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Revisão - Avaliação de Políticas Públicas

1. O que são as Políticas Públicas? Quem são os atores das políticas públicas?
As respostas estão no slide.
Políticas Públicas são um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a
solução (ou não) de problemas da sociedade. São a totalidade de ações, metas e planos
que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-
estar da sociedade e o interesse público.
Os autores são Estatais: Os políticos são eleitos com base em suas propostas de
políticas apresentadas para a população durante o período eleitoral e buscam tentar
realizá-las. Privados: Imprensa; Centros de pesquisa; Associações da Sociedade Civil
Organizada; Sindicatos.

2. De acordo com as Referências técnicas para atuação de psicólogos em


Programas de Atenção à Mulher em situação de Violência, quais as principais
atividades do psicólogo neste contexto e com este público?
As principais atividades do psicólogo nesse contexto são: acolhimento, a avaliação,
a elaboração de laudos e pareceres, os atendimentos individuais e grupais e o
encaminhamento da mulher aos demais serviços da rede. Esses profissionais
atendem mulheres em situação de violência nos seus diversos tipos – violência
sexual, doméstica, física e psicológica, por exemplo. Também atendem o autor da
violência, dependendo da especificidade de atendimento do local onde trabalham.

3. O que é CAPS? Qual a atuação da/o Psicóloga/o neste contexto? Quais os


tipos de CAPS?
Os Centros/Núcleos de Atenção Psicossocial (CAPS/NAPS) são serviços da rede
pública de saúde que visam, como parte de uma rede comunitária, à substituição
dos hospitais psiquiátricos - antigos hospícios ou manicômios - e de seus métodos
para cuidar de transtornos mentais.

O Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), como estabelecimentos voltados para


acolher indivíduos em sofrimento mental, devem promover a integração social e
familiar dos seus pacientes, apoiá-los em suas tentativas de alcançar autonomia e
oferecer-lhes assistência por uma equipe multiprofissional, não apenas em relação
aos aspectos sintomáticos ou clínicos ( BRASIL, 2004). Derivados diretos da
Reforma Psiquiátrica, esses serviços têm como principal característica a busca pela
integração dos indivíduos a um contexto social e cultural específico, chamado de
“território”, o ambiente urbano onde se desenrola a vida cotidiana dos pacientes e
suas famílias, palco de diversos encontros (DIMENSTEIN, 2009.)

Os CAPS São instituições destinadas a acolher pessoas com sofrimento psíquico


grave e persistente, estimulando sua integração social e familiar, apoiando-os em
suas iniciativas de busca da autonomia. Apresenta como característica principal a
busca da integração dos usuários a um ambiente social e cultural concreto,
designado como seu território, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida
cotidiana de usuários e familiares, promovendo sua reabilitação psicossocial. Tem
como preceito fundamental ajudar o usuário a recuperar os espaços não protegidos,
mas socialmente passíveis à produção de sentidos novos, substituindo as relações
tutelares pelas relações contratuais, especialmente em aspectos relativos à moradia,
ao trabalho, à família e à criatividade. A atual política prevê a implantação de
diferentes tipos de CAPS:
• CAPS I – Serviço de atenção à saúde mental em municípios com população de 20
mil até 70 mil habitantes. Oferece atendimento diário de 2ª a 6ª feira em pelo menos
um período/dia.
• CAPS II – Serviço de atenção à saúde mental em municípios com população de 70
mil a 200 mil habitantes. Oferece atendimento diário de 2ª a 6ª feira em dois
períodos/dia.
• CAPS III – Serviço de atenção à saúde mental em municípios com população
acima de 200 mil habitantes. Oferece atendimento em período integral/24h.
• CAPS ad – Serviço especializado para usuários de álcool e outras drogas em
municípios de 70 mil a 200 mil habitantes.
• CAPS ad III – Serviço especializado para usuários de álcool e outras drogas em
municípios com população acima de 200 mil habitantes, por período integral/24h.
• CAPS i - Serviço especializado para crianças, adolescentes e jovens (até 25 anos)
em municípios com população acima de 200 mil habitantes.

