solta um suspiro.
― Tudo bem. Bom, eu já tenho que ir. ― Ele
olha para o Diogo.
― Vou esperar a minha irmã chegar — ele
diz. O Jonathan vem até mim e me abraça.
― Me desbloqueia das suas ligações, por
favor — diz o Nathan e eu sorrio.
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― Tá.
Ele se despede do Diogo e eu o acompanho
até a porta. Volto para sala, encaro o Diogo e ele
me olha.
― O que foi? ― levanto uma sobrancelha.
― O Supremo Alfa estava com medo de eu
dizer que ele era o meu companheiro? ― Começo a
rir. ― Percebi suas caras e bocas enquanto falava
com o Jonathan.
Ele revira os olhos. Eu me viro para ir à
cozinha, mas ele me puxa e eu caio em cima dele
no sofá.
― E você, aceitou que sou o seu
companheiro, é? ― ele diz no meu ouvido.
― Fazer o quê? Tenho que carregar a minha
cruz, né? ― Sinto um sorriso se formar em seus
lábios, pois a sua boca estava perto da minha pele.
― Sofia...― O seu tom de voz muda. ―
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Sofia, diz que me odeia. Diz que me odeia com


todas suas forças.
― Você é psicopata? ― Sorrio. ― Para de
ser idiota. ― Tento me levantar, mas ele me
segura.
― Eu estou falando sério. ― Olho para ele e
ele tem uma expressão séria. ― Se você não me
odeia ainda, então comece a me odiar.
― Diogo, você está me deixando assustada.
Que história é essa de te odiar? ― pergunto.
― Eu posso te fazer mal Sofia, eu posso
fazer você sofrer muito. Então, me odeie desde já.
Eu o encaro, assustada.
― Qual é seu problema? Por que está me
dizendo essas coisas? ― Ele suspira. ― Vamos
Diogo, me conta. Você está escondendo algo de
mim? Por que está me dizendo isso? Por quê?

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Capítulo 24
Sofia

― Anda, Diogo, me diz: por que está me


dizendo isso? ― Encaro-o, ele se levanta e passa a
mão no cabelo.
― Por que você tem que ser tão irritante?
Levanto-me também.
― Você que está sendo irritante com essa
história de querer que eu te odeie. ― Respiro fundo
tentando me acalmar. ― Diogo, por que me disse
isso?
Ele se encosta na parede com o braço e fica
de costas para mim.
― Sete anos atrás eu me transformei em
Supremo, com isso recebi poder... poder muito,

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perigoso. ― Ele dá uma pausa e suspira. ― Eu não


tenho controle sobre ele... Em uma certa noite... eu
perdi o controle totalmente... ― Sua voz começa a
embargar e a sair mais baixa. Eu me aproximo
mais. ― E matei... matei a minha irmã adotiva...
Matei a Jessica, a irmã mais velha da Diane. ―
Fico assustada. Suspiro e vou em sua frente e vejo
lágrimas escorrerem em seu rosto, limpo-as e ele
vira o rosto. ― Matei-a por causa desses malditos
poderes. Depois disso eu bloqueei esse poder.
― Mas... eu recebi essa profecia quando
nasci. Isso não faz sentido.
Ele me olha.
― Você não entende? ― Sua face era
assustadora. ― Eu não tenho controle nem com o
poder que eu bloqueei, imagina com o que ainda
não foi liberado? ― Eu começo a entender. Quer
dizer que o poder que ele possuía quando virou o

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Supremo, não era o poder total e sim só uma parte


dele. ― Entendeu agora? Entendeu por que sou
perigoso?
― Quer que eu te odeie porque você matou a
sua irmã?
Ele parece ficar mais irritado.
― Sofia, presta atenção. ― Ele pega no meu
braço. ― Não estou pedindo para odiar o que eu fiz
no passado, estou pedindo para odiar o que vou
fazer no futuro. ― Meu coração acelera. ― Eu vou
evitar com todas as minhas forças para que isso não
aconteça. Então... ― Ele olha em meus olhos. ―
Me odeie, me odeie muito, me odeie tanto a ponto
de você não sentir nada por mim, somente ódio e
nada mais. ― Ele me solta e se vira. ― Vou ajudar
seu irmão a achar seus pais, depois disso eu vou...
― NÃO OUSE COMPLETAR ESSA
FRASE! ― grito com todas as minhas forças e ele

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me olha assustado. Lágrimas caíam


descontroladamente em meu rosto. ― Se você fizer
isso... eu não vou ser capaz de te perdoar.
― Você nem sabe o que eu ia falar — ele diz
e eu bato em seu peito.
― Você acha que eu sou idiota? Acha que
não entendi o porquê quer que eu te odeie desde já?
Acha que eu não sei o que ia falar? ― Encosto
minha cabeça em seu peito. E então sussurro: ― Já
é tarde demais, seu idiota... eu não sou mais capaz
de te odiar, mesmo com todos seus defeitos... eu
não sou capaz de odiar uma pessoa que já amo.
Então... Por favor... Não desapareça da minha
vida... Se fizer isso eu não vou te perdoar.
― Você é fraca. ― Ele passa a mão no meu
cabelo.
― Se te amar significa ser fraca... acho que
não consigo ser mais forte.

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Ele me aperta contra seu peito e eu molhava


seu terno com minhas lágrimas.
― Sofia, eu não quero te machucar. Você é
muito importante para mim... eu tenho que me
afastar para te proteger... entenda.
Agarro seu terno e o faço me olhar nos olhos.
― Para com isso. Só porque você cometeu
um erro no passado, não quer dizer que vai
acontecer a mesma coisa no futuro. ― As lágrimas
não paravam de cair. ― Você acha que se
afastando de mim vai me proteger? Claro que não.
Você só vai me colocar no mais profundo dos
abismos. ― Fecho os olhos. ― Juro que não queria
depender de você para nada. Mas, eu preciso de
você... para poder viver. ― Encosto minha cabeça
em seu peito de novo. ― Fala sério, não faz nem
um mês direito que te conheci e já não posso viver
sem você.

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― Você está enganada — ele diz baixinho.


― Nós nos conhecemos há anos. ― Achei estranho
o que ele disse, mas não falei nada. ― Então, você
me ama? ― Empurro-o e olho em seu rosto. Ele
tinha um sorriso de lado.
― Agorinha há pouco você estava falando
que era para eu te odiar e que você ia me fazer mal
no futuro. E agora está me perguntado se te amo?
― Ele sorri mais ainda. Passo a mão no rosto e
sorrio. ― Idiota bipolar.
Ele levanta o meu rosto e tira meus cabelos
que estavam grudados na bochecha. Ele sorri e me
puxa para seus braços.
― Eu já te amava muito antes de te conhecer
pessoalmente.
Franzo o cenho e olho para ele.
― Me explica isso. Como assim, antes de me
conhecer pessoalmente?
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Ele passa a mão no meu cabelo e me dá um


selinho me deixando surpresa com o ato.
― Outra hora te conto, a Ane está chegando.
― Ele se senta no sofá e bem na hora a Ane abre a
porta.
― Oi, seus lindos. ― Ela vem até mim e me
encara. ― Por que estava chorando? ― Ela olha
para o Diogo. ― Eu vou te matar.
― Eu ajudo — sussurro e ele sorri.
― O que você fez com ela, seu idiota? ― a
Ane pula em cima dele e começa a bater.
― Para, Diane! — Sorrio e ela sai de cima
dele. ― Merecia mais — digo.
― Também acho — diz a Diane e então me
olha. ― Por que estava chorando?
― Não foi nada. ― Sorrio.
― Trouxe o Jonathan para conversar com ela

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— diz o Diogo e a Ane faz uma expressão de ter


entendido tudo.
― E aí? ― ela pergunta na expectativa.
― Fiz as pazes com ele. ― Sorrio e ela se
assusta.
― VAI VOLTAR PARA O
APARTAMENTO? ― ela grita assustada, o que
me faz rir. ― Diz que não — ela implora.
― Não. Disse a ele que ia ficar mais um
pouco. ― Ela sorri e me abraça.
― Ainda bem.

Capítulo 25
Sofia

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As tentativas de quererem me matar


diminuíram nesses últimos dias. Passou uma
semana desde que me acertei com meu irmão e que
tive aquela conversa estranha com o Diogo. Depois
desse dia ele ficou mais distante de mim, o que me
deixava frustrada.
Por que ele estava fazendo isso comigo? Qual
o problema desse cara? Ele entra na minha vida
sem pedir licença e depois que encontra a primeira
dificuldade já quer se afastar. Eu entendi que ele
quer fazer isso porque pode me machucar, mas eu
não ligo, não ligo dele me machucar. O que eu
estou dizendo? Droga, ele já virou uma
pessoa importante para mim, eu não consigo lidar
com os sentimentos que comecei a sentir por ele
quando nos conhecemos. Em pouco tempo me
apeguei a ele sem perceber, em pouco tempo me
apaixonei completamente por um idiota bipolar.

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Já tinha acabado meu expediente na cafeteria,


estava andando distraída até a casa da Ane. Falando
em Ane, a cada dia ela está mais sorridente. Acho
que o companheiro dela está fazendo bem a ela, eu
queria conhecê-lo, pois tenho a impressão de que já
o conheço. Mas ela diz que não está na hora, que
vai esperar mais um pouco. Ela me suplica para não
dizer nada ao Diogo e eu não disse, apesar de que
mesmo se eu quisesse não iria falar, pois
aparentemente ele está me evitando.
― Idiota bipolar. ― Penso alto e esbarro em
alguém sem querer. ― Desculpa — digo e olho
para pessoa.
― Tudo bem — o garoto diz sorridente. Ele
tem a minha altura, cabelos castanho-escuros e
olhos castanho-claros. Usava uma camiseta preta,
calça jeans e tênis. Ele tem a aparência de ter mais
o menos dezesseis ou dezessete anos. ― Não está

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muito tarde para uma moça como você estar


andando na rua sozinha?
]Levantei uma sobrancelha e sorri.
― Moças como eu? Garoto, quantos anos
você tem? Mesmo sendo da minha altura, acho que
sou bem mais velha do que você. Sei me cuidar.
― Você está certa, eu tenho dezesseis anos.
― Sabia! ― Mas eu sou homem, não corro tanto
risco quanto uma mulher.
― Você se preocupa muito com os outros. ―
Sorrio. ― Fica tranquilo, sei me cuidar. Qual é o
seu nome?
― É... Miguel. Meu nome é Miguel, e o seu?
― Ele sorri.
― Sofia. ― Aperto sua mão. ― Foi legal te
conhecer Miguel, até mais — digo saindo e ele vem
atrás.
― Sua casa é muito longe? ― Parei olhando
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para ele. ― Eu posso te acompanhar... se quiser é


claro. Está muito tarde.
― OK, vamos então. ― Eu sei que mal o
conheço, mas o que um garoto de dezesseis anos
pode fazer contra mim? Antes mesmo dele pensar
em qualquer coisa eu já estarei com as minhas
garras em sua garganta. ― Você mora por aqui?
― Não. Minha casa fica mais afastada da
cidade. Minha família não gosta muito da
civilização. ― Ri e ele me acompanhou. ― Não
que sejamos algum tipo de selvagens...
― Entendo. ― Sorrio parando em frente ao
prédio. ― Obrigada por me acompanhar, cavaleiro.
― Agradeço com um sorriso.
― Não foi nada — ele diz sem jeito. Que
fofo.
― A gente podia ser amigos — digo e ele
sorri. ― Eu trabalho na cafeteria em frente à
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Empresa Adams. Aparece lá para me dar um oi


qualquer dia.
― Claro. ― Ele dá outro sorriso largo. ―
Tchau, Sofia — ele diz e se vira.
Entro no apartamento e a Ane não está, para
variar. Jogo-me na cama e pego meu celular, não
mexi nele a tarde toda. Abro as mensagens e um
contato me chama atenção. Diogo.
"Diogo: Não arrume nenhum compromisso
amanhã, eu vou te levar em um lugar. Uma hora da
tarde te pego no apartamento."
Quase uma semana sem falar comigo e ele
me manda uma mensagem autoritária como essa.
Fala sério. Reviro os olhos e nem faço questão de
responder, dizendo sim ou não, não vai fazer
diferença para ele.
Tomo um banho e me jogo na cama
derrotada. Em segundos eu durmo.
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*****
Acordo meio abobada, dormi mais do que a
cama hoje. Aproveitei, pois hoje é sábado e eu não
trabalho. Pego meu celular com dificuldade e vejo
que horas são, quase uma hora da tarde. Levo um
susto.
― Sofia... ― Ane bate na porta do seu
quarto, mas não entra. ― O Diogo está aqui te
esperando, eu vou ter que sair, tá? Beijos.
Sem responder lá vou correndo para o
banheiro e tomo um banho rápido. Eu esqueci
completamente que aquele idiota bipolar iria vir me
pegar para sair hoje.
Saio do banheiro e visto uma blusa preta e
um short. Estava arrumando o cabelo quando ele
entra no quarto.
― HAAAA, SEU INFELIZ! ― Dou um pulo
com o susto. Juro que vi um sorriso se formar no
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canto da sua boca. Ele olha para a cama e me olha.


― Acordou agora? ― Volto a arrumar meu
cabelo ignorando-o. ― Eu odeio combinar um
horário e você se atrasar, Sofia — ele diz
visivelmente irritado.
― Diogo, foi você que propôs esse horário,
eu não disse que estaria livre — digo e ele rosna.
― Eu disse para não arrumar nenhum
compromisso.
― Para onde vai me levar mesmo? ―
pergunto parando de arrumar meu cabelo e olhando
para ele.
― Quando chegar lá, vai saber ― ele diz
sentando-se na cama. Reviro os olhos e volto a
arrumar meu cabelo.
― Eu preciso comer antes de ir — digo
olhando para o espelho.
― Você come lá.
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Respirei fundo, irritada. Terminei e me virei


para ele, que mal me olha e já sai me puxando para
fora. Fomos para o seu carro. Entrei e ele deu
partida saindo dali.
Não sei se é impressão, mas ele está evitando
me olhar e isso está me dando nos nervos.
― Você veio da cafeteria sozinha ontem? ―
ele pergunta sem tirar a atenção do trânsito.
Encaro-o por um tempo.
― Você fica quase uma semana me evitando,
agora quer que eu te fale se estava sozinha quando
voltei para casa? ― comento, irritada.
― Não me faça ficar com raiva, dona Sofia.
Só me responda.
Reviro os olhos.
― Fui sozinha até uma certa parte — digo e
vejo-o se remexer no banco.
― Por que até uma certa parte? ― ele
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pergunta.
― Porque depois um garoto bem simpático e
fofo me acompanhou até em casa — digo e ele
aperta o volante, o que me faz sorrir.

Capítulo 26
Sofia

Depois que disse a ele que um garoto me


acompanhou até em casa, ele não disse
absolutamente nada. Fechou a cara e não me olhou.
Já estamos há algum tempo na estrada e
estamos indo em direção à saída da cidade. Se ele
não tivesse tão sério eu iria perguntar mais uma vez
para onde estava me levando. Mas eu gosto da
minha vida, então melhor ficar quieta.
Ele vira em uma estrada de chão. Prestei mais

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atenção e vi que o lugar me lembra aquela vez que


eu vim correr com o Jeff. Espera, é aqui sim. O
lugar onde conheci o Killer e o seu dono
insuportável.
― Estamos chegando. ― Finalmente escuto
sua voz.
Andamos mais um pouco e ele para o carro
em frente a uma escadaria que dava direto para a
frente de uma casa moderna. A frente da casa era
totalmente diferente de qualquer outra casa, na
maioria das vezes a frente de uma casa tinha um
chafariz, um jardim ou até mesmo um muro, mas
essa tinha uma piscina. Isso mesmo, uma piscina.
Minha boca estava no chão.
― Caramba! — digo ainda olhando a casa de
dentro do carro.
É meio que impulsivo imaginar uma casa
dessa no meio da floresta. Quer dizer, isso não deve

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ser chamada de casa e sim mansão.


― Gostou? ― ele pergunta olhando para a
casa.
― É linda — digo babando. ― Nunca
imaginei que haveria uma mansão dessa em meio à
floresta.
― Gosto de privacidade e conforto ― ele diz
e eu o encaro, assustada.
― Tá. Eu já imaginava que sua casa fosse
linda, mais isso. ― Aponto para a casa. ― Isso é...
exagero.
― Eu sei. ― Ele ri e sai do carro. Eu odeio
essa bipolaridade dele. ― Vem.
Ele me chama e eu saio do carro.
Acompanhei-o subindo as escadas, passamos pela
piscina e entramos. Quando entrei dei um giro de
360 grau e... Uau!
― Você realmente é exagerado — digo e ele
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me puxa para algum lugar.


― Não tenho empregada, então vai ter que
comer o que eu preparar — ele diz me levando à
cozinha.
― Como é? Não tem empregada? ― digo
assustada. ― E quem cuida dessa casa toda?
― Uma vez por semana vem uma faxineira
aqui. ― Entramos na cozinha enorme. Sento-me
em uma cadeira e ele vai para trás do balcão.
― Não acredito que fica aqui sozinho nessa
casa enorme — digo abismada.
― Quem disse que fico sozinho? ― ele dá
uma olhada rápida para mim e eu levanto uma
sobrancelha. ― Tenho o Killer.
― Cadê ele? ― digo sorridente.
― Está em algum lugar da floresta — ele diz
mexendo em suas panelas. ― Ele gosta de correr e
escorregar de lugares altos.
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― Entendo, afinal ele não é suicida como eu


pensava. ― Ele sorri e balança a cabeça. Esse gesto
me fez sorrir também. ― Por que escolheu Killer
para ser o nome dele?
― Acho que combina com ele.
Assustei-me e ri ao mesmo tempo.
― Nem vou perguntar por que ― digo.
Passou-se algum tempo e ele termina o que
estava fazendo. Ele preparou um macarrão com
molho branco. Estava ótimo. Além de lindo e
gostoso, sabe cozinhar. Céus, ele é o paraíso em
pessoa. Ele me olhava com um sorriso convencido,
como soubesse o que estou pensando.
― Que foi? ― pergunto dando a última
garfada no meu prato.
― Nada. ― Ele balança a cabeça.
Termino de comer, levo o prato na pia e o
lavo. Pego um copo de água e encosto no balcão.
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― Obrigada — digo e tomo um gole de água.


Ele me olha. ― Estava muito gostoso.
― Eu sei. ― Ele sorri convencido e eu reviro
os olhos.
― Diogo, você não me disse que vinha
agora. ― Soa uma voz masculina na cozinha e
quando a pessoa aparece eu levo um susto.
― Você — digo assustada e ele visivelmente
estava assustado também.
― Conhece ele ,Sofia? ― Diogo pergunta,
surpreso.
― É o garoto que me acompanhou até em
casa ontem. Eu esqueci seu nome... acho que é...
Miguel — digo e na hora o Diogo cai na
gargalhada. Vou até ele, bato em seu ombro e ele
para.
― Miguel? ― Diogo pergunta ao garoto e
ele revira os olhos.
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― Oi, Sofia ― ele se manifesta.


― O nome dele não é Miguel — Diogo fala e
eu encaro o menino sem entender nada.
― Eu posso explicar... Quer dizer... O Diogo
pode explicar — ele diz e eu encaro o Diogo.
― Você já conhece ele. Na verdade, você
conheceu ele primeiro e depois me conheceu. ―
Franzo a testa. ― Sofia, ele é o Killer. ― Quase
me engasguei. O Diogo ri e o garoto fica sem
graça.
― O quê? ― digo, abismada.
― A minha forma original é um cachorro —
ele diz sério e eu me sento novamente.
― O Killer foi criado em cativeiro, por uma
espécie de cientista maluco — diz o Diogo. ―
Como você sabe, é bem raro ter algum ser humano
que saiba da nossa existência. O cientista sabia e
creio que obteve ajuda de alguém como nós para
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poder alterar o DNA do corpo do Killer. Isso faz


com que ele possa se transformar de cachorro para
lobo ou de cachorro para humano, como você está
vendo.
― Isso é loucura — digo e o garoto se senta
conosco.
― Você se transforma em lobo e eu em
humano. Isso é loucura? ― Ele ri. ― O Diogo me
resgatou das mãos do doido do cientista. Desde
então vivo com ele.
Ele termina de falar e então o Diogo dá um
tapa na cabeça dele.
― Então, você foi na cidade ontem e se
passou por Miguel? ― pergunta o Diogo e o garoto
passa a mão na cabeça.
― Eu queria conversar com ela. Queria
interagir com ela e responder o que ela me
perguntou no dia em que me conheceu ― ele diz,
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me olha e eu me assusto.
― Me responder o quê?
Ele sorri.
― Na montanha, naquele dia, você me
perguntou: "que tal abandonar seu dono e vir
comigo?" ― ele diz com uma voz fina que me faz
rir. ― Eu aceito sem pensar duas vezes. ― O
Diogo bate na sua cabeça de novo.
― Seu ingrato — Diogo diz e eu sorrio que
nem uma abobada. Eles parecem pai e filho.
― Para de bater na minha cabeça — o garoto
diz.
― Você fala demais, pode voltar à sua forma
normal — diz o Diogo e o garoto revira os olhos.
― Depois a gente se fala, Sofia — ele diz , se
levanta e sua forma vai diminuindo e no lugar do
garoto aparece o cachorro. Ele me olha, late e sai
correndo para fora. O Diogo me olhava.
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― Ele realmente gostou de você.

Capítulo 27
Sofia

― Ele realmente gostou de você — diz o


Diogo passando a mão no seu cabelo perfeito. ―
Ele raramente gosta de alguém. ― Ele esboça um
sorriso.
― Eu ainda não estou acreditando no que vi.
Ele... Ele é um cachorro.
O Diogo ri.
― Pois é. ― Escuto barulho de pneus
chegando perto da casa e o Diogo também. Ele
levanta e me puxa. ― Vem.

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― Por que me trouxe aqui? ― pergunto.


― Porque temos uma reunião agora. E você
vai participar — ele diz me conduzindo à sala.
― Reunião? Com quem? ― pergunto sem
entender.
― Com seus irmãos — ele diz e logo os dois
entram.
― Boa tarde — diz o Jeff sorridente e vem
me abraçar. ― Esqueceu de mim, dona Sofia?
Sorrio e o aperto.
― Claro que não, pirralho — digo.
― Contou a ela? ― pergunta o Nathan.
― Contou o quê? ― Olho para eles sem
entender.
― Eu consegui localizar seus pais — diz o
Diogo e meu coração pula compulsivamente.
― O QUÊ? ― grito assustada.

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― Encontramos a mãe e o pai — diz o Jeff


empolgado.
― O... Onde? ― pergunto, sentando-me no
sofá.
― Eles estão mais perto do que você imagina
— diz o Diogo e se senta. O Jeff e o Nathan
também. ― Estão em Albany, aqui em Nova York.
Meu coração batia tão forte que eu podia
ouvi-lo.
― Conseguimos localizar o hotel onde eles
estão — diz o Jonathan.
― E conseguimos o número de lá também —
diz o Jeff sorridente.
― O que acha de falar com seus pais? ―
pergunta o Diogo e eu não conseguia pronunciar
uma palavra.
― Eu ligo ― o Nathan diz e pega o celular.

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O Nathan disca o número, coloca no viva voz


e começa a chamar. Esse tempo todo o Diogo não
tirava seus olhos de mim. Ele se senta mais perto e
sussurra só para eu ouvir.
― Tudo bem?
Faço que sim com a cabeça.
― Best Western Sovereign Hotel, boa tarde
— soa uma voz feminina e meu coração acelera
mais ainda. ― No que posso ajudar?
― Boa tarde. Eu queria saber se algum casal
com o sobrenome Lattanzi está hospedado no hotel
— pergunta o Nathan.
― Só um momento — diz a voz feminina e
todos ficam tensos na sala. ― Senhor, tem um casal
hospedado aqui com esse sobrenome. Quer que
passe a ligação para o quarto?
― Claro — diz o Nathan se ajeitando no
sofá.
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― Só um minuto — ela diz, faz um barulho e


começa a chamar novamente. Eu estava com
minhas mãos trêmulas.
― Alô? ― a voz firme e feminina diz e eu
não aguento, as lágrimas começam a descer. ―
Alô. ― Ninguém falava nada. O Jeff olhava para o
celular sem reação e o Nathan me encarava. ―
Querida, o que foi? ― pergunta a voz masculina.
Meu coração doía de tão rápido que estava batendo.
Eu estava desesperada só de ouvir a voz deles. A
voz dos meus pais. ― Ligaram, mas não dizem
nada. ― Fala a minha mãe. O Diogo segura a
minha mão e uma paz reina em meu ser, ele me
olha dando coragem. ― Alô? Se não disser nada eu
vou desligar.
― Não! — sai da minha boca sem perceber e
meu pai fica quieto por um minuto.
― Quem está falando? ― diz minha mãe

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com a voz preocupada. Acho que ela já percebeu


quem é.
― Seus... Seus... ― Eu não conseguia
completar a frase. E ouvi minha mãe chorar.
― Sofia? ― pergunta meu pai preocupado.
― Sofia, é você? ― ele diz, aflito.
― Seus velhos idiotas — digo e choro.
― Minha... princesa — diz minha mãe e
mais lágrimas escorrem.
― Já está na hora de voltar... ― digo
limpando as lágrimas e o Diogo aperta a minha
mão.
― Minha querida... É tão bom ouvir sua voz
— diz meu pai.
― Venham logo, seus desnaturados — diz o
Jeff finalmente.
― Sua missão terminou, pai — diz o Nathan.

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― Andem logo. Estamos esperando.


― Jonathan... ― meu pai diz firme e o
Jonathan desliga o celular.
― O quê? ― o Jeff diz sem entender.
― Ele ia me xingar até não querer mais —
ele diz se defendendo. ― Não se preocupe, eles já
sabem onde estamos a essa altura — fala o
Jonathan, o Diogo sorri e balança a cabeça.
― E eu pensando que eu não era normal...
Mas a sua família... ― Ele me olha. ― Me
superou.
Sorrio e ele limpa meu rosto. Com o toque da
sua mão em minha pele eu estremeço.
O Diogo percebe o Jeff olhando com
indiferença, o Nathan com cara de não ter
entendido nada e ele se afasta, o que me faz rir.
― Eu nem vou procurar saber o que acabou
de acontecer aqui ― diz o Jeff e se levanta indo
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para fora.
― Há... É... acho que já está na hora de ir —
diz o Nathan, perdido. ― Leva a Sofia... eu estou
de moto — diz o Nathan para o Diogo.
― Tá ― Diogo diz e ele sai. E eu começo a
rir. ― Sua besta. ― Ele me empurra.
― Você precisava ver a sua cara — Digo e
ele revira os olhos.
― O Jefferson parece que não gostou — ele
diz se levantando.
― Ele é ciumento — digo jogando a cabeça
para trás e sorrindo.
― É... Agora vocês podem receber uma
visita surpresa dos seus pais a qualquer momento
— ele diz e eu fico tensa.
― Pois sé — digo sentando direito e olho
para ele. ― Essa semana toda você estava atrás dos
meus pais? ― pergunto e ele passa a mão no
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cabelo.
― Sim — ele diz e me olha. ― Estava muito
ocupado.
― Entendo ― digo. ― Não foi de propósito,
então? ― pergunto baixinho e ele se senta do meu
lado.
― Não vou mentir — ele diz. ― Eu usei isso
para ficar um pouco longe de você. ― Encaro-o
com raiva e confesso que o meu coração doeu ao
ouvir aquilo. ― Eu queria ver se conseguia... se
acontecer algo e for o caso de eu me afastar de
você. Eu queria ver se conseguiria.
Lá vem ele com esse papo de novo. Ele
coloca a mão no meu rosto.
― E o que você concluiu? ― pergunto,
encarando-o.
― Que eu iria ficar louco se ficasse mais um
dia longe de você — ele diz e meu coração volta a
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bater forte. ― Sinto muito, Sofia, mas se acontecer


alguma coisa... eu... eu não serei capaz de viver
longe de você. ― Ele passa seu dedo em meus
lábios e encosta sua testa na minha. ― Não irei
afastar de você nunca mais.

Capítulo 28
Sofia

Ele estava com a testa colada na minha, e eu


não consegui conter o sorriso ao ouvi-lo dizer que
não vai se afastar de mim.
― Não é que o Sr. Adams sabe ser fofo? —
digo e coloco minha mão na sua nuca.
― Sei ser muitas coisas — ele diz com um
sorriso de lado. Ele se afasta um pouco e passa a

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mão no meu rosto. ― Acho que me ferrei — ele


diz.
― Quê?
Ele ri.
― Fui hipnotizado por uma loba muito chata.
Esboço um sorriso.
― Corrigindo... ― Passo meus braços em
seu pescoço. ― Uma loba linda. ― Ele ri e me
puxa para o seu colo. Fiquei surpresa com seu
gesto.
― Isso tenho que concordar. ― Ele passa a
mão no meu cabelo. ― Uma loba linda. ― Eu já
não tinha para onde correr, não tinha mais como
esconder ou fugir do meu sentimento por ele. Passo
meus dedos entre seus fios de cabelo e ele puxa
meu rosto para mais perto do seu. ― Gosto de
sentir seu cheiro... ― ele diz, inspirando. ― Gosto
de ver o que te causo quando estou tão perto... ―
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ele já diz com a boca roçando na minha. ― O seu


coração parece que vai saltar do peito. ― Ele sorri
e eu também. ― Seu sorriso é minha perdição. ―
Então, ele sela nossos lábios iniciando um beijo
calmo e cheio de significado. Ele morde meu lábio
inferior e eu sorrio entre o beijo.
― Senhor Adams — diz uma voz masculina
que me assusta e pulo do colo do Diogo. Olho para
a pessoa e reviro os olhos.
― Há quanto tempo, fedorento — digo com
um sorriso falso.
O Diogo bufa do sofá, ele não estava nem um
pouquinho feliz com a aparição repentina do seu
lacaio.
― O que você quer, Leonardo? ― diz o
Diogo olhando para ele.
― Me desculpa... acho que o senhor estava
ocupado... ― diz o fedorento.
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― Ah, você acha, é? ― diz o Diogo se


levantando e eu não sabia onde me enfiar de tanta
vergonha. ― Já que me atrapalhou, me diz logo o
que quer.
― Me pediram para chamar o senhor para ir
ver a obra lá na montanha — ele diz e o Diogo
suspira.
― Tudo bem, já estou indo — Diogo diz e o
fedorento sai. Ele me olha. ― Fedorento?
― Ele é fedido — digo e ele ri.
― Vamos comigo lá. Depois te levo. ― Faço
que sim e ele me conduz até o carro.
― Que obra é essa? ― pergunto já dentro do
carro.
― Estamos construindo um tipo de hospital
para os curandeiros tratarem os feridos — ele diz.
― Um hospital na montanha?

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Ele sorri.
― É mais seguro em lugares altos — ele diz.
― Feridos? Vocês estão sob ataques?
Ele me olha.
― Querida, eu sou o Supremo. Estamos sob
ataque direto. ― Ele suspira. ― Os ataques não são
grande coisa, eu mesmo posso cuidar deles sozinho.
Mas nem sempre estou livre. Então, meus betas
cuidam disso e acabam se ferindo.
― Entendi — digo e ele para no pé da
montanha.
Saímos do carro e subimos a montanha
rápido com a velocidade sobrenatural.
A construção não era grande, mas também
não era pequena. Tinha vários homens trabalhando
lá. Eles param para nos olhar quando chegamos e
me encaram, mas com um olhar reprovador do
Diogo eles voltam a trabalhar.
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Olho mais em volta e vejo o Killer rosnando


para o fedorento, o que me faz rir.
― Eu disse, é difícil ele gostar de alguém —
fala o Diogo.
― É difícil para qualquer ser gostar do
fedorento — digo revirando os olhos e ele ri.
― Senhor Adams, queria te mostrar como
está ficando lá dentro — diz um senhor.
― Já estou indo. ― O Diogo me olha. ―
Acho melhor ficar aqui.
― Tá ― digo.
Ele entra na obra e eu vou andando para mais
perto da ponta da montanha. Quando cheguei na
ponta pude ver a mais linda de todas as vistas. Lá
embaixo tinha uma vila enorme e no meio da vila
passava um riacho. Era linda a vista. A vila é
grande e bem movimentada, não esperava menos
da alcateia do Supremo.
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A vila me lembra a minha antiga alcateia, a


alcateia do meu pai e me bateu uma saudade
imensa de lá.
Sinto algo fofinho se esfregar na minha
perna, olho e vejo o Killer. Sorrio e faço carinho
nele.
Olho mais uma vez para a vila. Olhando
daqui de cima, parece uma vila que transborda
alegria e amor, parece que todos são unidos. Isso é
essencial para uma alcateia. Sorrio. Levo um susto
quando sinto braços fortes me abraçando por trás.
― Gostou da minha Alcateia? ― diz o Diogo
em meu ouvido.
― Sim — digo. ― Posso saber por que o Sr.
Alfa está tão carinhoso comigo hoje? ― Sinto um
sorriso se formar em seus lábios.
― Não se acostume — ele sussurra. ― Só
estou com saudades, só isso. ― Com essa
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declaração, eu quase derreti.


