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Trab Preconceito
Trab Preconceito
CAUSAS:
- A sólida impressão sobre a aparência e comportamento dos doentes mentais acabou
gerando ao longo dos séculos crenças pejorativas sobre esse grupo social
- O preconceito pode ter sua origem na falta de informação, mesmo pelas pessoas com
maior nível de escolaridade, gerando o estereótipo de que uma pessoa com doença
mental é perigosa e agressiva
- Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados na pesquisa foram a Escala de
Crenças Sobre a Doença Mental (ECDM), a Escala de Rejeição a Intimidade
- Além da falta de informação, o preconceito contra o doente mental tem suas bases
nas crenças levantadas sobre a origem desse grupo. Crenças negativas sobre o doente
mental, como periculosidade e incurabilidade, demonstram que mesmo com o
conhecimento de como surgem às doenças mentais, as pessoas costumam elencar
estereótipos de que os doentes mentais são perigosos ou agressivos. Isso se deve, em
maior parte, das crenças arraigadas dentro de uma cultura e sociedade a respeito dos
doentes mentais. Ao longo da história, nem sempre a loucura foi tida como doença
mental.
- O papel das crenças sobre a origem da doença mental é de suma importância, à
medida que os indivíduos utilizam suas crenças para basear suas atitudes e
comportamentos diante dos doentes mentais. As crenças organizam e orientam o
indivíduo em seu cotidiano. Alguns estudos vêm pontuando que, as crenças elencadas
sobre as origens de determinados grupos sociais, acabam por impulsionar a
manifestação de descriminação e preconceito contra estes grupos
- Como exemplos para as causas religiosas temos explicações como: “são tentações
malignas do mundo que pegam nas pessoas fracas”; “é o inimigo que induz, se coloca
no pensamento da pessoa... ouve voz, aquilo ali é coisa do Satanás”. Já as crenças
psicológicas tiveram correlação apenas com o fator 2 (relações diretas). Para
explicações psicológicas, tem se os seguintes exemplos: “acho que deve ser
preocupação”; “pressão psicológica, muita pressão”, “pessoas sentimentais… trauma
de criança”. O papel das crenças sobre as causas da doença mental é relevante na
medida em que os indivíduos as utilizam para embasar suas atitudes e
comportamentos frente aos doentes mentais.
- Tais podem ser decorrentes do fato de que a crença em fatores religiosos e
psicológicos como causadores da doença mental possam levar a uma percepção de
menor controle por parte do doente mental o que, consequentemente, pode levar a
uma maior percepção de ameaça
- Um outro motivo evidenciado por analistas seria a ideia de que: apontar um defeito
em outra pessoa de forma pejorativa significa “uma sombra de uma parte da minha
personalidade arraigada, muito inconsciente. Esse ruim do outro desperta algo em
mim que não dou conta de lidar e aí me lanço contra esse outro. É uma sombra se
manifestando, e eu projetando esse mal que existe em mim no outro e olho para ele
como se ele fosse esse mal”
COMO REVERTER O PRECONCEITO?
- MUITAS PESSÕAS DÃO CONTA SOZINHAS, MAS PAGAM O PREÇO, QUE É SOFRER EM
SILÊNCIO, GILMAR FIDELIS – PSICOLOGO E PROFESSOR DA UFMG. É importante
monitorar, mas, para monitorar, é preciso ter informação/conhecimento.
- Alguns estudos têm demonstrado que é possível reduzir o estigma da doença mental
enfatizando causas biológicas e genéticas, ou seja, as crenças de cunho médica por não
serem formadas por causas estigmatizantes, não provocariam descriminação,
concebendo a doença mental como uma doença como qualquer outra
- É necessária a fomentação de um amplo trabalho social com o intuito de promover
uma mudança nos valores, normas sociais e na própria cultura, afim de termos uma
sociedade mais crítica e consciente, que tanto na teoria - na lei - como na prática tenha
atitudes que se coadunam, para não incorrer no erro de pensar que é justa, mas que
se comporta de forma excludente e segregadora.
- Diagnosticar se um paciente está sofrendo preconceito. É importante observar o seu
comportamento, que com certeza mudará a partir de falas que o desagrada.