Os psicólogos, como outros trabalhadores dessa clínica, não produzem apenas


intervenções técnicas, mas antes disso disponibilizam acolhimento para dar suporte
à travessia que o outro deve construir em sua experiência como sujeito humano.
Nessa travessia, cada um deve encontrar as condições e os lugares possíveis para
a afirmação da sua diferença como valor positivo.

As atividades desenvolvidas por psicólogos devem envolver: "acolhimento,


discussão de casos em equipe, psicoterapias, atendimento às crises, elaboração de
planos individuais de cuidado, grupos e oficinas, atividades dirigidas diretamente à
reinserção social, dentre outras".

4. Uma das ferramentas importantes para a atuação da/o psicóloga/o nos CAPS é
a escuta. Disserte sobre a escuta a partir da perspectiva de Amarante, descrita
no eixo III das Referências Técnicas para a atuação da/o Psicóloga/o no CAPS.
Amarante destaca que na atenção psicossocial o objetivo é estabelecer uma rede de
interações entre indivíduos. Indivíduos que ouvem e cuidam, os profissionais, junto
com indivíduos que enfrentam dificuldades, os usuários e suas famílias, além de
outros membros da sociedade. Ao contrário do olhar regulador, "dominador" e
segregado exercido pelos profissionais de saúde mental ao longo dos anos, o cerne
da nova abordagem está centrado no indivíduo. Aqui entra em cena um conceito
fundamental da Psicologia, a escuta. A escuta dos desejos, dores, sofrimentos,
alegrias, potenciais, saberes, expectativas, planos. A escuta é capaz de construir
conexões, criar oportunidades e atividades que abrem caminhos entre os indivíduos,
os grupos sociais e as instituições como saúde, educação, religião e justiça.
Estamos falando, então, de uma clínica expandida. Uma clínica que considera
questões coletivas e políticas, onde os encontros, independentemente de serem
estruturados como atendimento individual ou em grupo, não são reduzidos a práticas
padronizadas que veem o indivíduo de forma isolada. Uma clínica da
experimentação de práticas sociais que, alinhadas com os princípios do Sistema
Único de Saúde (SUS), ocorrem em espaços e contextos diversos, fora do ambiente
terapêutico tradicional. (Pag. 76, 77)

5. O que são os Projetos Terapêuticos Singulares (PTS)?


O Projeto Terapêutico Singular é um conjunto de propostas de condutas
terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da
discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com Apoio Matricial se necessário.
Entendido como uma variação da discussão de “caso clínico” nos espaços de
cuidado à saúde mental, é realizado perante situações/ problemas mais complexos.
É importante destacar que o projeto pode ser pensado ou realizado não somente
para indivíduos, mas também para grupos ou famílias.

Bússola que orienta usuários e equipes no percurso pelo serviço e pela rede, o
projeto terapêutico singular, articula os recursos colocados à disposição pela
política, mas também aqueles que nos trazem cada usuário, seus familiares e suas
referências. Instrumento mutável que busca responder às necessidades, naquele
momento e para cada usuário, sendo ainda a expressão e o espaço de inscrição das
soluções e estratégias criadas por cada um na reconstrução de sua história e vida.

6. Qual a proposta da Clínica Ampliada? O que é o Apoio Matricial?


A clínica ampliada apresenta uma visão ampliada do processo saúde-doença, considerado
como um fenômeno complexo, resultante da multiplicidade de fatores biológicos, sociais,
afetivos, subjetivos, culturais, que interferem na sua produção.
É uma clínica que compreende questões coletivas e políticas, onde os encontros,
independentemente de serem estruturados na forma de atendimento individual ou grupal, não
são reduzidos a práticas padronizadas que veem o sujeito em uma dimensão individualizante.
Uma clínica da experimentação de práticas sociais que, em consonância com as diretrizes do
SUS, acontecem em espaços e contextos variados, independente do setting terapêutico
convencional.
A clínica ampliada cria possibilidades de integrar a equipe de trabalhadores da saúde de
diferentes áreas na busca de estratégias para um cuidado singular, com a criação de
responsabilização e vínculo com o usuário. Propõe uma desierarquização do processo, que
permite, inclusive, perceber riscos e vulnerabilidades, potências e fragilidades para além da
doença e do espaço físico do cuidado: o CAPS.

