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Nome: Maria Fernanda Vieira de Carvalho

Matrícula: 511210
Disciplina: Saúde Coletiva II

01. A reforma psiquiátrica trouxe mudanças significativas na forma como os


espaços asilares eram concebidos e utilizados. Um exemplo dessa fase da
reforma do espaço asilar é a implementação de modelos de tratamento mais
humanizados e centrados no paciente. Antes da reforma, os espaços asilares
frequentemente eram caracterizados por condições desumanas,
superlotação e segregação dos pacientes. Com a reforma psiquiátrica, houve
uma mudança para uma abordagem mais centrada na comunidade e na
recuperação dos pacientes. Isso incluiu a criação de espaços asilares mais
acolhedores e funcionais, com ambientes que promovem a autonomia, a
interação social e a reintegração dos pacientes na sociedade. Um exemplo
concreto dessa transformação seria a renovação ou construção de unidades
psiquiátricas com quartos individuais ou compartilhados em vez de grandes
dormitórios coletivos, áreas comuns para atividades terapêuticas e
recreativas, espaços ao ar livre, jardins terapêuticos e ambientes mais
acolhedores e menos institucionais.
A fase de Superação da Reforma do Hospital psiquiátrico representa um
avanço além das mudanças estruturais e organizacionais iniciais. Nesta fase,
o foco está na desinstitucionalização completa e na integração dos serviços
de saúde mental na comunidade. Um exemplo significativo dessa fase é a
implementação de programas de moradia assistida, serviços ambulatoriais e
redes de apoio comunitário. Seria a criação de residências terapêuticas,
onde os pacientes podem viver de forma independente ou
semi-independente, com suporte de equipe especializada que oferece
acompanhamento regular, assistência com medicamentos, habilidades de
vida diária e suporte emocional. Essas residências são projetadas para
promover a reintegração social e comunitária dos pacientes, oferecendo um
ambiente acolhedor e de apoio.
A fase da Antipsiquiatria foi uma importante corrente de pensamento dentro
da reforma psiquiátrica que questionou os fundamentos e práticas da
psiquiatria tradicional. Em vez de apenas reformar o sistema existente, os
antipsiquiatras propuseram uma abordagem radicalmente diferente para
entender e tratar os transtornos mentais. Um exemplo marcante dessa fase é
o movimento liderado pelo psiquiatra britânico R.D. Laing e seus colegas.
Laing e seus seguidores argumentavam que muitos dos chamados
"distúrbios mentais" eram, na verdade, compreensíveis reações do indivíduo
ao ambiente social e familiar. Eles criticavam a medicalização excessiva dos
problemas emocionais e comportamentais, defendendo uma abordagem
mais humanizada e empática para lidar com as questões mentais. Um
exemplo concreto das práticas antipsiquiátricas seria a ênfase na terapia de
grupo e na terapia familiar em vez do uso excessivo de medicamentos ou
internações hospitalares.
Na fase da Psiquiatria Democrática, o foco principal está na promoção da
participação ativa dos pacientes, familiares e comunidade no processo
decisório relacionado ao cuidado em saúde mental. Esta fase busca garantir
a igualdade de direitos e oportunidades para as pessoas com transtornos
mentais, assim como a sua inclusão e autonomia dentro da sociedade. Um
exemplo marcante dessa fase é o modelo de "Open Dialogue" (Diálogo
Aberto), desenvolvido na Finlândia. Neste modelo, quando uma crise de
saúde mental ocorre, uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos,
enfermeiros, terapeutas e assistentes sociais, se reúne com o paciente,
familiares e outros membros da comunidade para discutir e planejar o
tratamento de forma colaborativa. O diálogo é aberto e baseado no respeito
mútuo, na escuta ativa e na busca por soluções compartilhadas.

02. Tanto na Itália quanto nos Estados Unidos, a experiência de


desinstitucionalização na área da saúde mental compartilha algumas
características fundamentais, embora os contextos culturais, políticos e
institucionais possam diferir. Algumas dessas características com exemplos
práticos de cada modelo:
- Redução do número de leitos hospitalares: Tanto na Itália quanto nos
Estados Unidos, houve um movimento para reduzir a dependência de
hospitais psiquiátricos e promover tratamentos comunitários. Por
exemplo, na Itália, o fechamento progressivo de grandes hospitais
psiquiátricos e a transferência de pacientes para unidades de
tratamento comunitário, conhecidas como "Comunidades
Terapêuticas", foram marcos importantes da desinstitucionalização.
Nos Estados Unidos, o movimento de desospitalização na década de
1960 resultou no fechamento de muitos hospitais psiquiátricos
estaduais e no desenvolvimento de programas de tratamento
ambulatorial e residencial.
- Ênfase na integração comunitária: Em ambos os países, houve um
esforço para integrar os serviços de saúde mental na comunidade e
promover a inclusão social dos indivíduos com transtornos mentais.
Por exemplo, na Itália, as Comunidades Terapêuticas oferecem um
ambiente residencial onde os pacientes podem receber tratamento e
apoio enquanto continuam a fazer parte da comunidade local. Nos
Estados Unidos, programas como os Clubes de Apoio Comunitário
(Clubhouses) oferecem um ambiente de suporte e recuperação onde
os membros participam de atividades sociais, educacionais e de
emprego.

