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Série Amores Proibidos

Créditos

2018 – Todos os direitos reservados.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia
autorização dos autores.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.

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ISBN

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Fotos da capa – Deposit Photos
Arte da Capa – K Mendez
Obra Registrada

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1ª. Edição - Abril - 2018


Para todas as Advoguetes que moram
em meu coração e me apoiaram desde
as primeiras páginas. Com carinho,
K Mendez.
Sumário
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Final
Epílogo
Carta da autora
Agradecimentos
Próximo Lançamento
Capítulo 1

Carla Dantas
Arrumo, passo, cozinho, lavo, corro atrás de crianças quando a patroa
recebe visita, acumulo mil e uma funções e no final do mês, nem mil e
duzentos continhos eu levo para casa.
Casa essa que praticamente não vivo, ou melhor, chego tão esgotada
que apenas durmo, desmaio e vegeto após um longo dia de trabalho e mais de
duas horas de trânsito onde enfrento um ônibus lotado e um metrô que me
leva para o subúrbio. No final do dia sinto-me tão cansada, esgotada, que
meus dezoito anos tem o peso de no mínimo o dobro.
Eu sei que posso parecer uma garota que só murmura sobre a exaustiva
realidade, mas na verdade eu agradeço a sorte que tive ao encontrar trabalho
na casa da dona Dorothy Menezes, uma senhora que me acolheu após a morte
de minha mãe que trabalhou para sua família a vida toda.
— Sonhando com a vida, Carla?

Assusto-me com a voz da minha patroa e por pouco não deixo a


vassoura cair no chão impecável todo no porcelanato importado.
— Nãoooo, senhora! Desculpa, eu só parei para respirar um pouco.
Ela me observa e educadamente caminha em minha direção.
— Não tem problema, eu apenas quero que você me faça um favor e
até te dispensarei mais cedo.
Recebo a melhor notícia que me faz flutuar de felicidade.
— Preciso que você vá em um lugar e leve um documento. Deixe tudo
como está, se arrume e em uma hora, meu motorista vai te levar.
Fico curiosa, mas não estou em condições de questionar.
— Então vou me arrumar agora mesmo. Licença, dona Dorothy.
Começo a caminhar completamente animada pois levar um documento
seja onde for, vai ser de qualquer forma uma diversão, um desvio na minha
rotina de cão.

— Carla, volte aqui.


Ah! Será que ela se arrependeu?
— Oi?
Paro de caminhar, viro-me em sua direção e observo a minha patroa.
— Deixei no quarto que você guarda as suas coisas, uma mala de
roupas que foi da minha filha, muitas são novas, você sabe como Patrícia é,
compra sem pensar, nunca usa e vocês são quase da mesma idade.
Realmente Patrícia é bem consumista e um pouco mais velha que eu.
— Tenho que concordar, senhora.
Acabo comentando e por esse motivo minha pele branquinha queima
de vergonha, mas minha patroa sorri, pelo jeito não ultrapassei tanto o limite.
— Pois bem, separei para você algumas peças, espero que sirvam.
Ela ainda tem dúvida? Deus bem sabe o quanto preciso de roupas, já
que as minhas estão bem surradas e apertadas, pois desde que minha mãe se
foi, eu não sei o que é comprar uma blusa.
— Tem uma mala menorzinha com sapatos também, sei que você
calça o mesmo número da minha princesa.
Controlo-me para não pular de alegria, pois as roupas e sapatos da
Patrícia são super lindas, na verdade, perfeitas demais para minha realidade.
— Agora vá, não quero que se atrase.
Agradeço os presentes e me retiro, quase que correndo para o quarto,
precisava desesperadamente ver o que ganhei.

— Para onde vai assim, delícia?


A voz perturbadora do motorista Barreto me faz interromper os passos
ao mesmo tempo que sinto o meu sangue fervendo.
— Dá para parar de me chamar assim? Eu não estou mais suportando.
Ele se aproxima ainda mais praticamente me deixando sem passagem e
me forçando a empurrá-lo.
— Difícil não te chamar assim. Já se olhou no espelho, Carla? Você é
maravilhosa.
Reviro os olhos cansada e no limite, empurro Barreto. Logo depois sigo
ansiosa para o quarto até alcançar a mala que está em minha cama e
enlouqueço com o que vejo.
A quantidade das roupas suprirá minhas necessidades pelos próximos
três anos já que economizo bastante e os cinco pares de sapatos lindos, se
usados de forma bem alternadas, também terão uma boa durabilidade. Sem
falar na beleza de todas as peças, são de pirar qualquer uma e pouco me
importa se a moda já passou, pois são perfeitas.
A cada roupa que vou retirando da mala, meus olhos brilham, a maciez
dos tecidos, a delicadeza dos cortes, os tons mais perfeitos que já vi, deixam
meus olhos marejados, eu com certeza nunca ganhei algo parecido e para
minha surpresa, tem até vestido de festa.
Fico ansiosa para provar cada uma das peças, mas me lembro do meu
compromisso, então me levanto correndo, tomo um banho gostoso e volto
para o quarto, para pegar minha roupa, mas uma ideia surge. Por que não usar
algo novo?
Escolho um vestido azul um pouco justo, com um detalhe de um tecido
mais solto que tem no comprimento na altura da coxa, um pouco acima do
joelho. Para completar, escolho uma sandália bege, extremamente delicada e
me sinto outra, se não fosse por minhas olheiras que deixam ao redor dos
meus olhos um pouco avermelhados, poderia me passar por uma garota
chique da alta sociedade.
Tento disfarçar um pouco minha aparência cansada com uma leve
maquiagem, ajeito meus longos cabelos com as pontas dos dedos, passo um
brilho labial e assim, sinto-me pronta para fazer o favor a minha patroa.
Antes de sair, guardo na mala as peças que na ansiedade espalhei pela
cama, fecho e saio arrastando ambas, por sorte são de rodinhas.
— Puta merda, como você fica ainda mais gostosa fantasiada de
patroa.
Mais uma vez Barreto passa dos limites, tento controlar meus nervos e
passo direto por ele.
— Ei, calma delícia. Não precisa fugir.
Ele corre e me ultrapassa.
— A patroa mandou vir te encontrar por causa das doações que você
recebeu, vou te levar no tal lugar para você entregar o documento e depois
em sua casa. Agora me dê as malas, vou levar para o carro. Enquanto isso, vá
ver a chefa, ela te espera no gabinete.
Assim faço o caminho a passos largos mesmo que receosa por não
saber me equilibrar tanto nos saltos e vou de encontro a Dorothy.
Assim que entro no escritório, percebo nos olhos da minha patroa o
espanto ao me ver e demoradamente passeia o seu olhar com um tom curioso
por toda minha produção.
— Bem, já vi que você se agradou das roupas e devo admitir que essa
ficou ótima.
Sinto-me ainda mais agradecida com seu elogio.
— Obrigada. E a senhora não imagina o quanto gostei, nem tenho
como agradecer.
Dorothy se levanta sem me olhar e caminha até um armário onde mexe
em alguns documentos.
— Na verdade, tem sim. Por não estar me sentindo muito bem, você
vai me fazer um favor. Quero que entregue esse documento diretamente nas
mãos do *Dr. Adriano, ele já está te aguardando.
* O título de doutor foi concedido aos advogados por Dom Pedro I, em 1827. É também uma
questão de costume no Brasil, usada no livro.
Capítulo 2
— Tudo bem, ele trabalha em qual hospital?
A minha simples pergunta faz a minha patroa revirar os olhos em um
gesto impaciente e eu não entendo o motivo.
— Ele não é médico, é advogado Carla. – Ela explica
impacientemente. — Agora vá, ele já deve estar te aguardando e não esqueça,
apenas entregue o documento nas mãos do Dr. Adriano.
Tento passar confiança para ela com um sorriso, o que não ameniza a
careta que a minha patroa faz.
— Tudo bem, não se preocupe.
Seguro o documento como se fosse a minha vida e começo a caminhar.
— Carla.
— Oi, senhora.
— Você deveria investir melhor nas suas roupas, fica muito bonita
arrumada.
Contenho meu riso, pois com certeza acabo de ouvir uma piada e eu
tenho outras prioridades.

— Gostaria muito, senhora. Mas no momento estou juntando dinheiro


para fazer um curso.
Dorothy me observa enquanto positivamente balança a cabeça.
— Sua mãe ficaria bastante orgulhosa de você.
Isso eu sei que sim, ela não queria mesmo que passasse a vida
trabalhando no serviço doméstico, o sonho da minha saudosa mãe, é que eu
fosse para faculdade.
— Eu prometi para mamãe que eu não desistiria de estudar, quero ser
professora ou assistente social.
Meus olhos ficam marejados, faz tão pouco tempo que ela se foi.
— Faz bem.
Ela responde secamente e com gestos me manda seguir. Após me
despedir, caminho até a saída de casa, ao abrir a porta vejo que Barreto já me
espera fora do carro e com a porta de trás aberta.
— Já que está vestida tipo patroa, vou te levar como se fosse uma,
agora entre antes que alguém veja.
Pela primeira vez no dia ou em semanas ele me diverte, aceito fazer
parte da brincadeira e vou para parte de trás.
— Vê se não se acostuma.
Eu poderia facilmente me acostumar com o conforto, ou simplesmente
morar dentro do carro que é mais confortável que minha cama.
— Você fala como se eu só andasse aqui.
O semblante de Barreto fica um pouco mais sério, vejo pelo retrovisor.
— Infelizmente eu sei que não, mas você merece, delícia. Olha, eu não
tenho um carro desse, mas tenho um celtinha que faço questão de te colocar
dentro dele.
Ele dá uma piscadela e eu reviro meus olhos na mesma hora. Será que
ele ainda não percebeu que não vai rolar?
— Esqueça, eu jamais vou entrar em seu carro. – Tento controlar
minha língua, mas é em vão. — Barreto, não entenda errado, mas eu não te
vejo como namorado, você tem mais que o dobro da minha idade.
— Porra, que viadagem de preconceito é essa, novinha? Eu posso te
ensinar coisas que nenhum garoto pode.
— Não tenho preconceito nenhum, apenas quero namorar um rapaz
mais jovem.
Ele fica automaticamente sério e segue o caminho, sem mais dizer uma
palavra por um longo trajeto, até parar em frente a um prédio de
aproximadamente uns vinte andares, com o vidro fumê na parte externa e
bastante luxuoso. Acabo agradecendo mentalmente pela doação das roupas
que acabo de ganhar.
— Vai logo, Carla. Não me diga que está esperando que eu abra a
porta.
Ele me assusta com o tom de voz, percebo de imediato que o corte que
dei há minutos, pôs fim ao clima amigável.
— Calma, não precisa falar assim comigo. Eu já vou.
Ainda me sentindo tensa, abro a porta do carro e antes de sair...
— E não demore, você mora no fim do mundo e eu tenho que te levar
em casa.
Ele avisa, fecho a porta e caminho toda apressada tentando não trocar
as pernas. Merda! Eu não sou obrigada a aguentar suas piadinhas o tempo
todo.

Assim que entro no prédio, meus olhos ficam encantados com o


ambiente, eu já estou acostumada com o luxo da casa da minha patroa, mas
nada, absolutamente nada se compara com esta recepção, cheia de lustres que
mais parecem cascatas de pedras preciosas, um chão que nem posso sonhar
em andar de perna aberta pois minha calcinha pode aparecer no reflexo, uns
sofás mais largos que minha cama de solteiro e homens e mulheres que
parecem ter saído de revistas de moda.
— Boa tarde, posso ajudá-la?
— Pode sim.
Respondo no automático, vou me virando em direção a voz e paro
assim que observo a jovem que me tirou das minhas viagens. A elegância
dela simplesmente exala pelo ar.
— N-na verdade, estou procurando o Dr. Adriano, ele está me
esperando, sou Carla, a funcionária da Sra. Dorothy.
Ela me explica que é para eu ir ao último andar, que ele já me aguarda e
me dá um código para o elevador. Pelo o que ela me explicou, só funcionará
duas vezes, para minha subida e descida.
— Obrigada por me ajudar.
— É o meu trabalho, sou Natália, a secretária do Dr. Adriano.
Uau! Eu nunca imaginei que existia uma secretária tão chique.
Apertamos as mãos rapidamente e enquanto aguardo o único elevador que vai
até o último andar, começo a ficar nervosa, provavelmente por estar acanhada
com o ambiente.
Assim que entro no elevador rodeado de espelhos, aproveitando que
estou sozinha, digito o código e enquanto o tempo passa, conto andar por
andar.
Até que a porta se abre, em um ambiente ainda mais luxuoso. Uma
mistura de escritório com sala de reunião, onde até mesmo tem um bar, eu me
sinto em uma novela. Ao olhar para os lados, observo que estou sozinha, e
curiosa, caminho pelo ambiente para olhar a vista da enorme janela de vidro
que toma toda parede.
—Nossa! I sso com certeza dá medo.
Sussurro baixinho, minhas pernas parecem que vão falhar, fecho os
olhos e dou quatro passos para trás, até esbarrar em uma parede humana
enorme, e antes mesmo que eu possa raciocinar, seu perfume maravilhoso
invade minhas narinas me deixando arrepiada.
Adriano Albuquerque

Para minha satisfação, ouço que ganhamos mais uma causa, viro-me em
direção a minha cliente que respira ofegante por causa da ansiedade que lhe
acometeu a alguns minutos antes do veredito, aperto sua mão para a
parabenizar, ela me agradece ainda com a voz trêmula e então caminho para o
estacionamento.
—Dr. Adriano.
Paro ao ouvir o chamado e ao virar na direção da voz, vejo o advogado
perdedor da causa vindo ao meu encontro. Puta merda, eu não mereço.
—Dr. Claudio.
Apertamos as mãos.
—Parabéns, devo admitir que seu último argumento me pegou
desprevenido.
Continuo o observando, pois sei bem que seu elogio provavelmente tem
algum motivo.
— Obrigado e sobre o argumento, um bom advogado sempre tem um
para o grand finale.
Ele concorda com gestos.
— Eu sei, mesmo que esse argumento sejam milhões na conta da juíza?
Porra, será que quem perde nunca aceita?
— Poupe-me da sua acusação, até porque isso pode te render um
processo por difamação.
Não fico para ouvir sua resposta sem cabimento, até porque sinto-me
cansado e ainda preciso voltar a empresa.
Ao chegar no estacionamento, para minha surpresa, encontro minha
cliente encostada no meu carro Aston Martin, ao observá-la, conheço muito
bem o seu ar de felicidade, o rosto corado e ansiedade na sua respiração
acelerada, a ruiva linda que acompanhei nos últimos meses por causa da
contratação está querendo aquilo.
— D-desculpa te esperar aqui, mas acho que ainda não te agradeci o
suficiente por hoje.
Dou mais dois passos em sua direção e observo ao olhar para baixo
através da roupa seu mamilo teso e a safada com a boca entreaberta.
— Acredito que já acertamos os honorários na A&A Advogados.
Ela toca em meu ombro e aperta o local, provavelmente curtindo o que
sente.
— Você sabe do que estou falando doutor. Com certeza percebeu que
eu...
Toco em seus lábios para silenciá-la.
—Eu percebi que você quer me dar desde que assinamos contrato, mas
sou profissional e não fico com clientes.
Ela geme ao ouvir que eu sei da sua vontade.
— Já que você sabe, preciso lembrá-lo que não temos mais nenhum
vínculo?
Ela parece sedenta e eu apesar de cansado, seria relaxante ter algum
prazer inesperado, então me aproximo colando nossos corpos após olhar que o
ambiente está vazio.
— Eu preciso ser sincero.
Sussurro em seu ouvido.
— Por favor, seja.
Gosto de sentir a sua urgência na voz e respiração.
— Se você quer apenas sexo e sabe lidar com momentos casuais, entre
no meu carro e tire sua calcinha, não vamos ter mais que meia hora ao
chegarmos no meu escritório.
Me afasto, ela me olha um pouco surpresa, mas seus olhos brilham com
a luxuria que percorre seus pensamentos, tenho certeza que sua boceta já
molhou toda.
Já que temos um acordo, abro a porta, Clarissa entra rapidamente, vou
para o outro lado e assim que me acomodo, ela me puxa para me beijar. Será
que ela não entendeu? Se ainda não, eu preciso ser claro, para o seu próprio
bem.
— Clarissa, nós só vamos foder, somos adultos, teremos apenas o que
queremos, prometo que você vai me sentir em sua boceta por mais de uma
semana, e adiante a minha vida, tire sua calcinha.
De um modo extremamente safada ela levanta a saia, me mostrando as
suas coxas, com certo esforço e movimentando o quadril, segura as laterais da
calcinha que vejo que é minúscula e vermelha como seus cabelos, depois a
guarda na bolsa e ansiosamente fricciona as pernas. E eu já quero vê-la
pedindo mais.

Com uma mão no volante dirijo sem me preocupar em passar marchas já


que meu carro é automático, com a direita aciono uma playlist sensual e para
deixar Clarissa ainda mais excitada, repouso minha mão em sua coxa. Para
minha satisfação, em resposta, ouço um gemido, a safada começa a abrir as
pernas e eu gosto muito da sua atitude.
— Quer começar a gozar aqui?
Ela coloca a mão por cima da minha.
— N-não é a-arriscado?
Pode até ser, mas não para mim que tenho prática.
— Se abra mais.
Ordeno, assim ela faz, demoradamente acaricio a parte interna das suas
coxas, ela rebola para frente me dando mais acesso, geme alto chegando ao
ponto de acariciar os seios e quando meu dedo encontra seu clitóris inchado,
ela grita meu nome.
— Não para, Adriano. Não para.
A safada pede desesperada quase tirando o cinto de segurança,
ignorando o trânsito e sentando em meu colo.
— Já vamos chegar, mas uma esquina e você vai gozar no
estacionamento.
Acaricio a entrada da boceta com dois dedos afastando os grandes lábios
e introduzo, ela vai me sugando e gemendo alto enquanto entro no
estacionamento da empresa e desligo o carro.
A sua empolgação e carência é tanta que fico compadecido de tirar meus
dedos para irmos logo para sala, então aumento o movimento até ver a
ruivinha pegando fogo, revirando os olhos, apertando os seios e molhando
minha mão toda.
Se tem algo bonito de se ver, é uma mulher perdendo o controle ao
gozar, isso me excita demais a ponto de sentir meu pau doendo ainda preso na
calça.
— Nossa! E-eu ejaculei?
Ela parece surpresa ao perceber que teve um squirt* e seu rosto está
completamente avermelhado. Será que é a primeira vez?
— Sim.
Squirt – Ejaculação feminina

Seco minha mão em um lenço.


— Vamos, Clarissa. É só o começo.
Vou para o outro lado do carro, abro a porta, a ruivinha parece não se
sustentar nas pernas, aciono o botão para chamar o elevador e ficamos
esperando de forma disfarçada, com certeza não quero nenhum funcionário
falando sobre minha vida.
Assim que o elevador chega, entramos, insiro o código que nos levará
para o último andar numa porta que se abre diretamente em minha sala,
carrego a ruivinha safada que cruza as pernas em meu quadril, ela sente meu
martelo duro, pronto para dar o veredito, rebola no meu pau e aproveitando a
proximidade, passo minha mão por baixo da sua coxa, acaricio sua boceta e
em seguida seu cu com meu dedo lubrificado e a gostosa grita de prazer.
— Você quer aqui também?
— Simmm.
Ela me dá a permissão, com certeza já está acostumada.
— Vou te comer todinha, de todas as formas, posso?
Provoco descaradamente sussurrando e acariciando sua bunda.
— Deve, por favor.
Ao chegar na sala, a coloco no sofá, peço para que ela fique toda
empinada de quatro enquanto busco as camisinhas na gaveta. Quando volto,
abro minha calça, visto meu pau que lateja em minha mão, abro sua bocetinha
e quando estou pronto para meter, ouço o aviso do elevador, sei que alguém foi
liberado para subir, então lembro-me, uma cliente está chegando, pois marquei
o horário mais cedo. Porra!
— Vá para banheiro, uma cliente está subindo.
Clarissa fica inconformada, vai quase chorando pela frustração, vou
junto para me ajeitar, livro-me do preservativo, aguardo algum tempo para
meu pau voltar ao normal, apronto-me e após lavar a mão, volto para sala.
Para minha surpresa, vejo uma jovem caminhando em direção a enorme
janela. Com pernas gostosas de apertar, saltos altos que me enlouquece e uma
saia com um certo movimento que me hipnotiza. Ao levantar minhas vistas,
vejo seus longos cabelos negros quase em sua cintura e como um ímã,
caminho em sua direção, ela está tão concentrada ao olhar para baixo que não
me nota.
Quando chego bem perto, ela dá alguns passos para trás e seu delicioso
quadril vem em direção ao meu pau, fazendo com que ele acorde novamente.
Porra!
—Ahhh, me desculpa.
Ela se vira desesperada, no mesmo instante se embola em suas próprias
pernas e eu a seguro rapidamente. Por causa da aproximação, seus seios
acabam roçando meu peitoral e minha mão aperta sua cintura.
Que mulher é essa que mesmo tão nova e com olhos tão cansados é
extremamente linda?
Capítulo 3
—Se tem medo de altura, não deveria se aproximar da janela. Imagina se
eu não estivesse aqui? Você poderia se machucar.
Ela continua respirando ofegante, com a boca entreaberta me
enlouquecendo com seu hálito de menta que me chama ao seu encontro. Fico
louco para morder seus lábios.
—E-eu nem sabia que tinha esse medo.
Ela olha para o envelope que segura com tanta força que até amassa.
— O senhor é o Dr. Adriano?
Ela volta a me olhar, meus olhos percorrem seu rosto, seus olhos
perfeitos castanhos como o mel encontram os meus e eu tento controlar meu
pau que está ficando bem vivo.
—Sim, e quem é você que está em meus braços?
Ela tenta se afastar, mas eu gosto de mantê-la bem juntinho.
—Carla, eu trabalho para Sra. Dorothy.
Provavelmente deve ser a secretária pessoal, uma executiva bem
preparada.
—Com todo respeito, você parece ser bem nova para sua função.
Ela fica sem jeito, consegue se afastar e estende o envelope para mim.
— É impressão sua e eu agora preciso...
Sua frase é interrompida pelo som de saltos. Porra, tinha esquecido
completamente de Clarissa.
—Desculpa atrapalhar, mas cansei de ficar no banheiro, Adriano.
Carla abre bem os olhos e coloca a mão na boca sem saber disfarçar o
que acaba de perceber enquanto eu, fico surpreso de forma bem negativa,
quem deu lugar para Clarissa se impor assim?
— É- é, e eu realmente preciso ir.
Carla passa bem perto de mim, enlouquecendo-me com seu cheiro
gostoso.
—Não precisa ter pressa, Carla.
Ela para de caminhar e timidamente me olha.
—Eu realmente não quero atrapalhar.
—Na verdade é a senhorita Clarissa, que já está de saída.
Clarissa aparentemente fica desolada com o que ouve.
— Mas não terminamos e...
Passo meu olhar que diz "Terminamos sim" e Clarissa caminha com seus
pertences em mãos para o elevador sem me olhar nos olhos.
—Eu também tenho que ir, o motorista da Sra. Dorothy, está me
esperando.
Para meu descontentamento, Carla também entra no elevador e em
instantes eu me vejo sozinho, pensando na jovem secretária que tem medo de
altura e é dona dos lábios mais gostosos que já vi.
Fico olhando para a porta do elevador tentando entender o momento
louco que acabo de passar, sem obter uma resposta racional que explique o que
Clarissa fez, volto para realidade.
Com meu celular na mão, rapidamente conecto-me ao sistema de
imagens da empresa, até que consigo ter acesso a câmera da entrada do prédio
e em instantes vejo Carla saindo, um pouco apressada e abrindo a porta do
carro sem esperar o motorista, o que deve ter acontecido?
Lembro-me de olhar as filmagens gravadas no elevador, vejo que
Clarissa diz algumas coisas para Carla que mantém seu olhar baixo, mas por
algum problema do sistema não ouço o que estão falando.
Alguma coisa essa mulher aprontou.

Carla Dantas

Ainda sentindo o toque na minha cintura da enorme mão do Dr. Adriano,


digito o código para voltar ao térreo e fico no elevador tentando disfarçar a
atração que senti.
O engraçado disso tudo é que ele deve ser pelo menos uns oito anos
mais velho do que eu e essa percepção me assusta, já que eu gosto de rapazes
da minha idade, até conhecer ele.
O Dr. Adriano é um advogato lindo, alto, com uma pegada firme que
não me deixou cair, é gostoso de tirar o fôlego e com tantos benefícios assim, é
impossível não se perder naqueles traços másculos. E que músculos são
aqueles? Deu para sentir um pouco só em encostar.
“Carla, no que você está pensando?”
Eu ainda me pergunto? Com certeza estou perdida naqueles olhos cor de
mel que me hipnotizaram.
“Ahhhh, terra chamando Carlaaa!”
Acorda, por favor acorda mulher, o advogato tem namorada, ou várias e
pelo o que ouvi e vi, uma delas deve ser essa linda ruiva que está ao seu lado,
sem falar que você é uma pobre doméstica, não dá para competir, nem se você
tivesse coragem.
Minha mente grita comigo, tento disfarçar, suspiro e volto minha
atenção para os botões do elevador, mas ainda assim, um sorriso brota na
minha face, até que ouço uma gargalhada.
— Você se apaixonou em dois minutos, é sério isso? Está escrito na sua
testa. Nem adianta negar, garota. – Eu não acredito que estou sendo
repreendida e quando vou abrir a boca para responder... — Olha, eu não sei
quem é você, de qual brechó saiu, pois para mim está claro, apesar da roupa de
grife da temporada passada, sua cara de putinha te entrega. Você é mais uma
pobretona que se oferece de forma baixa para um homem bem-sucedido.
Eu não consigo nem mais raciocinar, quanto mais falar uma palavra, fui
pega completamente de surpresa com a atitude da ricaça.
— Enquanto eu ainda sentia os toques daquele homem maravilhoso em
todo meu corpo, eu te vi pela porta do banheiro que estava entreaberta. Você
simplesmente se ofereceu de forma explicita. Aprenda garota, antes que seja
tarde. Você não é e nem nunca será mulher para um homem como ele.
—Senhora, tenho certeza que você entendeu tudo errado.
Ela me olha nos olhos com desdém e coloca um dedo direcionado para o
meu rosto.
— Eu não entendi nada errado e vou deixar meu recado. Aquele homem
vai ser meu, entendeu?
Meu cérebro finalmente começa a reagir, eu realmente posso não ser
mulher para um homem como ele, mas a vaca ruiva não pode me humilhar
assim.
Dou um passo em sua direção para dizer minhas verdades, mas a porta
se abre em um andar, mais pessoas igualmente bem vestidas como a ruiva
entram no elevador, acabo me sentindo ainda mais inferior. Onde estava com a
cabeça? Como pensei em enfrentar uma mulher como ela? No mínimo ia sair
algemada deste prédio chique.
Tento disfarçar minha tristeza que enche meus olhos de lágrimas, engulo
cada palavra dita a mim sentindo o gosto amargo da humilhação, o elevador
parece demorar mais para chegar ao térreo, quando chega, praticamente
atropelo duas pessoas, peço desculpas e corro para saída, eu precisava
encontrar Barreto, ele com certeza é, dos males o menos ruim no momento. Eu
só precisava chegar no meu cantinho.
Ao chegar no carro, abro rapidamente a porta, Barreto me olha assustado
por causa da minha atitude, invento uma desculpa, conto que quase caí por
causa dos saltos e com o celular na mão, começo a entrar e sair dos aplicativos
para passar o tempo enquanto minha mente insiste em trazer a memória o que
eu nunca poderei ter, o Dr. Adriano.
— Que porra aconteceu, Carla? Seu rosto parece um tomate de tão
vermelho e seus olhos estão marejados, enfim, deixe de viadagem e diga logo
a verdade.
— Nada demais.
— Porra, confia em mim.
Ele com certeza não é uma boa opção.
— Falei a verdade, quase vou parar no chão e morri de vergonha por
causa disso.
Barreto se dá por vencido, nós avançamos o caminho em silêncio e
depois de intermináveis minutos no trânsito, finalmente chegamos em minha
casa.
— Vai precisar de ajuda, delícia?
— Não Barreto, as malas são volumosas, mas não estão pesadas, só as
deixe na entrada, por favor.
Por um milagre ele aceita minha sugestão e depois de sua partida, subo
os trinta degraus para o quarto e sala anexo de uma casa simples, típica do
morro onde moro.

Guardo com muito cuidado as maravilhosas roupas na cômoda, sigo


para tomar uma ducha. A água de certa forma me acalma, passo o sabonete em
meu corpo e não consigo evitar de pensar nele quando ensaboo minha cintura.
“ACORDA CARLA”

Tento parar com meus devaneios que só vão me prejudicar, me enxugo e


depois de vestir uma camisolinha, vou até o único armário da cozinha para
pegar os ingredientes, preciso saciar minha fome, e a escolha da noite é um
macarrão bem rápido.
Nada melhor que uma massa tipo espaguete, um molho pronto e para
acompanhar, sardinha em lata, que dá até para complementar o sabor do prato
que a fome faz parecer o melhor do mundo.
Enquanto deixo a água esquentando, cuidadosamente para não me cortar
vou abrindo a lata ao mesmo tempo que tento conter a tristeza que o choque de
realidade vivido esta tarde proporcionou.
Alguns minutos se passam, ouço uma batida na porta e como não espero
ninguém, vou segurando uma panela que posso usar para me proteger, afinal
de contas, moro em um bairro bastante perigoso.
— Quem é?
— É a dona Anete, Carla.
Respiro aliviada e rapidamente abro a porta, mas noto a ausência do
sorriso acolhedor de sempre, não gosto muito do semblante da minha locatária
e ela parece não querer me olhar nos olhos.
Como os dois banquinhos de plástico que tenho estão próximos a
pequena mesa, nos sentamos e eu aguardo alguns segundos para seu
pronunciamento.
— Aconteceu alguma coisa?
Decido ser direta, já que ela decidiu apenas me observar.
— Aconteceu minha filha e nós precisamos conversar.
Mentalmente faço as contas, o aluguel eu paguei, a taxa da água
também, o que mais pode ser? Fico tão preocupada que minhas mãos ficam
geladas.
— Por favor dona Ana, me diga o que é, já estou imaginando mil
situações e não são as melhores.
Ela respira fundo parecendo bem triste.
— Meu filho vai ser pai e eu vou precisar desse quarto e sala, enfim,
minha filha. Você tem um mês para sair.
— O-o que?
Levanto assustada sentindo meu corpo trêmulo, isso só pode ser um
pesadelo.
— Você me ouviu bem, a partir de amanhã, tente achar outro lugar.
Desculpa minha filha, mas meu menino não achou nada nos arredores por
duzentos e cinquenta reais que é o valor que você nos paga, então, ele entra e
você vai ter que sair.
Meu corpo congela, perco completamente a voz, dona Ana me abraça
demonstrando seu compadecimento, se retira e eu fico parada olhando para o
nada, até sentir o cheiro de panela queimando, a água secou. Ah meu Deus!
Por sorte não tinha colocado a massa e eu já não tenho fome, só me resta
guardar os ingredientes, deitar e torcer para sentir muito sono, pelo menos
assim posso esquecer meus problemas.

Como eu imaginava, tive um sono regado a pesadelos de todos os tipos,


ouvi a voz da Sra. Clarissa me humilhando, minha locatária Anete contando
os dias que ainda tenho para ficar no pequeno quarto e sala, Barreto tentando
me ter a força, Dr. Adriano fazendo chacota por perceber que eu o olhei com
segundas intenções e para piorar, me vi na rua, sem abrigo e com muito frio.
Eu só queria sonhar com minha mãe, apesar da saudade que rasga a
minha alma, ela é a única que mesmo ausente, me traz paz a qualquer
momento.
Ainda com a mente esgotada, vou para debaixo do chuveiro, a água fria
vai me despertando, molhando meus cabelos e de certa forma me dando
forças para encarar a realidade.
Ao terminar, enquanto enxugo meu corpo, no pequeno espelho, vejo o
reflexo da minha tatuagem no ombro em formato de borboleta e ao vê-la, é
impossível conter minhas emoções.
"Minha borboletinha, sei que me resta pouco tempo minha
filha, mas lembre-se, mesmo que você se sinta presa em um casulo,
não desista, um dia sua vida vai mudar, você vai desabrochar, será
livre e linda para voar alto. Nunca deixe seus sonhos de lado
minha menina, eu te amo."

- Ah mãe. Eu queria tanto você aqui comigo.


A cada dia que passa tento de diversas maneiras ser forte, mas desde
que minha única amiga se foi, que o mundo parece desmoronar.
Então, lembrando-me das suas saudosas palavras, respiro fundo e
seguindo os conselhos de quem me amou de verdade, ergo minha cabeça para
seguir, pois preciso encontrar um lugar para morar.

Aproveito a minha folga para sair em busca de uma nova moradia.


Escolho um moletom cinza que esconde minhas curvas, prendo meus cabelos
em um coque para não chamar atenção por causa do comprimento deles, já
pronta, antes de sair, bebo um café preto para me deixar mais ativa, como
uma banana e vou caminhar pela favela.
Como o valor que posso usar para pagar o aluguel é muito baixo, na rua
principal onde moro atualmente, que passa carro na porta, não vou encontrar
um imóvel.
Então entro nas ruas mais escondidas, subo, desço escadas, me vejo
cercada por um pequeno grupo de pessoas que com certeza lidam com drogas
ilícitas, disfarço para me distanciar delas, continuo a minha busca e mesmo
estando nos lugares mais arriscados, o quartinho mais em conta que encontro
custa o dobro do valor que eu tenho disponível.
No final da manhã, volto para casa me sentindo derrotada, se eu usar
quinhentos reais para o aluguel, não sobrará nada para minha poupança e eu
preciso urgentemente juntar dinheiro para fazer alguns cursos e tentar mudar
o rumo da minha vida.
Sentada na cama com a caderneta nas mãos, verifico minhas anotações.
Já tenho um pouco mais de mil e quinhentos reais que juntei para o curso de
inglês que custa quatro mil reais por ano, ainda é pouco, na verdade muito
pouco já que ainda preciso ter dinheiro para o transporte, mas de qualquer
forma seria um começo, e agora? Provavelmente precisarei usar o dinheiro
para moradia.
Ainda inconformada, sigo com cinco reais no bolso para pagar duas
horas na lan house, passo todo tempo procurando quitinetes nos sites de
busca de imóveis, mesmo assim não encontro e eu me vejo com uma única
saída. Vender todos meus móveis que não são muitos e pedir moradia na casa
da minha patroa.
Sei que na mansão, têm quartos para as empregadas, porém, é de
conhecimento de todos os funcionários que ela não gosta que nenhum
serviçal durma em sua casa, além dos seguranças que ficam na área externa,
vai ser uma batalha que terei que vencer e eu conto com sua compaixão.
— Dormindo no trabalho, Carla?
Assustada, abro os olhos e vejo minha patroa me olhando de forma bem
séria. Eu acabei cochilando em pleno serviço. O cansaço acumulado pelo dia
de ontem me acabou e o tapete super felpudo praticamente me abraçou
enquanto eu o limpava.
— A folga de ontem deve ter rendido alguma festa com algum
namorado, olhando seu estado, imagino que a noite foi bem agitada.
Oh Deus! Se ela imaginasse a loucura que estou envolvida até a alma.
Eu bem queria ter um namorado e de preferência que fosse bem parecido com
o Dr. Adriano.
— Infelizmente é um engano, senhora. Eu fiquei o dia todo tentando
resolver algumas pendências.
Ela não expressa nenhuma curiosidade e eu entendo. No que minha
vida pode ser interessante para uma dama da sociedade?
— Vou fingir que acredito.
E eu concordo com gestos tímidos, é o que me resta.
— Pois bem, meu esposo e minha filha Patrícia, ainda não chegaram de
viagem, houve um atraso no voo e hoje vai ter uma festa importante na casa
de um amigo da família. Não quero ir sozinha, separei mais um vestido da
minha filha, sapatos, brincos, que na verdade são semi joias para você usar e
contratei uma jovem para vir me arrumar, vou disponibilizá-la para você
também, pois não quero passar vergonha. E o mais importante, depois vou te
dar um dia de folga por causa do favor.
Fico boquiaberta com o que ouço, como assim? Eu acompanhando a
Sra. Dorothy? De qualquer forma, o convite traz benefícios, posso usar o dia
que ganhei para procurar onde morar.
— Será uma honra. A que horas devo me arrumar?
— Às dezoito horas esteja de banho tomado e vestida, estamos
entendidas?
— Sim, não vou me atrasar.
Capítulo 4
O convite vem como um bálsamo, com certeza vai me fazer muito bem
uns momentos de alegria, afinal de contas, em uma festa, por mais monótona
que esteja, algo bom deve existir, nem que sejam os diversos pratos de comida.
— Agora continue com o serviço, você sabe muito bem como gosto da
minha casa, impecável.
Ela ordena, volto minha atenção para os móveis que sempre devem estar
limpos e brilhantes e quando eles já estão perfeitos, vou para sala de TV,
preciso passar o aspirador de pó em todas as poltronas.
Como a casa é imensa e na escala dos empregados é o meu dia da
limpeza da ala leste, no horário do almoço, me alimento com apenas um
sanduiche e um copo de suco, pois a quantidade de serviço que tenho para
fazer é tanta que se eu parar para almoçar de verdade, não estarei pronta a
tempo.
Já no meado da tarde, sigo para área da piscina, onde tenho que limpar
cada assento das espreguiçadeiras e também ajeitar toda academia que a Sra.
Dorothy usou mais cedo com seu personal trainer.
Quando finalizo meus afazeres, já estou superesgotada, meu corpo só
pede cama, verifico que falta um pouco mais de meia hora para o horário que
devo estar vestida, então, mesmo com os pés doendo, corro para o quarto, pois
preciso tomar um banho.
Minhas dores musculares melhoram com o jato de água morna que
deixo cair em abundância por alguns minutos em minhas costas, movo os
dedos das mãos na esperança de aliviar as articulações e com o sabonete tento
eliminar qualquer cheiro de detergente que tenha ficado em mim.
Após o banho, já vestida com uma lingerie básica, vou olhar o vestido
que minha patroa separou, ao tirá-lo da capa, fico boquiaberta com a beleza da
peça, pois o vestido é lindíssimo, parece muito com os que vejo em revistas.
O visto pedindo a Deus para que fique bonito em meu corpo, e o corte
frente única com um enorme decote nas costas, parece que foi feito sob
medida, abraça todas as minhas curvas.
Sinto-me como uma princesa, o tecido parece acariciar minha pele e os
saltos ficam maravilhosos nos meus pés que mesmo cansados ainda continuam
firmes na medida do possível.
Perco-me ao me olhar no espelho, por um momento, sonho em me ver
sempre bem vestida, até que volto para realidade quando ouço algumas batidas
na porta e ao abrir, vejo uma jovem com uma maleta na mão, ela me diz que
vai me arrumar e meu dia de princesa só melhorar.
Em instantes, minhas olheiras vão embora dando lugar a uma pele
aparentemente saudável, meus lábios recebem um tom de vermelho
maravilhoso, meus olhos cor de mel são completamente realçados com a
maquiagem no tom certo e para finalizar, meus cabelos são penteados
delicadamente em uma falsa trança que fica bem no meio das costas nuas.
—Você está maravilhosa.
A simpática garota me elogia, agradeço por suas palavras simpáticas e
ao me olhar no espelho completamente arrumada, não acredito por um
momento que seja eu.
—Nossa, eu tenho que concordar.
Ela se diverte comigo, enquanto arruma seus pertences.
— Agora só falta o perfume.
E eu não tenho nenhuma colônia por aqui.
—O meu perfume eu deixei em casa.
Confesso morrendo de vergonha, com certeza sou uma exceção, qual
mulher que não anda preparada?
—Então hoje é o seu dia de sorte, sou também revendedora de uma linha
de perfumes e tenho um refil de um maravilhoso aqui, vou te dar de presente e
para completar um batom para você retocar a maquiagem quando for
necessário.
Eu aceito de bom grado os presentes, agradeço os mimos e fico sozinha
esperando ser chamada.

—Uau! Puta merda! Se você fosse minha namorada, ia te foder agora,


você com este vestido é um atentado, delícia.
Fico olhando para Barreto, ao mesmo tempo que estou indignada,
também me sinto muito cansada, até para mandar ele parar com tal
comportamento mais uma vez.
—Dona Dorothy já está pronta?
Ele percebe que não vou dar espaço e revira os olhos.
—Já e pediu para que você a espere no carro.
Agradeço a informação e com a carteira na mão, vou para frente da casa,
por sorte não espero muito e em alguns minutos minha patroa chega com um
longo vestido vermelho que a deixa muito elegante.
—A senhora está muito bonita.
Ela me observa por alguns segundos e eu fico completamente
desconcertada.
—E você, está lembrando demais a sua mãe.
Ela respira fundo sem disfarçar.
—Sabe Carla, um dia, eu também levei Catarina em um evento. – Minha
patroa de uma hora para outra fica estranha, sem olhar no meu rosto. —Agora
vamos, não quero chegar atrasada no jantar.
Durante o caminho ela me passa instruções de como devo me comportar,
pede para que eu não socialize muito com os convidados, me fala que tenho
que ficar sempre perto, porém sem incomodar, pois, em hipótese alguma ela
pode passar vergonha caso eu diga algo inadequado.
—Estamos entendidas, Carla?
Seu tom de voz é quase ameaçador e eu já me arrependo de acompanhá-
la.
—Sim, nós estamos e não se preocupe por favor.
Ela volta sua atenção para a rua, enquanto eu reluto com meus
pensamentos. Eu preciso pedir ajuda com a moradia e tenho certeza que este é
o momento.
—Dona Dorothy.
Ela me olha de imediato com seus enormes olhos azuis.
—Alguma dúvida? Seja o que for, diga sem dar voltas, garota.
Faço mentalmente uma pequena prece para tudo ocorrer da melhor
forma para mim e até sinto minhas mãos formigarem por causa da tensão.
—Eu queria saber se a senhora poderia liberar o quarto de empregada
para que eu durma no trabalho, estou sendo praticamente despejada e não
encontro moradia.
Meus olhos ficam marejados, não apenas pela tristeza acometida pelas
circunstâncias, mas também por ver minha patroa olhando-me como se eu
fosse um nada. Ela as vezes parece tão gentil, já outras, demonstra ser mais
fria que uma geleira.
—Você sabe, não permito que nenhuma empregada durma em minha
casa, apenas os seguranças.
Lembro-me de que esse foi um dos termos do contrato que ela mais
comentou quando me ofereceu a vaga da minha mãe.
—Eu sei, mas eu só preciso por um tempo, até eu conseguir algum lugar.
Ela respira fundo e volta a me olhar nos olhos.
—Não, não insista, Carla. Aprendi que não devo confiar em empregadas,
enquanto durmo, não quero estranhos em minha residência.
Eu não entendo bem o motivo e apenas abaixo as vistas, pois realmente
não sei o que fazer quando tiver que sair da minha casinha.
Passo o restante do caminho olhando para minhas mãos, fazendo contas
intermináveis em minha cabeça, praticamente beirando o desespero, até que o
carro para, e ao olhar pela janela, vejo que estou em frente a uma casa gigante.
Observo a estrutura moderna com janelas que vão do chão ao teto, o
jardim planejado com certeza por um paisagista, é lindo. Noto que as plantas
mais másculas predominam, a iluminação externa é simplesmente espetacular,
principalmente por causa das luzes de natal que ornam todo o espaço, enfim, é
a casa dos sonhos, que deixa qualquer um de boca aberta. E eu achando que a
casa da minha patroa era a mais TOP.
Em seguida, Barreto, completamente transformado por causa da
presença da nossa patroa, abre a porta do carro, eu desço primeiro com seu
auxilio e em seguida, dona Dorothy.
Como combinado enquanto caminhamos, mantenho a distância que
prometi, ao chegarmos na entrada da casa, minha patroa conversa brevemente
com uma jovem muito bem vestida de forma formal segurando um tablet, e ela
nos encaminha para parte interna da casa.
Eu já estou acostumada com o luxo da casa da minha patroa que segue
um estilo mais colonial, mas essa casa, com certeza é a mais linda e chique que
já vi.
— Como combinamos, fique perto o suficiente, mas não me sufoque.
Ela faz questão de me relembrar em um tom não muito discreto.
—Tudo bem, dona Dorothy.
Para todos os lugares que eu levo as minhas vistas, vejo mulheres e
homens de todas as idades, eles simplesmente são dignos de capas de revistas
e o som ambiente de melodias que nunca ouvi acalmam meu coração aflito.
Observo a minha patroa, por onde ela passa, pessoas que parecem
superimportantes fazem questão de cumprimentá-la, eu sempre fico como se
fosse invisível mesmo estando no meu melhor estado de arrumação. É como se
na minha testa tivesse escrito.
"Dama de companhia"
Em letras garrafais.
Tudo bem, fazer o que? É esse meu trabalho e não me envergonho,
apenas o que me intriga é saber que mesmo quando estou vestida como uma
garota da alta sociedade, a minha realidade fica super aparente.
—Sra. Dorothy, posso encaminhá-la para sua mesa?
Uma outra jovem, vestida igualmente como a garota recepcionista da
entrada, nos para.
—Claro que sim querida, quero mesmo me sentar e descansar um pouco,
pois já não sou tão jovem.
A organizadora, olha para mim, em seguida olha o tablet, faz algumas
expressões faciais que demonstram preocupação e logo depois volta a atenção
para minha patroa.
—Como foi confirmado anteriormente que a senhora viria sem
acompanhante, infelizmente na mesa não tem lugar para outra pessoa.
A garota me olha parecendo envergonhada, enquanto eu realmente estou
prestes a sair correndo de tanta vergonha.
—Não tem problema, Carla pode aguardar que o jantar termine em outro
ambiente, ela só é minha empregada. Eu não queria vir para festa sozinha e
cometi esta gafe.
Meus olhos ficam marejados por causa do tratamento, em nenhuma
hipótese eu deveria ser tratada desta maneira, depois de aceitar vir para festa
após meu horário de trabalho.
—Agora vá circular, lembre-se de ser educada e em uma hora volte aqui
para ver se ainda quero ficar no evento.
—Tudo bem, não se preocupe, em uma hora estarei aqui.
Ela abre um sorriso discreto, vai para mesa, enquanto eu dou meia volta
para procurar o que fazer e se der muita sorte, encontrar algo para comer pois
minha barriga já protesta quase que em todas as línguas.
Enquanto caminho, passo pela sala onde a música impera, bebidas
alcoólicas, daquelas que provavelmente nunca conseguirei comprar são
servidas, um rapaz vem me servir, mas acabo negando, pois não posso correr o
risco de ficar bêbada.
Como já estou perto da entrada e não posso sair para voltar ao meu lar,
decido virar à esquerda, o fluxo de pessoas diminui conforme vou caminhando
e eu acabo chegando em um jardim de inverno bem moderno e para minha
surpresa, vejo uma piscina interna provavelmente aquecida, com algumas
espreguiçadeiras ao redor.
Com fome e completamente esgotada, tentando contar com a sorte de
que não serei encontrada, resolvo me sentar em uma espreguiçadeira, me
acomodo e fico quase que deitada olhando para o céu estrelado que posso ver
por causa do teto de vidro.
O conforto do móvel praticamente me abraça, tiro os saltos altos, no
meu celular, programo para ser alertada em cinquenta minutos e permito-me
relaxar, até que meus olhos começam a ficar pesados.

Ao invés de acordar com o despertador, ouço nitidamente uma discussão


entre um homem e uma mulher, a vergonha toma conta de todas minhas
terminações nervosas, me encolho para não ser vista, mas infelizmente
continuo ouvindo.
— Por que não me quer? Estou louca para que você me tenha por
completo, se seus dedos já fizeram maravilhas, imagina o resto?
Minha pele aquece de tanta vergonha, eu nunca que me arrastaria para
um homem assim.
— O momento passou, eu avisei que só seria naquele dia, você é adulta,
eu nunca te enganei.
Ouço passos que aos poucos vão se distanciando e volto a respirar
normal, finalmente ficarei sozinha novamente.
— Adriano, não é possível que você vai retornar para sala e me deixar
aqui neste estado, completamente desolada.
Adriano? Desde quando conheci o lindo advogato que esse nome
aparece em todos os lugares.
Mesmo estando completamente tensa, divago por alguns instantes
lembrando-me dele, é impossível não recordar da sua enorme mão em minha
cintura e daquele olhar que me queimou todinha. Que sorte deve ser tê-lo.
Com o celular em mãos, por perceber que o silêncio já impera no
ambiente, viro-me um pouco para direita no intuito de espionar se realmente
estou livre e neste exato momento, deparo-me com dois olhos enormes da
mesma mulher do escritório e para piorar minha situação, ele é o mesmo
Adriano.
—O que você faz aqui?
Ela vem ao meu encontro como se fosse uma leoa e Adriano a segue
enquanto de forma um pouco desajeitada, tento colocar os saltos.
—Carla? – Ele parece não acreditar que está me vendo e o melhor, ele
lembrou meu nome? Sinto vontade de dar um grito de alegria. — Que surpresa
boa te encontrar.
Sinto minha pele queimando de excitação, pois pelo jeito, não foi só eu
que curtir o encontro. Ahh, isso é maravilhoso, e eu não consigo desviar meu
olhar dele, pois Adriano fica lindo usando um smoking.
— A festa estava muito entediante? Pergunto por estar bastante curioso,
afinal de contas, pelo o que me parece, você preferiu dormir. Sabia que tenho
vários quartos disponíveis?
Ele continua me olhando com seu charme que me derrete, me dá uma
piscadela e acaba me divertindo com suas perguntas.
—Na verdade, eu vim com dona Dorothy e como não havia reserva em
meu nome, tive que me retirar. Andei tanto procurando um espaço para ficar
que me perdi, quando cheguei aqui, o conforto da espreguiçadeira me chamou
e enfim, me perdoe pela invasão, não foi de propósito.
—Então você não jantou?
Ele fica completamente sério e pela sua pergunta, parece que só ouviu a
informação de não fiquei no jantar.
—Não tem problema. – Na verdade tinham todos, eu já estava com o
estômago colado. —Acho que em pouco tempo dona Dorothy deve ir para
casa e quando eu chegar na minha, vou fazer um lanche.
Faço uma pausa e ele me estende a mão.
—Posso te levar para jantar comigo? Sou um bom anfitrião, eu insisto.
Além disso, após o meu discurso ainda não tive tempo de passar no buffet, será
um prazer ter a sua companhia.
Assim que nossos dedos se tocam, ele muda um pouco a expressão. Ah!
Com certeza notou que minha mão não é tão delicada.
—Não precisa se preocupar Dr. Adriano.
Tiro rapidamente minha mão e ao me virar um pouco para direita, vejo a
ruiva que eu já tinha esquecido da presença.
— E eu imagino que a Sra. Clarissa deseja ficar a sós com o senhor.
A mal-educada parece surpresa com minha atitude.
— Ela já está de saída.
Quando Adriano da sua sentença, meu corpo estremece de vergonha.
—Estou? Sério isso? Novamente?
Ela direciona suas perguntas para o advogato que permanece sério,
depois me olha com desdém e se retira batendo os pés completamente
estressada.
—Acho que ela não gostou da resposta.
Sem me controlar, acabo falando meus pensamentos. Dr. Adriano parece
achar graça, dá dois passos em minha direção e aproxima os lábios do meu
rosto, tendendo um pouco para direita, perto do meu ouvido.
—O importante é minha decisão e eu sei que você gostou muito de ouvi-
la.
Sua voz penetra meu ouvido e eu sinto meu corpo todo arrepiando.
— Agora venha comigo.
Ele volta a tocar em minha mão.
— Quero ver você alimentada e curtindo a festa.
— T-tudo bem.
Ele me olha mais uma vez sem disfarçar e pelo o que vejo, gosta da
forma que eu o chamei.
Durante o caminho para sala ele é parado por algumas pessoas, eu
sempre permaneço em silêncio e tentando separar nossas mãos, mas ele me
mantém ao seu lado.
Confesso que me aproveito da situação pois gosto de viver um momento
de princesa. Quando que na vida, vou ter um homem ao meu lado como ele?
Meu último namorado era um grosso e egoísta.
— Queria saber o que se passa em seus pensamentos, Carla.
Ele me tira dos meus devaneios com sua voz máscula deliciosa que eu
tenho até vontade de gravar para ficar ouvindo mil vezes.
— Com certeza ela não está pensando em nada interessante. – A voz da
minha patroa me traz de volta a realidade e eu me afasto do Dr. Adriano
rapidamente. —Carla, eu preciso que você vá no carro e veja se eu deixei cair
da minha bolsa uma pequena caixinha onde guardo um cartão de memória SD.
Adriano parece estranhar a forma que ela acaba de falar comigo e ainda
sob seu olhar curioso eu me afasto completamente envergonhada, não pelo
meu trabalho e sim pela maneira que minha patroa as vezes me trata. Eu nunca
vou entendê-la.
Capítulo 5

Caminho entre as pessoas completamente desolada, com receio de


alguém ter visto a humilhação que acabo de passar e apesar de saber que
minha patroa que foi a mal-educada, a vergonha está estampada em meu
rosto.
Ao chegar na saída, a recepcionista me diz qual direção seguir para
chegar no estacionamento montado para os motoristas dos convidados
ficarem, noto que fica em um espaço ao lado da casa, o percurso é um pouco
escuro então caminho com cuidado, pisando numa grama baixa, até ver
Barreto. Por curiosidade, ele é o único motorista presente.
— Oi, onde estão os outros motoristas?
Ele olha rapidamente para o relógio de pulso e volta a sua atenção para
mim.
— Tem um espaço para os motoristas aqui perto, mas nossa patroa me
avisou que você estava vindo.
— Ah, sim. Dona Dorothy, me pediu para vir ver se encontro um micro
cartão SD no carro, você pode me ajudar? Com esse vestido vai ser
complicado me abaixar.
Ele me olha de cima abaixo sem pudor e passa a mão na sua barba.
— Não posso. Você vai se abaixar, novinha. Estou ansioso para te ver
empinada usando este vestido coladinho.
— Barreto, para. Por favor. Isso já passou dos limites.
Protesto mesmo sabendo que é em vão.
— Deixe de viadagem e vá pegar o cartão, você sabe que nossa patroa
não gosta de esperar.
Nisso ele tem razão. Em seguida abro a porta de trás, sento-me de lado
e um pouco inclinada, começo a procurar pelo chão do veículo, por debaixo
do banco do motorista, até que percebo Barreto sentando ao meu lado, e
batendo a porta.
Assusto-me, ao olhá-lo paro em choque, entro em pânico pela situação
inesperada, pois pelo o que percebo, Barreto está abrindo a calça e me
olhando como um verdadeiro psicopata.
— BARRETO.
Grito e com o susto ele me segura com a mão esquerda pelo meu braço.
— Segura aqui, Carlinha. Pega no meu cabeção, minha gostosa, me
mostra o que você faz de gostoso.
Enlouqueço ao mesmo tempo que não posso acreditar no que estou
passando. Para piorar, ele me puxa para mais perto, eu o empurro, ele beija
meu pescoço, então em um movimento rápido, segurando a pequena bolsa de
mão que estava ao meu lado, acerto seu rosto, ele me solta, rapidamente abro
a porta e saio tão rápido que acabo caindo.
Levanto-me sem olhar para trás, me sinto um pouco tonta, noto que o
vestido rasgou na direção da coxa, mas não me importo, corro desesperada
para chegar na residência pois preciso pedir socorro a minha patroa e quando
estou próxima da porta, esbarro em uma jovem um pouco mais alta do que
eu.
— M-me desculpa por favor.
Minha voz sai trêmula, sinto um pouco de falta de ar, levanto minhas
vistas e finalmente relaxo ao conhecer a garota.
— Sra. Patrícia, aconteceu algo horrível.
Ela e meu patrão ficam me observando.
— Realmente aconteceu. O que você faz vestindo o meu vestido Dior?
O que faz aqui? Desde quando uma empregada doméstica vem em uma festa
deste nível? Onde está a minha mãe?
A medida que Patrícia vai fazendo as perguntas em um tom nada
discreto, pessoas vão se aproximando, fico com vergonha da exposição que
estou sofrendo e ao olhar discretamente ao redor, vejo ele, Dr. Adriano e
lágrimas rolam em minha face.
— Sua mãe me emprestou o vestido...
Tento explicar e Patrícia pega o celular na bolsa.
— O que aconteceu, Carla? – Dr. Adriano vem para meu lado e
segura-me pelo braço.
— Desde quando você é amigo de uma empregada, Adriano?
Patrícia nos observa e eu olho para baixo, triste por ser humilhada mais
uma vez.
— Você não sabia que Carla limpa o chão da minha casa? E agora
rasgou um vestido que nem em um ano de trabalho ela vai conseguir pagar?
– Patrícia volta a me olhar com desdém. — Se considere desempregada,
Carla.
A palavra "desempregada" ecoa em minha cabeça e meu cérebro dá mil
voltas. Isso não pode acontecer. Mesmo com toda humilhação que sofro, eu
preciso pelo menos do próximo salário.
— Por favor, não me demita, sua mãe me emprestou o vestido para que
eu a acompanhasse. E sobre o rasgão, aconteceu algo terrível quando fui no
carro, eu saí desesperada para vir pedir ajuda.
Sinto o toque de Adriano ainda mais forte no meu braço e mesmo
morrendo de vergonha, elevo minhas vistas para ele.
— O que aconteceu quando você foi no carro, Carla? Me diz, agora.
Eu não sei o motivo, mas me sinto confortável para contar o que
aconteceu mesmo morrendo de vergonha por fazer parte do elenco que
contracena o barraco em um evento tão formal.
— Eu quero contar, mas não aqui com todos observando e dona
Dorothy precisa saber também, foi muito...
— Carla, estava te procurando.
Minha frase é cortada quando ouço a voz de Barreto, rapidamente viro-
me na sua direção, o vejo do lado da minha patroa, ele age como se nada
tivesse acontecido, minhas mãos começam a ficar suadas, uma tontura me
acomete e minhas vistas ficam turvas. Eu não vejo mais nada.

