Você está na página 1de 6

A educação no período Colonial

Moçambique passou por momentos críticos na era colonial em todos aspectos, particularmente
na educação dos indígenas. Na era colonial muitos moçambicanos tiveram dificuldades de ter
acesso a educação, visto que, a educação de qualidade estava reservada para os colonos e seus
filhos.

O sistema de educação colonial em Moçambique, era coerente com os objectivos económicos,


políticos e culturais do sistema, onde impôs uma condução que visava a reprodução de
exploração e de opressão e a continuidade das estruturas coloniais capitalistas de dominação.

A educação tinha por função modelar o homem servil, despersonalizando alienado das realidades
do seu povo; ela devia favorecer a formação de um homem tão estranho ao seu próprio povo que
pudesse vir a ser, mais tarde, instrumento do poder colonial para a dominação dos seus irmãos;
também estava confiada a formação de mão-de-obra barata (Gomez, 1999:59).

O sistema de ensino colonial foi sofrendo reformas, mas adequadas as circunstâncias histórico
económicas e a conjuntura política internacional. A formação do indígena e a criação da figura
jurídico-político ”assimilado” impunham-se como necessidade de força de trabalho qualificada
para a maior exploração capitalista.

Aqui desenvolveu-se o sistema de educação paralela, para filhos da classe dominante e para
indignas (boletim da Republica, 1983), isto é, a educação dividia-se em dois grupos ou seja em
dois ensinos: «Ensino oficial, destinado aos filhos dos colonos ou dos assimilados e o
rudimentar destinado às indignas» (Mazula, 1995:80).

O sistema de ensino indígena passou a organizar-se em:

 Ensino rudimentar: com três classes previstas para sete, oito e nove anos de idade de
ingresso;
 Ensino profissional indígena: que por sua vez se subdivide em escola de artes e ofícios e
escolas profissionais femininos.

O ensino oficial destinava-se à transmissão de valores e padrões aristocráticos. O ensino para


indígenas era para o povo colonizado que praticamente estava reduzido apenas a aprender, a ler,
a escrever e a domesticação.
O ensino estava estruturado basicamente para acomodar os interesses do colono, preparar
indivíduos para desempenhar funções sociais distintas na sociedade, daí que se caracterizava por:

Característica do sistema colonial

Carácter discriminatório

 Estabelecimento de dois tipos de educação, um destinado à população negra e dirigido


pelas missões, e outro reservado às crianças brancas e aos assimilados, confiado ao
estado e às instituições privadas;
 Limitação de ingresso na escola primária oficial e nos níveis superiores de escolarização.

Carácter urbano da rede escolar

 As escolas oficiais localizavam-se nos centros urbanos e eram melhor equipadas,


enquanto que os postos escolares eram construídos em zonas rurais para a maioria da
população moçambicana;
 As escolas para indígenas eram mal equipadas.

Unidade entre a religião e o ensino

 A organização, direcção e controlo do “ensino para indígenas” estavam confiadas aos


missionários;
 O processo de assimilação e aculturação dos moçambicanos era sobretudo feito através
da educação moral cristã católica;
 O ensino da religião e morais católicas eram obrigatório em quase todas as escolas e
níveis de ensino;
 A religião católica era religião oficial do Estado.
Carácter fictício da escolarização obrigatória

 A limitação dos ingressos na escola na base da idade, a existência de uma rede escolar
insuficiente e inadequada foram, entre outros, factores inibidores para uma melhor oferta
dos serviços educativos e maior acesso aos mesmos;
 Outros factores inibidores foram: i) carências familiares e individuais de natureza
económica; ii) elevadas taxas de escolarização; iii) discriminação no recenseamento
escolar; iv) proibição de inscrição e matrícula nas escolas oficiais de crianças não
recenseadas.

Carácter paternalista

Complexo de superioridade do branco em relação ao “negro” era bem patente em alguns livros
de leitura em uso nas escolas primárias para indígenas;

A ideia subjacente consistia em fazer crer que os brancos fizeram enorme bem aos negros e que,
estes, por sua vez, eram ociosos, improdutivos, apesar de enormes recursos que a sua terra lhes
oferece.

Foi a partir de 1930, com a assinatura dos acordos missionários (A concordata em 1940 e o
Estatuto missionário em 1941) que o governo impôs uma política rigorosa de educação e
assimilação em Moçambique. Com a assinatura da Concordata e do Estatuto Missionário, o
Estado transferiu para a igreja a sua responsabilidade sobre o ensino rudimentar,
comprometendo-se a dar um apoio financeiro às missões e às escolas católicas.