A composição e articulação da Raps, Rede de Atenção Psicossocial, que envolve outras redes
de serviço no cuidado à saúde mental da população, como a atenção básica, por exemplo,
necessita contar com apoio técnico para potencializar o seu poder resolutivo na gestão de
algumas situações/casos. O apoio matricial amplia a rede de serviços substitutivos, melhora o
funcionamento destes e capacita os profissionais destes níveis de atenção, objetivando a
ampliação do acesso e os cuidados em saúde mental.
Favorece a corresponsabilização entre as equipes e a diversidade de ofertas terapêuticas
através de uma(um) profissional de saúde mental que acompanhe sistematicamente os
serviços da atenção básica, propondo que os casos sejam de responsabilidade mútua,
permitindo também que se diferenciem as situações que de fato precisam ser acompanhadas
pelo CAPS e aquelas que podem ser conduzidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Trata-se de um regulador de fluxos que promove uma articulação entre os equipamentos de
saúde mental e as UBSs (CAMPOS e DOMITTI, 2007) e atualmente as ações sistemáticas de
matriciamento realizadas por CAPS com equipes de Atenção Básica se constituem no único
indicador específico dos CAPS junto ao MS, demarcando a importância destas ações na
ampliação da rede e na consolidação da Reforma Psiquiátrica no território, ao demonstrar que
o processo de saúde-doença-intervenção não é ferramenta exclusiva de nenhuma
especialidade ou serviço, pertencendo a todo o campo da saúde.

7. Qual a importância do trabalho em equipe nos Centros de Atenção


Psicossocial (CAPS)?
Segundo SAMPAIO (2011), existem pelo menos três grandes ordens de vantagens no
trabalho em equipe: a) Ideológica o trabalho em equipe impede a hegemonia de um único
saber que monopolize a condução do processo saúde- doença/mental, por exemplo o da
hegemonia médica que se sobrepõe ao trabalho multiprofissional, mantendo uma dependência
da consulta psiquiátrica para o desenvolvimento das demais práticas assistenciais; b) Teórica
o trabalho em equipe coloca as diversas teorias em contato e promove sua problematização; c)
Organizacional devido à complexidade crescente do conhecimento, não é mais possível a
qualquer trabalhador ou disciplina isolada dar conta da totalidade de situações complexas
como as vividas, por exemplo, nos momentos de crise.
A efetiva interdisciplinaridade possibilita um cuidado plural, no qual, com efeito, o
usuário é o denominador comum do entrelace de várias disciplinas e práticas
assistenciais na direção da integralidade. Por outro lado, exige uma composição
organizacional capaz de manejar os problemas que brotam dessa pluralidade e que
aparecem como dificuldades na comunicação, ou seja, suscita a necessidade de
aprimoramento dos mecanismos de diálogo entre os profissionais e de espaços
coletivos favoráveis à elaboração dos conflitos sob o risco de que, se isso não
ocorrer, manter-se-á a fragmentação do cuidado.

8. Qual a importância da integração dos CAPS com a Rede de Atenção


Psicossocial (RAPS)?
A integração entre os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e a RAPS (Rede de Atenção
Psicossocial) é fundamental para garantir um cuidado integral e integrado às pessoas com
sofrimento ou transtorno mental. Segundo a referência técnica para atuação de psicólogos no
CAPS do CREPOP (Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas), essa
integração permite uma abordagem mais ampla e eficaz, promovendo a continuidade do
cuidado, a articulação entre os diferentes pontos de atenção e a construção de projetos
terapêuticos singulares. Além disso, essa integração favorece a desinstitucionalização, a
inclusão social e o respeito aos direitos humanos das pessoas atendidas.