― Acho que devo aproveitar, então —
sussurro e coloco minhas mãos sobre as suas em
minha cintura e ele sorri.
― Quer conhecer a vila de perto? ― ele
pergunta colocando o queixo em meu ombro.
― Adoraria — digo e o Killer late correndo
para descer e eu sorrio.
― Vem. ― Ele pega a minha mão me
conduz lá para baixo.
*****
O dia foi cansativo. Eu, o Diogo e o Killer
andamos pela vila inteira. Eu amei passar o dia com
eles. O Diogo estava tão carinhoso comigo que eu
até me assustava às vezes, mas não nego que gostei,
na verdade ele podia ser assim mais vezes.
O pessoal da Alcateia me recebeu com muito
carinho e com olhar curioso. Alguns até se atreviam
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a perguntar quem eu era, e para a minha total


vergonha o Diogo me puxava contra si e falava que
eu era a Luna. As vezes até pensava que estava
fazendo de propósito, só para me ver com vergonha
ou para deixar claro que eu era dele.
Ele me trouxe para a casa da Ane e disse que
viria amanhã. Estava morta de cansada então fui
dormir.
*****
Hoje acordei cedo. Pois é, em pleno domingo
acordei cedo. Aproveitei para ir correr e vim parar
no meu antigo lar na casa dos meus irmãos.
Eu estava na cozinha comendo um sanduíche
natural, o Nathan estava fazendo alguma coisa no
notebook lá na sala, e o Jeff ainda dormia. A
campainha toca e eu levo um susto.
― SOFIA, ATENDE A PORTA PRA MIM.
TÔ MEIO OCUPADO AQUI — diz o Nathan.
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Eu tomo um gole do suco e vou atender a


porta. Quando a abro fico sem reação.
― Filha... — dizem os dois em conjunto com
um sorriso no rosto e sem permissão começam a
descer lágrimas.
― Mãe... Pai... ― Eu me atiro em seus
braços e eles me apertam.
― Estamos de volta.

Capítulo 29
Sofia

― Ai, minha filha, você cresceu tanto — diz


minha mãe empurrando meu pai e me esmagando

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em seus braços.
― Mãe... ― Eu estava sufocada.
― Giovanna, solta a menina — fala meu pai.
Ela me solta e então ele me abraça. ― Você
realmente cresceu. ― Ele passa a mão em meus
cabelos e limpa as minhas lágrimas.
― Sofia, quem é... ― O Nathan aparece atrás
de mim e minha mãe vai ao encontro dele e o
abraça.
― Filho. ― Ela o aperta.
― Vocês... estão aqui — ele diz sem
acreditar.
― Você nos ligou — diz meu pai revirando.
― Eu disse que não iria voltar antes de... ― Ele me
olha. ― Você sabe, Jonathan.
― Eu já sei de tudo, pai. ― Saio dos braços
dele e ele me olha assustado.

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― Sabe? ― ele diz e olha para o Nathan. ―


Eu disse para não falar nada para ela.
― Claro, apagar minha memória é mais fácil
— digo antes do Nathan começar. E meu pai e
minha mãe me olham com cara de quem fez merda
e quer consertar. ― Não brigue com o Nathan, ele
cumpriu o que o senhor disse a ele. Ele não me
disse nada. Eu descobri sozinha — digo respirando
fundo.
― Filha, nós podemos nos explicar — minha
mãe diz, desesperada.
― Você tem que entender que foi para o seu
bem — meu pai diz.
― Eu entendo... — digo, tentando não
chorar. ― Mas...vocês sabem o quanto eu e o Jeff
ou até mesmo o Nathan sentiu a falta de vocês? ―
falho completamente ao não tentar chorar. As
lágrimas já rolavam desesperadamente. ― Quando

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eu queria um abraço maternal ou desabafar... Onde


estava a minha mãe? Quando eu precisava de uma
bronca ou um conselho do meu herói... Onde estava
meu pai?... Vocês têm noção de quanto eu sofri?
Meu Deus... ― Passo a mão na cabeça. ― Sete...
Sete anos me perguntando onde meus pais se
meteram, onde eles estavam na hora que eu mais
precisava. ― Meu pai me olhava sem reação,
minha mãe estava em prantos, como eu. ― Nos
natais que se passaram eu tinha ciúmes de outras
famílias, mesmo a nossa família não sendo
normal... Mas as outras estavam completas... eu
senti tanta falta das loucuras de vocês... a nossa
casa era tão alegre e do nada não tínhamos mais
uma casa fixa e a alegria que tínhamos se esvaiu e
vocês sumiram. ― Limpo as lágrimas. O Jeff sai do
quarto e fica perto do Nathan, olhando sem reação
para os nossos pais. ― O Jonathan e o Jefferson
fingiam que nada tinha acontecido, como se vocês
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nunca tivessem existido... Mas eu... eu não tinha


essa força.
― Filha... ― Meu pai tenta se aproximar e eu
dou um passo para trás.
― DROGA, EU ESTOU COM MUITA
RAIVA! — grito desesperada. ― Eu estou muito
decepcionada com vocês... Por que tinham que tirar
minha memória? Por que não se despediram
quando foram embora? ― Limpo mais uma vez as
lágrimas. ― Eu juro que não queria que o nosso
reencontro fosse assim. Mas... mas eu precisava
falar tudo que estava engasgado....― digo e sem
mais forças, com as pernas tremendo, caio no chão.
Minha mãe corre até mim e me abraça forte, como
se quisesse me proteger de algo.
― Nos perdoe, filha — ela diz em meio ao
choro. E eu não conseguia dizer uma palavra. ―
Precisamos conversar com calma...Você vai nos

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entender quando souber de tudo com detalhes, só se


acalme, por favor. Meu coração fica em pedaços
em ver você assim. ― Passo meus braços em volta
da sua cintura e choro que nem uma criança. Eu
sentia tanta falta dela...
Meu pai se abaixa, nos abraça e logo o
Nathan e o Jeff também.
― Amamos vocês, seus pirralhos — meu pai
disse. ― Nesses últimos anos foi muito difícil para
nós também.
*****
Eu estava sentada no sofá tomando água e
todos estavam quietos. O Jeff estava sentado no
chão, o Jonathan do meu lado e minha mãe e meu
pai no outro sofá.
― Tudo bem — minha mãe tem a iniciativa.
― Vocês podem nos escutar agora? ― Ela nos olha
e todos concordam com a cabeça.
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― Em primeiro lugar, para deixar bem claro,


eu e sua mãe concordamos em tirar suas memórias
com muita dificuldade, nenhum de nós queria fazer
isso — meu pai disse.
― Querida...Você disse que não nos
despedimos de vocês. Isso não é verdade. Nós nos
despedimos sim, mas apagamos as lembranças. ―
Minha mãe suspira. ― Antes de apagar a sua
memória, você sabia da profecia, contamos para
você que nós iríamos atrás do oráculo e você e o
Jeff se rebelaram contra nós. Disse que se fôssemos
embora vocês iriam atrás de nós.
― O quê? ― diz o Jonathan. ― Eu não sabia
disso.
― Claro que não sabia. Apagamos uma parte
da sua memória também — diz meu pai e a cara
que o Nathan fez foi engraçada. Se não fosse o
momento eu teria rido.

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― Não queríamos correr o risco de você ou o


Jeff irem atrás de nós — a mãe diz. ― Então,
apagamos suas memórias... Meus filhos... Não sei
se serão capazes de nos perdoar... Mesmo assim
peço perdão.
O Jeff os abraça e o Jonathan também, eles
me olham e eu suspiro.
― Por mais que esteja magoada... Fiquei
meio aliviada em saber que o Jonathan foi
enganado também... ― Ele revira os olhos e o Jeff
ri. ― Amo vocês.
Jogo-me em cima deles e eles riem.
― A família maluca está de volta — meu pai
diz divertido e todos riem. ― Mas...― saímos de
cima deles. ― Ainda precisamos encontrar o
companheiro da Sofia.
O Jonathan me encara.
― Não vai falar para eles? ― ele pergunta.
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― O quê? ― meu pai diz, curioso.


― Encontrei o meu companheiro — digo.
Meu pai se engasga e minha mãe ri.
― O seu plano falhou, querido — minha mãe
diz rindo.
― Que plano? ― pergunto curiosa.
― Ele planejava encontrá-lo primeiro para
dar uma prensa, por estar roubando sua princesa —
minha mãe diz e eu rio.
― Aliás... ― Encaro minha mãe. ― O que
tinha no colar que me deu?
Ela franze a testa.
― Você não achou o seu companheiro com
ele? ― ela pergunta.
― Como assim? ― digo, sem entender.
― O colar é como se fosse um rastreador. O
colar impedia de você ou seu próprio companheiro

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sentir seu cheiro, mas se você chegasse perto dele o


calar ia mudar de cor, indicando que a pessoa é o
seu companheiro — minha mãe diz.
― Por isso queimava — penso alto demais.
― O QUÊ? EU NÃO ACREDITO! — o Jeff
pira. Droga, ele lembrou quando arranquei a roupa
porque o colar queimava, o Diogo estava na nossa
frente. ― Ele? ― ele pergunta, se referindo ao
idiota bipolar.
― Amorzinho, abaixa a bola — digo,
puxando-o para o canto. ― Se você contar alguma
coisa para o pai ou para a mãe, eu te capo, pirralho.
― Ele engole em seco. ― Vou contar para eles
amanhã. Então, fica com o bico fechado.

Capítulo 30

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Sofia

― O que estão cochichando? ― pergunta


minha mãe.
― Você sabe quem é o companheiro da
Sofia, Jefferson? ― meu pai pergunta. Ele estava
quieto até então.
― É... ― O Jeff me olha. ― Não, não sei
não. ― Sorrio e meu pai bufa.
― Você não vai nos dizer quem ele é, filha?
― minha mãe pergunta.
― Vou, mas hoje não. Vou deixar para
amanhã — digo.
― Isso deixa seu pai louco — ele diz todo
dramático.
Sento-me ao lado dele e o abraço.
― Relaxa pai — digo e ele revira os olhos.
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― Relaxa pai... ― Ele me imita. ― Fácil


dizer, né?
Todos riem.
― Sabia que o Jonathan é o beta de alma de
um Alfa — digo e eles olham para o Nathan.
― Sério, filho? ― minha mãe pergunta.
― Sim. Além disso, ele é meu chefe — ele
diz.
― O Alfa de Nova York — meu pai diz,
pensativo. ― O Supremo? ― E se levanta,
assustado.
― O próprio — diz o Nathan.
― Conhece ele, pai? ― pergunto curiosa.
― Não. Na verdade, não. Mas conheço sua
fama. ― Levanto uma sobrancelha. ― Dizem que
ele é bem poderoso, exigente, assustador...
― Idiota, bipolar — digo sem querer e ele

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me olha. ― Ele é irritante, pai.


― Parece que não se dá bem com ele —
minha mãe diz com um sorriso de lado.
― É, temos nossas diferenças — digo e me
levanto. ― Bom, tenho que ir agora.
― Vai para onde? ― pergunta meu pai.
― Ela não mora aqui, pai — diz o Jeff.
― Quê? ― dizem minha mãe e meu pai,
juntos e assustados.
― Moro com a Diane, a irmã do Supremo —
digo e eles fazem cara de não entender nada. ―
Longa história, o Jonathan fala para vocês. ― Dou
um beijo e um abraço nos dois.
― Filha, sério mesmo que além de não dizer
quem é o seu companheiro, você não vai ficar aqui?
― pergunta a minha mãe.
― Eu vou pensar. Posso vir aqui mais tarde

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para falar para vocês quem ele é... Posso até trazer
ele. ― Meu pai fica tenso e minha mãe ri. ― Mas
tenho que falar com ele ainda.
― Tudo bem — meu pai diz, firme.
― Até mais tarde, então. ― Minha mãe me
dá vários beijos. Eu nem confirmei que vinha e eles
já estavam contando com isso.
― Tchau — digo e saio em direção ao
apartamento da Ane.
*****
Abro a porta do apartamento e entro. Olho
para a sala e vejo a TV ligada. Vou até lá, olho no
sofá e vejo um ser esparramado
― Onde a senhorita estava? ― ele pergunta
olhando para cima.
― Na casa dos meus irmãos — digo e ele
franze a testa.

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― Você está com uma expressão diferente.


― Ele se senta. ― Parece que chorou, mas está
feliz... O que aconteceu?
Suspiro.
― Meus pais apareceram — digo e ele se
assusta.
― Jura? ― Faço que sim e sorrio. Ele me
puxa, me fazendo rodear o sofá e sentar-me ao seu
lado. ― Como foi?
― No início pensei que ia surtar, mas estou
feliz — digo firme e ele sorri.
― Que bom.
Suspiro ao ver que ele estava preocupado.
― Até quando vai ficar assim? ― Ele franze
a testa. ― Todo fofo e preocupado...
― Ah, então eu não posso ser fofo às vezes?
― ele me interrompe. ― Preocupado eu sou

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sempre, ainda mais se o assunto é você.


― O problema é que você está fofo desde
ontem. O que me assusta, porque você não é assim.
Ele chega perto do meu ouvido e sussurra,
me fazendo arrepiar:
― Eu disse a você que eu tenho vários lados,
este é um deles. ― Ele me olha nos olhos e sorri.
Ele se aproxima, roça seus lábios nos meus e
eu sorrio.
― A Ane pode chegar a qualquer momento
— digo baixinho.
― Tô nem aí — ele fala, despreocupado. ―
Não devemos nada a ela, de qualquer forma temos
que contar.
― Falando nisso. ― Eu me afasto e ele
rosna, me puxa de novo. ― Meus pais querem te
conhecer.

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― Você disse a eles? — Ele se assusta.


― Disse que encontrei o meu companheiro,
mas não disse quem é. ― Ele suspira aliviado. ―
Mas eles estão doidos para conhecer você ainda
hoje.
― Tem que ser hoje? ― Ele faz careta.
― Tem — digo passando meus braços em
volta do seu pescoço.
― Tudo bem — ele diz derrotado e me dá
um selinho.
― Não se assuste ao vê-los.
Ele franze a testa.
― Por quê?
Brinco com seu cabelo.
― Eles não são pais normais, entende? Tanto
psicologicamente como aparentemente — digo. —
Meu pai tem um estilo um tanto diferente, a minha

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mãe ela tem um estilo mais da paz. Só que as vezes


é mais louca do que meu pai. Ela me disse que
quando conheceu meu pai ele já tinha várias
tatuagens, ele fez mais depois que tiveram a gente,
seu corpo todo "praticamente" é coberto por
tatuagens.
― Eu tenho um cachorro que vira humano e
lobo, acho que posso lidar com seus pais. ― Sorrio
e do nada ele me beija.
― Não... me pega... desprevenida assim... ―
digo entre o beijo e ele ri.
― Desculpa. ― Ele me olha. ― Seu sorriso
me alucina. Não tive controle. ― Dei um selinho
nele. ― Eu preciso ir à empresa agora.
― Em pleno domingo?
Ele suspira.
― Sim. Eu ia deixar para a noite, mas, como
vou conhecer meus sogros, tenho que ir agora.
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Sorrio ao ouvir "meus sogros".


― Está bom... ― digo e ele me beija de novo
e eu rio. ― Você... não tem que ir?
― Sim... ― Ele continua me beijando. ― Só
mais um pouco. ― Ele me puxa para o seu colo.
O beijo foi se intensificando a cada segundo.
Minha mão passeava em seu cabelo. Quando vi que
a coisa estava saindo fora de controle saí de cima
dele em uma velocidade incomum e nós dois
olhamos um para o outro, ofegantes.
― Acho melhor ir logo. ― Meu peito descia
e subia rápido.
― Também acho. ― Ele respira fundo e se
levanta. Ele vai para a porta, mas volta em sua
velocidade sobrenatural, me beija mais uma vez,
me encara e diz: ― Até mais tarde.
Sem dar tempo de dizer nada ele sai e eu caio
no sofá com a mão no peito e com um sorriso bobo.
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― Uau... — digo e fecho os olhos.

Capítulo 31
Sofia

Depois que a Ane chegou, contei tudo que


aconteceu. Dos meus pais terem voltado e tudo o
mais. Ela ficou toda feliz por mim. Disse a ela que
não ia jantar em casa e ela também falou que ia
sair. Meu celular vibra e vejo que era mensagem do
Nathan.
Nathan: A mãe está perguntando que tipo de
comida o seu companheiro gosta.
Eu: Desnecessário. Não quero um jantar
formal, odeio isso. Pede uma pizza e pronto.
Nathan: OK. Vou tentar convencer a dona

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Giovanna.
Vou para o quarto e procuro algo para vestir.
Pego um conjunto, uma blusa cinza e uma saia da
mesma cor. Meu celular vibra de novo, só que
dessa vez era o Diogo.
Diogo: O seu irmão me convidou para jantar
com seus pais.
Para eles conhecerem o "Supremo".
Aparentemente ele não sabe que sou seu cunhado.
Eu: Pois é, acho que vai ser uma surpresa e
tanto hoje. Acho que o Jeff já sabe.
Diogo: Logo ele que não foi com a minha
cara.
Eu: Nada a ver. Ele é ciumento, só isso.
Vocês vão se dar bem.
Diogo: Assim espero. Daqui uma hora te
pego.

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Eu: Tá bom.
A Ane já tinha saído, eu fiquei deitada no
sofá assistindo qualquer coisa até dar o horário.
Fui tomar um banho bem demorado. Saí e
vesti a roupa. Estava arrumando meu cabelo
quando o Diogo enviou uma mensagem dizendo
que estava me esperando lá embaixo. Terminei
rápido e desci.
Ele estava encostado no carro, com uma
camiseta da cor vinho e uma calça preta. Chego
mais perto dele e ele me puxa para um beijo.
― Você está linda — ele sussurra e eu sorrio.
― Você não está nada mal também.
Ele me dá um selinho e abre a porta do carro.
Entramos e fomos para a casa dos meus irmãos.
― Tem certeza que não podemos deixar para
outro dia? ― ele me pergunta já em frente da porta
do apartamento.
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― Vai dar para trás agora? ― Encaro-o com


um sorriso divertido.
― Não. ― Ele suspira e toca a campainha.
O Jeff abre a porta. Ele estava com uma calça
jeans e uma camiseta branca. Ele encara o Diogo
sem expressão alguma.
― Boa-noite, Diogo ― digo dando uma
cotovelada na barriga do Jeff.
― Boa-noite... Diogo — ele repete tossindo e
o Diogo me olha tentando não rir do que eu fiz. ―
Entrem.
O Jeff dá espaço e nós entramos. Fomos até a
sala e minha mãe estava com um vestido longo
preto e branco, sentada no sofá, conversando com a
Diane.
― DIANE? ― dizemos eu o Diogo juntos.
A Diane nos olha com um sorriso sem jeito.
Ela estava com uma calça jeans e uma blusa preta.
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― Filha. ― Minha mãe se levanta. ― A sua


amiga é muito simpática — ela diz e olha para o
Diogo.
― Mãe, esse é o Diogo — digo. ― Diogo,
essa é minha mãe, Giovanna.
― Ah claro, você é o Supremo, irmão da
Diane — ela diz sorridente. Eu pensei que ela já ia
deduzir que ele é o meu companheiro, mas não.
O Diogo me olha e depois comprimento a
minha mãe.
― É um prazer conhecê-la — ele diz e olha
para Diane. ― O que está fazendo aqui?
― Já que a Sofia ia trazer seu companheiro
para nos conhecer eu fiquei sabendo que o Jeff
tinha uma companheira também. Então, pedi para
ele chamá-la também — minha mãe diz e eu olho
assustada para o Jeff. O Diogo estava sem reação
do meu lado.
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― Então... O companheiro misterioso é o


meu irmão? ― pergunto encarando a Ane.
― Sim. ― Ela sorri sem graça. ― E você
não me disse nada sobre ter encontrado o seu — ela
diz, chateada.
― Você sabia disso? ― o Diogo me
pergunta.
― Em minha defesa, ela pediu para não
contar. ― Sorrio sem jeito.
― Depois teremos uma conversa, senhor
Jefferson — diz o Diogo para o meu irmão, que
agora engoliu em seco. O que me deu vontade de
rir, agora há pouco ele estava dando uma de durão.
― Cadê seu companheiro, Sofia? ―
pergunta a minha mãe com expectativa, o Diogo
me encara e ri discreto.
― Cadê o Papai e o Nathan? ― mudo de
assunto e me sento no sofá.
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― Estão falando de mim? ― pergunta meu


pai entrando na sala e a reação do Diogo foi a
melhor quando o olhou.
Meu pai estava com uma calça jeans e uma
camiseta regata que tem touca atrás e usava óculos.
Logo atrás estava o Nathan com uma calça preta e
uma camiseta da mesma cor.
― Diogo. ― O Jonathan se aproxima,
cumprimentando-o. ― Pai, esse é o Diogo, o
Supremo.
― Diogo? ― Meu pai o olha, assustado. ―
Diogo Norato?
― Norato? ― pergunto sem entender.
― Como sabe meu sobrenome materno? ― o
Diogo pergunta se levantando.
― Eu sabia. ― Meu pai puxa a mão dele e o
abraça. Eu olho para minha mãe e ela não estava
entendendo também. ― Eu conheci seus pais. ―
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Eles se separam. ― Alexander e Gabriele, eles


foram da minha Alcateia na França. Conheci você
quando era bem pequeno, com certeza você não se
lembra. Mas você tem o mesmo cheiro daquele
garotinho.
― Caramba, eu não esperava por isso — diz
o Diogo.
― Eu não esperava por muita coisa — penso
alto.
― Então, você é o tão destemido Supremo.
― Meu pai sorri. ― O garotinho cresceu. ― Meu
pai me olha. ― Já deve conhecer a minha filha. Ela
disse que vocês não se dão bem.
― Nem um pouco — diz o Diogo com um
sorriso de lado. Safado.
― Então filha, cadê o seu companheiro? ―
pergunta meu pai e todos me encaram.
O Jeff, que já sabia de tudo começa a rir,
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mais ninguém dá atenção. Jogo minha cabeça para


trás apoiando no sofá.
― E eu pensando que iria surpreender todos,
mas já me surpreenderam demais — digo jogando a
mão para o alto. ― Ane é companheira do Jeff e
meu pai já conhecia o Diogo. ― Levanto-me, olho
para todos e vou para perto do Diogo. Seguro o seu
braço. ― Dona Giovanna, Senhor Lorenzo, lhes
apresento o meu companheiro, Diogo Adam.
O Jeff começa a rir freneticamente, minha
mãe e a Ane dão um pulo do sofá, meu pai se
engasga e o Nathan sorri que nem um idiota.

Capítulo 32
Sofia

― O QUÊ? ― Ane é a primeira a reagir. ―


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Meu paizinho, você está de brincadeira né, Sofia?


Só pode. ― Ela estava brava? ― Eu não acredito
que você não me contou nada. Eu já estava ficando
doida de tanto pensar em como ia juntar vocês dois
e... e vocês já estavam juntos.
A minha mãe sorri e vem até mim. Dá um
beijo na minha testa e me empurra. Quanta
delicadeza. Ela abraça o Diogo.
― Acho melhor você cuidar muito bem da
minha filha, senão eu te mato — ela dizia tão
naturalmente com um sorriso maravilhoso nos
lábios. A Ane estava assustada, mas o Diogo nem
tanto.
Ela o solta e o Jonathan bate na mão dele
como um toque.
― Não tem como eu ficar mais feliz. ― Meu
irmão me olha. ― Cuida dela, cara. Ela é a nossa
princesa.

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― Falando assim, parece que até sou frágil


— resmungo e reviro os olhos.
O Jeff apoia seu corpo nas minhas costas e
olha para o Diogo.
― A Sofia não é nem um pouco frágil, mas
espero que cuide dela.
O Diogo vem até nós e aperta a mão do Jeff.
― Claro que cuidarei dela. ― O Diogo sorri
e meu irmão faz uma careta.
Pego na mão do Diogo e o faço soltar. Olho
para o meu pai, que até agora não falou nada.
― Pai? ― Ele me olha com um olhar
perdido. ― Pai, o senhor não vai dizer nada?
― Caramba. ― Ele passa a mão no cabelo
grisalho. ― Por essa eu não esperava. ― Ele olha
para o Diogo. ― Fico feliz em saber que seja você,
mas não é porque conheci seus pais que eu vou
pegar leve — meu pai diz, sério.
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― Tudo bem — o Diogo diz, calmo.


― Agora vamos comer para comemorar —
minha mãe diz toda feliz. ― A Sofia não me
deixou fazer um jantar especial. ― Ela revira os
olhos. ― Mas eu fiz a pizza.
Eu sabia. Ela não ia comprar e sim fazer. Ela
não gosta de comprar comida pronta, é como uma
lei para ela. Ela só come o que faz.
Fomos para a cozinha, dividimos a pizza e
comemos. A pizza, como esperado, estava ótima.
Estávamos sentados no sofá, conversando
como pessoas civilizadas.
― Então, Diogo... — meu pai começa e eu já
fico tensa. ― Eu queria que entendesse algo. ―
Meu pai faz uma pausa e eu já esperava que
acabasse com toda a civilidade. ― Você pode ser o
Supremo Alfa, pode ser o meu Alfa, o meu líder,
mas acima de tudo você é o companheiro da minha
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filha. ― Meu pai sorri. ― Espero que cuide da


minha filha, pois se algo acontecer a ela... eu não
vou pensar duas vezes antes de te esquartejar — ele
diz, sem tirar o sorriso do rosto.
― Não vou deixar nada acontecer a ela —
Diogo diz, sorrindo também.
― Parecem dois demônios sorrindo — a Ane
sussurra em meu ouvido eu me seguro para não rir.
― Acho que já sabe sobre a profecia — meu
pai diz sério e o Diogo confirma. ― Não me
importa os poderes que possui... ou que irá possuir.
A única coisa com que me importo é a segurança
da Sofia. Ela vem sendo atacada há anos, por causa
da profecia. Eles não querem que se cumpra. E eu
não quero que ela...― ele aponta para mim sem me
olhar ― ...se machuque. Precisamos descobrir o
máximo de informações possível.
― Eu concordo — diz o Diogo. ― Aliás,

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poderíamos começar a investigar logo. Quanto mais


rápido eu descobrir quem está por trás disso, terei
mais tempo de matar o responsável de várias
formas inimagináveis — o Diogo fala, com uma
convicção assustadora.
― Gostei de você. ― Meu pai sorri. ― Acho
que poderemos ser bons amigos. ― O sorriso
daqueles dois é assustador.
― Tenho medo dessa amizade — digo e eles
me olham. ― Mal se conhecem e quando um olha
para o outro e sorri, parecem dois diabinhos
tramando algo.
Todos riem.
― Se já estão assim sem ter amizade,
imagina quando tiverem — minha mãe diz.
Olho a hora e me assusto. Dou um pulo do
sofá.
― Eu tenho que ir, já está muito tarde e
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amanhã eu preciso trabalhar — digo e a Ane e o


Diogo se se levantam.
― Está trabalhando? ― minha mãe pergunta,
assustada.
― Em uma cafeteria em frente à empresa do
Diogo — diz o Nathan.
― Então, vamos — diz o Diogo.
Eles se despedem de todos, como eu.
Descemos, entramos no carro e vamos para o
apartamento da Ane. O Diogo para, a Ane enfia a
cabeça para a frente e dá um beijo na bochecha do
Diogo.
― Boa-noite, chato — ela diz e sai do carro.
Ele me olha e eu levanto uma sobrancelha.
― Até que não foi ruim — ele diz e sorri. ―
Gostei muito da sua família.
― Parece que você e meu pai vão se dar

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bem. ― Sorri. Ele chega mais perto de mim, passa


a mão em meu rosto e eu fecho os olhos. ― Me diz
que não vamos ser um daqueles casais fofinhos e
melosos.
Ele ri.
― Qual o problema de ser fofinho às vezes?
― Já sentia sua respiração próxima à minha. ―
Uma coisa te garanto.... ― Abro os olhos. ― Nossa
relação não vai ser nem um pouco normal.
― Não gosto de normalidade — digo e ele
sorri.
― Nisso a gente combina. ― Ele quebra o
espaço entre nós e me beija. Um beijo voraz e
desejoso, ele coloca a mão em minha cabeça e seus
dedos entram nos fios do meu cabelo, ele puxa de
leve e escapa um gemido da minha boca. Ele se
afasta rápido de mim. ― Acho melhor você entrar
— ele diz. Sua voz era diferente, ele voltou a ser

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grosso.
O que é, bipolaridade? Eu falo para você o
que é, Diogo Adams.
― Boa-noite, idiota bipolar. ― Abro a porta
e antes de sair ele me puxa para dentro novamente.
― Olha, não sou de pedir desculpas... Mas...
― Ele tira uma mecha do cabelo que estava em
meu rosto. ― Desculpa. É que... eu não quero me
descontrolar com você. Não agora.
― Tudo bem — digo seca e o babaca sorri.
― Você fica tão linda brava... ― Ele chega
mais perto do meu ouvido e sussurra: ― Fica tão
sexy. ― Seus lábios roçam no lóbulo da minha
orelha, eu me afasto um pouco e fico de frente.
― Esqueceu? ― Chego perto do seu rosto e
minha boca roça na dele. ― Você não quer se
descontrolar comigo. ― Empurro-o. ― Então, não
me provoque ― digo e saio do carro.
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Capítulo 33
Sofia

Eu estava na cafeteria e o movimento está


bom até agora. Não está tão lotado, mas também
não está vazio. Hoje é o meu dia de ficar no balcão.
— Olá, gatinha — diz o Alan debruçado no
balcão.
― Você sumiu — digo e ele sorri.
― Nem tanto. Venho aqui todo dia, mas a
hora que eu venho você não está. ― Ele dá um
sorriso de lado.
― Então, o que vai querer?
Ele suspira.
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― Sua ajuda.
Olho para ele, curiosa.
― Minha ajuda? ― Ele faz que sim. ― Para
quê?
― Então... ― Ele passa a mão na nuca. ―
Eu já perdi as contas de tanto que pedi a Fernanda
em namoro.
― O QUÊ? ― Todos olham para mim,
inclusive a Fernanda. Dou um sorriso sem graça e
volto a atenção para o Alan. ― Desde quando estão
saindo?
― Já faz um tempo. Desde aquela vez da
boate. ― Ele sorri. ― A gente está ficando, mas
não sei se é medo dela, ela não me responde se quer
namorar comigo ou não.
― Você vai levar ela a sério? ― pergunto
séria.
― Claro né, Sofia? — ele diz firme.
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― Tudo bem, eu posso dar uma ajuda. ―


Sorrio e ele também.
― Você é a melhor.
Jogo o cabelo para trás.
― É eu sei — digo convencida. Ele revira os
olhos e ri.
*****
O movimento da cafeteria diminuiu e a
Fernanda estava encostada no balcão, então
aproveitei para dar o bote.
― Fe... ― Ela me olha. ― Por que você não
quer namorar o Alan? ― Ela leva um susto. ― Ele
me contou, ao contrário de você ele foi um bom
amigo.
― Desculpa por não ter te contado.
Ultimamente você nem estava vindo trabalhar —
ela diz, suspirando.

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― Olha só, seja lá qual for o motivo de você


não responder...acho melhor sentar com ele e
conversar. Sei que o Alan é uma boa pessoa e ele
quer ter um relacionamento sério com você — digo
a ela.
― Tudo bem, eu vou falar com ele. Mas
agora temos cliente. ― Um rapaz alto e magro
entra e se senta em uma mesa perto do vidro, a
Fernanda vai atendê-lo.
O sino da porta toca e vejo aquele
brutamontes entrar. Ele vem em minha direção e
fico tensa.
― O que você está fazendo aqui? ― digo e
quase sai um rosnado da minha boca.
― Oi, lobinha. ― Ele chega mais perto e
sorri. ― Sabe, você é o trabalho mais difícil que
recebi para executar.
― Eu vou arrancar a sua cabeça, senhor
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Ceifeiro. ― Cuspo a última palavra.


― Ah, não vai, não. ― Ele olha em direção à
Fernanda. ― Tá vendo aquele cara lá? Ele não vai
pensar duas vezes quando eu disser a ele para matar
a sua querida amiga.
― O que você quer, infeliz? ― Forço minha
mão contra o balcão e tento não colocar muita
força, para não quebrar.
― Hoje eu vim na paz. ― Ele sorri. ― Vim
só te dar um recado... olha como eu estou sendo
bonzinho. ― Eu queria voar em seu pescoço.
― Fala logo — digo com raiva.
― Bom, eu disse que estava sendo bonzinho,
mas o recado não é bom. Quer dizer, para você é
péssimo, mas para mim é ótimo. ― Ele sorri de
novo. ― Garota... ― ele range entre dentes. ― Os
seus dias estão contados. Os seus e os do seu
querido Supremo, dos seus irmãos, da sua cunhada
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e dos seus pais... Pois é, já sabemos que o Alfa da


França está de volta e que, para nossa alegria, está
aqui. Vai dar menos trabalho na hora de executá-
los, vocês todos vão morrer em uma tacada só e
nem você e nem ninguém vai poder fazer nada. ―
Ele ri. ― Até mais, lobinha. ― Ele sai e logo em
seguida o magricelo também.
A Fernanda vem até mim.
― Nossa, que raiva, o cara entra, fica
enrolando e depois.... ― Paro de ouvi-la, tiro o
avental e o boné e coloco em cima do balcão. ―
Onde você vai?
― Eu preciso resolver algo. Desculpa, tenho
que ir. ― Saio da cafeteria e atravesso a rua
correndo. Entro na empresa enorme e vou correndo
até a recepção. ― Quero falar com o Diogo — digo
com pressa. A loira me encara.
― Tem hora marcada?

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Só pode ser brincadeira.


― Não, não tenho hora marcada. Eu só quero
falar com o Diogo — digo, já ficando estressada.
― Senhorita, eu não posso deixá-la subir sem
ter hora marcada. ― Respiro fundo. ― O senhor
Adams só recebe visita se tiver hora marcada,
caso...
Bato no balcão, que faz um barulho alto e
todos nos olham.
― Olha, eu não preciso de hora marcada para
falar com aquele idiota bipolar, só me diz onde é
sala dele — digo, tentando não gritar.
― Moça, todos precisam de hora marcada. Me
desculpe, mas não posso fazer nada. Sorrio e
suspiro fundo.
― Garota, você não vai querer me ver perder
o controle da minha raiva com você. Acho melhor
você me liberar logo para falar com ele — digo
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com mais raiva ainda.