Adriano Albuquerque

Sei ser firme com meus empregados, afinal de contas não se mantém um
verdadeiro império sendo só sorrisos, mas acima de tudo eu os respeito muito,
sei que sem eles, a A&A Advogados não seria nada, então fico completamente
surpreso, com a forma negativa que Dorothy trata a sua secretária pessoal.
O que faz Carla, com um ótimo currículo, se sujeitar a tal humilhação?
Eu com certeza no seu lugar já teria procurado outro emprego. Sem falar que
ela é muito jovem, apesar de aparentar ter no máximo dezoito anos, já deve ter
uns vinte e um, pois para exercer tal profissão precisa do nível superior.
— Tem muito tempo que Carla é sua secretária? Ela parece bem jovem.
Dorothy me olha com um ar de surpresa.
— A mãe dela trabalhou para mim, faleceu há pouco mais de três meses
e eu acolhi a garota. Mas por que a curiosidade?
— Provavelmente seja um costume de advogado, gosto de saber os
detalhes, até porque, não posso negar que achei estranho a senhora trazê-la.
Dorothy parece ficar alarmada.
—Perdoe-me Adriano, se fui tão inoportuna eu realmente não queria vir
só e meu esposo e Paty ainda não chegaram de viagem, infelizmente houve um
atraso no voo.
—De forma alguma, não vejo problema algum receber Carla aqui na
minha residência.
Percebo que minhas palavras a surpreende.
—Pois bem, Paty estava ansiosa para te ver, pena que houve o atraso.
Ela muda de assunto, provavelmente incomodada com minha
receptividade a Carla e fala de Patrícia, mas eu realmente não quero notícias
sobre a sua filha. Carla que não sai dos meus pensamentos desde que a vi no
meu escritório é que me interessa e quando estou prestes a perguntar algo
mais, o celular de Dorothy toca, ela fica um pouco desnorteada e me pede
licença.
Volto a caminhar em direção ao buffet, até que ouço uma voz que
conheço bem, porém um pouco exaltada. Não é possível que Patrícia, acaba de
chegar.
Ao me aproximar da entrada de casa, avisto Carla com o rosto bem
vermelho, o vestido rasgado mostrando a sua perna que mesmo no momento
catastrófico não consigo disfarçar ao notar as curvas. Vejo também um show
de humilhação acontecendo, me aproximo de Carla, trocamos algumas
palavras e quando vou acalmá-la ela desmaia em meus braços.
A carrego rapidamente ignorando os convidados, caminho entre olhares
curiosos, subo as escadas da minha casa e a levo para meu quarto. Um instinto
protetor me diz que não devo deixá-la com seus patrões antes de saber o que
realmente aconteceu.
Com Carla deitada desacordada em minha cama, vou até a suíte para ver
se na caixa de primeiros socorros tem algo que possa usar para acordá-la e
encontro álcool, embebedo um pouco de algodão e volto ao seu encontro.
Com o cheiro forte, ela vai abrindo os olhos que estão bastante
vermelhos por causa do seu choro, aos poucos vai me reconhecendo e tenta
levantar ao notar que está em um ambiente desconhecido.
— O-o que aconteceu?
Carla fica tonta novamente, acabo a abraçando e ela descansa a cabeça
em meu ombro de tão fraca que está.
—Você tem alguma doença? Está grávida? Enfim, já desmaiou antes?
Ela se afasta um pouco, me olha nos olhos por alguns instantes e baixa a
cabeça.
— Não tenho nenhuma doença, acredito que minha pressão baixou, eu
só comi um sanduiche na hora do almoço e essa foi minha refeição do dia todo
entre os afazeres domésticos.
Lágrimas abundantes rolam em sua face, meio que no modo automático
ela me conta boa parte do que faz em seu trabalho doméstico, sobre o convite
para vir na festa, o vestido que ganhou da patroa, até chegar na hora que foi até
o carro.
Enquanto Carla relata, cobre o rosto com as duas mãos, chora chegando
a soluçar e me conta detalhadamente o que sofreu.
— Ei, olha para mim. Você não precisa ter vergonha, pois é inocente
nesta história toda e sobre o desgraçado, podemos entrar com uma ação,
nenhum homem deve agredir uma mulher assim.
— Justamente.
Ela responde com a voz abafada por suas próprias mãos e continua me
contando detalhes do ocorrido.
Cada palavra que ouço me deixa revoltado, tenho vontade de ir de
encontro ao motorista para lhe dar uma lição, mas também não posso deixar
Carla sozinha.
Porra, ela me prende ao seu lado e eu não consigo sequer me mover, a
não ser para abraçá-la até que ela sinta que está protegida.
Para piorar, descubro que o desgraçado do motorista a assedia há exatos
três meses, que é desde quando ela começou a trabalhar para família Menezes.
— Calma, você se livrou deles e vai conseguir outro trabalho.
Ela suspira demonstrando seu desânimo.
— Eu vou tentar Dr. Adriano, mas é tão complicado. Eu provavelmente
não terei uma boa recomendação da Sra. Dorothy, não tenho experiência
comprovada, só tenho dezoito anos e antes de trabalhar lá na casa dos
Menezes, minha mãe fez de tudo para que eu concluísse meus estudos e graças
a Deus que consegui. Quando chegava do colégio, à tarde, eu vendia alguns
doces e só. Se todo nosso planejamento desse certo, no início do ano que está
chegando, eu ia começar a estudar e tentar achar um estágio a tarde, mas tudo
mudou quando minha mãe faleceu.
— Eu imagino, mas não se preocupe tanto e agora, eu realmente quero te
ver alimentada.
Enquanto ainda estou digerindo a informação que ela tem realmente a
idade que aparenta ter, Carla aceita a minha decisão que é para o seu bem, logo
depois envio uma mensagem para minha empregada que na verdade é como se
fosse uma tia de total confiança e peço para que traga ao meu quarto uma
refeição digna.
— Obrigada por me acolher aqui, eu não sei o que seria de mim se
acordasse e desse de cara com Barreto.
Só de ouvir o nome do motorista fico completamente enraivecido.
— Isso não vai voltar a se repetir.
Mesmo com os olhos pequenos e vermelhos por causa do choro, ela me
olha de forma intensa parecendo estar confortável com minhas palavras e sorri
me prendendo nos contornos perfeitos dos seus lábios.
Tenho vontade de tocar, sentir cada milímetro, provar demoradamente
e... Puta merda! No que estou pensando? Ela é muito jovem, sofrida e meu
desejo pode passar em minutos com qualquer outra mulher, eu nunca a usaria.
Por mais alguns segundos, as palavras ficam perdidas no tempo, Carla
parece perceber meu olhar intenso direcionado para ela e abaixa as vistas com
um jeito tímido que me deixa ainda mais inquieto, ela me tenta com os seus
pequenos gestos e me enlouquece. Como vou me controlar?
— Acho graça que para o senhor soa tudo tão fácil.
Ela quebra o silêncio inquietante me trazendo de volta para a realidade.
— Porque é, Carla. E não me entenda errado. O que vou falar, pode soar
como metidez, mas na minha posição, poucas coisas são difíceis e eu
realmente posso te ajudar.
Carla parece se divertir, toca timidamente em minha mão que repousa ao
seu lado na cama e o seu tom de pele fica bastante avermelhado.
— C-como? Por um acaso conhece alguma casa que eu possa trabalhar?
Quando abro minha boca para tentar responder ouço batidas na porta, a
interrupção me livra de ter que dar respostas sem fundamentos já que ainda
não sei o que falar e após pedir licença, vou ver quem é.
— Adriano, meu menino. Como pedido, trouxe um jantar farto, vou
colocar na mesa de centro.

— Não precisa, eu mesmo posso levar.


Maria, que é a minha cozinheira, me observa e curiosa, sem disfarçar,
inclina-se um pouco para direita e vê Carla.
— Ora, temos novidades?
Maria não me dá tempo de responder, por ela ser como da família, com
toda liberdade que tem, me dá um leve empurrão, entra segurando a bandeja e
vai até a cama.
— Olá mocinha, acho que você precisa se alimentar, está pálida como
um nabo.
Ela dá a sentença e emplaca uma conversa com Carla. Aproveito a
circunstância, peço licença e vou ver como vai o caminhamento da festa que
só me lembrei que ainda existia por conta do som que ouvi quando abri a
porta.
Ao chegar na sala de jantar onde o buffet principal foi montado, noto
que ainda existem aqueles convidados persistentes, aceno para alguns,
cumprimento outros que vêm me parabenizar pelo evento já usando um tom de
despedida e quando estou para voltar para o meu quarto, deparo-me com
Patrícia Menezes.
— Nós precisamos conversar e eu prefiro estar a sós contigo.
Okay, por essa eu não esperava, mas tudo bem.
— Pode ser no meu gabinete, por favor me acompanhe.
Ao chegarmos no cômodo, Patrícia me pede primeiramente desculpa
pela situação constrangedora que sua empregada proporcionou e começa a
explicar o que houve, do jeito dela, com uma história fantasiosa que só faz
aumentar a minha ira.
—Já conversei com Carla, sei de todos os detalhes e espero que sua
família demita o motorista, é o mínimo, sem falar que ele merece ser
processado e preso. —Patrícia parece incrédula ao me ouvir.
—De forma alguma, Barreto é um ótimo profissional, está na nossa
família há anos e Carla que deve ser processada. De acordo com o nosso
funcionário de confiança, ela sempre o assediou e ele não cedeu.
"Tudo parecia um pesadelo, eu não acreditei que realmente estava
vivendo aquela situação, vê-lo sentado ao meu lado, abrindo a calça foi
aterrorizante Dr. Adriano, eu só pensava em fugir, entro em pânico só em
imaginar o que teria acontecido se não conseguisse "
O relato recente de Carla ainda ecoa em meus pensamentos e é muito
perturbador ouvir o contrário e o pior, ver uma mulher defendendo o motorista.
— Não me diga que você acredita no desgraçado.
Patrícia vem em minha direção
— Acredito e na verdade nós não podemos provar nada. Você sabe
Adriano, no mundo que vivemos, as pessoas estão caçando processos e
benefícios. E digo isso porque sei que Carla está praticamente sendo expulsa
da casa que mora, ela sabe que minha família não pode se envolver em
escândalos, com certeza é esperta o suficiente para saber que minha mãe
pagaria qualquer valor para não ter seu nome envolvido em algo, enfim, tudo é
possível.
Patrícia fala sem parar enquanto eu descarto toda idiotice e apenas gravo
uma informação que muito me preocupa. Onde Carla vai morar?
Sem mais saco para aguentar um discurso falso, peço licença e faço o
caminho para meu quarto, eu precisava ver Carla.
No caminho, encontro Maria, ela me informa que pegou uma roupa
minha, entregou para Carla e a encaminhou para suíte. Ela fez bem.
— Adriano, a garota parece que não comia a dias e a verdade é quase
essa. Descobri que ontem ela comeu pela manhã e hoje, na hora do almoço.
Porra, fico preocupado de forma que não me reconheço, com certeza
meu comportamento não tem explicação.
— Obrigado por fazer companhia para ela, agora vou para meu quarto.
Maria toca em meu braço e arregala os olhos.
— Para o seu quarto? E Carla? Vai dormir com ela?
Porra, o que mais quero é estar no mesmo ambiente dela apesar de saber
que tenho que me controlar.
— Relaxa Maria, não vai acontecer nada, além do mais, ela é muito
jovem.
Ela gargalha e revira os olhos fazendo deboche.
— Ela é de maior, Adriano.
E me dá uma piscadela.
—Maria, não imagine coisas que não podem acontecer.
Ela gargalha mais uma vez e coloca as mãos na cintura.
— Ora, você não me engana meu menino, está vermelho como um
molho de tomate e comilão do jeito que é, vai querer se fartar.
Divirto-me com sua comparação.
— Agora vá descansar, vou até meu quarto, juro que apenas vou vê-la e
dormirei no quarto de hóspedes.
Recebo dois tapinhas no braço, depois ela segue seu caminho e eu sigo o
meu. Ao chegar em frente ao cômodo, bato na porta duas vezes, Carla não
responde, e eu, movido pela curiosidade, tomo a liberdade de entrar.
Assim que entro, noto que a porta do banheiro não está trancada, o som
do chuveiro e o cheiro do sabonete imperam no ambiente, minha mente me
leva a imaginá-la debaixo da água, acariciando seu corpo que deve ser
maravilhoso, macio, gostoso, meus pensamentos não param, sento-me na
poltrona que fica praticamente ao lado da suíte, a vejo nos meus sonhos mais
perversos, saindo completamente nua, vindo ao meu encontro, meu pau fica na
sua melhor forma, fecho meus olhos tentando me controlar, penso nela
sentando, cavalgando, saciando meus lábios, luto com meus impulsos, repito
milhares de vezes que Carla é provavelmente inexperiente demais para mim,
suspiro e quando abro meus olhos, nada, absolutamente nada poderia me
preparar para visão que estava tendo.
Eu já tinha visto mulheres belíssimas nas mais lindas lingeries
reveladoras, mas por incrível que possa parecer, a malha do meu conjunto de
moletom desenhando suas coxas, a camisa delineando seus seios, com o zíper
fechado até o ponto certo para me deixar com vontade de abrir, consegue me
provocar muito mais.
É incrível o efeito de ver e não ver ao mesmo tempo, sem falar nos seus
longos cabelos soltos.
— Oi, doutor.
Sua voz de menina em um tom baixo penetra meus ouvidos e meu pau
chega me incomodar buscando sua libertação. Eu não sei se vou conseguir, de
verdade, disfarçar.
— Olá Carla. Vejo que está bem, agora descanse e se precisar de algo,
estarei no quarto ao lado. Boa noite.
Levanto-me com as mãos nos bolsos da calça para disfarçar, começo a
me retirar, até que sinto um toque em meu braço que deixa meu pau ainda mais
acordado.

Carla Dantas

Toco timidamente em seu braço e eu percebo o quanto ele fica tenso.


Será que fui muito atrevida?
— É-é, esse é seu quarto, acho que eu deveria sair e não o senhor.
Ele me olha estreitando os olhos e aproxima o seu rosto do meu de uma
forma que me deixa doidinha para avançar. Se o pessoal da igreja da minha
mãe descobre que estou com esses pensamentos, vão achar que realmente
estou afastada e terei que pagar todas as penitências.
— Esta noite, minha cama é toda sua, Carla. Até amanhã.
Ele sussurra no meu ouvido, planta um beijo em minha testa, depois se
retira me deixando parada no meio do quarto completamente sem ação e com
o coração acelerado.
Ainda sentindo a presença dele, caminho lentamente mesmo estando
com as pernas trêmulas até a enorme cama, sento-me, respiro fundo algumas
vezes para me recompor das sensações que o Dr. Adriano deixa em meu corpo,
os minutos passam e só então noto os detalhes do quarto que provavelmente é
maior do que o local onde moro, pelo menos umas três vezes.
Os tons de cinza e marrom, predominam nas paredes, cortinas e tapete.
No chão, o piso amadeirado dá uma sensação de conforto mesmo estando
descalça não sinto frio, uma poltrona de couro na cor preta me faz ter
pensamentos que não deveria ter, imagino o doutor sentado, bem relaxado,
usando um roupão, lendo seu livro preferido e sendo iluminado pela luminária
de chão que fica bem próxima.
O ambiente me lembra os cenários das novelas, pois apesar das cores
escuras, a cama delicadamente coberta com colchas e lençóis claros, deixa
tudo muito chique sem ficar escuro, ao mesmo tempo que sexy por causa da
iluminação diferente.
—Uau.
Suspiro, deito-me na cama que parece que me abraça, e apesar de não
fazer ideia de quantos fios existem no máximo nos lençóis chiques, sei que
estou em um, pois comparando com o da minha cama, a diferença é
assustadora, o meu tadinho, logo na primeira lavagem já fica cheio de
bolinhas.
O travesseiro, parece massagear a minha cabeça, abraço um outro que
automaticamente apelido de advogato e fico com a certeza que todas as penas
dos gansos existentes devem estar nele. Chego a sentir dó dos bichinhos.
—Ai meu cristinho! Eu nunca me imaginei numa cama como esta.
Me enfio embaixo do edredom e abraçando meu querido travesseiro,
permito-me imaginar que estou vivendo uma noite de princesa apesar do susto
vivido há horas atrás, pois hoje eu comi as melhores comidas e agora estou
quase dormindo na maior cama que vi e o melhor, na cama dele.
—Ah Adriano.
"Esta noite, minha cama é toda sua, Carla."
Seria viagem demais ele ser todo meu também? Claro que sim, os
sonhos não me pertencem faz tempo, para ser precisa, há um pouco mais de
três meses que eu já sei que certas coisas não são para mim.
"Você vai voar alto minha borboletinha, tenha fé."
Fé, eu sei que deveria ter, cresci frequentando a missa com minha mãe,
mas infelizmente com minha realidade de hoje, eu não consigo crer de forma
inabalável.
Ainda saudosa e envolvida pelo momento que talvez seja o voo mais
alto da minha vida, abraço o travesseiro apelidado e fecho os olhos.

Desligo o despertador que toca me fazendo praticamente pular da cama e


apesar de saber que ainda é cedo pois programo para acordar sempre às cinco
horas, me sinto bem, na verdade eu não sei quando foi que consegui relaxar
tanto e lutando entre a emoção que me diz para abusar da hospitalidade e
dormir o dia todo, eu me levanto, pois sei que esta não é minha vida e a
realidade de uma desempregada me espera.
Como o vestido que usei na festa está com dona Maria, resolvo ver se a
encontro pela enorme casa, pois sei que tenho que ir embora.
Abro a porta devagarzinho, ando um pouco pelo corredor, até que ouço
um gemido e ao olhar para direção, vejo que a porta não está trancada.
Movida pela curiosidade, me aproximo da porta e pela pequena abertura,
vejo um espelho na parede que reflete bem o Dr. Adriano que está na cama,
gloriosamente nu e a tal ruiva lhe dando prazer com a boca.
A cena deveria me fazer correr, mas acabo sentindo um misto de
emoções, minhas mãos ficam suadas, sinto raiva da ruiva que praticamente
engole o pênis dele que mesmo olhando de longe, parece ser enorme e grosso,
ele segura o cabelo da dona Clarissa ditando o movimento, vejo o Dr. Adriano
jogando a cabeça para trás, grunhindo de prazer, noto seus braços enormes,
musculosos e acabo praticamente babando no seu abdômen, que mesmo visto
de lado, é maravilhoso. E as pernas? Dignas de um jogador de futebol.
“Que é isso, Carla? Agora que você tem certeza que o homem tem dona,
já está pecando por cobiçar o advogato.”
Minha mente grita comigo, mesmo em conflito, não consigo me mover,
a raiva vai se misturando com outras sensações, meu corpo parece que vai
queimar, meus mamilos ficam duros, mordo meus lábios tentando conter meus
desejos, sinto a umidade entre as pernas e então eu tenho as três maiores
certezas da minha vida. Vou para o inferno, com certeza queria ser ela e a coisa
só piora para meu lado.
"Você é mais uma pobretona que se oferece de forma baixa
para um homem bem-sucedido."
As palavras da dona ruiva ecoam em minha cabeça, meus olhos ficam
marejados e é como se a realidade me desse um murro.
Percebo ainda em tempo de não ser declarada como uma louca, que
estou viajando demais para quem está nas minhas circunstâncias. Eu
definitivamente preciso ir para casa.
Ainda na ponta dos pés, dou meia volta indo em direção ao quarto que
tive a sorte de dormir, vou até a suíte para lavar meu rosto e escovar os dentes
com a escova que provavelmente é de Adriano. Quando termino, guardo meu
celular na bolsa e com meus saltos na outra mão, vou tentar achar a saída da
casa.
Assim que desço correndo as escadas, praticamente atropelo a dona
Maria ao mesmo tempo que observo que ela segura uma embalagem que me
parece ser a entrega de uma famosa padaria que minha ex-patroa também
recebe os pães toda manhã e minha pele queima de vergonha por causa do
flagra.
—Eu preciso ir para casa.
Justifico e ela demonstra tristeza com o que ouve.
—Mas ainda está muito cedo e você ainda não se alimentou, quer voltar
a parecer um nabo?
Dona Maria com seu jeito acolhedor e preocupado, me faz lembrar da
minha saudosa mãe.
— Sei que não, mas tenho tanta coisa para resolver que realmente
preciso ir. – Ela continua me olhando toda séria. — T-tem algum problema se
eu devolver a roupa do seu chefe depois?
Mesmo inconformada com minha rápida saída, Maria me diz que não
tem problema devolver a roupa depois, admite que eu vá embora, mas antes,
me leva até a cozinha e faz uma marmita com queijos, peito de peru, pães, uma
garrafinha de suco e um iogurte de marca, definitivamente não é daqueles que
parece suco de tão ralo.
— Obrigada por todo cuidado.
Ela se aproxima de mim, pega a carteira e tira cinquenta reais.
— É para você pegar um Uber. Agora me diz seu endereço que vou
chamar, ainda é cedo, aqui no bairro não passa ônibus e é arriscado uma moça
como você andando por aí sozinha até chegar no ponto. Você sabe, onde os
ricos moram, são lugares bastante visados, e nem tente não aceitar.
Com os olhos marejados por causa do cuidado que recebo, acabo
aceitando após dizer que breve devolverei o valor, em seguida, passo o
endereço, ela anota meu número de celular, me dá um toque para que eu grave
o seu contato no meu aparelho e nós duas vamos até a entrada da casa esperar
o carro.
— Espero te ver em breve, a senhora é uma anja enviada dos céus.
Ela gargalha enquanto gesticula mais precisamente para o nada.
— Eu agradeço o elogio, menina. Mas acabei lembrando de um apelido
que tenho, meu marido costuma me chamar, mesmo depois de vinte anos de
casados, de minha diabinha.
Ela me dá uma piscadela, fico morta de vergonha com a revelação
íntima, só não cubro o rosto por estar com as mãos ocupadas, então
conversamos mais um pouco, até o Uber chegar.
— Por favor, diga ao doutor que muito obrigada.
Maria me dá dois tapinhas nas costas como uma saudação.
— Eu direi, Carla. Não se preocupe e quando chegar, me avise.
Após responder que avisarei, faço uma nota mental sobre a necessidade
de colocar crédito na venda perto de casa para poder avisar que cheguei, entro
no carro e enquanto nos distanciamos para o outro lado da cidade, minha
mente fica dividida entre minha realidade e o advogato que agora eu sei como
é nu e o quanto ele fica gostoso e maravilhoso quando está tendo satisfação em
receber prazer.
Elimino a dona ruiva da minha cabeça, me imagino por cima dele, tenho
vontade de beijar cada pedacinho do seu corpo másculo, vou ficando toda
molhadinha de um jeito que nunca fiquei quando me agarrava com meu
namorado as escondidas e então enlouqueço para chegar em casa, preciso
urgentemente de um banho bem gelado para esquecer daquele corpo másculo.
Capítulo 6
Depois de longos minutos até meu bairro, chegamos em frente à minha
casa, ou melhor, na residência da dona Anete, que para meu desespero está
bem na frente com os olhos bem abertos varrendo o passeio, minha vizinha
com certeza vai me interrogar, pois ela nunca me viu chegando em casa ao
amanhecer.
Sabendo do meu destino, respiro fundo, pago a corrida para o motorista
do Uber e por sorte ainda recebo o troco de sete reais.
— Carla, aconteceu algo, minha filha?
Assim que saio do carro, como previsto, dona Anete se aproxima e me
olha de cima abaixo, ela com certeza já notou a roupa de homem que estou
usando.
— Precisei trabalhar durante a madrugada, apenas isso.
Ela examina detalhadamente meu rosto.
— Serviço de madrugada, Carla?
Divirto-me com o questionamento e chego a colocar a mão na boca
para contar uma gargalhada.
— Quase isso dona Anete.
Resolvo manter o mistério enquanto testemunho o rosto da minha
vizinha se transformando em algo quase que assustador de tão carrancudo.
— Não me diga que porque pedi a casa, você foi trabalhar na noite, está
até com roupa de homem e pelo tamanho, é dos grandes. E esses saltos?
Pegou o café da manhã do motel? Ahh, que desgosto Carla, sua mãe te criou
nos caminhos certos, menina.
Ela quase não me deixa respirar, como percebo que a sua imaginação
voou a mil por hora, resolvo explicar parcialmente o que aconteceu, claro que
sem contar que dormi na cama do homem mais lindo que já vi. Para minha
vizinha, a festa foi na casa da dona Dorothy.
— Entendeu dona Anete?
Ela volta a me olhar de cima abaixo e eu me divirto.
— Entendi, agora suba logo pois estou aqui de gaiata. Ontem à noite
teve toque de recolher e muito tiroteio pelas redondezas.
Nem fico surpresa, a violência infelizmente só tem aumentado no
bairro, em seguida despeço-me da minha vizinha e quando estou quase
subindo os degraus, me lembro, preciso colocar crédito no celular, então dou
meia volta.
— Vai para onde menina?
Ela continua muito curiosa.
— Preciso colocar crédito.
Para minha sorte, dona Anete acessa um aplicativo e usando o seu
cartão, faz a minha recarga. Passo para ela o troco e finalmente subo as
intermináveis escadas.
Assim que entro no meu quarto e sala, me comunico com a dona Maria
para informar que cheguei. Ao olhar ao redor, entristeço-me por me lembrar
que agora, além de quase sem teto ainda estou desempregada, mas resolvo
abstrair nem que seja por uma hora.
Ligo a pequena TV, enquanto escolho o que assistir, minha barriga
ronca, lembro-me da marmita cheia de delícias e com ela na mão sento-me no
banquinho e como parte de cada item, lembrando de deixar um pouco para
merenda.
Ao terminar, sinto calor, o moletom do advogato é muito confortável
no ar condicionado, mas com a telha da minha moradia, quase me sinto em
uma sauna.
Vou até o banheiro, ao chegar, me olho no pequeno espelho e acho
minha aparência até melhor, fecho os olhos por um momento, me lembro do
instante que saí da suíte e eu o vi de olhos fechados. Sentado todo relaxado
na poltrona fica lindo, gostoso e é uma tentação. Pensando nele, abro a
camisa devagarzinho, aos poucos vejo meus seios no reflexo, bem sei o
quanto gostaria que Dr. Adriano me despisse, minha mente de quem cresceu
cheia de costumes religiosos tenta me condenar, mas ele supera qualquer
condenação, todas divindades entenderiam os meus desejos, definitivamente
pensar nele, chega a ser mais forte que eu.
Tiro toda roupa, passo pela cortina do banheiro, ao abrir a torneira a
água fria vai acalmando meu corpo, com o sabonete na mão, vou ensaboando
todos contornos até que chego lá.
Mordo os lábios para conter um grito quando propositalmente faço
movimentos circulares no meu clitóris, a sensação gostosa vai aumentando,
paro por uns segundos já respirando ofegante tentando me controlar, termino
o banho para não gastar muita água, seco meu corpo, enxugo meus cabelos e
enrolada na toalha vou parar na cama.
Minha mente viaja entre minhas lembranças em que a ruiva foi
deletada, ao fechar os olhos e ver o doutor nu, meu coração acelera, sem mais
forças para lutar contra o desejo, deito-me, abro a toalha e enquanto uma mão
que imagino ser a dele faz o caminho para o meio das minhas pernas, a outra
massageia meus mamilos.
— Ah...
Acabo gemendo quando aperto de forma intercalada meus peitos,
lentamente circulo meu dedinho no clitóris, com o tempo, aumento a
velocidade, depois alterno fazendo pequenas rotações na entrada fechadinha e
a sensação gostosa vai aumentando.
Os movimentos certos com as lembranças recentes se misturam, meu
corpo parece que vai entrar em combustão. Enquanto na minha mente ele
joga a cabeça para trás grunhindo de prazer ao sentir minha boca em seu
pênis, aperto meu mamilo, sinto seu olhar em mim, abro ainda mais minhas
pernas, vejo seu abdômen gostoso, o tesão vai ficando mais forte, desejo seus
braços me envolvendo, até que chamo seu nome repetidas vezes ainda
sentindo minha entradinha molhada e pulsando.
— Ah meu Deus! – Sinto-me c omo se estivesse indo para o inferno na
primeira classe e para piorar, com MUITO gosto. — Ahhh advogato, porque
eu te conheci, hein?
Abro os olhos, volto a cobrir meu corpo ainda sem condição de me
levantar, até que ouço batidas na porta. Quem pode ser?
—Oi, q uem é?
Levanto-me às pressas, na gaveta encontro um vestido de malha, e vou
até a porta, onde repito a pergunta.
— É Adriano, Carla.
“COMO ASSIM?”
— U-um momento.
Não sei o que fazer, será que estou com cara de quem deu uma animada
lá embaixo?
— Carla? Algum problema?
Sua voz máscula me traz de volta para a realidade, ajeito meus cabelos
molhados e abro a porta.
— B-bom dia. Por favor, entre. Aqui no bairro teve toque de recolher,
não é seguro o senhor aqui.
Ele me olha sem disfarçar para altura dos meus seios, com certeza
notou a vermelhidão ao redor e depois passa bem ao meu lado.
Percebo o Dr. Adriano observando o local onde moro, entendo o
motivo do seu olhar, ele parece também ficar sem palavras provavelmente
assustado com a pobreza e enquanto ele divaga, eu o observo e amo vê-lo
usando bermuda e camisa polo, ele é lindo de qualquer jeito.
— Esperava receber este bom dia na minha casa, Carla.
Ele me surpreende com o tom de voz de quem não gostou da minha
fuga matinal e apesar da sua seriedade, não consigo conter uma risada meio
que de deboche. Pelo o que me lembro ele não estava sozinho e pela sua
satisfação que testemunhei, ele teve um ótimo bom dia.
— Tinha que vir para casa e tenho costume de acordar cedo.
Puxo um banquinho para ele e com gestos o convido para sentar.
— Entendo, mas fiquei preocupado, conversamos bastante ontem à
noite e hoje quando soube da sua partida, achei que algo poderia ter
acontecido, uma ameaça talvez.
Abaixo minha cabeça ainda sentindo vergonha mesmo sabendo que não
fui culpada.
— E-eu ia me despedir, mas o senhor estava acompanhado.
Aiiiii, cristinho! O que falei? Minha pele queima de vergonha, Adriano
estreita os olhos e um ar de curiosidade se forma em seu rosto.

Adriano Albuquerque

Desafio. Esta é uma palavra que conheço o real significado. A vida de


um advogado não é fácil, muitas vezes sou pego de surpresa em pleno júri e
então se faz necessário todo um jogo de cintura, frases bem construídas para
serem aplicadas no momento certo, alinhadas com uma postura vitoriosa nas
piores situações, afinal de contas, eu preciso convencer a todos de que o meu
lado é o correto, seja ele qual for, defesa ou acusação.
Eu tinha plena certeza que sempre soube me manter firme, até conhecer
Carla.
Por que ela me desestabiliza tanto? A atração que senti ficou nítida para
mim desde à primeira vista. A verdade, é que de certa forma fiquei balançado
por uma mulher inexistente, a secretária executiva da minha imaginação e o
que mais me surpreende é saber que mesmo quando toda verdade em relação
a sua vida veio à tona, minha atração não mudou, pelo contrário, tenho
vontade de protegê-la. Que porra Carla tem?
Ela é linda, muito nova, sua aparente inocência é sexy, seus lábios
naturais são chamativos e... Caralho... Que corpo! Provavelmente foi
desenhado para levar um homem a perdição e ela não nota ou sabe o quanto é
gostosa. Com certeza seu estado meio angelical dá todo um toque especial.
Enquanto divago sobre minha hóspede do quarto ao lado, viro-me de
um lado para o outro na cama, o sono não vem, minha mente oscila desde a
hora que a carreguei até vê-la vestida nas minhas roupas, seu toque no meu
braço e.
— Porra.
Mais cedo, quando percebi, já estava dizendo que minha cama era toda
dela, provoquei a garota e o que mais me enlouquece é que noto sua
receptividade.
Quando a encontrei na piscina e fiz o convite para o jantar, a minha
verdadeira intenção era comer a sobremesa a noite toda. Puta merda. Eu
nunca ia imaginar que tudo ia mudar.
Fecho os olhos, lembro do seu cheiro, fico ansioso pela boceta que
deve ser bem apertada, tenho vontade de chupá-la, provar do gosto de mulher
que sou viciado, fazê-la rebolar enquanto grita meu nome e depois saciá-la
com meu pau.
— Ah Carla.
Seguro meu pau tentando aliviar a pressão pois não quero me
masturbar, mas sei que preciso me distrair, então levanto-me e vestindo
apenas um roupão, vou para a cozinha escolher um vinho na minha adega.

Sinto toques delicados e certeiros nas minhas coxas, em segundos meu


pau começa a ser estimulado, abro os olhos sem saber se ainda estou
sonhando com Carla usando meu moletom com a camisa aberta mostrando
seus seios e para minha decepção, vejo Clarissa passando sua língua bem na
cabeça.
— Puta merda.
A sensação é gostosa e a oferta é quase irrecusável pois estou desejoso.
A observo enquanto ela me chupa muito bem, seguro seus cabelos, dito
o movimento, fecho os olhos, vejo aquela boquinha rosada da Carla me
dando prazer, jogo minha cabeça para trás para tirar Clarissa do meu campo
de visão, penso ainda mais na minha hóspede sexy, a urgência comanda a
situação, até que eu gozo gostoso me imaginando na boca que realmente
queria estar.
— Gostou do seu café da manhã?
Ela sabe que gostei demais, mas só do boquete em si.
— Clarissa, como entrou aqui?
Ela engatinha em minha direção, completamente nua.
— Isso não é hora de fazer perguntas, mas posso responder. Depois do
fora que você me deu, fui para o buffet, conversei bastante com outros
convidados, quando notei que era uma das últimas que ainda estava na festa,
caminhei em direção a saída, te vi, segui até a cozinha. Então pensei na
possibilidade da surpresa matinal. Dormi em um dos quartos, acordei cedinho
para tomar um banho relaxante, vim até aqui, fiz o que tanto queria e agora
estou esperando descobrir as delícias que seu pau pode fazer em uma mulher.
Acabo me divertindo com a ousadia dela.
— Não guardo camisinhas aqui neste quarto e tenho uma visita no qual
pretendo passar a manhã conhecendo um pouco mais.
Mais uma vez divago sobre Carla, tenho muitas curiosidades sobre ela
e também preciso descobrir uma forma de ajudá-la.
— Não me diga que você está falando daquela garota que já sabemos
que não passa de uma empregada doméstica. Você não tem medo de ser
assaltado abrigando uma garota como ela?
Sento-me e observo Clarissa, de onde ela tira tantas ideias assim para
julgar Carla?
— Não foi ela que ficou em minha casa escondida circulando em todos
ambientes durante a madrugada sem ser convidada.
Digo em um tom divertido, logo depois explico que nosso tempo
passou, que agora estamos quites por proporcionar um ao outro, momentos de
prazer e que a vida segue.
Clarissa lamenta, porém, aceita e enrolada em um lençol, vai para o
quarto que dormiu, enquanto eu vou tomar uma ducha. Ao terminar, visto o
roupão para ir ver Maria e quando a encontro na cozinha, descubro que Carla
já foi embora.
— Como assim?
— Ah meu filho, ela me disse que tinha que resolver milhares de
assuntos pendentes e foi embora. Até chamei um Uber para ela.
A palavra "Uber" me faz ficar esperançoso e em um impulso, descubro
através de Maria, o endereço de Carla.
Ainda sem tomar meu café da manhã, corro para meu quarto para me
trocar, em seguida faço minha higiene bucal, passo o perfume e vou em
direção a garagem.
— Adriano, nem pense em ir para onde Carla mora com este carro,
quer ser sequestrado? Vou solicitar um Uber para você também.
Aceito a sugestão de Maria por saber sobre a fama do bairro e por sorte
em poucos minutos o carro chega para vir me buscar.

Assim que chego em frente a uma casa bastante simples de cor azul,
uma senhora abre um pequeno portão de ferro e vem em minha direção,
parecendo bastante curiosa.
— Bom dia, moço. Você não é da área, faz o que por aqui, hein? O
bicho está pegando no bairro, teve tiroteio ontem, é melhor você ir embora.
Ela me olha de cima abaixo como se estivesse tirando minhas medidas
enquanto me preocupo com a segurança da Carla.
— Bom dia, realmente não moro por aqui, só estou à procura de Carla.
Seus enormes olhos esverdeados ficam enormes.
— Não me diga que é o dono do moletom que ela chegou usando?
Moço, seja lá o que for que rolou com essa menina, esqueça. Com certeza foi
um vacilo de uma noite, provavelmente porque ela está desesperada
procurando onde morar. Tive que pedir a casa, meu filho irresponsável que
esqueceu o que é camisinha, emprenhou uma menina e os dois vão morar no
puxadinho.
A senhora parece entrar em desespero, será que ela acha que Carla
dormiu comigo?
— Eu estava na festa sim e...
— Valha-me Deus, que eu saiba, a menina era pura, foi criada nos
caminhos e agora está nesse estado, provavelmente ela...
— Acalme-se, senhora. E apenas me diga onde está Carla, só quero
ajudá-la.
A interrompo para que ela não tenha um enfarto na minha frente.
— Se o moço veio realmente consertar as coisas, ela mora subindo
essas escadinhas aí do lado.
— Obrigado.
Subo as escadas estreitas e mal construídas até ficar em frente a uma
porta de madeira frágil. Qual segurança tem neste lugar?
Após bater na porta duas vezes, Carla abre, timidamente me olha e eu
não posso deixar de notar a região dos seus seios avermelhadas. O que ela
aprontou?
Mudo a direção do meu olhar para não ficar de pau duro, acabo
observando a simplicidade do ambiente ainda que de certa forma arrumado e
trocamos algumas palavras. Quando ela fica bem em minha frente e eu estou
sentado, vejo suas coxas também avermelhas, mais uma vez disfarço tendo
quase que certeza que ela se tocou e apalpou seu corpo gostoso e uma
pergunta paira na minha cabeça. Será que ela pensou em mim? Que delícia.
Continuamos conversando, informo que esperava encontrá-la para o
café da manhã e para minha surpresa, Carla me diz que sabe que eu estava
acompanhado e por isso não se despediu. Será que viu algo comprometedor?
Puta merda.
Ah Carla! Se você soubesse que tive dificuldade para dormir porque
queria te foder a noite toda, chupar sua boceta até você gritar meu nome,
fazer você cavalgar no meu pau nos enlouquecendo, ia entender talvez a
minha facilidade em deixar Clarissa, que invadiu meu quarto, me chupar
enquanto pensava na sua boca gostosa me recebendo.
— Tive uma visita não programada, mas enfim. Além da minha
insatisfação de não te ver hoje de manhã, estou aqui por outro motivo.
Ela parece surpresa.
— E qual motivo?
A verdade é que quando elimino a atração, sinto dó de vê-la cheia de
sonhos praticamente sem futuro e morando em um lugar tão precário.
— Vou te ajudar, Carla. Fiquei sabendo que você vai ser...
Minha frase é interrompida por ouvir sons de tiros, Carla grita
assustada, uma bala atravessa a pequena janela de vidro, não a acerta por
pouco, puxo-a em minha direção e com ela em minha posse, nos deito no
chão.
— Fica calma, estou aqui.
Ela me abraça completamente assustada, acomoda a cabeça em meu
ombro, sua respiração em meu pescoço me deixa arrepiado, acaricio seus
cabelos ainda molhados para acalmá-la, o som de muito tiros ecoam pelo
ambiente, repito palavras para confortá-la, enquanto sinto toda delícia do seu
corpo que está deliciosamente alinhado com o meu.
O cheiro do sabonete misturado com o de Carla invade minhas narinas,
o seu toque mesmo que desesperado em meus ombros, despertam todas as
minhas terminações nervosas, tento me controlar e eu mais uma vez, gosto de
tê-la em meus braços ainda que seja em uma situação assustadora.
Carla vai relaxando quando nota que o perigo aparentemente passou,
me olha nos olhos me hipnotizando, vejo quando ela abaixa o olhar até meus
lábios demonstrando o quanto está receptiva, ela não contém um pequeno
gemido, fico doido quase que brigando comigo por não conseguir ser tão frio
com ela para me aproveitar do momento, vejo sua rendição e receptividade e
não tem como não pensar em levantar seu vestido, tirar sua calcinha e meter
meu pau até saciar nós dois.
Mas vivendo a circunstância eminente de risco, percebo que a única
forma de a ajudar é oferecendo um trabalho, com moradia, mas para isso,
precisarei cumprir com minha regra primordial, que evita vários processos
trabalhistas. Eu não fodo minhas funcionárias, e assim, me vejo na obrigação
de cortar o clima mais quente que já vivi.
— Arrume seus objetos pessoais em no máximo quinze minutos
enquanto chamo o Uber.
Ela vai se afastando aos poucos e sua respiração fica um pouco
ofegante.
— C-como assim?
Nos levantamos e eu coloco as mãos nos bolsos para esconder minha
excitação.
— Você vai trabalhar para mim, na minha empresa, junto com os
jovens aprendizes que dão suporte aos advogados do grupo, levando e
trazendo documentos nos diversos andares. Você será uma office girl.
Explico que ela vai morar no anexo da minha casa, invento que vou
descontar um valor do seu salário por causa da moradia para parecer mais
profissional, informo que pelo horário ser flexível ela vai estudar de manhã
no curso que tanto quer e a tarde vai trabalhar na empresa.
Os olhos de Carla brilham, conto que fiquei sabendo que seus dias no
seu quarto e sala estavam contados e para apressar nossa permanência na área
de risco, informo que conversaremos melhor na minha residência.
— Tem certeza?
Se tenho certeza? É obvio que acabei de criar a vaga de trabalho, mas é
impossível deixá-la nesta circunstância.
— Arrume seus pertences agora. Sou um homem de palavra e se
apresse, vamos logo embora o quanto antes. – Carla fica surpresa, imóvel e
parece um pouco pensativa. — Diga-me, qual o motivo da dúvida.
Ela caminha até próximo a cômoda, ao lado pega duas malas que deixa
aberta na cama e ao abrir as pequenas gavetas do móvel, começa a tirar seus
pertences.
— Eu nem tenho como agradecer pela oferta de emprego e moradia, e
não estou com nenhuma dúvida, estou muito agradecida doutor. É que
ultimamente tantas coisas ruins têm acontecido que eu nem estou acreditando
que o senhor que me conhece tão pouco, vai me ajudar desta forma.
Noto que além das roupas e sapatos, ela pega duas caixas embaixo da
cama, uma foto em que aparece com uma senhora que provavelmente é sua
mãe e uma bonequinha vestida de borboleta.
Quando penso que ela terminou, a vejo pegar disfarçadamente uma
calcinha e indo em direção ao único cômodo com porta do ambiente, com
certeza o banheiro. Será que ela estava com a boceta toda descoberta
enquanto me abraçava? Puta merda, faz todo sentido por causa da
vermelhidão perto dos seus seios e coxas. Porra, seria delicioso passar meu
pau nela e vê-la toda vermelha gozando.
Abstraio do pensamento para me manter controlado e Carla vem em
minha direção segurando meu conjunto de moletom.
— Vou te devolver logo, nem se preocupa.
Lembro-me de o quanto ela fica gostosa vestida nele.
— Não precisa, ficou melhor em você do que em mim.
Ela gargalha, seus olhos encontram os meus e nos perdemos por alguns
segundos.
Puta merda, ela agora é território proibido, Adriano.
Por sorte ouvimos batidas na porta que interrompe o momento, ela vai
ver quem é, para nossa surpresa é a vizinha, que ao entrar, fica desesperada
quando vê a marca do tiro na parede. Só depois ela nota as malas na cama.
— O que perdi por aqui, hein?
A senhora nada discreta questiona.
— Dona Anete, vou trabalhar na empresa do Dr. Adriano e ele me
ofereceu moradia.
Anete dá dois passos em minha direção.
— Ela vai trabalhar na sua empresa de dia e de noite vai fazer extra na
sua casa? Essa menina não é qualquer uma, doutor.
Acabo simpatizando com a senhora sem freio na língua, obviamente
que ela só quer o bem para Carla.
— Não se preocupe dona Anete, não tenho relacionamentos íntimos
com minhas funcionárias.
A vizinha fica bastante satisfeita com o que ouve, chegando a ponto de
me abraçar, enquanto Carla evita me olhar.
Capítulo 7

Carla Dantas

Condenada, esta é a palavra que martela meus pensamentos ao ouvir a


sentença do advogado.
É certo que estou no inferno, no mais profundo poço, segurando uma
lupa direcionada para o Dr. Adriano. Ora, é impossível não o observar, babar
em todo seu conjunto perfeito de homem gostoso, rosto másculo com a
mandíbula marcada, barba por fazer e olhos cor de mel que penetram minha
alma, principalmente depois daquele momento no chão.
Ah chão! Se você pudesse me ouvir, ficaria vermelho de tanta vergonha,
entregaria todos meus pensamentos para o homem mais lindo que vi e que já
me levou para cama, em minhas fantasias.
Me vi em duas realidades. Enquanto tiros e mais tiros eram disparados
na vizinhança, eu morria de medo, pois algo pior poderia acontecer. Mas nos
braços musculosos do doutor, sentindo seu cheiro único, suas pernas
encostadas nas minhas e seu corpo involuntariamente roçando na minha
bichinha protegida apenas pelo tecido do vestido, eu não escolheria outro lugar
para ficar, me senti no mais alto céu.
Ah vida! Quantas surpresas em um dia.
Me tira do morro, ganho uma moradia que com certeza comparada à que
estou deve ser um palácio, me faz sentir como uma princesa e só para me
lembrar que não estou vivendo um conto de fadas, sou condenada.
Ou melhor, obrigada vida. Acho que acabei de receber um belo freio,
onde eu estava com a cabeça quando achei que poderia tê-lo? Eu realmente
tenho que, ao invés de murmurar, agradecer.
Disfarço uma risada involuntária daquelas que a gente rir para não
chorar, arrumo meus cabelos de lado e volto minha atenção para as malas que
ironicamente não são minhas e sim da dona Dorothy, nem tive tempo de
devolver desde que ela me deu as roupas.
— Ei mocinha, já está com a cabeça na lua?
Saio das minhas viagens com a voz da dona Anete.
— Não, nada disso. Só estava aqui pensando que vou sentir saudade,
somos vizinhas há muito tempo e a senhora era amiga da mamãe.
Ela vem em minha direção e me abraça bem apertado.
— Pois bem, você sabe que pode me visitar sempre que quiser e estou
feliz minha filha, me tirou o sono ter que pedir a casa, mas Deus passou na
frente.
Eu concordo, Ele com certeza abriu os caminhos, mesmo me mostrando
ao mesmo tempo claramente o que eu não posso ter, o doutor.
— Não se preocupa, eu não vou me esquecer da senhora.
Ela fica emocionada e volta a me abraçar.
— Se comporte no trabalho do moço e agora me diga o que faço com
essa mobília.
Uma cama de solteiro, uma cômoda, uma mesa de canto, dois
banquinhos, um fogão de quatro bocas sendo que só duas funcionam, uma TV
das antigas fora outros utensílios básicos.
— Doutor, para onde vou, eu preciso levar a mobília?
Ele acha graça e sorri tão lindo que eu até percebo que fiz a pergunta
mais idiota.
— Não, Carla. Na casa anexa a minha, só falta você.
Socorro! Sinto que meus olhos vão sair da caixa de tão grandes que
devem estar por eu ter arregalado. Por que ele me diz essas coisas? Ele me
deixa louca com esses duplos sentidos. Ou é coisa da minha cabeça?
— E-entendi.
Volto minha atenção para dona Anete que alterna o seu olhar entre o
Adriano e eu. Ahh, eu preciso me sair desta situação.
—Acho que seu filho poderia precisar de alguns itens e já que eu teria
que entregar o quarto e sala pintado, pode ficar por conta. O que acha?
Dona Anete segura a minha mão e olha ao redor.
— Carla, obrigada minha filha. Vai ajudar demais o desajuizado do meu
filho. O bebê pode dormir até na sua cama e eles dois podem comprar um sofá
cama.
Oh Deus. Que mundo injusto, enquanto uns tem tanto, outros nem um
berço conseguem comprar.
Passamos mais uns momentos conversando, nos despedimos com um
abraço apertado que me deixa completamente emocionada, entrego a chave
para dona Anete e enquanto verifico se não estou esquecendo nada, Adriano
olha o celular.
Aproveitando que ele está distraído, abro o pequeno armário de
mantimentos para ver se ainda tem algo que possa levar, percebo Dr. Adriano
se aproximando e rapidamente fecho a porta, não quero que ele veja que vivo
comendo macarrão com sardinha ou ovos.
—Você não vai mais se preocupar com a alimentação. Maria não vai
deixar faltar nada e as principais refeições, você pode fazer com ela.
Ele vê tudo. Também, com mais de um metro e oitenta, deve enxergar
até a esquina da outra rua.
— Obrigada mesmo doutor, prometo que vou trabalhar direitinho para
fazer valer a pena toda ajuda que estou recebendo.
O agradeço, o celular dele toca e é o rapaz do Uber pelo o que percebo.
O advogato encerra a ligação, de imediato carrega quase todos meus
pertences alegando que uma mulher não deve carregar tanto peso e só me
restam as duas caixas de sapato onde guardo as fotos da minha mãe, minhas e
de meu pai que eu só vi poucas vezes na vida.

— Pronta para sua nova vida, Carla?


E ele ainda pergunta?
— Estou pronta sim, quero muito trabalhar e voltar a estudar.
O motorista dá a partida, ele mais uma vez estreita os olhos e eu tenho a
impressão que ele olha a minha boca.
— Que bom, Carla. Será um prazer.
Prazer? Será que todas as palavras escolhidas por ele têm que ser dessas
que me fazem pensar em mil e uma possibilidades?
Minha pele queima, imagino que estou bastante corada e eu não sei se
consigo disfarçar a atração que aquece todo meu corpo.
Sem saber o que fazer, ajeito meus cabelos de lado para cobrir um pouco
meu rosto, volto minha atenção para as ruas, de certa forma vou me
despedindo da paisagem que por muito tempo fez parte da minha vida, peço a
Deus para que o carro avance o mais rápido possível porque ficar próxima
demais não é fácil e para meu desespero, na avenida principal da cidade está
tudo parado. É sério isso?
— Hoje o dia está bonito, doutor. Tomara que não chova mais tarde.
Eu disse isso? Morro ainda mais de vergonha ao comentar sobre o
tempo, todo mundo sabe que quando esse assunto entra em pauta, é porque
não se tem o que dizer.
— Até está bonito, moça, mas para quem vai encarar uma praia ou
piscina. Vai por mim, dentro deste carro o dia todo, não é muito bom, eu me
sinto em um forno quando chega o meio dia.
Observo que Dr. Adriano levanta o olhar, ele deve estar achando
engraçado o motorista interagindo. Será que só hoje que ele descobriu que os
rapazes do Uber são comunicativos?
— Nisso eu tenho que concordar, moço. Nada melhor que se refrescar
no mar ou piscina neste calor.
O motorista aproveita que o carro está parado e olha para mim.
— E a moça apesar de ser muito linda, está precisando de um bronze e já
que falamos da temperatura, quer uma água? Tenho uma geladinha aqui
especialmente para você.
O motorista me dá uma piscadela, eu morro de vergonha e quando vou
responder...
— Carla, se você quiser, podemos passar o dia na piscina da minha casa.
Hoje estou de folga.
Minha frase fica no ar com o convite do doutor e o motorista volta a
olhar para frente fazendo caras e bocas de quem não curtiu a concorrência
desleal.
— Dr. Adriano, eu prefiro arrumar meus pertences.
Definitivamente ele não sabe o efeito que causa em mim, se soubesse
não me faria este convite. Afinal de contas, onde acharei maturidade para vê-lo
de sunga?
E se ver, vou virar a louca que vai aquecer a bichinha vinte e quatro
horas por dia desejando o impossível.
— Entendo. Mas hoje à noite jantaremos na minha casa e conversaremos
sobre o seu trabalho.
Óbvio que aceito a sugestão, na verdade estou super curiosa para saber
mais detalhes do meu serviço.
— Será maravilhoso.
O trânsito finalmente dá uma trégua depois que saímos da avenida
principal, os bairros empresariais vão ficando para trás, dando espaço para os
residenciais e quanto mais nos afastamos, as residências luxuosas vão
surgindo, até que paramos em frente à mansão de Adriano.
Ele faz o pagamento através do aplicativo pelo cartão de crédito, pega
minha mala e o motorista gentilmente vem abrir a porta do meu lado para que
eu saia, pois estou com as caixas no colo.
Tiro o cinto de segurança, me preparo para descer e quando vejo, o
doutor está pronto para me ajudar e de prontidão carrega as minhas coisas.
— Obrigada. Mas o motorista já vinha pegar meus pertences o senhor
não precisava se incomodar.
— Não é incomodo algum e o motorista não precisava se dar o trabalho
se eu estou aqui.
Será que ele é assim cuidadoso com seus funcionários?
— Não imaginava te ver tão rápido, Carla.
Dona Maria se aproxima com um sorriso enorme nos lábios, me dá um
abraço, os empregados se encarregam dos meus pertences e Dr. Adriano
informa para todos que ficarei na casa da piscina.
Dona Maria parece se assustar, olha para o chefe de forma curiosa, o que
demonstra que o conhece muito bem, os empregados se olham entre si e eu
fico completamente perdida. O que tem na casa da piscina?
Os empregados vão na frente, dona Maria me diz que tem que voltar
para cozinha pois está preparando o almoço e eu vou com o doutor conhecer
minha nova moradia.
Chegamos na área que fica atrás da residência principal, vejo uma
piscina daquelas de tirar o fôlego, rodeada de espreguiçadeiras, grama
verdinha e uma churrasqueira de luxo em um quiosque. Mais para frente, noto
uma varanda linda coberta com telhas avermelhadas, com as paredes pintadas
em um tom nude, um sofá rústico, uma porta de vidro de correr e para minha
surpresa, os empregados entram na casinha perfeita.
Paraliso no mesmo momento, Dr. Adriano segura minha mão para me
incentivar a caminhar, entramos na parte interna do imóvel e quase que
desmaio ao ver a sala e cozinha americana em tons pastéis, típico de casa de
rico, com um tapete daqueles bem confortáveis e para completar ainda tem
uma smart TV
Não consigo dizer uma palavra, ele me puxa pela mão, me leva até a
uma porta branca e quando abre, vejo um quarto perfeito, com uma cama de
casal super gigante, que com certeza os lençóis têm aqueles fios todos e cheia
de travesseiros com todas as penas de ganso do mundo, fora os abajures
brancos, que dá até medo de encostar para não quebrar, por causa da base que
parece de cristal.
— Vamos ver a sua suíte, Carla?
Ele me encaminha para o lado direito do quarto, abre uma porta de
correr e para meu quase ataque cardíaco ainda ser maior, vejo uma banheira,
um box daqueles blindex chique, uma pia em formato de cuba, fora o enorme
espelho.
— Espero que tenha gostado da sua nova moradia. Como você ficou
momentaneamente muda, não sei o que pensar.
Ele ainda não percebeu que estou em choque?
— C-como a-assim? Eu ainda não sei qual é o salário de uma guelzinha.
– Ele se diverte com o apelido que dei para a função de office girl. —Mas,
aqui é muito chique, é impossível pagar algo do tipo exercendo um trabalho
direcionado para o ensino médio, e ainda sobrar para o curso.
Adriano acaricia minha mão e o seu toque me deixa arrepiada.
— Carla, eu quero e vou te ajudar.
Meus olhos ficam marejados, eu nunca me imaginei morando tão bem.
— Eu não sou uma aproveitadora, doutor. Só deixo que o senhor me
ajude, se eu realmente trabalhar muito para pagar, pois não tenho para onde ir.
Ele solta minha mão, coloca as dele nos bolsos e caminha até a porta.
— É justamente por isso que estou te ajudando, por saber que você não é
interesseira. Eu não me engano com as pessoas.
Ouvir que ele confia na minha índole me deixa derretida ainda mais pelo
advogato e sem pensar direito, movida por um desejo incontrolável, vou em
sua direção e estando na ponta dos pés, fecho os olhos e o beijo no rosto.