9. Por que nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) é de suma importância a


atenção e o cuidado integral ao sujeito?
A noção de integralidade ocorre pelo reconhecimento, no cotidiano dos serviços de
saúde, de que cada pessoa é um todo indivisível e social, que as ações de
promoção, proteção e reabilitação da saúde não podem ser fragmentadas. Isso se
traduz nas ações da equipe do CAPS em sua constante busca pela articulação com
outros saberes e práticas, seja no trabalho da equipe, seja na articulação com outros
pontos de atenção da saúde e de outros setores, como a assistência social, justiça,
cultura, educação, habitação, entre outros. Por um lado, o conceito de integralidade
remete à necessidade da identificação do sujeito em sua totalidade, preconizando
que o cuidado de pessoas, grupos e coletividade consiste em compreender o
indivíduo dentro do seu contexto social, político e histórico, relacionando-o à família,
ao meio ambiente e à sociedade da qual ele faz parte. Por outro lado, a atenção
integral em saúde pressupõe que, além das ações de cuidado na crise, sejam
desenvolvidas ações de promoção, de prevenção e de reabilitação e que a
organização dos serviços e das práticas de saúde favoreçam a horizontalidade do
sistema. O cuidado integral na saúde mental realiza-se no apoio às relações de
trocas sociais dos usuários com seu meio na perspectiva da convivência numa
sociedade marcadamente excludente.

Nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), a atenção e o cuidado integral ao


sujeito são essenciais para oferecer uma abordagem holística da saúde mental. Isso
significa não apenas tratar os sintomas psíquicos, mas também considerar o
contexto social, emocional, familiar e físico de cada indivíduo. Ao adotar essa
abordagem, os CAPS promovem a autonomia dos usuários, capacitando-os a gerir
sua própria saúde mental com suporte adequado e prevenindo recaídas ao intervir
em fatores de risco e vulnerabilidade. Além disso, o cuidado integral respeita a
singularidade de cada pessoa, contribuindo para sua inclusão social e reduzindo o
estigma associado às doenças mentais. A integração de diferentes serviços e
profissionais de saúde nos CAPS fortalece os vínculos entre os usuários e a equipe,
criando um ambiente de confiança e colaboração que favorece o processo de
recuperação e reabilitação. Em suma, a atenção e o cuidado integral nos CAPS são
fundamentais para uma abordagem humanizada, eficaz e inclusiva no tratamento e
na promoção da saúde mental.

10. O estabelecimento de um vínculo terapêutico sólido entre profissionais e


usuários é um dos pilares essenciais da prática nos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS). Disserte sobre a importância deste vínculo.
O estabelecimento de um vínculo terapêutico sólido entre profissionais e usuários nos Centros
de Atenção Psicossocial (CAPS) é fundamental para uma intervenção psicológica eficaz e
humanizada. Segundo a referência técnica para atuação de psicólogos no CAPS do CREPOP,
esse vínculo permite uma maior confiança e abertura por parte dos usuários, facilitando a
compreensão de suas demandas, desejos e necessidades. Esse relacionamento próximo e
acolhedor contribui para a construção de projetos terapêuticos singulares, respeitando a
singularidade de cada indivíduo e promovendo um cuidado centrado na pessoa. Além disso, o
vínculo terapêutico fortalece o processo de adesão ao tratamento, potencializando os
resultados terapêuticos e favorecendo a resiliência e autonomia dos usuários em seu processo
de reabilitação psicossocial.

11. O que é o CRAS? O que é o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à


Família (PAIF)? Qual a importância do Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos (SCFV)?
O (CRAS) Centro de Referência de Assistência Social é a porta de entrada da Assistência
Social. É um local público, localizado prioritariamente em áreas de maior vulnerabilidade
social, onde são oferecidos os serviços de Assistência Social, com o objetivo de fortalecer a
convivência com a família e com a comunidade.
O PAIF consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de
fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu
acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o
desenvolvimento de potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo.
O (SCFV) Serviço de Convivência e Fortalecimento de vínculo é o serviço realizado em
grupos, organizado a partir de percursos, de modo a garantir aquisições progressivas aos seus
usuários, de acordo com o seu ciclo de vida, a fim de complementar o trabalho social com
famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social. Forma de intervenção social
planejada que cria situações desafiadoras, estimula e orienta os usuários na construção e
reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território.