― Eu já disse...
― PORRA! ― grito e bato no balcão de
novo.
― Moça, se acalma. Você pode marcar um
horário para vir falar com ele.
Respiro fundo e fecho os olhos.
― Eu quero falar com ele AGORA! ― Olho
para ela e ela olhava para todos que nos encaravam.
― Moça, eu já disse para se... ― Eu já estava
a ponto de pular nela, mas aí alguém segura meu
braço. ― Senhor Lattanzi ― a loira se assusta e se
levanta.
Olho para trás e vejo o Nathan me olhando
sem entender. Puxo meu braço da sua mão.
― O que está fazendo aqui, Sofia? ― Ele me
encara.

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― O senhor a conhece? ― diz a Loira e eu a


olho.
― Você tem sorte, se ele não chegasse a
tempo, você não teria uma cabeça — digo e ela se
assusta mais uma vez.
― Sofia! — o Nathan me repreende e eu
suspiro.
― Preciso falar com o Diogo.
Ele franze a testa.
― O que aconteceu? ― ele pergunta e eu
olho para a loira que estava vidrada em nós. ―
Vem, vou te levar até a sala dele.
― Mas ela não tem horário marcado... ― diz
a loira e meu irmão a encara.
― Ela não precisa disso. ― Sorrio para a
moça. ― Vem, Sofia.
― Eu disse ― falo olhando para a loira, mas

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sem sair som da boca.

Capítulo 34
Sofia

Subimos uns quatro andares até chegarmos


ao andar que era a sala do Diogo. Fomos até a sala
dele, o Nathan dá duas batidas e abre a porta.
Então, vejo aquele idiota bipolar.
Ele estava com uma camisa branca e um
terno azul por cima, sem gravata. Ele estava com
óculos de grau escrevendo algo. Quando entramos
na sala ele nos olha, tira os óculos e me olha.
― O que está fazendo aqui? ― ele pergunta
e vem até mim.
― Encontrei ela lá embaixo. Se eu não

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estivesse chegado a tempo, a recepcionista estaria


morta — diz o Nathan e o Diogo me olha com um
sorriso de lado.
― Fala sério, né Diogo. ― Reviro os olhos.
― "O senhor Adams só recebe visita se tiver hora
marcada" ― imito a voz da loira.
― A moça só estava fazendo o trabalho dela,
Sofia — ele diz.
― O problema é que eu não tenho tempo
para marcar horário para falar com você — digo
com raiva.
― E você não precisa — ele diz e dá um
sorriso, aquele sorriso me arrepiou toda. O Nathan
tosse.
― Você parecia estar bem nervosa, Sofia. O
que aconteceu? ― pergunta o Nathan. Vamos mais
perto da mesa e nos sentamos na cadeira, o Diogo
também se senta.
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― O Ceifeiro apareceu... Na verdade, não faz


muito tempo que ele saiu da cafeteria. ― Sinto a
respiração do Diogo ficar mais pesada.
― O que ele queria? ― Diogo pergunta,
visivelmente com raiva.
― Me dar um aviso. ― Aperto minha mão.
― Ele disse que nossos dias estão contados. ―
Olho para o Nathan. ― Inclusive, eles já sabem que
o papai e a mãe estão de volta.
O Nathan fica tenso.
― O Ceifeiro, ele está por trás disso tudo?
Desde os ataques que você recebeu na França? ―
pergunta o Nathan.
― Eu imaginava que sim, mas hoje tive a
certeza que não. ― Eles franzem a testa. ― No
meio da conversa ele disse que eu fui o trabalho
mais difícil que ele recebeu para executar.
― Eu já imaginava. ― O Diogo se levanta.
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― O Ceifeiro é um caçador de aluguel, ele não


estaria fazendo isso porque ele quer e sim porque
foi mandado. ― Ele suspira fundo. ― Eu odeio
aquele cara.
― Então, para poder chegar até a pessoa que
é responsável por tudo, temos que tirar a
informação do Ceifeiro — diz o Nathan.
― Mas para isso temos que achar o Ceifeiro
— diz o Diogo e todos ficam em silêncio.
― Já sei. ― Eles me olham. ― Já que temos
que achar o Ceifeiro para achar o chefe dele, por
que não podemos ir à trás de um dos capangas do
Ceifeiro?
― E onde vamos encontrar esse capanga? ―
pergunta o Nathan.
― Nigthclub Fantasy — diz o Diogo e nós
olhamos para ele.
― O que é isso? ― pergunto curiosa.
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― Uma balada fora do normal — ele diz.


― Por que acha que vamos encontrar alguma
coisa lá? ― pergunta o Nathan.
― Porque lá é o lugar certo, com certeza. No
nosso meio a balada é conhecida por ser o lugar
que é frequentado por pessoas sobrenaturais. Na
balada só entra quem estiver fantasiado, ela não é
frequentada só por seres sobrenaturais, os humanos
também vão lá. Rumores dizem que o personagem
que a pessoa vai fantasiado se incorpora nela, assim
facilita para nós. Se algum humano vir algo fora do
normal não vai se importar já que a pessoa está
incorporada à sua fantasia.
― Legal — digo sorridente.
― É bem provável que pelo menos um dos
capachos do Ceifeiro estará lá — diz o Diogo.
― E quando está aberta a balada? ―
pergunta o Nathan.
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― Todas as noites — fala o Diogo. ― Eu


vou lá ainda hoje.
― Eu vou também — digo e ele me encara.
― Eu vi mais de um deles, vou saber quem é mais
do que você. E você terá mais chances comigo do
que sozinho.
― Nisso eu serei obrigado a concordar — diz
o Nathan.
― Tudo bem. ― O Diogo suspira. ― Você
fica e investiga mais a fundo — ele fala para o
Nathan. ― Eu, a Sofia e o Killer vamos a
Nigthclub Fantasy.
― Quem é Killer? ― pergunta o Nathan e
eu sorrio por saber que ele não sabe.
― Outra hora eu te apresento a ele — diz o
Diogo. Ele me olha. ― Arruma uma fantasia para
você.
― Tá ― digo, visivelmente animada. ―
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Bom, eu vou ter que ir, eu saí correndo da cafeteria


e deixei a Fernanda sozinha.
― Quer que eu te acompanhe? ― pergunta o
Nathan.
― Não precisa. ― Vou em direção à porta.
― Prometo não matar ninguém... Quer dizer, vou
tentar.
O Nathan faz careta e o Diogo dá um sorriso
disfarçado.
Desço e vejo todos me encarando. Acho que
nem vou fazer esforço de manter a promessa de não
matar ninguém. Odeio que me encarem.
― É ela, ela que estava gritando querendo
falar com o senhor Adams — escuto sussurros.
― Será que ela é amante dele?
Respiro fundo e saio o mais rápido possível
de lá.

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*****
Pedi para sair mais cedo da cafeteria e fui
procurar alguma fantasia que combinasse comigo.
Fiquei horas e horas procurando algo que me
agradasse, mas as horas gastas em tentar procurar
algo foram recompensadas, pois encontrei o que
queria.
Fui para o apartamento e quando cheguei em
frente dele vi o carro do Diogo estacionado. Entrei
e quando abri a porta vi dois seres jogados no sofá.
― Onde você estava? ― perguntou o Diogo.
Ergo as sacolas.
― Fui comprar a fantasia — digo e vou para
perto deles.
― Oi Sofia — diz o Killer.
― Oi. ― Sorrio e empurro o corpo do Diogo
para trás para eu poder me sentar no sofá. Ele

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estava deitado em um e o Killer em outro. Sentei


bem onde estava o seu abdômen. ― Quais serão
suas fantasias?
― A Diane disse que vai pintar nossos rostos
— diz o Diogo. ― Nem me pergunte o que, nem eu
sei — ele fala como se tivesse lido minha mente.
― Cadê a Ane? ― pergunto.
― Saiu para comprar as tintas — diz o Killer.
― Qual é a sua fantasia? ― ele pergunta curioso.
― Surpresa — digo sorrindo.
A porta se abre.
― Killer, vem você primeiro. ― Ouço a voz
da Diane, o Killer se levanta. ― Oi, amor.
― Oi, anjo — responde o Diogo sem se
levantar.
― Não falei com você, idiota — diz a Ane.
― Oi, Ane. ― Sorrio para ela e ela segura a

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não do Killer.
― Vamos lá. ― Ela o puxa para a cozinha.
Vou para me levantar, mas braços
musculosos me impedem.
― Onde pensa que vai? ― pergunta o Diogo
me prendendo.
― Vou tomar banho — falo como se
estivesse óbvio.
Ele se senta no sofá e puxa meu rosto para
perto do seu. Ele roça seus lábios nos meus e sem
rodeios ele me beija com vontade. Separamos
nossos lábios e então ele me encara com sua testa
colada na minha, ele chega mais perto mais uma
vez e puxa meu lábio inferior.
― Agora pode ir. ― Ele me solta.
― Idiota — sussurro e vou para o quarto.

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Capítulo 35
Sofia

Demorei quase uma hora para me arrumar.


Coloco a mecha azul e a vermelha em meu cabelo e
pronto. Dou mais uma olhada no espelho e sorrio
satisfeita.
― Sofia, você não terminou ainda? ―
pergunta a Ane lá fora sem entrar no quarto.
― Já estou saindo — digo e ela não fala mais
nada.
Olho em cima da cômoda e vejo um lápis,
pego-o e coloco entre meu sutiã. Eu não tinha um
taco, mais tinha um lápis.
Saio do quarto e dou de cara com o Killer
com o rosto pintado de caveira, estava ótimo. O

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Diogo estava com o cabelo todo bagunçado e com a


boca vermelha, como se tivesse tomado sangue. Ele
estava também com lentes de contato cinza e em
volta dos seus olhos estavam desenhadas veias
vermelhas. Lembrei-me da vez em que o vi com
veias pretas saltadas em seu rosto.
― Uau! ― A Ane bate palmas. ― Que
Arlequina mais linda. Ficou ótimo.
― Você fez um bom trabalho também —
digo olhando para o Killer e para o Diogo.
― Bom, se for o caso de chamar o Killer em
voz alta, não chame ele por esse nome — diz o
Diogo. ― Chama ele de...
― Miguel — o Killer completa.
― É isso aí ― o Diogo diz. ― Vamos. ― O
Killer sai na frente, me despeço da Ane e sigo o
Diogo. Entramos no elevador o Killer ficou na
frente, eu e o Diogo atrás. O Diogo me olha, se
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abaixa um pouco e sussurra no meu ouvido: ―


Você está linda.
Olho para ele, levanto uma sobrancelha e
sorrio. O elevador abre e saímos. Fomos para o
carro e já no caminho o Diogo diz:
― Sofia, me ouve bem. ― Ele me olha e
logo depois volta a atenção para a estrada. ― Em
hipótese alguma você pode sair de perto de nós.
Entendeu? ― Suspiro e olho para ele com a
sobrancelha erguida. ― Entendeu?
― Entendi. ― Reviro os olhos.
Depois de um tempo chegamos em um lugar
onde as ruas eram silenciosas e somente o local
onde estava acontecendo a festa era movimentado.
Descemos do carro e eu fico encarando
aquele lugar por um segundo. Estava lotado de
lobos, não só lobos, mas também humanos,
vampiros e bruxos. O cheiro condenava, ali tinha
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todo ser sobrenatural que você pode imaginar.


― Entendeu por que não quero que saia de
perto de nós, né Sofia? ― pergunta o Diogo e eu
confirmo. ― Vamos entrar e, se você reconhecer
alguém, me avisa.
Ele agarra a minha mão, chama o Killer e diz
para ele dar uma volta lá dentro para ver se acha
algo.
Entramos no lugar, o Killer se separa de nós.
Aquilo era a coisa mais indiferente que já pude ver.
O lugar era enorme e tinha um segundo andar, a
pouca luz dificultava identificar quem era quem.
Tinha muita gente ali, estávamos passando entre a
multidão e então algo gelado pega na minha mão e
me puxa, mas meu corpo não vai porque o Diogo
me segurava. Olho e vejo um vampiro.
― Oi lobinha, que tal vir comigo? Vamos
brincar.

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Minhas presas já estavam saindo, mas o


Diogo me puxa para trás dele e fica na minha
frente.
― Então, senhor Drácula, acho melhor não
encostar nela, a não ser que queira morrer de vez.
Ele não podia brigar ali, não agora. Puxo ele
até uma parede que fica longe dos olhos do
vampiro e o encaro.
― Você está doido? A última coisa que
queremos é uma rebelião com os vampiros, não é
mesmo?
― Não exagera — ele diz.
Pego na mão dele, aperto e o faço abaixar a
cabeça até onde eu posso falar.
― Disfarça e olha lá para cima — digo, ele
me olha com a testa franzida e olha lá para cima
disfarçadamente.
― Droga — ele sussurra.
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O líder dos vampiros, Adam Walker. Ele


estava lá em cima, o ser que nunca envelhece, o ser
que pertence a duas raças, ele é um híbrido, metade
vampiro e metade lobo. Mil anos atrás ele era o
Supremo, mas depois de uma guerra que ele
venceu, ele manteve a paz por um tempo entre
lobos e vampiros, mas essa rivalidade é como
instinto, não acaba nunca. Então, ele resolveu ser
somente o rei dos vampiros e dividiu seu poder,
assim nascendo o Supremo. O poder que Adam
dividiu foi mudando a cada geração e agora corre
pelo corpo do Diogo. O Diogo e o Adam estão no
topo da cadeia alimentar, eles estão no mesmo
nível...eu acho.
― O cara tem 1.200 anos e continua com a
aparência impecável — sussurro, o Diogo me olha.
― Entendeu agora? Não cause nenhum
desentendimento com vampiros. Mesmo o Adam
estando na "paz" ele não vai aceitar que um de nós
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mate um deles, principalmente se for você o motivo


da morte.
Ele suspira.
― Eu entendi, patroa — ele fala perto do
meu rosto. ― Como eu não vi que ele estava lá e
você viu?
― Eu estava atenta. ― Ele sorri e sua boca
chega mais perto. ― Di...Diogo...
― Fica quieta — ele sussurra. ― O Adam
está olhando para cá, não quero que ele me veja...
Ele não vai conseguir me identificar. Tem muitos
cheiros aqui.
Olho bem disfarçadamente e o vejo olhando
em nossa direção.
― Como você sabia? ― pergunto, pois, o
Diogo estava de costas, não tinha como ele ver que
o Adam estava nos olhando. Ele dá um sorriso de
lado.
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― Eu estava atento.

Capítulo 36
Sofia

― Você nem mesmo olhou para trás — digo,


ele me encara e chega mais perto.
― Eu o senti encarando — ele sussurra. ―
Entendeu? ― Faço que sim com a cabeça. ―
Vamos beber alguma coisa. — Ele diz com seus
lábios encostando nos meus.
Não respondo nada, mas ele me puxa até o
balcão, pede duas bebidas e eu olho lá para cima, o
Adam olhava para outro lugar, mas parecia bem
atento.

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Estávamos encostados no balcão esperando


as bebidas. Um homem encosta no balcão ao meu
lado.
― Um copo de uísque — ele diz ao barman.
Ele estava de capuz e não dava para ver seu
rosto, mas eu sentia que o conhecia. O homem pega
o copo de uísque e vejo uma cicatriz na mão dele.
Sorrio. Ele passa por nós e sobe para o segundo
andar.
Pego na mão do Diogo e o puxo para ir lá
para cima.
― Onde vai? ― ele pergunta.
― Achei um. Vem. ― Subi correndo e o
Diogo veio atrás. Vi o Killer encostado na parede e
o puxo também. Fomos até um corredor que tinha
várias portas, tinha um sofá do lado de cada porta e
o nosso garoto estava sentado lá com uma garota.
― Ali, ele.
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― Como você sabe que ele é o capacho do


Ceifeiro? ― pergunta o Killer.
― Ele tem uma cicatriz na mão. Eu fiz
aquilo.
O Diogo franze a testa.
― Como vamos interrogá-lo? ― pergunta o
Killer. Olho para ele e sorrio.
― Do jeito mais fácil. ― Saio na frente
deles.
― Sofia... ― o Diogo me chama e eu não
dou a mínima.
Vou para perto do homem, paro do seu lado e
ele me olha. Quando vejo seu rosto tenho a
confirmação que era ele mesmo.
― Uau... ― ele diz me olhando de cima
abaixo. Acho que ele não me reconheceu, melhor
ainda.

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― Você está ocupado? ― dou um sorriso de


canto. Ele olha para a mulher ao seu lado e ela sai
bufando.
― Senta aqui. ― Ele dá um espaço e eu me
sento. No que eu sentei ele coloca sua mão em
minha perna e eu pude ouvir o rosnado do Diogo de
longe. ― Você realmente é muito linda.
― Onde conseguiu a cicatriz? ― pergunto
olhando para sua mão. Ele a tira imediatamente da
minha perna.
― Em uma briga com uns caras aí.
― Entendi... ― Ele dá um sorriso sem graça.
― Tem algum lugar reservado para nós
conversarmos?
― Claro. ― Ele se levanta e abre a porta que
tinha do lado do sofá. ― Entra.
Olho para o começo do corredor e vejo o
Killer tentando acalmar o Diogo. Ele está ficando
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vermelho de raiva.
Sorrio e entro no quarto. Ele fecha a porta e
liga a luz, era um quarto pequeno. Ele chega por
trás e pega na minha cintura.
― Você é rápido — digo e coloco minha
mão em cima da dele.
― Para que perder tempo? ― ele diz todo
animado. Aperto a sua mão. ― Você é forte. ―
Aperto mais e ele cai no chão.
― Desculpa querido, não estou com pressa.
― Sorrio e ele franze a testa.
A porta é quase arrombada, entram o Diogo e
o Killer.
― Di... Di... Diogo ― ele gagueja,
visivelmente assustado.
― Eu vou te matar da maneira mais dolorosa
que possa imaginar ― Diogo diz em um rosnado.

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― Diogo, calma — diz o Killer atrás dele.


― É tão humilhante dizer que a cicatriz que
ganhou foi de uma mulher? ― pergunto,
encarando-o no chão.
― Quê? ― pergunta sem entender. Tiro o
lápis do meu sutiã e sorrio. ― Vo...Vo... Você.
― Eu. ― Dou um sorriso gigante. Puxo uma
cadeira e me sento na frente dele. ― Vou perguntar
umas coisas e você vai me responder. Entendeu?
― Eu não sei de nada. ― Ele engole em
seco.
― Mas eu nem perguntei. ― Faço uma
carinha triste. ― Vou explicar a sua situação. ―
Suspiro e aponto em direção do Killer. ― Ele vai
segurar o Diogo até onde conseguir, se ele se
descontrolar você está morto. ― Ele engole em
seco. ― E eu não sou tão paciente.
― Eu não fiz nada de errado. Eu fiz o que
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você me mandou... eu não fui atrás de você.


― E fez bem... Agora me responde uma
coisa. ― Suspiro. ― Quem te mandou atrás de
mim?
― Ninguém — ele diz relutante. Mostro o
lápis e ele engole em seco.
― Meu lápis está pedindo para perfurar sua
pele. ― Encosto o lápis em seu braço. ― Não vai
falar? ― Começo a forçar, a ponta do lápis já tinha
machucado a sua pele.
― Tá... para... eu falo. ― Tiro o lápis. ― Foi
o Ceifeiro.
― Isso a gente já sabia — fala o Diogo,
nervoso. ― Deixa eu matar esse cara logo. ― O
Killer segura ele.
― Onde está o Ceifeiro? ― Ele não diz nada.
― Eu não quero te machucar, mas vou adorar
cortar sua pele com o lápis, vou fazer questão de
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colocar o meu nome aí.


― Droga, eu não sei — ele diz, nervoso.
― Você sabe sim. ― Mal termino de falar e
o Diogo já o tinha pegado pelo pescoço e erguido.
― Onde ele está? ― o Diogo diz com uma
voz demoníaca assustadora. Olho para o Killer e ele
tinha a mesma expressão que a minha. ― Sabe,
ultimamente não estão me respeitando muito. Acho
que eles esqueceram quem eu sou. Vou fazê-los
lembrar e vai começar por você. ― O Diogo aperta
mais. ― Quem eu sou? ― O homem não diz nada.
Eu nunca vi o Diogo assim. ― QUEM EU SOU?
― Sua voz me fez abaixar a cabeça, ela transmitia
superioridade.
― Su... Su... Supremo... A... Alfa.
O Diogo o joga no chão.
― Onde o Ceifeiro está? Não me faça
perguntar outra vez — diz o Diogo e o homem
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coloca a mão na garganta.


― Ele está em uma casa abandonada perto da
rodovia 334. Tem uma placa toda vermelha, não
tem nada escrito nela, é só entrar à direita e vai dar
direto na casa.
― Você não está mentindo? ― pergunto e
ele olha para o Diogo.
― Não. Ele não está mentindo — o Diogo
diz. ― Agora, vamos brincar. ― O Diogo mostra
suas garras e eu pego em seus braços. Ele me olha.
― Não. Não viemos para matar ninguém —
digo e ele rosna. Ele encara o homem no chão.
― Se você sonhar em encostar na Sofia outra
vez... considere-se morto. ― O cara engole em
seco. ― Vamos.
O Diogo me puxa para fora do quarto.
― Vocês são assustadores quando quererem
— diz o Killer.
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Estávamos descendo as escadas quando uma


voz paralisa todos nós.
― Diogo Adams.

Capítulo 37
Sofia

― Diogo Adams. ― Aquela voz me fez


parar imediatamente, não só eu como o Killer, o
próprio Diogo e todos aqueles que estavam na
boate.
Observei um pouco e vi que não tinha mais
nenhum humano no lugar, eram só os sobrenaturais
agora.
― Adam Walker — diz o Diogo e se vira.

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― Você ia embora e não iria nem me dar um


oi? ― o Adam diz. ― Vem, vamos conversar.
O Adam se vira. O Diogo me olha e suspira,
pega na minha mão e subimos mais uma vez.
Todos voltam a fazer o que estavam fazendo.
Fomos para um canto onde tinha dois sofás,
um de frente para o outro, e uma mesa pequena no
meio. Sentamo-nos em um sofá e o Adam em
outro, o Killer fica de pé do meu lado.
― Você não mudou nada — diz o Diogo e o
Adam sorri de lado.
― Já não posso dizer o mesmo de você. Nem
consegui distinguir seu cheiro. ― Ele me olha. ―
Encontrou sua companheira, meus parabéns.
― Obrigado. ― O Diogo aperta a minha mão
e o Adam sorri. Idiota, ele está diferente hoje, ele
está possessivo. O que há com esse idiota bipolar?
― Diogo. ― Aparece uma mulher magra,
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cabelos compridos, pele clara, olhos verdes, boca


vermelha e cheia de tatuagens. ― O seu cheiro não
está o mesmo, o que aconteceu?
― Querida, você está procurando por meu
cheiro nele, mas não existe nenhum resíduo do meu
cheiro em seu corpo. Em outras palavras.... ― A
mulher corta o Adam.
― Não existe nenhum poder do Adam — ela
diz, surpresa.
― Exato — diz o Adam. ― O poder de
Supremo evoluiu muito, o poder que ele tem agora
não tem nada a ver com o que dei.
― Você está forte — diz a mulher. ―
Caramba, você realmente está muito forte. Você
tem noção que está acima do Adam?
Eu me assusto e encaro o Diego.
― O Adam é imortal, não estou acima dele
— diz o Diogo.
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― Imortalidade não é poder — diz o Adam.


― Querendo ou não, você é o Supremo, não só das
alcateias de lobos e sim do mundo Sobrenatural.
― Fala baixo — diz Diogo, eu estava sem
reação.
― Entendi, ninguém sabe ainda. ― A mulher
ri e se senta do lado do Adam. ― Uma hora ou
outra vão descobrir, Diogo. ― Ela me olha. ― Oi...
― Ela sorri. ― Você é?
― Sofia. ― Dou um sorriso.
Ela estende a mão e me cumprimenta.
― Megan. ― Ela olha para o Diogo. ―
Parabéns, ela é linda.
― É, eu sei.
Fala sério, o que há com ele?
― Vocês estão sob ataques, não é mesmo?
― pergunta o Adam.

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― Você leu a minha mente por acaso? ― o


Diogo o encara e o Adam sorri.
― Não. Sua mente está muito perturbada,
queria ver você fazer o que está pensando agora
com o homem que encostou na sua companheira.
― O Adam ri. Então o Diogo ficou mesmo bravo
com o cara. ― Você é muito cruel quando está com
ciúmes, Diogo. ― O Diogo revira os olhos. ― Eu
fiquei sabendo por rumores. O que está
acontecendo?
― Longa história — diz o Diogo com
preguiça de falar.
― Quando nasci recebi uma profecia...―
Tomo a iniciativa e eles me olham. ― A profecia
dizia que eu ia destrancar um poder jamais visto do
meu companheiro...
― Espera, então você é prometida desse
bipolar desde que nasceu? ― pergunta a Megan e

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eu faço que sim. ― Que crueldade. ― Todos riem,


menos o Diogo.
― Enfim, quando eu fiz dezesseis anos fui
atacada por lobos, por algum motivo quem mandou
me atacar já sabia quem era o meu companheiro,
sem eu saber. Por um tempo pararam os ataques,
depois disso voltaram a atacar de novo, o motivo é
que estão tentando me matar para não se cumprir a
profecia. Eles estão com medo do poder do Diogo,
é por isso que eles não querem que o poder dele
seja liberando.
A Megan e o Adam olham para o Diogo,
assustados.
― Quer dizer que o seu poder não foi
liberado ainda? ― pergunta s Megan.
― Só uma parte dele — diz o Diogo.
― Não acredito — fala o Adam. ― Agora
entendo perfeitamente o porquê de não quererem
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que você tenha o poder liberado. Só com essa parte


que você disse que está liberado você já é Supremo
do mundo Sobrenatural Diogo, e agora vem me
dizer que tem mais?
― Não sai espalhando — diz o Diogo,
bufando.
― Uau! ― a Megan diz, surpresa.
― Se você precisar da nossa ajuda, nós
estamos dispostos a ajudar — diz o Adam. ― Isto
é, se você precisa de alguma ajuda.
― Obrigado, mas não quero envolver
vampiros nesse assunto... Sem ofensas — diz o
Diogo.
― Somos híbridos, Diogo — diz a Megan.
― De qualquer maneira, ainda tem uma parte
vampiresca — o Diogo fala e o Adam sorri.
― Tudo bem. De qualquer forma estamos
aqui para ajudar.
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Conversamos mais um pouco e eu não via a


hora de sair dali para eu falar com o Diogo.
Estávamos indo em direção do carro. O Killer
foi em um beco e voltou ao normal, porque não
aguentava mais a forma humana. Para ele é
cansativa, já que não é sua forma real. Entramos no
carro e eu encaro o Diogo.
― Por que não queria que o Adam te visse
àquela hora? Foi por que sabia que ele ia dizer o
que eu não sabia? Porque eu pensei que vocês eram
inimigos, mas pelo que vi de inimigo não tem nada.
― O Diogo me encarava sem dizer nada. ― Poder
de Supremo evoluído, está acima do Adam na
cadeia alimentar, Supremo do mundo Sobrenatural,
só uma parte do poder liberado. Eu nem sabia que
tinha liberado algo. Tem mais alguma coisa que eu
não saiba, Diogo?
Ele suspira e olha para trás, o Killer estava

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deitado no banco.
― Me lembre de nunca deixar a Sofia com
fome — ele diz ao Killer e ele late. Bato em seu
ombro. ― Tudo bem. Eu não queria que o Adam
nos visse, você ia ficar estressada e curiosa para
saber as coisas que não tem necessidade.
― Não me venha com essa Diogo, eu quero
saber tudo — digo, brava.
― O poder de Supremo evolui conforme o
Alfa, foi o que aconteceu comigo. Eu já era um
beta forte e isso só ajudou na evolução. O resto
depois você vai entender. ― Ia falar, mas ele me
corta. ― Amanhã depois do seu serviço eu vou te
levar lá em casa, lá tem um livro sobre os lobos.
Você vai ler o livro inteiro e então sua curiosidade
vai embora.

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Capítulo 38
Sofia

― Então, você conversou com o Alan? ―


pergunto para Fe, que estava atrás do balcão.
― Sim — ela diz sem me olhar.
― E...
Ela me olha.
― Decidimos tentar. ― Dou um sorriso
enorme. ― Não dê esse sorriso, Sofia. Eu disse que
vamos tentar.
― Eu sei, mas já é caminho andado.
Ela sorri. O sino da porta toca e eu me viro
para ir atender, mas vejo uma figura linda entrando
e sorrio.
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― Filha. ― Ela vem até mim e me abraça


forte.
― Oi, mãe. ― Ela beija a minha bochecha.
― Mãe, essa é a Fernanda. ― aponto para ela. ―
Essa é minha mãe, Fe.
― Oi, é um prazer conhecê-la — diz a Fe e
as duas se cumprimentam.
― O prazer é meu, linda. ― Minha mãe diz e
me olha. ― Você tem um tempo para falar com a
sua mãe?
Olho para a Fernanda.
― Vai lá. Não tem movimento mesmo.
Sorrio. A minha mãe vai para uma mesa.
Pego uma xícara de café e levo para ela.
― Por minha conta — digo e me sento de
frente para ela.
― Obrigada, meu anjo — ela diz. ― O seu

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pai voltou para a França.


― O quê?
Ela dá um sorriso de lado.
― Seu pai ficou muito tempo fora. A alcateia
ficou por conta do beta dele. De qualquer forma ele
tinha que voltar — ela explica.
― Nem veio despedir de mim — resmungo.
― Ele vai voltar daqui uma semana. ― Ela
pega a minha mão. ― Enquanto nada se resolver
ele não vai querer ficar longe de você.
― Entendi — digo e suspiro.
― O que vai fazer hoje à noite? Você podia
jantar comigo, né? O que acha? ― ela pergunta,
animada.
― Não vai dar, mãe. O Diogo disse que vai
me pegar depois do serviço e vai me levar lá na
casa dele. ― Ela dá um sorriso de lado. ― Não

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pense besteira, mãe. Ele só vai me dar um livro


para eu ler.
― Sei, livro, né? ― Ela ri.
― Mãe — repreendo e ela ri mais ainda.
*****
Estava ajudando a Fe fechar a cafeteria. Já
estávamos do lado de fora trancando a última porta.
― BUU!
Eu e a Fe damos um pulo.
― Seu idiota! ― diz a Fernanda com a mão
no coração. Eu me viro e vejo o Alan morrendo de
rir.
― Seu idiota, quer matar a gente de susto? ―
Bato em seu ombro.
― Não pensei que iam se assustar — ele diz
com um sorriso travesso e eu a Fe reviramos os
olhos.

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Vejo o Diogo atravessar a rua e parar do meu


lado.
― Diogo, esses são meus amigos, Fernanda e
Alan — apresento-os. Pego no braço dele. ― Esse
é meu....
― Sou o namorado dela, muito prazer em
conhecê-los — diz o Diogo e a Fernanda e o Alan
me encaram com a boca aberta.
― Eu vou te matar, Diogo — sussurro.
― Depois sou eu que não conto nada né, Srtª.
Sofia? ― diz a Fernanda me encarando.
― Você nos traiu. ― O Alan limpa uma
lágrima não existente.
― Que drama...
― Vamos? ― pergunta o Diogo.
― Tá. ― Despeço-me deles e atravessamos a
rua.

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Entramos no carro e antes dele dar a partida


ele me encara.
― Ia me apresentar como seu amigo? É isso
mesmo? ― ele pergunta.
― Não recebi nenhum pedido de namoro —
justifico e ele intensifica seu olhar sobre mim.
― Quer namorar comigo? ― olho para ele.
― Não — respondo e ele dá um sorriso de
lado.
― É por isso que não fiz nem um pedido. ―
Ele passa a mão no cabelo. ― Não preciso que
você aceite. Querendo ou não, você é minha. Se for
preciso faço um documento afirmando que você é
propriedade minha e prego o documento em sua
testa. ― Ele dá partida no carro.
― Tão possessivo — resmungo. Ele dá uma
olhada de lado para mim.
― Você não viu nada, querida. ― Ele sai
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com o carro e eu encosto a cabeça no vidro.


Dou uma olhada de canto para ele e suspiro.
Se ele me falasse isso há algum tempo eu iria ficar
roxa de tanta vergonha, mas agora me sinto à
vontade com sua presença e com suas palavras. Eu
realmente estou apaixonada por ele. Fala sério, com
tantos lobos no mundo eu tinha que ser prometida a
um Supremo do mundo Sobrenatural? Isso é
loucura.
Depois de um tempo chegamos na casa do
Diogo. Ele subiu as escadas e eu fiquei sentada no
sofá da sala. O Killer apareceu se esfregando na
minha perna que nem gato. Fasso carinho nele e ele
se deita nos meus pés. O Diogo volta com um livro
na mão, o livro é enorme e grosso, eu até desânimo
de ver aquilo. Ele olha para o meu pé.
― Que cachorro folgado — ele diz e eu
sorrio. Ele me entrega o livro. ― Esse livro foi

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escrito pelo primeiro Supremo e foi passado para


todos os Supremos. Ele não pode sair daqui de
casa, então você vai ter que vir aqui para ler.
― Tenho que ler tudo? ― Ele me encara.
― Sim. Desde o princípio até o final. ― Ele
sorri. ― Aproveite. Eu estarei no meu escritório.
― Tá ― digo e ele sai.
Cruzo minhas pernas em cima do sofá e
coloco o livro em cima da minha perna. Na capa
estava escrito: The Werewolves. Encaro um pouco a
capa e então abro e começo a ler.