Adriano Albuquerque

Puta merda! Ficar sozinho com Carla, no mesmo ambiente,


definitivamente é o meu ponto fraco, principalmente quando a minha mão
está entrelaçada com a dela por tanto tempo.
Sei que Carla é território proibido, mas sentir seu toque, cheiro, me
enlouquece a ponto de ter que me afastar para controlar meu pau, que sempre
cria vida por sua causa.
Vou até a porta com as mãos nos bolsos preparado para ir embora,
espero a oportunidade para me despedir e em um momento de distração, sou
surpreendido pelos seus lábios no meu rosto.
Caralho! Minha pele gosta de sentir a maciez da sua boca, penso por
um momento nela deslizando por meu pescoço, peitoral, abdômen, até chegar
lá. Porra, deve ser o paraíso. E com este pensamento o desejo só aumenta.
— Desculpa, e-eu acho que não deveria te beijar.
Ah Carla, se você imaginasse os meus pensamentos.
— A noite conversaremos e sobre o beijo, não vejo nenhum problema.
Ela cora e eu imagino o quanto avermelhada ela ficaria ao me receber.
Porra, mil vezes porra. Ela vai ser a minha funcionária.
— Até a noite, doutor.
— Até.
Enquanto caminho, vou mentalizando assuntos relacionados ao meu
trabalho para que meu pau volte para o lugar. Já controlado, avisto o
jardineiro, o motorista e alguns funcionários, os proíbo de se aproximarem da
casa da piscina, ao me despedir deles, entro em minha residência pela porta
da cozinha e dou de cara com Maria, que começa a sorrir antes mesmo que eu
diga uma palavra. É sério isso?
— Na casa da piscina? Por que não em um quarto de empregada?
G argalho, pois sei bem do que Maria está falando.
— Não pense besteiras, dona Maria.
Ela larga a faca que estava cortando os legumes no balcão e coloca as
mãos na cintura.
— Eu não estou dizendo absolutamente nada, só acho que um dos
quartos ia ser mais perto para vocês. – Puta merda, ela faz piada. Será que é
tão visível o meu desejo? — E outra coisa meu filho, confessa para mim,
levar Carla para aquela casa não te fez ter desejos mais aguçados?
Fazer o que, se sou um rapaz que ganhou do seu pai uma casa para os
momentos de necessidade desde novo?
Lembro-me detalhadamente do momento que meu pai me explicou,
quando eu ainda tinha quinze anos e curtia festas na piscina, que naquela
casa, eu seria livre para fazer o que quiser, já que minha mãe abominava
todas as minhas namoradas.
— Ela me atrai como um ímã, mas Carla vai ser minha funcionária e eu
não levo nenhuma para cama, fora que ela já teve uma vida muito fodida para
que eu ainda me aproveite. – Maria fica prestando atenção em minhas
palavras, volta a cortar os legumes e eu me sinto na obrigação de me
justificar ainda mais. — A garota só tem dezoito anos e é uma sozinha no
mundo, no momento o refúgio dela é aqui. Você percebe que se eu transo
com ela, ela pode se apaixonar e se decepcionar por talvez não saber viver só
o lado do prazer.
Maria mais uma vez gargalha.
— Você também pode se apaixonar, mas eu admiro seu esforço para
não a prejudicar.
Talvez Maria nunca entenda o quanto estou me esforçando.
— Acredite, eu também. – Nos divertimos com minha confissão e eu
vou até a geladeira para pegar um suco. — Agora tenho que estudar uns
casos, mas quero te pedir um favor. Dê todo suporte para Carla, peça para
uma funcionária encher as despensas da casa anexo, pois ela tem que viver
bem independente e para hoje à noite, prepare um jantar para nós dois.
Vamos falar sobre o trabalho.
Adianto o assunto para evitar as piadinhas, Maria concorda com gestos,
um sorrisinho abusado nos lábios e eu sigo meu caminho com o pensamento
na minha hóspede.

Carla Dantas

Minha rotina de acordar cedo, ir do morro para casa da minha antiga


patroa, fazer todos meus serviços deixava tudo tão corrido que hoje, após
arrumar meus pertences em um guarda-roupa enorme em menos de trinta
minutos e não ter mais nada para fazer, me faz estranhar a calmaria.
Cabeça vazia não presta por vários motivos, por mais cansada que a
rotina me deixava, os muitos afazeres eram a minha válvula de escape para
superar a falta da minha mãe. O cansaço me roubava diversas vezes até a
capacidade de pensar e assim fui empurrando a minha vida, até hoje, pois
parece que acabo de ser pega pela realidade.
Por outro lado, tem o doutor, por que ele é tão atencioso? Essa é uma
característica dele que amo e ao mesmo tempo me enlouquece.

À tarde, ao olhar ao redor do quarto, vejo ao lado do travesseiro minha


bonequinha com roupinha de borboleta e as duas caixas, vou até a cama, ao
me sentar abro a primeira caixa onde vejo fotos dos meus pais, desde o
namoro, até me ver com eles com aproximadamente dois anos.
Tenho cuidado para não deixar minhas lágrimas molharem as
fotografias antigas, arrumo novamente na ordem e vou para segunda caixa,
onde nas fotografias, meu pai já não está presente.
Eu não entendo o motivo dele nos abandonar, minha mãe nunca me
contou, apenas me dizia que as coisas mudam de uma hora para outra e que
ela tinha perdido o amor da sua vida.
E perdeu pelo o que vejo, tanto que ele nem veio para o seu
sepultamento.
Deito-me na cama, deixo a tristeza da saudade fluir em meu rosto até
perder a noção do tempo, fecho os olhos, abraço um travesseiro, meu corpo
fica pesado e eu me permito dormir.
Acordo após ouvir batidas na porta, levanto-me rapidamente, vou abri-
la e então vejo uma jovem de aproximadamente trinta anos, morena com os
olhos bem negros, ela muito me lembra a dona Maria e ao seu lado um rapaz
com características bem semelhantes.
— Carla? Minha mãe pediu para meu irmão vir trazer essas compras,
mas como ele não pode vir aqui sozinho, vim junto.
Ele não pode vir só? Por que? A pergunta ecoa em meus pensamentos.
— Tudo bem, obrigada.
Dou passagem e o rapaz passa por mim segurando algumas sacolas de
um mercado super chique, daqueles que nunca sonhei entrar.
— Minha mãe me disse que hoje você vai jantar com o doutorzinho,
não acha melhor colocar uma compressa gelada nos olhos desde agora? Eles
estão super inchados.
Só então me lembro que nem me olhei no espelho antes de abrir a
porta.
— É que acabei dormindo.
Não sei se a desculpa cola, mas é a única que tenho.
Quando eles saem, guardo os mantimentos no armário, outros
perecíveis na geladeira, vejo que a noite está chegando, então decido desde já
me arrumar, pois não faço ideia do que vestir. Sem falar que o banho pode
ajudar a melhorar a minha aparência.
Timidamente inauguro a banheira, eu nunca nem sequer me imaginava
em uma e só por estar deitada em meio a água cheia de espuma com uma
deliciosa fragrância, já me sinto outra.
Ao terminar o melhor banho da minha vida, enrolada em uma toalha,
vou até o guarda-roupa para tentar achar algo e percebo, estou entre a cruz e
espada. De um lado roupas que só a misericórdia e do outro as chiques
demais que dona Dorothy me deu.
E agora? Vou muito arrumada ou aos trapos?
Eu não sei quantos minutos se passam, vejo todas as roupas e não
encontro nada, o desespero toma conta do meu ser, até que ouço novamente
as batidas na porta.
— Quem é?
Pergunto antes de abrir, já que estou enrolada em uma toalha.
— Maria, minha filha.
Sem maiores cerimônias, deixo dona Maria entrar e ela me olha
parecendo desesperada.
— Adriano acabou de ir para sala de jantar e você ainda assim
parecendo um nabo com nariz de tomate?
Ela me diverte com suas comparações ao mesmo tempo que me deixa
desesperada com sua informação.
— Eu não sei o que vestir.
Explico o problema e levo dona Maria até o quarto, para que ela veja
com os próprios olhos.
Ela analisa as peças, franze a testa, me olha, volta a olhar para as
roupas, murmura palavras que nem entendo e me encara.
— Olha bem, ricos de verdade são pessoas normais também, a vida real
não é como nas novelas que os personagens andam arrumados como se
fossem para um casamento a qualquer momento, mas também não andam aos
trapos e como você tem apenas as duas opções, vamos ter que misturar as
peças.
Ouço atentamente as suas dicas, ela escolhe uma saia preta justa, com
um detalhe plissado na altura da coxa super linda e uma blusa cinza com a
Minnie na frente, que fica levemente caída no ombro.
Para os pés, ela escolhe uma sandália rasteirinha com tiras finas preta.
— Agora use uma maquiagem que não pareça que está usando, que
cubra apenas as olheiras e se tiver um brilho labial melhor ainda.
Obedeço todo passo a passo, até porque o desespero não me deixa
raciocinar.
— Como estou?
Ela faz o sinal positivo, se aproxima e coloca meu cabelo de lado.
— Agora sim.
Ela aplaude me fazendo sorrir.
— Obrigada dona Maria.
Ela me abraça e eu amo receber tanto carinho.
— Ahhh, falta o perfume, bem pouquinho para parecer que é seu cheiro
natural.
Me lembro da amostra que ganhei da maquiadora e uso um pouco.
Ao terminar ela me incentiva a ir ao encontro do doutor enquanto diz
que vai ficar para arrumar o quarto.
— Carla?
— Oi?
Ela se aproxima como se estivesse prestes a me contar um segredo.
— Entre pela porta da frente, vire à primeira esquerda e você estará na
sala de jantar.
Assinto e ela segura a minha mão.
— Você é linda, garota.
Ela mais uma vez me lembra a minha mãe e depois de agradecer e
abraçá-la demoradamente, faço o caminho para casa do doutor e a cada passo
que dou, meu coração parece que vai sair pela boca.
Capítulo 8

Adriano Albuquerque

Que porra de jogo é esse que estou fazendo? Sei que tenho que ficar
longe de Carla, em contrapartida estou testando meus limites, passei da linha
da racionalidade quando praticamente concorri com o motorista do Uber ao
oferecer à tarde na piscina e eu bem sei que provavelmente nunca conseguiria
resistir a companhia da linda garota.
Para completar a lista dos últimos acontecimentos estranhos na minha
rotina, ordeno que nenhum empregado se aproxime da casa da piscina. O que
eu tenho a ver com isso?
PORRA... PORRA... PORRA... Não é possível que a boceta que nunca
nem vi, que é território proibido, tenha me enfeitiçado a este ponto.
Verifico as horas no meu celular, já tem dez minutos que Maria foi
chamar Carla e ela simplesmente não aparece, me fazendo ter mais um
sintoma ridículo para um cara de vinte e oito anos. A merda da ansiedade.
A verdade é que querer ter e não poder é excitante e nunca
experimentado em minha vida. Já tive muitas mulheres disponíveis e de
comum acordo para apenas momentos de prazer e desta forma, por ter grande
oferta, não preciso olhar para uma funcionária.
A porra é que com Carla é diferente, ela simplesmente chegou me
atraindo com seu corpo curvilíneo e aparentemente sem nenhum obstáculo
para uma foda.
Para completar, acabo de dar um cargo de office girl para Carla, que
talvez seja totalmente inapta. Não que eu tenha preconceito pela experiência
dela em trabalhos em casa de família até então, mas ela estando tão
acostumada ao "sim senhor" e "sim senhora", não sei como se comportaria ao
ter que entrar na sala de diretoria de supetão para pedir uma assinatura sem se
mostrar humilde demais e isso pode ser o fim de sua carreira na empresa,
carreira essa que nem começou ainda.
Olho mais uma vez a hora, mais cinco minutos se passaram, levanto-
me, vou até a janela, observo a lateral da casa, até que sinto aquele perfume
inconfundível e ao olhar para entrada da sala, meu mundo vai ao chão.
Vestindo uma roupa que mistura o ar de mulher e menina, Carla me faz
pensar em duas fantasias. A imagino vestindo a tal blusinha com personagem
adolescente, usando uma calcinha toda enfiada na sua bunda gostosa e
sentando no meu colo, me chamando de doutor e me incitando a fodê-la.
Por outro lado, na minha imaginação a vejo com a tal saia sexy, com
um salto alto, sem calcinha, sentada na mesa do meu escritório me dando
uma surra de boceta. Porra, eu não vou aguentar com esses pensamentos.
— Desculpa o atraso, doutor.
Será que ela imagina a delícia que é o formato que seus lábios fazem ao
se abrir quando me chama de doutor?
— Você chegou na hora certa, Carla.
É, ela foi pontual mais uma vez ao me deixar muito duro, a sorte é que
regulei a iluminação da sala, então tirando o lustre que fica acima da mesa,
não temos mais tanta claridade.
— Que bom, estava preocupada, não queria deixar o senhor com fome.
Não? Então tira a calcinha e senta no meu pau, mata toda fome que
sinto por você. Quase sorrio com meu pensamento.
— Não deixou. Agora vamos jantar?
De forma tímida ela concorda, passa por mim e em um gesto típico de
mulheres que não estão acostumadas com o cavalheirismo, afasta a cadeira e
senta.
Faço o mesmo, explico para Carla que Maria fez duas opções de carnes
já que não sabíamos qual ela gostava e mais um comportamento estranho me
acomete. Eu a sirvo depois de descobrir que ela gosta de tudo, mas opta pelo
pernil assado com batatas.
— O jantar está maravilhoso, doutor.
Ela volta a se alimentar, morde delicadamente os pedaços da batata e
para minha quase morte, lambe o cantinho da boca que escorreu o molho.
Puta merda, preciso de um desvio.
— Vamos aproveitar para conversar sobre seu trabalho?
— Claro.
Ela fica me olhando com seus olhos intensos que mais uma vez me
prendem.
— Eu te ofereci o cargo de office girl que é direcionado para estudantes
do ensino médio e você já se formou, então temos um problema para que
você esteja apta para função. Passei a tarde analisando as possibilidades e
cheguei a uma solução. O ano está acabando, olhei o site de algumas
faculdades particulares de boa fama e ainda dá tempo de fazer a sua inscrição
para o vestibular, ao invés de um cursinho. Pelo menos desta forma você será
estudante. O que acha?
Carla fica com os olhos marejados e vai abaixando lentamente o garfo
que está em sua mão e o repousa no prato.
— Dr. Adriano, como vou pagar faculdade, alimentação e moradia?
— Me considere o seu FIES, eu posso te ajudar. Deixe-me te ajudar.
Ela suspira parecendo cansada.
— Deixo, mas eu quero tudo documentado, de verdade não quero me
aproveitar e também não posso ser orgulhosa de não aceitar a proposta. Esta é
a única forma que tenho para mudar de vida.
Gosto de ouvir que apesar das circunstâncias, Carla tem suas ambições
e sonha em ser independente. Isso a deixa ainda mais sexy.
— Ora, você está tratando esses assuntos com um advogado, com
certeza tudo será documentado.
Explico outras questões do seu serviço, da agilidade que precisamos ter
na A&A Advogados e faço questão de falar sobre o regime da empresa.
— Então o senhor quer dizer que não existem funcionários por lá que
namoram?
—T emos apenas dois casais de advogados no grupo, ambos casados e
de muita confiança, mas entre os funcionários, não. Nós advogados temos
que lidar com o sigilo de informações, conflito de interesses e também é uma
forma de evitar o assédio.
Ela sorri e fica um pouco corada, abre a boca para falar algo, volta a
fechar e como se algo fugisse do seu controle, finalmente diz:
— E se tiver casais as escondidas?
Acho interessante a sua pergunta e como já terminamos o jantar nos
sirvo um vinho do porto.
— Então que sejam bem discretos a ponto da diretoria não saber.
Carla bebe um pouco de vinho e volta a me olhar.
— Acho que esse lance de ser proibido deve atiçar ainda mais, não
acha?
Ela abre bem os olhos e ganha a minha total atenção. Isso é um aval,
Carla?
— É?
Ela desvia seu olhar do meu, bebe mais vinho e fica encarando a taça
enquanto parece escolher as palavras.
— É. Isso me lembra até a igreja, acho que quanto mais tentam proibir,
mais as pessoas ficam tentadas a descobrir o motivo da proibição.
E eu não resisto a minha curiosidade.
— Você é assim, Carla?
Ela se assusta com minha pergunta direta, acaba virando a taça e o
pouco líquido logo escorre me molhando um pouco na coxa.
— Desculpa, desculpa mesmo, deixe-me te ajudar.
Carla levanta desesperada, com um lenço de tecido na mão e vem ao
meu encontro. Acho graça do seu desespero e eu me levanto para confortá-la.
— Não tem problema, de verdade fique tranquila.
Ela parece não me ouvir, a impressão que dá é que ela me vê banhado
no vinho e para piorar, Carla se inclina em direção a minha coxa. Puta merda,
se ela tocar perto...
— Carla.
Chamo de forma firme, ainda inclinada, ela levanta o olhar que
encontra o meu, em um impulso, a puxo pelo pulso para que ela fique em pé
normalmente, ficamos bem perto, sua respiração acelera, ela morde os lábios
e me enlouquece de tal forma que o mundo parece girar em menos de um
metro quadrado quente como um inferno. Puta merda, esse cheiro, esses
lábios... Essa pele coradinha... Carla...
— Oi, doutor.
Sua voz soa suave como um gemido. Caralho, eu não aguento mais. Eu
preciso desta mulher e agora.
— Boa noite irmão mais lindo.
O clima é cortado pela voz que bem conheço, Carla dá um passo para
trás parecendo estar desnorteada, viro-me em direção a voz e vejo Bruna,
minha irmã cinco anos mais nova e ela corre em minha direção.
— Não esperava você hoje, muito menos agora.
Digo tentando esconder o tom de decepção pelo momento perdido e
minha irmã me abraça empolgada.
— Nossos pais e eu já chegamos para o natal. Finja ficar feliz pelo
menos.
Ela finalmente olha para Carla e a observa por alguns segundos.
— Bruna, esta é Carla, minha mais nova funcionária.
Elas apertam as mãos em um gesto simpático.
— Prazer, Carla.
— O prazer é meu em te conhecer, mas eu já estava de saída. O Dr.
Adriano acabou de me passar informações sobre minha função. Boa noite
para vocês.
Carla se retira sem nem provar a sobremesa e minha irmã começa a
sorrir.
— Nossa, ela nem disfarçou a desilusão. – Bruna olha para a direção
da porta enquanto protesto mentalmente. Puta merda, se não fosse minha
irmã, Carla provavelmente já estaria gemendo meu nome sentada na mesa
prestes a me receber. — Ela é linda, mas você não deveria olhar para uma
funcionária, já pensou o Dr. Adriano sendo processado por assédio?
Infelizmente é o pé de meia que todas sonham, meu irmão.
Apesar de saber que Carla é diferente, não tenho tempo para justificar,
pois logo minha irmã começa a falar de mil assuntos que ela julga que são
interessantes para mim.
Após minutos de conversa, Maria repõe a mesa, meus pais finalmente
aparecem e o jantar toma outro rumo, a verdade é que estou presente de corpo
enquanto a minha cabeça, e para ser sincero, meu pau também, estão voltados
completamente para Carla.
— Marquei para os próximos quatro dias, uns compromissos para nós
dois, filho.
Meu pai diz sua decisão, eu concordo e acertamos algumas visitas a
clientes importantes.
No final do jantar banhado a muita conversa em família, quase à meia
noite, vou até a cozinha, encontro Maria acordada e só então me lembro das
pendências que tenho com Carla.
— Maria, vou precisar de alguns favores.
Peço para que ela encarregue a ajudante da cozinha para os afazeres
voltados a alimentação dos próximos dias, pois Carla precisará da sua ajuda,
na escolha da faculdade, no que mais precisar e informo que antes do Natal
vou levá-la no RH da empresa para que ela assine o contrato.
— Ahhh Adriano, você não me decepciona, meu filho.
Maria parece empolgada com minhas decisões.
— Espero continuar assim.
Dou uma piscadela para minha amiga que me devolve outra e decido ir
dormir, mas antes aproveito que a porta da cozinha está aberta e observo ao
longe que as luzes da casa da piscina já foram apagadas.

Carla Dantas

Finalmente respiro melhor após sair da sala enquanto mil e uma


perguntas rondam minha cabeça.
O que foi aquilo, meu Deus? Ele ia me beijar? Ai, eu acho que sim e
esse pensamento me faz sorrir e meu coração acelerar.
Paro por um momento para conter a ansiedade perto da escada, seguro
no corrimão para recuperar o fôlego, toco em meus lábios, sonho por uns
segundos com Adriano como se fosse uma adolescente, ao olhar para meu
pulso, sinto o seu toque firme, propositalmente volto no tempo para reviver a
sensação, até que vejo a maçaneta da porta sendo virada. Corro para me
esconder embaixo da escada imediatamente.
Quando a porta se abre primeiro eu vejo Maria, em seguida uma versão
do doutor com pelo menos uns trinta anos a mais de mãos dadas com uma
senhora que tem os olhos do advogato.
Ahh, com certeza são os pais, e Bruna, parece ter os traços dos dois.
Fico babando na família linda que o doutor tem e continuo escondida
até que vejo Maria indo em direção a cozinha.
— Amor, não podemos desperdiçar nosso tempo aqui no Brasil.
Dorothy me enviou uma mensagem para avisar que Patrícia já chegou. Tenho
fé que neste Natal, vamos juntar nossos filhos, Paty é a nora que pedi a Deus.
Eles parecem concordar com gestos e se abraçam.
— Sim, eu também aprovo, Ana. Patrícia é estudada, com um futuro
promissor e com certeza será o braço direito de Adriano na empresa.
A tristeza me atropela, no momento me lembro da elegância da irmã do
doutor que mesmo quando eu estava desnorteada tinha notado, vejo
detalhadamente os seus pais que mais parecem artistas de novela de tão
chiques que são e com tudo que ouço, o tapa da realidade me faz acordar.
Meus olhos ficam marejados, chego a sentir vergonha pelos
pensamentos românticos que acabo de ter e bem quietinha, aguardo a sala
ficar vazia para que eu possa fugir até meu cantinho.
Depois de minutos incontáveis onde continuo ouvindo como uma
tortura o quanto Patrícia parece ser maravilhosa aos olhos dos pais do doutor,
eles seguem caminho, e eu na ponta dos pés vou correndo até a porta e em
seguida em direção a casa da piscina.
Ao chegar, me permito me jogar no sofá e enquanto repito mil vezes que
não posso me iludir, fico passando os canais na televisão até quase meia noite,
depois vou dormir com a certeza que tenho que ser a melhor funcionária para o
advogato e construir meu futuro com a oportunidade que ele está me dando.
Eu preciso aceitar que dele, eu já tenho muito e que não devo chorar por isso.

Logo cedinho meus olhos despertam, mesmo eu tendo me lembrado


antes de dormir de fechar as cortinas para evitar a claridade na tentativa de
prolongar meu sono, mas a verdade é que o costume sempre fala mais alto.
Me espreguiço, abraço os travesseiros, tento dormir novamente para me
aproveitar da cama bastante confortável, mas meu esforço não vale de nada.
Sendo assim, levanto-me bem devagarzinho e como estou um pouco
faminta, vou para cozinha já pensando no que quero comer, me dando o luxo
de poder escolher.
Logo depois vou até a geladeira pois preciso selecionar os ingredientes
para fazer uma omelete recheado com peito de peru e para acompanhar, faço
um suco sabor laranja.
Assisto o jornal da manhã que sempre passa notícias assustadoras do
bairro que me mudei há pouquíssimo tempo, preparo meu café bem farto e
neste momento, silenciosamente faço uma prece a favor dos meus antigos
vizinhos. Que Deus os proteja de tanta violência.
Durante a propaganda volto toda minha atenção para a omelete e até me
divirto com o tamanho família que ele está ficando, pois tenho certeza que vou
acabar engordando se comer tanto.
Enquanto me alimento, a minha mente não para. Me vejo lutando entre a
emoção que me leva a pensar no advogato como o homem maravilhoso que
me deixa de quatro e sobre o que o Dr. Adriano falou sobre a faculdade e eu
sei que tenho uma escolha a fazer, pois estou certa de que posso ser uma ótima
professora ou assistente social.
Em ambas profissões eu sei que vou lidar com pessoas e ajudar o
próximo, sendo que como professora vou fazer a base para o futuro do aluno e
como assistente, com o presente de quem precisa de um socorro muitas vezes
urgente.
Quando termino de dar a última garfada ainda estou indecisa, o que me
deixa um pouco contrariada, mas não tenho tempo de protestar, pois ouço
batidas na porta que me fazem sair do meu mundinho. De forma apressada
bebo o pouquinho de suco que ainda está em meu copo, deixo os utensílios
sujos no balcão, corro em direção a porta e antes mesmo de olhar no olho
mágico para ver quem é, ouço a voz da dona Maria que se identifica.
Abro a porta animada por vê-la tão cedo e de imediato ganho um abraço
acolhedor.
— Nossa, que cheiro maravilhoso é esse, Carla?
Dona Maria brinca e coloca a mão na cintura enquanto conto que acabo
de comer uma omelete gigante.
— E estava delicioso.
Ela me dá um tapinha no quadril, passa por mim e se senta no sofá.
— Pelo menos não vou mais me preocupar com você parecendo um
nabo. Agora me conte sobre o jantar, fiquei curiosa quando fui na sala e não te
encontrei mais.
Meus olhos ficam marejados na mesma hora e por dois motivos. Um
pela lembrança maravilhosa de ter o advogato só para mim, me servindo
naquela mesa enorme e me ajudando com suas propostas de estudo e emprego
e o segundo por me lembrar do que ouvi seus pais falando e eu acabo sendo
bem sincera com dona Maria, com ela eu me sinto sempre muito à vontade.
— Ah menina, eu já imaginava que tanta atenção do doutor poderia te
deixar assim.
Ela fica me encarando e eu sem saber o que falar.
— Não se preocupa dona Maria, eu sei o meu lugar.
É o que eu consigo pronunciar bem baixinho.
— Não nasci ontem, vejo sentimentos pegando fogo nos seus olhos
quando você fala dele, a paixão já te pegou com força.
Ela gargalha enquanto eu fico encabulada, do que adianta se tudo isso só
acontecer comigo?
— Ora, não exagere dona Maria, quem sou eu para ter algum tipo de
sentimento ou desejo? Sou uma simples empregada. Nunca que chegarei aos
pés da dona Patrícia.
Maria levanta e vem em minha direção, daquele jeito que as mães fazem
com seus filhos. Fico tentada a correr.
— Não fale besteira, ou vai me deixar contrariada, pois eu achei que
você tinha um cérebro. E outra, se Adriano quisesse a riquinha, estava com ela.
Ele também deve te enxergar direitinho e você só precisa ser lapidada.
Lapidada como? Fico pensando mais nem pergunto, pois, o jeito que ela
me olha rouba de mim qualquer resposta.
— T-tudo bem.
— E eu estou aqui por causa da sua lapidação, vá se arrumar que temos
que visitar três faculdades, você já sabe o curso que quer?
Conto para ela as minhas duas opções.
— Eu ia tentar fazer um curso de inglês, para tentar a faculdade de letras
com ênfase na língua inglesa, porque gosto e também por ser um curso mais
em conta, mas também sou apaixonada pela área de assistência social, me
encantei quando conversei com uma assistente no hospital que minha mãe
ficou internada.
Dona Maria aperta minhas bochechas e me dá um sorriso acolhedor.
— Então, é esse curso que você vai fazer. – Caralho, o doutor vai me
achar uma exploradora e eu conto meus receios a dona Maria. — Minha filha,
eu sei que mil reais é um dinheiro alto para nós, mas para o doutor não é nada,
vá por mim, ele quer te ajudar, assim como ele ajuda várias instituições, aceite
de bom grado e seja uma ótima funcionária para ele.
Tento argumentar em vão, Maria me aconselha sempre a estudar,
aproveitar a caridade e ir pagando aos poucos com meu trabalho, ela faz
questão de me lembrar que ele fará um contrato e enquanto ainda vou
internalizando suas palavras, vou me arrumar, pois tenho poucos minutos para
sair.
Depois de um banho rápido, como sempre, fico no dilema sobre o que
vestir, penso na mistura de roupas que fiz na noite anterior e tento usar a
mesma fórmula. Para as visitas nas instituições, escolho uma calça jeans
surrada, uma blusa vermelha de um ombro só e uma sandália de uns dez
centímetros de altura bem delicada com tirinhas branquinhas.
Para o rosto, busco a alternativa de uma maquiagem leve, um brilho
labial e para concluir, passo um tiquinho de perfume. Pelo o que vejo, não vou
pagar nenhum mico. Assim espero.
Olho no meu celular que já estou cinco minutos atrasada, então saio em
disparada em direção à frente da casa e antes de chegar, vejo Adriano todo
lindo vestido formalmente, recebendo a chave do carro dele de um funcionário
que ainda não conheço.
Poxa! Sei que é demais sonhar com este ser tentador, mas é impossível.
— Carla? Se continuar assim, vou te dar um babador.
Dona Maria me tira dos meus devaneios e eu nem tenho como negar que
estava babando.
— Juro que não vai precisar.
Digo enquanto ela me olha dos pés à cabeça.
— Ontem, deu certo a mistura das roupas, mas esta calça está um
desastre, parece que você caiu em uma ladeira de dez quilômetros e ralou o
tecido em todo percurso. Não tem outra melhorzinha?
Sinto minhas bochechas tão quentes que estou com certeza concorrendo
com o tom vermelho da blusa e nesta disputa eu ganho.
— N-não.
Minha voz quase que não sai e dona Maria continua me olhando.
— Isso nós vamos ter que resolver, mas por hoje vai servir.
Ela me dá a mão e nós entramos em um carro que muito lembra o que
Barreto, o motorista da dona Dorothy dirige. Merda, eu nem gosto de me
lembrar dele.
Capítulo 9
O percurso que fazemos, me leva a crer que estamos indo em direção a
bairros nobres e em minutos, chegamos à frente da FAEAH, faculdade de
ensino das áreas humanas.
— Tem certeza que vamos parar aqui?
Minha incredulidade se dá ao fato de estar em uma das melhores
faculdades.
— Claro que sim, o doutor me passou hoje bem cedo os lugares mais
confiáveis de acordo com ele.
Como assim?
Desço do carro sentindo minhas pernas até trêmulas do nervosismo que
me dá. Nos meus devaneios eu ia fazer algo do tipo bem EAD naquelas
faculdades que tem seis meses de aberta.
Na entrada, uma jovem muito educada nos recebe e nós fazemos o tour
pelo Campus maravilhoso de tirar o fôlego, eu nunca vi cadeiras confortáveis
na minha escola, muito menos ar-condicionado em salas de aula. Fico
encantada.
— Aqui, nós temos os melhores mestres, todos os nossos cursos são
aprovados pelo MEC, aqui senhorita, você terá o melhor ensino, eu espero que
goste do que podemos oferecer.
Nossa! Ela ainda tem dúvidas? Abro um sorrisão para dizer que aceito,
mas dona Maria praticamente me atropela.
— Carla vai analisar as outras duas faculdades que vamos visitar e só
depois tomará sua decisão.
A garota aperta nossas mãos e nós vamos para saída.
— Dona Maria, eu amei esta faculdade.
Ela me dá uma piscadela.
— Eu também, mas como pode dizer que essa é a melhor se nem viu as
outras?
Nisso ela tem completa razão. Eu preciso conhecer as próximas opções.
Durante a manhã, visitamos mais duas faculdades que me deixa ainda
mais indecisa, pois todas as três têm o curso que quero com aulas presenciais
na maior parte do tempo e ambas oferecem aulas práticas em clínicas e
escolas.
— Já sabe qual vai querer minha filha?
Enquanto estamos indo para o shopping almoçar, dona Maria tenta me
fazer decidir.
— Eu acho que estou vivendo a definição de tanto faz, prefiro a que fica
mais perto de casa e que os alunos tiveram as melhores notas nas provas do
MEC. Quero a FSDH, mas com o preparo que eu tenho, acho melhor estudar
para as três e rezar para passar em uma.
— A faculdade social de humanas é uma ótima escolha e tenha calma,
Deus está no controle.
Ela começa a escrever uma mensagem no celular e eu volto a olhar para
rua.

Chegamos no shopping mais chique da região, o Cidade Sul, o motorista


como sempre, elegantemente abre a porta para nós duas apesar de sermos
funcionárias do advogato assim como ele é.
Ao entrarmos no estabelecimento, sinto vergonha da minha calça que
achei que a blusa vermelha encobriria a pobreza, mas tento abstrair e fazer
carão de "estou na moda".
Como dona Maria e eu estamos famintas, seguimos para praça de
alimentação mais chique e ela escolhe um restaurante bem reservado, daqueles
que nem parece ser de shopping.
— Tem certeza que vamos almoçar aqui? Podemos comer um sanduiche
no Subway.
Ela levanta seu olhar para mim, daqueles que diz "não me contrarie", me
dá a mão, acena para uma moça da recepção e nós entramos.
— Hoje é nosso dia de princesa, Carla.
Ora, se ela quer um dia de princesa, quem sou eu para contrariar? A sigo
pois já percebi que dona Maria gosta de mandar.
Me permito pela primeira vez não andar de cabeça baixa, tento me portar
de igual para igual com as pessoas presentes no espaço, nos sentamos em uma
mesa na lateral, fazemos o pedido e enquanto aguardamos, jogamos conversa
fora.
— Esse shopping é lindo e esse restaurante também.
Não posso deixar de comentar.
— Nosso patrão é dono da rede deste restaurante, ele é advogado, porém
apesar de jovem, sabe investir bastante para multiplicar o seu império. – Meus
olhos ficam arregalados e ela continua. — Mas também é um rapaz bondoso,
tenho carta branca para vir aqui com minha família quando estou de folga.
A sorte é que não estou comendo, pois pelo o que sei, a rede dos
restaurantes Feed Yourself está espalhada por todo Brasil.
— Nossa, eu não esperava.
Somos interrompidas por um jovem que nos serve um delicioso lombo
com legumes e pelo o que estou vivendo, além de digerir a comida, tenho que
também absorver a mais nova informação sobre o doutor.
Quando o rapaz se afasta, dona Maria e eu nos deliciamos com o prato,
confesso que como bem devagarzinho, pois de tão delicioso que está, não
quero que acabe.
— Quer alguma sobremesa, Carla?
Ahhh, como não? Escolho um pudim de iogurte com calda de frutas
vermelhas e por sorte, o rapaz traz a minha porção bem generosa.
— Que delícia!
Chego a fechar os olhos quando o último pedacinho passa por minha
língua e se dissolve em minha boca.
— Desde quando aqui é tão mal frequentado?
O sabor da sobremesa se torna amargo em minha boca, abro
rapidamente meus olhos e vejo dona Dorothy acompanhada da sua filha,
Patrícia.
— Pois é, mãe. Se bem que, para quem não sabe que ela é uma
empregada, a minha blusa que a senhora doou até que disfarça bem.
Maria revira os olhos.
— Para damas da alta sociedade, vocês duas são bem mal-educadas,
falam alto chamando atenção e estão nos importunando enquanto almoçamos.
Dona Maria rebate a ofensa, elas vão embora enquanto eu me sinto
péssima por estar usando as roupas de quem tanto me humilhou.
— Não fica assim, Carla. Nós não passamos vergonha e sim elas duas
pois fizeram acepção de pessoas e tentaram nos humilhar.
Volto meu olhar para minha mais nova amiga.
— Eu sei, a senhora tem toda razão. É que não entendo o motivo da
dona Dorothy me humilhar tanto, na verdade ela sempre teve um
comportamento dúbio, hora me tratava bem e no mesmo dia vinha com pedras
em minha direção.
Dona Maria fica pensativa e volta a atenção para o celular, pelo o que
percebo ela recebe uma mensagem.
Como não precisamos pagar a conta, sou convidada para um passeio no
shopping, andamos pelos corredores onde estão localizadas as roupas mais
chiques, só paramos pelo bipe do celular da dona Maria e pelo o que vejo,
avisa que mais uma mensagem chegou.

Adriano Albuquerque

Durante a manhã, converso juntamente com meu pai, com mais um


cliente que sempre nos rende muito lucro por ser dono de uma rede nacional
de loja varejista de moda feminina.
A conversa informal de apenas uma visita banhada a um espumante de
alta qualidade nos rende momentos até descontraídos, onde relembramos
alguns casos de tentativas de golpes que a rede sofreu e nos divertimos
bastante com a facilidade dos casos.
Como combinado pela manhã com Maria, recebo informações sobre a
escolha de Carla em relação a faculdade e um ar de satisfação brota em meu
rosto. Me sinto bem ao proporcionar para ela tal conforto e respondo a
mensagem informando que está tudo certo.
Após um bom tempo, meu celular mais uma vez vibra na mesinha de
centro, disfarçadamente olho a mensagem e o que leio me deixa com sangue
nos olhos.
"Enquanto estamos aqui no seu restaurante, encontramos a
antiga patroa de Carla e sua filha e eu estou arrasada. Acredita que
Carla acaba de ser humilhada por estar vestindo as roupas doadas
da tal Patrícia? Adriano meu filho, isso não está certo e o pior, já
olhei todo guarda-roupa da sua protegida e ela não tem o que vestir.
Será que não seria possível um adiantamento? Carla precisa de
pelo menos o básico."
Puta merda! Carla mais uma vez sendo humilhada? Peço licença para
meu pai e cliente, vou até o corredor para tentar me acalmar e digito a
resposta.
"Leve Carla para as MELHORES lojas, compre
absolutamente TUDO o que ela precisar, dos calçados as lingeries,
não poupe dinheiro, e quando terminar as compras, apenas me
avise quais são os estabelecimentos, meu cartão black está à
disposição. Repito, não poupe dinheiro. Se precisar de algo, compre
para você também e quando chegarem em casa, dê um destino a
todas as roupas usadas que ela ganhou."

PORRA! Enquanto Carla estiver sob minha proteção, ela não vai mais
ser humilhada.
Volto para sala depois de me recompor de uma sensação que nunca senti
na minha vida. Não sei que porra está acontecendo comigo, mas de qualquer
forma preciso voltar a ser o Dr. Adriano neste exato momento.
Jogamos conversa fora, que na ocasião já não me prende tanto, meu pai
e eu seguimos para um restaurante para um lanche da tarde informal com
nosso cliente e família e quando enfim começo a me distrair, meu celular volta
a vibrar.
Disfarçadamente abro a mensagem e então tenho certeza que a porra da
sorte está ao meu lado pois eu estou sentado.
Maria acaba de enviar uma foto de Carla vestindo um vestido que abraça
todas as suas curvas que apesar de não mostrar um decote excessivo e nem ser
muito curto, me enlouquece e para completar, ela está usando saltos altos que
deixam suas pernas mais deliciosas.
Puta merda. Sinto meu pau ganhando vida, não consigo parar de olhar
para Carla, amplio a foto para ver melhor seu corpo delicioso e só depois de
um bom tempo noto que abaixo da foto tem uma mensagem.
"Carla não quer aceitar comprar muitas opções de roupas,
acha que está te levando a falência, mas posso lhe assegurar, que
sua protegida precisa de tudo e mais um pouco."
Porra, essa mulher vai me enlouquecer. Qualquer uma no seu lugar
aceitaria todos os presentes e ela simplesmente não.
Peço licença, caminho até uma área mais tranquila e decido enviar
mensagens diretamente para Carla, por sorte consegui seu número com Maria.
“Carla. Obedeça a Maria e compre o que precisar."
Aproveito que estou sozinho, abro novamente a foto e fico olhando a
beleza que me enlouquece em todos os sentidos. Até que noto que chegou mais
uma mensagem.
"Obrigada pelos presentes. Eu nem tenho como agradecer por
tudo de verdade, mas Maria quer que eu compre a loja toda e
definitivamente eu não preciso de tanto. Pelo o que sei, futuramente
só vou para faculdade e trabalho, para que tanto? Eu nem tenho um
namorado para ter para onde sair."
Porra e se tivesse eu enlouqueceria. Puta merda, não posso imaginar
Carla dando a bocetinha para outro homem. E que pensamento de merda é
esse? Ela não é minha.
"Vou escolher o argumento da Maria em relação as suas
necessidades. Sobre o namorado, você não necessita de nenhuma
distração agora, tem que apenas estudar e trabalhar. Escolha as
roupas e tudo o mais que você precisar."
Envio a mensagem e fico sem acreditar no que acabo de escrever para
Carla. Porra, ela vai pensar que sou um patrão controlador. Mas a verdade é
que não consigo pensar na hipótese sem me sentir angustiado.

"Nossa, o senhor é muito mandão Dr. Advogato,


mas eu sei do que preciso e não é da loja toda."
...

"Advogadooo***"
...

"Corretor infeliz, que vergonha!."

Três mensagens chegam de vez no meu celular e apesar da teimosia de


Carla, eu gargalho com o conteúdo. Será que ela me chama assim nos seus
pensamentos? Advogato? Interessante... Resolvo me divertir.
"Advogato?"
Nem um minuto se passa.
"Foi o corretor..."
Mais uma vez sorrio e respondo:
"Que corretor viciado, Carla."
Espero um minuto... Dois minutos, fico louco para saber sua reação.
"Esquece isso, já fiquei toda vermelha de tanta vergonha."
Puta merda, fico louco para vê-la toda vermelhinha.
"Jura? Isso eu queria ver."
Envio a resposta estando completamente empolgado com o momento.
Sei que ultrapassei o limite, mas é mais forte do que eu.
Cinco minutos passam, percebo que ficarei sem resposta, levanto-me
para voltar para mesa que praticamente esqueci e meu celular vibra mais uma
vez.
PORRA!
Fico paralisado com o que vejo. Carla acaba de enviar uma selfie com o
rosto bem corado, dentro do provador e pelos ombros despidos, eu imagino
que ela está sem roupa.
Puta merda!
Volto a me sentar tendo a certeza que estou enlouquecendo, tento
abstrair a porra do meu pensamento e então respondo.
"Só perdoo o "advogato" se você obedecer a Maria.
Obs.- Você sempre fica corada quando sente vergonha,
percebi no jantar. Boas compras, Carla. Preciso voltar para o
almoço."
Levanto-me, faço o caminho até a mesa, peço desculpas pela demora,
invento uma história qualquer para justificar a minha ausência, solicito uma
sobremesa para acompanhar os demais e mais uma mensagem chega.
"Eu fico corada por muitas coisas, não apenas por vergonha.
Minha pele branquinha entrega muito. Bom apetite, Dr. Adriano.
Obs.- Eu não vou obedecer a Maria."
Puta merda... Então Maria obedecerá a mim.

Carla Dantas
Quando termino de enviar as mensagens, ainda estou sentindo minhas
pernas trêmulas dentro do provador. O que eu fiz? Aonde estava com a
cabeça? Primeiro eu o chamo pelo apelido que dei e depois envio uma foto?
—Ele é impossível, Carla.
Sussurro baixinho enquanto olho-me no espelho e me vejo
completamente vermelha, vestindo um tomara que caia preto que me deixa
bastante sensual. Será que o Dr. Adriano ia gostar de me ver assim?
Meu cristinho, no que estou pensando?
—Carla? Vai morar no provador, minha filha?
A voz da dona Maria me tira dos meus devaneios, deixo meu celular no
puff e abro a porta.
—O que achou do vestido?
Dou uma voltinha para não encarar o olhar curioso da minha amiga.
—Ora, ele é ideal para um sábado à noite, uma ótima roupa para sair
com seu namorado.
Não consigo conter meu divertimento e volto a olhá-la.
—Eu não tenho namorado.
Recebo dois tapinhas de leve no braço, como em um ritmo de
brincadeira.
—Ahhh! Ouça a voz da experiência, tudo pode mudar menina.
E eu bem sei o quanto, minha vida já deu várias reviravoltas.
Enquanto ouço o sermão por causa da quantidade de roupas que quero
comprar, o celular da dona Maria toca mais uma vez, ela se afasta, aproveito a
oportunidade, acerto com a vendedora apenas a compra de três calças que
muito serão úteis para ir a faculdade, três vestidos incluindo o preto, seis
blusas, uma bota para o tempo frio, uma sandália alta e uma rasteirinha. Tenho
certeza que conseguirei fazer várias combinações.
—Tem certeza que só vai comprar essas peças?
A vendedora simpática fica me tentando a comprar mais roupas, mas não
serei eu a explorar quem tanto me ajuda, a verdade é que o advogato já fez
demais e mesmo o pouco que escolhi, levarei mais de um ano para pagar.
Volto para o provador para vestir minha roupa, ao terminar, vejo dona
Maria conversando com a gerente e depois ela vem ao meu encontro
parecendo estar bem feliz.
—Vamos para próxima loja?
Sou surpreendida pela pergunta.
—Já compramos bastante, não é necessário.
Ela gargalha e como sempre, coloca a mão na cintura, eu já sei que lá
vem sermão.
—Minha avó dizia que uma mulher não poderia sair de casa com os
panos debaixo acabados. Agora passe aqui na minha frente, nós precisamos
comprar umas lingeries, roupa de dormir, de banho.
Meus olhos dobram de tamanho.
—Não, que vergonha. Vai na fatura do doutor que comprei roupas
intimas, depois eu mesma compro, sei onde vende umas bem em conta e de
qualidade.
Maria me dá a mão e demonstrando conter um sorriso, me arrasta pelo
shopping, até pararmos na frente de uma loja onde vende umas calcinhas mais
caras que uma blusa.
—Pelo amor de Deus, olha os preços. Lá no bairro que morava, com o
valor de uma dessa eu compraria pelo menos umas dez.
Sussurro tentando disfarçar por causa das vendedoras.
—Carla, escolha o básico então e pelo menos vá provar os baby dolls,
aquilo que você usa para dormir está o fim de carreira.
Morro de vergonha, protesto bastante, sem ter para onde correr, escolho
três conjuntos de calcinha e sutiã bem básicos e confortáveis, uma camisolinha
com a Minnie na frente e um baby doll preto e branco de seda e renda por
insistência da mandona da minha vida, Maria.
Quando saio do provador, a vejo guardando o celular e no seu rosto
quase aparece a legenda, "estou aprontando todas", com gestos, ela me pede
para esperar e vai conversar com a gerente. Mesmo estando curiosa, aguardo o
momento de me aproximar e quando é permitido, ela verifica as horas e me
informa que já vamos para casa. Pois ela precisa ver se a assistente de cozinha
está fazendo tudo como acertado.
—As compras serão entregues ainda hoje, minha filha.
Nossa! Eu acho a coisa mais chique do mundo, comprar e nem precisar
carregar as sacolas, mas guardo o meu deslumbramento para mim.

Após aproximadamente trinta minutos em um trânsito pesado,


estávamos em casa. Apesar de ser quase o final da tarde, para minha surpresa a
área da piscina estava relativamente cheia de jovens que parecem ter entre os
vinte e vinte e cinco anos. Me sinto supertímida por ter que passar entre eles,
então vou pela lateral, de certa forma andando rápido para diminuir a chance
de ser vista e por sorte, não sou notada.
Para meu alívio, chego na frente da casa, abro a porta na velocidade da
luz e respiro fundo quando me sinto segura e protegida pelas paredes.
Como estou um pouco suada, tiro minha roupa, tomo uma ducha, ainda
enrolada na toalha vou para a cama e resolvo olhar algumas apostilas no
Google para que eu possa estudar para o vestibular que apesar de ser de uma
faculdade particular, tem concorrência de sete alunos para um. Eu não posso
me dar o luxo de perder e por sorte alguns assuntos ainda estão frescos em
minha memória.
Após baixar algumas apostilas licenciadas e gratuitas, vou olhar algumas
fotos, vejo a que mandei para o advogato, divirto-me com isso até que meu
celular que não é dos melhores, começa a descarregar.
Ainda pensando na foto enviada, minha mente me leva até a lembrança
dele na frente de casa pela manhã, todo lindo como um advogado, meu corpo
ao pensar nele, reage e eu já sei onde vai me levar toda excitação. Mordo os
lábios, sinto-me daquele jeito, fecho os olhos para imaginá-lo bem perto,
suspiro e ouço batidas na porta que me faz tomar um susto tão grande que pulo
da cama.
—Já vai.
Grito, para quem seja lá que for me ouça, visto um vestido de malha, o
primeiro que encontro e corro para entrada.
O choque que levo é tão grande que tenho sorte por estar segurando na
maçaneta da porta.
—Carla Dantas?
Uma jovem bem arrumada com um tablet na mão, vestindo uma calça
social e blusa com o nome do shopping bordado, me pergunta, assinto quase
que automaticamente que sou eu.
—Ótimo, temos essa entrega para senhora.
De que eu ia receber as compras em casa eu já sabia, só não tinha noção
que seria o shopping todo.
Primeiramente dois rapazes entram, cada um segurando pelo menos uma
pilha com cinco caixas de sapato e outros três com mais de dez sacolas em
cada mão.
—T-tem certeza que isso tudo é para mim?
A jovem abre um sorriso elegante e entre o tablete e uma capa protetora,
retira um cartão que em seguida me é entregue.
—Tenho absoluta certeza, Carla. Tenha um feliz Natal.
Desejo o mesmo para equipe, fecho a porta, caminho para o sofá quase
tendo que escalar por cima da quantidade de caixas e sacolas, sento-me e com
as mãos trêmulas abro o cartão.
"Eu disse que era para me obedecer. Guarde todas as suas
roupas antigas, Maria vai passar aí mais tarde para se certificar
que você agora só tem roupas novas.
Obs.- Carla, eu sei que você está vermelha.
Att,
Adriano A."
Capítulo 10

Adriano Albuquerque

"Adriano,
Estou enviando esta mensagem para avisar que, a minha
parte estou fazendo, tentando aqui de todas as formas fazer com que
Carla compre as roupas e as demais coisas que necessita. Mas ela é
bem decidida e não aceita.
Obs.- Só não envio a foto da lindeza, porque no momento, ela
veste um baby doll preto e branco, com detalhe de seda e renda...
E não pode. Estou certa?
Maria."
Na mesma hora minha mente me leva para a mulher que é dona dos
meus pensamentos desde que a conheci. Ela deve ficar linda vestindo apenas
u m baby doll. Em um esforço quase sobre-humano tento disfarçar minhas
divagações, bebo um pouco de água, volto a conversar com meu pai e nosso
cliente, entre uma frase ou outra jogada no ar, respondo a mensagem de Maria
e ordeno mais uma vez que ela peça as vendedoras para selecionarem tudo o
que existe de melhor.
"Maria, também preciso que um bilhete seja entregue para
Carla, junto com as roupas. Me envie o contato do setor de entrega
do shopping, por favor.
Adriano."
Clico em enviar e inevitavelmente imagino Carla ao receber as compras.
Porra, ela vai ficar toda vermelhinha, eu definitivamente queria ver. Este
pensamento me diverte. Merda, quanto mais tento me afastar, mas me sinto
preso.
O almoço termina, sigo com meu pai até meu carro, assim que entramos,
recebo a nova mensagem de Maria com o contado da equipe de entrega e de
imediato, envio o que quero no conteúdo do bilhete.
—Adriano?
Volto minha atenção para meu pai que não disfarça a sua curiosidade.
—Diga Dr. Albuquerque.
Respondo com o humor que sempre existiu entre nós.
—Eu te conheço, você é meu filho. O que está acontecendo? Hoje te vi
um pouco desconcentrado, se retirou da mesa em pleno almoço, e sua atenção
até agora está no celular que você olha a cada minuto. Por Deus, só não me
diga que é alguma mulher indevida?
Porra. Será que fui assim tão transparente?
—Não pai, eu que sou indevido.
Meu pai gargalha e me dá dois tapinhas nas costas.
—Me diga, qual homem não é indevido, até encontrar a mulher certa?
Eu também achava que não merecia a sua mãe. – Ele pausa por um momento
enquanto observa a minha reação. — Me diz, por um acaso a dona dos seus
pensamentos é Patrícia? Sua mãe e eu aprovamos muito e sua irmã também.
Ligo o carro e enquanto dirijo para empresa, explico para meu pai que
entre Patrícia e eu, não existe a possibilidade. Que apesar de notar a sua
beleza, não existe química e isso é importante para mim.
Meu pai parece entender o meu lado, fico bastante aliviado por ser
compreendido, porém ao longo do caminho, ele me dá uma informação que
me deixa bastante preocupado. Patrícia está em minha casa, com minha irmã
em uma festinha na piscina.
Puta merda, eu tenho que avisar para Maria. Dirijo o restante do
percurso com este pensamento, mas ao chegar na empresa, mais um cliente
nos espera e dada a urgência, eu não consigo mais nem olhar a tela do celular.
Durante uma conversa maçante com um cliente importante e duas
reuniões de última hora daquelas que precisam a todo momento da minha
atenção, a noite chega.
Entre o elevador e a garagem, verifico meu celular, para meu desgosto, a
bateria já era e eu não tenho ideia do que pode ter acontecido durante toda
tarde. Só espero que Patrícia não tenha se aproximado de Carla para insultá-la.