12. Quais as possibilidades de atuação da/o Psicóloga/o no CRAS?


No CRAS, o psicólogo é um técnico de referência e é responsável por realizar atendimentos,
acolhimento, encaminhamentos, visitas e orientação das demandas apresentadas pela
população em vulnerabilidade social.

No Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), as/os psicólogas/os


desempenham um papel fundamental no suporte emocional e psicossocial às
famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade. Suas atuações incluem
acolhimento e escuta qualificada, avaliação socioemocional, acompanhamento
psicossocial, desenvolvimento de projetos socioeducativos, orientação
psicopedagógica, mediação de conflitos, articulação com redes de apoio, promoção
da autonomia e empoderamento, e prevenção da saúde mental. Em resumo, as/os
psicólogas/os no CRAS contribuem para o fortalecimento de vínculos familiares,
promoção do bem-estar emocional e melhoria das condições de vida das pessoas
assistidas, através de intervenções que visam o desenvolvimento pessoal e
comunitário.

13. O que é CREAS? Qual o objetivo principal do CREAS? Quais as principais


competências e atividades relacionadas ao atendimento direto no CREAS?
O CREAS se materializa dentro do SUAS como uma unidade pública estatal da
Proteção Social Especial de média complexidade, capaz de promover a superação
das situações de violação de direitos tais como violência intrafamiliar, abuso e
exploração sexual, situação de rua, cumprimento de medidas socioeducativas em
meio aberto, trabalho infantil, contingências de idosos e pessoas com deficiência
em situação de dependência com afastamento do convívio familiar e comunitário,
discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia, dentre outros.
(BRASIL, 2011).
A superação da situação de direito violado no CREAS exige, portanto, intervenções
complexas e singulares, com articulação de toda a rede do SGD. Sendo o trabalho
no CREAS de natureza interdisciplinar, intersetorial e interinstitucional,
consideramos que é um compromisso ético do psicólogo no CREAS contribuir para
melhorar os fluxos e a articulação das instituições que compõem o SGD.
Conforme já descrito anteriormente a atenção ofertada pelos serviços do CREAS
tem como objetivos propiciar: acolhida e escuta qualificada visando o fortalecimento
da função protetiva da família; a interrupção de padrões de relacionamento
familiares e comunitários com violação de direitos; a potencialização dos recursos
para superação da situação vivenciada e reconstrução de relacionamentos
familiares, comunitários e com o contexto social ou construção de novas referências;
o acesso aos direitos socioassistenciais e à rede de proteção; o protagonismo e
participação social; a prevenção do agravamento da violação e da
institucionalização.

Cabe apontar que a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais descreve os


serviços a serem ofertados nos CREAS, a saber: Serviço de Proteção e
Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), Serviço Especializado
de Abordagem Social assegurado também em unidade referenciada da rede
socioassistencial, Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de
Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços a
Comunidade (PSC) e Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com
Deficiência, Idosas e suas Famílias que pode ser ofertado no Domicilio do Usuário
do serviço, em Centro-Dia, no CREAS ou Unidade Referenciada. (BRASIL, 2011,
p.19 a 26(b))

14. Quais os desafios e possibilidades no trabalho no CREAS?


Possibilidades: No Centro de Referência Especializado de Assistência Social
(CREAS), profissionais têm diversas possibilidades de atuação. Eles oferecem
acolhimento e escuta qualificada, realizam avaliação socioeconômica, elaboram
planos de atendimento individualizados e prestam acompanhamento psicossocial.
Além disso, encaminham usuários para serviços da rede socioassistencial, mediam
conflitos familiares e comunitários, monitoram casos e oferecem suporte em
situações de emergência. Trabalhando em rede, esses profissionais articulam-se
com outros serviços para promover o bem-estar e o desenvolvimento das pessoas
em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social.