Alcateia
No mundo sobrenatural a "Alcateia"
pertence aos lobos, para os lobos a "Alcateia" é
como uma família.
Cada Alcateia tem um líder que atende

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como "Alfa", cada alcateia tem uma Luna, ela é


como um pilar para a alcateia, não só para a
alcateia, mas também para o Alfa.
O Alfa tem um beta destinado a ele como o
seu braço direito. Quando o Alfa não tem um beta
destinado, ele tem que escolher três dos seus
melhores betas da Alcateia.
Dentro da Alcateia existe a "Matilha", ela é
responsável por trazer alimentos e proteger a
alcateia e o Alfa. Eles são treinados para batalha
caso aconteça alguma.

― Sofia... ― O Diogo tira a minha


concentração. Olho para ele. Ele estava atrás do
sofá. ― Acho melhor você ler no quarto.
― Eu vou dormir aqui? ― assusto-me e ele
sorri.
― Por quê? Está com medo? Não sou lobo
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mau — ele diz.


― Não senti firmeza no que disse — digo e
ele ri.

Capítulo 39
Sofia

― Garanto a você que não vou te atacar...


Não agora — ele diz com um sorriso travesso e eu
reviro os olhos. ― Dorme aqui e amanhã cedo eu te
levo. Pode ser?
― Tá ― digo.
― Você pode dormir no meu quarto, eu
durmo no quarto de hóspedes.
Olho para ele.
― Por que não posso dormir no de hóspedes?
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― pergunto.
― Porque no meu é melhor. Vem, vou te
mostrar — ele diz já indo para as escadas.
Pego o livro e o sigo. Subimos até um
corredor, um tanto grande. Ele abre uma porta e
entramos. Eu fico de boca aberta, para um quarto
de um homem isso aqui está impecável.
― Eu vou ficar no quarto ao lado. Se você
não quiser dormir com suas roupas pode vestir
umas das minhas, está tudo no closet. E se estiver
com fome na cozinha tem comida.
― Está bom ― digo e ele ia saindo. ― Tem
certeza que não tem problema se eu dormir aqui no
seu quarto?
― Se eu disser que sim, você vai deixar eu
dormir com você? ― ele pergunta me encarando.
Idiota.
― Claro que não. Se disser que sim eu troco
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de quarto.
Ele sorri.
― Imaginei. Boa-noite. ― Ele se aproxima,
dá um beijo na minha testa e sai fechando a porta.
Eu me viro com a mão na testa, vou até a
cama e sorrio que nem uma idiota. Deixo o livro
em cima da cama e vou no closet. Era lotado de
ternos e sapatos. Pego uma camisa branca de
manga longa. Tiro minha roupa e a visto, dobro um
pouco a manga. Saio do closet e vou para a cama.
Sento-me, abro o livro mais uma vez e começo a
ler.

Classes dos Lobos


As classes são compostas por Alfas, Betas e
Ômegas.
Ômegas: existem dois tipos de ômegas, tem
aquele que faz parte da Alcateia e que ajuda na
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matilha. E tem o ômega rebelde, é aquele que não


se encaixa em nenhuma alcateia, são denominados
assim por serem lobos solitários. Possuem olhos
azuis quando transformados e duas formas.
Betas: existem dois tipos de betas. Tem o
beta destinado ao Alfa, como seu braço direito. E
tem os betas comuns que são membros da Alcateia
e que fazem parte da matilha. Eles possuem olhos
amarelos quando transformados e duas formas.
Alfas: nesta classe de lobos, existem quatro
tipos de alfas. O Alfa Supremo, O Alfa Comum,
Alfa Genuíno e o Alfa Matador. Todos eles
possuem olhos vermelhos quando transformados....

Eu queria continuar lendo, mas minha barriga


não deixou. Ela pedia por comida.
Peguei uma caneta que tinha na mesinha do
lado da cama e coloquei no livro para eu não me
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perder. Fechei-o e me levantei.


Fui até a porta e abri devagar, enfiei minha
cabeça e olhei dos dois lados para ver se tinha
alguém. Estava tudo limpo então saí do quarto,
desci as escadas e fui para a cozinha. Estava muito
escuro, mas com a minha visão noturna ativa fica
mais fácil de enxergar. Demorou um pouco, mas
consegui achar o interruptor, ligo a luz e vou na
geladeira.
Arrumo um suco de uva e um sanduíche
natural. Coloco no balcão, fico de pé mesmo e
começo a comer.
― Tá acordada ainda?
Quase engasgo com o susto. Olho e vejo o
Diogo apenas com uma calça moletom e sem
camiseta.
― Ah... é... estava... ― Olho para o meu
prato, pois se eu ficar olhando para ele eu não
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consigo falar direito. ― Eu estava com fome, então


vim comer.
Eu não estava vendo, mas sei que ele estava
com um sorriso idiota nos lábios.
― Certo.
Ele passa por mim, abre a geladeira e pega
um copo de água. Quando ele se vira novamente
engasga e eu não consigo conter a risada.
― Que foi, Diogo? ― Paro de rir e o encaro.
Seus olhos estavam vidrados em meu corpo. ―
Você disse que eu podia pegar uma roupa sua,
espero que não se importe.
― Ah... é... ― Ele passa a mão na cabeça e
fecha os olhos. ― Tudo bem. Eu vou dormir. ―
Ele passa por mim mais uma vez e depois se vira
me encarando. ― Não durma muito tarde, você tem
tempo para ler outro dia. Amanhã você tem que
trabalhar.
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― Sim, senhor. ― Sorrio e seu olhar cai em


meus lábios. ― Você não ia dormir?
― Dormir... eu?... ― Eu tentava não rir
daquilo. ― É que eu tenho que dormir. ― Ele sai
todo atrapalhado e eu caio na risada.
― Não é que eu te cause alguma coisa,
senhor Adams — digo a mim mesma rindo.
Termino de comer e volto para o quarto.
Jogo-me na cama e encaro o livro. Estou muito
curiosa. Abro o livro e volto a ler.

Alfa Supremo:
Por si só um Alfa já é poderoso, mas o
Supremo Alfa é o mais poderoso entre os outros
três alfas. O Alfa Supremo é o Alfa dos Alfas.
Todas as alcateias que existem, pertencem a ele.
Um dos motivos dele ser o mais poderoso no
mundo sobrenatural é que possui mais de duas
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formas de transformação. Mas é muito raro existir


um Alfa Supremo que possui mais de duas formas,
no máximo são três.
Alfa Comum:
O Alfa Comum é considerado comum porque
o poder é passado de pai para filho, mas isso não
faz dele um Alfa fraco, ao contrário ele é bem forte.
Ele possui duas formas de transformação.
Alfa Genuíno:
É aquele Alfa que se tornou Alfa pelo caráter
e pela determinação. Muitas das vezes quem se
torna um Alfa Genuíno, era beta ou até mesmo
ômega. A sua força é igual à de um Alfa Comum.
Ele também possui duas formas de transformação.
Alfa Matador:
Esse Alfa não adquiriu seu poder a partir da
família e nem mesmo por sua determinação, ele
adquiriu seu poder matando outro alfa. Por isso o
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nome Alfa Matador. Sua força é pouca coisa menor


do que a de um Alfa Comum ou de um Alfa
Genuíno, mas ainda assim possui duas formas de
transformação.

Meus olhos já não aguentavam ficar abertos,


então fui derrotada pelo cansaço.

Capítulo 40
Sofia

Com relutância consigo me levantar da cama.


Ando que nem um zumbi até o banheiro. Lavo o
rosto e uso a escova de dentes do Diogo. Ah, estou
nem aí, estou mesmo sem a minha!

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Arrumo meu ninho de passarinho e volto para


a cama. Ia arrumar a cama, mas encaro o livro em
cima dela. Suspiro e me sento. Pego o livro e abro
onde parei.

Tipos de Lobos
*Temos dois tipos diferentes de lobos.
1― Lobos Ancestrais:
Os lobos ancestrais são aqueles que
passam de pai para filho. Quando um lobisomem
tem um lobo ancestral dentro de si, é possível
conversar com ele.
2― Lobos Comuns:
Os lobos comuns não são bem comuns
como aparentam. Os lobisomens que possuem os
lobos comuns não têm o privilégio de estabelecer
um diálogo com ele, pois ele não é um ancestral.
Em outras palavras, os lobisomens têm total
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controle sobre si. Esse tipo de lobo é o que mais


existe no mundo sobrenatural.

Alguém entra no quarto, então fecho o livro.


Olho e vejo o Diogo me encarando com a testa
franzida.
― Mal acordou e já está lendo — ele diz
vindo até a cama.
― Tem muitas coisas no livro que eu não
sabia, mas até agora o livro não respondeu à
pergunta que eu quero saber — digo.
― É porque você não chegou nessa parte
ainda.
Olho para ele.
― É por isso que estou lendo, para chegar na
parte que eu quero. ― Sorrio.
― Em quer parte você está? ― ele pergunta

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olhando para o livro.


― Tipos de Lobos — respondo.
― Está perto — ele diz e vai até seu closet.
― Vou te levar para o apartamento, de lá te levo na
cafeteria — ele diz lá de dentro.
Levanto-me, encosto na porta do closet e o
vejo escolhendo a roupa.
― Me responde uma coisa ― digo,
encarando-o.
― Hum? ― ele fala sem me olhar.
― Quando vai atrás do Ceifeiro?
Ele me olha com uma sobrancelha arqueada.
― Para que quer saber? Não tem necessidade
de saber de nada, já que não vai junto.
Uma raiva me toma, vou até ele e o encaro.
― Você não ousaria em me proibir de ir
também — digo com raiva e desafiando-o.

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― Ousaria sim. Na verdade, já decidi — ele


diz com a expressão séria. ― Você não vai.
― Você não manda em mim Diogo. EU
QUERO IR! ― grito de raiva.
― Você está parecendo uma criança mimada.
― Ele revira os olhos. ― Já disse que não. É muito
arriscado.
― Diogo, seu idiota. ― Bato em seu ombro.
― Me deixa ir. ― Eu estava bem perto dele. ― Se
não me deixar ir... ― Ele parece desconfortável,
então sorrio. Pego em seu pescoço e o puxo para
baixo, trazendo seu ouvido até a altura da minha
boca. ― EU VOU DE QUALQUER JEITO! ―
grito e ele se afasta imediatamente.
― SUA LOUCA! ― ele grita com a mão no
ouvido. ― Quer me deixar surdo, Sofia? ― Ele me
encara com raiva e eu tento não rir.
― Não pretendo deixar você surdo, mas
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espero que não tenha ficado, pois já falei que eu


vou — digo, vitoriosa.
― Sofia, não provoque minha ira — ele diz
com os olhos fechados, aparentemente perto de ter
um colapso de raiva. ― Já disse que não.
― E eu já disse que vou, Diogo Norato
Adams — digo séria seu nome inteiro. Ele me olha,
vira um pouco a cabeça e, em um piscar de olhos,
estava segurando meus braços em cima da cabeça
encostada na porta.
― Eu disse para não me provocar — ele
rosna entre dentes. ― Se você não desconfiou
ainda, eu só quero te proteger. E o melhor que você
faz é ficar quieta e me escutar.
A raiva me toma.
― VOCÊ ACHA QUE NÃO SOU CAPAZ
DE CUIDAR DE MIM MESMA? ― Eu estava
com muita raiva.
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― Eu não disse isso — ele diz, sério.


― Desculpa querido, não sou o tipo de
pessoa que escuta e executa ordens.
Ele força o maxilar.
― Qual é o seu problema? ― ele diz se
segurando para não gritar.
― Nasci com defeito — digo e consigo
chutar seus bens preciosos. Ele cai no chão com
dor. ― Não gosto que me prendam.
― Sofia...― ele diz com dificuldade e
levanta sua cabeça devagar em minha direção. Um
olho dele estava amarelo e o outro estava
começando a ficar vermelho. Que porra é essa? ―
Corre!
Sua voz sai demoníaca, mas era uma voz
demoníaca diferente do que eu já ouvi da boca dele,
era completamente diferente. Se existe uma palavra
maior do que demoníaca, era assim que estava a
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voz dele.
Sem pensar duas vezes saio do quarto que
nem louca. Corro o mais rápido que posso, mas a
casa é imensa de grande e nunca chego na saída.
Quando acho a porta da sala, ela estava trancada.
Corro para a cozinha.
― Sofia! — ele grita e minhas pernas até
amolecem de medo.
Eu não conseguia mais correr. Encosto no
balcão para não cair. Ele aparece. Seus olhos
pareciam estar lutando para não ficarem totalmente
vermelhos. O outro olho estava quase ficando
vermelho, faltava pouco.
― Sofia. ― Parece que a voz assustadora
estava sumindo. Ele me olha de cima abaixo. Então
ele fecha o olho e chacoalha sua cabeça. Ele me
olha e seus olhos não estavam mais vermelhos e
nem amarelo, estavam na cor original.

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― Mas o quê? ― Fico sem entender.


― SUA MALUCA, VOCÊ SABE O QUE
FEZ? ― ele grita, me encarando.
― Estava... amarelo... Depois vermelho... e
agora... sumiu? ― eu estava perdida em
pensamentos.
― SOFIA... ― Ele coloca as mãos no balcão,
me prendendo.
― O QUÊ? O que acabou de acontecer aqui?
― Eu me perco em pensamentos mais uma vez.
― Sofia... ― ele diz, tentando manter a
calma.
― Diogo, o que foi isso?
Ele suspira.
― Isso foi culpa sua. ― Arqueio uma
sobrancelha.
― Minha culpa?

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Ele chega mais perto e eu fico quieta.


― Os poderes ainda estão sendo liberados,
então qualquer raiva que eu passo eu fico assim —
ele diz, tenso. ― Você quase morreu hoje, sabia?
― Ele se afasta e passa a mão no cabelo. ― É por
isso que fugi, droga... ― Ele começa a resmungar
baixo. ― É por isso que não queria te encontrar. ―
Eu estava parada encarando-o e tentando achar uma
explicação para o que ele está falando. Ele me olha.
― Eu não quero te machucar.

Capítulo 41
Sofia

― Fugiu de quê? ― pergunto a ele.


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― Sofia...
― Não queria me encontrar? ― Ele ia me
interromper. ― RESPONDE!
Ele suspira.
― Sofia, não me estressa de novo. Eu não
quero te machucar.
― Agora tenho que te tratar como se fosse de
porcelana? ― Reviro os olhos. ― Me responde
logo, Diogo.
― Nós vamos nos atrasar. ― Ele se vira indo
para o quarto.
― MAS QUE DROGA, DIOGO! ― grito
indo atrás dele. Abro a porta do quarto e vou
entrando. ― POR QUE EU TENHO QUE FAZER
TUDO DO SEU JEITO? POR QUE NÃO ME
RESPONDE? DROGA! ― Abro a porta do closet.
― DIOGO, EU TÔ FALANDO Com vo... você. ―
Ele se vira e me olha.
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― E eu estou ouvindo. ― Ele dá um sorriso


de lado, vem até mim e eu dou um passo para trás.
― Tá com medo? ― Ele ri. ― Quando eu estava
prestes a me transformar em um mostro você não
estava com nem um pingo de medo, mas só porque
estou de cueca fica apavorada? Você com certeza
nasceu com defeito. ― Ele chega mais perto.
― Fi... Fica aí. ― Aponto e ele ri. ― Todos
nascemos com defeito... Nesse sentido. ― Ele dá
um sorriso de lado.
― Ah, boa resposta.
Ele volta a dar passos até mim e eu faço sinal
para ele parar.
― Não ouse chegar mais perto seu pervertido
— digo séria e ele ri.
― Não vou fazer nada — ele fala com um
sorriso de lado.
― Então, para aí mesmo. ― Ele não para,
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então saio do closet e fecho a porta. ― IDIOTA!


Ouço sua risada. Pego minha roupa de ontem
e vou para o banheiro. Visto e dou mais uma
arrumada no cabelo.
Saio do banheiro e ele não estava mais no
quarto. Desço e ele já estava me esperando. Fomos
para o carro, ele dá partida e sai.
― Não pense que desisti — digo e ele me
olha rápido.
― Eu sei que não. É por isso que vou te
contar.
Eu me assusto e me viro bruscamente para
ele.
― Tá falando sério? ― Ele não diz nada. ―
Me diz, então: por que estava resmungando aquelas
coisas lá na cozinha hoje mais cedo? Você fugiu
de....
― Você — ele me corta. ― Eu fugi de você.
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― O quê? ― Não estava entendendo.


― Eu não queria te encontrar, pois sabia que
estaria correndo risco de vida perto de mim.
Eu estava sem entender nada do que ele dizia.
― Diogo, como assim? Você sabia que eu
era a sua companheira? ― Ele faz que sim. ― C...
como?
― Nos meus sonhos. ― Ele dá um sorriso de
lado. ― Depois que virei o Supremo, comecei a ter
sonhos com você. Todas as noites, eu via o seu
rosto. Eu não fazia ideia de quem era você, não
sabia se existia, não sabia o seu nome, não sabia
onde você estava. Mas eu sabia que era você que
me completava. ― Ele ri e aperta o volante. ― Até
que um dia vi uma bela moça entrar em uma casa.
Quando ela se virou eu pude ver o mesmo sorriso
que via nos meus sonhos, vi aquele rosto angelical
que atormentava meus pensamentos. Quando vi que

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a mulher linda dos meus sonhos era você, eu... eu


me apavorei. Porque tinha me convencido de que
era coisa da minha cabeça, que aqueles sonhos
eram apenas sonhos. Foi quando fugi... fugi de
você.
― Você me viu quando cheguei aqui? ― Ele
balança a cabeça. ― Foi para onde?
― Califórnia. ― Ele sorri e balança a cabeça.
― A companheira de um amigo meu me falou o
que eu não queria ouvir, mas era tudo verdade.
Então, vi que eu estava só com medo de me
machucar... Quer dizer...― Ele para o carro em
frente do apartamento e me olha. ― De te
machucar, como quase aconteceu hoje.
― Mas não aconteceu — digo, perdida em
seus olhos.
― É melhor se apressar, senão vai chegar
atrasada — ele diz e eu faço que sim.

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Saio do carro e corro para o apartamento.


Entro e vou direto para o banheiro. Tomo um
banho rápido, me enrolo na toalha e procuro
alguma roupa para vestir. Visto uma calça jeans e
uma blusa da Adidas, pego minha bolsa preta e
meus óculos escuros.
Desço e o Diogo estava encostado no carro,
quando ele me olha esboça um sorriso.
― Por que está sorrindo, idiota? ― Eu o
encaro.
― Nada. ― Ele passa a mão no cabelo sem
tirar o sorriso do rosto.
Ele abre a porta para mim e eu entro. O
caminho todo foi silencioso. Ele para em frente à
cafeteria e me olha.
― Entregue. ― Sorrio e antes de abrir a
porta olho para ele.
― Então, eu tenho um rosto angelical?
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Ele sorri sem graça, mas se recupera.


― Isso foi antes de eu te conhecer, querida.
― Ele levanta meu queixo com apenas um dedo e
ri. ― Agora, o angelical virou para a demoníaca.
― Fico séria e ia bater nele, mas ele segura meu
braço. ― Não disse?
― Você é um idiota.
Ele sorri e eu reviro os olhos.
― Acho que vou tomar meu café da manhã
aqui ― ele diz olhando para a cafeteria.
― Eu te sirvo — digo sorrindo e ele me
encara.
― Recuso — ele diz perto do meu rosto. ―
É bem provável que você envenene o meu café.
Sorrio.
― Esperto — digo e ele chega mais perto,
sua boca estava encostando na minha.

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― Não sabe como. ― Seus lábios roçam os


meus.
― Preciso ir. ― Eu me afasto, mas no
mesmo instante ele me puxa e nossos lábios se
colidem.
Começamos um beijo lento e cheio de
sentimentos. Ele me beijava com vontade e desejo.
Tento me afastar, mas ele não deixa.
― Eu... Estou... atrasada — digo entre o
beijo.
― Hum hum... ― A única coisa que ele diz.
Empurro-o com força e ele me encara.
― Eu vou ser despedida se não entrar agora.
Ele sorri.
― Se não foi despedida até agora, não vai
mais... ― Reviro os olhos e ele deposita um beijo
nos meus lábios. ― Eu também estou atrasado, não

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vai dar de descer.


― Tá ― digo, tentando não sorrir que nem
uma boba.
― Você vai lá para casa hoje? ― ele
pergunta, me encarando.
― Se você me levar ― digo.
― Na hora que sair da empresa te pego aqui.
Faço que sim.
― Tchau.

Capítulo 42
Sofia

O meu dia na cafeteria estava sendo bem


tranquilo. A maioria do tempo eu só ficava
imaginado como irei convencer o Diogo a me
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deixar ir com ele atrás do Ceifeiro. Não é teimosia


minha, eu só quero participar do que está
acontecendo, pois tecnicamente eu sou a causa do
problema todo.
Dou um longo suspiro e me debruço no
balcão. O sino da porta toca e dou um pulo ficando
reta e apresentável, mas quando vejo que é o Alan
eu desmorono de novo.
― A animação dessa garota é surpreendente
— diz o Alan para Fe.
― Tem dias que é pior — diz a Fernanda
indo ao encontro dele.
― Eu estou aqui — resmungo e levanto a
mão com se eles não tivessem me notado ainda.
Eles vêm até o balcão e ficam me encarando. ―
Que foi? ― Levanto-me e os encaro.
― Você está muito desanimada, sabe? — a
Fernanda diz com a mão no queixo. ― Você
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precisa se animar. ― Ela e o Alan se entreolham,


era um olhar cúmplice.
― O que vocês estão tramando? ― pergunto,
desconfiada.
― Vamos na World of Dance? ― Alan
pergunta, esperançoso.
― É uma boa ideia. ― Sorrio e eles também.
― Mas já vou avisando que não vou dançar.
― O QUÊ? ― os dois gritam.
― Isso mesmo — digo.
― Por favor — o Alan súplica.
― Por que tenho que dançar? ― Ninguém
me responde. ― Sem motivo, sem dança.
― Não — o Alan diz e suspira. ― Lembra
da última vez que você dançou? ― Confirmo. ―
Desde aquela vez a World estava condenada a ser
fechada. Mas milagrosamente, depois da sua dança,

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começaram a aparecer vários oponentes querendo


competir com você. Isso rendeu muito dinheiro e
não fechamos. Mas ninguém vai querer ir lá se não
for para ver você dançando.
― Você está brincando, não é? ― Eu não
estava acreditando. A Fernanda me olhava como
um cachorrinho pedindo petisco.
― Por favor ― ela suplica.
― Tudo bem — digo e a Fernanda pula no
pescoço do Alan.
― Mais uma coisa — o Alan diz. ― Não
estranhe quando chegar lá. Você conquistou muitos
fãs.
Sorrio. Eu danço desde que era pequena,
aprendi com meus pais. Meus pais sempre foram
doidos e sem juízo, mas sempre tentavam achar
algo que nos alegrasse. Eles me ensinaram a
dançar, ensinaram o Jonathan a atirar desde
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novinho e ensinaram o Jefferson a esquiar.


*****
― Nos vemos mais tarde — diz a Fe e o
Alan acena.
A cafeteria já estava fechada, a Fe e o Alan já
tinham ido embora, e nada do Diogo. Resolvo ir até
a empresa. Atravesso a rua e adentro a enorme
empresa. De longe vi a secretaria arrumando suas
coisas, provavelmente já iria ir embora. Passo por
ela sem falar nada.
― Senhorita, espera...― Eu me viro e ela
para de falar na hora. ― Ah, é você.
― Vai me barrar? ― pergunto sem expressão
alguma.
― Não. Pode subir. ― Ela volta a atenção
para suas coisas e eu faço o meu caminho.
Chego na porta da sala do Diogo dou duas
batidas.
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― Entre. ― Abro a porta e o vejo mexendo


nos papéis. Ele me olha. ― Eu já estava descendo.
― Não queria ficar sozinha lá embaixo —
justifico e ele sorri.
― Vou terminar de arrumar os papéis e nós
já vamos — ele diz voltando a atenção para as
papeladas.
― Diogo...
― Hum?
― O Alan mais a Fernanda me chamaram
para ir à World of Dance. ― Ele me olha. ―
Vamos?
― World of Dance?
Confirmo.
— Frequenta esse lugar?
― Fui lá só uma vez — digo. ― Você
conhece?

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― Lugar de dançarinos... não sou um cara


que dança. Mas já fui lá. ― Ele volta a mexer nos
papéis. ― Se você quer ir, nós vamos.
Sorrio vitoriosa. Não demorou muito e logo o
Diogo terminou de arrumar suas coisas. Ele me
levou no apartamento da Ane e foi para a casa dele.
Ele ia se arrumar e depois vinha me buscar. Ele
deixou bem claro que era para eu pegar minhas
roupas e colocar na mochila, pois de lá da World
nós íamos para sua casa.
Tomei um banho bem demorado, vesti uma
calça jeans de cós alto rasgada, coloquei um
moletom cinza curto, deixei meu cabelo solto e
coloquei um boné preto. Termino de arrumar minha
"minimala" e calço meus tênis.
Pego o celular e a minha mochila. Saio do
quarto e dou de cara com a Diane.
― Que porra é essa, Sofia? ― Ela me olha

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dos pés à cabeça. ― Você está vestida como se


fosse fugir de algo e ainda por cima com mochila.
― Ela arregala os olhos. ― E meu irmão está lá
embaixo. Vocês estão fugindo?
― Imaginação fértil a sua. ― Sorrio. ― A
mochila. ― Mostro para ela. ― É porque vou lá
para o Diogo...
― Me abandonado. ― Ela revira os olhos.
― E a roupa... Sempre me vesti assim —
digo como se fosse óbvio. ― Nós vamos na World.
Por que não vem?
― Vou falar com o Jeff, qualquer coisa nós
aparecemos lá mais tarde — ela diz.
― OK. ― Dou um beijo em sua bochecha e
saio.
Ao chegar lá embaixo vejo o Diogo
encostado no carro. Ele estava muito bonito. Era o
cúmulo do absurdo ele sair assim.
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― Até que enfim, donzela ― ele diz dando


um passo à frente. ― Pensei que ia ter que subir
para te pegar. ― Reviro os olhos.
― Exagerado. Nem demorei tanto assim.
Ele sorri. Chego mais perto dele e passo a
mão em seu cabelo bagunçado tudo.
― Sofia... ― Ele segura minha mão. ― Por
que fez isso?
― Para ver se fica feio ― digo séria e ele ri.
― Só fiquei mais lindo, né? ― ele diz
jogando o cabelo para o lado.
Realmente até com o cabelo bagunçado ele
fica bonito. Como eu queria ter um cabelo desse...
― Não se ache muito, querido ― digo. ―
Quero que fique careca, quem sabe a sua beleza
desce pelo ralo — resmungo e ele ri mais.
― Que menina chata. ― Ele puxa minha

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cintura e eu vou ao encontro de seu peito. ― Acho


que vou desistir de ir para World — ele diz perto
do meu rosto. ― Não quero dividir essa visão com
ninguém.
― Nem vem — digo, séria. ― Preciso ir.
Ele franze a testa.
― Por quê?
Passo meus lábios em sua orelha e sussurro:
— Segredo...

Capítulo 43
Sofia

O Diogo não ficou muito contente, porque eu


não disse qual é o "segredo". Na verdade, é só que
eu vou dançar, não é bem um segredo, mas ele
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nunca me viu dançar... O que me deixa mais


nervosa.
Ele estaciona o carro e eu já pude ver o
movimento que estava. Por que está assim? Da
última vez que vim não estava tão lotada. Suspiro e
desço do carro. Em um piscar de olhos o Diogo está
do meu lado segurando a minha mão.
― Não estou gostando muito disso — ele
resmunga.
― Que foi?
Ele me olha.
― Tem mais algum ser sobrenatural aqui.
Tirando a gente — ele diz e eu fico tensa.
Eu me lembro que foi aqui que conheci o
Ceifeiro. Balanço a cabeça e puxo o Diogo para
dentro da WOD. Quando entramos todos começam
a olhar para nós.
― Oi, Sofia — diz uma moça que passa por
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mim e eu aceno.
Do nada um monte de gente começa a me
cumprimentar.
― Você não disse que veio aqui só uma vez?
― pergunta o Diogo. ― Parece que todo mundo te
conhece.
Não respondo nada, só dou um sorriso. Acho
que era por isso que o Alan disse para eu não
estranhar.
Olho para o palco e vejo que ele está
diferente da última vez. Estava mais amplo e com
várias luzes. Tinha um grupo dançando, eles
dançam muito bem, cada um de um jeito... não
estão sincronizados.
― Oi — dizem duas vozes atrás de nós.
Viramos e eram a Fernanda e o Alan. Eles
nos cumprimentam.
― Ninguém me disse que teria tudo isso de
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pessoas — digo, tensa.


― Então, as coisas melhoraram muito desde
aquele dia — diz o Alan se referindo ao dia em que
dancei.
― Você está tensa, né? ― a Fernanda
pergunta e eu franzi a testa. ― É, você está.
― Garota... ― A Ane e o Jeff aparecem do
nada. A Ane estava respirando rápido, parecia que
tinha corrido. ― Por que não me disse que ia
dançar? Eu teria vindo com vocês.
― Quem vai dançar? ― o Diogo pergunta.
― Ah, você não sabia que ela voltou a dançar
cunhadinho? ― fala o Jeff.
― Para começo de conversa eu nem sabia
que ela sabia dançar — diz o Diogo me encarando
e eu ia falar, mas alguém me interrompe.
― A famosa Sofia Lattanzi.

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Olho para o dono da voz. Era um homem


magro e alto, ele estava com um boné preto, uma
blusa de frio da mesma cor colada, uma calça
marrom e tênis. Tinha dois rapazes do lado dele.
Ele sorri ao ver que tem a minha atenção.
― Talvez — digo.
― Vamos ver se você é tudo o que falam —
ele diz com uma sobrancelha arqueada.
― Se não assistir, não vai saber — digo, ele
sorri e sai e os dois rapazes o acompanham. ―
Quem é ele? ― pergunto olhando para o Alan.
― Igor Gonçalves — diz o Alan. ― Ele é um
dançarino profissional, ele competiu aqui umas três
vezes.
― Quantas vezes ganhou? ― pergunto e ele
passa a mão na nuca.
― Todas.
Eu me assusto.
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― QUÊ? ― todos gritam juntos.


― Mas você consegue ganhar dele — diz o
Alan. ― Você só não ganhou da última vez que
competiu porque foi embora no meio da
competição.
― Pela quarta vez Igor Gonçalves está
competindo... ― A nossa atenção é voltada para o
palco. ― Será que ele vai dar chance para outro
competidor ganhar? Vamos lá, IGOR.
Ele sobe no palco e a multidão começa a
gritar freneticamente. Olho para o Diogo e ele está
sério. Pego em seu braço e ele me olha.
― Tem alguma coisa errada com esse cara ―
ele diz, volta a olhar para ele e eu fico mais tensa
do que já estou. Volto a minha atenção para a
dança.
Se ele dança bem? O cara arregaça. Agora
entendi por que ele falou comigo cheio de si. Ele é
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confiante, sabe que é bom e acha que eu não tenho


chance contra ele. Está muito enganado.
― Que cara ruim ― diz o Jeff.
― Verdade, sou mil vezes você ― diz a
Fernanda.
― Você consegue ganhar dele ― diz o Alan.
― Cai na realidade... ― a Ane diz e todos
olham para ela. ― O cara é ótimo, claro que a Sofia
dança bem... mas ele arrasou.
― DIANE! ― todos gritam com ela.
― Desculpa... ― ela diz sem graça.
― Está tudo bem ― digo e bem na hora o tal
Igor aparece.
― O que achou? ― ele pergunta, todo
convencido.
― Você é bom... ― ele sorri, vitorioso. ―
Mas vou ser melhor. ― Seu sorriso é desmanchado

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e ouço um grito da Ane.


― Veremos — ele diz se aproximando de
mim. O Diogo pega na minha cintura e me puxa
para trás. O Igor dá um sorriso de lado e sai.
― Tenho uma surpresa para vocês...―
Voltamos a atenção para o palco. ― Muitas
pessoas insistiram e por fim conseguimos atender
seus pedidos. Conseguimos trazer a nossa
maravilhosa Lattanzi para este palco de novo...
― Eu vou matar esse cara ― Ouço o Diogo e
esboço um sorriso.
― Ela competirá oficialmente hoje na
WOD... Sei que estão animados...
Todos riem. Eu estava nervosa, muito
nervosa. O Diogo pega na minha mão.
― Nunca te vi dançar, mas sei que dança
muito bem. ― Sorrio. ― Posso pedir uma coisa?
― Faço que sim. ― Não dance para a plateia... ―
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Ele chega perto do meu rosto e seus lábios roçam


nos meus. ― Dança para mim. ― Sorrio e deposito
um beijo em seus lábios.
― Cadê ela? Vem, vamos lá SOFIA
LATTANZI.
Enquanto eu ia até o palco me livrei de
qualquer pensamento que me atrapalhasse. E me
esqueci que supostamente o Diogo estava
desconfiado do Igor e foquei em mostrar que eu
podia ser melhor do que ele.
Antes mesmo de subir no palco o pânico me
tomou, eram muitas pessoas. Suspirei, olhei nos
olhos do Diogo e imaginei só ele ali e então o
pânico foi embora. Fui para o meio do palco e
todos começaram a gritar ao me ver. Uma alegria
me tomou e me soltei.

Capítulo 44
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Sofia

A música para e todos começam a gritar


freneticamente. Sorrio e me curvo. Desço do palco
e vejo o Diogo com o cenho franzido e a boca
aberta. Vou até ele.
― Então? ― pergunto com a mão na cabeça.
― Nossa...― Ele passa a mão no cabelo
fazendo uma leve bagunça. ― Uau... Não sei o que
dizer.
― É, eu sei. Sou foda.
Ele revira os olhos e me puxa para perto dele.
― Convencida. ― Ele ia me beijar, mas
somos interrompidos.
― Você dança muito — diz o Alan.
― Já ganhou, querida — diz a Ane piscando.