Ao chegar em casa, meu pai vai ver minha mãe, não vejo sinais da festa
o que me deixa de certa forma aliviado, pois significa que Patrícia
provavelmente já foi embora. Como da porta da cozinha eu consigo ver a casa
da piscina, vou até lá para conseguir notícias e por sorte encontro Maria que
com um ar de felicidade imensa, me conta que Carla ficou bastante
emocionada com os presentes, mesmo entre protesto, achando que tudo foi um
grande exagero.
—Acreditei quando você me disse que ela precisava de roupas.
Justifico e caminho até a porta para ver se de longe vejo algum
movimento. Mas não vejo absolutamente nada.
—Sim, mas não precisava comprar a loja inteira. As vendedoras se
aproveitaram quando informei que era para Carla renovar o guarda roupa. Fora
as lingeries belíssimas, enviaram umas tão ousadas que Carla pareceu um
tomate quando viu as peças. Será que ela vai usar?
Ela gargalha, me dá uma piscadela e eu sorrio.
—Maria, conte-me os seus planos.
—Juro que não tenho nenhum, só acho que você não vai resistir aquela
garota, seus olhos brilham quando conversamos sobre ela.
Divirto-me com a constatação de Maria e volto a olhar a casa.
—Pelo jeito, Carla já dormiu.
Minha amiga olha para o relógio de pulso.
—Acho que não, ela me disse que precisava estudar para o vestibular.
Fico contente com o que ouço, termino de beber a água, levo o copo até
a pia e beijo Maria na testa.
—Amanhã à tarde, você pode acompanhá-la até a empresa? Quero que
Carla assine o contrato que não será de estagiária, como ela ainda não está
estudando, terei que fazer um contrato de assistente.
Maria confirma que pode, informo que vou tomar uma ducha e que em
pouco tempo volto para fazer um lanche.
Subo as escadas dividido entre dois sentimentos, sinto falta de ter
notícias de Carla, ao mesmo tempo que estou feliz por ela estar estudando, isso
me deixa ainda mais satisfeito, sei que não fiz minhas apostas na pessoa
errada.
—Ah Carla.
Sussurro seu nome enquanto abro a porta do meu quarto e dou de cara
com minha irmã, sentada no tapete, assistindo TV e comendo pizza.
—Até que enfim você chegou meu irmão preferido, mas ainda bem que
estou sentada, pois tenho certeza que ouvi você sussurrando o nome daquela
garota. O que estou perdendo?
Minha única irmã levanta, vem ao meu encontro e me abraça.
Conto para ela resumidamente a forma que conheci Carla e como em
menos de uma semana a garota me fez fazer coisas que jamais faria para uma
outra mulher, como por exemplo abrir minha casa.
—Ela me faz agir assim, só penso em protegê-la e de certa forma mudar
seu futuro.
Bruna suspira parecendo angustiada.
—Você é um anjo, meu irmão. – Ela caminha de um lado para o outro
parecendo estar bastante pensativa. —Eu te entendo, apesar de achar um
exagero a quantidade de roupas e sapatos que ela ganhou hoje, eu vi tudo
quando estava na piscina. Eu sei que você tem esse lado social de querer
ajudar, só que ela é muito linda para seus pensamentos ficarem apenas focados
na caridade, não é?
Bruna vai direto ao ponto e eu gargalho.
—Acho melhor comermos uma pizza, estou faminto e o dia não foi nada
fácil.
—Maninho, você sabe meus motivos, em nossa posição, infelizmente
atraímos bastante gente que só quer nosso dinheiro, eu me preocupo com você,
não quero que o mesmo lhe aconteça. Lembra do estagiário que namorei?
Bruna me lembra de um momento complicado que ela viveu, que
infelizmente eu vivenciei e não consegui evitar. O rapaz tinha uma namorada
que consentia todo plano de golpe do baú, e mantinha um relacionamento com
minha irmã apenas por interesse. Eu entendo a sua preocupação apesar de
saber que Carla é diferente.
—Não se preocupa comigo, até porque ela será nossa funcionária e você
sabe a nossa política na empresa. – Ela sorri parecendo estar mais tranquila. —
Agora vamos jantar? – Trato de mudar rapidamente de assunto.
Ela finalmente assente e como antigamente, sentamos no tapete e nos
alimentamos.
Por volta das vinte e três horas, fico sozinho, coloco meu celular para
carregar enquanto tomo uma ducha relaxante e após terminar, visto uma calça
flanelada bem confortável.
Assim que me deito, ligo o celular, ansioso para ver se encontro alguma
resposta e por sorte, Carla não me decepciona.
"Confesso que estou até agora sem acreditar em tudo o que
estou vivendo nos últimos dias. De uma hora para outra minha vida
mudou e eu devo isso ao senhor que mesmo sem me conhecer
direito, me ajudou.
Como posso te agradecer?
Esta pergunta ficou rondando meus pensamentos a tarde toda
e cheguei à conclusão que não tenho nada para lhe oferecer, mas
sei que preciso ser a melhor guelzinha da sua empresa e tirar as
melhores notas na faculdade, para que todos os seus gestos não
sejam em vão. Não imaginava que alguém poderia ser tão bondoso
comigo, eu não vou te decepcionar.
Obrigada, Dr. Adriano.
Beijos,
Carla.”

Carla Dantas

Cinco dias, há menos de uma semana conheci o advogato e ele


simplesmente fez meu mundo girar de tal forma que ainda sinto meu corpo
cambaleando por causa da velocidade da mudança de mundos e perspectiva de
um futuro melhor.
Minha mente está um turbilhão de emoções, não penso que estou assim
só por causa dos presentes, novo emprego e faculdade. Vai muito além. O Dr.
Adriano me faz sentir em um conto de fadas, cuidada e este sentimento bom de
ser protegida, eu só havia vivenciado com minha mãe.
Ahhh! Ela tinha tanta certeza com sua fé inabalável que minha vida ia
mudar que às vezes a sinto bem perto sussurrando no meu ouvido um "Eu
disse".
Com um misto de alegria e tristeza por não a ter mais, meus olhos ficam
marejados enquanto um sorriso bobo brota em meus lábios e minha mente
volta a focar nele. Em Adriano.
Será que ele leu a minha última mensagem, já faz tanto tempo que enviei
e ele não respondeu. Será que foi porque na minha empolgação, mandei um
"beijo" no final?
Esse pensamento faz meu rosto queimar de vergonha e eu gargalho com
isso, pois me lembro que ele sempre cita o quanto eu fico corada.
Suspiro, levanto-me da cama onde está meu celular com uma apostila
aberta e um antigo caderno do terceiro ano, vou até a cozinha, encho um copo
com água bem gelada e bebo demoradamente, pois tenho que voltar a me
concentrar e estudar, pois não posso de maneira alguma perder no vestibular.
Eu quero muito que o Dr. Adriano sinta orgulho de mim.
No caminho para o quarto, fico tentada a sair até a varanda para ver se o
vejo, pois não o vi durante todo dia apesar de estar tão perto. Mas a razão me
leva novamente para urgência do momento. Os estudos.
Entre a pequena tela do meu celular e meu caderno antigo, as horas vão
passando, meu corpo vai relaxando, levanto-me quase me arrastando, vou até a
suíte e após fazer a minha higiene bucal, resolvo apagar a luz e dormir, mas
antes, volto a olhar o celular para ver se recebi alguma resposta e para minha
tristeza nenhuma mensagem chegou. Só pode ser o destino me avisando que
eu não devo viajar tanto.
Diferente das outras manhãs, não acordo com o costume do horário, nem
com o despertador e sim com batidinhas discretas na porta, chego a me
assustar e quando verifico o celular para ter certeza que não perdi toda manhã
dormindo, vejo que está descarregado.
—Já vai.
Ainda sonolenta, ouço dona Maria se identificando, vou até a porta,
quando abro a vejo segurando uma marmita recheada com um café da manhã
farto.
—Percebi que você cozinha muito bem, mas quis te mimar e acho que te
acordei.
Ela passa por mim com seu jeitão materno que tanto amo.
—Acho que esta é a melhor forma de acordar.
Respondo já pegando um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de
chocolate que na primeira mordida derrete em minha boca me fazendo salivar
de tão delicioso que está.
—Acho que existem maneiras melhores de se acordar, Carlinha.
Ela me dá uma piscadela e eu só queria o chão se abrindo para eu entrar.
—Ahhh dona Maria, a senhora não tem jeito.
Ela gargalha e coloca as mãos na cintura.
—Só digo verdades.
Brincando, escondo o rosto com uma mão.
—Eu imagino.
Minha frase sai abafada e ela caminha até a porta.
—Você vai do arroz branco ao molho de tomate em segundos e isso é
tão divertido.
Eu realmente imagino que seja, muitas vezes a sensação que tenho é que
pareço um detector de mentiras. Sorrio com sua comparação e ela vem ao meu
encontro.
—Preparada para o dia de hoje?
Penso por alguns instantes e ela parece notar a minha surpresa com a
pergunta.
—Já vi que você não viu a mensagem que Adriano passou. Ainda bem
que ele antes de sair, pediu para te avisar.
Fico super ansiosa para ver a mensagem.
—Hoje vou te acompanhar até o escritório, você vai assinar seu contrato,
mas antes, vamos no salão, seus cabelos precisam de um trato, e também as
suas unhas, afinal de contas, você vai trabalhar em um lugar muito chique e
não pode ir de qualquer jeito.
Nisso estamos de acordo, eu bem me lembro da secretária do doutor,
super bem vestida parecendo uma dama da alta sociedade.
—Tudo bem, eu concordo, mas eu posso pagar, tenho minhas poucas
economias.
De forma carinhosa, dona Maria acaricia meus cabelos.
—Mas não vai, guarde suas economias minha menina. Hoje, é por conta
do doutor.
Abro a boca para protestar, dona Maria abre bem os olhos, faz um bico
enorme, coloca as mãos na cintura e balança a cabeça lentamente como se
estivesse me reprovando.
Me deixando sem escolhas, me diz que em uma hora vamos sair, dá
meia volta e me deixa parada no meio da sala.
Aproveitando que estou sozinha, corro para o quarto enquanto a
ansiedade transborda para ver o que ele enviou, conecto o celular no
carregador, segundos angustiantes passam, até que consigo ligá-lo e ler a
mensagem.
"Carla,
Fico feliz por mudar o rumo da sua vida, tenho certeza que
você poderá ser a melhor em tudo o que fizer e eu não me engano
com as pessoas.
Obs.- Amanhã à tarde, Maria irá acompanhá-la para a
assinatura do contrato.
Beijo,
Adriano"

Ah meu Deus! Ele me mandou um beijo? Eu tinha enviado o "beijo" no


impulso, estava morta de vergonha e ele correspondeu?
“Não se ilude, não se ilude.”
Minha mente me repreende, eu não quero, mas Adriano me atrai de tal
forma que não consigo evitar.
Fecho os olhos, respiro fundo algumas vezes, minha mente me leva até
ele, como em uma retrospectiva eu me vejo em seus braços quando nos
conhecemos, sinto-me presa em seus olhos pequenos porém penetrantes, sinto
sua enorme mão em minha cintura, ele me envolve com facilidade, seu cheiro
másculo me detém, imagino seu corpo alinhado ao meu quando fui protegida
em pleno tiroteio, a necessidade de beijar aqueles lábios toma conta dos meus
pensamentos e então abro os olhos sem mais condições de negar o que se
passa comigo.
Têm seis dias que conheço o Dr. Adriano e eu já estou apaixonada por
ele. Não! Isso vai ser meu fim e eu não posso deixar as minhas emoções
comandarem a minha vida, não posso sonhar com este luxo.
Corro para debaixo do chuveiro como se a água fosse capaz de me trazer
de volta a razão, pois perto de Adriano, eu preciso me lembrar a todo tempo
que não estou em uma novela romântica das seis e que o lindo doutor apenas
está fazendo uma caridade ao me ajudar.
"Mas ele mandou um beijo no final da mensagem."
Ahhh! Sério, cristinho? Era o que faltava a minha mente me lembrar dos
detalhes que mais podem me iludir. Estou oficialmente declarada louca.
Mesmo querendo ficar embaixo do chuveiro enorme durante pelo menos
trinta minutos na tentativa de recobrar a razão, fico no banho apenas por uns
cinco minutos, pois não quero abusar da hospitalidade e gastar demais.
Ainda enrolada na toalha, volto para cozinha onde me delicio das
iguarias feitas por dona Maria, será que ela acha que sei cozinhar desta forma?
Acredito que o cheiro da omelete que fiz ontem fez propaganda enganosa.
Ao voltar para a suíte, primeiro escovo os dentes e ao terminar,
lembrando-me do compromisso de ir até o escritório para assinar o contrato,
me vejo com um novo dilema, agora já não sei qual roupa escolher por ter
várias, até me divirto com a situação.
Depois de uns cinco minutos, escolho um par de sandálias de cor nude,
um vestido com estampa bem meiga, acinturado, comportado como a ocasião
pede e ele me deixa bem apresentável de acordo com minha idade. Para o
rosto, faço uma maquiagem leve já que é de dia e para os lábios, uso apenas
um brilho labial.
Vou até o balcão do banheiro, passo um pouco do perfume que ganhei,
ao mesmo tempo faço uma nota mental. Preciso comprar três coisas até
amanhã na véspera do Natal. Um perfume para mim, um presente para Maria e
outro para Adriano, mas o que posso comprar para ele? Um homem que
provavelmente já tem tudo?
Ao verificar as horas, vejo que tenho que ir para frente da casa e
confesso que vou lamentando, pois sei que o doutor já saiu, mas tenho fé de
vê-lo ao menos de longe no escritório.

Ao chegar no salão de beleza que fica no shopping, até sorrio


internamente. Onde estava com a cabeça quando disse a dona Maria que seria
capaz de pagar? Tudo bem que com minhas economias daria para pagar sim,
mas com certeza pelo menos um terço iria embora.
—Dona Maria, tem certeza que vamos ficar aqui?
Ela me olha novamente com aquele olhar de quem dita as ordens.
—Absoluta.
No mesmo instante, uma jovem muito educada vem ao meu encontro,
me leva para uma ala exclusiva onde tiro minha roupa e fico apenas de roupão,
em seguida ela pega um tablet e vai me informando os serviços que vou fazer.
Hidratação, corte, escova, Spa dos pés, mãos, massagem, depilação e
maquiagem para o dia. Fico boquiaberta com o que ouço, peço para resumirem
os serviços, mas descubro que não será possível.
—Eu tenho um compromisso no meado da tarde, será que dá tempo
fazer isso tudo?
A garota sorri elegantemente e me informa que sim, que ainda terei mais
de duas horas de folga até meu compromisso.
E assim segue minha manhã. Depois da depilação que eu não tinha
noção que seria tão íntima, enquanto uma garota faz massagem nos meus pés e
depois trata das minhas unhas, uma outra cuida dos meus cabelos.
Em seguida, uma jovem dá atenção as minhas mãos nada delicadas, um
rapaz supersimpático me ensina alguns passos de maquiagem para o dia a dia e
para minha surpresa, me entrega no final da sessão, uma maleta com todos os
produtos, onde me informa que o mimo faz parte do meu pacote.
—Nossa, eu amei. Só tenho a agradecer.
Divago fazendo umas contas e na minha cabeça acrescento o valor do
mimo, já sei que passarei a vida pagando a Adriano. Quando volto a olhar para
a equipe, noto que todos me olham de tal forma que eu acredito que até eles
estão impressionados com a transformação.
—Foi um prazer, gata. E espero que você volte sempre.
O rapaz diz enquanto eu sei que devo fugir do local por causa do valor.
Logo que fico sozinha, visto minha roupa, coloco meus acessórios básicos,
olho-me no espelho e uau.
— Eu sou uma nova mulher.
Se eu não soubesse do meu passado, e me visse andando por aí, até eu
diria que saí de uma revista.
Segurando minha maleta, volto para recepção praticamente flutuando,
percebo que Maria não se encontra e busco informações com a recepcionista.
—Ela passeou por um tempo no shopping e tem mais ou menos trinta
minutos que decidiu fazer as unhas.
Fico feliz que ela também esteja se cuidando e aproveitando do
momento, peço para que a recepcionista guarde a maleta de maquiagem e vou
comprar o meu perfume e os presentes.
Por não saber muito do gosto de dona Maria, para ela compro um kit na
loja O Boticário, contendo hidratante, sabonete líquido e alguns mimos,
acredito que ela vai gostar.
O perfume da amostra, só encontro em uma loja que vende importados e
para meu quase desespero, um frasquinho custava meus dois olhos, por sorte
consegui uma promoção de cinquenta por cento de desconto em um frasco
onde a tampa estava arranhada e segui para encontrar algo para o doutor.
Depois de entrar em duas lojas onde se encontra uma enorme variedade
de presentes, não acho nada que possa significar tanto. Sem desistir, sigo para
terceira loja, e no final do corredor, vejo o que tanto lembra ele, um sorriso
enorme se faz em meu rosto e parece que não vai mais sair.
—Em que posso te ajudar?
Uma vendedora que já parece um pouco cansada do trabalho se oferece
para me ajudar e eu informo o que quero.
—Só vende o casal, querida.
Fazer o que? Até acho graça, compro o casal e uma caixinha de cor prata
com uma fita azul, acredito que vá ficar bem chique.
Verifico que já se passaram quarenta minutos desde que saí do salão,
apresso meus passos para dona Maria não ficar preocupada, avanço a primeira
ala do shopping sem olhar para os lados, viro a esquerda onde já avisto o salão,
decido dar a volta em uma enorme decoração natalina para pegar o lado mais
vazio do corredor, até que esbarro em um rapaz e quando olho para ver quem
é, sinto o ar sair dos meus pulmões e minhas mãos ficam frias.
—Que delícia te encontrar aqui, gostosa.
Dou um passo para trás para pegar distância e Barreto imita meus
movimentos.
—Deixe-me passar, Barreto.
—Qual é, esqueceu que você me deve uma sentada?
—Sai da minha frente ou eu chamo os seguranças.
Digo em um tom de voz que chama atenção das pessoas.
—Agora que está toda fantasiada de rica vai me tratar assim?
Ele debocha.
—Carla?
Ouço a voz da dona Maria, que vem ao meu encontro, enquanto Barreto
praticamente evapora. Ela me leva até o salão onde sento-me por não me
sustentar nas pernas trêmulas, um funcionário me dá um copo de água e eu
fico esperando a sensação ruim passar.
O susto que levamos é tão grande que minha amiga nem questiona
minha escapadinha e sacolas na minha mão.
— Eu odeio vê-lo.
Sussurro para Maria que acaricia meus cabelos.
—Não é para menos. Aquele homem repugnante já tentou fazer o pior
com você.

Após o almoço, seguimos para o prédio onde funciona a A&A


Advogados. Sinto-me ansiosa por voltar aonde tudo começou, quero vê-lo
mesmo que de longe, mas para minha decepção, logo somos informadas que
Adriano não está.
Natalia, a secretária do doutor, nos encaminha para o setor de Recursos
Humanos, ao chegar uma jovem nos espera, ela nos informa que só está
presente por causa do meu contrato, pois a maioria dos funcionários já estão de
recesso.
Ela me explica sobre o contrato temporário pois para ser colocada como
estagiária, eu precisaria do comprovante de matricula, me diz meu salário de
meio turno que me faz ficar de boca aberta pois é bem melhor do que o valor
que eu recebia na casa da dona Dorothy e faz questão de me explicar as
políticas da empresa, principalmente sobre a questão dos relacionamentos e
após as assinaturas, estamos dispensadas.
Quando voltamos para recepção, encontramos Natália praticamente
desesperada, com uma lista na mão e fazendo ligações, dona Maria como é
curiosa, logo se aproxima e pergunta o que está acontecendo.
—Um cliente, solicitou para amanhã, em plena véspera de Natal, uma
reunião logo cedo. O Dr. Adriano aceitou e agora estou em pânico porque viajo
em duas horas para passar o Natal com minha família e ele ficará sem
secretária. Nessas reuniões informais eu sempre fiquei de prontidão, pois às
vezes algum cliente pede uma água, servimos um coffee break ou o próprio
doutor solicita algum documento e enfim, como ele ficará sozinho?
Natália despeja toda sua preocupação e dona Maria me olha.
—Pode viajar sem preocupação, garota. Carla e eu podemos assumir
este compromisso.
Meus olhos só faltam sair da caixa, como eu ficarei no lugar de uma
secretária?
—Jura? Carla, dona Maria, ficarei bastante agradecida, posso dizer tudo
o que vocês vão precisar para amanhã e não existirá nenhum problema.
Ela nos conta que serão cinco pessoas, dona Maria logo informa que
sabe o que servir no tal coffee break e torna a reforçar que nós duas vamos dar
conta.
Eu já sabia que trabalhar no mesmo lugar de Adriano seria um desafio,
mas começar assim? Ao lado dele? E se eu fizer alguma besteira?
Minha mais nova amiga me pede calma com gestos, enquanto acerta os
detalhes com Natália. Ao ouvir a conversa das duas, fico desesperada para
arrumar uma solução para meu problema de incapacidade para exercer a tal
função do próximo dia, quando elas terminam de conversar, dona Maria me
puxa pela mão e nós duas vamos parar na frente da empresa.
—Dona.
Ela faz aquele carão ameaçador que me paralisa.
—Já disse que vamos dar conta e Natália vai deixar tudo arrumadinho.
Sou observada por seus enormes olhos.
—Você anda muito estressada, Carla. Vou fazer um brigadeiro, isso só
pode ser a falta de um namorado.
Ela me diverte mesmo quando estou em uma tempestade de ansiedade.
—Então faz bastante, porque já tem um bom tempo que não sei o que é
um namorado.
Ela me dá uma piscadela.
—Você deve escolher demais. – Ela dá uma pausa e fica pensativa. —
Se bem que toda mulher deve ser bem criteriosa mesmo, para não namorar
qualquer um irresponsável.
Concordo com gestos e o querido motorista chega para nos pegar, dessa
vez passo na sua frente, abro a porta, não deixo que ele saia do carro, sento-me
ao seu lado e minha atitude acaba divertindo Tomas, um senhor bem
simpático.
—Cansou de ser madame, Carla?
Ele me pergunta ao me olhar.
—Até que não, mas você com certeza cansou de ser motorista de
madame.
Ele gargalha e nós seguimos o caminho.

Quando chegamos, assim como dona Maria havia prometido, ela me


leva para cozinha da casa principal e após lavar as mãos, escolhe os
ingredientes para fazer o brigadeiro mais chique da minha vida, além do cacau
em pó, ela ainda raspa um pedaço generoso de barra de chocolate e começa a
fazer a receita enquanto eu a observo.
—Meus filhos só gostam assim, desde que eu fiz este brigadeiro para a
Srta. Bruna e eles comeram uma parte, ficaram viciados, agora vou te viciar
também, Carlinha. Depois colocarei em três potinhos para você levar para sua
casa.
"Sua casa", acho graça da forma que dona Maria fala em relação a casa
da piscina do Dr. Adriano.
—É tudo tão estranho, apesar de no momento estar morando por lá, eu
sei que é temporário e estou lutando para não me apegar, ainda não acredito
que um homem como Dr. Adriano, fez algo tão lindo por mim.
Maria continua mexendo a mistura dos deuses, abre a boca para falar,
volta a ficar quieta como se estivesse escolhendo as palavras e olha para mim.
— Adriano tem um coração bom, minha filha. Assim como os seus pais,
na verdade a família toda. – Ela sorri ao falar dos patrões. - Sabe como vim
parar aqui com minha família?
—Eu não faço ideia, dona Maria.
Respondo de imediato, ela desliga o fogo, mexe mais algumas vezes
testando o ponto do brigadeiro e me olha parecendo estar emocionada.
—Quando Adriano era novinho, recém-formado, ganhou do seu pai a
sua primeira causa solo, mas como a A&A Advogados é uma empresa que só
tem clientes daqueles bem chiques, meu menino já começou chegando com
tudo, representando a Easy House construtora, atualmente a maior do nosso
estado, mas na época não era tão grande. – Ela abre os braços sem perceber. —
Minha família e eu estávamos pagando nossa casinha há três anos quando um
problema grave de infraestrutura acometeu o pequeno condomínio. Como
estava no contrato a cláusula da rescisão, nós recebemos o valor de volta com
juros, pois alegaram que a área não era boa para construção e que havia tido
um engano em um documento lá que a prefeitura dá, liberando o terreno para
ser construído, acho que chama, alvará. Porém, depois de seis meses, a mesma
construtora anunciou um empreendimento chique no mesmo local e nós, os
antigos moradores descobrimos que na verdade o problema de esgoto não foi
grave, na verdade foi causado, pois a região cresceu bastante e pessoas com o
nível mais elevado que os dos antigos moradores, queriam se mudar para as
proximidades.
Fico boquiaberta com o que ouço e ela prossegue:
—Os antigos vizinhos se reuniram, entramos na justiça, pois
infelizmente muitos voltaram para o aluguel, inclusive eu, meu esposo estava
desempregado e não tínhamos mais renda para um financiamento, nós só não
sabíamos que enfrentaríamos o Dr. Adriano, ele com sangue nos olhos de um
iniciante, representou a construtora com unhas e dentes. A Easy House
conseguiu provas da prefeitura alegando que o problema grave de
encanamento realmente tinha existido e prejudicado a infraestrutura das casas
e que agora já não existia, e resumindo, nós perdemos a causa, mas eu não
desisti.
Ela me passa um pratinho de sobremesa com brigadeiro juntamente com
uma pequena colher e enquanto provo o melhor brigadeiro, continuo ouvindo.
Dona Maria me conta que a tristeza que sentiu ao perder a casa a fortaleceu de
tal forma para lutar por justiça, que com seus poucos trocados, pegou um taxi e
foi até a empresa do doutor.
—E aí? O que a senhora fez?
—Ah minha filha, fui impedida de ir para sala de Adriano, que na
ocasião não era a que você conheceu, mas por um deslize dos seguranças da
empresa, fui parar no estacionamento e aí eu o vi, já no final do dia, a fome
que eu sentia era tanta que quase não conseguia ficar em pé, mas busquei
forças e fui até ele. Confesso que fui grossa, o acusei, o chamei de advogado
do diabo, expus a minha situação, quando estava de alma lavada, o deixei
parado no meio do estacionamento e comecei a caminhar até que senti um
toque em meu braço, era o meu menino mostrando que tinha coração.
Ela me conta que foram parar em um café da esquina da rua da empresa,
onde com calma ela o deixou a par da realidade, em alguns dias ele conheceu
mais moradores que estavam vivendo um terror, como dona Maria. Viu alguns
moradores quase se tornando pedintes na rua e prometeu mudar o rumo
daquelas pessoas.
Se eu já estava apaixonada antes, agora os meus pneus se encontravam
completamente arriados. Saber que o advogato conseguiu financiamento com
subsidio de cinquenta por cento do valor para cada morador com outra
construtora em outro lugar fez meu coração acelerar e então eu comecei a
entender o porquê dele não me deixar na rua.
—E como a senhora veio parar aqui?
Ela levanta as mãos e me mostra.
—Culpa das minhas mãos que fazem as melhores comidas. Na verdade
ficamos de certa forma amigos, em um dia, quando fui vê-lo na empresa, ele
pediu para que eu o acompanhasse até um restaurante chique e eu odiei a
comida, falei que fazia melhor, Adriano me desafiou e eu o surpreendi, saí do
restaurante do bairro que trabalhava, vim morar aqui com meu esposo que é o
faz tudo da residência e com meu filho mais novo que estuda para ser um
advogado assim como Adriano. Minha filha que você conheceu quando foi até
sua casa levar as compras, ela mora na minha casinha que já está quase
quitada.
Fico boquiaberta e meus olhos ficam marejados.
—Então não é só por pena que ele me ajuda tanto.
Ela nega com gestos.
—Não, acredito que foram por três motivos. Primeiro, ele realmente
conviveu com muita gente desesperada por um teto, ouviu relatos tristes de
cortar a alma, viu uma família vítima da construtora construir um casebre em
um terreno impróprio, a chuva levou o barraco junto com suas vidas e ele com
certeza ficou tocado, ele não quis te ver na mesma situação. Segundo, Adriano
viu em você esse desejo de vencer na vida e deu um empurrão no seu futuro,
acredite, a casa da piscina estava fechada há anos, depois de formado ele usou
em algumas festinhas para seus momentos e só, a casa só era mantida limpa
pela equipe da limpeza. Olha, todas as roupas e o salão, não são nada para um
homem tão rico, na verdade eu diria até que é milionário, pois como você sabe,
além da empresa, ele ainda tem alguns empreendimentos.
Enquanto dona maria guarda em três potinhos as porções de brigadeiro,
como mais um pouco o que ela me ofereceu, fico pensando por um momento
no que ela acaba de dizer e percebo que o que ele gastou comigo, é o mínimo
do mínimo, apesar de que para mim foi o máximo.
—Qual o terceiro motivo?
Ela gargalha e fecha os potes.
—Esse ainda vou comprovar, Carlinha. Agora vá para casa que eu tenho
que ver o jantar, vou até chamar minha ajudante.
Ela me entrega os potinhos sem dar espaço para minha curiosidade, os
guardo no saco das compras, dou um beijo na bochecha de dona Maria e vou
para casa da piscina me sentindo bem melhor e tendo a certeza que mesmo em
um mundo tão perverso, boas pessoas existem.
Capítulo 11
Ao chegar em casa, movida pela gula, guardo apenas dois potinhos de
brigadeiro na geladeira, escolho uma colher pequena entre os talheres e vou
para o quarto.
Depois de guardar os presentes, sento-me na cama com meu celular e
brigadeiro, ao me lembrar do advogato, o medo de fazer algo errado na
próxima manhã me acomete então lembro-me do bendito site de pesquisa,
Google.
Primeiro digito "coffe breque" de imediato descubro que a grafia correta
É "Coffee Break" a vergonha que sinto é tanta que agradeço por não ter
testemunhas por perto. Já pensou se alguém vê? O micão que ia pagar nem
cristinho ia deixar passar.
Em seguida vejo o significado, agora já sei que é uma pausa para o café
que as pessoas fazem em meio a uma reunião. Certo, menos uma possibilidade
de pagar mico.
Logo depois pesquiso por vídeos que ensinam como se comportar em
reuniões de empresa, assisto vários, cada um sobre um tema, postura, como me
vestir, comunicação, no espelho treino falar em um tom de voz que me ouçam,
depois vejo como me maquiar.
Depois de três horas mergulhada no youtube, ainda não sei se me sinto
preparada, mas pelo menos sei que amenizei os danos.
—Calma, Carla. Vai dar tudo certo!
Treino mais um pouco minha postura, dicção e para completar, vou
procurar o que vestir e desta vez sem muitos rodeios, sei que preciso usar um
vestido que não tenha estampa chamativa, então escolho um preto e rosa
clarinho de corte reto, que fica um pouco acima do joelho, com uma
manguinha, um decote bem discreto e um par de sandálias de cor preta. Os
deixo separados em um cabide na lateral e fico certa de que estou de acordo
com a ocasião.
Após o final da missão, resolvo tomar um banho de banheira, enquanto
relaxo e brinco com a espuma repito mentalmente várias vezes as dicas
aprendidas no vídeo.
Quando termino o banho, preparo-me para dormir pois tenho que
acordar super cedo e antes faço um lanche, depois de tantas aulas o brigadeiro
já tinha evaporado na minha barriga.
—Carla, olha a hora filha, tem que se arrumar para nossa
ceia.
Minha mãe me dá dois tapinhas no quadril quando passo por
ela na nossa pequena moradia.
—Já vou, mamãe. Calma que dá tempo.
Ela acaricia o meu rosto.
—Sei que sim, mas não podemos nos atrasar para o
aniversário de Jesus.
Acho graça da forma que ela fala, corro para o banheiro,
tomo uma ducha e em meia hora estou pronta, com roupa simples
de casa.
Faltando cinco minutos para meia noite, fazemos nossa
oração e depois, como de costume apagamos a velinha do pequeno
bolo de aniversário natalino que sempre fazemos, mas dessa vez,
algo curioso acontece, minha mãe demora um pouco mais de olhos
fechados e isso chama a minha atenção.
—Mãe?
Ela abre os olhos e me presenteia com seu lindo sorriso.
—Estava fazendo um pedido especial, filha.
—Qual?
Pergunto super curiosa.
—Pedi para que o papai do céu sempre esteja ao seu lado e
que neste novo ano, Ele me dê a oportunidade de resolver umas
pendências para o seu futuro.
—Qual pendência, mãe?
Ela gesticula para o ar e olha para nossa pequena mesa.
—Esqueça, minha menina. Agora vamos cear?
Obedeço por está com fome, mas continuo a me perguntar,
qual pendência?
—Qual pendência, mãe? Qual? O que não sei, hein?
Acordo ao falar sozinha. Meu Deus! Em uma hora minha mãe estava
aqui e agora não? Soluço ao chorar, por ter sonhado de forma tão real com ela,
ou melhor, revivido todo Natal de um ano atrás.
—Ah mamãe, que saudade.
Abraço um travesseiro, quando consigo me acalmar, o despertador toca
me chamando para realidade, levanto-me para desligá-lo e para minha
surpresa, vejo uma mensagem do advogato que me faz sorrir em meio ao caos
só em ver a notificação.
"Carla,
Boa noite.
Bem-vinda a equipe da A&A, agora você já é minha
funcionária.
Atenciosamente,
Dr. Adriano."
Meu sorriso logo vai embora por notar a falta do "beijo", mas lembro-me
que agora ele é de fato o meu chefe e eu devo me comportar como sua
funcionária e assim começo a digitar a resposta.
"Dr. Adriano,
Obrigada pela oportunidade, tenha certeza que farei o meu
melhor. Bom dia.
Atenciosamente,
Carla Dantas."
—Beijo.
Clico em enviar enquanto que sussurrando mando um beijo que ele
nunca vai receber, vou para cozinha, lavo os pratos da noite passada, faço um
lanche bem básico por estar alimentada pela ansiedade da função que terei que
desenvolver e vou me arrumar.

Ao chegarmos na empresa, como já sabíamos, só dois seguranças


estavam presentes, um na entrada e outro assumindo a recepção. Tomas, o
motorista, acompanhado do filho de Maria, vem conosco para sala do
advogato, pois precisávamos montar o pequeno coffee break.
Em pouco mais de meia hora, os rapazes se retiraram, tudo estava quase
pronto, só uns guardanapos precisavam ser dobrados e eu estava
desenvolvendo esta função muito bem e até de forma demorada pois me
distraia.
Estar novamente onde conheci Adriano e sua mão me envolveu me
livrando de uma queda me faz ter vários pensamentos que eu prefiro evitar.
–Carlinha, Adriano chegou, pelo menos é o que parece, pois, o elevador
está subindo.
Termino de dobrar o último guardanapo, o coloco no suporte de vidro,
em seguida presto atenção na contagem dos números no painel do elevador
que já está na metade dos andares.
—Tem certeza que ele aceitou minha ajuda hoje, dona Maria?
Respiro fundo, a ansiedade envolta no medo de errar me deixa com os
lábios secos e mais uma vez faço uma prece silenciosa, pois eu não posso fazer
nenhuma besteira e deixar o doutor envergonhado na frente dos seus clientes.
—Ah minha menina, ele não sabe que será você a ajudante.
—C-como assim?
Viro-me em sua direção de imediato, Maria acaricia meu braço, me
passa um sorriso reconfortante e aponta para o elevador que pelo o que ouço,
acaba de chegar.
—Olha só, é ele mesmo.

Adriano Albuquerque

Depois de dois dias sem vê-la, trocar mensagens comprometedoras


demais para um patrão e uma funcionária, ficar louco para invadir a casa da
piscina para matar a vontade que me norteia, tentar me controlar, enviar na
noite anterior uma mensagem que pareceu mais um lembrete para ficar longe,
a encontro em minha sala, como a visão do pecado.
Carla veste algo que apesar de não mostrar demais, marca suas curvas o
que a deixa mais sexy, seus lábios cobertos com uma cor que me lembra muito
o efeito que eles ficam após serem mordidos e seu cabelo meio preso,
deixando seu pescoço em evidência.
Porra, porra, porra!
Ela vai servir aquele rebanho de homens que não podem ver uma mulher
bonita?
—B-bom dia Dr. Adriano.
Ela parece lutar com seu nervosismo, com certeza não está muito
preparada para função, mas eu ignoro as circunstâncias, me aproximo atraído
por toda sua beleza, enquanto constato que não sei ficar longe.
—Bom dia, Carla.
Nossas mãos se tocam e eu sou surpreendido pela maciez da sua pele.
Não foi assim da última vez e a nova sensação me deixa louco por fazer
carícias que eu bem sei onde respondem.
—Bom dia, meu menino.
Por Deus, eu nem me lembrava de Maria.
—Bom dia, Maria.
A puxo e beijo sua testa enquanto Carla respira tão fundo diversas vezes
que seus seios durinhos sobem e descem. Porra!
—Espero que não fique chateado por eu trazer Carla, ela só vai me
auxiliar.
Maria avisa e eu sei que a única coisa que me deixa chateado nesta
situação toda é saber que não posso estar no meio das pernas de Carla nesta
noite de Natal. Caralho, eu tenho que ser o primeiro a cumprir as regras desta
empresa.
—Claro que não.
Digo de forma firme e vou para mesa de reunião olhar se está tudo certo,
em instantes o cliente e seus acompanhantes chegam. Já fico puto de início,
pois eles a olham como se ela fosse uma nova aquisição de uma obra de arte.
Entre uma conversa e outra, percebo os olhares dos infelizes
direcionados para Carla, até que chega a hora do coffee break.
Puta merda! Eles cercam a mesa como se Carla fosse o lanche exposto,
um deles pede para que ela pegue alguns itens mais distantes provavelmente
para vê-la se inclinando e eu não consigo ver a cena e ficar inerte.
Com passos certeiros vou até Carla, como ela está de costas, posiciono-
me bem atrás mantendo a porra de uma distância segura e sussurro no seu
ouvido:
—Vá para atrás da mesa, Maria assume aqui na frente se algum cliente
precisar de auxílio.
Percebo a respiração de Carla parar no ar, sem me olhar ela diz um sim
bem baixinho e caminha para onde ordenei.
Quando voltamos para mesa, já não tenho paciência para conversar com
os clientes inconvenientes e abrevio o máximo que posso toda reunião.
—Será que você pode me passar o contato da sua secretária, Dr.
Adriano?
Um desgraçado pede e eu me levanto para demonstrar que a reunião
acabou.
—Não.
Respondo com um tom de voz que impõe respeito e aperto a mão de
todos.
Quando o elevador chega, volto a ficar apenas com Maria e Carla.
Minha amiga de longa data começa a guardar os utensílios sujos e restos
de comida em uma caixa em uma rapidez de se admirar com a ajuda da sua
amiga enquanto observo o horizonte ensolarado.
Sinto o perfume de Carla quando ela passa por mim, ela vai até perto do
sofá e começa a tirar as taças usadas da mesa de centro enquanto eu a observo
se inclinando e fazendo seu serviço.
—Adriano, vou levar esta caixa lá para baixo, já limpei a mesa, Carla
fica aqui para guardar as taças e eu volto para ajudá-la.
Enquanto Maria espera o elevador, Carla vai até a mesa principal e
guarda as outras taças de forma cuidadosa, com uma delicadeza que me atrai.
O elevador chega, Maria segue e Carla vem ao meu encontro com seu
jeito de menina mulher, cheirosa, gostosa, linda demais e para perto do sofá.
Porra, não tem mais mãos nos bolsos que escondam meu pau armado todinho
para ela.
— O senhor precisa de algo mais?
Dou um passo em sua direção a olhando diretamente nos seus olhos sem
saber disfarçar.
—Carla, você tem um minuto para pedir o elevador e sair de perto de
mim. Se você não fizer isso, eu vou provar desses seus lábios que me
atormentam desde que a vi pela primeira vez, você não vai querer parar e eu
sou seu chefe.
Ela fica corada, morde os lábios dificultando ainda mais a minha
racionalidade e dá um passo em minha direção.
—E-eu não vou fugir, e jamais faria algo para te prejudicar. Sem
processo, doutor.
Puta merda!
—Tenho certeza que valeria a pena até o processo, Carla.
Com uma mão em sua nuca e outra em sua cintura, a puxo ao meu
encontro, o corpo de Carla colide com o meu, ela geme entreabrindo boca só
com minha pegada e nossos lábios se encontram. Porra, que delícia de mulher.

Carla Dantas
Enquanto sou envolvida por suas mãos másculas, os lábios deliciosos de
Adriano encostam nos meus, completamente rendida, provando o melhor
beijo, sentindo sua língua explorando a minha boca com uma avidez de
enlouquecer, passeio minhas mãos por seus braços musculosos até alcançar
sua nuca.
Sinto no meu corpo ondas de prazer que não sei controlar, dá vontade de
gritar, fico completamente arrepiada e Adriano só aquece ainda mais o
momento com toda sua habilidade e possessividade.
Movimentamos as nossas línguas de forma que completamos os
movimentos um do outro, ele me guia a dar passos para trás, me deita no sofá
já se colocando por cima, sem de fato colocar todo peso sobre mim, meu
vestido justo impede de me movimentar como queria, fico sendo refém da sua
mão enorme que passeia pela lateral do meu corpo apertando nos lugares
certos, o puxo para mais perto por querer sentir como é tê-lo me imprensando,
sinto seu pau bem duro roçando, o que me deixa ainda mais molhadinha doida
para ser tocada, separamos nossos lábios para respirar. Adriano não me dá
descanso, distribui beijos do meu pescoço até perto do meu decote, aperta meu
seio direito, abro os olhos com o choque do toque e noto o elevador subindo.
— A-Adriano, o-o elevador.
Lutando visivelmente contra sua vontade, ele para de me enlouquecer,
sento-me no sofá tentando me ajeitar, e depois folheio uma revista que estava
na mesa enquanto ele caminha até a janela e fica olhando a vista.
Como é que faz para desacelerar um coração que bate de tal forma que
parece que vai sair pelo peito afora? E como se controla o tom da pele que
não para de queimar por causa dos toques tão ousados? E a mente que está
um turbilhão de pensamentos?
Eu nem sei direito o que aconteceu nos segundos passados ou minutos,
lembro-me vagamente da declaração de desejo do homem mais lindo que
quase me fez desmaiar, da minha ousadia por demonstrar o quanto eu
também o queria e só sei que em um momento estava em pé, no outro deitada
com aquele pedaço de deus grego por cima de mim.
Pedaço não, ele estava inteiro. E a única certeza que tenho agora, é que
estou vivendo um sonho e que ninguém ouse me acordar.
Faltando dois andares para o elevador chegar, passo a mão pelos meus
cabelos, percebo a presilha quase nas pontas, entro em pânico, não tenho
tempo de ajeitar mais nada, a porta do elevador se abre e tudo o que consigo
fazer é colocar a revista na altura do meu rosto, para tentar me esconder.
— Carla, minha filha. Fez o serviço por aqui direitinho?
— F-fiz sim, está tudo guardado.
Abaixo um pouca a revista e vejo dona Maria passando em disparada
em direção a mesa, provavelmente para olhar a caixa. Por sorte ela não
observa muito o ambiente e a pergunta que não quer calar no meu juízo, é:
“Eu tinha que fazer mais alguma coisa?”
— Tudo certo, Adriano?
Volto a cobrir meu rosto, o observo de canto de olho, e ele, ao contrário
de mim, parece que acaba de chegar da rua e age na maior naturalidade.
— Está tudo certo Maria, já podemos até ir para casa.
Ele caminha em direção a mesa de reunião, de certa forma, acaba
ficando entre a dona Maria e eu, o que me dá a possibilidade de ajeitar meu
cabelo, chego a respirar fundo, mas então vejo um fio enorme do meu cabelo
preso na manga do seu terno.
Socorro! Se dona Maria ver, vai achar que sou uma oferecida.
— Então está certo, me esperem que vou no banheiro, meu remédio da
pressão deixa minha bexiga sempre cheia.
Quando percebo que estou a sós com Adriano, levanto-me tentando ser
o mais natural possível mesmo sentindo minhas pernas ainda trêmulas, ao me
aproximar passo delicadamente minha mão na manga do terno e o gesto piora
minha situação de extrema excitação.
Tocá-lo me enlouquece, o quero entre meus braços novamente e para
piorar, ele se vira completamente para mim e me olha com aqueles olhinhos
penetrantes.
— T-tinha um fio de cabelo meu, na sua roupa.
Justifico, ele levanta a mão direita, acaricia meus cabelos, tira a
presilha que estava prestes a cair e me entrega.
— Você é mais gostosa do que eu imaginava. – Aproxima seu rosto do
meu se inclinando bastante por causa da diferença de tamanho e eu fecho os
olhos. — Seus lábios são perigosos, Carla. Posso ficar viciado.
Ele sussurra no meu ouvido, sua voz de timbre forte, levemente rouca
percorre todo meu corpo, fricciono uma perna na outra tentando controlar
meus desejos ao mesmo tempo que as suas declarações diretas me fazem ter
mais coragem para dizer o que penso.
— Pode ser um bom vício, doutor.
O provoco estando com os lábios bem próximos aos dele, sentindo o
seu hálito gostoso que tanto me atrai.
— Concordo.
O gostoso roça os seus lábios nos meus, seguro em seus braços para me
manter firme, nós ouvimos a porta do banheiro sendo aberta e então me
afasto, tentando sem sucesso controlar minha respiração e ajeito meus longos
cabelos para o lado.
— Agora sim nós podemos..
Maria pausa a fala quando olha meu rosto, me encara fazendo mil e
uma expressões, abre bem os olhos, depois olha para Adriano, levanta a
sobrancelha direita e aponta para o elevador. Ela notou!
— ...podemos ir para casa?
— Claro que sim.
Respondo de imediato tentando não levantar suspeitas. Enquanto ainda
estou nervosa, Dr. Adriano parece conter um sorriso, vai até a mesa onde está
a caixa com as taças, a carrega por não permitir que a dona Maria ou eu
carreguemos peso e vamos os três para o elevador.
Se a sala já estava pequena para nós, o elevador nem se fala e apesar de
descer sem parar em nenhum andar, a sensação é que estava.
— Estão com calor, ou é coisa da minha idade?
Deus da minha vida, calor nem é o nome para o que sinto no momento,
o que necessito é de um mergulho naquela piscina gigante perto da casinha
que moro.
— Acho que é da idade, Maria. Carla e eu estávamos no ar-
condicionado e estava bem frio.
Ele me dá uma piscadela que me derrete, Maria o acerta com um tapa
de brincadeira no braço e eu fico como uma boba olhando a cena, eles
realmente são amigos.
Quando chegamos na garagem, ele se despede de nós de um jeito bem
formal, entramos no carro com Tomas e o filho da Maria e o doutor segue
para o veículo dele o que me deixa um pouco pensativa pois ele não se
despediu de mim de uma maneira especial, mas também não somos
namorados e disso sou consciente.
— Carla, todo ano minha família e eu, juntamente com os funcionários
escalados do dia da véspera de Natal, fazemos nossa ceia no quiosque da
piscina, praticamente em frente à sua casa, você já está intimada, minha filha.
Com carinho aceito o convite, ela me explica que todo ano a família do
chefe contrata um buffet para ocasião e que por este motivo está de folga e
entre conversas, prosseguimos o caminho.
Como dona Maria não aceitou minha ajuda para preparar a ceia,
aproveito a tarde para estudar pois o vestibular será na segunda semana de
janeiro, mas infelizmente não consigo me concentrar muito.
Tenho vontade de enviar uma mensagem para o advogato, mas a
ausência de notícias me desencoraja.
À noite, com a proximidade da ceia, uma depressão momentânea me
acomete, por não ter minha mãe, mas não posso fazer uma desfeita para dona
Maria.
Como estarei entre colegas e amigos de trabalho, escolho um vestido
longo estampado, faço uma maquiagem leve, vou até o guarda roupa onde
está o presente da minha amiga e quando estou com ele em mãos, vejo o
celular vibrando. Corro até ele e finalmente vejo uma notícia do meu
advogato.
"Carla,
Passei a tarde em um compromisso de última hora, mais
tarde quero te ver.
Beijos,
Adriano."
Um sorriso brota em meus lábios, o efeito da mensagem me deixa um
pouco mais animada com o Natal e eu logo o respondo.
"Oi Adriano,
Vou te esperar ansiosa,
Beijos,
Carla."

Tento não ser muito empolgada e vou para ceia que muito me
surpreende com a beleza da ornamentação.
— Dona Maria, que lindo.
Não consigo deixar de comentar, o quiosque da piscina rodeado de
pisca-pisca, uma mesa farta que até tem pernil, Chester, fora as saladas,
salgados, enfim, eu nunca estive em uma ceia tão linda.
Após o jantar onde comi como se não houvesse amanhã, converso com
algumas pessoas, mas não deixo de olhar as horas e nada de Adriano
aparecer.

— Minha filha, mais uma vez, obrigada pelo presente, mas eu já vou
dormir, essa coisa de virar a noite, não é comigo.
Levanto-me para abraçá-la, aproveito, me despeço das pessoas e volto
para casa, pois também já estou com sono.
Ao chegar, deito-me na cama ainda arrumada na esperança do advogato
aparecer, volto a olhar as horas, já passam das três horas, insisto mais um
pouco, mas meus olhos ficam pesados e eu paro de lutar contra o sono.

Acordo sentindo uma dor que rapidamente reconheço, a cólica.


Levanto-me quase me arrastando, verifico as horas no celular, vejo que
faltam quinze minutos para as oito horas, também procuro por uma
mensagem sequer e não encontro.
— Nossa, levei um bolo.
Sussurro baixinho, minha barriga dói um pouco mais forte, decido
tomar uma ducha morna para ajudar amenizar a dor, ao terminar, por sorte
ainda tenho absorvente e me arrumo de forma bem casual, decido passar o
dia de baby doll de malha e alcinha.
Já na cozinha, faço um chá de canela, ligo a TV para ver as notícias da
manhã, encolhida no sofá, enquanto assisto o intervalo comercial, bebo
pequenos goles do chá, até que ouço batias que não são muito discretas.
Deixo a caneca no balcão e por achar que é a dona Maria, logo abro a
porta.
— Espero que este café da manhã sirva como uma parte do meu pedido
de desculpa por não aparecer ontem, posso explicar e você vai rir de mim.
Mesmo morrendo de dor por causa da cólica, ver o Adriano logo pela
manhã me dá motivos para flutuar no ar de tão leve que fico pelas próximas
vinte e quatro horas ou quem sabe o ano e ele simplesmente está lindo,
parado bem na minha frente com um sorriso contagiante, nos lábios que eu já
sei o gosto contribuindo para o meu bom-humor.
O observo detalhadamente, até parece que acaba de tomar um banho,
pois os cabelos levemente molhados o denunciam e para completar a visão
mais pecaminosa da minha vida, ele está vestindo calça flanelada preta
pendendo bem no seu quadril e camisa de malha que mostra bastante seus
músculos os quais senti bem ontem de manhã.
— E qual a outra parte do pedido de desculpa?
Resolvo brincar mesmo sabendo que ele não tinha nenhuma obrigação
de realmente vir me ver ontem em plena noite natalina onde sua casa estava
cheia de familiares.
— Você já vai ver, Carla.
Ele me dá uma piscadela, caminha até a cozinha prendendo toda a
minha atenção, deixa a cesta no balcão, volta ao meu encontro, de forma
possessiva me puxa fazendo com que meu corpo fique completamente
grudado nele, passeia sua mão enorme pelas minhas costas até a altura da
minha nuca, encaixa a outra mão entre minha cintura e quadril e ele me beija
me fazendo gemer baixinho com sua investida.
Seus lábios moldados aos meus parecem fazer mágica, sua língua unida
com a minha, colidindo, provando, aprovando nossos sabores me deixa ainda
mais receptiva e ousada.
Passeio minhas mãos em seus braços, costas, nuca, acaricio seus
cabelos, os puxo de forma leve, Adriano me aperta, sinto seu pau ainda mais
duro em minha barriga, ele me carrega como uma pena me pegando de
surpresa, cruzo minhas pernas em seu quadril, ele aperta minhas coxas,
caminha lentamente comigo em sua posse e me leva até o balcão da cozinha
onde nos separamos um pouco para respirar.
— D-doutor Adriano.
Ainda de olhos fechados e com a cabeça um pouco inclinada para trás
sinto sua respiração em meu pescoço e a sensação me faz ficar toda arrepiada.
— Você me enlouquece, pequena.
Acho graça da forma que ele me chama, sorrio, ele toca em meus lábios
e por alguns instantes nos olhamos.
— Sua risada é muito gostosa de se ouvir, Carla.
Olho um pouco para o lado para disfarçar a minha timidez, mas acabo
sentindo um pouco mais a cólica e acaricio minha barriga.
— O que você está sentindo? Hein?
Ele fica anda mais gato quando demonstra preocupação, toca em minha
mão e me olha bem de perto.
— Nada de mais, só estou com cólica.
Ousadamente com as mãos em meus quadris ele me puxa ao seu
encontro, caminha para o quarto e a cada passo que ele dá, meu coração
parece que vai sair pela boca.
Será que ele quer aquilo, mesmo eu estando neste estado?
— A-driano... Você quer a-a-aquilo? N-nós?
As palavras saem soltas, ele vai em direção a cama, nos deita, traça
beijos em meu pescoço, mas não demora por cima de mim, apenas abre
minhas pernas e sem um prévio aviso, ajoelha-se entre elas me deixando ao
mesmo tempo que excitada, envergonhada.
— Se aquilo a que você se referiu, for ter um bom sexo matutino? Eu
sempre quero.
Abro a boca para responder algo ao ouvir sua sinceridade, sinto meu
rosto queimando de vergonha, desisto de comentar, ele me devora com os
olhos e passeia as mãos em minhas coxas que estão flexionadas me fazendo
remexer na cama por não saber lidar com as sensações novas e tão intensas.
— Quando você fica assim vermelhinha, enlouqueço, Carla. Quero
tanto você.
Ele começa a dobrar a blusa do baby doll enquanto olha fixamente para
cada pedacinho da minha barriga que fica exposta, meus peitos ficam
maiores, os mamilos bem duros, meu corpo arrepiado e por mais que esteja
sentindo o incomodo causado pela bendita menstruação, eu o quero tanto que
praticamente me esqueço do meu estado.
— Ai doutor...Ahhh.
— Não quero te ver sentindo dor.
Entre meus gemidos causados por seus toques, ele deixa a blusa
dobrada no limite dos meus peitos e com suas mãos começa a fazer no meu
ventre movimentos circulares em direções opostas.
Sem saber me controlar, aperto os lençóis, mordo os lábios para conter
gemidos com o tom mais alto, de forma quase que primitiva, rebolo querendo
provocá-lo para algo que nunca vivi, os movimentos repetitivos vão
aquecendo a região tocada, incansavelmente Adriano continua exercendo o
seu encanto, eu o observo e vejo o quanto ele está com o pau duro se
segurando pelo meu bem-estar o que me deixa ainda mais louca por ele.
Suas mãos circulam toda a minha barriga, seus dedos passam perto dos
meus peitos, nossos olhares se encontram, sinto o seu desejo ainda mais
latente, toco em cada uma de suas mãos e juntos empurramos a minha blusa e
ele me apalpa toda.
Adriano Albuquerque

— Ahhhhh, ahhh doutor.