TRANSTORNOS MENTAIS NA PERIFERIA
- Quando Andressa Duvique, de 21 anos, moradora de Guaianases, zona leste da
capital paulista, confessou a uma conhecida da sua igreja que estava com depressão,
ouviu da mulher que a doença era uma questão de fé. "Ela perguntou pra mim 'Ah,
mas você está orando?', como se isso fosse um problema espiritual, mas isso é um
problema emocional. Por isso falam que é frescura", conta a jovem evangélica.
- Se em um quadro geral já se tem um grande preconceito e negligência com
transtornos mentais, na periferia isso se agrava, e para além do estigma. Existem
poucos estudos nacionais relacionando depressão e classe social. De acordo com uma
pesquisa do Ibope, realizada sob encomenda da Associação Brasileira de Familiares,
Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), de dez anos atrás, as classes C e
D são as mais vulneráveis à depressão – a pesquisa identificou sintomas depressivos
em 25% das pessoas desse estrato social, contra 15% das classes A e B.
- Fatores como baixa escolaridade e gênero feminino quando associados à pobreza
aumentam a prevalência de TMC (transtornos mentais comuns). Mulheres apresentam
maior prevalência. A situação econômica compromete igualmente a saúde mental
infantil.
OBS: A divergência de critérios para classificar pobreza pelos autores é um fator
que enfraquece a comparação entre os estudos.
- Teng Chei Tung, psiquiatra membro do Conselho Científico da Abrata, acredita que
"as pessoas pobres sofrem mais com a depressão, pelo menos por causa da falta de
acesso a tratamentos adequados".
"Eu acho que o negro, rico ou periférico, é condicionado à depressão devido à história
de vida dele sabe? Porque ele sempre é deixado de lado, sofre preconceito. Isso tudo
abala o seu bem-estar, sua autoconfiança, suas vontades. Se você deixar isso te afetar,
você entra numa psicose maluca e não consegue sair dela", afirma o rapper Baco, que
mora em Salvador e cujo público, na Bahia, é composto principalmente por jovens de
periferia. Rapper Baco falou sobre a depressão em sua música: 'Isso é um pedido de
socorro/Você está aplaudindo/Eu tô me matando'
Uma pista para explicar a questão pode ser encontrada em outro estudo, da
Universidade do Texas, que, analisando pessoas negras dos EUA, concluiu que sofrer
discriminação diária impacta na saúde mental das pessoas.
Existe também o impacto bioquímico, diz a especialista em psicologia social e escritora
Gabriela Moura.
"Quando você se vê diante de um perigo, o seu nível de cortisol aumenta. Só que o
nosso corpo foi feito para que isso aconteça num período de cinco, dez minutos, que é
o tempo de você entrar em estado de alerta e fugir do perigo. Em uma situação de
preconceito, de violência social, a gente se vê nessa situação o tempo todo, então, o
indivíduo passa 24 horas em estado de alerta, não sabendo se ele vai ser bem
recebido, não sabendo se ele vai sofrer violência policial, violência urbana, e isso a
médio ou longo prazo causa uma extrema fadiga no corpo e na mente."
Para completar, há indicativos de que negros tenham acesso mais restrito a
tratamentos médicos e a planos de saúde privados, o que força a maioria a recorrer ao
sistema público.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2015 e abrangendo os
setores público e privado, 74,8% dos brancos tinham consultado um médico nos
últimos 12 meses, contra 69,5% dos pretos e 67,8% dos pardos. Só 21,6% dos pretos e
18,7% dos pardos tinham plano de saúde, contra 37,9% dos brancos.
Resta à imensa maioria o atendimento gratuito do SUS.
Lucia Figueiredo tem 59 anos e é moradora do Jardim Brasil, zona norte de São Paulo:
"O problema do SUS é (que) a partir do momento que a pessoa entra no sistema para
uma consulta, até conseguir chegar a um psiquiatra, demora bastante", diz Lucia. "O
problema não é o profissional, nem o atendimento psicológico, mas a distância de
quando se detecta o problema até chegar na possibilidade de ser atendido."