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O Diogo me vira de frente para o palco e me


abraça por trás.
― Você dançou melhor do que ele — ele
sussurra no meu ouvido e eu sorrio.
― Uau o que foi isso? ― O homem sobe no
palco e começa. ― Só fui eu ou todos sentiram o
peso na dança da Sofia contra o Igor? ― Todos
gritam e eu olho para o outro lado do palco onde
estava o Igor. Ele me olha com expressão séria e eu
sorrio. Bom, os dois dançaram muito bem, todos na
realidade. Mas aqui só temos um vencedor e acho
que todos já sabem quem é. ― Todos ficam em
silêncio. ― SOFIA LATTANZI. ― Todos me
olham e batem palmas.
Subo no palco e o homem me entrega um
cheque enorme.
― Esta é a nossa musa, Sofia Lattanzi — diz
o homem e eu sorrio sem graça. ― Cadê os

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aplausos?
Todos aplaudem e eu me curvo de novo com
um sorriso no rosto. Desço do palco e sou recebida
com gritos e pulos do meu grupo.
― Eu disse que ia ganhar. ― A Ane me
abraça toda elétrica. Sorrio e olho para o Alan.
― Toma. ― Dou o cheque. Ele se assusta e
ia falar, mas eu interrompo: ― Eu só dancei para
ajudar a WOD.
― Mas isso é seu, Sofia.
― Não mais.
Ele sorri e me abraça.
― Obrigado. O patrão vai ficar muito grato
— ele diz e todos gritam de novo.
O Diogo pega na minha mão e eu sorrio.
Fomos todos para o balcão beber algo. Estávamos
todos conversando e rindo.

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Disse ao Diogo que ia no banheiro e logo


voltava. Fui até um corredor onde havia duas
portas. Banheiro feminino e masculino. No final do
corredor tinha outra porta. Coloquei a mão na
maçaneta para entrar, mas sou puxada até a última
porta do corredor, me jogam e caio no chão. A
porta dava no fundo da boate.
― Sabe, gata... ― olho para o dono da voz,
era o Igor. ― Odeio perder... Ainda mais se for
para uma cachorra que nem você.
― Não acredito que disse isso... ― Levanto-
me do chão. ― Eu aceito me chamar de lobinha,
mas cachorra? ― dou um sorriso de lado. — A
minha paciência contra idiotas já está esgotada.
― Você é mais chata do que aparenta. ― Ele
revira os olhos.
― Qual é a tua? Não aguenta perder e quer
partir para cima? ― Ele aperta mão. ― Aceita que

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sou melhor que você....


Ele segurava meu pescoço me precisando na
parede da boate. Sua pele era pálida, seus olhos
alaranjados e suas presas finas estavam à mostra.
Sorrio.
― Bem... que o Diogo... desconfiou. ―
Coloco a mão em seu braço, aperto e tiro sua mão
do meu pescoço. ― Você é um vampiro malcriado.
― Meus olhos mudam de cor, minhas unhas
crescem e minhas presas saem. A presa de um
vampiro é diferente de um lobo que se transforma
pela metade. A minha presa são duas, uma do lado
da outra, em cima, no total de quatro presas e em
baixo uma no total de duas. ― Acho que o Adam
não te educou muito bem.
Pulo em cima dele e ele tenta se defender. Ele
me empurra e eu bato na parede da boate, que faz
um estrago horrível. O Igor sorri e lambe os lábios

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com sangue, franzi a testa e senti sangue escorrer


em meus seios. Ele tinha mordido meu pescoço. A
minha fúria foi a mil e então rosno tão alto que
pude sentir minhas cordas vocais vibrando. Estava
pronta para me transformar por completo, mas
então começo a sentir medo do nada. Começo a
tremer e a me encolher.
― Cadê a coragem, Sofia? ― Igor pergunta e
ri. ― Por um segundo pensei que ia me matar...
Mas o que aconteceu? Tá com medo de mim agora?
Eu não sabia explicar o medo que estava
sentindo. Eu não sei o que aconteceu. Do nada
comecei a sentir a presença de um ser, e seu poder
era esmagador que me fazia tremer. Mas por que só
eu estou sentindo? Por que o Igor não?
Eu estava tremendo e com o olhar perdido.
Sem perceber já tinha mais dois vampiros com o
Igor eles já estavam prestes a me matar.

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― Adeus, cachorra — diz o Igor e então meu


coração acelera mais que o normal.
Em seguida escutamos um uivo forte e alto
que fazia sair sangue dos ouvidos e os vampiros,
inclusive o Igor, caem no chão e olham para cima.
Olho para onde eles estavam olhando e quase tenho
um ataque de medo. Uma besta enorme estava em
cima da boate.
A sua aparência é assustadora. Mesmo
estando apavorada eu não conseguia tirar meus
olhos daquela coisa.
― O que é isso? ― um vampiro diz,
assustado.
― PORRA IGOR, ONDE VOCÊ NOS
METEU? ― O outro vampiro surta.
― CALA A BOCA, INBECIL! ― Então,
sou puxada e a mão do Igor estava em meu
pescoço. ― Acho melhor o Sr. Monstro, ficar
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bonzinho, pois eu não vou pensar duas vezes para


quebrar o pescoço dela. ― A criatura olha para
baixo e sinto a mão do Igor tremer. A criatura passa
a língua em volta da sua presa e isso faz minhas
pernas amolecerem. A criatura pula no chão e o
Igor me puxa para trás sem tirar sua mão do meu
pescoço. ― Fica aí. ― A criatura da dá outro passo
e o Igor aperta a minha garganta
― O QUE TE FAZ PENSAR QUE ELE VAI
TE OBEDECER? ― grito. ― ME SOLTA!
― Se ele não me obedecer, a querida
companheira dele morre ― diz o Igor e eu entro em
choque.
― Não... mentira... Não é... Não... não pode
ser... Ele não é o Diogo...

Capítulo 45
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Sofia

― Não... mentira... Não é... Não... Na pode


ser... Ele não é o Diogo...
Eu não conseguia pensar em mais nada, eu
não conseguia me mexer, a única coisa que eu fazia
era olhar aquele ser na minha frente que me dava
arrepios.
A besta vira a cabeça um pouco de lado e me
encara. O Igor aperta mais a minha garganta e
automaticamente levo minha mão no braço dele,
mas por algum motivo eu não tinha forças. A besta
rosna e o Igor treme de medo.
Então, os outros dois vampiros pulam em
cima da besta e mordem os dois lados do pescoço
dela. A besta rosna e joga os dois no chão. Um
vampiro ia levantar-se, mas a besta bate nele com o
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corpo do outro vampiro. A besta parecia estar com


muita raiva, pois não parava de bater neles. Então,
ele arranca o coração de um vampiro e do outro ele
quebra o pescoço, o Igor me solta e eu caio no
chão. O Igor corre desesperado.
A besta se vira e olha para todos os lados em
busca do Igor até que seu olhar cair sobre mim. Ele
vem até mim e coloca as patas da frente no chão.
Sua cara estava próxima da minha, então fecho os
olhos. Ele estava me farejando como se tentasse
saber quem eu era ou como se tivesse conferindo
algo. Ele funga e se afasta um pouco, abro os olhos
e o encaro. Por impulso olho nos seus olhos e por
um segundo vi seu olho ficar castanho-claro. O
castanho-claro que não saía dos meus pensamentos,
os olhos do... Diogo.
Ele balança a cabeça, então some da minha
frente e eu fico ali no chão com o olhar perdido.

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― Sofia, Sofia...― Olho e vejo o Jonathan.


― Você está bem? ― Confirmo com a cabeça. ―
OK, vem, vamos sair daqui.
Ele pega no meu braço e me puxa. A minha
visão fica embaralhada, então não vejo mais nada.
*****
Abro os olhos e vejo a cortina dançando com
o vento, o quarto estava claro por conta da luz da
lua que invadia aquele ambiente. Dou um pulo da
cama e passo a mão na cabeça.
― Foi um sonho? ― Passo a mão no rosto.
― Parecia tão real.
― Porque foi real — diz uma voz conhecida.
Olho para a porta e vejo o Jonathan. Ele entra no
quarto. ― Você está bem?
― Acho que sim... ― digo, confusa. ― O
que aconteceu depois que você apareceu?
― Você estava muito fraca e desmaiou, então
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te trouxe para a casa do Diogo — ele explica e eu


me sento na cama.
― Como... como aquilo aconteceu? ―
resmungo.
― Não sei o porquê de vampiros terem te
atacado. Mas... Bem... ― Ele se senta do meu lado
e passa a mão no pescoço. ― O Diogo sentiu o
cheiro do seu sangue e se descontrolou.
― Então, realmente era ele... ― digo,
assustada.
― Exatamente. ― Jonathan suspira.
― Eu... eu nunca tinha visto ou sentido um
poder tão esmagador quanto aquele... ― falo
olhando para baixo. ― Eu não acredito...― Passo a
mão na cabeça. ― Por que não consegui fazer
nada? Por que me senti tão inútil?
― Não é culpa sua, Sofia. ― Olho para ele e
ele sorrio. ― Você não está assustada... Só está
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com o ego machucado.


― Ego machucado?
Ele ri.
― É, ego machucado. Você está assim
porque sabe que é forte, mas naquele momento
você não conseguiu fazer nada... ― Era verdade o
que ele dizia. ― Quer saber por que não conseguiu
fazer nada? Porque aquele é o verdadeiro poder do
Diogo, aquele é o poder de um rei do mundo
sobrenatural.
O Diogo era tão poderoso assim? Caramba...
Caramba, no que eu fui me meter?
Aquela vez que eu chutei suas joias e ele
quase se descontrolou e depois ficou bravo
comigo... É porque ele sabia que podia ter me
matado. Eu quase morri naquele dia.
― Cadê ele? ― pergunto, me levantando da
cama.
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― Deve estar na floresta. Quando ele se


transforma naquilo por descontrole, é difícil voltar
ao normal. Então, ele fica o mais longe possível
para não te machucar. ― O Jonathan se levanta. ―
Fica calma e vai dormir. Eu vou ficar aqui essa
noite.
Ele dá um beijo na minha testa e sai do
quarto.
Passo a mão na cabeça e vou para o banheiro.
Tomo um banho e visto uma camisa do Diogo que
estava no banheiro. Vou para a cama e vejo o livro
embaixo do travesseiro. Já que não vou conseguir
dormir cedo mesmo, vou ler.

Composição da Alcateia e Matilha

* A alcateia é composta pelas quatro classes


de lobos.
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> Um Alfa= O líder.


> Um Beta destinado= Braço direito do Alfa.
> Betas Comuns= Membros da Alcateia.
> Ômegas Comuns= Membros da Alcateia.

* Matilha
Matilha de caça, resgate ou batalha. Tem
vários grupos e cada grupo tem cinco integrantes.
> Três Betas e dois Ômegas.

Fecho o livro e vou até a sacada. Olho para o


céu e suspiro. Olho para baixo e vejo o Killer
olhando para a floresta, ele dá pequenos passos,
para e fica encarando. Pulo da sacada com cuidado
para não fazer barulho e o Jonathan ouvir.
― Hei, Killer...― Ele me olha. ― O que foi?
― Ele fareja o ar e olha para a floresta. Vou até ele

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e me agacho do seu lado. ― Você está sentindo


alguma coisa? ― Ele sai em disparada para a
floresta. ― Killer... ― falo baixinho. ― Killer,
volta aqui. ― Ele não para. ― Droga.
Vou atrás dele. Estava escuro que eu não
conseguia ver o Killer. Mudo minha visão para a
visão de um lobo. Acho o Killer e vou até ele. Ele
estava parado olhando para uma moita então de lá
sai um coelho e o Killer sai correndo atrás dele.
― Fala sério, era isso que você estava
procurando? ― Suspiro e me viro... bato em algo
peludo. Levanto a cabeça e dou de cara com ele. ―
Droga...― Dou vários passos para trás.
Ele rosna e eu tremo. Ele me olha de cima
abaixo e vejo seu olho lutando para voltar ao
normal, ele rosna alto e balança a cabeça.
― Sai daqui...
Meu coração só falta sair pela boca quando
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ouço sua voz assustadora. Sem pensar duas vezes


saio correndo de volta para casa, olho para trás e
não o vejo mais.

Capítulo 46
Sofia
/

Senti alguém tocando o meu pescoço, parecia


procurar algo, mas não me assustei com o toque.
Na verdade, o toque me passou confiança. Não
consegui abrir os olhos e apaguei de novo.
*****
Eu estava de barriga para baixo, com a
cabeça enfiada no travesseiro e uma coberta
cobrindo o meu corpo. Coloco o travesseiro de lado

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para poder respirar direito. Com a visão de lado vi


um abdômen maravilhoso na minha frente.
― Caramba, eu ainda estou dormindo? ―
resmungo e ouço risada. Uma risada conhecida e
gostosa. Sento-me bruscamente na cama e encaro a
pessoa. ― DIOGO? ― Ele me olha e sorri.
― Oi. ― Ele estava com apenas uma calça
moletom e sem camisa.
― Por que diabos você...Você está sem
camisa? ― Ele levanta uma sobrancelha.
― Bom, deve ser porque alguém pegou a
minha camisa do banheiro.
Abraço meu corpo e fico séria.
― Por acaso você só tem essa camisa? ―
pergunto, encarando-o.
― Não, mas é a minha favorita — ele diz,
sério.

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― Não seja egoísta. ― Volto para debaixo


da coberta. ― Idiota.
Sinto ele se sentar na cama, ele coloca o
braço em volta do meu corpo e me puxa para perto.
Viro e ele passa a mão no meu rosto tirando os
cabelos bagunçados.
― Você não tem noção do perigo que corre,
não é mesmo? ― ele diz e eu engulo em seco
lembrando de ontem. ― Você realmente está com
medo? ― Ele sorri sem emoção e se levanta. ―
Desculpa... acho que fiz merda ontem.
Ele estava indo para a porta, mas eu me
levanto e corro até ele. Abraço-o por trás.
― Não me deixa sozinha de novo. ― Aperto
ele. ― Por favor, não me deixa.
― Nem em mil anos. ― Ele se vira e me
encara. ― Nem em mil anos seria capaz de te
deixar.
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Sorrio e então ele toma meus lábios para si.


Nós nos beijamos com vontade, como se
tivéssemos separados há muito tempo, sendo que
foi só por uma noite. Ele me levanta e me leva até a
cama. Fomos diminuindo a velocidade do beijo,
pois faltava ar. Ele para, olha nos meus olhos e
sorri. Ele beija meu rosto inteiro e eu começo a rir.
― Para. ― Empurro-o e ele cai deitado do
meu lado. Coloco minha cabeça apoiada em seu
peito.
― Você corre um perigo imenso vestida
desse jeito — ele resmunga sem me olhar. ― Está
ciente disso, né? ― Ele me olha e eu sorrio.
Pego a coberta, cubro meu corpo e ele
levanta uma sobrancelha.
― Só por precaução — digo e deito minha
cabeça de novo em seu peito.
― Sofia — ele diz mexendo em meu cabelo.
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― Quero te pedir uma coisa...― seu peito subia e


descia lentamente. ― Quando eu perder o
controle... por favor, não fique por perto. Tenho
medo de te machucar.
― Você não vai fazer isso — digo,
abraçando seu corpo. ― Você é
surpreendentemente muito forte.
― Forte? ― Ele suspira. ― Eu sou um
monstro.
Levanto a cabeça e o encaro.
― Você é forte... ― Ele abre a boca para
falar, mas eu subo em cima do seu corpo e ele fica
quieto. ― Não discute comigo.
― Desse jeito é meio que impossível, né? ―
Ele dá um sorriso de lado, eu não aguento e acabo
rindo.
― Você é um idiota. ― Debruço-me em seu
corpo e fico passando a mão em seu cabelo.
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― Eu sabia que tinha alguma coisa errada


com aquele idiota do Igor — ele diz, frustrado.
― Por que os vampiros me atacaram? ―
pergunto, ainda deitada em seu corpo.
― Eu não sei, mas o Adam vai ter que me
dar uma boa justificativa.
Olho para ele.
― Se ele não tiver nada a ver com isso? Você
matou dois deles.
O Diogo passa a mão em meus cabelos.
― Eles me atacaram primeiro — ele diz,
como se justificasse tudo.
― Claro — digo e suspiro. ― Meu irmão
ainda está aí? ― Ele faz que não, fecha os olhos e
me puxa para seu peito de novo, me abraçando. ―
Você não vai trabalhar? MEU DEUS... EU
TENHO QUE TRABALHAR! ― grito e o Diogo
tapa o ouvido.
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― Mulher barulhenta. ― Ele me puxa para


seu peito novamente. ― Hoje é sábado, Sofia.
― Sábado?
― É. Agora fica quieta, quero dormir um
pouco.
Sorrio e fecho os olhos.
*****

Jardim de rosas azuis, rosa azul vira


vermelha, sangue escorrendo em minhas mãos.
Lobo negro, vento, temporal, morte, uivo...

― Sofia, Sofia. ― Acordo assustada e


suando. O Diogo segurava meu corpo e me olhava
assustado. ― Sofia, você está bem? ― Ele passa a
mão em meu rosto e eu o abraço. ― Teve um
pesadelo, certo? ― Só confirmei com a cabeça. ―

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Quer falar sobre isso?


Não respondi, só fiquei abraçada ele. O
sonho foi mais como lembranças, foi diferente da
última vez. Foi mais rápido e só vi por partes.
― Já estou bem. ― Sorrio e me separo dele.
― Se você está dizendo. ― Ele sorri e dá um
beijo na testa.

Capítulo 47
Sofia

Eu estava deitada e o Diogo estava tomando


banho. Aquele sonho não sai da minha cabeça. Para
variar, isso está me deixando muito nervosa.
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O Diogo sai do banheiro, ele estava bem


arrumando. Uma calça preta e uma camiseta da
mesma cor. Ele vai para a frente do espelho e
começa a arrumar o cabelo, não consegui me conter
e revirei o olho.
― Vai sair? ― pergunto, me sentando na
cama.
― Pretendo ― ele diz, sem me olhar.
― Então, você podia me deixar lá no
apartamento da Ane, né?
Ele se vira e me encara com o cenho
franzido.
― O que te faz pensar que vou deixar você ir
embora?
Eu levanto uma sobrancelha.
― O que te faz pensar que vou ficar?
Em um piscar de olhos ele estava em cima de

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mim.
― Você não vai embora, a partir de hoje
você vai morar aqui — ele diz, autoritário.
― Isso não vale...― resmungo. ― Não vale
me confinar e dizer essas coisas.
― Não pense em sair daqui — ele diz perto
do meu rosto — Tá?
― Não consigo pensar — digo sem olhar em
seu rosto. Ele vira meu queixo e me faz encarar seu
rosto. ― Tá... ― escapa da minha boca, ele
deposita um beijo em meus lábios e sorri.
― Boa garota. ― Ele pisca para mim e volta
a arrumar o cabelo.
― Droga, Diogo, você é muito trapaceiro. ―
Passo a mão no rosto e me levanto.
― Eu sei. ― Ele ri.
― De qualquer forma eu preciso ir lá, preciso

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de roupas — digo, frustrada.


― Eu passo lá e pego — ele diz e eu me jogo
na cama.
― Aliais, aonde você vai? ― pergunto.
― Atrás do Adam. ―Sento-me de novo na
cama. ― Nem pensar.
― Mas eu nem falei nada — digo e ele me
olha.
― Mas ia falar. Não sei se ele está na cidade
ainda, mas espero que sim.
― Não quero que se meta em encrenca —
digo.
― Não vou — ele diz e chega perto de mim.
― Eu prometo. ― Dou um sorriso fraco. ― Não
vou demorar. A reserva fica aqui perto e o Killer
não sai daqui de casa quando você está aqui, então
você não vai ficar sozinha.

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― Tá — digo, ele dá um beijo na minha testa


e sai.
Eu trouxe somente uma roupa para dormir,
que não usei, e uma troca de roupa para ficar em
casa. Peguei essa roupa e fui para o banheiro, tomei
um banho e vesti um vestido cinza não muito curto.
Saí do banheiro, peguei o livro e fui para a
sala. O Killer estava deitado no chão, perto do sofá.
Sentei-me com o maior cuidado para não acordá-lo.
Abri o livro e comecei a ler novamente.

Formas dos Lobisomens


* Muitos pensam que os lobisomens só
possuem duas formas, a "humana" e a
"lobisomem", outros também acham que na
verdade existem três, as duas anteriores citadas e a
forma “lupina”, ou seja, a forma de um lobo. Mas
o que poucos sabem é que na verdade os
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lobisomens são "abençoados" com cinco formas.

Fecho o livro e olho para nenhum ponto


específico. OK, dessa informação eu literalmente
não sabia. Como assim cinco formas? Apesar que
depois do que vi ontem não duvido muito se
existem mais que cinco.
― OK, vamos ver. ― Abro o livro de novo.

1― HOMINÍDEA
A forma humana, possui todas as
características de um humano. Geralmente, nessa
forma o lobisomem não possui quase nenhuma
habilidade de sua forma lupina, mas em muitos
outros casos, nos lobisomens mais experientes,
essa forma consegue utilizar habilidades humanas
melhoradas, como olfato, velocidade e força. Essa
é a forma mais comum e inicial de todos os
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lobisomens, sua forma inicial e a mais fraca. Em


outras palavras, a forma hominídea é aquela
quando o lobisomem está transformado pela
metade.

2― GLABRO
Uma forma semelhante à hominídea, mas um
pouco mais alto, forte e musculoso, um tanto
peludo e dentes mais afiados. Nessa forma, o
lobisomem aumenta drasticamente suas
habilidades, além de ganhar outras que na
hominídea não existiam. Sua força aumenta, ganha
visão, olfato e audição melhoradas, nessa forma os
pelos são mais presentes, além de caninos e garras.
Essa é uma forma em que o lobisomem é totalmente
são de seus pensamentos, muito raramente ele
perde o controle, isso só acontece nos lobisomens
menos experientes, na maioria os iniciantes. Nessa

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forma, suas garras combinadas com sua força, são


capazes de dilacerar qualquer coisa, mas como a
parte humana ainda é muito presente a sua sede de
matar não é tão grande.

3― CRINOS
O homem-lobo, a encarnação da fúria.
Peludo, presas, garras e, em muitos casos, é
apresentado à presença de uma cauda. Na forma
Crinos, o Garou tem um aumento de 200% de
massa corporal, uma incrível capacidade
regenerativa, além de causar a temida reação
conhecida como "Delírio”.

"Delírio ― Há muito tempo, os Garous


iniciaram uma caçada aos humanos. Esse período
ocorreu muitos anos atrás, antes do aparecimento
das primeiras civilizações e se caracterizou pelo
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abatimento de humanos considerados fracos ou


inúteis pelos lobisomens. As consequências desse
ato foram um medo irracional dos humanos pelos
Garou. Foi esse medo que alimentou a forma
Crinos, se tornando mais poderoso do que nunca.
Quando um Garou está em sua forma de
crinos ele transmite um terror inexplicável para
sua vítima. Seja ela humana ou sobrenatural não
poderá se mexer até que ele passe ou te mate. A
vítima não sentirá nada além de medo e pavor, a
pessoa estará tão afundada nesses medos que vai
implorar que seja morta o mais rápido possível. O
Delírio é como uma escuridão, vai ter de engolir
até estar no ponto perfeito para o Crino.

Nessa forma o lobisomem está no ápice de


seu poder, todas as suas habilidades aumentam
monstruosamente, sua fome e sede de sangue são

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muito maiores nessa forma, essa é sua melhor


forma e a mais poderosa. Dizem que a morte é a
sua melhor aliada.

4― HISPO
Um Crinos nas quatro patas seria uma
maneira vulgar de descrevê-lo. O Hispo é a forma
lobo-monstro, um lobo pré-histórico poderoso, não
tão forte quanto o Crinos, mas bem mais ágil. Essa
forma pode ser tratada como perigosa ao mesmo
nível de um Crino, pois nessa forma o lobo domina,
depois que se volta a ser humano, o lobisomem
raramente se lembra do que fez. Essa é a forma
monstruosa do lobisomem, a forma em que o lobo
interior vê o mundo, a forma que ele domina, mas
que ainda tem um pouco do espírito humano.
Talvez, seja a forma em que o humano sente mais
dor ao passar de Hominídeo para Hispo.

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5― LUPUS
Na forma lupina, o Garou possui todas as
características de um lobo comum. Essa é a forma
mais pacífica do lobisomem, mas também não
deixa de ser perigosa. O lobisomem nessa forma
apresenta uma grande inteligência e agilidade, é a
forma que mais se aproxima do plano espiritual,
fazendo parte do meio místico.

Capítulo 48
Sofia

Eu estava assustada? Sim, eu estava


apavorada. Essas cinco formas são assustadoras,
está certo que eu possuo algumas dessas formas

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como a Lupus e Homonidea. Mas as outras formas


são... assustadoras.
― Ontem à noite, o Diogo... Aquela forma...
― sussurro a mim mesma.
Aquela forma era a forma Crino. Será que ele
já tem as cinco formas? Não... acho que a Crino ele
já tinha antes mesmo de me conhecer. Quando ele
me disse que matou a irmã adotiva, era nessa
forma? Era nessa forma que ele tinha perdido o
controle?
Viro a página do livro, mas não tinha nada
escrito. Estava completamente em branco. Folheio
mais e então cai uma foto em cima do Killer. Pego
a foto e a encaro.
Eram a Ane e outra mulher muito parecida
com ela. Deve ser a sua irmã mais velha, a Jessica.
Ela era linda.
O Killer levanta a cabeça e eu me assusto.
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Coloco a foto dentro do livro de novo. O Killer


levanta e fica encarando a porta. Minhas unhas
crescem sem eu ao menos pensar duas vezes. O
Killer chega mais perto da porta bem devagar,
conforme ele vai andando o corpo dele cresce e os
pelos dele ficam completamente cinza.
Levanto e coloco o livro debaixo do sofá.
Fico em posição de ataque, então ouço um estrondo
e um homem aparece na sala. Em seguida, o Killer
pula em cima dele. Enquanto o Killer lutava com o
homem outro cara entra com um capuz cobrindo o
rosto. Eu o encaro, então ele tira o capuz e me olha
com um sorriso.
― Que cachorro dócil — ele diz referindo-se
ao Killer e então o Killer arranca um braço do
homem e jogo no Igor.
― Lindo ele, né? ― digo e o outro cara não
conseguia mais lutar. O Killer tinha estraçalhado

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ele.
― Uau, você é mesmo impressionante Srtª.
Lattanzi — ele diz sorrindo. ― Dança bem, tem um
cachorro lobo, tem como companheiro o Supremo,
que é muito poderoso por sinal e... que não está
aqui. ― O Killer ia atacá-lo, mas ele dá um murro
que faz o Killer atravessar para fora quebrando o
vidro que ficava em torno da porta. ― Seu
companheiro e seu cachorrinho são poderosos, mas
e você? Não tive o gosto de presenciar se você é
realmente temida como falam os boatos.
― Você não aprende mesmo. Pensei que não
teria coragem de aparecer novamente, depois que
saiu correndo do Diogo que nem um covarde. ―
Sorrio. ― Na verdade, pensei que estaria morto...
Mas tudo bem, fico feliz que esteja vivo, assim
posso ter o gosto de te matar.
― Nossa, que perigosa — ele diz com as

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mãos para cima.


― Me diz, você veio aqui por conta própria
ou o Adam te mandou? Não... ― Não o deixo
responder. ― O Adam nunca mandaria você aqui,
então está me atacando por conta própria?
― Não que seja necessário você saber, mas
eu vim com ordens. Do Adam? Obviamente que
não, mas é de um amigo muito querido que temos
em comum. ― Ele sorri.
― Ceifeiro — sussurro.
― Menina esperta. ― Ele sorri e eu começo
a rir alto. ― Qual é a graça, sua idiota?
― A graça? ― Suspiro e paro de rir. ― Você
realmente é um suicida — digo e ele franze o
cenho. ― Vamos refletir um pouco em que
situação você irá morrer primeiro... 1. Nas mãos do
Ceifeiro por não ter cumprido as ordens, porque
obviamente você não vai conseguir. 2. Tentar
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executar as ordens e ir à casa do Supremo...―


Começo a rir ― E morrer nas minhas mãos. 3. Se
conseguir fugir de novo, o Diogo te caça até o
inferno e te mata. 4. Morrer nas mãos do Adam por
ter se metido com os lobisomens. ― Sorrio e o
encaro. ― Qual é a opção?
― Entendi...― Ele levanta o dedo indicador
e roda. ― Agora entendi porque você é temida,
esse papo todo...Você é boa. O jeito como fala é
como de um psicopata, confesso que me assustou,
mas...― Ele sorri. ― Cachorra que late, não
morde.
Em um piscar de olhos estava com minhas
mãos em seu pescoço e minhas unhas perfuravam
sua garganta.
― "Cachorra que late, não morde" ― Sorrio.
― Quem morde aqui é você... eu só arranco
pedaço. ― As minhas presas crescem e arranco um

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pedaço de sua orelha, ele grita de dor. ― Acho que


vai ser a opção 2. — Digo com um sorriso nos
lábios.
A minha boca estava suja de sangue e
escorria até meu vestido. Eu ia passar a minhas
unhas contra sua garganta, mas então minhas
pernas amolecem e ele escapa.
― O que aconteceu? ― Ele ri. ― De novo
isso? ― Eu olhava para o nada paralisada. ― Igual
da última vez... espera, da última vez que você
ficou assim... O...O... Diogo apareceu...
― Nem pensar. ― Recupero minhas forças.
― Dessa vez, não. ― Agarro seu pescoço de novo.
― Eu vou te matar. ― Eu estava quase quebrando
seu pescoço, mas então uma mão segura meu braço
e eu encaro a pessoa. ― Diogo!
― Solta ele — ele diz calmo, eu levanto uma
sobrancelha e então sinto mais duas presenças.

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Olho para trás do Diogo e vejo o Adam e a


Megan. Solto o Igor e ele cai no chão com as mãos
no pescoço.
― Não acredito — resmungo e olho para o
Igor. ― Eu realmente queria que fosse a opção 2,
mas acho que vai ser a 4. ― Bufo de raiva.
― Do que você está falando? ― diz o Diogo.
― Ah, nada — digo e olho para o Adam.
― Desculpa pelo incidente — ele diz.
― Está tudo bem, o Diogo já matou dois dos
seus, então estamos quites, apesar de que eu
realmente queria matá-lo — digo e o Diogo pisa no
meu pé.
― O quê? ― diz o Adam, eu rio sem graça e
a Megan tenta não rir.
― Bom, viemos só pegar esse idiota aí ― a
Megan diz e pega o Igor fazendo-o se levantar.

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― Vocês realmente estão com problemas —


diz o Adam passando a mão na cabeça. ― Bom,
como eu já havia dito, ficarei feliz em ajudar, se
puder.
Eles se despedem e saem arrastando o Igor.
Olho para o Diogo.
― Ele estava do lado do Ceifeiro. ― Ele me
olhava como se estivesse hipnotizado. ― Diogo...
― Ele volta. ― O Igor e o Ceifeiro.
― Eu já imaginava — ele diz, então volta a
ser hipnotizado.
― Qual é? ― Bato em seu braço e ele sorri
de lado.
― Você não sabe o quanto está sexy com
esse sangue em sua roupa e na sua boca.

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Capítulo 49
Sofia

Ele me olha intensamente e minhas pernas


amolecem, mas recupero os sentidos quando me
lembro de algo mais importante.
― Killer — sussurro. ― AI, MEU DEUS, O
KILLER...
Saio correndo até lá fora, o Killer estava
caído no chão com alguns arranhões por causa do
vidro. Ele ainda estava em sua forma de lobo.
O Diogo se abaixa, passa a mão em seu corpo
e quando sua mão alcança a pata o Killer
choraminga. Eu me abaixo e coloco a cabeça dele
em meu colo.
― Aquele vampiro idiota até que era forte,

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conseguiu deslocar a pata direita do Killer —


Diogo diz. ― Vou lá dentro pegar uma faixa, já
volto.
Ele sai e eu fico passando a mão no Killer,
por minha culpa ele se machucou. Não quero que
ninguém se machuque por mim. O Diogo volta e
coloca as coisas no chão.
― Killer, quero que você volte à sua forma
normal — diz o Diogo e aos poucos o Killer vai
diminuindo e seus pelos voltam a ser preto e
branco.
― O que vai fazer? ― pergunto preocupada.
― Colocar no lugar de novo. ― Ele coloca a
mão na pata do Killer, eu coloco a mão em cima da
dele e ele me olha.
― Vai doer? ― pergunto e ele faz que sim.
― Não dá para colocar anestesia?
― Sofia, ele é um ser sobrenatural também.
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E você sabe que não funciona anestesia em nós. Ele


vai ter que aguentar — diz o Diogo.
― Tá. Então... ― Eu coloco minha mão no
peito do Killer.
― Sofia, nem pense nisso — diz o Diogo.
― Eu só quero ajudar — digo e ele passa a
mão na cabeça. ― Por favor.
― Tudo bem. Se você se sentir mal, pare
imediatamente.
Faço que sim.
O Diogo começa apertar a pata dele com as
duas mãos, tentando voltar o osso no lugar. O
Killer uiva de dor, então me concentro e tento
puxar o máximo de dor possível do Killer. Então, a
dor dele ia sendo passada paro o meu corpo, a dor
ia aumentando, fecho os olhos para tentar suportar.
A dor dele era grande, era maior do que eu
imaginava.
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― Sofia, para... SOFIA EU DISSE PARA


PARAR. SOFI...
*****
Sinto alguém limpando a minha boca, abro os
olhos e me deparo com cabelos castanho-claro.
Sorrio ao vê-lo.
― Sua idiota, eu disse para parar — diz o
Diogo. Olho em volta e vejo que estou no sofá da
sala. ― Limpei o sangue que estava na sua boca.
Olho para um canto e vejo o Killer deitado e
enfaixado.
― Como ele está? ― pergunto e me sento no
sofá.
― Está bem. Graças a você. ― Ele me olha.
― Ele não está sentindo dor porque você conseguiu
remover toda a dor do corpo dele, por isso
desmaiou.
― Que bom que ajudei — digo e ele bate
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com o dedo na minha testa. ― Ai!