Carla inclina a cabeça para trás empurrando ainda mais os seus
deliciosos peitos em minhas mãos, enlouqueço com a sensação dos seus
mamilos roçando em minha pele juntamente com o arrepio que causo nela, a
cada apalpada seus lábios se abrem e eu me sinto no limite, não sei quanto
tempo mais sou capaz de segurar meu pau dentro das calças.
— Carla.
A chamo, ela abre bem os olhos, termina de tirar a blusa, refletindo
uma mulher completamente domada pelo desejo, me puxa para o meio de
suas pernas, enquanto nos beijamos, Carla rebola ainda mais na direção do
meu pau e eu fico imaginando sua boceta me recebendo. Puta merda.
— Você já transou estando menstruada?
Pergunto sussurrando em seu ouvido e Carla paralisa enquanto aperta
meus braços. Resolvo provocá-la ainda mais.
— Quero te ter de todas as formas.
A respiração de Carla acelera mais ainda e ela me olha nos olhos.
— E-eu nunca transei.
Afasto um pouco meu rosto por julgar que não ouvi direito.
— Você quer dizer que nunca fez enquanto está menstruada?
Ela morde os lábios inchados de tanto que foram chupados e aperta
ainda mais os meus braços.
— Não. Quero dizer que sou virgem.
—Virgem?
—Sim e n-nunca nem cheguei a tanto como agora.
Só então entendo o motivo dela ser tão sensível. Ela é virgem. Essa
palavra me deixa ainda mais excitado, se é que seja possível. Carla apareceu
na minha vida para me enlouquecer, só pode.
Ter uma garota inexperiente na cama sempre foi um fetiche de quando
era mais novo e nem naquela época consegui realizar, nunca imaginei que aos
vinte e oito anos seria presenteado. Ah destino, como você é meu amigo.
Não bastava ela ser linda, dona de curvas que me prendem, ainda vai
ser inaugurada no meu pau? Minha, todinha minha e essa constatação me faz
sorrir.
Em seguida roço meus lábios no dela, Carla fecha as olhos, enquanto
aprofundo o beijo, toco em seu peito que cabe perfeitamente em minha mão,
ansioso por mais, distribuo beijos úmidos por todo seu pescoço, ouvindo seus
gemidos de menina que está experimentando o prazer pela primeira vez,
provoco seu mamilo direito com minha língua, circulo, dou leves
mordidinhas que só atiçam, alterno entre os dois peitos, os chupo deixando
sua pele branquinha toda vermelhinha e vou beijando sua barriga em direção
a boceta que infelizmente não terei hoje, não por mim, mas por Carla, ela
merece conhecer meu pau em uma situação mais planejada.
—Como você é gostosa.
A sensação da sua pele macia nos meus lábios é viciante e por mais que
eu tente parar, não consigo.
—Você que é, doutor.
Será que ela sabe que meu pau pulsa quando me chama assim?
Volto a ficar entre suas pernas a imaginando completamente nua e o
pensamento ainda me complica mais.
—Estou louco para te ter.
Confesso a minha fraqueza, ainda comigo entre suas pernas, ela fica
sentada e puxa a minha camisa me deixando parcialmente nu.
—Agora ficou justo.
Apesar da timidez, demonstra ter bastante atitude, beija meu peitoral,
pescoço e me deixa no limite quando sinto seus peitos roçando na minha
pele.
Sua mão direita desliza nos meus contornos, ela toca em cada gominho
me deixando mais atiçado e vai naquela direção.
—Carlaaa.
A chamo como um clamor para que ela pare, mas ela está
transbordando desejo e para minha surpresa, minha gostosa toca em meu pau
por cima da calça. Caralho, eu não vou aguentar e por saber do meu limite,
seguro sua mão que se fecha mais ainda ao redor e me faz grunhir de prazer.
—Deixa.
Ela pede e morde os lábios.
—Eu vou acabar gozando.
Aviso porque já estou em um estado crítico, nunca fui provado de tal
forma.
—Não tem problema.
Puta merda! A ousada, usando as duas mãos, abaixa um pouco minha
calça e boxer e libera meu pau sedento com a cabeça úmida por causa do pré-
gozo.
Carla toca deslizando seus dedos da cabeça as bolas, contornando as
veias, não fala uma palavra, mas sua respiração fica mais acelerada, seus
lábios entreabertos e seu olhar mais vivo.
—Carla?
Acaricio seus cabelos, louco para usá-los para ditar o movimento a
imaginando ajoelhada me chupando.
—Nossa... Ele é tão... Uau! E-estou sem palavras.
Gosto da sua reação ao praticamente adorar meu pau. Depois ela me
olha nos olhos, se afasta, ajoelha, volta a tocá-lo e vai com sua boca em
direção.
Porra!
Carla distribui beijinhos delicados demais, porém deliciosos e volta a
me olhar.
—E-eu não sei direito como fazer, mas eu quero.
Entendo seu pedido, ajeito-me na cama, tiro por completo a calça e
boxer sob seu olhar que também demonstra que está no limite, deito-me, ela
ajoelha-se ao meu lado, segura gostoso na base e passa a língua na cabeça.
Como se fosse algo primitivo, por instinto ela fecha os olhos, o abocanha e
chupa.
Tê-la me chupando é mais do que eu imaginava esta manhã, fecho
meus olhos curtindo toda sensação, aproveito a sua proximidade para apertar
sua bunda que está toda gostosa empinada e meus toques parece que a
deixam ainda mais ousada.
Como ela é inexperiente, decido ajudá-la, então seguro em seus
cabelos, ajudo no movimento de ir e vir, porém sem forçá-la demais. Não
deixo meu pau entrar todo em sua boca para não a sufocar, ela ainda precisa
ser ensinada a aguentar a pressão.
O vai e vem dos lábios de Carla no meu pau me enlouquece, se já
estava no limite antes, agora já se torna mais insuportável aguentar e como
não sei se ela gostaria que eu gozasse em sua boquinha, retiro meu pau e
gozo, os jatos de esperma deixam os seus peitos marcados por mim.
Ela me olha de um jeito que ainda não parece acreditar no que foi capaz
de fazer em um misto de surpresa, timidez e excitação, então eu a trago para
meu lado e beijo seus lábios viciantes.
— Que delícia, Carla.
Ela me abraça e acaricia meus cabelos enquanto distribui beijos no meu
rosto.
—Agora estou te devendo alguns orgasmos.
Carla aperta meus braços ao me ouvir, meu esperma me suja um pouco
mais e uma ideia que muito me agrada, surge.
—Nós precisamos de um banho.

Carla Dantas

Banho? E agora, o que faço?


—Dr. Adriano, o senhor esqueceu do meu estado?
Ele toca em meus lábios e eu dou uma mordidinha de leve em seu dedo.
—Fico excitado quando você me chama de doutor, em algumas
ocasiões, mas pode me chamar de Adriano, só não seja tão informal na
empresa. E sobre o banho, não esqueci do seu estado e é só uma ducha.
Entendo bem o seu pedido, de acordo com o contrato que assinei o que
acabamos de fazer é bem proibido. E sobre o banho, ainda sinto muita
vergonha, nunca fiquei completamente nua na frente de alguém e por hoje eu
acho que já evolui bastante.
Capítulo 12
—E-eu sei que é só uma ducha e que já fizemos muita coisa hoje, mas é
melhor separados, porque não sei se aguento e acho que não quero a minha
primeira vez embaixo do chuveiro.
Adriano acaricia meu rosto e me olha estreitando os olhos de um jeito
tão lindo demonstrando compreensão que me derrete.
—Para ser sincero, eu também não sei se aguento, você é muito linda e
gostosa.
Brinco de esconder meu rosto com as duas mãos, Adriano gargalha
provavelmente da minha infantilidade, me puxa, beija gostoso, consigo fugir
dos seus braços e após escolher uma calcinha na gaveta, vou para o banheiro.
Imagina só, ter que tirar o absorvente na frente dele? Sem condições.
Tomo a ducha mais feliz da minha vida ainda sem acreditar que o
advogato está deliciosamente nu em minha cama. Ao acariciar meu ventre,
percebo que a cólica passou. Uau, também, com aquela massagem e o chá que
tomei antes, fica difícil não melhorar.
Ao terminar, enxugo meu corpo, ao me olhar no espelho vejo o quanto
meus seios estão vermelhos, minha mente logo me lembra o motivo recente,
fico ansiosa por mais, mas resolvo rapidamente ajeitar minha situação, visto
um roupão e volto para o quarto onde eu ainda o encontro nu. Eu poderia
passar horas olhando as enormes coxas e todos os atributos do meu lindo.
Ele levanta sem demonstrar vergonha por sua nudez, antes de ir para o
banheiro me dá um beijo e eu fico literalmente de boca aberta ao ver seu pau
todo armado novamente. Será que é sempre assim?
Enquanto ele toma banho, desembaraço meus cabelos, depois tiro o
excesso de água, faço um coque alto e quando me viro em direção ao guarda-
roupa, vejo Adriano na porta do banheiro usando um roupão, com certeza ele
ainda lembra onde ficam guardados no banheiro.
—Você foi bem rápido.
Ele me dá uma piscadela e vem em minha direção.
—Fui sim, na verdade, estou com fome.
E ele tem toda razão, eu também estou.
—Pois então vamos comer?
Caminhamos para sala, ele vai até a cesta, traz até o sofá onde nos
sentamos, pegamos os guardanapos e nos servimos, mas uma caixinha me
chama atenção e ele nota.
—Ontem à tarde, como sempre atrasado, fui comprar os presentes para
meus pais, irmã e me lembrei de você.
Paro com um pão de queijo no ar. Ele lembrou de mim!
—Espera um pouco, antes de abrir meu presente, quero te entregar o seu
também.
Corro até o quarto, verifico a embalagem se está bonita, volto para o
lado de Adriano e o entrego o presente, sem perder a oportunidade de dá um
beijinho saborizado de queijo.
Enquanto ele abre o seu presente, abro o meu e paraliso.
—A-Adriano, é um relógio.
Meus olhos encontram os dele e ele balança a gatinha com lacinho rosa
de pelúcia. Ai Deus! Entreguei o presente errado!
—É um relógio sim, para te lembrar que o tempo sempre traz coisas
boas.
Ele aperta minha bochecha e me deixa emocionada com suas palavras.
—E essa gatinha, é você?
Com gestos, peço que ele aguarde um momento e vou buscar o presente
certo.
—Na verdade o seu gatinho é esse, o advogato. Agora não tenho mais
vergonha do apelido que te dei.
Ele gargalha, segura o gatinho com uma gravatinha, coloca junto com a
gatinha e os observa.
—Acho que vou ficar com a gatinha, e você, fica com o advogato.
Eu concordo com a ideia, Adriano coloca o relógio em meu pulso e
como um casal de namorados, em um clima super-romântico, continuamos a
nos alimentar e a impressão que dá é que Adriano está bastante pensativo.
—Você não me contou o motivo de não vir ontem.
—Verdade.
Ele pausa um pouco e tira com seu polegar um farelinho deixado pelo
pedaço de pão doce que acabo de comer.
—A casa ficou lotada como em todos os Natais, Bruna e eu somos os
solteirões, meio que fugimos das cobranças da família e fomos parar na sala de
TV com várias crianças, enquanto umas assistiam desenhos, uma baixinha
ficou brincando no meu celular e eu acabei dormindo no meio delas, é incrível
que passo o dia trabalhando e não me sinto tão cansado, com meia dúzia de
crianças, fiquei esgotado.
Acho a maior graça e como se minha mão tivesse vida própria, acaricio
os cabelos de Adriano que reage ao meu toque me olhando com luxuria.
Ele coloca a cesta no braço do sofá, me puxa para seu colo e mais uma
vez nos beijamos e a cada minuto que se passa eu vejo e sinto o quanto é
difícil resistir.
—Carla, acho melhor procurarmos algo para fazer, aqui com você eu só
penso em te ter, que tal sair?
Lembro-me de que preciso estudar para o vestibular e o informo.
—Entende? Eu preciso passar em alguma prova e faltam poucos dias.
Ele confirma com gestos.
—Aprovo sua decisão e até posso te ajudar.
Felicidade é meu nome só em pensar em Adriano me ensinando, então
levanto-me, o puxo pela mão e vamos os dois para o quarto.
Decido vestir algo confortável, encontro um vestido tomara que caia e
enquanto visto, o vejo novamente nu, pois ele também decide por sua calça
flanelada e dessa vez, sem a boxer.
Noto o quanto vai ser difícil ficar no mesmo ambiente, volto a olhar para
o guarda roupa, tento subir o zíper do vestido e então sinto sua proximidade.
Ele coloca meus cabelos para o lado, toca em meus ombros, sinto
quando ele contorna minha tatuagem e só depois sobe o zíper.
—Já tinha notado a tatuagem, mas agora fiquei curioso, porque uma
borboleta? Já vi que é algo que você gosta, pois no criado mudo você tem uma
boneca vestida de borboleta.
Meus olhos ficam marejados, viro-me, guio Adriano até a cama e conto
para ele, que minha mãe me chamava de "minha borboletinha" por causa da
trajetória de uma.
—Ela dizia que um dia eu ia criar asas e me transformar.
—Ela com certeza sabia das coisas.
Ele me beija rapidamente.
—Agora me diz no que posso te ajudar por que se eu não focar em algo,
vou tirar seu vestido.
O advogato me dá uma piscadela e ao mesmo tempo que minha pele
queima de tanto desejo, concordo com ele. Precisamos tentar pelo menos,
abstrair um pouco um do outro.
Com meu celular em mãos, abro o arquivo onde tem uma apostila de
matemática e mostro qual assunto tenho mais dificuldade.
Ele mesmo tendo dez anos a mais que eu, lembra dos conteúdos e vai
me dando alguns macetes. Entre beijos, caricias e muita tentação, consigo
aprender algumas lições.
Quando verifico as horas, vejo que já passou do meio dia e o pânico me
invade.
—Adriano, olha a hora, assim vou te matar de fome.
Ele se diverte.
—Você está me deixando muito faminto desde que te conheci, mas não é
de comida, Carla.
Nossa! Ele é sempre tão direto.
—Jura?
Ele confirma com gestos.
—Não rolou outro lanche com a dona Clarissa?
Ele toca em meu queixo e sorri um pouco de lado.
—Como sabe?
Acabo sendo sincera sobre o que vi quando a porta estava entreaberta.
—O que você sentiu quando viu Clarissa comigo?
Meu sentimento no momento é completamente outro, acho que se fosse
agora eu ia morrer de raiva, na verdade só de pensar fico com ciúme.
—No dia que vi, não gostei, ao mesmo tempo senti inveja, queria ser ela,
acabei praticamente fugindo até em casa, mas minha mente não fugiu de mim,
os flashes de te ver maravilhosamente nu me deixou bem excitada e eu me
toquei pensando em você.
Adriano me puxa e eu fico praticamente por cima dele com os lábios
bem próximos.
— Por isso você estava com as coxas vermelhas e os seios também.
Sua mão enorme passeia por minha coxa, levanta meu vestido e aperta
meu quadril com tanta força que acabo gemendo.
— Sim, quando você chegou, só deu tempo de vestir o vestido.
Os olhos de Adriano praticamente dilatam na minha frente e seu pau
marcado na calça me enlouquece.
— Já estava desconfiado pois vi você pegando uma calcinha quando
estávamos quase de saída, e agora com sua confirmação. Carla, eu não vou
aguentar.
Adriano une nossos lábios com uma ferocidade que me desestabiliza
ainda mais, a intensidade só aumenta, até que ouço batidas na porta.
— Carlinha, minha filha, estou entrando.
— Adriano e agora?
Sussurro baixinho, vou me afastando quase que tropeçando em minhas
próprias pernas, consigo me equilibrar, ajeito a minha roupa, enquanto meu
lindo ajeita o cós da calça.
— Vou ajeitar o almoço aqui no balcão, minha filha.
Ouço dona Maria e meu coração fica para sair pela boca.
— Senta aqui na frente que me pau ainda não desceu, Carla.
Adriano me dá uma piscadela, me puxa pela mão me fazendo sentar e
assim acabo cobrindo os seus atributos que mesmo sem querer acabo roçando
como uma viciada com passagem comprada para o inferno.
— Dona Maria vai achar que sou uma oferecida.
Ele passa a mão que tem o poder de me esquentar todinha na minha coxa
esquerda.
— Ela sabe que eu que sou um oferecido.
Em seguida ele me aperta fazendo com que pare de respirar.
— Estamos no quarto, Maria. Pode vir aqui.
Adriano avisa, cubro parcialmente meu rosto com a mão direita
enquanto ouço passos, até que vejo a baixinha mais intimidadora que conheço
parada na porta nos olhando.
— Até que enfim.
Dona Maria coloca as mãos para cima como um sinal de agradecimento,
depois na cintura, gargalha enquanto eu estou ainda mais corada.
— É esta cena que eu queria ver quando voltei para o escritório, mas
para minha decepção, Carla não estava do avesso e Adriano ainda conseguia
disfarçar.
Adriano se diverte com o que ouve e dona Maria caminha pacientemente
pelo quarto.
— Admito que a culpa foi minha, voltei muito rápido, deve ser coisa da
idade perder noção do tempo.
Ela conversa como se estivesse pensando alto e eu não consigo me
mover.
— Mas tentando salvar o dia, inventei que precisava fazer umas
necessidades e fui no banheiro. Na volta foi lindo ver meu menino roçando os
lábios com os seus, Carlinha, cheguei ao ponto de quase bater palmas, mas me
controlei, dei uma voltinha, bati a porta do banheiro para avisar que estava
voltando.
Fico boquiaberta com o que ouço, como dona Maria é tinhosa!
— P-por que?
É a única coisa que consigo perguntar.
— Maria sabe quando uma mulher me chama atenção e conhece meu
ponto fraco, que é relacionado a moradia, não foi à toa que ela chamou o Uber
para você voltar para casa na noite após aquele assédio, ela queria me dar o seu
endereço e sabia que eu não te deixaria lá.
Adriano olha com carinho para sua amiga.
— Você me desvendou direitinho, meu menino.
Ela me olha e dá de ombros.
— Não reparem na comida, hoje é minha folga e não fiz nada, vocês vão
comer as sobras da ceia. E não demorem, sexo dá fome.
A afirmativa me assusta tanto que quase pulo da cama, mas Adriano me
segura.
— N-não fizemos.
Trato de informar e ela olha para Adriano que está só de calça.
— Quis dizer que... – Ela vem em minha direção e segura meu rosto
como se fosse uma criança. — Já tive a idade de vocês, meus filhos. Agora já
vou que não quero atrapalhar e podem contar comigo para esconder o
proibidão.
Ela caminha sem olhar para trás e ouvimos quando a porta da frente é
aberta.
— Oi Maria, você viu meu irmão? Procurei pela casa toda e os dois
carros dele estão na garagem
Congelo mais uma vez ao ouvir a voz de Bruna.
— Não, querida. Olhou na academia? Ele pode estar malhando.
Fico na expectativa para ouvir o som da porta fechando enquanto
Adriano sorri por causa da resposta que Maria dá.
— É que o papai marcou uma viagem para nossa fazenda e nós vamos
hoje no início da noite, até porque dia trinta eles já vão voltar para nossa casa
em Miami e eu não sei se Adriano lembra.
Maria continua conversando, ouvimos a porta fechando e eu nem
consigo disfarçar minha desilusão, eu quero tanto ficar grudada em Adriano
vinte e quatro horas por dia mesmo sabendo que não é possível.
— Acho que você tem uma viagem para fazer.
Ele me puxa e eu fico praticamente inclinada por cima dele.
— Na verdade esta viagem é meio que uma tradição, também serve para
olharmos nossa terra, quer vir comigo?
O convite me faz flutuar, mas eu tenho que passar em pelo menos um
vestibular.
— Tenho que estudar, esqueceu? Minha prova está tão pertinho e eu
tenho que passar.
Ele me olha nos olhos e vai se ajeitando na cama como se fosse levantar.
— Não esqueci, te admiro por saber priorizar a sua vida e mesmo
sabendo que lá na fazenda tem espaço de sobra para você estudar, não posso
insistir, pois com certeza eu iria sabotar seus estudos.
Adriano estende a mão e quando entrego a minha para ele, sinto sua
caricia gostosa que me deixa arrepiada.
— Agora vamos almoçar porque quero passar a tarde tirando suas
dúvidas e beijando cada pedacinho do seu corpo.

Após o delicioso almoço, como prometido, mesmo em meio a tentação e


distração de muitos beijos, Adriano demonstra compreender bem a minha
necessidade de estudar o que me deixa ainda mais apaixonada, cheia de
conclusões e ao mesmo tempo transbordando em dúvidas.
É óbvio que ele quer me ter por completo, mas respeita e entende que
não quero minha primeira vez menstruada e isso é de se admirar.
Por outro lado, tenho certeza dos meus sentimentos, ainda que aflorados
tão rápidos, mas ele, o que será que sente por mim?
Tenho consciência que essas respostas não serão respondidas por agora e
que a cada beijo que Adriano me dá, estou mais apaixonada, mas não posso
mandar nos sentimentos dele, um homem tão experiente e cheio de alternativas
não deve se apaixonar tão rápido. Bem, é um risco que eu não consigo evitar
de assumir.
— Então, me diz para ver se você entendeu, em uma questão, se resolve
primeiro a multiplicação ou a soma?
— Primeiro a multiplicação.
Ele me dá uma piscadela que me derrete e continuamos estudando.
Passado um certo tempo, por saber que já tenho um período longo com o
absorvente, peço licença para ir ao banheiro, cuido da minha higiene com o
chuveirinho, faço a troca do absorvente, volto para o quarto e o encontro
parecendo estar bem pensativo.
— Vem aqui, Carla.
Sento-me ao seu lado, sua enorme mão me segura pela nuca, me puxa ao
seu encontro, a segunda parte da promessa começa, eu o abraço, acaricio sua
nuca, em resposta Adriano gruda nossos lábios e eu fico internalizando toda
sensação que é tê-lo. É incrível que quanto mais eu o beijo, mas eu quero.
— Vou sentir sua falta.
Confesso e sinto minha pele queimando de vergonha, provavelmente
estou como um tomate e deveria evitar esse tipo de conversa que ainda não
cabe.
— Agora eu preciso ir, te vejo em alguns dias, linda.
— Tudo bem. Boa viagem, Adriano.
Ele levanta, de mãos dadas vamos até a sala, meu advogato guarda a
gatinha na embalagem e depois de mais um beijo delicioso se vai.
Ahh meu Deus! Eu realmente estou completamente perdida e desde já
com muita saudade.
Adriano Albuquerque

Assim que coloco meus pés em casa encontro minha irmã que me olha
parecendo estar bastante curiosa.
— Passa o dia sumido e aparece assim, só de calça flanelada? Onde você
estava, Adriano? E esse presente?
Gargalho com Bruna que parece que encarnou minha mãe.
— Na sauna, agora vou me arrumar, temos poucos minutos para sair.
Subo as escadas correndo, assim que chego no quarto, guardo meu
presente no closet, ao tomar uma ducha sinto falta de Carla, tento controlar
meu pau, mas é inevitável, pensar nela me deixa sedento como nunca fiquei e
agora só em saber que serei o primeiro, ainda fico mais excitado.
Porra, passarei uns dias fora o que talvez seja saudável para que eu me
entenda melhor, assim posso descobrir que porra está acontecendo comigo,
mas deixar Carla aqui, rodeada de funcionários não me deixa muito feliz, a
sorte é que eu tenho Maria.
Ainda assim, pensando no bem-estar de Carla, resolvo tomar umas
providências e ligo para o chefe de segurança.
Ao terminar de me arrumar, jogo umas trocas de roupas em uma mala, e
ao olhar para o relógio, noto que só tenho um pouco mais de dez minutos para
sair e então resolvo enviar uma mensagem.

"Carla,
Estudar olhando para uma tela de celular tão pequena pode
te prejudicar, fique à vontade para usar minha biblioteca, lá você
encontrará vários livros e um notebook.
Até a volta, linda.
Muitos beijos e você pode escolher onde quer tê-los quando
eu voltar.
Adriano A."
Com um sorriso que não consigo controlar, guardo meu celular no bolso,
seguro a mala, desço as escadas e logo encontro minha família.
— Até que enfim filho, animado para uns dias no campo?
Minha mãe me pergunta ao me abraçar.
— Ainda não sei como me sinto sobre este passeio.
Ela me observa completamente desconfiada por causa da minha
resposta.
— Você sempre curtiu fugir da loucura que é a nossa cidade e frequentar
as festas locais do interior, o que aconteceu este ano?
— Nada Sra. Albuquerque.
Minha baixinha se aproxima e me abraça.
— Logo você ficará mais animado, confia em mim.
Ela me dá dois tapinhas em meu braço, fico sem entender como ficarei
animado e então seguimos para frente da casa onde dois carros com motoristas
nos esperam para nos levar para o aeroporto. Por sorte encontro Maria, vou
rapidamente ao seu encontro.
— Cuida da Carla para mim, mostra onde é minha biblioteca para que
ela estude e não deixa que lhe falte nada.
Maria me dá um abraço como sempre faz quando vou viajar.
— Pode deixar, comigo a sua namorada estará bem protegida.
Namorada? Puta merda, não pensei em tanto, mas também não quero
deixá-la livre para outros. Certo, agora eu tenho mais um assunto para pensar.
— Eu sei que sim, aproveita e descansa.
Ela assente, entro no carro e seguimos para o aeroporto.
Ao chegarmos, por se tratar de voo particular e nacional, não tivemos
maiores burocracias, logo depois seguimos para o embarque e para minha
surpresa, negativa, diga-se de passagem, ao entrar no avião, deparo-me com
Patrícia.
— Surpresa.
Puta merda, era só o que me faltava.
— Boa noite.
Respondo, vou para o meu lugar e resolvo olhar as notificações no
celular.
"Oi Adriano,
Muito obrigada, mas não precisa se preocupar comigo, de
verdade.
E sobre os beijos, deixo que você também escolha onde quer
receber.
Carla Dantas."
Porra... Ela vai me enlouquecer.
"Carla,
Me obedeça e vá estudar na biblioteca, é mais confortável.
E eu já escolhi onde quero receber os beijos e também onde
vou dar quando chegar.
Quero você rebolando em minha boca, estou ansioso.
Beijos.
Adriano. A"
O comandante avisa que em dez minutos vamos levantar voo e os
procedimentos padrões começam a ser tomados.
“Adriano,
Por favor, não faz isso comigo... Você não imagina como eu
fico.”
Um sorriso malicioso brota em meus lábios e eu decido provocá-la mais
ainda.
“Carla,
Eu imagino sim, você repetindo meu nome diversas vezes
enquanto te chupo.”
Clico em enviar a mensagem, verifico que ainda tenho cinco minutos,
mas a resposta não chega. Porra. Por que ela não respondeu?
— Sr. Adriano, é necessário desligar o celular.
A comissária de bordo avisa e sem ter o que fazer, desligo.
Assim que levantamos voo, inclino aminha poltrona, coloco os fones de
ouvido e ouvindo música, relaxo pela próxima hora, tentando o tempo todo me
manter com o pau no lugar, já que minha mente viaja a todo tempo naqueles
peitos gostosos, na bunda empinada, em Carla me chupando. Caralho! Eu
preciso tê-la.

Quando aterrissamos, meu celular descarrega, na pista da fazenda, dois


motoristas com carros hilux de cinco lugares nos esperam, meus pais entram
em um carro onde estão suas bagagens, entro no segundo acompanhado por
Bruna que decide ir ao lado do motorista e sua amiga que faz questão de sentar
ao meu lado. Porra, será que vai ficar se oferecendo nos próximos dias?
— O que acha de sairmos amanhã cedo para um banho na cachoeira? Só
você e eu?
Ela repousa a mão em minha coxa.
— Você pode ir com Bruna.
O sorriso de Patrícia se desfaz e ela revira os olhos.
— O que você tem, Adriano? Você está tão aéreo e antes do voo decolar,
ficou olhando para o celular de minuto a minuto.
Olho em sua direção e ao mesmo tempo que formulo uma resposta a
certeza de que algo realmente mudou vem à tona.
— Não estou disponível.
Minha resposta sincera assusta Patrícia de tal forma que ela coloca a
mão na boca, completamente desnorteada.
— C-como assim? Você é Adriano, aquele que não se prende a ninguém
e que desconfia dos sentimentos de todas que se aproximam, você é como
Bruna e eu, somos vítimas de oportunistas e agora do nada ouço você dizer
que não está disponível? Quem é a garota?
Ela mantém o tom de voz bem baixo mesmo fazendo com suas
indagações tão pessoais e então vejo que a deixei fora de si.
— Nem todas as pessoas são ruins, Patrícia. Um homem pode gostar de
você pelo o que você é e não pelo o que tem e vamos ser sinceros, você nunca
gostou de mim, nós dois seriamos um para o outro, pura conveniência.
Ela abaixa as vistas e algo pela primeira vez fica bem claro para mim,
Patrícia parece realmente nutrir algum sentimento. Puta merda!
— Não é bem assim, Adriano, mas deixa quieto. Eu achei que
poderíamos proporcionar prazer um ao outro e quem sabe no futuro algo ficar
sério.
Resolvo realmente ficar na minha, seja qual for o sentimento que
Patrícia tenha, eu não poderei fazer nada, nem a levar para cama por um
motivo óbvio, Carla. E mesmo se ela não existisse, transar com alguém que
nutre um sentimento unilateral é covardia.
Logo que chegamos na casa principal, sigo para meu quarto ansioso para
conectar meu celular e ver as notificações, assim eu faço e não me movo até
ligá-lo e ver que tenho uma mensagem.
"Adriano,
Você me faz cometer loucuras, depois do dia de hoje, ler o que
você quer fazer comigo, me levou para debaixo do chuveiro e
mesmo no meu estado, rebolei nos meus dedinhos. Você é muito
malvado.
Beijos,
Carla Dantas."
Porra! Será que o celular dela recebe chamada de vídeo?
Capítulo 13

Por via das dúvidas, resolvo ligar, porém, tento uma vez, duas e nada.
Será que aconteceu alguma coisa? Decido enviar uma mensagem.
"Carla,
O voo foi tranquilo e já estou em casa.
Obs.- Você me enlouquece.
Beijos,
Adriano A."
Vou até a sala de jantar onde uma refeição já esperava por minha família
e eu e mesmo tendo Patrícia com uma tromba do tamanho do mundo
proveniente do meu fora, conversamos alegremente em um clima que só vivo
nos finais de ano.
— Bruna, já contou a novidade para seu irmão?
Paro com o garfo no ar imaginando mil e uma possibilidades do que
pode ser, enquanto minha irmã faz questão de me deixar curioso por longos
segundos.
— Vou morar aqui este ano, estou te achando muito sozinho naquela
casa enorme.
Puta merda! Ganhei uma vigia? Já estou acostumado a morar sozinho.
— Vai se acostumar a morar aqui no Brasil?
Ela revira os olhos, parece escolher as palavras, olha para dois
empregados que estão no canto direito da sala de prontidão para atender nossas
necessidades, demonstra estar constrangida e me olha.
— Ora meu irmão, nosso mundo não deve em nada a um país de
primeiro mundo, você sabe.
E eu tenho que concordar, nossas possibilidades nos dão uma qualidade
de vida maravilhosa.
Ao terminar o jantar, faço questão de voltar para o meu quarto, assim
que chego, vou até o celular e nenhuma mensagem sequer eu vejo.
Como assim?
Desconecto do carregador, vou até a cama e já deitado, ligo para Maria,
por sorte, no terceiro toque, atende.
— Onde está, Carla?
Ouço sua risada e eu já consigo até imaginar os seus pensamentos.
— Sua namorada está aqui comigo, estamos assistindo um filme na sua
sala de TV, achei justo ligar a televisão que nunca ninguém usa.
Me divirto com Maria e sua sinceridade.
— Você sabe que pode, agora deixe-me falar com Carla e obrigado por
cuidar dela.
— Carla, seu namorado está na linha.
Ouço a risada de Carla, a mais gostosa de se ouvir e uma certa ansiedade
me acomete. Que porra é essa?
— Oi, doutor.

Carla Dantas

— Te enviei mensagem e também liguei, fiquei preocupado. Por que


você não retornou?
Como vou ter equilíbrio com este homem? Também não posso contar
que precisei conversar com Maria para tentar colocar minha cabeça e
sentimentos que estão avançando muito rápidos nos seus devidos lugares.
— É-é que deixei meu celular carregando e vim ver nossa amiga.
— Entendo, mas não me deixa sem notícias, principalmente depois de
confessar que você se tocou enquanto pensava em mim.
Tento disfarçar o que ouço por Maria estar bem ao meu lado. Nós
continuamos a conversar, Adriano me conta que Patrícia também viajou com
eles e eu chego a respirar fundo por não curtir a ideia.
— Acho que ela gosta de você.
Não consigo evitar o comentário e acabo me punindo por isso. Não
quero assustar o doutor parecendo ser uma ciumenta.
— Ela até pode gostar, mas eu não e você sabe disso.
Sei?
— Sei
— Ótimo, agora vai para o quarto, quero fazer uma chamada de vídeo
com você.
Ai meu Deus! Como é que disfarça um pedido desse? E o pior, como
dizer para Adriano que meu celular não aguenta e que a bateria esquenta
demais? É mico! Mas eu preciso ser sincera.
— Meu celular apesar de muito útil, está com um defeitinho e esquenta
muito quando tento gravar algo, voz ou vídeo. Acho que sobrecarrega demais a
memória.
Morro de vergonha, coloco na cabeça que preciso comprar um novo e
penso em usar o dinheiro que tenho na poupança.
— Preciso resolver isso.
Adriano diz e eu abro bem os olhos.
— Não! Eu preciso, por Deus! Eu não me queixei dele para ganhar um
novo, é que realmente para o que você pediu eu não conseguiria usar.
Sussurro as palavras na tentativa da dona Maria não ouvir, pois já vi que
ela é outra com o coração enorme que se preciso for, passará na minha frente e
comprará o celular.
— Sobre isso, vamos conversar depois.
Ele diz e eu respiro fundo, já com receio de acordar com uns dez
aparelhos de celular no meio da sala.
— Tudo bem, podemos só conversar e você me acompanha até uma loja
onde comprarei um, está certo?
Ouço sua risada e chego a fechar os olhos para o imaginar bem perto.
— Vou pensar, linda.
— Que bom, lindo. Eu agora vou voltar para casa e dormir.
Nos despedimos depois de mandar beijos, me despeço da dona Maria e
volto para casa praticamente flutuando.

Durante os próximos dias, como imaginava, a dona Maria me mimou de


todas as formas, almoçamos juntas, passeamos, ela me fez estudar no enorme
gabinete de Adriano, me apresentou alguns cômodos da casa que eu nem
imaginava que existiam e dentre mensagens, ligações e fotos onde passamos
um para o outro o tempo todo, o dia 31 de dezembro finalmente chegou, mas
ele não e isso já estava me enlouquecendo, mas eu sabia que não poderia
cobrar nada, nós não somos namorados.
— Maria, me conta, Adriano me disse que voltava hoje, você sabe se
aconteceu algo?
Ela para os afazeres na cozinha e me olha enquanto corto algumas
cenouras em fatias.
— Verdade, já era para ele estar aqui, você ligou para seu namorado
hoje?
Acho graça que ela insiste em dizer que ele é meu namorado.
— Quando acordei tinha uma mensagem no meu celular, ele me disse
que me ligaria quando chegasse e eu estou seguindo seu conselho de não
parecer sempre disponível.
Ela bate palmas e depois volta a sua atenção para as batatas.
— Isso aí, continue me obedecendo, essa coisa do homem ligar e a
mulher atender correndo ou estar sempre disponível é coisa de mulher
desocupada ou fácil demais e dos dois casos, Adriano já está cheio.
Continuamos entretidas nos afazeres. Tomas, o motorista, entra na
cozinha segurando uma caixa enorme de cor branca, muito linda e com um
laço prata.
— Entrega para você, Carla.
Maria sorri, dá de ombros, mas não consegue disfarçar. Ela sabe de algo.
— Vai ver o que é, menina.
Movida pela curiosidade e ansiedade, pego a enorme caixa das mãos de
Tomas, a coloco em um balcão alto e longe de toda comida, abro, e de início
vejo um envelope prateado.
"Carla,
Já estou na nossa cidade, no momento desfrutando de um
paraíso e eu gostaria muito que você estivesse aqui comigo, mas
preciso protegê-la das línguas que podem te julgar por estar com
seu chefe.
Ainda quando estava na fazenda, percebi ao olhar a
programação deste dia que durante a noite poderei tê-la ao meu
lado em um baile de virada de ano, com o tema Festa Veneziana.
Quer ser a dama misteriosa que vai me acompanhar?
Nesta caixa estão todos os itens que você usará esta noite.
Tomas te trará até o local e uma jovem na recepção te guiara
para o salão principal.
Estarei na entrada às vinte e duas horas te esperando.
Beijos.
Adriano A."
Leio o bilhete, uma, duas, três vezes e continuo parada no meio da
cozinha.
— Minha filha, você voltou a ser um nabo! Quer se sentar?
Maria toca em meu braço, olho para seu rosto e ela apenas me passa um
sorriso reconfortante.
— Adriano quer que eu o encontre hoje à noite para um baile. E se eu
não souber me comportar no meio de tantas pessoas chiques?
Dona Maria coloca as mãos para cima como se fosse fazer uma prece,
pede para que eu pegue a caixa, desliga o fogão para não se passar com o
cozimento dos alimentos e me acompanha até a casa da piscina.
Assim que chegamos, ela me pede para abrir a caixa e olha cada item, o
vestido longo estilo princesa azul escuro com um decote em V super
poderoso me deixa sem ar, um par de sandálias da mesma cor do vestido
contornadas com pedras que eu poderia jurar serem preciosas ou uma
imitação perfeita, uma máscara bem veneziana do mesmo tom do vestido,
uma lingerie bem minimalista que me deixa corada só em olhar e para
completar um par de brincos em formato de gotas transparentes.
— S-são de verdade?
Maria abre bem os olhos, olha o nome da loja e confirma com gestos.
— Adriano não te daria bijuteria.
Sento-me na cama quase sem sentir minhas pernas e ela vem para o
meu lado.
— Carla, calma minha filha.
Dona Maria acaricia meu rosto e como se tem calma quando ganha
itens que pagaria um apartamento? E se sabe tudo o que vai acontecer em
horas? Sem falar que tenho muitos dias sem o ver.
— E-eu acho que entre mim e Adriano, hoje à noite vai ter tudo, não é?
Pergunto na verdade quase que afirmando e Maria gargalha.
— Se você quiser, minha menina. Se não se sentir segura, se divirta e
diga não, Adriano é um cavalheiro. Reconheço um homem de verdade e seu
namorado é um.
Disso ela tem toda razão, eu também o quero muito, mas só em
praticamente ter hora marcada para acontecer fico tensa.
— Eu sei.
Ela acaricia meus cabelos.
— Bem, fique aqui se cuidando, seu perfume hoje não pode ser de
batatas e cenouras, volto aqui para trazer seu almoço, agora se cuide.
Ela começa a sair, pausa um pouco e olha para trás.
— Um certo advogado que tira o seu fôlego me disse que alguém
chegará as vinte horas para te arrumar.
Meu Deus! Adriano programou tudo e nem sequer me deu uma dica.
— T-tudo bem.
Durante os próximos minutos, fico inerte, parecendo que tomei uma
anestesia, olhando para todos os itens da caixa, leio novamente o bilhete e só
então percebo, me esqueci de agradecer a Adriano.
Corro para o celular, abro o aplicativo de mensagens e mil palavras
transbordam em meu ser, umas que com certeza o faria correr de mim e eu
decido guardá-las para o momento oportuno, e tentando ser o mais simples
possível começo a digitar.
"Oi, Adriano.
Tem quase uma hora que recebi a caixa e ainda estou
paralisada tentando entender o que está acontecendo comigo,
todos os itens são tão lindos. Estou super agradecida, e... É claro
que serei a sua dama misteriosa.
Beijos,
Carla"
Depois de mais algum tempo olhando para mensagem que acabo de
enviar, lembrando-me dos beijos, tudo mais que já aconteceu entre nós, sinto-
me mais relaxada, como ainda é bem cedo, resolvo estudar um pouco de
redação e o tema que escolho apesar de bem incomum, é o único que com
certeza tenho condições de escrever no momento.
"Amor à primeira vista, existe?"
À tarde, depois do almoço com a companhia maravilhosa da Maria,
começo de fato a me arrumar e para tal situação, um banho na banheira
relaxante me pareceu mais que necessário.
Entre depilação em tudo que é lugar, unhas pintadas e sobrancelha feita
o tempo foi passando.
Faltando quinze minutos para o horário marcado para maquiadora
chegar, decido vestir a lingerie azul marinho toda trabalhada na transparência
e renda daquelas que parecem ser bem caras. Ao terminar e colocar os saltos,
no reflexo do espelho já não parecia ser eu.
Meu corpo simplesmente está realçado nos lugares certos e uma luxuria
já começa a percorrer todas as minhas terminações nervosas, pois tenho
vontade que Adriano me veja exatamente assim.
Às vinte horas, quando estou vestida com o roupão, já com os brincos
uma jovem chega para fazer a minha maquiagem e cabelo e depois de todo
procedimento, faltando quarenta minutos para encontrar Adriano, estou
pronta e sem palavras ao me olhar.
— Nossa! Estou me sentindo uma..
— Você está uma princesa!
Dona Maria praticamente grita quando me ver.
— Obrigada, hoje eu tenho que concordar e eu queria muito que minha
mãe pudesse me ver assim.
Meus olhos ficam marejados e Maria me abraça.
— De onde sua mãe estiver, tenha certeza que ela está muito feliz,
agora deixe-me colocar a sua máscara. Você não pode atrasar e tenha um
feliz ano novo, minha menina.

Fico surpresa com a direção que seguimos, pelo que me lembre, a via
Norte nos levará para Orla, mas decido não perguntar até porque a ansiedade
me deixa completamente sem voz.
Com mais alguns minutos, vejo um pequeno congestionamento de
carros, bem no cais onde um cruzeiro marítimo lindo está atracado, seguimos
a enorme fila que deixa várias pessoas numa entrada, onde tem uma ponte
que leva para o navio e finalmente chega a minha vez.

Adriano Albuquerque
Passo o dia me perguntando o que está acontecendo de verdade comigo,
sinto-me ansioso, verifico as horas várias vezes, só em pensar no nome
"Carla", um sorriso persistente simplesmente brota em meus lábios e a
expectativa da noite de réveillon, me faz ser completamente cego para as
alternativas que surgem durante o período que estive na academia e piscina do
cruzeiro.
A lembrança dos seus lábios em mim, a maciez da sua pele roçando no
meu corpo me enlouquece. Porra! Tenho muita saudade, este sim é o
sentimento que traduz boa parte do que sinto e eu não posso mais negar que
Carla exerce um poder sobre mim.
Quinze minutos, é a distância de tempo que me separa de Carla, a
expectativa de vê-la novamente me desconcentra. A todo momento conhecidos
vêm em minha direção, clientes antigos me parabenizam por meu sucesso em
algumas causas em que saí vitorioso há meses só para terem assunto comigo,
enquanto eu... verifico novamente as horas.
— Você parece estar bem ansioso, esperando alguém? Uma namorada?
A esposa de um grande empresário local me pergunta ao me observar,
demonstra bastante interesse pela resposta e eu entendo, sei que sou um dos
solteiros mais cobiçados da alta sociedade e ela tem uma filha que já
demonstrou interesse.
— Na verdade, sim. E tenho que ir até a entrada principal, ela chegará
em minutos.
A senhora abre bastante os olhos, mas não parece estar feliz.
— Ora, será que testemunharei o Dr. Adriano assumindo um
relacionamento? Ficarei ansiosa para conhecê-la, só não se esqueça de ter
bastante sabedoria, muitas moças quando conhecem um rapaz bem-sucedido
como você, tentam se aproveitar.
É sério o que acabo de ouvir? De repente me vejo tentado a perguntar se
ela está falando da própria filha, mas me controlo em respeito à família.
— Sobre a moça em questão. – Paro por um momento ao me lembrar de
Carla com seu jeito simples que quer sempre me impedir de gastar valores que
acho o mínimo, mas que para ela é o máximo. — Ela é diferente.
Afirmo com toda certeza que posso ter, percebo que agora sou vítima da
total curiosidade da socialite, decido cortar conversa e após um cumprimento,
vou em direção a entrada do salão, que por sinal encontra-se lotado de homens
e mulheres com suas diversas máscaras. Quase não reconheço ninguém, mas é
incrível como me enxergam.
Cinco minutos para as vinte e duas horas. Mentalmente faço piada sobre
meu estado adolescente, pois é o que pareço dada as circunstâncias e para
completar mais e mais pessoas chegam, menos ela.
Coloco as mãos nos bolsos, observo ao olhar para o céu o quanto a noite
está espetacular e ao abaixar minhas vistas, paraliso. Carla está parada a
poucos passos de distância, perfeita, observo que a máscara lhe caiu muito
bem deixando o ar misterioso que eu queria, ela parece ansiosa, sua respiração
falha por um momento, seus peitos ficam mais evidentes e então sorri.
Porra! O que eu poderia esperar da mulher que teve minha total atenção
quando estava vestida apenas com meu moletom no meu quarto? Agora ouso
falar que é a mais linda de toda festa e é completamente minha.
— O-oi, doutor.
Puta merda! Não resisto aos seus lábios entreabertos, com uma mão
possessiva em sua cintura a puxo e a beijo. Ela segura em meus braços como
se estivesse buscando equilíbrio, acaricia e com as mãos cruzadas em meu
pescoço retribui ousadamente as minhas investidas.
— Você está linda.
Ela morde os lábios.
— Hoje eu preciso concordar, estou me sentindo de verdade muito
linda, mesmo agora estando sem batom.
Acho graça da sua colocação, mas será que ela não sabe que já é linda
mesmo usando apenas um roupão?
— Seus lábios têm uma cor maravilhosa, o batom não te faz falta, você
continua linda de qualquer jeito.
Ela me dá o mais lindo sorriso.
— Você também está lindo... Na verdade é muito, mas quando usa
essas roupas fica ainda mais.
Carla toca em minha gravata e depois desliza seus dedos pelos botões
da camisa. Puta meda! Seus toques me deixam ainda mais excitado, não
consigo conter meu pau e para evitar mais exposição, entrelaço minha mão
com a dela.
Adentramos o salão, em direção a mesa reservada em um local com
vista privilegiada para se ver a queima de fogos, noto a todo tempo o
encantamento de Carla por causa do glamour da festa, é lindo de ver seus
olhinhos brilhando com o novo, porém também vejo que as vezes ela abaixa
o olhar quando as pessoas a observam.
— Carla, você por um acaso está desconfortável por estar aqui?
A abraço de surpresa e pergunto bem no seu ouvido por causa do
ambiente barulhento.
— Um pouco, pelo que vejo aqui só tem pessoas bem ricas, Adriano. E
eu sou apenas uma empregada, ou melhor, sua guelzinha.
Ela me abraça e sussurra. Aproveito a aproximação, deslizo minha mão
nas suas costas nuas e mais uma vez beijo seus lábios viciantes, quando abro
os olhos, noto algumas pessoas tentando desvendar o seu rosto, ao
terminarmos ela descansa a cabeça em meu ombro para recuperar o fôlego e
eu decido reconfortá-la.
— Não se sinta inferior por ser office girl, isso não é motivo de
vergonha.
— Eu não tenho, pelo contrário, sou bastante agradecida, mas você
sabe, as pessoas julgam.
Entendo seus motivos, na tentativa de acalmá-la a levo para mesa,
sentamos um ao lado do outro em uma espécie se sofá em L, a envolvo no
meu abraço, peço um vinho rosê para minha linda e faço questão de alimentá-
la com algo leve, mas que lhe ofereça o devido vigor durante as próximas
horas.
— Mais uma hora e entraremos em um novo ano.
Comento ao acariciar o rosto de Carla e recebo um beijo saborizado
com o chocolate da sobremesa.
— Sim e vai ser inesquecível para mim.
Passo minha mão por baixo da mesa e acaricio sua coxa por cima do
vestido, fico louco ao ver seu rosto ganhando um novo tom.
— Para mim também. Quer dançar?
— Sério que você dança?
Acho graça da sua pergunta com misto de brincadeira e surpresa.
— Na verdade não é difícil fazer um passo para esquerda e vez ou outra
para direita.
Carla sorri.
— Aqui não parece que vamos dançar valsa, Adriano.
Ela acaricia meu rosto roçando os dedos na minha barba por fazer que
eu sei bem onde vou passar para provocá-la.
— Mas eu aceito, estou super curiosa para te ver dançando.
Ela não imagina o quanto também estou curioso. De mãos dadas vamos
para o centro da pista e ao som de várias músicas nos divertimos, gosto de
vê-la relaxando e deixando a baixa autoestima de lado, mas eu só não contava
que Carla saberia dançar tão bem e que por isso chamaria ainda mais atenção.
Tento mantê-la protegida por meus braços, mas não consigo evitar os
olhares.
O Dj anuncia a música Perfect Duet de Ed Sheeran, que ele dedica aos
casais, o ritmo mais suave contagia o ambiente e Carla juntamente comigo
dançamos perdidos um no olhar do outro.
— Essa música parece ser linda, mas não entendo muito o que diz.
Ela confessa parecendo lamentar, então inclino-me e com meus lábios
próximos ao seu ouvido traduzo alguns trechos.
"Querida, entre de cabeça e me siga... Bem, eu encontrei
uma garota, linda e doce. Oh, eu nunca soube que era você quem
estava esperando por mim..."
Nossos movimentos vão cessando, Carla acaricia minha nuca enquanto
vou sussurrando as frases, se afasta um pouco fazendo com que eu a olhe,
fica na ponta dos pés e me beija, lento, sexy, gradativamente aumenta o ritmo
e me puxa ainda mais para que nossos corpos fiquem alinhados. Eu não
consigo mais esperar.
— Carla, está sentindo como você me deixa?
Sussurro no seu ouvido e ela me aperta.
— Você me causa o mesmo efeito. E eu acho que gostaria de passar a
virada de ano, a sós com você.

Carla Dantas

Confesso, mesmo que correndo o risco de parecer apressada, mas o que


posso fazer? Simplesmente não tenho e nem quero ter força para resistir ao
advogato que no momento me olha e me dá aquele sorriso que sempre me
encanta.
— Você acha ou tem certeza?
Ele me dá uma piscadela e acaricia minha mão que já está um pouco fria
por causa da ansiedade.
— Tenho certeza.
Meu coração acelera, Adriano sorri como quem acaba de ganhar o
melhor presente, entrelaça sua mão junto a minha e unidos ultrapassamos as
barreiras de tantas pessoas que nos cercam até chegarmos na área dos
elevadores.
— Pensei que íamos para casa.
Enquanto aguardamos o elevador, Adriano me abraça, apesar dos tecidos
das roupas que nos separam, sinto seus músculos me envolvendo e isso me
deixa ainda mais louca por ele e com a certeza minha calcinha já está
estragada.
— Essa noite merece algo especial, linda.
Durante o tempo que subimos no elevador, só consigo pensar que não
tenho psicológico para acordar do sonho que estou vivendo, Adriano como
sempre me envolve com suas caricias, ele parece saber que precisa me segurar
porque por dentro de mim simplesmente estou com um turbilhão de
pensamentos, medos, incertezas relacionadas ao futuro e só uma certeza, a de
que o quero muito.
Ao chegarmos no andar, caminhamos até a última porta do lado
esquerdo e quando ele passa o cartão e eu vejo o local, meu coração parece
que vai simplesmente sair pela boca.
— Você merece.
Não tenho muito tempo de apreciar a suíte luxuosa, ampla, com uma
varanda linda que eu nunca imaginei que teria em um cruzeiro, meu advogato
fecha a porta e de forma voraz me beija, deixando-me completamente
entregue, apenas viajando na deliciosa sensação que é a sua língua junta a
minha e não para por aí, pois suas mãos ainda estão mais possessivas ao
acariciar meu corpo.
— A-Adriano.
Seguro em seus braços com força, entre gemidos sussurro seu nome que
me dá tanto prazer em dizer, seus lábios continuam fazendo maravilhas
inimagináveis no meu pescoço e ele não para até chegar bem perto dos meus
peitos.
— Te quero tanto, Carla.
Olhando nos meus olhos ele se declara, tira a minha máscara, minhas
mãos mesmo que trêmulas falam por mim, demonstrando também o quanto o
quero, o livro da sua máscara, em seguida da gravata borboleta e vou abrindo
cada botão sentindo a sua pele quente, puxo sua camisa para fora da calça, ele
se despe, aprecio seus braços, abdômen dividido, não vejo a hora de o ver
completamente nu e estou louca para descobrir o que seu pau maravilhoso
pode fazer em mim e com este pensamento o puxo pelos bolsos da calça.
Capítulo 14

Adriano Albuquerque

Carlinha totalmente no seu modo misto entre uma tímida e safada que
muito me agrada, me puxa pelos bolsos da calça, meu pau chega a pulsar de
tanto desejo de tê-la me recebendo e movido por este pensamento, abro o zíper
lateral do seu vestido e deixo que caia até seus pés.
No momento que a vejo com a lingerie minimalista que escolhi para
ocasião, percebo que uma grande prova está acontecendo comigo, pois tenho
vontade de fodê-la em todas as posições, meter meu pau sem maiores
cerimônias, proporcionar muito prazer até vê-la desacordada em meus braços,
mas é a sua primeira vez e eu preciso ser paciente.
Sem que ela espere, a carrego, ela cruza as pernas em meu quadril, com
nossos lábios unidos, vou em direção da cama onde a coloco deitada, tiro seu
sutiã, beijo seus peitos inchados de tanta excitação, mas dada a ansiedade,
deslizo minha boca faminta por sua barriga, até que chego lá, na boceta, onde
desde que a conheci tenho vontade de estar.
— Ahhh Adrianooo,
Ela geme, na expectativa, se contorce de prazer puxando os lençóis, tiro
sua calcinha e logo enlouqueço com o que vejo.
— Boceta lisinha como gosto.
Ela tenta fechar as pernas quando me ajoelho na sua frente o seu rosto
fica todo vermelhinho.
— Abra bem essas pernas, Carla. Vou te foder com minha língua.
Com o auxílio das minhas mãos em suas coxas, ela me obedece, fico de
cara com uma gostosa aberta, molhadinha, pronta para rebolar em minha boca
e porra!
Passo minha língua na extensão, provo o gosto de boceta que sou
viciado, Carla grita, a observo para ver como está e para minha surpresa a
gostosa aperta os seios e inclina a cabeça para trás. Ela está pronta e louca para
ser fodida.
Percebendo que Carla não vai mais fechar as pernas, massageio sua
entradinha com meu polegar enquanto chupo seu clitóris, vendo o quanto ela
relaxou meto um pouco do meu dedo abrindo espaço, meu pau pulsa, ela
rebola, de tão excitada parece não sentir dor, chupo mais rápido, o prazer
aumenta e eu já brinco tirando e botando meu dedo na apertadinha, até sentir o
início dos espasmos que indicam o orgasmo sendo construído.
— Não para, não para doutor.
Ela pede desesperada, os movimentos do seu quadril sugam mais o meu
dedo e ela goza gostoso me dando seu sabor de mulher.
— Carla, eu não aguento mais, preciso de você, qualquer dor, peça para
parar, pois eu já estou no limite.
A gostosa, enquanto me vê tirando a calça junto com a boxer, vê meu
pau com as veias bem salientes e pulsando, desliza a mão até sua boceta e se
masturba para mim, fico louco com a visão, tiro um preservativo da minha
carteira que estava na mesa de centro, visto meu pau, vou para o meio de suas
pernas, posiciono-me na entrada, com uma encostadinha da cabeça ela rebola,
seguro suas mãos para deixá-la ainda mais vulnerável a mim e olhando nos
seus olhos, meto um pouco.
— Vemmm.
Ela pede enquanto seus olhos ficam marejados e em um movimento
lento de vai e vem para acostumá-la vou metendo meu pau todinho.
Carla vai se acostumando, ousadamente rebola, ainda usando saltos,
cruza as pernas no meu quadril, me puxa e com esse gesto me libera para uma
foda mais pesada.
— Goza, sou todo seu.
— Vem Adriano.
Suas mãos cruzam meu pescoço, sinto meu pau sendo ainda mais
apertado, os gemidos de Carla ficam muito mais altos, ela arranha minhas
costas e goza chamando meu nome, eu a acompanho, quando ainda estamos
encaixados, nos beijamos e pela claridade que entra no quarto e som de fogos
de artificio, constato que acabo de viver a melhor virada de ano da minha vida
— F-feliz ano novo, lindo.
Acaricio seus cabelos molhados de tanto suor, observo o quanto ela fica
linda pós sexo, não imagino Carla com mais nenhum homem e nossos olhares
se encontram demonstrando cumplicidade enquanto sou acometido por uma
certeza que preciso verbalizar como se fosse o ar que respiro.
— Feliz ano novo, minha namorada.