Enquanto nas zonas rurais os moçambicanos dispunham de escolas das missões, os centros
administrativos dispunham de escolas oficiais e particulares para os brancos e assimilados. Era
um ensino relativamente evoluído em comparação com o ensino para indígenas.
Sistema Nacional de Educação e a Disciplina de Geografia

Princípios e objectivos gerais do ensino de Geografia

Os objectivos do ensino de Geografia em Moçambique estão em função do Sistema de Educação


Nacional e do Sistema Político vigente. No contexto histórico moçambicano, deve-se destacar os
seguintes objectivos do ensino de Geografia.

 Objectivos de ensino de Geografia no período colonial;


 Objectivos de Geografia pós independência;
 Objectivos de ensino de Geografia no SNE.

Ensino de Geografia no Período Colonial:

Os interesses coloniais das potências europeias como Inglaterra. Holanda, franca, Alemanha,
Portugal, manifestavam-se como tendências de dominação do continente africano. Com essas
tendências, assim África foi vítima de colonização como parte dessas potências ou países. Esta
colonização foi disciplinada a partir da conferência de Berlim na Alemanha de 15 de Novembro
de 1885, em que o assunto principal era a divisão de África pela as potências. Moçambique foi
uma das colónias indicadas a Portugal.

O governo português procurou implantar nas suas colónias, como 'e o caso de Moçambique, o
sistema de assimilação que consistia em integrar os nativos na cultura portuguesa, isto e,
transformar os moçambicanos em portugueses pretos, quer pela escola, quer através de outros
meios de difusão e propaganda da sua política.

No entanto, através de um processo legal estabelecido, os indivíduos que quisessem serem


assimilados e assim, civilizados, deveriam requerer a cidadania portuguesa a um tribunal local,
abandonando deste modo, o seu estatuto da indígena. Assim perante o tribunal local o requerente
deveria satisfazer cumulativamente as seguintes condições:

 Dominar a língua portuguesa, falada e escrita


 Possuir uma estabilidade possuída.

Com efeito, no acto do juramento deveria manifestar o desejo de abandonar os costumes nativos
e viver a maneira europeia. O Moçambicano, passando por certos testes tornava-se assim e de
imediato, -branco, invés de preto. Tendo adquirido o estatuto de um assimilado, o português
preto iria beneficiar-se de algumas regalias dentre as quais:

 Ter direito a bilhete identidade e passaporte


 Os seus filhos poderiam frequentar a escola oficial, isto 'e, escola do estado.
 Ter superioridade sobre outros nativos não assimilados.
 Ter direito a vote,
 Deixar de pagar imposto de palhota, passando a pagar o imposto de rendimento como
qualquer outro europeu.

Objectivos do ensino de Geografia no período colonial em Moçambique

 Ensinar a ler, escrever e contar a população indígena, mas inibindo a desenvolver a


noção da sua dimensão espacial e cultura
 Iniciar o estudo da geografia com aspectos inerentes a Portugal
 Não tomar conta a realidade próxima do aluno, nem a observação directa
 Utilizar mapas de grandes escalas para transparecer a ideia de que Portugal era maior que
Moçambique
 A grande escala proporcionava maior concretização, maior detalhe no estudo dos
fenómenos de Portugal em detrimentos dos fenómenos geógrafos moçambicanos, cujos
os mapas eram de pequenas escala
 A exaltação da cultura, história, geografia, descoberta e conquistas portuguesas,
contribuíram para inibir o desenvolvimento e aprofundamento do sentimento
nacionalista moçambicano
 O ensino partia da realidade próxima do aluno, estava religado a um plano secundário
expecto em casos do estudo de riquezas de Moçambique cujo o conhecimento era de
extrema importância da a exploração de matéria prima
 O ensino de geografia estava virado para a memorização

Alguns aspectos positivos


 Existiam livros em quantidade e qualidade
 Orientações metodológicas claras e objectivas
 Programas exequíveis
 Professores com formação prestigiosa
 Números de alunos por turma reduzido

Estrutura dos conteúdos

 4ª Classe - Noções de Geografia de Portugal;


 1 e 2º Anos do ciclo preparatório
- Noções de Cosmografia;
Estudo dos Continentes e Oceanos;
Noções de Geografia Fisica e Económica.
 3º 4º e 5 Anos dos Liceus: -
Geografia Regional da Asia, Africa e América. –
Geografia de Portugal 6 e 7 " Anos (Curso Complementar) –
Cosmografia,
Geografia Fisica e Económica Geral e Alguns Puises colonizados.

Você também pode gostar