Do ponto de vista das condições de trabalho, são recorrentes as precárias condições


materiais e salariais de trabalho, gerando rotatividade dos profissionais, o que em
última instância favorece a concepção prevalente – que se pretende superar com a
implementação do SUAS - da ação profissional voltada para a eventualidade e
descontinuidade na prestação de serviços.
O rodízio de profissionais observado nas equipes dos CREAS requer medidas
voltadas à permanência do corpo técnico, através da desprecarização dos vínculos
de trabalho. A ampliação de vagas de concurso público para ingresso na Política de
Assistência Social torna-se um requisito primordial e requer na sequência, a
implementação de Planos de Carreira, Cargos e Salário, em consonância com a
NOB/RH/ SUAS/2006, considerando como já mencionado, a necessidade de
alcançar maior estabilidade para os trabalhadores. Trata-se de considerar o
estabelecimento de processos interventivos permanentes junto à população
Outro aspecto a ser enfrentado, condicionado a uma maior clareza sobre as
atribuições da psicologia na Política de Assistência Social está relacionado ao
trabalho em equipe e em rede. Trata-se de desconstruir práticas atuais nas quais os
profissionais são tensionados a executar funções distanciadas do seu campo de
conhecimento, ou pela ausência de outros profissionais na equipe, ou por
insuficiência dos serviços das demais áreas setoriais.
Nota-se que as (os) psicólogas (os) se preocupam com essa questão e buscam garanti-lo (o
sigilo) de uma forma ou de outra, demonstrando ser esse um princípio que foi assumido pela
categoria. Outro desafio é na realização de atividades que não são de competência do
CREAS, ou mesmo da Política de Assistência Social que demonstram que a identidade do
CREAS ainda tem muito a avançar. Na concepção da assistência social como caridade e
assistencialismo, onde o sujeito e sua família, abandonados pelo Estado, e responsabilizados
assim, pela sua condição, a assistência visa apenas minimizar a situação. A pesquisa do
CREPOP (CFP/CREPOP/2009) aponta ainda desafios em relação à articulação com a rede de
Saúde e também com outras políticas e instituições que estabelecem interfaces com o trabalho
nos CREAS, tais como: a burocracia dos encaminhamentos, a desarticulação da rede, a
morosidade do judiciário, a precariedade dos Conselhos Tutelares, entre outros. Um
posicionamento ético político da(o) psicóloga(o) no CREAS passa pelo incentivo,
fortalecimento e articulação da rede que irá acolher o público encaminhado.

O desafio para o profissional da Psicologia passa por um amadurecimento pessoal,


profissional, coletivo e institucional. Ainda que pese os percalços e intercorrências, o
fortalecimento da Psicologia no SUAS vem sendo construído a partir do debate
cotidiano, sendo possível nos relatos da prática identificar avanços no decorrer do
percurso, corroborando com a necessária ressignificação das ofertas e com a
consolidação do direito socioassistencial. As considerações apresentadas até aqui
demonstram que a tarefa posta para a Psicologia inserida no SUAS traz questões
que devem constituir uma agenda de discussões que promovam um maior debate
sobre as condições de trabalho no SUAS, a educação permanente dos atores
envolvidos na política, a construção de metodologias de ação, além da mobilização
e fortalecimento da organização dos trabalhadores

15. Quais as possibilidades de atuação da/o psicóloga/o no CREAS?


As possibilidades de atuação da/o psicóloga/o no CREAS são diversas. Elas incluem o
acolhimento e escuta qualificada dos usuários, realização de avaliações psicológicas,
intervenções individuais e em grupos, encaminhamentos para outros serviços da rede de
proteção social e atuação em ações educativas e preventivas com a comunidade e
profissionais da área. Nos dados da pesquisa do Crepop (CFP/CREPOP/2009) as ações
realizadas por psicólogas(os) com maior frequência foram: Acolhimento, Entrevista Inicial e
Triagem; Atendimentos Individuais, Plantões; Grupos; Elaboração de Plano de
Acompanhamento Individual e/ou Familiar; Visitas Domiciliares, Acompanhamento dos
usuários nos diversos serviços do sistema judiciário; Relatórios Técnicos, Laudos e
Avaliações; Ações integradas com a rede; Atuação em equipes multidisciplinares; Atividades
educativas e de esclarecimentos para a população em geral e Coordenação dos serviços.

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