Carla Dantas

Meus batimentos cardíacos nem sequer normalizaram e eu ouço a


felicitação de Adriano. Com minha mão direita acaricio o rosto dele que está
bem pertinho do meu, a palavra "sim" grita no meu consciente, mas ainda
assim eu preciso ter certeza do que ouvi. Será que o efeito dos dois orgasmos
que meus dedos nunca proporcionaram me fizeram viajar a tal ponto?
— C-como assim?
Ele distribui beijos no meu rosto, se retira devagarzinho me deixando
com um leve desconforto, ajoelha na cama ao meu lado me dando uma visão
maravilhosa do seu corpo de tirar o fôlego, tira a camisinha e após dar um nó,
levanta e vai até a suíte.
Ao voltar, deita ao meu lado, de forma rápida me puxa para ficar por
cima e me beija, tão gostoso, demorado que sinto seu delicioso pau bem ativo
roçando em mim.
— Namorada, Carla. Você será só minha.
Adriano sussurra no meu ouvido, aperta minha bunda com uma força
que me deixa ainda mais molhada, me fazendo gemer descaradamente.
— Eu também vou ser só seu.
Não resisto e mordo seu ombro e mesmo sem estar recuperada da minha
primeira vez a excitação só aumenta.
— Isso muito me agrada, doutor.
Ele me vira para baixo, encaixa-se entre minhas pernas e beija meus
seios, os deixando com os mamilos bem duros.
— Então, o que me diz?
Passa a língua no meu umbigo me fazendo chamar o seu nome repetidas
vezes e se ajoelha entre minhas pernas abertas. Eu nem acredito que não sinto
vergonha mesmo com o quarto bem iluminado, é como se minha mente já
aceitasse a muito tempo toda intimidade com o advogato.
— Você tem dúvidas?
Ele me dá uma piscadela.
— Não, mas ainda assim, quero sua resposta durante nosso banho.
Fico curiosa para saber o motivo, mas se é algo que vem do meu
namorado, com certeza o motivo deve ser muito bom. Em seguida, ele nem me
dá espaço para dizer sequer uma palavra, levanta-se e ao chegar ao lado da
cama, me carrega como se eu fosse bem leve e me leva para suíte.
— Vou ficar mal-acostumada.
Me divirto com Adriano, que me aperta ainda mais ao me ouvir, faz todo
trajeto comigo em seus braços e só me coloca em pé ao lado de um assento
dentro do box.
— Fique de costas e coloque uma de suas pernas no assento, Carla.
Assim como pedido, faço. Adriano se afasta abre a torneira, a água
morna cai nas minhas costas, escorre pelo meu quadril, ele se aproxima, sinto
seu corpo se alinhando ao meu, e com o sabonete líquido, começa a me
ensaboar, suas mãos enormes apalpam meus peitos, deslizam na minha
barriga, ansiosa por mais, ponho minha minhas mãos por cima das dele e ele
sabendo o que tanto quero, volta a massagear meus seios enquanto seu pau
roça na minha bunda. Só para me provocar.
— Adriano.
O chamo baixinho, enquanto me pergunto se é normal sentir tanto desejo
depois da primeira vez ou se a culpa é do advogato.
— Oi, Carla.
Ele coloca minhas mãos no revestimento do banheiro, as segura com a
sua mão esquerda e desliza a outra por minha barriga, até chegar lá.
Seus dedos circulam meu clitóris me fazendo rebolar e mesmo com a
água escorrendo entre nós, o calor só aumenta, de tal forma que nem consigo
falar, só gemer muito.
— Me responde agora, quer ser minha namorada?
— S-s-simm.
Suas palavras alinhadas com as carícias me levam novamente a ter outro
orgasmo, a sensação que tenho é que vou desmaiar, mas ele me segura pela
cintura, abre ainda mais a torneira, senta-se, coloca-me em seu colo de lado,
com seu pau entre minhas pernas e me beija levando-me a loucura.
— Que delícia, Carla. Você assim toda vermelhinha no meu colo,
exausta de tanto prazer em pleno banho.
Deitada no seu ombro e segurando-me em seus braços, sinto quando ele
espreme mais um pouco de sabonete líquido em minha barriga, ensaboa a área
e mais uma vez acaricia meu clítoris. A sensibilidade é tanta que me faz abrir
bem os olhos.
Em seguida peço o frasco do sabonete e decido participar de forma mais
ativa do nosso banho, então, mesmo sentindo as pernas trêmulas, levanto-me,
espremo o liquido em seu peitoral, e vou lavando até chegar no seu pau que
quando toco e olho para cima, nossos olhares se encontram e Adriano me
devora com os olhos.
— Assim você vai me deixar louco para estar novamente entre suas
pernas.
— Você pode realizar este desejo agora.
Mordo os lábios como uma punição por não conseguir ficar quieta e ele
acaricia meu rosto.
— Você está muito excitada, o que é muito bom, mas seu corpo
conheceu algo novo e precisa de algum descanso.
Seus cuidados me deixam ainda mais apaixonada, completamente
rendida ao doutor que me puxa pela mão para que eu pare de o provocar e
entre beijos terminamos o banho.

— Está com fome?


Ele me pergunta todo cuidadoso quando nos sentamos em uma enorme
espreguiçadeira na varanda da suíte para observar a bela vista.
— Muita.
— Que bom, programei uma entrega aqui no quarto e deve estar
chegando em uns quinze minutos.
Estando entre suas pernas, viro-me para o olhar bem de frente.
— Era tão certo assim que você me teria? Já que programou tudo nos
detalhes.
Adriano gargalha enquanto com gestos diz que sim.
— Um homem tem que saber como chegar nos seus objetivos e eu te
quis desde quando te vi, eu só não sabia que você era uma armadilha muito
boa por sinal e que agora é a minha primeira namorada. – Arregalo os olhos de
tal forma que ele volta a se divertir. — Ora, namoro é coisa séria, Carla.
Concordo com gestos e deito-me em seu peitoral até que o jantar chega e
nós dois, ainda olhando a linda vista, jantamos.

Ainda na madrugada do primeiro dia do ano, após um sono para repor


um pouco a energia, voltamos para casa, afinal de contas, eu não tenho como
viajar tendo em vista as provas e Adriano acaba desistindo dos três dias a
bordo do cruzeiro para me fazer companhia.
— Já estamos quase chegando, preparada para ser apresentada como
minha namorada para os empregados da casa?
Deus do céu, como assim? O que vão pensar de mim?
— Não precisa, já pensou no auê que vai ser?
Adriano me puxa para ficar ainda mais ao seu lado enquanto Tomas
dirige e eu morro de vergonha.
— Na minha casa, eu quero te beijar onde estiver, em qualquer
momento, não vamos viver escondidos. – Confirmo com gestos por já estar
viajando nas possibilidades do "onde estiver, em qualquer momento" — Linda,
a essa altura, a casa toda já sabe, pois Maria e Tomas não sabem ser discretos,
com certeza a novidade já espalhou.
Tomas dá risada mesmo que de forma discreta.
— É verdade, todos sabem desde ontem a noite quando te levei para o
encontro com o doutor.
Cubro meu rosto com as duas mãos enquanto os dois se divertem as
minhas custas, até que percebo o carro parando momentaneamente e ao abrir
os olhos vejo o esposo de Maria abrindo o portão principal.
Descemos do carro, minha amiga me abraça e não consigo falar muito, é
como se todos estivessem lendo na minha testa que Adriano e eu transamos.
— Como foi de virada de ano, minha filha?
— Foi maravilhosa e por aqui?
Ela me dá o braço e começamos a caminhar para casa principal, sendo
seguida por Tomas, seu esposo e Adriano.
— Assisti o show da virada na sala de TV e fui comemorar com meu
marido, está achando que só você faz um amorzinho para inaugurar o ano? –
Minha pele aquece de tal forma que tenho vontade de me jogar na piscina para
ver se consigo disfarçar melhor e minha mãezinha do coração se diverte ao me
olhar. —Meu menino se comportou?
Pego em sua mão, caminhamos mais rápido, pois preciso de uma
distância para poder fofocar, nós duas entramos na cozinha e me sentindo em
um ambiente mais simples, tiro os saltos.
— Estou perdidamente apaixonada, ele foi simplesmente maravilhoso e
isso me dá tanto medo.
Faço uma pausa e por estar descalça, saio arrastando o vestido pela
cozinha até o pequeno lavabo onde higienizo as mãos.
— O que será de mim? Maria, ele me pediu em namoro.
Ela bate palmas enquanto caminho até a geladeira, pois necessito
urgentemente de um copo d'água bem gelado.
— Isso é maravilhoso e deixe de medo, você tem o apoio de todo
pessoal daqui da casa e sobre os pais e irmã de Adriano, fica tranquila, eles são
muito protetores, mas com a convivência, saberão que você é uma ótima
menina e vão te aceitar.
Sento-me em uma banqueta, bebo demoradamente a água até que sinto
as mãos que tanto sou apaixonada, acariciando meu ventre.
— Maria, depois organize as roupas de Carla no meu closet.
Acabo me entalando com a água, Adriano me ajuda, Maria gargalha e
como se soubesse que eu preciso urgentemente conversar com meu namorado
mandão, inventa que vai olhar o jardim.
— Adriano, não... Eu amo a casa da piscina.
Ele gira a banqueta, me deixa de frente para ele e se encaixa entre
minhas pernas.
— Mas eu quero você do meu lado.
Deus do céu, como é difícil pensar com Adriano tão perto.
— Sei que sim, mas nós somos namorados e sou praticamente a sua
vizinha.
Ele me dá um beijo rápido e olha bem no meu rosto.
— Só por isso?
Acabo negando com gestos, meu advogato parece que me conhece há
anos.
— Não. É que prefiro ir aos poucos, não quero já começar me mudando
para seu quarto, nós podemos dormir até juntos, mas de verdade, acho que até
sua irmã e pais vão me aceitar melhor assim. Quero conquistar meu espaço,
sem atropelos, até mesmo no trabalho.
Comento e ele acaricia meu rosto enquanto o silêncio paira no ar.
— Eu te entendo, mas sendo bem sincero, por mim, você agora ia viver
de estudos, cursos, até alcançar seu objetivo, apenas ia atuar no momento
certo, na sua área. Mas você é Carla, uma mulher que quer ser independente,
eu aprecio muito isso e já vi que meu destino será dormir na casa da piscina.
Ahhh cristinho, que homem!
— E no trabalho, podemos ser discretos como manda a regra da
empresa? Por favor, até que comece meu estágio como assistente social?
Ele suspira e une sua testa com a minha.
— Podemos, eu sei que é importante para você, mas será terrível.
Abro um pouco mais as pernas para que ele fique mais próximo e uau!
Eu já o quero novamente daquele jeito.
— Talvez pode até ser divertido, como uma.
Interrompo a minha fala, mordo meus lábios contendo um sorriso
enquanto na minha mente os pensamentos mais pecaminosos rondam.
— Como uma fantasia? Chefe e funcionária? Algo proibido?
Adriano lê a minha mente e fica tão pertinho que meus lábios já se
abrem para recebê-lo.
— Sim.
— Que delícia, Carla. Já estou ansioso.
Ele levanta meu vestido e acaricia minhas coxas, deixando-me
completamente aquecida e molhada até que ouvimos passos se afastarem.
— Será que Maria nos viu? – Ficamos um pouco pensativos. — Acho
que vou em casa tirar esse vestido e também tenho que estudar.
— Tudo bem, linda. Vou aproveitar um tempo para organizar algumas
coisas, em alguns dias minha vida será uma correria.
Ele me tira da banqueta, insiste em me levar até a minha moradia, mas o
convenço que não vou me perder no pequeno trajeto até a casa da piscina e
após pegar a chave que estava na cozinha, caminho alegremente sendo
observada por ele.
Ao chegar na porta mando um beijo para Adriano e estampando o maior
sorriso no rosto, coloco a chave na fechadura, porém noto que está aberta e ao
entrar, praticamente paraliso.
— Dona Bruna?
Ela está visivelmente cansada, com um vestido branco que desenha todo
seu corpo curvilíneo e já sem os saltos.
— Pode me chamar apenas de Bruna, o que vi na cozinha me diz que
agora sou praticamente sua cunhada.
Socorro, Deus! O que se faz em uma situação como essa?
— Sim, seu irmão e eu.
Ela pede para que eu pare de falar com gestos.
— Olha aqui, meu irmão é adulto, dono do próprio nariz, mas eu sou
uma irmã que apesar de ser mais nova, é o cúmulo da preocupação e proteção.
– Ela caminha lentamente entre a bancada e perto de mim que ainda estou
próxima da porta. — Ele te conhece há dias e agora você já está usando um
brinco que vale o mesmo valor de um apartamento popular na periferia.
Me encosto na parede só em ouvir a comparação. Como assim?
— E-eu não tinha noção disso.
Começo a tirá-los rapidamente enquanto ela me olha de forma esquisita
e depois vou em sua direção segurando os brincos.
— Eu não pedi para você me dar o par de brincos.
Ela responde em sua defesa por causa do meu gesto e eu noto que Bruna
entendeu tudo errado.
— Apesar do valor absurdo, esse par de brincos foi presente de Adriano
que é um homem muito especial para mim, no qual sou perdidamente
apaixonada, não me entenda errado, eu nunca repassaria um presente dele,
nem para você que é irmã, mas agora que sei o valor dessa peça, queria te
pedir para guardar junto com suas joias, você deve ter um cofre, assim sinto-
me mais segura.
Bruna coloca a mão na boca e abre bem os olhos.
— Ah meu Deus! Você realmente não é uma golpista.
Ela vai até o sofá e após sentar, me chama com gestos. Sento-me ao seu
lado, nós duas conversamos, conto como tudo começou, a forma que ele foi
me conquistando até a virada do ano.
— Não foi premeditado, mas aconteceu e eu sei que a diferença social
assusta muitoooo, mas eu realmente não sou uma aproveitadora, tanto que não
ficarei encostada no seu irmão.
Bruna parece entender nossa situação, ela chega a brincar que queria um
namorado com as mesmas atitudes do irmão, explica que é super protetora por
causa dos traumas e o melhor, promete que não contará a ninguém na empresa
e muito menos a amiga Patrícia.
— Meu irmão vem em primeiro lugar, só faça ele feliz e desculpa pela
minha atitude julgadora, eu realmente tenho traumas de pessoas
aproveitadoras.
— Está desculpada.
Ela agradece, sorri e fica olhando para meu rosto de uma forma que até
fico constrangida.
— Você me lembra alguém, Carla.
Paro um pouco para pensar e não faço ideia de quem seja, o que me
deixa ainda mais curiosa.
— Será que você não conheceu a minha mãe? Ela trabalhou por muito
tempo na casa da dona Dorothy.
Ela nega com os gestos e fica alguns segundos olhando para o nada me
deixando até um pouco desconfortável por não saber o que dizer.
— Realmente não me lembro com quem você parece, mas tenho fé que
um dia vou. – Bruna mais uma vez fica bem pensativa como se estivesse
inconformada com a falha da sua memória. — Carla, já que citou a sua mãe,
me perdoe tocar no assunto, mas eu queria saber. Como foi que ela faleceu?
Respiro fundo porque o assunto é algo que gosto de evitar falar, na
verdade fujo o tempo todo das lembranças tentando deixar minha mente
ocupada, a dor que a perda me causa ainda não foi superada, eu não sei quando
vai ser e se vai.
— Foi tudo muito rápido, me despedi da mamãe pela manhã, ela foi
trabalhar, o dia que estava como todos os outros não me deu nenhum sinal
sobrenatural para me preparar para mudança que estava por vir, como vendia
doces a tarde pela vizinhança passei as horas subindo e descendo ladeiras e
escadarias, na volta para nossa residência comprei nosso pão na padaria e
assim que cheguei em casa, recebi a ligação da dona Dorothy.
Minha garganta chega a doer porque tento conter o choro.
— T-tudo aconteceu em frente à casa da minha antiga patroa, parece que
minha mãe atravessou a rua rápido para falar com alguém e não viu que um
carro estava perto.
Eu não consigo conter as lágrimas que molham em abundância todo meu
rosto.
— E-ela ainda ficou em coma durante dois dias, chegou a acordar, por
sorte eu estava perto, a mamãe balbuciou que me amava, pediu perdão por me
deixar, usou seus últimos segundos para me confortar, me chamou de
borboletinha e se foi me deixando praticamente sozinha, pois meu pai nos
deixou quando eu era bem criança.
Coloco o par de brincos no meu colo, levo as mãos ao rosto, soluçando e
Bruna me envolve em seus braços.
— Me perdoa, e-eu não deveria tocar no assunto, mas você não está só,
você tem meu irmão e eu, serei a sua irmã, sempre quis ter uma mais nova.
Ela me acalma com suas palavras, segurando meus brincos em uma
mão, me oferece a outra e vamos até o quarto, onde de forma simpática me
mostra um fundo falso no guarda roupa para os guardar e prepara um banho na
banheira para mim.
— Obrigada, Bruna. Eu vou amar ter uma irmã mais velha.
Ela sorri e eu fico impressionada, ela lembra meu advogato.
— Não tão mais velha, você que é muito nova.
Ela revira os olhos, me abraça com carinho, me faz prometer que ficarei
bem e diz que precisa ir urgentemente para seu quarto para dormir, pois há
pouco tempo ainda estava dançando em uma festa bem badalada.

Adriano Albuquerque

Após uma noite praticamente agarrado a Carla e depois do nosso último


banho é impossível não ter a sua imagem deliciosa a todo momento rondando
meus pensamentos enquanto a água escorre sobre meu corpo.
E o melhor, ela não é só aparência, existem outros encantos, no seu
modo simples de ver a vida, sua garra de lutar pelo o que quer, não ostentar os
brincos caríssimos e ser interesseira como boa parte das mulheres que conheci,
enfim, Carla é única. Porra! Isso realmente me impressiona.
Ao terminar minha ducha, enxugo-me de forma parcial, enrolo uma
toalha que fica pendendo no quadril e enquanto faço uma lista mental das
coisas que preciso adiantar, caminho para o quarto.
— Puta merda, Bruna. Poderia me pegar em uma situação
constrangedora.
Minha irmã que mais parece um zumbi de tanto sono que demonstra,
levanta e vem em minha direção.
— Feliz ano novo para você também e de constrangimento, basta o que
vi na cozinha quando cheguei da festa.
Nos abraçamos e ao nos separarmos, noto que estou perdendo alguma
informação, a face da minha caçula não nega.
— Bruna?
Ela revira os olhos, caminha até a cama e volta a se sentar.
— Como você já percebeu, vi você e Carla quase transando na cozinha,
dei privacidade, mas tive que esperá-la na casa da piscina, precisava questioná-
la. – Porra! Como assim? Agora sou criança que precisa de proteção? Ela
levanta e coloca as mãos na cintura. — Aceite, você vai estar com cinquenta
anos e vou continuar te protegendo, é isso que irmãos fazem.
Dou de ombros por saber que ela acabou com todos meus argumentos,
nos sentamos, Bruna me conta como foi a conversa, me diz que mostrou para
Carla onde guardar o par de brincos e o pior, me conta detalhadamente como a
mãe dela faleceu.
— Carla é uma guerreira e ainda foi bastante humilhada no antigo
trabalho.
Continuamos conversando por alguns minutos e eu percebo Bruna quase
cochilando.
— Agora cheguei no limite do cansaço. – Minha irmã boceja, me dá um
beijo e caminha até a porta. —Gostei da minha cunhada, mas você sabe que
precisará protegê-la, não é? Nosso mundinho é tão complicado.
Disso com certeza eu sei, mas não me importo nem um pouco em ter
que tomar a frente.
— Sei sim e agora eu já sei que conto contigo também.
Ela confirma com gestos, despeço-me da minha irmã, sento-me na cama,
fico olhando as notificações de final de ano e lembro-me de falar com meus
pais. Aproveito para enviar para eles uma selfie minha e de Carla, é bom que
saibam por mim antes que Bruna conte algo.
Ao terminar de enviar a mensagem, visto-me de forma confortável e
decido ver minha namorada. A conversa que Bruna teve com ela me preocupa
e não a quero sozinha entre lembranças tristes.
Com o celular em mão, desço as escadas, encontro Maria que para variar
sempre procura o que fazer, conto que vou ver minha namorada e peço para
que ela não se preocupe com o almoço, pois é feriado.
Beijo o rosto da baixinha, agradeço por tudo que ela fez e faz por nós e
quando vou sair, sou segurado pelo braço.
— Meu filho, eu não ia falar nada, mas Bruna comentou comigo que
acha Carla parecida com alguém que ela não lembra e quando sua namorada e
eu estávamos no seu restaurante e Dorothy chegou com a filha, achei que seu
amor lembra um pouco Patrícia, você não acha?
Paro um pouco para pensar e não encontro semelhança alguma a não ser
o tom da pele parecido.
— Se Patrícia fosse linda como Carla, me chamaria atenção.
Brinco e Maria revira os olhos.
— Até parece que você só olhou a aparência da Carla.
Dou de ombros.
— Não posso negar que os atributos da minha namorada me chamaram
atenção, inicialmente.
Maria me dá um tapa no braço.
— Homens!
Decido contra argumentar.
— Mulheres também, tenho certeza que ela gostou muito do que viu.
Maria coloca as mãos nos olhos fingindo ter vergonha.
— Menino, tenho que confessar. Como se dizia na minha época, você é
um brotinho. Mas não é só um rapaz bonito e Carlinha também não é só uma
moça linda.
Concordo com Maria ainda achando graça do "brotinho", mas a
conversa logo é interrompida pela ligação do meu pai. É, eles receberam a
selfie.
Capítulo 15

Como eu já imaginava, apesar da ligação vir do número do celular do Sr.


Albuquerque, é a minha mãe que dá o ar da graça quando atendo.
Após ouvir um "bom dia" super afobado, ela me faz mil perguntas e para
me poupar de repetir toda história para o meu pai, peço para que ela coloque a
ligação em viva voz.
— Diz meu filho, de onde esta princesa linda surgiu? Nunca a vi em
nenhum evento social. Apesar de que ela parece um pouco com o Sr. Muniz, o
pai de Dorothy, ela é parente? Ele foi um homem que envelheceu muito bem e
que Deus o tenha.
Lembro-me vagamente do Sr. Muniz e fora a cor dos olhos, não vejo
semelhança, sendo assim respiro fundo para voltar ao foco da conversa e com
bastante calma conto com discrição a nossa pequena trajetória intensa desde
nosso primeiro encontro até o hoje.
— Percebem como ela é uma mulher especial?
O telefone fica por alguns segundos mudo, continuo caminhando na área
da piscina e eu tenho plena certeza que assustei meus pais.
— Você nunca foi a causa da nossa dor de cabeça, sempre curtiu muito
com certeza de forma consensual e se Carla é realmente tão especial como
você diz, não é a situação financeira que vai ser um problema.
Meu pai diz e eu fico bastante satisfeito com o que ouço.
— Concordo com seu pai, mas toma cuidado, filho. Infelizmente no
nosso meio lidamos com pessoas que visam apenas nossa condição. Por isso te
falei de Patrícia, pois sei que é uma menina doce e que seria uma ótima esposa.
Mas aceito a sua decisão, você nunca assumiu nenhum namoro e se está
assumindo esse, é porque é especial e no coração não se manda.
— Obrigado por nos apoiarem, breve levarei Carla para conhecê-los e
como vocês sabem, Bruna já conheceu e aprovou, é importante para mim tê-
los ao meu lado, como a família que sempre fomos.
— Será um prazer recebê-la aqui em Miami.
Continuamos a conversa, dou mais duas voltas na área por não conseguir
ficar muito parado e quando chego na porta da casa da piscina, despeço-me
dos meus pais.
Noto que a porta está encostada, como sei que minha irmã esteve aqui há
pouco tempo, já imagino que isso seja a sua culpa e pensando em fazer uma
surpresa para Carla, entro em silêncio.
Não a encontro na sala, vou até o quarto observando o quanto Carla
preserva a casa em ordem e a encontro deitada na cama, encolhida, com uma
camisola de seda que mais mostra que esconde e com os cabelos molhados.
— Carla?
Ela não responde, vou para o outro lado ainda em silêncio, só então vejo
seu rosto avermelhado provavelmente por ter chorado e sua boneca entre seus
braços, ela queria estar abraçando a mãe, com certeza.
Porra! Odeio saber que ela chorou, que sofreu, ou melhor, sofre. Mas é
algo inevitável, perder uma mãe deve ser uma dor inimaginável.
Sento-me ao seu lado, fico tentado a abraçá-la, mas sei que meu toque
vai acordá-la, mas não quero deixá-la sozinha e uma ideia passa pela minha
cabeça, vou preparar o almoço para nós dois já que dispensei Maria por causa
do feriado.
Ao olhar na dispensa e geladeira, por sorte encontro os ingredientes para
minha especialidade, lasanha, incluindo a massa.
Começo colocando o molho pronto para aquecer enquanto separo os
itens no balcão em seguida escolho dois refratários, um pequeno e outro
médio, pois eu nunca sei qual será o rendimento.
Logo depois começo a montar as camadas de massa pré-cozida, queijo,
peito de peru, catupiry e o molho para não deixar a receita ressecada, repito o
processo três vezes e para meu desespero, o refratário fica pequeno para a
quantidade de material.
Decido mudar de forma, o que causa um certo desastre na estrutura, mas
sei que no final ficará bastante saboroso e para concluir, faço mais uma
camada que não sofreu danos e com o forno pré-aquecido, coloco para assar.
Como Carla ainda dorme, vou até em casa para buscar um material sobre
um caso que preciso estudar, ao voltar, sento-me no sofá e fico lendo o assunto
até o cheiro maravilhoso da lasanha invadir o ambiente.

Meio dia, estudo de caso completo, observo minha gostosa deitada ainda
mais exposta e uma ideia surge. Por que não almoçar na cama?
Sigo até a cozinha, em uma bandeja para café da manhã coloco os
pratos, sirvo a lasanha tentando fazer bonito, coloco os talheres ao lado e vou
para o quarto onde deixo a bandeja aos seus pés e deito-me ao seu lado.
— Dorminhoca.
Distribuo beijos em seu pescoço, Carla movimenta o corpo, roça sua
bunda em meu pau e minha fome por ela só aumenta.
— Oi.
Ela diz tão baixinho que fica sexy e se vira para ficar de frente para mim
e quando vejo seu sorriso, decido evitar falar sobre o motivo do seu choro.
— Trouxe nosso almoço preparado por mim, minha especialidade.
Carla sorri ainda sonolenta, nos sentamos na cama e eu puxo a bandeja.
— Uau, parece deliciosa. Já te falei que amo lasanha?
Divirto-me, pois, seus olhinhos brilham.
— Não, mas vamos ter tempo para descobrir vários gostos.
No seu modo menininha, ela me entrega o meu prato. Coloca suas
pernas deliciosas por cima da minha de lado e se serve. Fico admirado com seu
apetite, ela devora sua porção em poucos minutos.
— Quer mais um pouco?
Ela me dá um beijinho e nega alegando que está bem satisfeita, que
mesmo estando com fome e amando a lasanha, não conseguirá comer mais,
por sorte me lembrei de colocar a sua porção bem menor que a minha.
— Já que você cozinhou provavelmente fazendo o silêncio do mundo
todo, vou lavar nossos pratos.
Ela ajeita os itens na bandeja e eu a puxo para os meus braços.
— Não, temos alguns empregados de plantão.
Ela ajoelha entre minhas pernas me enlouquecendo com suas curvas
deliciosas e acaricia meu rosto.
— Você tem, eu não. Agora deixe-me lavá-los e logo voltarei para cama.
– Ela morde os lábios e seu rosto fica vermelhinho. — Quero tanto você..
como ontem.
Segurando em sua cintura, a puxo para meu encontro, Carla geme
quando meus lábios encontram os seus, mas usando uma força sobrenatural,
consegue escapar e segue para cozinha segurando a bandeja, mas logo para na
porta e abre bem os olhos.
— Meu cristinho! – Ela me olha e gargalha. — Adriano, você usou toda
cozinha para fazer uma lasanha.
Dou de ombros, gargalho e vou em sua direção.
— Não me culpe, não sabia onde estavam todos utensílios e tive que
usar vários.
Ela vai até o balcão e coloca a bandeja.
— Claro que não, eu amei o almoço, só vou demorar cinco minutinhos a
mais para voltar para seus braços.
Divirto-me enquanto a observo. Carla pega um saco plástico, com uma
rapidez impressionante, recolhe todo lixo, deixando-me louco com cada
inclinada que ela dá para alcançar algum item mais distante, meu pau lateja
enquanto meus olhos percorrem todo seu corpo, ainda entretida nos seus
afazeres continua lavando os pratos, e eu me aproximo silenciosamente por
trás.
— A-Adriano... Adriano.
Ela repete meu nome como um clamor enquanto encosto-me ainda mais
por trás.
— Você é gostosa até lavando pratos e usando esta camisola então...
Sente como você me enlouquece.
Carla respira fundo, passo minhas mãos por sua cintura, alcanço as suas
mãos e juntos lavamos mais alguns poucos itens.
Com minhas mãos limpas e molhadas, as deslizo pelas laterais do seu
corpo, abaixo-me por atrás, tio sua calcinha, subo minhas mãos por suas
pernas, pela parte interna das coxas, minha gostosa por saber que meus dedos
estão próximos da sua boceta, rebola buscando atrito, então a deixo na
vontade, acaricio sua bunda e busco aquele lugar, preciso saber se ela tem
sensibilidade lá.
Carla geme quando meu polegar circula a área, empina a bunda e então
eu já sei que é uma área que posso trabalhar. Levanto-me a deixando carente
dos meus toques, tiro sua roupa, viro a de frente, a carrego, ela cruza suas
pernas no meu quadril e eu a levo para bancada.
Carla tira a minha camisa, me puxa para um beijo gostoso e enfio dois
dedos na sua boceta extremamente molhada para alargá-la.
— Adriano, vem... Ahhhh, quero você em mim.
Carla rebola, tenta abaixar minha calça, facilito sua vida me afastando
rapidamente, me despindo, ela me puxa em seguida para me beijar e para
minha quase morte, a cabeça do meu pau roça na sua entrada.
— Carlaaa.... Porra! Que delícia.
Sinto uma boceta pela primeira vez sem a proteção, tenho vontade de
meter com força, mas lembro-me do preservativo e de onde os pacotes devem
estar, se Maria não os jogou fora, mas Carla não dá descanso, me puxa para
um beijo, eu a carrego com a intenção de levá-la para o quarto, sinto sua
boceta abertinha bem no local e por estar bem louco de desejo, meto com
vontade ainda no balcão da cozinha.
— Ahhhh!
Ela geme de prazer me incentivando, arranha minhas costas, me beija,
me envolve com suas pernas, apalpo sua bunda gostosa, a sensação da sua
carne apertando meu pau me enlouquece.
— Carla eu vou gozar.
Aviso, ela me aperta, goza gostoso repetindo o meu nome, me deixa
ainda mais estimulado com seus espasmos, então me retiro rápido e gozo fora
deixando sua barriga marcada com meu gozo, nos beijamos e ainda abraçados
vamos nos acalmando.
— Nunca tinha transado sem preservativo e você é deliciosa.
Carla dá uma leve mordida em meus lábios inferiores.
— Minha menstruação foi embora tem pouco tempo, posso tomar a
pílula, não se preocupa e também não tenho nenhuma doença.
A informo que também não, pois como havia dito sempre me protegi e
faço exames regulamente.
— Precisamos então decidir qual será nosso método contraceptivo, mas
antes vamos aproveitar o dia de hoje.
Carla concorda e vamos tomar um banho na banheira daquele jeito.

Uma semana depois.

Preguiçosamente abro os olhos, não encontro Carla ao meu lado na


cama, sinto falta do seu corpo alinhado ao meu, observo a porta do banheiro
entreaberta já sei que ela está lá, então preparo-me para ir fazer companhia no
banho e quando vou me levantar, para minha surpresa a vejo saindo do
banheiro, usando um vestido preto que apesar de ser ideal para o trabalho,
marca perfeitamente suas curvas.

— Bom dia, advogato.


Ela senta ao meu lado, me dá um beijo super-rápido para o desejo que
estou e me enlouquece com seu perfume.
— Bom dia, minha linda. Posso saber o que já faz acordada tão cedo,
nós quase não dormimos.
Ela acaricia meu rosto.
— Hoje é meu primeiro dia como guelzinha e não quero me atrasar.
Ela se inclina em direção ao lado da cama e coloca os saltos.
— Está muito cedo, pelo que me lembro seu trabalho é de meio turno e
eu ainda não me arrumei, nem tomei café da manhã.
Carla percorre o olhar sem disfarçar pelo meu corpo até ver me pau bem
acordado.
— Cedo para você que é meu chefe, já a minha pessoa, precisa cumprir
as regras pois ficarei em treinamento nos próximos dias pela manhã e sobre o
café, espera só um minutinho.
Ela levanta, sai do quarto e em alguns segundos voltas segurando uma
bandeja
— Sei que Maria vai me matar, mas preparei o seu café.
Minha linda coloca a bandeja ao meu lado e me faz sorrir ao ver o
sanduíche cortado em formato de coração e as panquecas, ela definitivamente
é uma menina mulher.
— Maria não vai reclamar, ela com certeza vai aprovar todo seu
cuidado.
— A gente cuida de quem gosta, doutor.
Concordo com gesto e mordo um pedaço do sanduíche delicioso, logo
percebo que tem algum ingrediente diferente.
— Está delicioso e com certeza tem um toque especial.
Ela me dá uma piscadela.
— Entre o queijo e o peito de peru, tem catupiry e uma pitadinha de uma
misturinha mágica, paixão em pó.
Gargalhamos e eu noto quando ela observa a hora.
— Agora tenho que ir, vi no aplicativo que o ônibus passa em vinte
minutos.
— Você não vai de ônibus, pois aqui no bairro não passa, a caminhada é
longa até o ponto mais próximo e não quero você correndo perigo.
Carla coloca as mãos na cintura parecendo até que é filha de Maria e
anda de um lado ao outro.
— Não posso gastar todo meu salário com Uber, recebi adiantado o
cartão com a passagem e não será nem um pouco normal, uma guelzinha
chegando com motorista na empresa.
Mordo mais um pedaço do delicioso sanduíche.
— Escolha entre ter um motorista ou seu próprio carro, você que decide.
Carla arregala os olhos de tal forma e senta na cama, ao meu lado.
— Nem um nem outro, motorista não combina com guelzinha e nem sei
dirigir.
Já sabia que ela não tem habilitação, mas poderia matriculá-la em uma
autoescola, então tomo um pouco de suco de laranja ao mesmo tempo que
peço força aos céus para saber lidar com a teimosia da minha namorada cheia
de personalidade que gosta de esgotar as minhas argumentações.
— Eu sei que não, linda. Te entendo, mas compreenda, realmente é
perigoso, vamos negociar?
Ela concorda, me diz que em relação à segurança tenho razão, pois
Maria também a tinha alertado e a negociação começa.
— Então aceito ir com Tomas, mas ele não pode me deixar na frente da
empresa, lembra que você me prometeu que só vamos assumir algo quando o
estágio na minha área começar?
Concordo por não ter jeito e também por entendê-la com suas
particularidades. Sendo assim, nos despedimos com um beijo que me dá
vontade de tirar a sua roupa, Carla praticamente foge de mim, passo uma
mensagem para Tomas para que ele a espere e ficamos certos de nos encontrar
na empresa.

Carla Dantas

A cada passo dado em direção a entrada da casa principal, minha barriga


dá mil voltas e meu coração fica prestes a sair pela boca de tanta ansiedade.
Estou certa de que tenho muito a aprender para ser uma guelzinha, mas o que
mais me preocupa é o fato de não querer decepcionar Adriano, eu não posso
fazer uma merda na empresa.
— Carla, bom dia minha menina. Adriano por um acaso está na casa da
piscina?
Maria vem ao meu encontro com aquele jeito acolhedor maternal
maravilhoso ao mesmo tempo que me deixa corada por sua pergunta, por mais
que eu saiba que é normal um namoro tão avançado, ainda fico bem tímida
com o assunto.
— Bom dia e sim o deixei tomando café da manhã.
Ela me olha de um jeito quase que intimidador.
— Vou deixar porque no início de namoro é assim tudo lindo, mas a
cozinha é minha, entendeu?
Coloco a mão na boca para não gargalhar com o ataque de ciúme, com
gestos confirmo que sim e Maria me puxa de um jeito como se quisesse
fofocar.
— Você lembra o que a médica te disse há três dias atrás, não é?
Ela provavelmente está falando sobre minha consulta com a
ginecologista.
— Claro, mesmo fazendo uso do anticoncepcional todo dia, só após dez
dias que será seguro.
Minha querida amiga me diz que esqueceu de me lembrar a informação
e me pergunta se Adriano está sabendo esperar para voltar a fazer sem
proteção. Deus do céu, Maria as vezes é tão direta.
— Ele está sim.
Respondo e sou salva por Tomas que vem ao nosso encontro e me
informa que já podemos sair. Quando chego próximo ao carro, ele se adianta
para abrir a porta de trás, mas eu o impeço, corro e abro a porta da frente, não
me sinto como sua patroa por está namorando o seu chefe e assim tenho a
certeza que podemos conversar melhor sobre qualquer assunto, já que ele é
alguém que sei que posso confiar.

— Você está muito quieta, é nervoso por causa do trabalho?


Será que está assim tão evidente?
— Estou, tenho medo de fazer uma besteira, sabe? Não quero
decepcionar Adriano.
Ele dá risada com seu jeitão espontâneo.
— Você não vai, mesmo que erre algo, e não digo isso por você ser a
namorada do doutor, é porque ele sabe que no aprendizado erros podem
acontecer, relaxa menina.
De certa forma as palavras de Tomas me conforta, ele coloca uma
música animada no rádio, me conta algumas piadas e casos da sua vida pessoal
e quando menos espero, ele para na esquina da rua.
— Nossa! Nem percebi que já estávamos chegando.
— Mas já chegamos.
Abro a porta para sair do carro e Tomas me chama rapidinho.
— Aprecio seu jeito de querer ter sua independência mesmo sendo
namorada do meu chefe e vou me oferecer para ser seu álibi, se alguém um dia
te ver saindo do carro, pode dizer que é minha filha, eu só não sei se vão
acreditar que um cara como eu teve uma filha tão linda, com todo respeito que
você sabe que eu tenho.
Ele me emociona com suas palavras e carinho.
— Ahhh Tomas, eu adoraria que você fosse o meu pai e pode deixar que
se preciso for, já terei esta carta na manga.
Nos despedimos, caminho o pequeno trajeto repetindo em minha cabeça
que vou conseguir, subo os degraus da entrada do prédio e de primeira
encontro Natália a secretária do meu advogato.
— Bom dia, Carla. Estava te esperando para lhe apresentar para sua
chefe.
A cumprimento educadamente, seguimos para o elevador e paramos no
primeiro andar, onde vejo várias pequenas estações de trabalho.
— Aqui é onde ficam as guelzinhas?
Ela sorri, mas parece entender o apelido.
— É sim, Joana vai te explicar melhor como funciona.
Caminhamos até uma pequena sala e ao entrarmos, vejo uma jovem de
pelo menos trinta anos, vestida de forma bem elegante e com um batom extra
vermelho.
— É você que é Carla?
Confirmo e ela me olha de cima abaixo como se estivesse me medindo
ou julgando.
— A roupa está ideal. Apesar de ser um cargo sem glamour e que você a
noite não conseguirá andar por causa da dor nos pés, nós exigimos
formalidade, aqui na A&A, recebemos os melhores clientes do estado e país,
pessoas importantes e elas precisam de um tratamento especial, entendeu?
Como é que não entende depois de uma conversa direta e extremamente
simpática como essa? O problema é que minha chefe não sabe que eu já tive a
pior patroa e sobrevivi. Agora terei que aguentar seja lá o que a vida me
reservar nesta empresa.
— Claro que sim, senhora.
Em seguida, ela chama um estagiário de direito cujo o nome é Alex e
pede para que ele me mostre a empresa. De forma simpática, ele me guia nos
diversos andares, informa que sempre precisaremos estar de prontidão para
levar, trazer, despachar documentos e algumas vezes até interromper algumas
reuniões.
— Carla, aqui é o setor onde despachamos os documentos para os motos
boys, mas só pode entregar depois que eles assinam o recebimento, entende? É
a prova de que você fez o serviço certo.
Assinto e enquanto estou bastante pensativa, caminhamos um pouco em
direção ao espaço do cafezinho.
— Alex, por qual motivo não tem uma ordem de atendimento? Todo
mundo do nosso setor atende todos os andares? Todo grupo? Isso não é muito
inteligente, quantos funcionários temos no nosso setor?
Ele me diz que são vinte empregados em cada turno e então como eu e
as outras empregadas da dona Dorothy nos organizávamos para a limpeza da
mansão, percebo que temos justamente um funcionário por andar.
— Nossa! Joana com certeza poderia ajeitar este trabalho de uma forma
melhor.
Enquanto digo o que penso, Alex abre bem os olhos e eles parecem que
vão saltar do seu rosto. O que fiz?
— Você chega agora e acha que não sei fazer meu serviço direito? Olha
para isso, Dr. Adriano.
Congelo com o que ouço e viro-me bem devagar, preparada para encarar
Joana e também Adriano que por sinal tira o restinho de voz que tenho quando
o vejo. Como ele fica ainda mais lindo todo formal e com um sorriso no rosto.
— Eu só sei que existe um jeito mais tranquilo para o trabalho ser feito
nos setores, no meu antigo trabalho, as outras funcionárias e eu.
Joana faz um sinal para que eu pare de falar, Adriano não parece gostar
do que vê e eu evito olhar nos olhos dele para disfarçar.
— Pensou errado, comando este setor há anos e sempre deu muito certo.
Preparo-me para pedir desculpa por minha ousadia.
— Gostaria de ouvir a ideia da nossa nova funcionária. Joana, Carla, por
favor me acompanhem até minha sala.
Estampo um sorriso nos lábios de tanto nervoso que sinto, Alex pede
licença, se afasta e Adriano pede para que minha chefe e eu o acompanhe.

Enquanto subimos os intermináveis andares, vou repassando na minha


cabeça a rápida ideia que tive há minutos atrás e que parece que vai fugir do
meu cérebro.
Assim que chegamos, Adriano, usando um disfarce quase que
sobrenatural, com gestos nos pede para sentar no sofá e me diz que quer me
ouvir.
Conto que tudo ficaria mais fácil se cada office boy ou girl tomasse
conta de um setor ou andar por turno, o que pouparia mais tempo e que os
funcionários não ficariam tão cansados no final do dia, fora que pelo menos,
na minha cabeça, o tempo de espera para realizar algo diminuiria bastante.
— Por Deus! Você chegou agora e que mudar a forma que trabalho?
Joana parece ficar indignada e Adriano me olha de um jeito que não
consigo evitar corar e sentir minhas bochechas bem quentes.
— Acredito que tudo pode melhorar, Joana.
A funcionária fica bem surpresa com a permissão dada por Adriano e
volta seu olhar para mim.
— O senhor então acha que devo testar a ideia de Carla?
Ele confirma com gestos.
— E como a nova funcionária demonstrou ser bastante proativa, quero
que ela seja a responsável pelos documentos que devem chegar até a mim no
período da tarde e durante a manhã, prefiro que toda responsabilidade continue
com Natália e a quem ela subordinar. Estamos entendidos?
Ele levanta, Joana também e eu imito os dois enquanto ainda estou
flutuando com as palavras do meu advogato.
— Estamos entendidos, doutor. Vou executar o planejamento de Carla
agora mesmo.
Eles apertam as mãos e ela me olha.
— Vamos, Carla?
Confirmo que sim, com um aceno despeço-me de Adriano e quando dou
um passo em direção a porta.
— Carla, fique um pouco mais. – Fico parada no lugar. — Preciso
explicar algumas regras.
Joana me olha novamente provavelmente sondando minha reação.
— Tudo bem.
Respondo mantendo a compostura, Joana aguarda o elevador, Adriano
aproveitando a sua presença, de forma formal me pede para sentar e busca uns
documentos em sua mesa.
Joana finalmente vai embora, Adriano sorri, coloca os documentos de
volta no lugar e me dá uma piscadela.
— Você me deixou louco quando começou a dar a sua opinião. Ahhh
Carla, você é um caixinha de surpresas.
Levanto-me e caminho em sua direção louca para beijá-lo, mesmo que
seja bem rápido.
— Acho que apenas tive sorte de dizer minha opinião e você ouvir,
doutor.
Me aproximo ainda mais, Adriano folga a gravata, acaba com o mínimo
espaço entre nós, sela nossos lábios, cruzo minhas mãos em seu pescoço e
quando menos espero, ele me levanta e coloca-me sentada na mesa de reunião.
— Sempre te quis aqui, Carla, e agora posso ter.
Namorar Adriano é simplesmente descobrir desejos que eu nem sabia
ter, a mesa de reunião do escritório de repente vira o meu sonho de consumo
mais ousado. Após muitos beijos, sedentos por ar, nos separamos e enquanto
as suas mãos possessivas adentram meu vestido acariciando minhas coxas,
fecho os olhos e deito-me na enorme mesa já o imaginando me fazendo toda
sua.
— Adriano... Ahhh, vem!
Digo e suspiro baixinho enquanto o seu polegar roça meu clitóris por
cima da calcinha me deixando ainda mais molhada, a sensação gostosa é tão
forte que abro os olhos, nossos olhares se encontram com uma intensidade que
me arrepia a pele e ele se afasta para abrir a calça, porém somos interrompidos
pelo interfone da sua mesa.
— Porra.
Adriano protesta enquanto vai até a mesa e passa a mão pelos cabelos
em um gesto nervoso.
— Natália não liga à toa, preciso atender.
Ele justifica. Enquanto tento controlar minha respiração ofegante, atende
à ligação e como em um passo de mágica simplesmente assume o seu eu
doutor, nem parece o mesmo homem que em instantes atrás estava perdendo o
controle por causa de todo desejo.
Uau! Preciso ser assim também.
Capítulo 16

Adriano Albuquerque

— Carla, vou precisar sair.


Aviso, vou em sua direção e a puxo pela cintura para lhe dar um beijo de
despedida.
— O que aconteceu?
Ela parece muito preocupada e tenho vontade de confortá-la.
— Um acidente em um empreendimento de uma construtora.
No seu modo bem transparente de ser, Carla coloca a mão na boca,
completamente empática a situação.
— Alguma morte?
Acaricio seu lindo rosto para tentar acalmá-la.
— Você não precisa ficar por dentro desses assuntos complicados, mas
respondendo sua pergunta, houve sim, três pedreiros, eles estavam no elevador
que despencou.
Os olhos de Carla ficam marejados como se ela conhecesse as pessoas
envolvidas.
— Você vai representar a família deles? Será que eram casados? E seus
filhos? Que triste.
Porra! Como explicar que represento a empresa que pode ser a culpada
de tal erro na instalação do elevador que resultou nas mortes?
— Linda, represento a empresa, mas ainda não sei de nada. Por favor,
não comente este assunto com ninguém e fique com Natália, como você será
minha guelzinha, precisará atendê-la também e ela poderá te ensinar algumas
coisas.
Beijo seus lábios rapidamente e de mãos dadas vamos para o elevador.

Carla Dantas

Antes do elevador chegar no térreo nos despedimos, Adriano segue para


garagem e eu vou ver Natália que graças a Deus é uma jovem muito simpática,
o contrário de Joana.
Ela me passa algumas tarefas, mesmo um pouco tímida, consigo
entregar alguns documentos de interesse do advogato para alguns setores e
antes que eu perceba, as horas passam voando.
— Carla, não está com fome?
Natália me interrompe e eu confesso que sim, porém lembro-me de que
não trouxe almoço e não sei onde tem um restaurante popular por perto.
— Estou sim e até tinha esquecido completamente do almoço.
Ela retira um cartão de uma gaveta e me entrega.
— E eu de te entregar o seu cartão refeição, com ele, você pode ir em
qualquer restaurante daqui da área.
Fico super feliz com a novidade e também surpresa.
— Eu não sabia que teria direito, por meu trabalho ser apenas de meio
turno.
Ela sorri, pega a bolsa e vem em minha direção.
— O doutor Adriano disponibiliza um até para os estagiários, ele é um
homem bom.
Ele é maravilhoso e de todas as formas possíveis, eu só não posso contar.
— Então, vem almoçar comigo?
Acho perfeita a oferta e aceito.
— Só preciso buscar a minha bolsa, deixei no meu armário.
— Ótimo, te espero na saída e não demore, só temos uma hora.
Resolvo ir pelas escadas para ser mais rápida, quando chego no primeiro
andar vou até meu armário, no caminho encontro Alex que nem disfarça o
sorriso ao me ver.
— Me conta, como foi na sala do doutorzão? Com todo respeito ao meu
namorado, mas sou louco para ver a decoração do ambiente.
Divirto-me com seu jeito e conto que a sala é muito linda e que combina
muito com o Dr. Adriano.
— Então você também o acha bonitão? Aqui na empresa as meninas
ficam loucas para vê-lo e você teve a sorte de o encontrar no primeiro dia.
Não consigo conter o sorriso e convido Alex para vir almoçar e para
minha satisfação ele aceita. Caminhamos juntos papeando sobre diversos
assuntos bobos, ele me conta sobre a faculdade, encontramos Natália e no
restaurante o clima bom continua.
Passada a hora de almoço, voltamos para a empresa. Natália recebe uma
ligação, Alex vai para uma direção e eu até o banheiro, pois preciso
urgentemente escovar os dentes e retocar a maquiagem. Porém para meu azar,
encontro Joana que ao me ver, continua passando o batom e o guarda na bolsa.
— Você deveria ter apresentado a sua ideia para mim e não a jogar ao
vento para o seu próprio benefício, tenho anos à frente do setor e nunca tive
nenhum problema.
Ai meu cristinho, me ajuda.
— Na verdade só comentei na melhor das intenções para tirar minhas
dúvidas, eu não sabia que você e o Dr. Adriano estavam tão perto. Não queria
te prejudicar.
Ela dá um passo em minha direção.
— Sei bem como o inferno está cheio de boas intenções, ficarei de olho
em você, Carla.
Joana sai do banheiro me deixando completamente sem chão, mas com a
consciência tranquila, tenho certeza que não fiz nada de mais, só pensei na
divisão do trabalho para ficar menos cansativo, como as outras empregadas e
eu fazíamos na casa da dona Dorothy.
Durante a tarde, ainda seguindo o modelo de trabalho antigo de Joana,
atendo alguns advogados do grupo, sinto-me um pouco cansada, mas nada
comparado ao trabalho braçal da minha antiga função, até que sou chamada
por Natália.
— Sei que já está perto do seu horário de trabalho acabar, mas você
precisa levar esses documentos para o Dr. Adriano.
Nossa! Fico surpresa por saber que ele já está na empresa.
— Tem muito tempo que o doutor chegou?
Natália continua entretida com alguns afazeres e sem me olhar diz, que
tem aproximadamente duas horas que ele está com uma cliente e na mesma
hora, decido olhar meu celular que guardei no bolso do vestido para ver se tem
alguma mensagem, noto que está desligado. Provavelmente é algum defeito se
agravando.
— Hum, então, é esta pilha de documentos?
Ela olha rapidamente e nega com gestos.
— Não, são esses dois classificadores verdes.
Assino que os peguei e juntamente com o caderno de registro da entrega,
vou em direção ao elevador ansiosa para ver Adriano.
Os intermináveis andares parecem brincar com minha saudade e mesmo
sem parar em nenhum andar a sensação que tenho é que passo horas nele, até
que a porta se abre e eu desejo nunca ter subido.
— Carla?
Dorothy parece surpresa ao me ver e Adriano me dá uma piscadela
disfarçada que aquece meu coração.
Apesar da minha ex-patroa estar presente, ver Adriano depois de um dia
inteirinho de trabalho, lindo como se tivesse acabado de se arrumar, é
maravilhoso, eu tenho vontade de correr ao seu encontro, beijá-lo para matar a
saudade, porém mantenho minha pose de funcionária e caminho em direção a
eles.
— Boa noite senhora.
Decido agir de forma profissional, dona Dorothy continua boquiaberta
sem entender a minha presença, a ignoro e eu volto meu olhar para direção do
advogato.
— Boa noite. Trouxe os documentos que o senhor pediu.
Entrego os classificadores para Adriano que de prontidão assina o
recebimento e por um segundo seus dedos roçam na minha pele que é tão
sensível ao seu toque... Ah como é bom senti-lo.
— Boa noite, Carla. Por favor me acompanhe até a mesa de reunião,
preciso que você encontre entre todos esses papeis, os relatórios das vistorias
dos elevadores da obra enquanto converso com a Sra. Dorothy.
Enquanto me acomodo, Adriano digita algo no celular, abro o primeiro
classificador, Adriano se inclina um pouco e me mostra a tela do aparelho.
"Linda, porque não respondeu as minhas mensagens?"
Um sorriso brota dos meus lábios, mas controlo-me, alcanço um lápis
que está na mesa e escrevo em um bloquinho.
"Acho que meu celular descarregou ou é algum defeito... ☹
... Estava com muita saudade"
Em seguida Adriano me mostra uma foto como exemplo do documento
que preciso encontrar e eu o agradeço mentalmente, bem sei que precisava da
ajuda.
— Tem certeza que Carla está apta para tal função? E desculpe-me
Adriano pela indiscrição, mas o que ela faz aqui? É seguro que ela saiba o que
estamos conversando?
Enquanto fecho os olhos sentindo mais uma vez o gosto amargo da
humilhação, Adriano vai em direção a Dorothy e senta-se no sofá de frente
para ela.
— Carla é a minha assistente, de total confiança e eu espero que a
senhora confie nas escolhas do seu advogado.
Meu coração acelera com o que ouço.
— N-nossa! É-é claro que eu confio, desculpe-me.
Reviro os olhos ao ouvi-la por saber que é pura mentira.
— Acho que não é a mim que a senhora deve desculpa.
Ahhh! Se eu fosse um desenho animado, corações estariam saindo da
minha cabeça. Adriano me defendeu!
— Carla.
Ela me chama, tento parecer normal e olho em sua direção.
— Desculpa, eu não deveria ser tão indelicada.
Com gestos aceito sua desculpa que eu bem sei que foi falsa, mas que
valeu muito a pena só por vê-la tão desconcertada e volto a trabalhar sorrindo e
pensando no beijo gostoso que Adriano vai ganhar em agradecimento pelo o
que ele acaba de fazer por mim... Na verdade não só um beijo.
Depois de bons minutos concentrada olhando os documentos, encontro
quatro semelhantes, caminho até Adriano, os entrego e volto para organizar os
outros que acabaram espalhados na mesa, mas não posso deixar de ouvir a
conversa.
— Está claro, a vistoria não foi feita no elevador C, justamente o que
despencou. Aconselho negociar uma boa indenização com as famílias das
vítimas.
Mais uma vez sinto orgulho do doutor.
— Isso será horrível para empresa.
Ouço a resposta de Dorothy e ainda me surpreendo com o nível da
maldade, será que ela não pensa nem um pouco nos familiares? Nos filhos que
ficaram órfãos? Deus! Ela é pura maldade, não sei como minha mãe suportou
tanto tempo trabalhar ao seu lado.
— Não conseguirei esconder isso do meu irmão, a filial da construtora
aqui no Brasil ele confiou ao meu esposo e agora acontece isso. Estaremos
arruinados, meu irmão não permite uma falha do tipo.
Irmão? Desde quando Dorothy Menezes tem um?
— Mas houve a falha, pedirei para minha secretária marcar uma reunião
com os familiares após uns dias do funeral e vamos oferecer uma indenização
mais que justa. Desta forma a Muniz construtora, apesar da situação,
demonstrará cuidado e respeito pelos funcionários perante a sociedade e a
partir daí, com o tempo, vocês vão recuperar as vendas dos diversos
empreendimentos.
Olho disfarçadamente para trás e vejo Adriano levantando e Dorothy
também.
— Vamos redigir o acordo e uma equipe minha vai cuidar de todo
funeral. Tenha uma boa noite, Dorothy.
Eles caminham em direção ao elevador e como ela não se despede de
mim, resolvo agir da mesma maneira e finalmente ela se vai.
— Enfim estamos a sós.
Adriano brinca, abre os braços, corro parecendo uma criança em sua
direção, ele me carrega e nos beijamos brevemente, apesar da saudade é
evidente o nosso cansaço, pois já passam das dezenove horas.
— Obrigada por me defender mais uma vez, meu advogato.
Ele roça os lábios nos meus e aperta a minha cintura.
— Sempre farei isso, linda. Agora vamos para casa? Hoje o dia foi
puxado na Muniz Construtora, eles não sabiam nem onde estavam as licenças
e agora preciso de um banho na banheira só nosso.
Enquanto Adriano busca na sua mesa alguns itens, ele me explica que
por causa da falta de organização voltou para o escritório, Dorothy
desesperada veio o encontrar, e que só depois de um bom tempo, foi que os
documentos chegaram.
Entramos no elevador, só então lembro-me da minha bolsa que está no
armário e que preciso ir buscar, por este motivo paramos no primeiro andar,
não encontramos mais nenhum funcionário por causa da hora e depois vamos
para garagem.
— Será que não é arriscado ir embora contigo?
Ele olha ao redor, diz que estamos a sós e aponta para o carro próximo
ao elevador e eu sorrio.
— O que foi?
Não consigo disfarçar e o meu pensamento fica na ponta da minha
língua.
— Vou me sentir no filme Velozes e Furiosos dentro do seu carro, ele é
tipo daqueles que eu nem achava que tinha no Brasil.
Adriano gargalha.
— Realmente poucas pessoas tem um Aston Martin, sobre meu carro,
nunca o associei ao filme, mas depois do que você disse, toda vez que eu o ver,
vou me lembrar disso.
Nos divertimos, ele no seu modo cavalheiro de ser, abre a porta, segue
para o seu lado e o curioso é que quando saímos, vemos Joana e Dorothy
conversando enquanto Barreto está um pouco afastado com a porta do carro
aberta.
— Será que elas nos viram?
— Com certeza não, linda.