- Enfoque na reabilitação psicossocial: Tanto na Itália quanto nos


Estados Unidos, há uma ênfase crescente na reabilitação
psicossocial e no apoio ao emprego e à educação para pessoas com
transtornos mentais. Por exemplo, na Itália, as Comunidades
Terapêuticas geralmente oferecem programas de treinamento
vocacional e oportunidades de emprego em ambientes protegidos.
Nos Estados Unidos, programas de reabilitação baseados na
comunidade, como os Programas de Primeiro Episódio Psicótico
(PEP), visam ajudar os jovens adultos a reintegrar-se na sociedade e
a alcançar seus objetivos educacionais e profissionais.

03. a)

Concepção do objeto: no modo psicossocial, o objeto de intervenção é


visto como um indivíduo que está imerso em um contexto social e cultural
específico. O foco está na compreensão das relações interpessoais, dos
sistemas de apoio e das influências ambientais que impactam a saúde
mental do indivíduo. No modo asilar, o objeto de intervenção tende a ser
reduzido à doença mental em si, com pouca consideração pelo contexto
social e cultural do indivíduo. O paciente é frequentemente visto como um
caso clínico isolado, cujo tratamento se concentra principalmente na
eliminação dos sintomas. Exemplo: No modo psicossocial, um paciente
com transtorno de ansiedade pode ser avaliado considerando-se não
apenas seus sintomas individuais, mas também os fatores ambientais e
sociais que contribuem para sua ansiedade, como problemas familiares ou
pressões no trabalho. No modo asilar, o mesmo paciente pode ser
diagnosticado com base apenas nos critérios clínicos e receber um
tratamento medicamentoso sem considerar os aspectos contextuais de
sua ansiedade.

Modo de trabalho: o trabalho psicossocial envolve uma abordagem


colaborativa e multidisciplinar, onde profissionais de diferentes áreas
(psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, etc.) trabalham
em conjunto com o paciente e sua rede de apoio para desenvolver planos
de tratamento personalizados. O trabalho asilar tende a ser mais
hierárquico e centrado no profissional de saúde mental, com menos
espaço para a participação ativa do paciente e de seus familiares no
processo de tratamento. Exemplo: No modo psicossocial, um paciente
com esquizofrenia pode participar de grupos de apoio, terapias
ocupacionais e sessões de terapia familiar como parte de seu tratamento.
O plano de tratamento é adaptado às suas necessidades individuais e sua
opinião é valorizada. No modo asilar, o mesmo paciente pode ser
submetido principalmente a terapias medicamentosas e a intervenções
unilaterais decididas pelo profissional de saúde mental, com pouca ou
nenhuma consideração pela sua participação ativa no processo de
tratamento.
b)

Centralização vs. Descentralização:

Modo Asilar: As instituições asilares frequentemente adotam uma estrutura


centralizada, onde as decisões são tomadas por uma equipe de
profissionais de saúde mental e há pouca participação dos pacientes e da
comunidade na gestão e organização dos serviços.

Modo Psicossocial: Por outro lado, os serviços psicossociais tendem a


adotar uma abordagem mais descentralizada, valorizando a participação
comunitária e a autonomia local. As instituições são frequentemente
integradas na comunidade e os pacientes têm maior voz nas decisões que
afetam seu tratamento e cuidado.

Foco na medicalização vs. Abordagem holística:

Modo Asilar: As instituições asilares muitas vezes têm um foco


predominante na medicalização dos transtornos mentais, com um uso
excessivo de medicamentos psicotrópicos e pouca ênfase em abordagens
terapêuticas não medicamentosas.

Modo Psicossocial: Os serviços psicossociais buscam uma abordagem mais


holística, que inclui uma gama de intervenções terapêuticas, sociais e
educacionais para promover a recuperação e a reintegração dos pacientes
na comunidade. O tratamento é individualizado e adaptado às necessidades
específicas de cada paciente.

Segregação vs. Integração comunitária:

Modo Asilar: As instituições asilares tendem a segregar os pacientes do


restante da comunidade, criando uma divisão entre "nós" (profissionais de
saúde mental) e "eles" (pacientes). Isso pode contribuir para o estigma e a
exclusão social dos pacientes.

Modo Psicossocial: Os serviços psicossociais buscam integrar os pacientes


na comunidade, promovendo a inclusão social e a participação ativa em
atividades comunitárias. Isso ajuda a reduzir o estigma associado à doença
mental e a promover uma visão mais positiva e inclusiva da saúde mental.

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