CONSEQUÊNCIAS DO PRECONCEITO
- O medo do preconceito e da própria doença pode afastar os afetados por transtornos
mentais dos tratamentos médicos e especialistas.
- A falta de assistência, compreensão e informação deixa a vítima em uma situação de
desamparo. Não sabe a quem recorrer, com quem compartilhar suas dores, que tipo
de problema está enfrentando, que especialista precisa procurar e onde acha-lo. Se o
contexto não traz esse tipo de debate, não há nenhuma motivação para se distanciar
do preconceito arraigado e procurar tratamento. Não há entendimento do que se deve
fazer, ou até que a doença existe no indivíduo.
- A doença mental em si não faz do afetado um imprevisível e violento. Na verdade, na
maioria das vezes ele se isola, evita situações sociais por conta dos impasses
psicológicos. No entanto, o preconceito pode agravar o quadro do paciente.
O G1 entrevistou uma mulher de 35 anos, diagnostica com esquizofrenia e que estava
internada no Hospital Regional de Vilhena. A mulher mora em um município vizinho e
relata que sofre perseguição onde reside. “Eu chego nos lugares e as pessoas
cochicham nas minhas costas, fazem sinal de que eu sou louca”, conta.
“Não aguento isso. Tomo meus remédios... aí quando eu vejo isso, me faz muito mal”,
explica.
O preconceito induz o indivíduo a um estado de pressão muito forte, podendo leva-lo
ao extremo, ao suicídio.
- Nesse sentido, logicamente a autoestima do sujeito sofre uma queda. Sem escuta,
sem saber o que fazer para melhorar sua situação, às vezes sem condições de acessar
um serviço de saúde adequado, o sujeito se sente invalidado e tende a criar
preconceito com sua própria condição, se afastando, assim do tratamento necessário.
- Se não cuidados adequadamente, o impacto econômico e social dos transtornos
mentais pode ser observado em termos de perdas de capital humano, redução da
mão de obra qualificada e educada, enfraquecimento da saúde e
desenvolvimento global de crianças, perda de força de trabalho, violência,
criminalidade, pessoas sem casa e pobreza, morte prematura, saúde vulnerável,
desemprego e despesas para os membros da família. A falta de políticas dedicadas à
saúde mental pode custar US$ 16 trilhões à economia global entre 2010 e 2030.
Segundo o professor Vikram Patel, da Faculdade de Medicina de Harvard, apesar de
parte deste valor ser decorrente de custos diretos, relativos aos cuidados de saúde
(medicamentos ou outras terapias), a maioria é indireta - na forma de perda de
produtividade e gastos com assistência social. A comissão Lancet estima que 13,5
milhões de mortes poderiam ser evitadas a cada ano se os problemas de saúde mental
fossem melhor abordados.
- Janeiro Branco
- Luta antimanicomial
https://super.abril.com.br/
https://www.youtube.com/watch?v=kBaNe7DrnHc
http://www.editorarealize.com.br/editora/anais/conbracis/2017/
TRABALHO_EV071_MD1_SA5_ID474_02052017133535.pdf CRENÇAS E PRECONCEITO
CONTRA O DOENTE MENTAL Dayane Barbosa Silva (1); Giselli Lucy Souza Vieira (1);
Rayanni Carlos da Silva (2); Larissa Lourenço de Araujo (3); Silvana Carneiro Maciel (4)
Universidade Federal da Paraíba
https://www.bbc.com/portuguese/geral-44400381
https://www.youtube.com/watch?v=W8VgQrIJWcM
https://www.youtube.com/watch?v=CGhZBsOz1vw:
https://www.youtube.com/watch?v=M1EDtQM0yeY
https://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/psicofobia-preconceito-contra-
vitimas-de-transtornos-mentais-prejudica-pacientes.ghtml
https://www.caars.org.br/saudemental-16-crise-mundial-saude-mental--onde-nao-ha-
entendimento-negligencia
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
69762012000300002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
https://www.tempusactas.unb.br/index.php/tempus/article/view/1214/1099
https://www.cjf.jus.br/cjf/noticias/2011/abril/via-legal-negligencia-do-estado-no-
atendimento-a-doentes-mentais