― Não precisava ter feito aquilo — ele diz,
me encarando. ― Não foi sua culpa ele ter se
machucado.
― Ele me protegeu, só queria retribuir o
favor.
Ele sorri.
― Tudo bem. ― Ele suspira. ― Vai tomar
um banho, esse cheiro do sangue do vampiro
nojento está me deixando irritado.
Sorrio e me levanto.
― Me chamou de fedida, é? ― Finjo estar
brava.
― Não foi bem isso que eu quis dizer. ―
Dou as costas para ele. ― Sofia, não fica brava.
Sorrio sem que ele veja e vou para o quarto.
E eu pensando que hoje o dia seria tranquilo.

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Eu estou um caco, acho que não pode piorar, certo?


Vou para o banheiro e tomo um banho
demorado. Visto qualquer roupa que o Diogo tinha
trazido para mim, quando saio do banheiro o vejo
deitado na cama. Sem me olhar ele fala.
― Eu e o Jonathan estamos planejando de ir
atrás do ceifeiro amanhã — ele diz, eu vou até o
outro lado da cama e me sento.
― Por que está me dizendo? Você não vai
me deixar ir mesmo — digo irritada.
― Sofia, eu só quero...
― Me proteger. Eu sei e entendo, mas eu
também quero ajudar ― digo olhando para ele e ele
se senta.
― Você estando ao meu lado e em
segurança, já está ajudando muito.
Suspiro.

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― Logicamente eu sou o motivo de tudo


isso. Por eu ser a "chave". Eu quero ajudar — falo
cabisbaixa. O Diogo chega mais perto e passa a
mão em meu rosto.
― Eu sou o cadeado. ― Ele ergue meu rosto.
― A chave é muito preciosa para mim, vou
protegê-la com todas as minhas forças. ― Sorrio.
― É bom ver seu sorriso.
― Diogo. ― Ele me olha atentamente. ― Eu
terminei de ler o livro...
― Então, já sabe de todas as formas? ― Ele
tira a mão do meu rosto e fica tenso.
― Sim — digo. ― Você...Você já tem todas
as formas?
― Não. Por enquanto, só tenho quatro. ―
Ele pega a minha mão e começa a brincar com
meus dedos. ― Antes de te conhecer eu já tinha a
forma Homonidea, Glabro, Crino e Lupos. O
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incidente aconteceu com a minha irmã e eu


bloqueie minha forma Crino. Quando você
apareceu, senti que o bloqueio não aguentaria por
muito tempo, pois você é a chave. — Ele falava
com os olhos nas nossas mãos. ― Quando nós nos
encontramos na floresta, foi a primeira vez que
você me olhou, o meu lado Crino despertou por
breves segundos.
― Foi quando seus olhos ficaram vermelhos
— digo.
― Exatamente. Eu fui tentando me controlar,
mas quando senti o cheiro do seu sangue naquele
dia, meu Crino despertou totalmente com raiva,
pois você estava machucada. Eu me descontrolei
novamente. Enfim... ― Ele me olha. ― Só falta
uma forma. A forma mais perigosa que existe...
Hispo. Sofia, eu não quero que você esteja perto de
mim quando isso acontecer, não ouse chegar perto,

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só fuja o mais longe que puder. Essa forma é muito


perigosa, eu não terei controle sobre mim, Hispo é
um lobo histórico ele é sedento por sangue, tudo
que vir vai matar sem hesitar... ― ele falava, mas
eu não conseguia rebater, por algum motivo minha
visão estava turva e meu corpo fervia. Comecei a
suar. ― Sofia, o que foi?
― Está quente... ― sussurro. ― Muito
quente. ― Meu corpo doía, meus ossos pareciam
que estavam se partindo ao meio.
― Quando foi a última vez que se
transformou? ― Diogo pergunta.
― Na floresta... Com... o Jeff.
― SUA IDIOTA!

Capítulo 50
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Diogo

Eu não acredito que essa idiota não se


transforma desde aquele dia. Já tem quase cinco
meses. Como ela conseguiu não se transformar
dentro desse tempo todo? Ela tem que se
transformar o mais rápido possível, senão é
perigoso ela morrer.
― Você é muito irresponsável e imprudente
Sofia — falo estressado. Pego ela no colo e a levo
para fora. Ela estava gemendo de dor,
provavelmente por ter prendido sua loba esse
tempo todo.
― HAAAA! ― ela grita com a mão na
cabeça e eu me assusto. Vê-la assim me deixa
agoniado.
Ela começa a rosnar e fecha os olhos. Ela vira

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o pescoço e eu começo a ouvir seus ossos


estalando, eu nunca tinha visto uma loba que já se
transformou aos dezesseis anos ter essa reação
agora. Estava muito estranha essa transformação
dela, apesar de que nunca a vi se transformar, mas
ainda assim aquilo estava fora do normal.
Ela vira o pescoço de novo e quando ela abre
os olhos eu me assusto. Seus olhos estavam com
uma cor diferente, metade laranja como fogo e a
outra metade vermelho. Eu nunca tinha visto
aquilo. Ela rosna de novo e choraminga. Suas
roupas foram se rasgando, em seu corpo começa a
surgir pelos brancos, no lugar das suas mãos e pés
se tornam patas, seu rosto estava com focinho e ela
foi crescendo, crescendo, crescendo. Ela não parava
de crescer, o que é isso? No momento que ela parou
de crescer ela tinha em torno de 1,40 de altura.
Como assim? Qual é, eu nunca vi um lobo

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com essa altura. A altura de um lobisomem comum


é 94, a de um Alfa é 1,00 de altura, a minha altura
na forma de lobo é 1,20. Ela passou de mim, como?
Ela sai correndo e eu vou atrás, em minha
forma humana mesmo. Ela estava indo em direção
à montanha onde estava sendo construído o hospital
para a alcateia. Quando chegamos, ela foi direto
para o penhasco onde dava para ver a aldeia inteira
lá embaixo. Ela olha para baixo e então em seguida
para a lua e uiva, um uivo alto, suave e protetor que
fez meu coração disparar. Logo ouço outros uivos
se unindo ao uivo dela, olho para baixo e vejo a
alcateia inteira em sua forma lupina. Eu olhava sem
acreditar no que estava acontecendo.
Ela para de uivar e então desce o penhasco,
eu fiquei lá em cima olhando tudo. Quando ela
chegou todos pararam de uivar e, como se fosse
ensaiado, os lobos ficaram um do lado do outro

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formando uma passarela. Ela começou a passar


entre eles devagar e então conforme ela ia passando
os lobos se curvavam. Quando ela chegou no final
da passarela ela mesma se curvou e depois uivou e
saiu correndo.
Os lobos começam a voltar à forma humana,
desço até lá e por onde eu passava eles se
curvavam. Uma senhora chegou até mim, ela é uma
das anciãs da Alcateia. Ela se curva e então me
olha.
― Depois de mil anos. ― Ela sorri. ―
Dentre esses mil anos nenhum Supremo conseguiu
trazer a nossa Peeira. Você não se tornou Supremo
por acaso, você é especial, não só pelo seu imenso
poder, mas por ser o companheiro da Peeira.
Depois de mil anos finalmente a Peeira apareceu.
― Ela se vira e vai embora.
Peeira? O que isso significa? Como ela pode

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falar essas coisas para mim e não me explicar nada?

Sofia

Eu já estava em minha forma humana


novamente. Estava encolhida encostada em uma
árvore.
O que aconteceu comigo? Que forma era
aquela? Eu nunca me transformei assim. A minha
loba estava enorme e com olhos diferentes. Como?
Eu estava perdida em pensamentos quando o
Killer aparece andando devagar e com algo na
boca. Ele vem até mim e eu pego, era um roupão de
seda cinza. Visto e caminhamos devagar por causa
da sua pata.
Chegamos na escada e de longe vi o Diogo
andando de um lado para o outro. O Killer vai na
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frente e eu logo vou atrás dele. O Diogo me olha,


preocupado.
― Você está bem? ― Ele me olha
conferindo se eu estava tudo bem.
― Meu corpo dói, mas está tudo bem.
Ele suspira aliviado e então me abraça.
― Fiquei preocupado. ― Ele parecia
nervoso. ― Que forma era aquela?
― Eu também não sei. ― Aperto o seu
corpo. ― Eu nunca me transformei naquilo. Eu
estou assustada porque não faço ideia no que me
transformei. É como se eu não fosse eu... É como
se eu não me conhecesse.
Ele passa a mão na minha cabeça e a beija.
― Seja lá o que for, você não perdeu o
controle, certo? Você não machucou ninguém,
aquela forma não me pareceu monstruosa. ― Ele
me afasta me fazendo olhar seu rosto. ― O
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importante é que você está bem.


Sorrio e entramos. O Killer estava deitado
perto do sofá, ele parecia estar em um profundo
sono.
Subimos e quando chegou na porta do quarto
o Diogo me vira e deposita um beijo em minha
testa.
― Dorme bem.
Ele ia saindo e então seguro sua mão.
― Jura que vai me deixar sozinha depois
dessa noite? ― digo assustada e ele sorri.
― Não posso dormir com você, Sofia. Não
estou conseguindo me controlar muito
ultimamente, então acho melhor eu ficar o mais
longe possível.
― Do que você está falando? ― Eu estava
completamente perdida.

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Ele chega perto do meu ouvido e sussurra:


― Não se faça de desentendida que isso me
atiça mais ainda. ― Um arrepio sobe pelas minhas
costas. Olho para ele e ele sorri, malicioso. ―
Entendeu agora?
Ele se vira de novo para ir para o quarto ao
lado, mas seguro a mão dele e ele me encara com
uma expressão diferente.
― Não vai — falo baixinho.
― Sofia... ― Ele passa a mão na cabeça. ―
Se você não me soltar, eu não vou me
responsabilizar pelos danos. ― Em vez de eu soltar
eu aperto mais a sua mão e então ele me pressiona
contra a parede e sua boca roça contra minha. ―
Me manda ir embora agora.
― Fica — digo e então ele me beija
intensamente.
Ele abre a porta do quarto e me pega no colo
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me fazendo enlaçar minhas pernas em sua cintura.


Ele me leva até a cama e me deita, ele fica em cima
de mim e me olha nos olhos.
― Ainda consigo me controlar, dá tempo de
mandar eu ir ― ele diz e eu puxo sua cabeça e
digo.
― Cala a boca. ― Eu o beijo e sua mão
percorria meu corpo me fazendo sentir sensações
diferentes.
Ele tira a camisa e desamarra o meu roupão,
começando a me beijar.
― Que fique bem claro que você não me
deixou ir. ― Ele praticamente rasga meu roupão e
me olha, hipnotizado. ― Meu autocontrole nem
existe mais.

Capítulo 51
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Sofia

Sinto alguém mexendo no meu cabelo, abro


os olhos devagar e vejo o Diogo olhando para mim
com um sorriso no rosto.
― A bela adormecida acordou.
― Dormi muito? ― pergunto com a voz
rouca.
― Muito. Agora são exatamente três horas da
tarde.
― QUÊ? ― Eu me assusto e me sento na
cama. ― Ai... ― Coloco a mão na cabeça. Puxo o
lençol cobrindo o meu corpo e cruzo as pernas. ―
Por que me deixou dormir tanto?
― Porque você estava cansada — ele diz, me
encarando. ― Sua boca está branca. Está com dor?
― Na verdade, sim — digo. ― Meu corpo
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dói muito.
― Se você tivesse me mandado ir embora
ontem, isso não teria acontecido.
Olho para ele.
― Você acha que eu estou com dor por causa
daquilo? Não é isso. Ontem, meus ossos cresceram
mais que o normal e depois diminuíram quando
voltei à forma humana, já era esperado que meu
corpo fosse doer.
― Mesmo assim, se tivéssemos evitado, você
não estaria com tanta dor.
Bato em seu braço.
― Está me dizendo que se arrependeu?
Ele chega perto de mim.
― O que vai acontecer se eu disser que sim?
Lanço um olhar mortal para ele.
― Se arrependeu, é? ― Derrubo-o na cama e

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fico em cima dele, com o lençol no corpo.


― É que eu não me lembro bem o que
aconteceu, sabe? Você podia me mostrar o que
fizemos ontem. ― Ele passa a mão na minha pena
e eu rio.
― Você é tão idiota.
Ele sorri e me puxa.
― Ontem foi a melhor noite da minha vida.
Acha mesmo que ia me arrepender? ― Sorrio e ele
me beija, um beijo calmo e cheio de sentimentos.
― Trouxe comida para você. ― Ele olha para o
lado e vejo uma bandeja com um prato de comida.
Saio de cima dele e ele pega para mim.
― Você que fez? ― pergunto e ele sorri.
― Sim. ― Como e, quando sinto o gosto,
sorrio. ― É eu sei, sou um ótimo cozinheiro.
― E convencido — digo, então paro de

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comer e o encaro. ― Diogo, por que não temos


uma marca?
― Preocupada? ― Ele ri.
― Eu estou falando sério. E se não formos...
― Ficou doida? Fica tranquila, se ela não
apareceu é porque deve ter algum motivo. Mas
pode ter certeza de que não é o que você está
pensando. ― Suspiro. ― Anda come, a sua boca
ainda está branca.
Comi em silêncio e sob o olhar do Diogo. Se
eu estava preocupada do porquê não temos uma
marca? Sim, eu estava. E me parece que nem o
Diogo sabe o porquê.
Termino de comer e me ajeito para me
levantar, mas a minha cabeça dói e me sinto tonta.
Eu ia cair, mas o Diogo me segura.
― Você está bem? ― Eu respirava rápido e o
Diogo passa mão no meu rosto. ― Hei.
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― Só estou me sentindo um pouco cansada e


a minha cabeça parece que está dando voltas. ―
Ele me coloca na cama de novo. ― Eu preciso
tomar banho, Diogo.
― Espera um pouco, vou encher a banheira.
― Ele arruma minha cabeça no travesseiro o sai.
Meu corpo todo estava doído. Meus ossos
pareciam estar fora do lugar, eu nem conseguia
parar de pé direito.
Passou algum tempo e o Diogo volta. Ele me
pega com lençol e tudo e me leva para o banheiro.
Ele me coloca sentada em cima do vaso, que estava
com a tampa fechada.
― O que você está sentindo? ― Ele se
abaixa com a mão na minha perna, a banheira ainda
estava enchendo.
― Eu não consigo ficar de pé. Me dá tontura
e meu corpo começa a doer — digo e passo a mão
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na cabeça. Ele tira o lençol do meu corpo e fica me


olhando. ― Para. ― Abraço meu corpo.
― Já vi tudo ontem. ― Reviro os olhos e ele
sorri. ― Você é linda. ― Ele acaricia meu rosto e
deposita um beijo em meus lábios. ― Vem. ― Ele
me pega e coloca dentro da banheira.
― Que delícia — digo quando a água toca
em meu corpo e ouço o Diogo rir.
― E isso aqui. ― Ele beija minha costa. ― É
o quê?
― Ai! ― Chacoalho meu corpo com a
intenção do arrepio parar. ― Sem comentários,
Diogo. ― Ele ri e começa a esfregar minhas costas.
― Você vai hoje atrás do Ceifeiro, né?
― Estou pensando em deixar para outro dia.
Eu me viro e olho para ele.
― Por quê?

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Ele suspira.
― Você mal consegue ficar de pé e o Killer
está em recuperação da pata deslocada. Acha
mesmo que vou deixar os dois aqui sozinhos nessa
situação?
― Eu vou ficar bem. Só quero que tudo isso
acabe logo. Por favor, vai ― digo. ― Se eu chamar
a Ane, você vai?
― Para quem estava doida para ir, se
conformou bem rápido, né?
― Eu só ia te atrapalhar nessa condição ―
digo.
― Depois eu ligo para ela. ― Ele beija o
meu ombro. ― Que roupa você quer que eu pegue?
― Meu short cinza e meu moletom.
Ele confirma e vai pegar. Jogo água no rosto
e me deito na banheira. Passa um tempo, eu
termino meu banho e o Diogo me ajuda a vestir a
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roupa.
*****
Fiquei um bom tempo na cama deitada e o
Diogo ficou me fazendo companhia. Ele ficou o
tempo inteiro me fazendo carinho.
Já era em torno de cinco da tarde, o Diogo já
tinha ligado para a Ane e contou tudo o que tinha
acontecido. O Jonathan vai vir trazê-la. Então, ele e
o Diogo vão atrás do Ceifeiro.
Meu corpo parecia que estava melhorando,
mas ainda assim quando eu ficava de pé minha
cabeça doía, então o Diogo praticamente me
obrigou a prometer que não ia me levantar.
A campainha toca e o Diogo desce para
atendê-los. Eu coloco o travesseiro encostado na
cabeceira, me arrumo e me sento com as costas
apoiadas no travesseiro. A porta é aberta e entram a
Ane, o Jeff, a minha mãe, o Jonathan e o Diogo.
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― Meu Deus, chama uma pessoa e vem o


batalhão inteiro? ― digo, encarando-os.
― Fiquei tão preocupada com você, meu
anjo ― diz minha mãe e me abraça.
Encaro o Diogo.
― Você contou para ela?
Ele olha para a Ane.
― Eu contei só para a Ane.
A Ane olha para o Jeff.
― Eu contei para o Jeff.
O Jeff olha para a mãe.
― Contei para a mãe. ― Ele sorri sem graça.
― Que engraçado, iam deixar sua mãe sem
saber de nada, é? Mas não se preocupe não, até o
seu pai já sabe. ― Engasgo com o susto. ― Ele
disse que está voltando.
― MÃE!
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― Melhoras, Sofi ― diz o Jonathan. ―


Vamos, Diogo.
O Diogo vem até mim e me dá um selinho.
― Até mais tarde. — Ele sorri e eu seguro
sua mão.
― Vai me deixar com eles? ― sussurro.
― Você que deu a ideia.

Capítulo 52
Diogo

Estávamos quase chegando no local que


aquele homem nos tinha dito. Por precaução
mandei um dos meus betas vir aqui uns dias atrás
para ver se realmente era aqui onde o Ceifeiro se

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encontrava.
Avistamos a tal placa e então viro entrando
na estrada de chão. Não demora muito e já pude ver
uma casa abandonada. Estacionei o carro um pouco
antes de chegar na casa.
Eu e o Jonathan saímos do carro e fomos em
direção da casa. Batemos na porta então ela foi
aberta por um lobo ômega. Quando ele me vê se
assusta e tenta fugir, mas o seguro.
― Por que está correndo?
Ele engole em seco.
― Eu não tenho nada a ver com o Ceifeiro —
ele diz, com medo.
― Se você não tem nada a ver com ele, por
que está aqui? ― pergunta o Jonathan.
― Ah... É que... ― Aperto seu pescoço.
― Odeio mentiras e hoje não estou muito

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bom, então vou perguntar só uma vez. ― Ele tosse.


― Onde está o Ceifeiro?
― Eu... não sei.
Eu o solto e suspiro fundo.
― Vou te dar uma chance de sair daqui vivo.
Só me diz onde ele está. ― Ele me encara e não
fala nada. Mostro minha palma da mão e abaixo um
dedo. ― 5... 4... 3
― Ele saiu para caçar.
― Obrigado pela colaboração — digo e me
viro. ― Vamos, Jonathan.
― E se ele estiver mentindo? ― o Jonathan
diz olhando para o ômega.
― Vou dar uma morte bem dolorosa como
presente — digo sem olhar para eles e entro na
mata.
Comecei a farejar o ar com esperança de

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achar o cretino. O Jonathan estava atrás de mim.


Senti um cheiro de sangue misturado com cheiro de
lobo. O Jonathan me olha e diz.
― Parece que um cervo foi morto — ele diz
então fomos na direção do cheiro.
Paramos quando quase caímos, era um lugar
um pouco alto. Olho para baixo e vejo o Ceifeiro
com a boca suja de sangue e sorrindo.
― Que visita inesperada. ― Ele ri. ― Que
pena que o banquete já acabou.
― Podemos fazer outro banquete. ― Sorrio.
― Só que o banquete vai ser dedicado aos corvos e
o prato principal será você. O que me diz?
― O que querem? Você é louco ou idiota? ―
Ele ri novamente. ― Quer morrer? Porque
ninguém deu autorização para entrar em meu
território.
Não me contive e comecei a rir
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freneticamente. Ele desmancha seu sorriso. Dou um


pulo e fico de frente para ele.
― Já pensou em trabalhar em circo? Você é
muito engraçado. ― Sorrio. ― Seu território? ―
Abro os braços e dou uma volta mostrando o lugar.
― Você tem um território? ― pergunto, sério. ―
Desde quando?
― Esse é meu território e você o invadiu.
Isso vai contra a lei — ele diz todo convicto.
― "Esse é meu território" ― Sorrio. E meus
olhos se tornam vermelhos. ― Você não tem
território nenhum. ― Abro os braços. ― Esse é o
MEU TERRITÓRIO! — digo.
― Seu? É seu porque você é o Supremo, mas
até quando? ― Ele sorri.
― Por quê? Vai tentar tomar o meu lugar?
Está me desafiando, é isso? ― Eu me afasto um
pouco. ― Vamos lá. Estou te dando uma chance.
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― Quando um Alfa faz isso, eles têm que lutar até


a morte e quem vence fica com o poder do outro.
― Diogo, o que você está fazendo? — diz o
Jonathan, preocupado.
― Você não me desafiou? ― digo e ele fica
quieto. ― VOCÊ ME DESAFIOU! ― A minha
voz muda sem eu permitir. ― Tenta me matar, mas
se lembre de uma coisa... EU SOU O SUPREMO.
O idiota me ataca. Ele acha mesmo que tem
chance contra mim? Ele consegue perfurar minha
clavícula, rosno e o jogo contra uma árvore, que se
parte ao meio. Vou até ele e ele mal conseguia se
levantar. Ele já estava cuspindo sangue. Eu me
agacho diante dele.
― Você mal aguentou um empurrão, você
não devia ter me desafiado. Não mesmo. ―
Suspiro. ― Me diz: quais foram as ordens que você
recebeu?

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― Não... recebo ordens — ele responde com


dificuldade.
― Recebe. Não me faça perder a paciência.
― Era... só para matar... a lobinha... ― Ele
tosse. ― Ele... quer o poder dela... e depois ele...vai
atrás de você.
― Quem?
Ele começa a tossir.
― Ele tem... ajuda de uma... bruxa... Ele
manipulou... Um dos seus betas... para matar....
― Sofia.
Ele ri.
― Ela vai morrer... ― Ele ri e começa a sair
sangue pela sua boca. ― Você não...vai conseguir
proteger.... a sua amada...
― Quem é ele? ― Ele ri. ― PORRA,
QUEM TE DEU AS ORDENS?

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― Ale....
Uma flecha acerta o seu peito. A flecha
estava com acônito e prata.
― DROGA! ― Olho para trás e vejo só
vulto.
― Quer que eu vá atrás dele? ― pergunta o
Jonathan.
― Não... ― Passo a mão na cabeça. ― Sofia,
ela está em perigo.
Saio que nem doido da mata e o Jonathan
vem atrás.
― Se tirar a flecha dele, ele pode dizer quem
é o responsável — diz o Jonathan.
Entro no carro.
― Ele é um híbrido, metade lobo e metade
humano. Só o acônito já é mortal para ele — digo e
acelero o carro saindo dali.

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Capítulo 53
Sofia
― Tem certeza que você está bem? ―
pergunta o Jeff sentando-se na cama ao lado da
Ane.
― Não estava, mas já estou bem melhor ―
digo.
― E esse negócio da sua transformação,
filha? ― diz minha mãe do meu lado.
― Nem me fala, mãe. ― Passo a mão no
rosto. ― Não faço ideia do que aconteceu, não
tenho nenhuma pista sobre aquela forma.
― Claro que tem — diz a Ane. ― O Diogo
não te falou?
― O quê?

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― Sobre o que a anciã falou para ele. ― Ela


suspira. ― Ele deve ter esquecido. Bom, a anciã
falou que ele foi capaz de trazer a Peeira. No caso,
seria você a tal Peeira. Deve ser o nome daquela
forma.
― Eu queria falar com essa anciã — digo. ―
Jeff.
― Já estou indo. ― Ele sai para chamar a tal
anciã.
― O que é Peeira? ― pergunto a mim
mesma.
Fico tensa e impaciente enquanto a mulher
não chega. Se passa algum tempo e o Jeff entra
com uma senhora. Ela me olha e se curva. Ela
chega mais perto.
― É uma honra estar aqui — ela diz.
― Poderia me responder umas coisas antes
de te perguntar o que realmente quero saber? ―
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pergunto e a Ane e minha mãe se entreolham.


― Se eu souber responder — ela diz e eu
suspiro.
― Tudo bem.... ― Olho para o Jeff, ele
revira os olhos e sai do quarto. ― O que você
entende de sonhos?
― Sonhos são como recados do que irá
acontecer no futuro — ela diz calmamente.
― Então, quer dizer que o que sonho é o que
vai acontecer no futuro? ― Fico tensa e minha mãe
me encara.
― Sonhos são traiçoeiros, querida. O futuro é
feito de escolhas, o que você sonha pode ser uma
escolha que você fez que vai te levar a isso ou pode
ser que outra pessoa faça uma escolha e que acabou
como no seu sonho... ― Ela falava como se
soubesse do meu sonho. ― Mas o seu sonho pode
mudar, conforme a escolha.
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― Seu sonho mudou alguma vez? ― minha


mãe pergunta.
― Não é nada importante. ― Sorrio. ―
Outra pergunta... ― brinco com os meus dedos. ―
Tem algum motivo... para a marca de
companheiros não aparecer?
― QUÊ? ― minha mãe e a Ane gritam
juntas e o Jeff cai fazendo a porta abrir. A senhora
ri e eu queria me trancar dentro do closet de tanta
vergonha.
― Não se preocupe querida, você se
transformou na Peeira ontem. Isso deve ter
impedido. Quando a dor no corpo sumir a sua
marca aparecerá — ela diz, calma.
― Vamos ignorar o Jeff, que é muito
curioso... ― a Ane diz e o Jeff sorri. ― E esse
pequeno fato da marca, o que queremos saber
realmente é sobre a Peeira. O que é isso?

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― Em Portugal, Peeira significa Alfa


feminina. Mas você é mais do que isso. Já existiram
várias peeiras em várias alcateias, mas nunca
existiu uma Peeira Suprema. ― Qualquer um
conseguia ouvir meu coração batendo feito louco.
― Mil anos atrás, logo depois que surgiu o
primeiro Alfa Supremo, foi profetizado que quando
o supremo mais poderoso existir ele teria as cinco
formas do lobisomem e então ele seria capaz de ser
o companheiro de uma Peeira Suprema. Você
entende o que aconteceu ontem? ― Eu a encaro. ―
O que você sentiu ontem quando passava entre a
alcateia?
― A única coisa que sentia era... que eu
devia proteger...
― Exatamente, uma Peeira Suprema é como
uma mãe dos lobos, como uma fada dos lobos. ―
A minha mãe me olha assustada, como a Ane e o

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Jeff. ― Você tem instinto maternal, instinto para


proteger seus filhos, no caso os lobos, e os lobos
sentem o mesmo. Eles te amam como uma mãe,
eles vão te proteger custe o que custar, eles vão
sofrer com você quando estiver triste e vão se
alegrar quando estiver feliz. Na questão da
transformação, você é mais alta do que o lobo do
Supremo, mas o Supremo consegue crescer mais e
ficar no mesmo tamanho que você. Você
é poderosa como o Supremo.
Ela termina de falar e ouvimos um barulho
seguido de outro e de outro. Parecia que estava se
aproximando do quarto. Então, aparece o Leonardo
na porta do quarto, o beta substituto do Diogo. Ele
estava estranho.
― Peeira...― ele sussurra e parecia lutar
contra seu próprio corpo. Parecia que ele queria se
curvar, mas não conseguia. ― Não quero fazer

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isso.
― O que você está falando?
Ele estava estranho. Muito estranho.
― Não quero fazer isso. ― Lágrimas descem
dos seus olhos. ― Não consigo me controlar. ―
Ele começa a dar passos devagar e com dificuldade.
― Ele está enfeitiçado — diz a senhora.
― Eu não consigo me mexer. DROGA, O
QUE VOCÊ FEZ? ― grita o Jeff.
Todos tentam se mexer e não conseguem,
mas eu conseguia.
― Não fui eu... Não é culpa minha. ―
Leonardo falava desesperadamente. ― Para...
PARA POR FAVOR... EU NÃO QUERO FAZER
ISSO.
Eu olhava para todo lado para ver com quem
ele falava, mas não via nada. Então, vejo que

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aparece uma mulher de cabelos brancos velha com


a mão estendida e sorrindo. Ela que estava
prendendo-os.
Olho para o Leonardo e ele estava com uma
adaga na mão.
― Como será que a Peeira reagirá ao
veneno? Acônito e prata. ― A bruxa fala e sorri.
― Me perdoa... eu não quero matar nossa
Peeira — diz o Leonardo chorando. Ele já estava
bem perto.
― SOFIA, FAZ ALGUMA COISA. SAI
DAQUI! — grita minha mãe.
― "Sofia, faz alguma coisa" ― A bruxa
imita minha mãe. ― Ela mal aguenta ficar de pé.
Acha mesmo que ela vai conseguir fazer alguma
coisa?
Meu corpo estava melhor, mas eu não tinha
confiança. Meu braço começa a arder e sinto meu
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corpo ferver. Não sabia o que era aquilo, mas ia me


ajudar.
Vou para cima do Leonardo, consigo tirar a
adaga dele e ele cai no chão, fraco. Em um
movimento rápido jogo a adaga na bruxa e pega em
sua barriga . Ela coloca a mão na barriga e minha
mãe e os outros conseguem se mexer de novo. A
bruxa me olha com raiva.
― Vadia — ela diz e desaparece.
Vou até o Leonardo.
― Você está bem?
Ele faz que sim.
― Como... como você conseguiu reagir desse
jeito? ― pergunta o Jeff.
― O Diogo ajudou — diz a senhora. Eu olho
para ela e ela sorri. ― Parece que seu corpo não dói
mais. Esse é o poder da marca.

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Capítulo 54
Sofia

― Esse é o poder da marca ― diz a senhora.


Eu olho para o meu braço e fico com a boca
aberta. Tinha uma marca avermelhada em forma de
triângulo em meu braço, que ardia muito.
― Sofia.
O Diogo entra desesperado no quarto com o
Jonathan.
― Chegou atrasado — diz minha mãe.
O Diogo vem até mim e segura meu rosto.
― Você está bem? Consegue ficar de pé? ―
ele pergunta, preocupado.
― Sim. ― Balanço a cabeça e sorrio ao ver a
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mesma marca em seu braço. Quando ele me olha


novamente seu olho fica vermelho e eu sinto o meu
mudar.
― “Eu serei o sangue...” — Sua voz soa
calma e suave.
Como se as palavras brotassem em minha
garganta, eu completo a frase:
― “Se você for os ossos.”
Nossos olhos permanecem com a cor vibrante
por alguns minutos... Era tão certo eu e ele, é
surreal o poder e o efeito dessa frase, eu não
consigo explicar.
― Eu disse que ela ia aparecer — diz o
Diogo desenhando a marca no meu braço com o
dedo.
― Uau, o que foi isso? — Ane pergunta,
surpresa.
― Isso foi as almas dos dois se encontrando
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e tendo a certeza de que um completa o outro —


diz a senhora. — Menina, já vou indo. ― Ela se
curva perante mim e o Diogo e sai.
― Então, era ele que estava enfeitiçado? ―
diz Jonathan olhando para o Leonardo, que estava
desmaiado.
― Vocês sabiam? ― pergunto e o Diogo
confirma.
― E o Ceifeiro? ― pergunta o Jeff.
― Está morto — diz o Diogo e passa a mão
na cabeça. ― Ele ia falar o nome da pessoa
responsável por tudo, mas foi atingido por uma
flecha envenenada com acônito e prata.
― A adaga com que o Leonardo ia me atacar
estava com isso também. Aquela bruxa infeliz. ―
Rosno de raiva.
― Você viu a bruxa? ― pergunta o Jonathan
e eu confirmo.
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― Jonathan, leva o Leonardo para a aldeia, lá


eles vão cuidar dele — diz o Diogo e o Jonathan
obedece. ― Vocês podem dormir aqui, já está tarde
para voltar.
― Tudo bem — minha mãe diz e beija minha
testa. ― Boa-noite.
Ane e o Jeff acenam, saem do quarto e eu
suspiro.
― Ontem me transformei na loba Peeira e
hoje fui atacada. Que vida agitada ― digo e o
Diogo me olha.
― Então, você sabe sobre a Peeira?
Olho para ele.
― Por que não me falou nada?
Ele passa a mão na cabeça.
― Queria saber mais sobre isso. Quando eu
soubesse tudo com detalhes eu te diria — ele diz e

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eu levanto uma sobrancelha.