30 dias depois...

Há quem reclame da rotina, eu por exemplo já, quando era praticamente


escravizada na casa da minha antiga patroa, mas agora? Apesar dos dias
corridos de faculdade e trabalho, eu amo o percurso que estou seguindo, é
como se fosse o caminho do milagre quando comparo meu passado com o dia
de hoje.
Há um pouco mais de quarenta e cinco dias, estava chorando sentindo-
me completamente perdida, sem rumo e agora estou aqui com um futuro lindo
pela frente e com a certeza que encontrei o amor da minha vida. Sem falar nas
bênçãos que Maria, Bruna e todos funcionários da residência de Adriano são
para mim.
Observo Adriano, ainda dormindo, com seu corpo levemente coberto por
um lençol branco e a certeza do que sinto faz meu coração bater um pouco
mais rápido, será que ele também nutre os mesmos sentimentos por mim? Ou
eu sou uma mulher adiantada? Se sim, a culpa é toda do meu advogato, amor
lindo, namorado que me hipnotiza desde que acordo ao seu lado e até mesmo
nos sonhos.
Paro de observá-lo um pouco para não me atrasar, calço minhas
sandálias, vejo-me no espelho e com a certeza que estou vestida de forma
apropriada para depois do trabalho ser a guelzinha do meu doutor, escrevo um
bilhete para ele o lembrando de algumas coisas, em seguida delicadamente
beijo seus lábios e vou para aula.

Adriano Albuquerque

"Bom dia,
Não quis te acordar, senão poderia correr o risco de me
atrasar para aula como já aconteceu duas vezes, você bem sabe a
tentação que é.
Como combinamos ontem à noite, deixei meu vestido
separado para festa da faculdade, não esquece de levar para A&A.

PS- Natália pediu para te lembrar que a versão do último


acordo está na mesa de reunião.
Beijos,
Sua Carla"

Puta merda, não acredito que não a vi antes de sair de casa, como assim?
Levanto-me, vou até a suíte necessitando de um banho frio para acordar
de vez e também acalmar meu pau que sente falta de ser saciado pela manhã.
Enquanto a água molha meu corpo, repasso em meus pensamentos os
lembretes de Carla e quando vem a minha memória a "mesa de reunião" já era
qualquer possibilidade de acalmar meu ânimo.
Como posso esquecer do seu segundo dia de trabalho?
— Acho que ontem ficamos com uma pendência.
Carla caminha até a mesa, senta-se na beirada, cruza as
pernas e desabotoa três botões do vestido, deixando o decote maior
e seus seios expostos.
— Carla.
Caminho hipnotizado por sua beleza e ousadia já tirando a
roupa e expondo o que ela tanto deseja e então minha linda abre as
pernas me surpreendendo por estar nua, mostrando sua boceta toda
molhadinha e sedenta por uma surra de pau.
— Vem, doutor.
Ela morde os lábios, encaixo-me entre suas pernas e enquanto
provoco metendo e tirando a cabeça do meu pau em sua boceta, ela
tira minha camisa e deixa-me apenas com a gravata.
— Não vou conseguir ser romântico, entende Carlinha?
Me preocupo, por ainda não lhe ter apresentado uma foda tão
forte em respeito ao seu corpo tão delicado, iniciado na prática do
sexo há pouco tempo.
— Entendo.
Carla querendo me enlouquecer, acaricia meus testículos
enquanto chupa meus lábios. Porra! Tiro sua mãozinha
provocadora entre nós, abro ainda mais as suas pernas e meto meu
pau todinho até as bolas.
— Ahhh... Ahhh...
Carla geme gostoso me recebendo, deita na mesa, aperta os
peitos se dando ainda mais prazer, me envolve com suas pernas e
me leva a loucura.
— Porra!
Volto a consciência, termino o banho ainda necessitado, visto um roupão
e vou para meu quarto escolher uma roupa, já que ultimamente tenho dormido
mais na casa da piscina.

Como imaginava passo a tarde fora do escritório, só porque exatamente


hoje estou precisando de uma atenção a mais de Carlinha. Volto as dezessete
horas, de propósito passo onde minha secretária fica, vejo de longe minha
namorada acompanhada por Natália, disfarçadamente minha linda acena para
mim e volta para as suas obrigações e eu vou para minha sala.
Depois de aproximadamente noventa minutos, ela finalmente aparece,
como sempre, mesmo cansada corre para os meus braços, senta em meu colo e
me beija tão gostoso que me deixa ativo rapidinho.
— Saudade de você.
Confesso e ela no seu jeito menina me dá um beijo na ponta do nariz.
— Também, mas agora tenho que me arrumar, até me arrependi de
confirmar a minha presença na festa de boas vindas dos alunos, mas como
prometi, tenho que ir.
Carla lamenta e eu mais ainda por não poder ir como seu namorado, mas
respeitando a sua fase atual de faculdade que já passei, permaneço quieto
enquanto ela vai se arrumar na suíte do meu escritório.
Repasso o novo acordo que será apresentado ao Sr. Muniz e aos
familiares do acidente na construtora, até que um perfume bem conhecido
invade minhas narinas chamando a minha atenção e quando eu a olho, meu
mundo vem ao chão.
— Como estou?
Puta merda! Será que ela não sabe que está vestida para me matar?
Com seu jeito de menina nova Carla dá uma voltinha e ao me olhar e ver
completamente afetado, morde os lábios me provocando como uma mulher
que sabe o que faz.
Então sem responder a sua pergunta, levanto-me, vou em sua direção,
envolvo sua cintura com minha mão, a puxo ao meu encontro, inclino-me até
meus lábios chegarem perto do seu ouvido e respondo:
— Linda, simplesmente linda, gostosa demais para ir a esta festa
sozinha, vou com você.
Carla segura meus braços e abre bem os olhos.
— Adriano, isso não vai dar certo.
Ela entra em pânico com medo que alguém nos veja e eu adoro ter uma
carta na manga.
— Fica tranquila, linda. Diego, o dono da rede de faculdade e curso pré-
vestibular, é amigo meu e tem tempo que não o vejo. Hoje vai ser a
oportunidade.
Carla abre um sorriso lindo, fica na ponta dos pés e me beija de leve.
— Confessa que ficou com ciúme, por favor Adriano.
Deslizo minha mão nas suas costas nuas e puxo seu corpo para ficar
ainda mais colado ao meu.
— É cuidado, Carla. Cuido de você, porque você é toda minha.
Ela se afasta um pouco, contorna meu abdômen por cima da camisa e
me olha de forma intensa.
— Acho que não quero mais ir para festa, podemos fazer a nossa
particular, que tal?
Ela me dá uma piscadela e me puxa pelo bolso da calça.
— Adoraria, podemos começar as preliminares na piscina interna
aquecida, depois na minha cama, concluir com uma massagem na banheira e
dormir exaustos, mas você não vai perder a sua primeira festa, já vivi isso
tudo, agora é sua vez.
Ela concorda com gestos e suspira enquanto continua deslizando a mão
em meu corpo e vai até meu pau.
— Contanto que a festa continue depois, está ótimo.
Beijo rapidamente seus lábios gostosos e sinto-me tentado a não ir no
evento, mas quero muito que Carla viva tudo que já lhe foi roubado.
— Isso com certeza, linda.

Por sorte a frente da faculdade está lotada de alunos e a todo momento


veículos chegam, então, por mais que meu carro chame bastante atenção por
não ser popular, consigo uma vaga afastada.
— É agora que nos separamos?
Giro a chave para desligar o carro, ficamos sendo iluminados pela lua
cheia e então passeio meus olhos por Carla e suas coxas tão evidentes.
— Em duas horas vamos embora, eu não vou aguentar te ver muito
tempo longe de mim, mas ficarei te observando e se for preciso logo estarei ao
seu lado.
Carla praticamente se joga por cima de mim enquanto aperta minha coxa
me deixando de pau duro.
— Se comporte e logo nos encontramos aqui?
Concordo, a puxo ao meu encontro e nos beijamos de forma intensa.
— Provavelmente já era meu batom.
Ela protesta e eu contorno seus lábios com meu polegar.
— Já disse que são lindos com a cor natural, rosados, gostosos, macios
que nem os seus outros lábios. – Carla abre bem os olhos parecendo ficar com
vergonha. — É verdade, Carla. Conheço bem o seu sabor.
Provoco, adoro vê-la corando, trabalho sua mente para que ela mantenha
seus pensamentos no que faremos daqui a pouco tempo e finalmente nos
despedimos.

Carla segue na frente, até porque preciso me recompor, tiro minha


gravata, ajeito as mangas da minha camisa, cinco minutos se passam e lá vou
eu encarar uma festa universitária no qual devo ficar de olho na minha
namorada e eu espero que nenhum corajoso a incomode.
— Boa noite, onde posso encontrar Diego?
Pergunto para uma jovem que aparentemente é da organização e ela me
encaminha para um certo tipo de camarote que mais parece uma área mais
privilegiada, o bom é que sempre poderei observar onde Carla está.
— O Sr. Diego, está ali.
Agradeço. Vou em sua direção e ele logo me vê.
— Não vá me dizer que voltou a estudar?
Gargalhamos e apertamos as mãos.
— Na verdade. – Observo o ambiente e como não vejo nenhum risco. —
Vim acompanhando minha namorada, ela está estudando aqui, mas é um caso
que ainda estamos mantendo em segredo.
Diego demonstra surpresa, provavelmente porque conhece bem a minha
fama.
— E você sabe que pode contar com minha discrição, somos amigos.
Concordo, conto alguns detalhes sobre minha história com Carla dando
ênfase em o quanto ela me surpreende a cada dia.
— Porra, alguém aqui tinha que ter sorte e pelo jeito, você é um homem
que está apaixonado, sei bem como é isso, cuida bastante da sua mulher.
Diego lamenta, eu imagino o motivo e decido mudar de assunto para
poupá-lo das suas lembranças.
A festa continua, somos servidos com alguns aperitivos, ao longe
observo Carla, uma garota se aproxima e com o tempo elas parecem bem
entretidas.
Capítulo 17

Carla Dantas

Depois de alguns dias de aula, uns "bom dia" distribuídos ali, uns "como
vai?" por outro lado, algumas conversas trocadas no intervalo, poderia jurar
que estava enturmada, porém, hoje, aqui em plena festa, percebo que não é
bem assim.
Os estudantes parecem se conhecer há muito tempo, de outras festas,
conversam sobre viagens internacionais, roupas de grife, sabem as músicas da
moda, enquanto eu estou preocupada em passar em todas as matérias, ser uma
ótima guelzinha e não decepcionar meu advogato que tanto me ajuda.
— Você parece ser bem granfina só que está deslocada, como eu. Posso
me sentar aqui com você?
Uma garota morena com os olhos esverdeados me tira dos meus
devaneios.
— Só pareço, mas não sou nem um pouco e pode me fazer companhia,
por favor.
Ela levanta as mãos para cima como se estivesse agradecendo aos céus e
se acomoda.
— Meu nome é Aline, sou bolsista no pré-vestibular pela tarde, sou filha
do jardineiro e agora a noite fui forçada a vir nesta festa, meu pai acha que
ficarei mais animada.
Me apresento, conto um pouco sobre a minha rotina cansativa, do meu
namorado, só não entro em detalhes, não conto que é Adriano, que tem vinte e
oito anos e é o advogado mais lindo que existe.
— E você? Tem namorado?
Ela dá risada, mas logo sua expressão fica um pouco triste.
— Há um pouco mais de quinze dias eu tinha, vivia uma ilusão, mas
algo aconteceu e agora eu tenho certeza que amor é luxo.
Ela declara com uma certa tristeza, fico curiosa para saber o que
realmente aconteceu, porém não me sinto muito à vontade para perguntar,
afinal de contas acabamos de nos conhecer. Logo depois nos servimos de
alguns salgados, mesmo sem costume, resolvo tomar duas batidas de frutas
bem docinhas, o ânimo de Aline continua péssimo, eu já não sei o que dizer e
por este motivo, aceito mais uma taça.
Bebo no canudinho bem devagar saboreando a batida de frutas, até que
um garçom me dá um bilhete que imediatamente abro.
"Linda, três taças? Não passa disso, sei que você não tem
costume de ingerir tanto álcool. Temos mais trinta minutos aqui e a
festa continua lá em casa.
Beijos
Adriano. A"
Onde está Adriano que procuro a tanto tempo e não vejo?
— Algum admirador secreto?
Curiosa, Aline pergunta e eu gargalho mais alto até do que normal.
— Serve namorado secreto? Ele está aqui, viemos juntos mas não
podemos ser vistos ainda um na companhia do outro.
Ela parece surpresa, mas não me pergunta detalhes, a banda dá as boas-
vindas aos novos alunos, fala os nomes dos cursos, os estudantes vibram com
cada citação e eles convidam a todos para pista.
— Vamos dançar, Aline?
Faço o convite sem nem pensar direito para tentar animá-la e para meu
desespero, ela aceita.
— Vamos sim, dançar sempre me deixa animada.
Aline me dá a mão, me puxa, caminhamos feito duas pré-adolescentes e
como a festa tem centenas de pessoas mais que animadas, por não sermos
altas, decidimos ficar um pouco atrás.
As músicas no estilo sertanejo universitário contagiam a todos e
aparentemente só eu não sei os passinhos da coreografia, uma vida longe das
festas dá nisso.
— Não faço ideia como se dança, Aline.
Ela sorri de verdade pela primeira vez na noite.
— Me imita, Carla.
Aceito a sugestão, aos poucos consigo imitá-la, enquanto me divirto,
lembro-me da virada do ano, de estar dançando com Adriano, sinto falta do
meu advogato e suas mãos enormes me envolvendo, o procuro pelo ambiente,
mas não o encontro.

Verifico no relógio que só tenho mais cinco minutos para hora marcada
de ir embora, então despeço-me de Aline.
— Só mais uma música, Carla. Por favor.
Como tenho tempo, aceito, mas para meu azar um rapaz se encosta em
mim.
— Dança comigo, gata? Prometo deixar você usufruir do meu corpinho.
Tenho vontade de dar risada, se ele soubesse o corpão que meu
namorado tem, jamais me ofereceria o dele, abro a boca para responder,
porém.
— Ela já tem acompanhante.
Adriano para bem ao meu lado com seu porte másculo e o rapaz
paralisa.
— P-porra, a-achei que ela e-era o-outra menina, cara.
O rapaz praticamente corre e eu acabo me divertindo com a cena.
— Vamos?
Adriano sussurra, passa sua mão por minha cintura e eu aceito a
sugestão maravilhosa.
— Claro, mas antes quero te apresentar uma colega.
Por estar animada, viro-me para Aline pois quero apresentá-la a Adriano,
pois julgo que ela não poderá ser um problema para nós e tudo acontece muito
rápido. Uma confusão enorme começa entre os estudantes causando pânico,
Adriano me dá a mão arriscando nosso disfarce, puxo Aline para que ela não
fique para trás, mas alguém se bate nela e para meu desespero, minha mais
nova colega acaba caindo.
— Ahhh meu Deus! Alineee.
Temo que ela seja pisoteada, Adriano me protege com seu corpo, tenta
ajudá-la, mas um outro rapaz bem alto, assim como meu advogato,
praticamente abre passagem, a resgata do meio da confusão e vai para o lado
contrário.
Sem nem perceber, encontro-me nos braços de Adriano e ele só me
coloca no chão quando estamos no meio de um corredor enorme parcialmente
iluminado.
— Linda, você está bem?
Ele segura meu rosto com tanto carinho e nossos olhares se encontram.
— S-sim, ainda bem que você estava perto, só estou preocupada com
Aline.
Adriano desliza as mãos por meus braços, só então eu o noto com mais
precisão, as mangas da sua camisa social estão dobradas e ele está sem a
gravata.
— Te observei o tempo todo, ficaria louco se algo te acontecesse e sobre
sua colega, vi quando um amigo meu a carregou, fique tranquila.
Ele me puxa pela cintura e eu envolvo minhas mãos no seu pescoço.
— Carla, quero depois você dançando só para mim. Eu não resisto mais,
linda.
Ele roça os lábios nos meus.
— Com todo prazer, doutor.
Adriano me beija, carrega, cruzo as minhas pernas em sua cintura e suas
mãos enormes passeiam por baixo do meu vestido, aperta minhas coxas,
apalpa minha bunda me fazendo ficar completamente arrepiada, a sensação
gostosa das suas carícias me faz gemer e nós não conseguimos mais esperar.
— Adriano te quero tanto.
Ele abre a primeira porta, por causa da iluminação da lua conseguimos
notar que estamos em uma sala de aula, meu advogato me coloca na mesa,
abre minhas pernas e enquanto me beija, aquecendo ainda mais meu corpo, tira
seu pau para fora da calça.
Por causa da urgência, afasto minha calcinha, ele vem, rápido, com
força, me enlouquecendo com o vai e vem gostoso. Separamos nossos lábios
para respirar e então Adriano pressiona meu clitóris com seu polegar e eu
acabo tendo um orgasmo que o deixo todo molhado.
Ainda respirando ofegante, sem entender como o orgasmo veio tão forte,
Adriano se inclina e sussurra enquanto se retira.
— Fique de bruços.
Ele me ajuda, levanto e me inclino sobre a mesa, Adriano afasta as
minhas pernas e então sinto seus dedos dentro de mim.
— Tão molhada.
Ele retira os dedos, coloca novamente seu pau bem duro, tira, bota e
então me surpreende circulando com um dedo lá atrás.
— Adriano o...
Sinto prazer com o toque e eu vou relaxando enquanto ele continua de
forma implacável me penetrando.
— Você vai gostar, será delicioso para nós dois.
Seguro-me na borda da mesa que acaba sendo um pouco arrastada por
causa do movimento, novamente minha carne o aperta, clamo por mais, ele
grunhe de prazer e então sinto seu dedo entrando por trás, minhas pernas
tremem e a sensação vem ainda mais forte.
— Ahhhh... Ahh Adriano.
Fecho os olhos, sinto como se estivesse tendo dois orgasmos ao mesmo
tempo em uma intensidade ainda maior e meu advogato goza em mim.

Adriano Albuquerque

Carla adormece no carro, estaciono em frente à casa, passo para o outro


lado e a carrego para levar para meu quarto, sigo o caminho, até que encontro
Maria que parece surpresa com a cena e coloca as mãos na cintura.
— O que você fez com a menina, meu filho?
Lembro-me direitinho o que fizemos há minutos atrás e divirto-me.
— Nada, ela só dançou demais.
Dou uma piscadela para Maria que finge acreditar e começa a caminhar
em direção a cozinha e enquanto subo as escadas, ouço:
— Eu também já dancei muito assim e só acordava no outro dia.
Ela gargalha de uma forma gostosa e inconfundível e eu desejo boa noite
para minha amiga, mas como se nossa pós foda tivesse que ser testemunhada
por várias pessoas encontro minha irmã.
— Uau, boa noite maninho.
Ela passa por mim toda arrumada.
— Para onde a senhorita vai uma hora dessa?
Fico preocupado por minha estar irmã saindo tão tarde.
— Não estou indo, já cheguei, mas esqueci meu celular no carro, fica
tranquilo, eu não dou sorte nem em uma ficada.
Ela me beija o rosto, acaricia os cabelos da minha linda e segue. Porra,
por que minha irmã está tão triste?

— Chegueiiiii.
Carla chega na minha sala parecendo animada e por estarmos a sós, me
dá um beijo.
— E bem na hora, Natália acaba de me avisar que o Sr. Muniz está
chegando.
Ela parece ficar um pouco tensa e eu bem sei o motivo, provavelmente
Dorothy estará presente.
— Fica tranquila, pode ficar ali no sofá, que assim que os acordos forem
assinados, você precisará despachá-los para o cartório.
Ela confirma com gestos, nos beijamos rapidamente, Carla vai se sentar
e finalmente o elevador se abre, então vejo Dorothy, o esposo, Patrícia, o Sr.
Muniz e Natália.
Nos cumprimentamos, trocamos algumas palavras, Carla sendo educada
também os saúdam, Natália indica os lugares na mesa e enquanto aguardamos
os representantes de cada família, noto que o Sr. Muniz não tira os olhos da
minha namorada.
— De onde te conheço, garota?
Assim como eu, Carla fica bastante surpresa, depois abre um lindo
sorriso.
— Provavelmente o senhor conheceu a minha mãe, ela trabalhou
durante muitos anos na casa da sua irmã, dizem que pareço com ela.
Como bom observador, depois que Carla responde o questionamento,
observo as reações dos presentes. Em segundos vejo Patrícia revirar os olhos
demonstrando um ciúme sem cabimento, o seu pai, olha para uma agenda que
está na mesa e começa a rabiscar algo, o Sr. Muniz continua olhando para
Carla, enquanto Dorothy empalidece me deixando curioso. Por quê?
— Qual sua idade, Carla?
Minha linda fica um pouco tímida com a pergunta pessoal do meu
cliente, mas age de forma simpática.
— Em dois meses faço dezenove.
— Era só o que nos faltava, meu irmão. – Dorothy interrompe Carla
com o tom de voz tão alto que surpreende a todos. — Controle-se, a garota,
pelo o que sei, tem um caso ou é namorada do meu motorista.
Respiro fundo para tentar manter a calma e quando penso em responder.
— Nunca, a senhora bem sabe que não tenho nada com seu motorista.
Carla levanta demonstrando bastante raiva com o que ouve e eu não
posso deixar de ir até ela sem me importar com olhares.
— Calma.
Começo a consolá-la, mas ela toca em meu braço como se estivesse
querendo me tranquilizar.
— Desculpa, sei que tenho que me comportar e.
A interrompo, pois, dada a circunstância, ela agiu de forma bem
aceitável, quem não se defenderia? Principalmente depois do que passou com
o tal motorista.
— Sra. Dorothy, toda negociação será feita com o Sr. Muniz e seu
esposo. Peço que aguarde na recepção juntamente com Patrícia. Em hipótese
alguma, uma funcionária minha será insultada.
As duas ficam em choque, mas acatam minha decisão, Natália as
acompanha até o elevador enquanto fico ao lado de Carla.
— Amo esse seu jeito protetor, por esse e outros motivos que sou
apaixonada por você.
Ela sussurra tão baixo que até tenho dificuldade para escutar e apenas
fico na vontade de beijá-la, mas me seguro.

Como previsto, após a leitura do acordo perante os familiares e seus


representantes legais, conseguimos as assinaturas, Carla recebe os
documentos, segue para o andar onde os despachamos para serem autenticados
no cartório, enquanto fico com a companhia do Sr. Muniz.
— Apesar de você ser jovem, gostei da sua postura profissional, vejo
que pelo menos sobre a escolha da empresa que representa a construtora, meu
cunhado acertou.
Agradeço e continuamos a conversar sobre as filiais da A&A Advogados
em todo país.
— Meu caro doutor, por favor me acompanhe em uma visita que farei
em dois empreendimentos novos no Nordeste, quero muito te apresentar ao
diretor local.
Fico um pouco indeciso, porém ele me diz que será uma viagem rápida
de no máximo quarenta e oito horas, então peço para que a sua secretária
agende com a minha.
— Sobre as perguntas que fiz para sua funcionária, não tive a
oportunidade de falar antes, mas foi com respeito, não leve em consideração os
absurdos que minha irmã insinua.
Ele para por um momento como se estivesse lembrando de algo e seu
semblante fica triste.
— Eu sei que foram perguntas respeitosas, mas não pude deixar de notar
a sua curiosidade que até então não sei o motivo.
— Volteiiiiii.
O elevador se abre, Carla que praticamente caminha saltitando nos
interrompe, fica surpresa ao ver o Sr. Muniz que acaba se divertindo por causa
do seu jeito alegre que já estou bastante acostumado.
— Pelo o que vejo é a minha hora de ir.
Ele olha para nós dois, parece conter um sorriso, aperta minha mão e vai
até Carla.
— Você realmente lembra muito a Catarina, que infelizmente descobri
ontem que não está mais entre nós, meus sentimentos, Carla. Sua mãe foi uma
mulher muito especial.
Minha linda fica com os olhos marejados e agradece.
— Agora me diga, por um acaso você sabe onde estão meus familiares?
Ela conta que os viu na recepção conversando com Joana, eles apertam
as mãos e eu espero que o Sr. Muniz se vá.
Quando estamos a sós, vou ao seu encontro, a carrego, levo até o sofá e
com Carla em meu colo, entre beijos mais comportados, a consolo, sei que
falar da sua mãe é tocar em uma ferida que não tem cura.
— Me conta, já que não tivemos tempo para conversar antes da reunião,
descobriu o que ocasionou a confusão na festa?
Mudo de assunto propositalmente.
— Ah sim. Não sei até onde é verdade ou exagero, mas tudo indica que
foi um caso de traição. O namorado enganado disse que estava armado em um
bom tom e os estudantes antes de saberem a verdade, correram. Mas realmente
não sei se é verdade ou exagero.
Deslizo minha mão em suas costas e sua pele fica toda arrepiada.
— E sua colega, teve notícias?
Minha linda parece animada com minha pergunta e me conta que falou
com o pai da Aline, que é jardineiro do cursinho e faculdade, e que ela está
bem.
Continuo com as carícias e subo minha mão até a altura da sua nuca,
puxo um pouco seu cabelo para ter mais acesso ao seu pescoço e distribuo
beijos no local.
— O importante é que não houve feridos, pelo menos toda confusão nos
rendeu uma noite inesquecível.
Libero seus cabelos, Carla olha para meus lábios, morde os seus e geme
baixinho provavelmente sentindo como estou por ela.
— A cada dia fica mais gostoso estar com você, Adriano. Às vezes acho
que estou ficando louca, porque você ronda meus pensamentos a todo
momento mesmo entre os afazeres do dia e olha que são muitos.
Será que ela pensa que é a única a vivenciar tal realidade? Sou louco,
viciado, completamente apaixonado por todas as mulheres que existem nela.
Desde a menina inocente que precisa ser cuidada e protegida, a sedutora que
aprende rapidinho como me levar a quase combustão em uma foda mais
pesada, a romântica que faz amor devagarzinho gemendo meu nome e a
determinada que sabe bem o que quer da vida.
— Preciso te assumir, quero viajar com você, te levar para jantar, ir ao
cinema de mãos dadas, entende? Esperar seu estágio vai ser muito complicado.
— É claro que sim, mas também preciso realizar meus sonhos e eu sei
que você aprecia muito isso.
E minha namorada tem toda razão, ela é uma mulher decidida que
mesmo apaixonada não se esquece de quem é, do que quer, apesar de me
namorar, não quer ser dependente e ficar na piscina o dia todo. Enfim, ela é
diferente de todas que já conheci. Porra! E essa com certeza é a fórmula
perfeita para me ter nas mãos.
— Vou dar um jeito, só não vamos ficar escondidos por muito tempo,
linda.
Carla no seu modo mulherão rebola um pouco no meu colo e me dá uma
piscadela.
— Mas por enquanto podemos aproveitar esse momento proibido?
Ela não me dá tempo para responder, me beija intensamente, nossas
línguas provocam um ao outro, nos afastamos para respirar, então lembro-me
de um compromisso e verifico as horas.
— Só tenho cinco minutos, tenho uma defesa para fazer esta tarde e só
este tempo com você é um crime.
Minha linda suspira aparentemente frustrada, mas me passa um sorriso
reconfortante.
— Um dia quero ver você em um julgamento, deve ser lindo.
— Você verá vários, agora preciso caminhar um pouco, olhar a vista e
acalmar meu pau que é viciado em ti.
Depois de lamentar a falta de tempo, ela aceita, contribuindo para que eu
fique com o pau no lugar, Carla vai até a mesa onde verifica uns papeis, me diz
que como não tem documentos para levar para outros setores, ficará
estudando, eu aceito a sugestão e marcamos de nos encontrar no final do
expediente.
Alguns dias depois

— Fico feliz que tenha aceitado ficar na casa principal enquanto viajo,
assim você ficará mais perto de Bruna e Maria.
Realizando minha fantasia, vestida apenas com a camisa do meu
moletom aberta até a metade da sua barriga como imaginei quando a vi no
meu quarto pela primeira vez, ela me abraça e coloca a cabeça no meu ombro.
— E eu tive escolha? Argumentar contra você, Bruna e Maria, foi
demais para mim.
Carla com certeza tem razão, não existiam alternativas, dessa vez, de
qualquer forma a deixaria na casa principal enquanto viajo com o Sr. Muniz.
— Não, minha linda.
Ela se diverte enquanto fico pensativo, por mais que eu saiba que ficarei
fora apenas por quarenta e oito horas, sinto-me desde já saudoso.
— Vou sentir saudade.
Confesso enquanto me levanto, pois preciso tomar banho para viajar em
plena madrugada.
— Eu também, é incrível como desde já estou triste, acho que sou
apaixonada por você de tal forma que nem sei explicar.
Carla senta na cama e fica me olhando, noto seus olhos marejados, volto
ao seu encontro, aperto suas bochechas e ao olhá-la tão de perto, não me
permito mais perder tempo.
— Eu sei explicar.
Ela me olha curiosa enquanto vou me inclinando em sua direção e
encaixando-me novamente entre suas pernas.
— Não é só paixão que vem e passa rápido, o que nós temos é mais
forte, minha linda. Não percebeu que eu te amo Carla Dantas? E é por isso que
quero sempre estar por perto mesmo que seja para te ver dormindo?
Os olhos de Carla ficam maiores, uma lágrima molha seu rosto e de
forma que me surpreende ela cruza as pernas no meu quadril me puxando para
que eu me perca novamente entre suas pernas.
— Ahhh, eu também te amo, Adriano. Há muito tempo. Eu te amei
mesmo sem saber que um dia você seria meu, isso me afligia muito e agora
também sou amada.
Fico louco com sua declaração bem no meu ouvido e meto meu pau a
preenchendo todinha, novamente nos amamos parecendo insaciáveis e quando
chegamos ao ápice do prazer, mais uma vez nos declaramos.
— Não acredito que você me pegou novamente, meu amor.
Ela rebola ainda se aproveitando do nosso encaixe.
— Como não? Quando você disse que me amava, fiquei ainda mais
excitada, quis te ter novamente tendo a certeza deste sentimento lindo, você
não imagina o quanto sonhei em ouvir isso.
Entendo perfeitamente bem, pois também fiquei louco para tê-la
enquanto ouvia as declarações.
— Agora preciso me arrumar.
Carla abre as pernas para que eu desencaixe e faz questão de me
acompanhar no banho me tirando completamente do eixo.

— Maria, cuide da minha linda e de Bruna enquanto fico fora este final
de semana.
Maria se diverte com meu pedido.
— Está querendo me ensinar, meu filho? Logo eu que já criei meus
filhos e te suporto?
Ela gargalha.
— Pode deixar que cuidarei dos seus amores.
Beijo o rosto de Maria, dou um beijo rápido em Carla e vou
acompanhado por Tomas para o carro.

Apesar das duas rapidinhas de despedida, consigo chegar em tempo no


aeroporto, onde de imediato encontro o Sr. Muniz na Ala de embarque
destinada a voos particulares.
Nos cumprimentamos rapidamente, seguimos para embarcar e após
alguns minutos de levantar voo, noto que meu cliente está bastante pensativo.
— Posso ajudar em algo? O senhor parece preocupado.
Ele me olha aparentemente bem sério, ensaia falar algo, volta a se calar e
passa a mão pelos cabelos como em um gesto nervoso.
— Sei que você namora Carla, sou homem, vi o jeito que você a olha,
protege, venera e é capaz de fazer tudo para que ela se sinta bem. Eu já fui
assim em apenas um pequeno momento da minha vida, com a mãe dela.
Paro por um momento já sabendo do que ele vai falar e acabo o
interrompendo.
— Vi como você olhou para minha namorada e no primeiro momento
me senti desconfortável, mas quando a pergunta em relação a sua idade surgiu
depois de dizer que ela lembrava Catarina, imaginei de imediato que algo entre
você e a mãe do meu amor tinha acontecido.
Respiro um pouco para continuar por causa da delicadeza do assunto.
— Pedi para Carla me falar sobre os pais, vi fotos deles felizes até ela ter
pelo menos dois anos, sem minha linda saber, entrei em contato com Anete, a
antiga vizinha dela e amiga, descobri outros contatos da época e todos me
afirmaram que a família era bastante feliz e que a gravidez foi desejada pelos
dois.
O Sr. Muniz respira fundo e balança a cabeça negativamente.
— Foi um erro não ligar no mesmo dia para falar contigo sobre as
minhas suspeitas, mas a verdade é que tive e tenho medo de descobrir que sou
pai depois de tanto tempo e que ninguém me disse, mas fazendo as contas,
tenho certeza das chances reais de ser o pai da sua namorada.
Puta merda! Eu bem sei que toda história tem dois lados e é a hora de
saber o lado do Sr. Muniz.
— Qual a sua versão da história de quando conheceu Catarina?
Ele pede uma taça de vinho a comissária de bordo, espera ser servido e
começa a me contar:
— Catarina casou muito nova, tinha sonho de estudar, trabalhar, o pai de
Carla a mesma coisa, ele não era e nem acredito que seja um homem ruim,
mas depois de um acidente de trabalho no qual lhe rendeu a aposentadoria de
um pouco mais que um salário mínimo passou a viver em casa vinte e quatro
horas por dia enquanto a esposa trabalhava.
Ele pausa por um momento e bebe um pouco mais do seu vinho
enquanto sou servido também.
— A vida deles mudou muito, Catarina precisou parar os estudos e ser
empregada doméstica, com isso ele ficou inseguro, enquanto a esposa
trabalhava ele simplesmente não fazia nada além de comer, dormir e assistir
televisão. Ela me contava que chegava em casa arrasada, muito cansada, ele
ainda exigia que ela fizesse o jantar e se por um acaso atrasasse a sua chegada
por causa de uma condução, ele desconfiava que ela estava com outro. Mas
meu sentimento por Catarina não começou assim.
Entendo completamente o drama que a mãe de Carla passou e continuo
ouvindo atentamente.
— Quando a conheci, minha família estava passando por um sufoco,
meu pai, ainda vivo na época, vendeu boa parte dos nossos bens para sustentar
sua vida promíscua. Dorothy, minha irmã estava prestes a ter Patrícia e não
sabia lidar com a provável vida comum que teria se nós realmente fôssemos a
falência e seu esposo também compartilhava do mesmo desespero, já que
sempre foi um encostado na nossa família.
Ele dá risada ao falar do cunhado.
— Me lembro que ia para cozinha ver Catarina porque ela me transmitia
paz, e entre uma conversa e outra, me apaixonei por seu sorriso e positivismo.
Através dela que me lembrou que eu era um ótimo engenheiro civil pensei no
primeiro empreendimento e foi assim que a Muniz Construtora surgiu, no
início da fase boa do mercado imobiliário e de uma casa que derrubei para
construir um prédio de três andares e seis apartamentos no total, hoje somos
uma potência.
Ele me conta do dia que levou Catarina para olhar a construção, da
surpresa que para ela foi ouvir que ele estava apaixonado, da sua luta para
honrar o casamento, dos meses que foram passando e ela tentando ser forte, até
a noite que Dorothy lhe emprestou um vestido de festa pois eram amigas e a
convidou para um evento onde ele também foi.
— Quando a vi naquele vestido longo que desenhava todo seu corpo,
enlouqueci de desejo, estava decidido a conquistá-la de vez e assim fiz.
Durante a festa, investi pesado mais que todos os outros dias, a tratei como
uma princesa como eu sabia que ela sentia falta, dançamos, no final do evento,
cheguei a perder a esperança de tê-la, mas resolvi levá-la em casa e quando
chegamos na frente da sua residência, já de madrugada, nos beijamos. Não
conseguimos parar, antes de dar lugar para o arrependimento, tratei de seguir
para o melhor hotel que achei na região e transamos muito, ela estava
perdidamente apaixonada e naquela noite não demos lugar a culpa.
Sr. Muniz fica aparentemente emocionado, me conta que após duas
semanas, viajou para Miami, onde juntamente com um amigo americano, em
sociedade, implantou um empreendimento de um condomínio para classe
média alta, teve contato com Catarina algumas vezes por telefone, depois ela o
evitou e quando ele voltou, depois de um ano praticamente, sendo um magnata
da construção para época, ela simplesmente não quis mais saber dele.
— Provavelmente minha namorada já estava com alguns meses de vida,
mas por que Catarina não contou?
A dúvida paira no ar.
— Eu não sei, Adriano. E para mim foi um choque saber que Catarina
tem uma filha, agora eu preciso saber se é minha e o motivo dela me esconder.
Ela foi a única mulher que amei e eu só bastava saber que ela me amava para
mover céus e terra para ficarmos juntos, mas para você ter ideia, eu nem a
encontrava quando estava aqui no Brasil, por coincidência, sempre ela estava
de folga, férias e para piorar havia se mudado. Teve um momento que tive que
respeitar sua escolha de permanecer casada e segui minha vida como solteiro
convicto, sempre soube que para existir um casamento, o amor teria que ser a
base e eu não amei novamente.
Ouço atentamente toda história e minha mente começa a traçar várias
possibilidades.
— Vamos precisar investigar esta situação.
Ele confirma com gestos.
— Tenho que fazer o exame de DNA e preciso da sua ajuda para abordar
Carla para esta questão, pelo o que você me falou das lembranças dela sobre os
pais, ela com certeza não faz ideia do que aconteceu entre sua mãe e eu.
Disso eu tenho absoluta certeza, só não entendo o motivo de Catarina
não contar e só uma pessoa me vem na cabeça para ter aprontado uma dessa.
Dorothy.
Capítulo 18

Carla Dantas

— Posso saber o motivo desse sorriso nos lábios Carlinha? Dos olhos
marejados eu já sei sobre o que é... Saudade do namorado, com certeza.
Olho para Maria, vou ao seu encontro e a abraço bem apertado.
— Adriano se declarou para mim, ele me ama, assim como eu o amo,
juro que estou vivendo um sonho.
Fecho os olhos me lembrando do momento e suspiro, a verdade é que já
conto as horas para voltar a vê-lo.
— E qual a novidade nisso tudo, menina? Só você que não sabia, uai.
Dona Maria coloca a mão na cintura.
— Eu sentia todo cuidado e amor, mas é maravilhoso ouvir as palavras
mágicas ditas com aquela voz máscula que me enlouquece.
Ela gargalha com a minha animação por causa da declaração.
— Ainda vejo vocês casando, agora vá dormir que hoje é sábado e nem
deu cinco horas ainda.
Obedeço, pois, estou muito cansada por causa da madrugada recente
com meu amor, volto para o quarto do meu advogato e vestindo uma camisa
dele, fico entre nossos lençóis e travesseiros, sonhando com a sua volta.
— Acorda Carlinha. – Tento abrir meus olhos, mas minhas pálpebras
parecem não me obedecer e eu só tenho vontade de ficar deitada. — Carla? –
Bruna praticamente me sacode e senta ao meu lado.
— O-oi... Nossa, que horas são?
Encosto-me na cabeceira, bocejo e puxo um travesseiro que de imediato,
abraço.
— Já passam das treze horas, sabia?
O susto que tomo ao saber a hora é tanta que me estico rapidamente para
pegar meu celular que está no criado-mudo para ver se tem ligações perdidas
ou mensagens de Adriano e como desconfiava.
— Perdi duas ligações do seu irmão.
Verifico logo as mensagens.
"Oi linda,
A viagem foi bastante tranquila, te liguei duas vezes, como
você não atendeu, acredito que minha cama te pegou de jeito (já
que eu não estou aí) então falei com minha irmã que me prometeu
cuidar de você.
Te amo, beijos.
Adriano."
Um sorriso persistente brota em meus lábios e eu só volto para realidade
quando Bruna puxa meu celular para ver a mensagem.
— Ahhhhhh, onde você escondeu meu irmão, hein? – Ela me olha e
começa a ficar corada, me fazendo rir só de imaginar seu pensamento. — Por
favor, não me conta, Carla. – Gargalhamos com sua brincadeira e Bruna
prossegue. —Estou super feliz, sabia? Adriano é um cara muito bacana e você
é perfeita para ele, quando o amor acontece, é lindo de se ver.
Noto que seu semblante fica um pouco triste.
— Um dia acontece para você também, Bruninha.
Ela suspira e coloca as mãos para cima.
— Alguém aqui tem que ter fé... Mas, não te acordei para falar da minha
carência e falta de sorte e sim para te convocar para um dia com sua
irmãzinha, que tal duas sessões de cinema VIP com muita pipoca e
refrigerante?
A palavra "cinema" me faz lembrar que ainda não pude viver um
programinha tão comum com Adriano por causa do meu estágio, mas logo me
recordo que essa situação em breve vai mudar e vamos poder nos assumir, já
que meu advogato disponibilizou a metade do primeiro andar da A&A
Advogados para estagiários de Assistência Social recrutados pela faculdade e
me colocou como secretária do setor pois ainda não posso exercer a função,
desta forma não serei mais a sua funcionária e sim da faculdade.
— É claro que aceito, só preciso me arrumar.
Ela concorda com gestos e me incentiva a levantar.
— Perfeito!
Bruna bate palmas.
— Era para te chamar antes, mas Patrícia esteve aqui mais cedo, enfim,
arrume-se que ainda vamos almoçar fora.
Agradeço por estar dormindo na ocasião, despeço-me
momentaneamente de Bruna e antes de me arrumar, respondo a mensagem de
Adriano.
"Oiê,
Pois é, a sua cama me pegou de jeito e só acordei agora. Na
verdade há alguns minutos.
Vou sair com Bruna, vamos ao cinema.
Manda um abraço para o Sr. Muniz, ele foi super educado
comigo quando o conheci.
Mais tarde, quando chegar do cinema, te ligo.
Também te amo.
Beijos,
Carla s2 s2 s2"

Como prometido, Bruna e eu, após um almoço rápido fomos para o


cinema e emendamos duas sessões, em uma assistimos uma comédia
romântica e na segunda, filme de ação com vários super-heróis.
— Nossa, já é noite.
Bruna comenta assim que liga o celular e caminhamos para
estacionamento.
Quando entramos no seu carro, ligo meu celular e a primeira coisa que
vejo é algumas ligações perdidas de Maria, olho para Bruna para avisar que
pode ter acontecido algo e noto que ela empalidece enquanto desliza o dedo na
tela do aparelho.
— O-o que houve?
Meu corpo vai ficando gelado, imagino que pode ter acontecido algo
com Adriano, algum funcionário, seus pais, enfim, em segundos minha cabeça
dá mil voltas.
— Carla, fica calma.
Meus olhos ficam marejados na mesma hora e eu tento ligar para
Adriano.
— Meu irmão está bem, por sinal ele já está voltando para nossa cidade,
agora desliga seu celular para você não ser rastreada e eu já te explico tudo.
Ela fala de forma firme e enquanto meu coração acelera mais ainda,
obedeço, o fato é que nunca vi Bruna tão séria como agora.
— O-o que aconteceu?
— A casa está cercada pela polícia, ao que tudo indica, foi encontrado no
seu guarda-roupa um colar de diamante da sua ex-patroa, Maria me enviou as
mensagens.
Fico assustada com o que ouço, meu corpo todo treme, mas sei que sou
inocente.
— C-calma Bruna, podemos ir até lá, conversar com os policiais, pois eu
não roubei nada.
Minha cunhada segura a minha mão.
— Eu sei, meu irmão sabe, todos os empregados, mas a polícia não e
existe a prova, se nós formos, você será levada por causa do flagrante,
entende?
Balanço a cabeça devagarzinho compreendendo toda situação e lágrimas
molham meu rosto, não é possível que algo do tipo está acontecendo comigo.
— E-entendo e para onde vamos?
Ela pensa por alguns minutos que parecem intermináveis e demonstra
estar em choque.
— N-não sei, não c-consigo pensar direito em nada viável, meus amigos
não serão discretos o suficiente, na empresa a entrada de qualquer funcionário
fora do expediente é relatado a central de segurança, pensei em um hotel, mas
como não vou voltar para casa, podem desconfiar que estou te acobertando e
mais tarde rastrearem meu cartão de crédito ou a entrada em algum lugar. E-eu
só sei q-que não vou sair do seu lado, minha irmãzinha.
Nós nos abraçamos, tento pensar em meio a tempestade e só uma pessoa
vem em minha cabeça.
— Vamos na dona Anete, minha antiga vizinha, o lugar é simples, mas
sei que lá, terei apoio.
Bruna parece relutar com a ideia, mas acaba aceitando.
— Então vamos de táxi, meu carro pode ser facilmente rastreado e ele
não é nem um pouco discreto.
Minha cunhada me dá um casaco que estava no carro, de mãos dadas
pelo estacionamento caminhamos até a entrada e facilmente conseguimos
pegar um táxi. Por sorte, juntando nosso dinheiro, tivemos o valor em espécie.

Assim que saímos do carro, corro para porta da casa da dona Anete, que
quando me vê, logo me puxa para dentro de casa e me abraça.
— Minha menina, eu não sei direito o que você aprontou, mas a polícia
já esteve aqui te procurando.
Ela me libera dos seus braços, me olha de cima abaixo e também
observa Bruna.
— Você parece outra pessoa por fora, está muito bonita, um mulherão e
por dentro? Ainda é a minha Carlinha?
Bruna, parecendo bastante preocupada vem para meu lado e segura
minha mão.
— É sim, a mesma Carlinha, mas agora ela tem a mim e meu irmão.
Bruna ajeita os cabelos para o lado e me olha.
— Se a polícia já esteve aqui, pode não ser seguro, eles podem voltar e
até Adriano chegar de viagem, não vamos voltar para casa, ele é o melhor e eu
não vou arriscar que você passe a noite na cadeia.
Explico rapidamente o que aconteceu para Anete que fica enraivecida
com meu relato.
— Concordo com sua cunhada, mas aqui também não é viável, mas eu
sei onde pode ser.
Ela para de falar por um momento e me olha com os olhos marejados.
— Seu pai voltou para cidade tem pouco tempo e mora aqui na rua de
trás, sei que ele não é presente na sua vida, mas é a única opção.
Não tendo alternativas, com o coração na mão e o corpo trêmulo, aceito
a sugestão e nós vamos acompanhadas de Anete e seu sobrinho que estava de
passagem para ver a tia depois de calçarmos chinelos emprestados.
Enquanto andamos pelas ruelas, noto que Bruna aparentemente nunca
esteve em um bairro tão humilde, ela praticamente esmaga meu braço por
causa do medo ao ver o local e quando chegamos em frente a uma pequena
casa de porta de madeira pintada de azul, Anete bate na porta duas vezes e
logo é atendida.
Em meio a tempestade, meu coração pulsa com um pouquinho de
esperança, porquê de imediato reconheço meu pai por causa das fotos e
mesmo sabendo que ele me abandonou, talvez por causa da fragilidade da
circunstância, eu o abraço e choro no seu ombro.
— P-por que você abandonou sua família? Nunca teve curiosidade para
me ver? E-eu senti tanto a sua falta.
Ele não me devolve o abraço e Bruna me puxa, só então noto a frieza no
olhar do homem que tanto olhei nas fotografias desejando a presença.
O que fiz para ele ser tão frio comigo? Será que minha mãe o magoou de
tal forma a ponto dele me esquecer?
Mesmo sem a permissão falada do homem que eu jurei que teria o
mínimo de sentimento por mim, nós entramos em sua pequena casa, em meio
ao silêncio agonizante, observo rapidamente o ambiente e noto alguma
semelhança com a minha antiga moradia, apesar de simples, é acolhedora e
com um toque feminino, pois vejo um pequeno arranjo de flores de plástico
em uma banquinha de centro. Meu pai deve ter casado novamente, será que
tenho irmãos?
Encosto-me na parede tendo Bruna sempre ao meu lado como se
estivesse me sustentando com seu corpo, até que vejo uma mulher de
aproximadamente quarenta anos saindo de um cômodo e ela nos olha
assustada.
— Noite, gente.
Ela nos cumprimenta de longe parecendo estar um pouco tímida por
causa da sua roupa de dormir.
— Querida, volte para o quarto
Ele fala com carinho com ela, depois me olha de um jeito que não
consigo decifrar.
— A visita aqui não vai demorar.
E praticamente nos coloca para fora sem cerimônia alguma.
— Fui o primeiro a te carregar, você parecia um anjo, com as pernas
gordinhas, as bochechas enormes e apesar de ser muito linda, ainda recém-
nascida, não tinha traços tão firmes que de imediato entregasse se era a minha
filha ou não.
Ele se acomoda em uma poltrona com o tecido bem gasto e pede para
que eu me sente no sofá. Assim eu faço juntamente com Bruna, enquanto dona
Anete e seu sobrinho decidem ficar mais ao lado esquerdo sentados em
banquinhos de cozinha.
— Os meses foram passando, você chegou a ser quase loirinha,
completamente diferente de mim, quando estava prestes a fazer um ano, me
chamou de pai e eu te amava com todo meu ser. Carla, por causa do meu
estado de saúde, nós dois passávamos o dia brincando enquanto sua mãe
trabalhava.
Ele pausa um momento e deixa uma lágrima cair, mas rapidamente seca
com os seus dedos e os enxuga na camisa.
— Você era meu mundo, meu motivo para sorrir depois de toda prova
que passei com o acidente de trabalho que me levou a aposentadoria e a crise
no relacionamento com a sua mãe. É difícil para um homem ver sua mulher
renunciando sonhos e deixando de ser o provedor principal. Essa circunstância
me afastou da mulher que um dia amei.
Enquanto ele relata, temo as suas próximas palavras, meu cérebro grita a
realidade que está bem na minha frente e eu só sinto vontade de fugir.
— Até que um dia sua mãe chegou do trabalho aparentemente muito
triste e ela chorou durante uns bons minutos sem me dizer o que estava
acontecendo. A pressionei pensando em vários motivos, pedi desculpa achando
que fiz algo além do desprezo, mas ela alegou apenas cansaço e eu não tive
outra alternativa a não ser aceitar.
Ele continua relatando toda história, conta que quando fiz dois anos eles
fizeram um aniversário em casa para alguns vizinhos com bastante guloseimas
incluindo cachorro quente e brigadeiro, tudo feito pela mamãe e amigas
próximas, então percebo que é nesse aniversário a última lembrança registrada
que temos juntos.
— Na outra semana fui ao urologista, para exames de rotina, fui
diagnosticado com uma doença chamada, varicocele crônica, o médico me
disse que não era algo recente, essa doença deixa o homem infértil e só então
percebi que algo estava errado e na mesma noite sua mãe, sem alternativas
confessou. Catarina não teve a coragem de me contar com qual desgraçado
dormiu, eu só sei que você não é a minha filha e eu não fui capaz de continuar
te amando ao saber a verdade.
Meu corpo fica pesado, nada mais faz sentido, toda minha trajetória,
tudo o que acreditei tornando-se pó na minha frente, eu não consigo falar mais
nada, o problema da polícia parece ficar até pequeno, quero abraçar Adriano
que é minha única certeza na vida, soluço chorando sem conseguir controlar
minha tristeza, Bruna me abraça e nós ficamos assim por um bom tempo.
— Olha, fiquem o tempo que precisar, sei que minhas palavras te
machucaram, me desculpe, Carlinha. Seria uma honra ser seu pai, mas não
sou. Eu nunca te abandonaria se fosse.
Sinto vontade de me levantar e ir embora, começo a pensar que uma cela
de cadeia por uma noite seria bem melhor do que tudo que acabo de saber,
pressiono o botão do meu celular para ligá-lo sem me importar de ser rastreada
e na discagem rápida ligo para Adriano, mesmo Bruna tentando me impedir. O
bom é que ele atende no primeiro toque.
— Carla, onde você está?
— A-Adriano, e-eu preciso de v-você.
Sussurro baixinho e sinto-me um pouco tonta. Ah minha pressão...