― A anciã me disse tudo.
Ele me olha curioso, então conto tudo a ele.
― Uau! ― Ele sorri e passa a mão na cabeça.
― Não sei se me sinto honrado por minha
companheira ser a Peeira ou se fico convencido por
ser tão poderoso a ponto de ter uma Peeira.
― Você não leva nada a sério, né? ― Bato
em seu ombro e ele ri.
― Vem cá. ― Ele me puxa e me abraça. ―
Ainda bem que você está bem.
― Eu preciso tomar banho — digo, me
afundando em seu peito.
― Você já consegue andar — ele sussurra.
― Preciso de alguém para esfregar minhas
costas — sussurro e ele ri.
― Se eu me acostumar é culpa sua — ele diz

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me afastando. ― Depois vai ter que arcar com as


consequências.
― Dou conta disso — digo e ele sorri.
― Gostei disso. ― Ele me puxa e me beija.
*****
Era em torno de duas horas da tarde e
ninguém tinha indo embora. Acho que gostaram de
ficar aqui.
Sofremos um ataque na reserva do leste,
então o Diogo, o Jonathan e o Jefferson foram
ajudar por lá. Já tinha algumas horas que eles
saíram.
A minha mãe estava lá fora mexendo nas
plantas, a Ane estava fazendo alguma coisa na
cozinha e eu estava com o Killer. Ele está se
recuperando bem, hoje ele já consegue andar mais
rápido, mas ainda não tem forças para se
transformar.
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A porta é aberta e vejo-os entrarem. O Jeff


vai direto para a cozinha, o Diogo vem até mim e o
Jonathan se joga no sofá.
― Eu estou um caco — diz o Nathan.
― Como foi? ― pergunto ao Diogo.
― Conseguimos controlar a situação e depois
ajudamos a recuperar os danos — ele diz passando
a mão no Killer.
― Que bom. ― Sorrio e ele me beija, me
pegando de surpresa.
― Não queria que ninguém visse esse sorriso
lindo.
Mostro língua para e ele sorri. O celular do
Nathan toca e ele pega com a maior preguiça do
mundo.
― Alô? ― Do nada ele se senta ereto. ―
Hoje? ― Ele estava com o cenho franzido. ― Que
horas? ― O Nathan olha para o Diogo e suspira. ―
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Não sei se ele vai querer ir... Tá, eu sei... Eu não


posso prometer absolutamente nada... fala sério,
tudo bem vou ver o que posso fazer... OK, tchau.
― Ele desliga o celular e passa a mão na cabeça.
― Que foi? ― pergunto.
― Problemas — ele diz e olha para o Diogo.
― Parece que uma filial do escritório de advocacia
do Isaac está sendo inaugurada hoje. A festa é às
sete e meia e a sua presença foi convocada.
― Convocada? ― diz o Diogo e revira os
olhos. ― Como se eu fosse obrigado a ir.
― Na verdade, você é — diz o Nathan e o
Diogo o encara. ― Não fui eu que falei e sim a
secretaria do Isaac.
― Mas que droga. ― Ele suspira. ― Odeio
festas, você vai no meu lugar.
― Não mesmo. Eu sou Jonathan Lattanzi,
não Diogo Adams — diz o Nathan e se levanta.
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― Desde quando estou sendo tratado assim


pelo meu beta? ― diz o Diogo indignado e eu rio.
― A responsabilidade é sua. Você vai ter que
ir. Boa sorte — digo sorrindo e ele me encara.
― Tá achando engraçado, é? Pois bem, você
vai também — ele diz sério.
― Que? ― Desmancho o sorriso.
― Isso mesmo, dona Sofia — ele diz e toca o
meu nariz. ― Você vai comigo.

Capítulo 55
Sofia

As minhas roupas estavam todas jogadas em


cima da cama. Nenhuma roupa estava boa, segundo
a Ane.
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― Essa? ― Coloco o conjunto todo preto.


― Você vai a uma festa de negócios, não a
uma balada. ― Reviro os olhos pela milésima vez.
Pego outra roupa e visto para a dona Diane. ―
Muito Anos 90. ― Pego outra roupa. ― Vulgar...
Essa cor, não gostei... Você está parecendo uma
velha nisso... Sem graça... Com isso você vai
parecer que é filha do Diogo.
― AH, EU DESISTO! ― Surto de raiva.
― Mas eu não — diz a Ane e começa a jogar
no chão as roupas que não interessam ela. ―
Precisamos de uma cor que não seja chamativa,
uma cor discreta que combine com você. Um
vestido que valorize seu corpo, que te dê um ar de
fofa e sensual...
― Você já não quer demais, não? ― Sento-
me no chão.
― Não. Hum, vamos ver. ― Ela tinha jogado
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quase a metade das minhas roupas no chão. ―


HAAAA... ― Levo um susto com seu grito. ―
Como não vi esse aqui? ― Ela levanta um vestido
preto que era colado em cima e rodado embaixo.
― Duvido que ele entre em mim — falo. ―
Esse vestido é velho, faz décadas que não o visto.
― Vista. ― Ela joga o vestido em mim. —
Temos só alguns minutos... ― ela diz olhando a
hora. ― Vai tomar banho e vista o vestido.
― Será que você me ouviu? Ele não vai
entrar. ― Ela me encara e eu sorrio. ― Tudo bem...
Já estou indo.
Vou para o banheiro e tomo um banho
rápido. Visto minhas roupas íntimas e olho para o
vestido. Pego-o e visto. Saio do banheiro.
― Perfeito — diz a Ane. ― Viu? Ele entrou.
― Mas está apertado — digo e me remexo,
incomodada.
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― Mas dá para suportar, certo? ― Reviro os


olhos. ― Vem. ― Ela me puxa me fazendo sentar
e começa a fazer uma maquiagem leve. Depois de
um tempo ela termina. Ela meche um pouco no
meu cabelo e depois corre em um canto e pega uma
sandália da cor nude. ― Você está linda.
― Obrigada — digo e ela sorri.
― Vai logo, o Diogo já deve estar te
esperando. ― Suspiro e saio do quarto.
Desço a escada e o Diogo estava de pé no
final da escada me esperando. Como esperado ele
está impecável. Ele me olha e sorri. Ele segura a
minha mão e me ajuda a descer o resto da escada.
― Eu realmente não quero ir — ele diz me
olhando de baixo em cima.
― Entendo, mas só que você me obrigou a ir.
Não vesti esse vestido apertado para tirar tão
rápido.
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Ele sorri de lado.


― Tá apertado, é? ― Ele pega na minha
cintura. ― Então, vamos tirar ele.
― Sem gracinhas. ― Tiro a mão dele da
minha cintura e ele bufa.
― Vamos logo. Quero voltar o mais cedo
possível... ― ele diz e eu rio.
*****
Tínhamos acabado de chegar na empresa de
advocacia. Parecia que aqui só tinha humanos.
Estava bastante movimentado.
Antes de entrarmos o Diogo agarra a minha
mão e eu olho para ele.
― Já sabe, né? ― ele pergunta e eu sorrio.
― Não sair de perto de você — digo e ele
sorri.
Entramos e comecei observar o lugar. Era

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extremamente elegante, tinha várias pessoas bem-


vestidas, perto das mulheres daqui eu estava bem
simples.
Logo um certo grupo de senhores chama o
Diogo e ele me puxa junto. O Diogo me apresenta
como sua "mulher". Juro que tentei esconder minha
surpresa, mas não sei se deu muito certo.
Eles começaram a conversar sobre negócios e
o Diogo não parecia muito interessado. Aquilo
estava meio chato mesmo. Até que uma mulher
morena com um vestido longo vermelho colado no
corpo se aproxima.
― Com licença — ela diz e todos os olhares
se prendem nela, inclusive do idiota. ― Preciso que
o Sr. Adams me acompanhe.
― Que? ― Eu não me contive. A mulher me
olha e dá um sorriso falso.
― É extremamente importante — ela diz
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olhando para o Diogo.


― Sabe o que é extremamente importante?
Eu quebrar se... ― O Diogo tapa a minha boca.
― Não liga, não. A minha mulher não está
muito bem hoje. ― Mordo a mão dele e ele me
solta.
― Senhor, por favor me acompanhe — ela
diz e eu quase pulo em cima da narizinho
empinado, mas o Diogo pega na minha mão.
― Claro. Vamos, amor — ele diz e eu não
sabia se ria da expressão da mulher ou se dava um
beijo no Diogo.
― Ela também? ― a mulher pergunta com
desdém.
― Não vou sem ela — diz o Diogo e ela
suspira.
― Me siga.

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Subimos um andar, ela mostra a porta e


simplesmente sai. Olho para o Diogo e franzo a
testa. Ele abre a porta e quando entramos eu quase
travo.
Depois que atravessamos a porta senti um
carregamento muito pesado de presenças
sobrenaturais. O Diogo aperta minha mão e
entramos mais um pouco. Era uma sala que estava
lotada de seres sobrenaturais. Todos estavam bem-
vestidos, as mulheres são lindas e os homens mais
ainda. Eu olhava para eles sem entender
absolutamente nada, já o Diogo aparentava calma,
parecia que conhecia todos ali presentes.
Então, do nada eles se curvam, me deixando
mais nervosa. Um homem alto e musculoso dá um
passo à frente.
― Como vai Diogo? ― pergunta o homem.
― O que vieram fazer aqui? ― Diogo

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pergunta.
― É inauguração do escritório do meu genro,
acha mesmo que não viria? ―
Caramba, esse homem não aparenta ser tão
velho para ter um genro que tem uma empresa.
― Para de gracinha, Henry. Estou
perguntado o que todos esses Alfas vieram fazer
aqui. ― Diogo diz, então cai a minha ficha. Por
isso que quando entramos senti umas presenças
bem pesadas, eles são Alfas.
― Acho que você sabe a resposta, Diogo —
diz outro homem, que é lindo por sinal. Ele estava
acompanhado de uma mulher mais linda ainda, ela
estava com um vestido preto que moldava seu
corpo perfeitamente.
― Eu não quero ajuda — o Diogo diz e
suspira. ― Isso é assunto nosso. ― Ele levanta a
minha mão e todos me olham. ― E da minha
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Alcateia.
― E nós somos o que para você, idiota? ― A
mulher linda do vestido preto diz e eu fico surpresa
dela falar assim com o Diogo.
― Hannah! ― O homem segura seu braço.
― Hannah uma ova. Eu odeio essa teimosia
dele — ela diz e puxa o braço, mas o homem não o
solta. ― Me solta, seu Ogro. ― Ela parecia brava,
então o homem a solta. Ela encara o Diogo. ―
Agora, você vai me ouvir.

Capítulo 56
Sofia

― Você disse que isso é assunto da sua

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alcateia. Está dizendo que não nos considera como


parte da sua alcateia? ― Ela suspira. ― Você é o
nosso Supremo, não acredito que não vai deixar a
gente te ajudar.
― Diogo, ela está falando a verdade. ― O
homem atrás da mulher chamada Hannah diz: ―
Somos sua alcateia.
― Mesmo você recusando nossa ajuda,
temos uma coisa chamada instinto protetor — diz o
Henry. ― É como se a família da minha filha ou
até mesmo a família do meu neto, estiver em
perigo, eu não vou pensar duas vezes. Irei protegê-
los. ― Eu prestei atenção só quando ele falou
“neto”. O homem tem um neto? Com aquela
aparência? ― O que eu quero dizer é que você é
como um pai para cada beta, ômega e alfas. Iremos
proteger nosso pai, nosso Supremo.
― Vocês... ― O Diogo passa a mão na

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cabeça. ― Vocês são filhos muito teimosos. ―


Eles riem. ― Eu não quero ninguém em perigo. —
Diogo suspira e diz: ― Hannah. ― Ela dá um pulo
e fica atrás do homem que a tinha segurado.
― Desculpa — ela sussurra e o homem em
sua frente tenta não rir.
― Eu considero vocês como minha Alcateia
sim — Diogo diz, ela sorri e sai de trás do homem.
― Eu só não quero que se machuquem por minha
irresponsabilidade.
― Não acha que somos bem grandes para
cuidarmos de nós mesmos? ― Um outro homem
fala pela primeira vez. ― Não se preocupe com a
gente.
― Já que está tudo resolvido, por que não
apresenta logo a gente para a sua companheira? ―
diz a Hannah.
― Impaciente — sussurra o Diogo e me puxa
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até ela. ― Essa é a Hannah Backer, ela é a


companheira do David.
― Sofia, né? ― ela pergunta e logo me
abraça. ― É um prazer finalmente te conhecer.
Fiquei curiosa depois que o Diogo apareceu lá em
casa por sua causa.
― Sem detalhes — sussurra o Diogo e eu rio.
― Então, suponho que foi você que
convenceu ele a voltar, certo? ― Ela sorri. ―
Obrigada.
― Esse é David Lewis ― Cumprimento-o.
― Meu amigo de infância.
― É um prazer te conhecer — ele diz e eu
apenas sorrio.
― Esses aqui são Henry e sua companheira
Victória, a filha deles Lexy e o dono do escritório e
companheiro dela, Isaac, os filhos deles, Ethan e
Lia. Kate, a companheira do Ethan e Noah,
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companheiro da Lia — fala o Diogo me


apresentando a todos eles e eu fico de boca aberta.
― A família inteira — digo e eles riem.
Não tinha só eles, tinhas outros, muitos alfas
de toda a parte. A única coisa que eu ficava
imaginando era: onde esse povo vai ficar?
― Como conseguiram canalizar suas
presenças só aqui dentro dessa sala? ― o Diogo
pergunta.
― Lucy — diz a Victória e uma senhora
aparece. ― Ela é uma bruxa, ela que ocultou a
nossa presença.
― Entendo — o Diogo diz. ― A minha casa
é grande, mas não acho que va....
― Não esquenta, Diogo — diz o David.
― Nós pretendemos acampar — diz o Isaac.
― De preferência, ao redor da sua casa —

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diz o David, se aproxima do Diogo e sussurra: ―


Para eu te atrapalhar, como você fez comigo.
A Hannah se engasga e puxa o David para
perto dela.
― Você não pensa para falar, seu Ogro idiota
— ela diz e parecia vermelha. O Diogo ri e balança
a cabeça.
― Tudo bem, já que pretendem acampar ao
redor da minha casa, quero que se ocultem — fala o
Diogo.
― Eu já tinha dado a ideia ― fala o Henry.
― Vai ser muito ruim se souberem que essa
quantidade de Alfas está reunida em apenas um
lugar.
Depois de resolver tudo fomos para casa,
tinha em torno de uns dez carros atrás de nós.
― Você parece estar tensa — o Diogo diz
sem me olhar.
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― É que agora parece que realmente vai


acontecer uma guerra.
O Diogo suspira.
― Mas essa é a realidade, vai acontecer uma
guerra — ele diz, frustrado.
― Eu já imaginava desde o início que isso
iria acontecer, mas isso está me deixando com
medo, pois parece que essa guerra não está muito
longe.
Ele segura a minha mão.
― Não se preocupe. ― Ele me olha. ― Eu
vou te proteger.
Sorrio e então ele estaciona. Chegamos e o
Diogo já foi ajudando o pessoal, eu entrei em casa e
fui beber água.
Já tinha algum tempo que o povo tinha
chegado e eles estavam arrumando as barracas em
volta da casa. Eu estava sentada em um banco perto
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do balcão, então a minha mãe chega perto de mim.


― Você queria se livrar de nós, agora olha o
tanto de gente que está aqui. ― Ela ri. ― Tenta se
livrar desse povo todo agora. ― Ela ia saindo, mas
volta. ― Tenho uma notícia: eu e seus irmãos
vamos ficar também, seu pai chega amanhã e vem
direto para cá.
― Haaaa... ― Jogo-me no balcão e ela sai
rindo.
― Está tudo bem? — Lexy aparece e se senta
do meu lado.
― Sinceramente, não. Mas quero que fique.
― Ela sorri e então aparecem a Hannah, a Victória,
a Kate e a Lia.
― Me conta: é ruim ser companheira do
Diogo? ― pergunta a Hannah. ― Você não tem
medo dele?
― Estou aprendendo a não ter. Fora isso
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acho que não tenho do que reclamar. ― Sorrio.


― Já pensa em dar um herdeiro para ele?
A pergunta da Victória me pega de surpresa.
― Na verdade, não pensei nisso ainda —
digo.
― É, eu também não pensava, e veio sem eu
pensar mesmo ― diz a Hannah.
― Você tem um filho? ― pergunto e ela dá
um sorriso enorme.
― Um casal, eles são gêmeos. Eles já estão
perto de completar um ano — ela diz toda
sorridente.
― Como consegue deixar eles sozinhos? ―
pergunta a Lia.
― Eles têm dois tios e uma tia que não
desgrudam deles. Estão em boas mãos — diz a
Hannah.

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Eu nunca tinha as conhecido, mas me sinto à


vontade conversado com elas. É como se
tivéssemos no conhecido muitos anos atrás.
A Hannah é um amor de pessoa, meio doida,
mas ainda assim nos demos muito bem. Descobri
que a Kate já foi humana como a Victória. A Lia é
elétrica que nem a mãe dela, a Lexy. Eu realmente
gostei muito delas.

Capítulo 57
Sofia

Eu já tinha subido para o quarto, pois não


aguentava mais aquele vestido me apertando.
Estava com um vestido largo qualquer. Vou até a
sacada do quarto.

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Lá embaixo estava cheia de barracas. Ao


redor da casa e um pouco além tinha barracas. Isso
realmente está parecendo uma guerra, é como se os
soldados estivessem só esperando pelo ataque.
Suspiro fundo com esse pensamento.
Braços envolve a minha cintura e sua cabeça
descansa em meu ombro. Sorrio e coloco a minha
mão em seu braço.
― Você está preocupada com alguma coisa?
— Viro o rosto e o encaro. — É, você está.
― Eu daria tudo para nada acontecer — digo.
― É, mas isso não vai acontecer. — Ele me
abraça forte e eu me afundo em seu peito. — Não
se preocupe, só confie em mim, está bem? — Não
digo nada então ele me afasta e me faz olhar em seu
rosto. — Você pode fazer isso? Você pode confiar
em mim?
― Posso. — Dou um sorriso fraco.
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Ele toca o meu rosto e começa a fazer


círculos com o dedo em minha bochecha, com a
outra mão ele mexe em meu cabelo. Ele começa a
se aproximar de mim aos poucos, mas quando
nossos lábios estavam poucos centímetros de se
unirem ouvimos algo.
― Have you got colour in your cheeks? Do
you ever get that fear that you can't shift the typ
That sticks around like something in your teeth....
— Alguém cantava Do I Wanna Know alto e super
horrível. O Diogo passa a mão na cabeça, olha para
baixo e eu o acompanho. Era o David, ele estava
com a mão no peito olhando para nós e cantando.
― Are there some aces up your sleeve Have you no
idea that you're in deep? I've dreamt about you
nearly every night this week How many secrets can
you keep?...
Eu não conseguia parar de rir daquilo. A

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Hannah chega e bate em seu ombro.


― Para com isso, seu Ogro idiota.
Todo mundo saiu das barracas para ver o que
estava acontecendo.
― How many secrets can you keep? 'Cause
there's this tune I've found That makes me think of
you somehow And I play it on repeat Until I fall
asleep Spilling drinks on my settee — Ele
continuava e a Hannah tapa o rosto.
― Parece que ele vai levar isso a sério — o
Diogo sussurra e na hora o David para.
― Você acha que eu estava brincando? —
pergunta o David com um sorriso no rosto.
― Vai dormir, idiota — diz o Diogo e entra
para o quarto. A Hannah me olha.
― Desculpa, Sofia — ela diz e bate no
ombro do David de novo. Sorrio e digo.

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― Tudo bem.
*****

Acordo, olho para o lado e não vejo o Diogo.


Levanto-me e vou para o banheiro. Faço minha
higiene e tomo um banho demorado. Visto uma
calça preta rasgada e um moletom branco, coloco
meu boné e desço. Chegando na cozinha sou
barrada pelo Diogo.
― Aonde pensa que vai? — ele diz me
olhando de cima abaixo.
― Já tem mais de dois dias que não vou
trabalhar, Diogo.
Ele suspira.
― Eu já conversei com a Fernanda, disse a
ela que saímos para viajar.
Minha boca foi lá embaixo.

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― Você está doido, assim eu vou ser


despedida. — Bato em seu ombro.
― Não tem necessidade de você trabalhar
mesmo. — Ele dá de ombros
― Diogo, você não po....
― Nessa parte concordo com o Diogo... —
Olho para trás e vejo meu pai.
― Pai — digo e então ele continua.
― É perigoso sair daqui. Então, é melhor não
ir trabalhar — ele diz.
― Quando chegou? — pergunto.
― Algumas horas atrás — ele diz calmo e
vem até mim. Deposita um beijo em minha testa.
— Você está bem?
― Estou. — Sorrio. Começo a escutar
barulhos e olho para o Diogo. — O que está
acontecendo?

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― Treino. — Ele pisca e sai. Vou atrás dele.


O barulho vinha de trás da casa, chegando lá
vi todos treinando seriamente. O David chega perto
do Diogo.
― Fiquei sabendo que ela está com
dificuldade de aceitar sua presença — o David diz e
me olha.
― Oi? — digo e chego mais perto.
― O que acontece quando o Diogo fica em
sua forma Crino? Qual é a sua reação?
― Ah... é... medo? — o David ri.
― Você que tinha que saber, mas não é —
ele diz.
― Você não sente medo, muito menos
ameaçada — diz a Hannah se aproximando. — Por
algum motivo que não sabemos ainda, a sua loba
não está aceitando a presença do Diogo.

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― Como sabem disso? — pergunto.


― O Diogo me contou a reação que você
teve quando sentiu a presença dele — diz o David e
eu olho para o Diogo. — Precisamos treinar isso,
sua loba tem que aceitar a presença do Diogo,
senão vamos ter dificuldade no campo de batalha.
A Hannah e o David saem na frente e eu
chego perto do Diogo.
― Você disse a ele sobre a minha...
― Não. — Ele suspira. — Mas acho que é
por isso que sua loba está com dificuldade de me
aceitar.
― Por eu ser a Peeira? — pergunto baixo e
ele confirma.
― Eu não quero que você vá para o campo
de batalha. — Eu só suspiro e não digo nada. —
Mesmo assim, a sua loba tem que me aceitar, senão
eu que vou ter dificuldade.
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― DIOGO, SOFIA! — a Hannah grita. O


Diogo pega a minha mão e fomos até eles.
Todos param de treinar e olha para nós.
― Pelo que o Diogo me disse, ele já tem
controle sobre a sua forma crina — diz o David. —
Então, a melhor forma da loba da Sofia aceitar a
forma crina do Diogo é ele se transformando e a
Sofia tentar se aproximar dele.
― Você consegue? — pergunta a Hannah
para mim.
― Vamos tentar com a forma lupina
primeiro. — O Diogo me olha. — É mais seguro.
― Eu consigo — digo.
― Forma lupina primeiro — ele diz, me
repreendendo.
― Tudo bem, a forma lupina primeiro — diz
o David.

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O Diogo solta aminha mão e se afasta, todos


se afastam também formando um círculo. Com uma
rapidez surreal ele se transforma, eu tenho uma
tontura e caio de joelhos no chão encarando-o.
― Sofia... ― A Hannah ia vir ao meu
encontro, mas o David não deixa.
― Não. Ela tem que conseguir sair dessa
sozinha — ele diz.
Eu estava tremendo de medo, sim era medo.
Pois eu nunca tinha visto a forma lupina do Diogo,
e quando vi entrei em desespero, pois conhecia
aquele lobo... Alto, seus pelos eram tão negos
quanto a escuridão e seus olhos tão amarelos
quanto o sol... o lobo do meu sonho.

Capítulo 58
Sofia
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O lobo do meu sonho... era o Diogo. Como se


eu estivesse no sonho veio a imagem na minha
mente. Estava caída no chão com sangue no corpo
e o Diogo uivando do meu lado.
― Sofia... Sofia... ― uma voz longe me
chamava. ― SOFIA... ― Abro os olhos e vejo a
Hannah me chamando. ― Você está bem?
― Sim... ― Levanto e encaro o lobo à minha
frente.
― Se você estiver bem se aproxima dele —
diz o David.
Suspiro fundo e vou devagar até ele. Levanto
a minha mão e toco em sua cabeça, meu corpo se
arrepia ao sentir seu pelo contra minha mão. Sorrio
e ele funga.
― Volta para o lugar onde você estava, Sofia
— diz o David e eu faço o que ele mandou. ―
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Agora se transforma em Crino, Diogo.


O Diogo rosna e dá um passo para trás.
― Eu vou ficar bem — digo, e ele rosna
novamente.
Demora um pouco, então seu corpo cresce e
ele fica somente em duas patas ficando mais alto.
Sinto meu corpo tremer, começo a sentir um calor
horrível. A transformação do Diogo fica completa e
minha cabeça dói, coloco a mão na cabeça e me
agacho.
― Sofia... ― fala a Hannah, preocupada.
Meu corpo começa a doer muito. Olho para o
Diogo, que me encara com aqueles olhos
vermelhos sangue, então foi a gota d'agua e me
entreguei à dor. Fechei os olhos e rosnei, meu
corpo se contorce e sinto meus ossos crescerem,
meu corpo foi coberto por pelos brancos, meus
olhos ficaram em uma cor surreal e eu não paravam
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de crescer. Quando meu corpo parou de crescer eu


já tinha passado do Diogo, olho para baixo e vejo a
expressão no rosto de cada um. Era de admiração,
todos se curvaram.
Ouço o Diogo rosnar. Então, vejo-o ficar
maior até chegar à minha altura. Ele me encara e
sou obrigada a abaixar a cabeça.
― Deu certo ― ouço o David dizer. ― Você
realmente é ignorante, Diogo, não precisava ficar
do tamanho da Sofia. ― David diz olhado para o
Diogo, que rosna. Ele me olha e diz: ― Pode voltar
à forma humana, Sofia.
Eu ia me virar, mas o Diogo entra na minha
frente e rosna.
― Vai para outro lugar ― ele diz, naquela
voz assustadora.
Ouço a Hannah rir.
― Vem, Sofia. ― Acompanho-a e todos
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abrem espaço para mim. Fomos para o meio da


floresta. Volto à minha forma normal e a Hannah
me entrega um roupão. ― Parece que o Diogo é
ciumento. ― Sorrio e não digo nada. ― Então,
você é a Peeira? ― Ela abaixa a cabeça.
― Para com isso. ― Levanto sua cabeça.
― Agora entendo o porquê sua loba não
aceitava o Diogo. Ela é poderosa, você é poderosa,
então não queria ser dominada. ― Ela sorri. ―
Vamos.
Voltamos para casa e eu fui até o quarto.
Vesti uma roupa qualquer e desci até a sala, os
Alfas e suas companheiras estavam todos reunidos.
Vou para perto do Diogo.
― Bom, temos o Alfa de Virgínia, Ohio,
Nova Jersey eu da Califórnia, o Supremo de Nova
York, sem contar nossos betas — diz o David.
― Estamos em bom número — diz o Henry.
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― Recebi uma ligação — diz o Jonathan


entrando na sala e o Diogo olha para ele. ― Parece
que mais um alfa vai se juntar...
― Quem? ― pergunta o Diogo.
― O Alfa da Flórida...
― QUÊ? ― a Hannah dá um grito e todos a
olham. ― Alfa... da Flórida?
― Algum problema? ― pergunto e ela me
olha.
― Ah, é... bom... ― ela fica enrolando para
falar.
― Ele é o antigo alfa dela — diz o David.
― Antigo? ― pergunta o Diogo. ― Saiu da
alcateia dele porque o David era o seu
companheiro?
O David ri e a Hannah bate no ombro dele.
― Ela foi expulsa da Flórida — fala o David

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e todos riem.
― Transferida — ela diz firme e eu rio.
― Transferida? ― digo e balanço a cabeça,
já era esperado da Hannah.
― Bom, parece que ele vem amanhã — fala
o Nathan.
― Tudo bem — diz o Diogo e olha para
Hannah. ― Sem gracinhas, Hannah. ― Ela faz
uma careta.
― Gracinhas? O que eu poderia fazer? ―
Sorrio quando ela termina de falar.
― Ela não vai fazer nada — diz o David.
― Assim espero — fala o Diogo e se vira
para sair. O pessoal começa a conversar, então o
Diogo volta e fica olhando para todo lado, o David
olha para ele e franze o cenho. ― Quietos — o
Diogo fala apenas uma vez e todos ficam em um
silêncio absoluto.
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Todos ficam em posição de ataque. Então, na


mesma hora que o Diogo entra na minha frente.
Escuto o vidro sendo quebrado e uma flecha vem
em nossa direção, mas o Diogo a pega antes mesmo
de chegar em nós.
― VÃO AGORA! — grita o Diogo e o
David o Henry, o Isaac e o Ethan saem de dentro de
casa.
― Você está bem? ― O Diogo me olha.
― Vai logo. ― Eu o empurro. Ele olha para
Hannah.
― Vai, eu cuido dela — a Hannah diz e ele
me olha mais uma vez.
― Eu já volto — ele diz e sai correndo.
― Você está bem? ― A Hannah e as outras
chegam perto de mim.
― A flecha nem encostou em mim Hannah,
eu estou bem — digo e meu pai e os meninos
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aparecem.
― Não saiam de dentro de casa — ele diz e
sai correndo com meus irmãos.
Minha mãe e Diane aparecem do meu lado.
― Parece que começou mais cedo do que o
previsto — diz a Lexy e eu fico tensa.
― Não acredito que vamos passar o Ano
Novo lutando — fala a Lia.
Tinha até me esquecido, mas o ano está
finalmente acabando. Falta somente uma semana
para se findar o Ano Novo.
― Fiquem em alerta — fala a Vic e todas
começam a olhar para os lados.
Sinto minha mãe ficar tensa do meu lado,
então a Hannah fica na minha frente e sinto duas
presenças na sala. Uma eu já sabia quem era... A
bruxa que apareceu da última vez em meu quarto,
mas a outra presença eu desconheço e não consigo
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ver nada porque a Hannah estava na minha frente.


― Que lindo... ― Ouço uma voz grossa e
rouca masculina. Então, o ouço bater palmas. ―
Realmente é comovente ver as lobinhas protegendo
sua Peeira. Mas nem um Bisclavre vai me impedir
de fazer o que vim fazer. ― "Bisclavre". Na
França, o lobisomem é chamado assim. Ele é da
França? Sinto minha mãe se desesperar. ―
Giovanna... devo dizer que os anos te favoreceram
muito bem. Está mais linda que nunca.
― Alexander...― minha mãe diz em uma
voz trêmula, parecia não acreditar no que via.
Empurro a Hannah para o lado e pude ver a
cópia perfeita do Diogo em minha frente.

Capítulo 59

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Sofia

Era como se o Diogo estivesse na minha


frente, só que alguns anos mais velho.
― Uau... ― ele diz me olhando. ― Então,
você é uma Lattanzi. ― Ele olha para minha mãe.
― Linda a sua filha.
Minha mãe segura o meu braço e me puxa
para trás, mas eu não vou.
― Co... como? ― minha mãe diz.
― Isso não interessa mais, Giovanna. ― Ele
sorri e olha para mim. ― Meu filho realmente é
sortudo por ter uma companheira como você.
― O que você quer?
Ele sorri.
― A sua vida. ― A Hannah entra na minha
frente. ― Esses anos todos e eu não consegui te
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matar... Se quer um serviço bem feito, faça você


mesmo — ele diz com a voz firme. Eu olhava para
o chão com os pensamentos longe. ― O Diogo vai
te abandonar... ― Do nada ele aparece atrás de
mim com a bruxa e a Hannah me puxa para trás. ―
Ele vai te abandonar quando souber a razão pela
qual quero a sua vida. Ele vai se juntar a mim
quando descobrir que a mãe dele pode voltar à
vida... ― Meu coração dói e então me vem à mente
a imagem das rosas azuis se tornando vermelhas.
― Mas você já sabe disso, você sempre soube. Ele
irá te escolher ou... à mãe? Você já sabe a
resposta...Você já viu a decisão... Acho que não
preciso dizer mais nada — ele termina e some junto
com a bruxa.
As meninas ficam em volta de mim
perguntando se eu estava bem, mas eu não
conseguia falar nada. As imagens não saíam da
minha cabeça.
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As rosas azuis se tornam vermelhas, elas


murcham e morrem... Coloco a mão na cabeça com
esperança das imagens sumirem... Eu me
encontrava morta, com o corpo cheio de sangue, e o
Diogo do meu lado uivando.
― Não... Não. ― Começam a escorrer
lágrimas em meu rosto. Desde o momento em que
conheci o Diogo... me lembro o dia que o vi na
floreta... Desde o momento em que meu sonho
mudou, ele já tinha tomado a decisão. O meu sonho
toma um rumo conforme as decisões, o Diogo já
escolheu. Qualquer um escolheria a mãe, certo? ―
Não... ― Eu chorava desesperadamente.
Se eu estivesse no lugar do Diogo, o que eu
iria escolher? Minha mãe ou ele? Eu entendo se ele
escolher a mãe, mas por que isso dói tanto? Mesmo
eu entendendo, por que dói?
Minha visão fica turva, minha cabeça dói.

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Flashes de momentos com o Diogo passam em


minha cabeça e não sei se era minha imaginação,
mas antes de apagar totalmente vejo o rosto dele.
*****

Abro os olhos com dificuldade e vejo o


Diogo de cabeça baixa do meu lado. Eu estava
deitada na nossa cama e ele estava sentado no chão.
― Di... ― Ele levanta a cabeça rapidamente.
― Diogo.
― Anjo. ― Ele se senta ao meu lado e alisa o
meu rosto. ― Você está bem? ― Sento-me na
cama, olho em seus olhos e começo a chorar. ―
Sofia... Meu amor, não fica assim. ― Ele me
abraça. ― Por que está chorando?
― Desculpa... ― Aperto-o contra o meu
corpo. ― Fica aqui assim... Só um pouco.
― Eu ficaria assim com você a vida toda. ―
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Com essas palavras meu coração dói, pois sei que


não seria verdade. ― Me conta o que aconteceu.
― Nada... ― sussurro. ― Pode chamar a
Hannah? ― Ele se separa de mim.
― Está me trocando pela Hannah? ― Ele
limpa minhas lágrimas.
― Quero falar com ela. ― Ele dá um beijo
na minha testa e se levanta.
― Tudo bem.
Ele sai do quarto me deixando sozinha.
Minha cabeça ainda doía, meu coração ainda doía.
E aquelas palavras ecoavam em minha mente: "O
Diogo vai te abandonar... Ele irá te escolher ou à
mãe?.... Você já sabe a resposta."
Eu estava a ponto de enlouquecer quando a
Hannah entra no quarto.
― Você está bem? ― Ela corre até mim, eu
choro que nem uma criança e ela me abraça. ―
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Sofia...
― Ele sabe? Ele sabe que o pai dele está
vivo? ― Ela me aperta forte.
― Ninguém ousou contar. Todos querem que
você conte. ― Aperto-a e choro. ― Pode me
explicar o que está acontecendo?
― A mãe dele pode voltar à vida... Com a
minha morte. ― Ela me empurra e me encara.
― Do que diabos você está falando? Ficou
doida? ― ela pergunta, assustada.
― Eu ou a mãe? Quem acha que ele vai
escolher? ― pergunto.
― Lógico que isso não faz sentido, mas
obviamente seria você.
― Resposta errada. ― Suspiro. ― Desde que
o conheci... eu vi a sua escolha várias e várias
vezes, sem ao menos saber o porquê ele escolheu
aquilo... Mas hoje eu entendi. Mas por que dói? ―
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Lágrimas descem novamente. ― Por que meu peito


dói?
― Porque você não quer que ele escolha isso.
― Ela suspira. ― Você precisa ficar calma, você
deve ter entendido errado.
― Não. Eu não entendi errado. ― Suspiro.
Limpo o rosto e me levanto. ― Vou contar para
ele.
― Agora? ― Ela se assusta.
― Sim. ― Saio do quarto e o procuro pela
casa toda, mas não o encontro.
Saio e o vejo sentado em uma roda com os
outros alfas, ele conversava com a expressão séria.
Quando ele me vê sorri e vem até mim.
― Está melhor? ― ele pergunta.
― Preciso te contar algo. ― Ele fica sério e
todos presentes ficam em silêncio. ― O nome do
seu pai... Alexander...
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― Ale... ― ele repete, olhando para baixo


com a testa franzida. Parecia estar se lembrando de
algo. Ele aperta a mão formando um punho e me
olha.
― Eu o conheci hoje... ― Sua expressão se
suaviza e ele parece distante. ― Você se parece
com ele... ― Sorrio. ― Com certeza você o ama e
à sua mãe também. Ele me disse que tem como...
sua mãe voltar. Você quer sua mãe de volta, não é?
― pergunto fazendo o maior esforço para não
chorar.
― Meu pai? Vivo? Trazer minha mãe de
volta? ― Ele parece ter ficado sério novamente. ―
Meus pais estão mortos.
― Alexander... ― minha mãe fala atrás de
mim. ― Por algum motivo, está vivo.
― Não te contamos porque queríamos que a
Sofia falasse — diz a Ane.

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― Foi seu pai — a Hannah fala. ― Foi seu


pai que comandou o ataque a Sofia esse tempo
todo, ele mesmo nos confessou. Foi seu pai que fez
a Sofia desmaiar... É o seu pai que está tentando
matar a Sofia.

Capítulo 60
Sofia

― Meu pai... Meu pai... vivo? ― ele


sussurrava para si mesmo. ― Meu pai... Está... ―
ele me olha. ― Tentando matar a Sofia. ― Sua voz
sai diferente e eu me assusto.
Seus olhos se tornam amarelos, depois
vermelhos e depois pretos. Completamente pretos.
― Diogo, fica calmo — fala o David.

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A Hannah fica do meu lado e segura na


minha mão.
― Meu pai... Esses anos todos estava vivo?
Ele planejou tudo? Ele realmente quer matar a
Sofia? ― Então, ele sorri. Ele não era o Diogo que
conheço, o que está acontecendo? Eu não
conseguia falar absolutamente nada e parecia que
todos estavam com medo. ― Alexander vivo ou
Alexander morto?
― DIOGO! ― grito. Ele me encara e vem
até mim.
A Hannah entra na minha frente, mas só com
um olhar do Diogo ela é obrigada a se afastar. Ele
chega perto suficiente para eu ver com clareza o
seu rosto. Seus olhos não tinham pupila, estava
completamente escuro. Era como se a escuridão
estivesse tomado conta de seu corpo. Por incrível
que pareça eu não estava com medo. Ele levanta a

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mão e alisa meu rosto.


― Minha Sofia. Querem tirar você de mim,
por quê? ― Ele me encarava sem expressão
alguma. ― Para trazer a minha doce e gentil mãe
de volta. ― Ele sorri e meu mundo desmorona ali
mesmo. ― A minha mãe... eu não acredito que vou
poder ver a minha mãe novamente. ― Parecia que
uma adaga tinha atravessado em meu peito. ―
Como você pertence a mim... eu posso fazer o que
bem entender com o que é meu. Você vai trazer
minha mãe de volta, certo? ― Lágrimas escorrem
em meu rosto. ― VOCÊ VAI TRAZER MINHA
MÃE DE VOLTA...
Ele me empurra e eu caio, então a Hannah
correr perto de mim. O Diogo coloca a mão na
cabeça e grita. Ele tinha a respiração pesada, ele
vira a cabeça em minha direção então vi lágrimas
de sangue escorrerem em seu rosto.

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― Me perdoa... ― ouço sua voz longe e


cansada. Queria poder ter forças para poder correr e
abraçá-lo.
Ele volta a gritar de dor, então seu rosto vira
um focinho, seu corpo cresce e algumas partes do
corpo tem bastante pelos e outras nem tanto. Ele
era negro, tão negro quanto a escuridão. Ele fica em
uma forma que até agora nunca tinha visto.
― O lobo pré-histórico ― ouço alguém falar.
Era a forma Hispo. O Diogo se transformou
na forma Hispo.
― DIOGO! ― grito. Um grito carregado de
dor. Ele me olha e rosna. Vira-se e sai correndo. ―
Diogo.... ― Eu chorava em um desespero
incomparável. Eu tentava me levantar para ir atrás
dele, mas ninguém deixava.
― SOFIA! ― meu pai grita comigo. Ele
nunca gritou comigo. ― Sofia, ele está na forma
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Hispo, ele não reconhece ninguém, nem mesmo


você. Ele agora é um lobo selvagem sem
consciência.
― Não... ― Choro e choro. Era só isso que
eu conseguia fazer. A Hannah me abraça tentando
me acalmar.

*****

― Isso é mais um assunto entre família. Não


me parece que vai ter uma guerra. Não há
necessidade de todos os Alfas estarem presentes —
diz o meu pai. ― O Alfa da Flórida mesmo não
vem mais, eu pedi para ele não vir.
― Não vai fazer falta — diz a Hannah do
meu lado. ― Bom, de qualquer forma o David
considera o Diogo como um irmão. Obviamente ele
vai ficar e ajudar o tanto que for preciso.
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― O Henry também — diz a Vic.


― O Isaac vai ficar e tenho certeza de que o
Ethan também — fala a Lexy.
― Tudo bem — diz meu pai. ― O que acha,
Sofia?
― O quê? ― pergunto, minha mãe me olha e
olha para Hannah.
― Você ouviu o que estávamos falando? ―
pergunta meu pai.
― Ah... É...
― Acho que você está cansada — a Ane me
interrompe.
― Melhor você subir e se deitar — diz a
Hannah. ― Ontem você vomitou por não estar
comendo direito. Vem, vamos para o quarto.
Ela me puxa me fazendo levantar.
― Vou fazer uma canja para você — diz

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minha mãe.
Fomos para o quarto e sentei-me na cama.
Olho para a Hannah na minha frente.
― Já se passaram duas semanas e o Diogo
não voltou à sua forma humana — digo e ela
suspira. ― Passei a virada do ano sem ele ao meu
lado.
― Ele vai ficar bem — diz ela, se sentando
na cama. Eu não sentia firmeza em suas palavras.
― Por que não me deixam vê-lo? ―
pergunto. ― Vocês o encontram e ficam me
dizendo que ele está seguro, mas que ainda não
voltou a sua forma humana. Eu quero ver ele...
Mesmo que seja em sua forma Hispo. Eu quero
poder ver que ele ainda é o meu Diogo.
― Esse é o problema, Sofia. ― diz a Hannah
e suspira. ― Você sabe muito bem que ele não é
mais o seu Diogo, agora ele é o lobo pré-histórico.
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― Ele pode estar na forma Hispo, mas ainda


assim é o Diogo.
― Duas semanas. Tem duas semanas que ele
está nessa forma, Sofia — ela diz e eu a encaro.
― Está me dizendo que vocês não têm
esperança de que ele volte a ser humano? ― Ela
suspira. ― Vocês podem desacreditar o quanto
quiser... Mas eu não vou desistir. Eu tenho certeza
que ele vai voltar. Ele vai voltar para mim — digo
e me levanto. Mas uma tontura me toma e quase
caio, a Hannah me segura.
― De novo. ― Ela suspira e me leva para
cama de novamente. ― Suas tonturas estão
aumentando cada dia mais. Você tem que se
alimentar direito.
Ela acaba de dizer, então minha mãe entra
com a canja e as meninas, fui obrigada a comer sem
um pingo de vontade.

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As meninas ficam perto de mim o tempo


inteiro, acho que têm medo de eu fazer alguma
loucura como ir ver o Diogo que está preso em um
armazém abandonado. Ele está trancado lá dentro.
pois está em sua forma Hispo, e os Alfas estão de
guarda para não deixá-lo sair até que volte à forma
humana.
Se elas acham que vão conseguir me impedir
de vê-lo, estão muito enganadas. Eu só não fui
ainda porque estou fraca, nestes últimos dias estou
me sentindo horrível. Tenho tonturas direto e está
aumentando a cada dia, com a Hannah disse.

Capítulo 61
Sofia
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Acordo ofegante e suando frio. Escorriam


lágrimas em meus olhos sem eu fazer expressão
alguma.
― Meu sonho... mudou de novo — sussurro
para mim mesma olhando para um ponto indefinido
no quarto.
Eu estava em desespero. Aquilo ia mesmo
acontecer? O Diogo fez mesmo essa escolha?
― Sofia, trouxe seu...― A Hannah entra
falando, mas para e corre até mim. ― Sofia, o que
foi? ― Ela limpa minhas lágrimas.
― O sonho... mudou de novo — digo e mais
lágrimas escorrem. Ela me olha sem entender nada,
então coloco a mão na minha barriga. Ela se assusta
e na mesma hora me abraça.
― Vai ficar tudo bem. ― Ela suspira fundo.
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Eu estava em desespero, mas ainda assim


necessito vê-lo, eu preciso vê-lo, senão é bem
capaz de eu enlouquecer mais rápido. Já vai fazer
um mês e o Diogo não voltou à sua forma humana,
já vai fazer um mês que não o vejo.
A Hannah me acalmou e disse para eu dormir
novamente. Ela saiu do quarto, mas eu sabia que
não conseguiria dormir novamente, então me
levantei.
Enquanto descia a escada eu ouvi uma
conversa, mas não estava entendendo muita coisa.
Antes de terminar de descer vi meu pai e o Henry
conversando. Parei onde estava e tentei prestar
atenção.
― Vamos tentar novamente — diz o Henry.
― Mas a situação está piorando, ele não deixa a
gente chegar perto. Lorenzo, acho que não tem
mais esperança para ele.

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― Tente mais uma vez — meu pai diz e sai


juntamente com o Henry.
Eles estavam falando do Diogo? O que eles
estão fazendo? Tentar mais uma vez o quê?
Eu já tinha decidido, eu iria ver o Diogo hoje,
agora, na verdade. Saio sem que ninguém me
veja, vou o mais rápido possível até o armazém.
Por incrível que pareça não tinha ninguém do
lado de fora. Entro com o maior cuidado do mundo
para não fazer barulho. O armazém é grande e não
tem praticamente nada aqui.
Dou alguns passos e meu coração dispara.
Vejo o Hispo, ele estava olhando para algum lugar.
Eu dou um passo para chegar mais perto, mas então
ouço barulho e me escondo em um pilar. Olho
escondida para ver o que se passava.
Todos os Alfas estavam presentes ali dentro,
estavam na frente do Diogo. E o Diogo os encarava
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com uma expressão nada boa.


― Lorenzo pediu para tentarmos mais uma
vez — diz o Henry.
― Não gosto disso — diz o David. ― Ele
está se sentindo ameaçado, desse jeito ele não vai
voltar nunca.
― Eu não quero apanhar de novo — diz o
Ethan.
― Temos que tentar aplicar mais uma vez —
diz o Isaac com uma agulha na mão.
O que era aquilo? O que eles pensam que
estão fazendo? Olho para o Diogo e vejo que ele
está com várias correntes em seu corpo, mas ainda
assim continuava em pé. Aquela visão dele
acorrentado me deixou furiosa. Saio de trás do pilar
e vou em direção a ele, eu não estava no meu
estado normal... Estava furiosa e ninguém iria
conseguir me parar agora.
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― Sofia...― diz o David assustado e eu


continuava andando. ― O que está fazendo aqui?
― Ele vem em minha direção e para.
― Não tente me parar — digo tranquila.
Vejo o Hispo farejar o ar, então seus olhos param
em mim e ele rosna.
― Ele vai te matar se chegar mais perto —
diz o Ethan e os outros ficam na minha frente.
― Não estou com paciência no momento. ―
Fecho os olhos para não surtar.
― SOFIA, FICOU LOUCA? ― Ouço a
Hannah gritar atrás de mim. Sinto que ela não
estava sozinha. Parecia que a alcateia toda estava
aqui.
― Sofia, volta — diz o David.
― Vem. ― Ouço a voz do meu pai e ele me
puxa para trás, mas não saio do lugar.
― Um mês... esperei por um mês e nada
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aconteceu — digo com os olhos ainda fechados. ―


Não tenta me impedir agora.
― LARGA DE SER TEIMOSA! ― ouço
minha mãe.
― Essa não é a hora para fazer gracinhas,
Sofia. ― Sorrio ao ouvir meu pai. Viro-me, abro os
olhos e o encaro. Senti que meus olhos estavam de
outra cor.
― Não sou criança — digo e puxo meu
braço. Olho para os Alfas, que levam um susto ao
ver meus olhos.
― Se controla Sofia, o seu lado Peeira está
saído fora de controle — ouço meu pai.
― Todos os meus lados estão fora de
controle há muito tempo — digo, ainda encarando
os Alfas na minha frente. ― Quer que eu ordene ou
tire vocês à força? ― Eles se entreolham e saem da
minha frente.
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Chego mais perto do Diogo, seus olhos


negros como a escuridão me encaram com fúria.
Estava apenas a alguns passos para chegar
totalmente perto dele.
― Você está muito perto, Sofi... ― fala o
Nathan.
― Não me interrompe. ― Eu encarava os
olhos assustadores do Diogo, mas não sentia medo.
― Por que ainda não voltou para mim? Você está
aí, não é mesmo, Diogo? ― Ele rosna alto e ouço
um grito de medo atrás de mim. ― Eu vim aqui
com um motivo apenas... falar com você. ―
Suspiro fundo. ― Vim falar com o Diogo, não com
o Hispo. Sei que em algum lugar aí dentro se
encontra o meu Diogo, espero que você me ouça...
espero que você me entenda... ― Olho para ele, e
ele ainda me olhava com fúria. ― Quando te
conheci já estava apaixonada por você sem ao

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menos saber quem era você. Quando me contou


sobre ter matado sua irmã eu tive medo, mas não
tive forças para me afastar... era difícil você me
falar da sua família, na verdade você não me
contava muitas coisas, mas eu realmente era
curiosa para saber sobre seus pais... e quando seu
pai apareceu e disse que poderia trazer sua mãe de
volta à vida... eu tentei me colocar em seu lugar. Se
eu estivesse em seu lugar, o que eu iria escolher?...
Cheguei a uma conclusão... Eu sei a dor que a falta
de uma mãe faz... ― A essa altura já estava
chorando sem parar. ― É por isso que tinha me
decidido que iria... abrir mão da minha vida para
você ver a sua mãe novamente.

Capítulo 62
Sofia
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― É por isso que tinha me decidido que iria...


abrir mão da minha vida para você ver a sua mãe
novamente.
― Sofia, ficou louca? ― minha mãe diz e se
desespera.
Por breves minutos senti o Hispo se suavizar,
mas volta a sua expressão de fúria novamente e em
seguida sinto uma presença já conhecida e todos
ficam tensos.
― Então, você quer que a mãe dele volte —
ouço a voz grossa e fria atrás de mim.
― SAI DE PERTO DA MINHA FILHA! —
ouço meu pai gritar.
― É bom te ver também, Lorenzo — diz
Alexander. Viro-me e vejo que a bruxa imobilizou
todos. Encaro o pai do Diogo.

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― Ela pode mesmo voltar? ― pergunto e ele


sorri.
― Pode. ― Ele suspira e me encara
novamente. ― Você realmente vai se entregar para
a mãe do Diogo voltar?
Olho para todos, que tinham uma expressão
de pavor. Dou as costas para todos e olho a forma
Hispo do Diogo. Dou um passo e ele rosna, dou
outro passo e ele mostra suas presas, fecho os olhos
e ouço todos gritando para me afastar dele, mas
ninguém podia me parar. Continuo a me aproximar,
só paro quando sinto seus pelos em minha pele.
Abro os olhos e vejo que estava colada no Hispo,
mas ele estava com os olhos fixos no Alexander.
― Diogo... ― sussurro.
― Sai daí, idiota — diz Alexander com raiva.
― Assim ele vai te matar e não vai sobrar nada de
você para mim ressuscitar minha esposa.

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― Diogo... ― sussurro novamente, então o


Hispo abaixa a cabeça me encarando e rosna. Eu
sorrio, mesmo vendo-o pronto para me matar. ―
Decidi que iria abrir mão da minha vida para você
ver sua mãe novamente... Isso me fez perceber que
não era você que ia fazer uma escolha que iria me
levar à morte. A minha própria escolha iria me
levar à morte — digo com lágrimas escorrendo no
rosto. Parecia que ele estava prestando atenção,
pois não tirava os olhos de mim e não tinha mais a
expressão de fúria. ― Mas... se eu escolher que
você deve ver a sua mãe novamente... ―Fecho os
olhos e me lembro do sonho. Estava deitada no
chão, morta, com o Diogo uivando, mas na mesma
hora via um ser pequeno segurando a mão do
Diogo e olhando para mim. ― Eu iria tirar o direito
do nosso... filho de ter uma mãe. ― Abro os olhos
e senti todos surpresos, inclusive o Alexander, o
Hispo me olhava e respirava com dificuldade. ―
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Me desculpa Diogo, mas eu não posso escolher


entre a vida do meu filho e a vida da sua mãe... Não
posso abandonar... ― Coloco a mão na barriga. ―
Meu filho que nem sequer nasceu ainda. ― Abraço
o Hispo sem ter medo dele.
― Que comovente — diz a bruxa. ― Me
sinto tão honrada por presenciar esse momento. O
Supremo e a Peeira vão ganhar um herdeiro... ―
Ela ri. ― Uau, que lindo!
― Vou ser avô? ― Alexander diz sem olhar
para ninguém.
― Não, meu caro amigo — diz a bruxa e
Alexander a olha. ― Você não vai ser avô, porque
a Peeira não ficará viva para dar à luz. Você não
vai ter a sua esposa de volta, porque ela está morta
e você é um completo idiota por acreditar que
alguém morto pode voltar à vida. ― Alexander a
olhava, incrédulo. ― Vamos lá, Peeira, você vai

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me dar todo o seu poder.


― Não toca nela. ― O Alexander ia ficar em
minha frente, mas ele para do nada. A bruxa o tinha
paralisado.
― Sabia que em alguma hora você iria me
atrapalhar. ― Ela suspira e vem lentamente em
minha direção.
― FICA LONGE DA SOFIA! — todos
gritam, eu fecho os olhos e aperto o pelo do Hispo
contra mim.
Sinto o copo do Hispo ficar quente e estava
diminuído, meu coração acelera feito louco. Não
tinha forças para abrir os olhos, meu braço cai e
então sinto algo ao redor da minha cintura. Abro os
olhos e não vejo mais o Hispo, olho para baixo e
vejo o Diogo abraçado minha cintura, seu rosto
estava colado na minha barriga.
― Diogo... ― sussurro, com a voz
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embargada e com lágrimas nos olhos.


― Sério? Vou... ― Ele levanta o rosto me
encarando. ― Vou ser pai? Diz que eu não entendi
errado. ― Sorrio e desabo no chão abraçando-o e
ele me aperta. ― Posso aceitar isso como um sim?
― Idiota — digo em seus braços. ― Você
não entendeu errado.
― Supremo... ― ouvimos sussurros. Alguém
se aproxima e entrega uma calça para ele. Ele veste
e segura a minha mão.
― Co... como você conseguiu se mover? ―
pergunta a bruxa para a pessoa que deu a calça.
― Por que ainda está aqui? ― o Diogo diz.
― Só com a minha presença recuperada consegui
bloquear seu feitiço idiota.
― Estão me ignorando? ― a bruxa diz e ri.
― Vocês querem mesmo morrer.
― Eu até pensei em te ignorar, mas já que
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não quer... ― Do nada o Diogo sai do meu lado e a


bruxa é jogada contra uma parede. Eu nem vi o
movimento do Diogo direito. ― Passei muito
tempo preso dentro daquela forma, tive tempo
suficiente para descansar, tive tanto tempo que
fiquei enjoado e acho que preciso me aquecer um
pouco, mas nem para isso vai servir.
O Diogo vira e ia vir em minha direção, mas
a risada da bruxa o fez parar. Ela cuspia sangue,
mas ainda assim ria.
― Você acha que acabou? ― Ela tira uma
adaga de trás do seu corpo. ― Como vai se sentir
sem família novamente? ― Ela sorri e na mesma
hora o Diogo me encara.
Ele estava muito longe de mim. A bruxa
aponta a adaga para mim e ela flutua no ar. Eu
apenas sorrio ao Diogo e fecho os olhos.
― SOFIA! — o Diogo e os outros gritam.

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Ouvi a adaga ser lançada e ouvi ela ser acertada,


mas não a senti.
― Idiota... ― a bruxa sussurra, tossindo.
Abro os olhos e vejo o Alexander em minha
frente com a adaga no peito. Ele cai na minha
frente, eu fico em desespero, me abaixo e o encaro.
― Por quê? ― pergunto em desespero.
― Você... Está com um herdeiro... proteja-o
― ele diz com dificuldade. O Diogo corre até nós.
― Idiota! ― diz o Diogo. O Alexander pega
a mão do Diogo.
― Poderia... perdoar seu... pai?

Capítulo 63
Sofia

― Poderia... perdoar seu... pai? ― Alexander


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pergunta com dificuldade.


― Você foi perdoado quando salvou
Sofia...― fala Diogo apertando a mão dele. ―
Mas... eu quero que viva, para pagar o preço por ter
me deixado esses anos todos sozinho. ― Diogo
parecia se controlar para não chorar.
― Até... nisso sou egoísta... não é mesmo?
― ele tosse. ― Me desculpa... Não poderei ficar...
Não tenho forças para isso.
― Pai...― Então uma lágrima escapa dos
seus olhos e do meu são várias.
― Meu filho... eu fui imprudente... com você
e com... a Sofia. ― Ele me olha. ― Me perdoe...
Por minha causa...você quase morreu...
― E por sua causa estou viva — digo e ele
sorri.
― Cuide do meu... filho e do meu neto —
confirmo e ele olha para o Diogo. ― Cuide delas...
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― ele sussurra e puxa o braço do Diogo. ― Preciso


te... contar algo.
Diogo se abaixa e ele começa a falar algo em
seu ouvido. Os olhos do Diogo estavam marejados
e vermelhos.
― Pai...― ele sussurra e abraça o corpo sem
vida de Alexander. ― PAI...
Abraço o Diogo, que estava debruçado sobre
o corpo do pai. Por mais que os ataques
que aconteceram comigo nestes últimos anos
tenham sido por culpa do Alexander, eu não me
importo mais. Eu o perdoo por tudo que me fez,
não o culpo, ele foi induzido pela bruxa e ainda me
protegeu dela com a própria vida.
*****
Estamos todos em volta do caixão. Eu estava
de mãos dadas com o Diogo, ele encara o caixão e
sorri.
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― O que ele te falou antes de morrer? ―


pergunto.
― Quando minha mãe estava grávida de
mim, ela pensava que era uma menina, mas meu
pai disse que não, disse que era um menino. ― Ele
sorri. ― Já tinha ouvido essa história antes, mas ele
nunca tinha me contado por completo. ― Ele me
olha e depois olha a minha barriga. ― Ele disse que
depois que nasci minha mãe falou com toda
convicção do mundo que o meu primeiro filho seria
uma menina. ― Uma lágrima escapa de seus olhos
e eu o abraço. ― Independentemente do que for,
queria que ele estivesse aqui quando nascer.
― Eu sinto muito. ― Aperto-o.
O Diogo me deixou, subiu na montanha e deu
um uivo alto, doloroso e solitário.

***
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Passaram-se dois dias depois de todo o


acontecimento. O Diogo voltou para mim, meu
sogro morreu me protegendo e a bruxa... bom, a
Hannah fez questão de acabar com ela.
Praticamente todos já tinham ido embora, só
a Hannah e o David que estão indo agora.
― Obrigado por tudo — diz o Diogo dando
um abraço no David.
― Irmãos são para isso. ― Eles sorriem.
― Vou sentir sua falta. ― A Hannah me
abraça.
― Também vou. ― Ela me solta e eu a
encaro. ― Promete que vai vir nos visitar?
― Claro, vou trazer o Heitor e a Aurora para
você conhecê-los.
― Traz sim. ― Ela me abraça de novo.

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― Tá chorando, Hannah? ― pergunta o


David.
― Claro que não. ― Ela limpa o rosto. ―
Nunca viu suor escorrer dos olhos?
Eu e o Diogo rimos dela.
― Espero que venham conhecer a nossa filha
quando nascer — diz o Diogo.
― Está bem confiante de que vai ser menina,
não é? ― pergunta o David. ― No seu lugar eu
estaria enlouquecendo.
― Estou tentando me controlar — diz o
Diogo e o David ri.
Eles se despedem e vão embora. O Diogo me
olha e me abraça forte.
― Eu te amo tanto. ― Meu coração dispara e
eu olho para ele. ― Que foi? Nunca ouviu alguém
se declarar?

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― Você nunca me disse isso antes....


― Eu te amo ― ele diz novamente e beija
minha testa. ― Te amo hoje e sempre. ― Sorrio e
enterro meu rosto em seu peito.
― Amo muito você também.
*****

3 meses depois
Eu estava exausta, tudo que eu fazia me
deixava cansada. Até subir a escada me fazia sentir
que tinha corrido quilômetros. Minha barriga está
enorme, mais dois meses e nosso bebê nasce.
Nessas últimas semanas já estava pensando
em um nome, mas nada vinha à minha mente. Eu
não tinha nenhuma ideia.
― Mãe — chamo-a e ela logo aparece. ―
Qual nome a senhora iria colocar em mim, sem ser
Sofia?

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― Bom. ― Ela se senta do meu lado na


cama. ― Eu tinha selecionado vários nomes, mas
seu pai gostou mais de Sofia, então para não brigar
ficou esse mesmo. Mas antes os nomes eram Maria
Vitória, Maria do Socorro, Maria Virgínia, Maria
Cláudia, Maria Silva, Maria Joana...
― Eu sou tão grata ao papai — digo e ela me
olha.
― São tão ruins assim? ― Ela me encara e
eu sorrio.
― Maria, Maria, Maria... ― Começo a rir. ―
Não gostei de nenhum.
― Você tem um gosto péssimo — ela diz.
― Eu? ― Ela me mostra a língua e sai do
quarto.
Alguém dá duas batidas na porta e logo ela é
aberta. Aparece um buquê de rosas azuis e eu
sorrio.
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― Para minha amada mulher. ― Diogo entra


e me entrega o buquê.
― São lindas — digo, então me lembro do
sonho. Rosas azuis. Sorrio mais ainda e o encaro.
― Por que rosas azuis?
― Lembrei de você quando a vi. Não me
pergunte como, só lembrei. ― Sorrio.
― Você não tem ideia do quando essas rosas
azuis significam para mim. ― Ela significava que
eu fiz a escolha certa. ― Já sei.
― O quê? ― Ele franze o cenho.
― Safira. ― Sorrio. ― Pedra preciosa da cor
azul. ― Olho para o Diogo. ― O que achou?
― E se não for uma menina? ― ele pergunta,
receoso.
― Estou confiando em sua mãe — digo e ele
sorri.

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― Safira é um nome lindo, com um


significado mais lindo ainda. ― Ele abaixa e beija
a minha barriga. ― Amei muito o nome.

Epílogo
Sofia

Quatro anos depois

― Safira, para de correr. ― Leonardo corria


atrás da minha pequena, já sem fôlego.
O Diogo deu essa missão quase impossível
para o fedorento. Cuidar da Safira enquanto eu
cuido da Gabriele. Pois é, tivemos duas lindas
princesas, a Safira que tem quatro anos e a pequena
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Gabriele que está perto de completar sete meses.


Colocamos o nome de Gabriele em homenagem à
mãe do Diogo, esse era o nome dela.
O pai baba nelas. O Diogo tem um ciúme
delas que não existe, as meninas são tão pequenas e
ele já é um pai controlador e ciumento.
Aconteceram muitas coisas nesses quatro
anos. A Fernanda e o Alan se casaram e tiveram um
menino, que é mais novo do que a Safira um ano. O
Adam e a Megan adotaram uma menina, que foi
abandonada logo depois que um vampiro a mordeu,
ela é uma híbrida como eles e tem a idade da
Safira. A Kate e o Ethan também tiveram uma
filha. Conheci o filho da Lia e do Noah e os
gêmeos da Hannah e do David.
Falando em Hannah, estamos muito amigas.
Uma vez por mês ela e as crianças vêm aqui em
casa. A Aurora e o Heitor são mais velhos do que a

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Safira um ano. Safira se deu muito bem com a


Aurora, mas ela não foi com a cara do Heitor. Os
dois são que nem cão e gato, não podem olhar um
para outro que já sai faísca.
O Diogo está confiante de que vai conseguir
controlar o seu lado Hispo. Não colocava muita fé
nisso, pois o Hispo é a personificação da maldade.
Mas quando ele me disse que agora pode voltar na
hora que quiser, uma ponta de esperança se
acendeu.
Diogo já está se preocupando desde agora
com a herança do seu poder. Ele nasceu de betas,
mas se tornou Supremo e agora nossas filhas
nasceram de Peeira e Supremo, elas têm tendência
de herdar algo de nós. Ele está em desespero, pois
não quer que nenhuma das duas tenha nem um
terço das suas transformações, eu também não
quero, mas se acontecer delas terem... não podemos

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fazer nada.
Como nossas herdeiras são ambas meninas
ele está pensando em passar o cargo de Supremo
para algum aprendiz. Ele está pensando em alguém
para ser seu sucessor e um desses meninos inclui o
Heitor, mas isso se o David e a Hannah deixarem,
pois eles também têm uma alcateia e um legado a
ser deixado.
― Srª Sofia... ― a governanta me chama e eu
a olho. ― O Alfa da Califórnia e sua família estão
na sala.
― Obrigada. Leva a Gabriela para o quarto.
― Entrego ela a minha princesa, que estava
dormindo. Ela a pega e eu vou para sala.
― Tia. ― A Aurora vem até mim e me
abraça. O Heitor me dá um abraço também.
― Oi, tia — ele diz.
― Oi, gracinha — digo e ele sorri. ― Vão lá
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no jardim, a Safira está lá brincando.


― Queria ter ficado com o Ryan. ― Ele faz
bico, mas a Aurora a puxa.
― Quem é Ryan? ― pergunto a Hannah.
― Meu sobrinho, filho da irmã do David —
ela diz.
― Cadê o Diogo? ― pergunta o David.
― Na floresta — digo.
― Vou lá. ― Ele beija a Hannah e sai.
― Pensei que não vinha mais — digo e ela ri.
― Meio impossível, a Aurora não parava de
falar que queria vir hoje. ― Sorrio. ― Cadê a
Gabi?
― Acabou de dormir — digo. ― Vamos lá
para fora. ― Fomos lá para o jardim e nos
sentamos na varanda. ― O que o David disse sobre
o Heitor ser o sucessor do Diogo?

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― Está meio complicado, pois temos a


Califórnia também. ― Ela suspira e olha as
crianças. ― Mas tem uma hipótese das nossas
alcateias se unificarem... ― Olho para onde ela
estava olhando.
O Heitor encarava a Safira, que brincava com
a Aurora. Na hora em que a Safira olhou para o
Heitor ele mostrou língua e ela começou a brigar
com ele.
― Não acredito que você está pensando
nisso. ― Começo a rir.
― Por que não? ― ela diz sorrindo. ―
Dizem que ódio sempre vira amor.
― Vamos descobrir isso quando um dos dois
se transformar ― digo.
― Quem vai se transformar? ― ouço a voz
do Diogo atrás de mim e me assusto.
― Nada — digo sorrindo.
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― Vocês duas juntas... ― diz o David. ― É


pior do que as crianças sozinhas.
― Ogro idiota — a Hannah resmunga.
Olho para as crianças e vejo a Aurora
tentando acalmar a Safira e mandando o Heitor
ficar quieto. Será? Esses dois... Não, não acho que
aconteça algo assim, mas não custa esperar para
ver.

~Fim~

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