Adriano Albuquerque

Ouço sua voz trêmula que entrega o quanto ela está abalada enquanto
caminho de um lado para o outro no gabinete da minha casa sendo observado
por muitos policiais.
— Carla?
— Oi irmão, minha cunhada não está muito bem, acho que a p-pressão
caiu e vou levá-la para o hospital.
A preocupação me define e eu busco de imediato a chave do meu carro
que está na mesa.
— Onde vocês estão? Ainda não consegui rastrear.
— N-não importa e nos encontre no hospital Aliança.
Ouço toda movimentação que me deixa ainda mais aflito.
— Carla acaba de descobrir que o homem que ela pensou ser seu pai,
não é. Você imagina o quão aflita ela está?
Sento-me na mesma hora. Porra, isso não deveria acontecer assim. E é
claro que imagino, policia, descobertas, tudo de vez, qual pessoa normal
suportaria?
— Tudo bem, te encontro no Aliança. Bruna, obrigado. – Pauso um
pouco minha fala. — Cuida da minha linda e a tranquilize, já resolvi toda
situação que envolve o colar de diamante.
Sigo para frente da casa e então encontro o Sr. Muniz que logo me
interroga sobre Carla, mas decido omitir, pois do jeito que ele está, é capaz de
querer me acompanhar e por hoje, minha linda já enfrentou bastante
novidades.
— Não esqueça de marcar o jantar para o mais breve possível.
Ele me lembra.
— E o senhor, não deixe de tomar as medidas cabíveis, depois do que
vimos nas filmagens, a decisão é toda contigo e caso não faça algo, a justiça
fará.

Assim que chego no hospital, volto a ligar para Carla, Bruna atende e me
diz em qual quarto ela está, praticamente corro pelo corredor ansioso para vê-
la e quando finalmente chego em frente a porta 505 e abro, a vejo dormindo.
— Ah, graças a Deus você chegou, meu irmão.
Bruna praticamente corre para meus braços como fazia quando era
novinha. Não é só minha namorada que precisa de um apoio, então eu a
abraço, agradeço e consolo.
— O que Carla tem?
Aproveitando que Carla dorme, vou até seu lado, acaricio seus cabelos,
beijo seus lábios e Bruna me informa que realmente só foi uma queda de
pressão, e me conta detalhadamente sobre os acontecimentos da noite.
— Preciso te contar algo, Bruna.
Minha irmã me olha com um misto de curiosidade e aflição e quando
estou prestes a falar algo, sinto um toque em meu braço que reconheço bem.
— Adriano.
Olho rapidamente para seu rosto um pouco inchado por causa do choro e
a beijo rapidamente.
— Oi meu amor.
Ela sorri ao me ouvir enquanto acaricio sua face.
— Ainda bem que você está aqui, acho que vou precisar de um
advogado.
Os olhos de Carla ficam marejados como se ela tivesse se dado conta do
que acaba de falar e o medo de uma provável prisão fica estampada em seu
rosto.
— Não precisa, já resolvi tudo.
Carla senta na cama, me abraça, me aperta como se estivesse agarrada
ao fio de esperança e repete algumas vezes baixinho o quanto está agradecida.
— Não precisa agradecer, eu sempre estarei com você.
Sussurro em seu ouvido, acaricio suas costas até sentir seu corpo
relaxando.
— Como você conseguiu?
— Nós também queremos saber.
Só então Carla e eu voltamos a nos lembrar da presença de Bruna, mas
dessa vez um rapaz que eu não sei de onde surgiu, está ao lado da minha irmã.
Quem é?
— Adriano, este é o Paulo, sobrinho da Anete, ele que nos deu carona
até aqui.
Carla parecendo adivinhar meus pensamentos, faz a apresentação. Paulo
aperta minha mão e eu agradeço pelo favor.
Logo depois, começo a contar sobre como livrei minha linda de uma
falsa acusação.
— Quando você foi morar na casa da piscina, mesmo antes de ter algo
contigo, me preocupei com sua proteção, tenho empregados de confiança, mas
são homens e você do jeito que é linda, poderia atrair qualquer um deles.
Sendo assim, liguei para meu chefe de segurança da empresa e residência e
sem você saber, pedi para instalar uma câmera na sua varanda, mais
precisamente no lustre próximo a porta pois o local que a casa fica,
propositalmente era em uma área de ponto cego da vigilância.
Explico os motivos de não ter câmeras por perto antigamente na área da
casa da piscina, pois minha vida de muitas festas não precisava de testemunhas
e todos ficam bastante surpresos com meu relato.
— Amei o cuidado, só não gostei de saber sobre seu passado.
Divirto-me com seu ciúme e a beijo rapidamente para lhe lembrar que
ela é o meu presente e futuro.
— Mas então, quem foi?
Bruna pergunta, se aproxima e de tão curiosa que está, senta na cama
hospitalar ao lado de Carla.
— Assim que cheguei em casa fui parado por alguns policiais, segui
direto para meu gabinete, onde coloquei a senha no sistema e vi quando
Barreto entrou na casa da piscina segurando uma pequena caixa.
Bruna e Carla em gestos gêmeos colocam a mão na boca como se
quisessem abafar um grito
— Na mesma hora que Patrícia me visitou?
Bruna faz a pergunta óbvia e eu confirmo.
— Só não sabemos se Barreto foi mandado por Patrícia, Dorothy, ou as
duas, mas provavelmente há uma hora dessa ele já foi preso e vai responder
por calúnia, difamação e injúria. A ou as cúmplices também, o Sr. Muniz vai
monitorar esta questão de perto.
Carla fica um pouco pensativa e seu semblante fica bastante triste.
— Eu não sei o que fiz para me odiarem tanto. – Sei bem o motivo, mas
decido ficar quieto, Carla já sofreu muitas emoções em um único dia. —O Sr.
Muniz nem parece que é irmão da dona Dorothy, eles são completamente
diferentes.
— Nisso nós concordamos, ele é um homem de bem.
Fico satisfeito que ela perceba o quão diferente é o provável pai dela.
— É sim e eu queria ser uma formiga para vê-lo colocando os pontos
nos Ís com Dorothy e Patrícia, será que ele realmente vai fazer justiça?
Sorrio por ter certeza que sim, só eu vi o olhar do Sr. Muniz quando
mostrei o vídeo, contei sobre o tratamento que Carla recebia em seu trabalho e
o assédio que sofreu de Barreto. Reconheci nele algo que me identifico muito,
nós não aceitamos que mexam com quem amamos e pelo cuidado que ele
demonstrou em ter por Carla, os laços familiares já falam mais alto.
— Ele vai sim, linda. Agora me conte, você está melhor? Imagino que
sua conversa mais cedo com o homem que acreditávamos ser o seu pai te
abalou bastante.
Ela assente, me convida para sentar ao seu lado e enquanto aguardamos
a alta, ela me conta tudo o que passou nas últimas horas.

Sr. Muniz

Assim que chego na minha residência, na qual sempre foi emprestada


para usufruto da minha irmã Dorothy e família, vejo o motorista sendo preso,
gosto do que testemunho e fico certo de que entrarei em contato com pessoas
influentes para caçar ainda mais podres da sua vida desgraçada e lhe garantir
muitos mais anos de cadeia.
Vou em direção a viatura para olhar para o infeliz mais uma vez e deixar
claro de forma verbalizada que ele mexeu com a mulher errada.
— Boa noite, senhor.
Um policial aperta a minha mão e eu o informo que preciso trocar duas
palavras com o meliante.
— Senhor, eu não fiz nada.
Barreto se defende, então inclino-me em sua direção.
— Sabe aquela garota que você assediou o tempo todo? Que tentou tirar
proveito dela dentro de um carro? – A cor de Barreto vai sumindo. — É bem
provável que ela seja a minha filha e mesmo que não seja, saiba, você mexeu
com a mulher errada e eu vou garantir que você pague por cada um dos seus
delitos.
Ele treme de medo ao ver a minha fúria.
— N-não fiz nada p-por querer, e-eu não estou só nessa, pergunte para
sua irmã.
A palavra "irmã" é pronunciada e eu sigo até a área interna da casa e
para minha surpresa, a vejo com uma pequena mala e toda arrumada, pronta
para sair.
— Pensa que vai aonde, Dorothy?
Como em muito tempo não via, noto o medo em seu semblante e como
ela sabe que não tem escapatória, deixa a pequena mala no chão e segue para o
sofá, onde se acomoda e tenta manter a pose.
— Você já sabe de tudo, não é? Pois então, te contarei os detalhes se
você me prometer que sempre protegerá Patrícia, ela não sabe de nada, eu só
plantei a raiva na minha filha quando suspeitei que Carla estava com Adriano e
para isso tive olhos na A&A Advogados. Joana que os observou com uma lupa
e uma certa vez os viu aos beijos dentro do carro.
Ela respira fundo e lágrimas que eu bem sei que não são de
arrependimento, molham seu rosto. É quase palpável a raiva que Dorothy
sente.
— Eu não acredito que Patrícia seja inocente e a forma que ela tratou
Carla a todo momento?
Dorothy seca as lágrimas.
— Ela aprendeu comigo, o dinheiro sempre me deu o poder de ser rude
com quem eu quisesse ser, mas minha filha é inocente, tanto que chegou a
viajar com Bruna e Adriano para tentar conquistar o doutor.
— Prossiga.
Tento manter a calma, ela respira fundo, me olha nos olhos e começa a
falar.
— Quando conheci Catarina, eu estava me sentindo muito só, meu
esposo trabalhando o dia todo sem conseguir uma promoção no trabalho, o
papai acabando com nosso dinheiro e para consertar toda situação, engravidei.
Minha amizade com Catarina ficou mais forte, Patrícia nasceu quando você
usou seu dinheiro para seu primeiro empreendimento, em contrapartida eu
estava experimentando a sensação de quase ser pobre, cheia de dívidas e
mantendo a aparência de rica e tendo que me apresentar em eventos sociais.
Dorothy me olha de forma acusadora e prossegue.
— Enquanto isso, você vendia praticamente a cada semana um
apartamento dos seis totais e sua conta bancária de quase nada, foi para quase
um milhão de reais, isso na época era muito dinheiro. Pouco tempo se passou,
surgiu o convite para festa anual da associação de tênis, enquanto me
arrumava, notei Catarina me olhando parecendo uma mulher sonhadora que
nunca tinha vestido algo tão glamoroso e então burra que fui, fiz o convite.
Lembro-me da sensação de ver Catarina no vestido longo, parecendo
uma rainha e lamento por não ter tido a chance de tê-la ao meu lado e isso faz
a minha raiva aumentar, controlo-me apenas por saber que por mais que
Dorothy seja culpada, ainda é uma mulher.
— Continue.
Dorothy levanta e caminha um pouco.
— Vi a besteira que fiz quando notei seu olhar para ela e o pior, ela
mesmo sendo casada, correspondeu e então na mesma hora me perguntei,
como eu não vi nada antes?
Achando estar certa, minha irmã continua seu triste relato, conta que
usou minha fama de solteiro convicto para assustar Catarina e como eu estava
muito longe, deu certo.
Descubro também que quando Carla nasceu, Catarina fez uma tentativa
para me contatar, então Dorothy apenas informou que como eu tinha dinheiro
e morava longe, provavelmente ia brigar pela guarda da nossa filha. Qual mãe
ia querer perder seu bebê?
— Catarina estava fragilizada, vivendo entre o céu da maternidade e o
inferno do pecado da traição, sem falar no casamento, pelo o que me lembro, o
seu esposo era bem dedicado a Carla na época. – Dorothy sorri como se
estivesse lembrando algo. — Catarina foi um terreno fértil para as minhas
manipulações, pois a todo momento demonstrei que me importava com ela,
mas a verdade, eu não achava justo que em uma noite, toda herança que por
ventura seria direcionada para sua família fosse para ela e sua filha.
Minha irmã volta a se sentar e me olha sem demonstrar arrependimento.
— Você não se arrependeu nem quando viu Carla pela primeira vez?
Porra, ela é sangue do nosso sangue.
Levanto-me e não consigo mais controlar meu tom de voz.
— Não sou tão má, durante todos esses anos paguei mais do que um
salário mínimo para Catarina, ajudei com material escolar, até ofereci para
Carla o mesmo emprego da mãe. O problema é que quando ela chegou aqui
para trabalhar, eu vi Catarina novamente E isso mexeu demais com meu
psicológico.
Vou andando em sua direção e paro a apenas dois palmos de distância.
— E o desgraçado do motorista?
Ela coloca a mão na testa como se estivesse indignada e revira os olhos.
— Não sou culpada de tudo, meu irmão. Eu apenas deixei acontecer, vi
que ele era inconveniente, então fui até Barreto, contei que a mãe de Carla era
uma puta e por este motivo, ela também deveria ser.
Dou dois passos para trás com as mãos fechadas e respiro fundo para
não cometer uma loucura.
— Catarina não era qualquer mulher.
Dorothy gargalha e passa na minha cara que peguei uma casada.
— O marido dela negligenciou o casamento e isso também é uma traição
do que se espera em um relacionamento. Para que ter uma esposa se não
cuida? Ora, onde está o amor nisso? O companheirismo? É necessidade
humana ter seus desejos também supridos, Catarina era casada apenas de nome
e você sabe disso mais do que qualquer outra. Minha irmã levanta parecendo
ofendida.
— Isso é um absurdo, para mim, a mãe da sua filha perdeu toda
credibilidade quando se deitou com você e por isso deve ter tido um final tão
horrível.
Não aguento o que ouço e dou um murro na parede que a assusta.
— Foi você que matou Catarina?
— Não, claro que não.
Ela tem pressa em justificar e percebo que pelo menos desta parte ela
não é culpada.
— Da última vez que você esteve aqui, como sempre dei uma folga para
ela, mas entre os funcionários, sem que eu soubesse, eles mudaram a escala e
Catarina compareceu, quando ela soube da sua presença, correu até você, vi da
janela quando seu carro deu a partida e milésimos de segundos depois o
acidente aconteceu, acho que você não viu porque provavelmente estava
ouvindo música como sempre faz.
E eu realmente estava enquanto pensava em Catarina. Depois de anos,
havia me acostumado com sua escolha não dita de permanecer casada, mas
sempre foi impossível vir ao Brasil e não lembrar dela.
O acerto de contas continua, a cada frase dita sinto-me enojado,
indignado, triste em um grau que eu não sabia que existia, afinal de contas,
passei a vida enganado e toda uma possibilidade foi me tirada.
O tempo não vai voltar, não vou ver minha filha falando suas primeiras
palavras, dando seus primeiros passos, me foi roubado a oportunidade de levá-
la na escola e até mesmo bancar o vilão quando ela arrumasse seu primeiro
namorado.
Porra, eu definitivamente preciso viver tudo com Carla que mesmo sem
a porra do DNA já tenho certeza que é minha menina que sempre foi dona de
um império e já passou pelo pior na vida.
— Você tem noção de tudo o que me tirou?
Dorothy finalmente abaixa a cabeça, o peso da minha pergunta a acerta.
— Você nunca deveria saber de tudo isso, Carlos. Desta forma te
pouparia de toda dor.
Ela me chama pelo primeiro nome e até nisso vejo que minha Cat, fez
questão de me homenagear.
— Mas agora eu sei e você vai pagar, primeiramente de forma judicial,
quero que você pague por este crime e quando você sair, vai encontrar abrigo
em um pequeno apartamento de dois quartos, onde você vai viver com sua
filha e marido.
— NÃOOOOOO.... Posso pagar por meu crime, mas sair e viver como
pobre? NÃOOOOO... Você quer me matar?
Divirto-me com sua maldita pergunta.
— Não quero, seria pouco demais. Eu quero testemunhar você se
tornando o que mais temeu, vivendo do salário do seu marido que agora sim
terá que trabalhar de verdade.
Ela vem em minha direção, desesperada e com as mãos trêmulas me
segura pelos braços.
— Patrícia não merece isso, ela é inocente, minha princesa não pode
sofrer assim.
— Inocente ou não, tem você como mãe, também humilhou a minha
filha e, portanto, se quiser algo deste tio, ela agora terá que trabalhar muito,
tomar vergonha na cara, passar no exame da ordem dos advogados e exercer a
sua função para se sustentar.
Dou a conversa por encerrada, Patrícia e o pai chegam, os informo do
ocorrido sem lhes dar a oportunidade para pedir clemência ligo para polícia,
eles definitivamente agora terão o pior de mim.
Capítulo 19

Alguns dias se passaram...

Adriano Albuquerque

Enquanto Carla se arruma para o jantar onde vamos receber o Sr. Muniz,
o seu pai, eu a observo. Por dois motivos, primeiro por não conseguir tirar os
olhos da mulher que me ensinou a amar e também por querer saber como ela
reagirá com as notícias.
— Você está muito quieto, amor.
Ela vem em minha direção, para entre as minhas pernas e como ela
ainda está vestida apenas com sua lingerie, beijo sua barriguinha que um dia
carregará nosso filho.
— Só te olhando, definitivamente é a melhor visão.
Passo minhas mãos ao redor da sua bunda, os dedos por baixo do tecido
e uma vontade de tê-la fica bem evidente em minha ereção testemunhada por
Carla com muito gosto.
— Assim vamos chegar atrasados em pleno jantar. – Carla senta em meu
colo e nos beijamos. — Amor, eu não sei explicar, mas depois de chegar em
casa após minha rápida internação e ver aquelas rosas brancas e um ursinho
que o Sr. Muniz me enviou, tenho vontade de vê-lo para agradecer
pessoalmente pelo presente e por ele também fazer justiça com Barreto e seus
familiares. Eu nunca ia imaginar que dona Dorothy, compactuava com as
coisas que Barreto fazia e ainda não entendo o porquê dela querer me
incriminar mandando o seu motorista colocar aquele colar de diamante em
minhas coisas.
— Daqui a pouco você descobrirá tudo, linda.
Afasto seu sutiã para os lados e ela geme ao sentir meus dedos polegares
estimulando cada mamilo.
— Agora nós vamos tratar de nos atrasar um pouquinho para o jantar.
Ela geme quando chupo seu peito o deixando todo vermelhinho.
— Ahhh Adriano, quinze minutos nem pode ser considerado atraso.
Chupo o outro peito, Carla rebola e eu após afastar sua calcinha, acaricio
sua boceta molhadinha.
— Também acho, acredito que nem meia hora seja um atraso.

Carla olha para minha mão que a acaricia, geme gostoso me


incentivando mais ainda, chupa meus lábios, rebola completamente sem
vergonha, pede por mais, me diz o quanto precisa me ter, porém meu celular
toca e ao olhar para o lado, vejo na tela que é o Sr. Muniz.
— Não atende, amor.
Fico tentado a não atender, mas eu imagino o nível da ansiedade que
meu sogro está e interrompo nossa preliminar.
— Acho que vou querer você depois do jantar e não apenas por meia
hora.
Justifico da melhor forma que encontro para Carla e como sempre,
minha linda, mesmo frustrada é compreensiva.
— Vai ter que pagar com juros, sabia? Sem falar que ainda terei que
ajeitar a situação da bichinha.
Paro por um segundo, ao mesmo tempo que surpreso, começo a rir pela
forma que Carla apelidou sua deliciosa boceta e ela fica completamente
corada.
— Esqueça que ouviu isso, Adriano. Por favor.
Ela corre para o outro lado do closet e procura outra peça intima.
— Só se você me prometer que hoje vou ter "os três prazeres".
Digo do mesmo jeito que ela apelidou as formas que tenho de lhe
penetrar, recebo de volta uma piscadela maliciosa e para que eu fique ainda
mais empolgado, mesmo um pouco distante vejo a calcinha escolhida para
noite e aprovo demais, é ainda menor que a outra.
— Com certeza você terá tudo. – Carla brinca com o gesto de se abanar
e prossegue. — Agora, vamos adiantar?
Levanto-me quase que assustado com a hora pois minha linda me faz
esquecer até os compromissos mais importantes e hoje, definitivamente é um.

Assim que descemos as escadas, minha linda fica surpresa ao ver Maria
bem arrumada nos esperando sentada em uma das poltronas que compõe o
espaço.
— Até que enfim estão prontos.
Ela joga as mãos para cima em agradecimento e nós dois nos divertimos
com toda cena teatral que Maria sempre faz.
— A culpa foi toda do Adriano. – Carla solta minha mão e vai abraçar
sua amiga inseparável. — Você está muito linda e eu amei a surpresa, vamos
jantar juntas.
Maria acaricia o rosto da minha linda e se limita a um sorriso acolhedor,
com certeza é por não querer entregar o motivo da sua presença.
— Prefiro minha cozinha, mas Adriano insistiu.
Ela nos faz sorrir e acena em direção a porta provavelmente tentando
buscar as palavras certas.
— O convidado já chegou, fiz sala para ele como uma pessoa chique que
eu sou, mas ele me pediu licença pois queria caminhar no jardim, perto da
piscina.
Entendo que o Sr. Muniz provavelmente quis ver onde a filha morou
durante algum tempo, logo depois Maria pede para uma outra funcionária
chamar meu sogro e nós vamos para sala de jantar o esperar.

Carla Dantas

Eu não sei direito explicar o misto de emoções que sinto no exato


momento, ao mesmo tempo que quero ver o Sr. Muniz que para mim
representa uma ótima pessoa, com princípios no qual se diferencia
completamente dos seus familiares, por outro lado a ansiedade que parece
querer me alertar a todo tempo de que algo está para acontecer. Por que Maria
está presente? Logo ela que não suporta uma frescurite?
Fecho os olhos por alguns segundos pedindo a Deus para que nenhum
dos dois presentes notem a minha tensão não explicada.
"–Vou te contar um segredo que só conto para quem amo
muito, se você está sentindo borboletas na barriga, é sinal de que
algo bom vai acontecer. Acredita na mamãe."
Lembro-me da minha mãe e da frase que ela sempre dizia ao notar meu
nervosismo por ter que apresentar algum trabalho na escola ou no teatro da
igreja, abro os olhos que estão marejados por causa da lembrança e para minha
surpresa vejo o Sr. Muniz chegando.
Com seu jeito simpático e voz firme ele nos cumprimenta, mas não
posso deixar de notar a sua tensão.

Após uma breve conversa sobre as empresas, o jantar começa a ser


servido, saboreamos o delicioso salmão ao molho de limão e manteiga,
acompanhado por batatas assadas e então, entre uma conversa e outra,
descubro que minha mãe foi uma das incentivadoras para que a construtora
surgisse.
— A mamãe sempre foi muito de incentivar, ela também tinha o sonho
de estudar, mas não foi possível.
Como estamos um de frente para o outro, sorrimos e eu noto seus olhos
marejados, assim como os meus.
— Sim, Catarina sempre incentivou bastante, lembro-me de um dia que
senti medo de algo não dar certo, meus recursos financeiros eram limitados,
dependia da venda de pelo menos duas unidades para ter o capital total para
entregar o empreendimento em tempo e quando estava pronto para sair para
mostrar o imóvel para os potenciais clientes, ela me disse que as borboletas de
ansiedade na minha barriga, eram premonições de boas notícias.
Abaixo na mesma hora os talheres, os repouso na mesa e não consigo
tirar os olhos do gentil senhor a minha frente que no momento parece ainda
mais emocionado.
— Minha mãe me disse que este era um segredo que ela só contava para
quem ela amava muito.
Ele concorda com gestos.
— Fico feliz por saber deste detalhe, Carla. Eu também teria amado a
sua mãe por toda vida.
Adriano segura a minha mão, olho para ele que se inclina e beija a
minha testa, na minha outra mão sinto o toque acolhedor de Maria, viro-me
para ela, vejo seu rosto banhado em lágrimas, fecho os olhos e um filme passa
em minha cabeça em milésimos de segundos.
"Não fique olhando para essas fotos, filha. O seu pai é um
homem maravilhoso e um dia vocês vão estar juntos."
...

"Ele foi embora e eu perdi o amor da minha vida."


...
"Eu fiz e faria tudo por você, nunca vou te perder minha
princesa."
...
"—Pedi para que o papai do céu sempre esteja ao seu lado e
que neste novo ano, Ele me dê a oportunidade de resolver umas
pendências para o seu futuro."

Volto a olhá-lo e uma pergunta insiste em sair da minha boca. Deus! Me


dê força.
— O senhor é...
Ele me interrompe com gestos educados.
— Eu sou seu pai, Carla.
Apesar do susto, enquanto absorvo as palavras do Sr. Muniz, meu
coração aquece de tal forma que me sinto abraçada por minha mãe e lágrimas
inevitáveis rolam sob meu rosto enquanto continuo o olhando.
Em seguida, Maria libera a minha mão que alcança a do homem que
acaba de me revelar que é meu pai e mesmo estando um pouco fora do ar,
ambos emocionados, ele me conta a sensação maravilhosa que sentiu ao
conhecer minha mãe, da frustração que foi quando descobriu que ela era
casada, da amizade que ele aceitou ter como consolo por não ter alternativas,
do desejo insuportável que os acometeu, até a noite que ficaram. Ele também
faz questão de me contar a situação real que minha mãe vivia no casamento e
que não precisa de nenhum DNA para confirmar, porém neste momento,
Adriano pede para que o exame seja feito para acabar com qualquer
especulação do meio social que vivemos e nós aceitamos o conselho do meu
advogato.
— Será que minha filha linda que tanto lembra a mãe pode me abraçar,
agora? Desde que desconfiei, aguardo ansiosamente por este momento.
Ele dá a volta na mesa, Adriano beija a minha mão como em um gesto
encorajador, levanto-me mesmo que sentindo as pernas trêmulas, e nós nos
abraçamos por um bom tempo, como se quiséssemos acabar com todo atraso
em apenas um contato.
— É tudo tão novo para mim, eu não sei ser pai, perdi todos os
momentos ao seu lado, você que deveria viver como uma princesa, com menos
de vinte anos, já viveu o pior desta vida e eu quero te recompensar, filha.
Quero te levar para morar comigo em Miami, preciso te apresentar o mundo,
contar as curiosidades da Grécia, te ensinar as diferenças dos vinhos na Itália,
mostrar todo nosso império aqui no Brasil e exterior, ser presente em sua vida
e te dar o meu nome.
Sorrio por achar fofo o seu desespero, volto a abraçá-lo e depois acaricio
seu rosto.
— O senhor não vai perder mais nada em minha vida, eu também quero
fazer parte da sua, preciso descobrir como é ter um pai. – Olho rapidamente
para Adriano que permanece firme ao meu lado e prossigo. — Sobre as
viagens, quero conhecer cada cantinho contigo e com o amor da minha vida ao
lado, mas todos os destinos terão que esperar, eu não posso perder as aulas e eu
também tenho um emprego pois agora sou assistente do serviço social na A&A
Advogados.
Apesar da emoção, estou ciente que agora sou afortunada como Adriano,
mas ainda assim, quero ter minha profissão, de nenhuma forma serei uma
Patrícia.
— Você é meu orgulho, amor.
Vejo no olhar de Adriano que ele se orgulha da minha decisão.
— Isso aí minha filha, mulher tem que ser independente e com uma
ocupação no juízo.
Maria me abraça, e enquanto Adriano conversa com meu pai que ainda
não consigo chamá-lo desta forma, ela sussurra no meu ouvido:
— Com todo respeito ao meu marido, seu pai é bonitão, entendo a sua
mãe.
Ela me faz rir sem disfarces e segura meu rosto abrindo bem os olhos,
daquele jeito que impõe ordem.
— Sua mãe está feliz minha filha, de onde ela estiver, com certeza
conversou com alguém muito poderoso e o quebra cabeça foi montado para
que o dia de hoje chegasse.
Nós nos abraçamos e eu sinto sua emoção e amor.
— E ela ainda me deixou uma segunda mãe na terra.
Maria sorri com seu jeito feliz e espontâneo.
— Ahhh, isso com certeza, sinto-me como sua mãe, mas não pense em
me tirar da minha cozinha, só porque agora é granfina.

12 de março, Miami - Flórida

Quando preguiçosamente abro meus olhos após uma noite de sono


maravilhosa, faço uma retrospectiva rápida dos últimos dias. Por insistência do
meu pai e Adriano, após conversar com alguns professores e conseguir as
apostilas dos assuntos de uma semana de aula, viajamos para Miami
juntamente com Bruna, minha cunhada e Maria que antes da viagem tentou
aprender o inglês básico na velocidade da luz me rendendo boas gargalhadas.
O bom é que após a minha primeira viagem de avião super tensa por
causa da duração do voo, conheci meus sogros e amei o jeito amoroso e
acolhedor deles comigo, ambos sempre me aceitaram antes mesmo da minha
vida mudar radicalmente e nunca questionaram a decisão do filho.
Após um dia de conversas e um jantar maravilhoso, fizemos uma
pequena viagem para Orlando, onde conseguimos aproveitar três dias. Vivi de
perto toda fantasia do sonho infantil, me encantei com as princesas, os desfiles,
as lojas, guloseimas e todo conjunto me fez transbordar de felicidade, eu nunca
vou me esquecer de todo encanto vivido.
Outra situação que nunca irei me esquecer, é que durante os passeios tive
ao meu lado Adriano, como sempre muito protetor e o Sr. Muniz, o meu pai,
que não disfarçou sua ansiedade para me fazer todas as vontades. Aos poucos
ele foi aprendendo que eu não precisava de tantos bens, que sua presença sim é
mais importante e mesmo em fase de aprendizado, tenho certeza que se fosse
possível, ele me vestiria de princesa e me levaria para o carrossel infantil. É
quase palpável a necessidade que ele tem de me fazer todas as vontades de
uma vida em apenas um dia.
Os dias têm sido maravilhosos e hoje, em especial, no dia que estou
completando dezenove anos, perco-me olhando Adriano, que ainda dorme,
provavelmente um pouco cansado da noite anterior.
— Bom dia, meu advogato.
Inclino-me por cima dele, sussurro baixinho e beijo seus lábios
demoradamente, depois deslizo minha boca por seu queixo, pescoço, até
chegar em seu abdômen todo dividido.
— Bom dia, amor.
Sua voz rouca me arrepia, ele levanta um pouco seu tronco, me olha e
percebendo a minha intenção me dá um lindo sorriso que me hipnotiza.
— Já quer um dos seus presentes?
Adriano me dá uma pisadela e eu aceno que sim.
— Humhum.
Levanto o lençol que cobre seu pau maravilhoso, passo a língua em toda
extensão o deixando grunhido de prazer, abocanho, chupo com vontade, ouço
quando ele diz meu nome repetidas vezes, segura meu cabelo com posse, dita
o movimento e preenche minha boca todinha.
— Vem aqui, Carla.
Sabendo do seu desejo, antes de tirar a minha boca, sugo gostoso
fazendo com que ele impulsione seu quadril para frente, sedenta e com muito
desejo, ajeito-me rapidamente, sento-me na direção do seu pau e aos poucos
vou rebolando, subindo, descendo, provocando e o absorvendo todo.
— Ahhh, você é tão gostoso.
Ele me puxa, nossos lábios ficam próximos e enquanto continuo o vai e
vem, nos beijamos muito e após um tempo de qualidade, gozamos juntos
curtindo a sensação deliciosa do nosso encontro.
— E você é extremamente gostosa, sou viciado em ti.

Após um longo dia, percebo Adriano um pouco tenso enquanto nos


arrumamos para o jantar a bordo de um Iate em um passeio ao longo da Baía
de Biscayne e imediatamente fico preocupada.
— Aconteceu algo?
Ele nega com gestos, vem em minha direção e me ajuda com o zíper do
vestido tomara que caia de cor de fundo nude sobreposto por uma renda
especial preta.
— Você está linda, ainda mais.
Em seguida pega uma caixa que logo identifico ser de joias e me
presenteia com um lindo colar delicado de ouro rosê, com um pingente em
formato de gota e brincos idênticos que ficam perfeitos com minha escolha.
— Que presente lindo, amor.
Fico de frente para Adriano que me abraça pela cintura, me puxa para
ainda mais perto e roça os lábios nos meus sem se importar com o batom, a
sorte é que estou com um de longa duração.
— Só está começando.
Ele acaricia meu rosto e chego a fechar os olhos com a sensação do seu
toque.
— Vamos?
De mãos entrelaçadas caminhamos até a sala, uma senhorinha super fofa
que trabalha para meus sogros nos informa que todos já foram para o iate e
então nós também seguimos.
Ao chegar fico surpresa com o tamanho da embarcação de quatro
andares, eu já sabia que não seria um iate pequeno, afinal de contas precisamos
de espaço para mais de trinta pessoas, incluindo familiares e a equipe do
pequeno buffet e comandantes, mas ainda assim fico paralisada.
Quando chegamos no segundo andar, somos surpreendidos por nossos
entes queridos, todos mais uma vez me parabenizam me deixando
emocionada, o jantar é servido, logo depois um bolo de três andares em
degradê de rosa chama a atenção de todos, após cantarmos o parabéns, meu pai
me presenteia com uma enorme cobertura em Miami Beach me deixando
completamente sem ação por nem saber lidar com tantos bens e enquanto
ainda estou acostumando com a ideia, Adriano segura a minha mão chamando
minha atenção e se ajoelha na minha frente.
— Minha linda, confesso que antes de te conhecer eu já tinha perdido a
fé que o verdadeiro amor existia, mesmo ainda sendo jovem. Infelizmente no
nosso meio algumas pessoas se aproximam apenas por interesse e isso causou
em mim um escudo, eu sabia curtir, vivia cada momento, mas era apenas isso.
Até você entrar em minha vida e a cada dia me ensinar algo novo. O que sinto
por você foi crescendo sem parar, você me ensinou a amar e também a
acreditar em Deus. Só pode ser algo de lá de cima esse nosso encontro e eu
acredito que minha sogra está envolvida nisso.
Meus olhos que já estavam marejados, transbordam com a menção de
minha mãe, então Adriano pega uma linda caixinha, abre na minha frente e
prossegue:
— Eu não me vejo sem você. Carla, seu jeito de menina mulher que sabe
o que quer da vida me completa, eu te admiro porque apesar de todas as suas
lutas, você sempre buscou sua realização e é este exemplo que eu quero ter ao
meu lado, é o modelo de mulher que nossos filhos terão, então me diz, você
aceita se casar comigo?
Ele me dá aquele lindo sorriso que sou viciada.
— Ahhh, seu pai já me deu a sua mão.
Amo o fato de Adriano apesar de já viver comigo, se preocupar com
meu pai e dentro de mim um misto de emoções transbordam, sorrisos,
lágrimas, emoção a flor da pele, desejo, amor, muita felicidade e toda certeza
do mundo rege o momento, em milésimos de segundos olho ao redor, a
felicidade está estampada no rosto de todos, então vejo meu pai super
emocionado e volto a olhar para Adriano.
— É claro que sim, eu te amo.
Ele desliza o lindo anel rosê com uma pedra central de diamante em meu
dedo, levanta e em frente a todos, me beija com paixão para selar o momento.

18 de março, Adriano me espera na porta da faculdade e pela primeira


vez vamos chegar juntos na A&A Advogados após o noivado, a verdade é que
todos já sabem sobre nós, mas ninguém ainda nos viu.
Avançamos o caminho juntos, a cada quarteirão meu coração acelera na
expectativa de saber como serão as reações, paramos no sinal de trânsito mais
perto, respiro fundo e então sinto o toque daquela mão enorme na minha coxa.
— Acalme-se, amor.
Inclino-me um pouco e o beijo rapidamente.
— Só estou ansiosa para saber se vão mudar comigo, apesar de agora ser
uma Muniz e quase Albuquerque, ainda sou estudante e tenho muito o que
aprender.
O sinal abre, Adriano volta a sua atenção para as ruas e me responde:
— Alguns vão querer ser seus melhores amigos já que você tem algo a
oferecer, outros vão ter receio de se aproximar, fique atenta aos que não vão
mudar, mesmo que sejam poucos, nós precisamos identificar os verdadeiros
amigos que sempre estarão próximos em qualquer circunstância.
Aceito seu sábio conselho e para minha surpresa, ao invés de ir para
garagem, Adriano para o carro na frente da empresa, entrega a chave ao
manobrista, dá a volta, rapidamente me oferece a mão enquanto me acalma
com seu sorriso. Logo depois caminhamos para parte interna da empresa e
avistamos Natália.
— Ahhh, parabéns chefe e Carlinha;
Como sempre, ela sendo supersimpática nos parabeniza, mas logo muda
sua feição.
— Desculpa estragar a tarde de vocês, mas olhem quem está aqui.
Viro-me devagarzinho temendo a surpresa e o pior acontece, Patrícia
vem em nossa direção.
— D-desculpe chegar assim sem avisar, mas eu preciso da sua ajuda,
Carlinha. Afinal de contas, somos primas.
— Não temos tempo para falar com você.
Sendo bem direta, de mãos dadas com Adriano, tentamos avançar nosso
caminho, mas Patrícia nos para.
— Por favor, tio Muniz tirou toda ajuda que me dava, o papai está
desempregado, a mamãe ainda se encontra presa pelo menos até esta semana,
parece que a defensoria pública vai conseguir fazer algo para que ela cumpra
pena servindo a comunidade e eu, só eu posso trabalhar no momento, eu
preciso de um cargo aqui.
Fecho os olhos e respiro fundo por não acreditar no que ouço.
— Eu não sou igual a você, não te desejo o pior, mas não quero conviver
contigo ou sua mãe, estou respondendo por Adriano pois sei que nisso eu
posso, aqui não tem lugar.
Adriano acaricia minha mão com gestos me dando todo aval, Patrícia
chora, abaixa o olhar, ao ver meu anel, abre bem os olhos e chora mais ainda
sem disfarçar e então sinto um toque no meu braço e ao me virar, vejo Natália.
— É, eu não quero interromper, mas estou sabendo de uma vaga de
emprego para office girl na empresa terceirizada que presta serviço de limpeza
aqui.
Patrícia abaixa a cabeça, diz bem baixinho que aceita a indicação e vai
embora acompanhada por Natália e enquanto elas caminham, eu vejo o quanto
a vida pode ser como uma montanha russa.
Enquanto caminho com Adriano para sala onde vai funcionar o setor de
assistência social vinculado a faculdade, meus pensamentos não param,
primeiro porque muitos nos observam sem disfarçar, alguns colegas do meu
amor nos parabenizam e já querem saber a data do nosso casamento e é lindo
de ver a empolgação que Adriano responde, ele faz questão de dizer que será o
mais rápido possível.
— Uau, por um acaso estão esperando um bebê?
Uma advogada um pouco mais indiscreta nos pergunta, nos olhamos e
então, respondo:
— Não, ainda não. Adriano e eu conversamos e planejamos para uma
fase da nossa vida onde vamos estar mais tranquilos.
Meu amor beija minha testa enquanto acaricia minha mão.
— Mas o casamento eu realmente queria para ontem, mas Carla pediu
alguns meses para organizar.
— Nisso sua noiva tem toda razão, ainda mais que provavelmente será
um casamento para muitos convidados, isso exige uma estrutura e
planejamento bem detalhado.
Apesar do meu noivo e eu já sabermos como queremos nosso dia, que
foge completamente da opinião da querida colega, apenas assentimos para não
gerar mais perguntas, seguimos para o elevador e por sorte, ao entrarmos,
ninguém nos acompanha.
—Te espero na minha sala às dezessete horas.
Me protegendo parcialmente com sua enorme mão nas minhas costas,
Adriano me encosta na parede e roça os lábios no lóbulo da minha orelha.
—Pode ter certeza que estarei lá no horário, amor.
Como temos pouco tempo, a porta logo se abre no primeiro andar, ele
me beija rapidamente, em seguida se afasta, me deixando daquele jeito, mas
controlo-me, pois, tenho que me acostumar com o fato de trabalhar no mesmo
edifício do homem que me enlouquece só por estar ao meu lado.
Mesmo estando louca para voltar para o elevador, caminho pelo corredor
e avisto Alex, o querido office boy que me apresentou a empresa e ele não se
contém ao me ver e vem em minha direção.
— Preciso te agradecer, a vida aqui na A&A Advogados, está
maravilhosa sem Joana, você é uma santa, Carla. Ou devo te chamar de um
jeito mais formal?
Ele gargalha, pois, me conhece o suficiente para saber que não é
necessário a formalidade, enquanto divirto-me porque a palavra "santa" não
cabe muito para mim, pois desde que conheci Adriano e fui apresentada a
tantas formas de sentir prazer, mudei completamente e as vezes me acho uma
tarada por pensar muito naquilo. Ahhh meu cristinho! Suspiro com as
lembranças dos toques certeiros do meu noivo e...
— Carla?
Volto a olhar para Alex que parece se controlar para não verbalizar os
seus pensamentos.
— Você bem sabe que como meu amigo, não precisa de nenhuma
formalidade, agora deixe-me ir, tenho trabalho a fazer, minha trajetória como
secretária da assistente, só está começando.
Ele me dá passagem e assim eu vou para meu primeiro dia de trabalho
convivendo mais de perto com a área que escolhi para vida e como tudo o que
a gente gosta passa rápido, o tempo não para e a primeira tarde passa voando.
Final

Algum tempo depois...

— Carla?
Ouço a voz de Maria, levanto-me rapidamente para não demonstrar que
estou um pouco indisposta e começo a colocar os brincos antes que ela entre
no closet.
— Oi mãezinha, estou aqui.
Com seu jeito afobado ela entra com tudo e para na porta,
provavelmente estranhando o meu vestido.
— Ué, decidiu ir com esse vestido vermelho, não era o verde?
Ela fica surpresa porque todos sabiam que eu iria de vestido longo verde
comprado há um pouco mais de um mês.
— Pois é, decidi ser a dama de vermelho, o que acha?
Dou uma voltinha enquanto sou observada.
— Ainda mais linda, estilo esposa matadora, só sei que a Sra. Carla
Dantas Muniz Albuquerque hoje vai arrasar e deixar o seu amado esposo ainda
mais apaixonado.
E eu me apaixono por Adriano e ele por mim a cada dia, é incrível que
em pouco mais de quatro anos juntos, nosso amor só aumenta... E como
aumenta.
— Ahh, eu espero que sim, pois eu estou de um jeito, que tanto amor
não cabe no meu peito.
Olho-me mais uma vez no espelho fico satisfeita com a produção de
última hora e de mãos dadas com Maria, vamos até a sala, onde toda família,
incluindo os entes queridos da minha segunda mãezinha, meu lindo esposo e
papai nos esperam.
— Uau, você está ainda mais linda, amor.
Adriano vem em minha direção, me abraça quando ainda estou no
último degrau da escada e eu fico de certa forma do seu tamanho, por causa do
batente e saltos altos.
— Tenho que concordar com meu genro.
Meu amado pai vem me abraçar, Adriano dá passagem para o sogro, ele
também me parabeniza e como sempre, compara minha beleza com a da
mamãe.
— Obrigada, pai... Ser parecida com a mamãe é maravilhoso.
Por mais que o tempo tenha passado e a dor amenizado, a saudade
continua a mesma e meus olhos ficam marejados.
— Pela foto que eu vi, tenho que concordar, mas agora temos que ir,
senão a minha nora vai chegar atrasada em plena formatura e com a
maquiagem prejudicada.
Minha sogra se pronuncia, meu sogro concorda e seguimos em vários
carros rumo ao centro de convenções da cidade, onde acontecerá a solenidade
da formatura.

Assim que chegamos, fazemos as fotos oficiais juntamente com toda


família e por sorte a beca cobre o vestido vermelho, senão eu seria a única
diferente.
Logo após este momento, me separo da minha família e juntamente com
os outros estudantes, sento-me na arquibancada para aguardar toda solenidade
que eu jurava que seria monótona, mas a cada minuto que se passa, uma
surpresa ou outra me mantém bem atenta.
— Vinho ou champanhe?
O garçom que caminha entre os estudantes me surpreende me tirando
dos meus devaneios.
— Água, por favor.
Ele abre bem os olhos e eu entendo o seu estado, pois a maioria pede
uma bebida alcoólica, mas eu com certeza devo apenas me hidratar.
Após alguns goles, começam a chamar os formandos para colar grau por
ordem alfabética e por meu nome começar com a letra C não demorou o meu
momento tão esperado.
Com o anel de ouro e a pedra do curso, a turmalina verde, vou
caminhando calmamente receber meu diploma e para completar a alegria, o
recebo da mão do meu amor, meu pai coloca o capelo em minha cabeça, eu o
ajudo para não estragar o penteado e Maria deixa o momento ainda mais
especial ao me dar a bênção, toda formalidade se repete por mais alguns
alunos e finalmente é chegada a hora do discurso direcionado a família que
será feito por mim.
Mesmo sendo um pouco tímida, vou até o púlpito destacado para o
momento e com meu discurso em mãos começo a recitar, porém dou uma
pausa, o guardo e decido falar de improviso.
— Durante os dias que antecederam este momento, eu pensei muito no
que dizer aos familiares que tanto se esforçaram para nos verem formandos. E
sim, sem fugir do discurso clichê e mais sincero, nós somos muito gratos por
todo apoio e incentivo que recebemos. Sem vocês, não chegaríamos aqui.
A plateia aplaude mesmo antes do final e eu aguardo um pouco para
continuar já sentindo meus olhos marejados.
— Falando um pouco da minha família, sou grata ao meu esposo que foi
o que mais acreditou em mim mesmo antes de sermos namorados, a sua
família, Maria que acolhi como minha segunda mãe, ao meu pai. – Antes de
prosseguir uma lágrima molha meu rosto. — Mesmo transbordando de
felicidade, confesso que estou bem saudosa e acreditando que tudo é possível,
eu quero agradecer a uma pessoa especial, a minha mãe. Desde novinha eu vi a
sua luta para me manter na escola, como morávamos em um único cômodo
sem divisórias, testemunhei enquanto fingia dormir a minha guerreira fazendo
contas para não deixar um livro didático me faltar e vi a sua tristeza quando
sem saída, precisou da minha ajuda com a venda dos doces. Saiba que onde a
senhora estiver, que tudo o que passamos contribuiu para eu ser a mulher que
sou hoje, que mesmo tendo uma vida confortável como é de conhecimento
público, sempre vou prezar pelos valores corretos e eu prometo passar adiante
todo ensinamento que recebi. Eu sempre te amarei e a senhora é meu maior
exemplo.

No meio do salão, na minha festa íntima feita para amigos próximos e


familiares, danço com Adriano a valsa tradicional para a ocasião, enquanto
fico torcendo para os minutos passarem, pois estou verdadeiramente faminta.
— Cunhaaaa, parabéns.
Assim que terminamos, recebo o abraço apertado de Bruna que toda
empolgada me diz que não permitirá que eu abandone a pista de dança.
— Juro que danço depois, mas eu preciso comer alguma coisa.
Ela revira os olhos e Adriano me abraça.
— Perdeu, Bruninha.
Como sempre brincam um com o outro enquanto praticamente fico
salivando ao olhar a mesa dos frios e pratos quentes.
Sem muita cerimonia, caminho de mãos dadas com meu amor e ao me
aproximar, me sirvo com alguns aperitivos.
— Não prefere o jantar, amor?
Penso por um breve momento enquanto continuo me servindo.
— Prefiro sim, mas se eu ficar mais cinco minutos sem comer, vou
desmaiar.
Mordo uma mini torta e chego a revirar os olhos com a explosão de
sabores na minha língua e o leve toque apimentado me faz salivar ainda mais.
— Uau, eu não me lembrava que formatura dava tanta fome.
Ele comenta, encosto-me na mesa de doces e saboreio uma trufa de
chocolate com nozes e a sensação que sinto é tão gostosa que abandono o
prato com os empratados e encho o outro com uma quantidade considerável do
mesmo doce.
— Carla?
Ele estranha minha atitude e eu então lembro-me de que preciso contar
algo urgente.
— Será que podemos ir para casa?
Meu amor estreita os olhos.
— Mas eu tenho que levar esses doces, julgo que serão suficientes para
matar a minha fome.
Complemento, ele sorri e de forma incontrolada eu o beijo com meus
lábios saborizados e a mistura fica ainda mais perfeita.
— Reservei a suíte presidencial deste hotel, podemos ir até lá agora
mesmo.
Segurando o pratinho seguimos para o elevador que por azar está com
mais pessoas e vamos até o último andar.
Assim que chegamos no quarto, deixo o pratinho no criado mudo e
caminho maliciosamente até Adriano.
— Tira a roupa, amor. Preciso me alimentar em você.
O safado gosta do que ouve, fica nítido no seu olhar de quem sabe bem o
que quero e ele me puxa pela cintura.
— Só acho que você deveria jantar primeiro, só doces, não é saudável.
Então cruzo meus braços ao redor do seu pescoço, mordo o lóbulo da
sua orelha, apesar do tecido que nos separa sinto seu pau todo duro me
chamando e então sussurro:
— É desejo de grávida.
Meu esposo primeiramente perde a voz, seus olhos ficam marejados de
tal forma que só presenciei no nosso casamento, ele se aproxima,
imediatamente sobe uma mão por minhas costas nuas e me puxa pela nuca
para um beijo que me deixa ainda mais excitada.
— Eu te amo, Carla. Você tem noção do quanto você me transformou?
Meu amor, a sua presença na minha vida torna tudo possível e nem se eu
passar uma vida agradecendo a Deus, será suficiente.
Enquanto ele me mantém presa novamente em seus lábios, sua mão
alcança o zíper lateral do vestido, nos afastamos por um breve momento, ele
me ajuda a tirar a roupa, me guia até a cama, pede para que eu me sente e se
ajoelha no chão onde começa a traçar beijos dos meus lábios até minha
barriguinha que mesmo imperceptível, já não coube no vestido verde justo
comprado para ocasião.
— Filho ou filha, você é muito desejado, nós te amamos desde que
sonhamos com a nossa família e olha que a mamãe e eu ainda nem éramos
casados. Prometo que eu vou ser o melhor papai do mundo, assim como a
mamãe será a melhor. – Adriano para por um momento e me dá uma piscadela.
— E por ser o melhor papai, vou precisar realizar os desejos da mamãe desde
agora.
Ele afasta a minha minúscula calcinha, acaricia me deixando ainda mais
louca de desejo e me olha nos olhos.
— Preparada, Carla?
Alcanço o prato de doces no criado mudo, o deixo ao meu lado, mordo
um pedaço e ao olhá-lo nos olhos, respondo:
— Ainda tem dúvida? É tudo o que mais quero, amor.
Enquanto mais uma vez olho as roupinhas da minha bebê, um filme
gigante passa em minha cabeça. Lembro-me perfeitamente bem do sorriso do
meu pai quando soube que seria avô, nós dois sabíamos que minha bebê seria
o bálsamo de amor que faltava para nossa felicidade ser completa.
Em relação a Maria, só de me lembrar começo a sorrir, tive que fugir da
sua presença praticamente toda gestação, pois para minha mãezinha eu
realmente sou um nabo frágil que para segurar minha bebê, precisava comer
muito a cada duas horas, ela definitivamente foi o pesadelo da minha nutróloga
e obstetra. Saio dos meus devaneios com minha menina dando uns chutinhos
na minha barriga enorme, lentamente caminho até a minha cama e ciente que
preciso descansar um pouco, sento-me e pego o celular para olhar as
mensagens, mas não encontro nenhuma nova do meu amor, provavelmente
porque a audiência que ele se encontra ainda não acabou, então aproveito para
olhar as antigas.
“Amor,
Já tomou as vitaminas? Lembrou de descansar? Lembre-se de
ficar mais na poltrona nova, antes de comprá-la, verifiquei que é a
melhor para grávidas.
Te amo,
Adriano A.”
Suspiro como se estivesse lendo pela primeira vez, acaricio minha
barriga, por não me sentir muito confortável, viro-me um pouco para direita e
leio mais uma mensagem.
“Carla,
Acabo de descobrir que você foi para o trabalho depois de
praticamente ficar ao avesso e vomitar todo café da manhã. É sério
isso?
Assim que a audiência acabar, vou te pegar e levar para casa.
Você é muito teimosa.”
Divirto-me ao mesmo tempo que adoro o fato do meu advogato ser tão
mandão e deslizo um pouco o dedo na tela do celular para relembrar a minha
resposta.
“Dr. Adriano,
Jura que vai me pegar?
Você tem ideia do que causa em mim com esse seu jeito
mandão?
PS- Eu estou bem, e precisei comparecer no meu trabalho que
tanto amo por causa de uma pendência.
Por favor, venha me pegar, já estou daquele jeito imaginando
suas mãos firmes em todo meu corpo avantajado.”
Fecho os olhos ao me lembrar dos momentos que vivi no tal dia e sinto-
me completamente excitada apesar de praticamente estar na porta da
maternidade. Ahhh que saudade do marido.
Tento relaxar, então levo meus pensamentos para linda surpresa que
recebi na manhã seguinte das mensagens. Foi lindo acordar e ver meu príncipe
sentado ao meu lado, segurando uma caixa branca com um laço enorme nas
cores rosa e azul, como ainda não sabíamos o sexo do nosso bebê, Adriano me
presenteou com um vestidinho e uma camisa de cor branca com os dizeres
“Príncipe amado” e “Princesa amada”. Foi justamente naquele dia que percebi
que uma grávida realmente chora por tudo, pois lembro-me bem que virei uma
torneira feliz.
— Oi minha menina, está sentindo alguma coisa?
Abro os olhos e deparo-me com Maria, como sempre segurando uma
bandeja.
— Só o cansaço, em dois dias minha princesa nascerá e eu estou no
limite.
Ela coloca a bandeja no criado mudo e senta-se ao meu lado.
— Trouxe seu lanche. – Observo as frutas cortadas e fico aflita. — Nem
me olhe assim, tem que se alimentar, afinal de contas, logo você vai parir. –
Maria abre bem os olhos daquela forma intimidadora.
— Não vou aguentar comer tudo, tem pouco tempo que almocei e a
sensação que tenho é que se comer, minha menininha nasce.
Nos divertimos com meu relato e uma mensagem chega.
“Oi amor,
Já estou indo para casa. Como está? E nossa princesa?
Amo vocês duas,
Adriano A.”
Enquanto leio a mensagem, a cama fica toda molhada e eu confesso que
fico um pouco assustada, por sorte minha mãezinha está comigo.
— A bolsa estourou. Ah meu Deus!
Fico surpresa pois ainda não sinto dor e uma sensação maravilhosa me
faz derramar lágrimas de alegria, pois em pouco tempo vou ver minha menina.
Em seguida, com a ajuda de Maria e sem fazer muito alarde, tomo uma
ducha, apronto-me, pois, quero ser a mamãe mais linda, passo o perfume que
tanto Adriano ama e sento-me na cama a sua espera, enquanto seguro a gatinha
e gatinho de pelúcia e finalmente meu amor chega.
— Oi, amor.
Ele se aproxima, me beija e acaricia minha barriga.
— Oi, doutor. Estava ansiosa para sua chegada. – Pauso um pouco
porque as palavras ficam suspensas devido emoção do momento. — S-sabe
aquelas perguntas que fizemos durante toda gestação? Se os olhos da nossa
menininha vão ser como os meus ou seus? Se vai ser bochechuda, gordinha e
se os cabelos serão castanhos ou bem pretos? Vamos descobrir mais rápido do
que imaginávamos. A bolsa estourou tem um pouco mais de trinta minutos,
estava só te esperando.
Adriano abre bem os olhos, fica emocionado, se aproxima e com
cuidado me carrega nos seus braços firmes.
— Vamos conhecer nossa Catarina?
Ele me pega de surpresa com a escolha do nome, já que havíamos
combinado que só ao nascer que escolheríamos.
— Ela vai se chamar c-como a minha mãe?
Ele me beija de forma casta e logo depois caminha em direção a porta.
— Sim amor, como a minha sogra. Ela merece essa homenagem, afinal
de contas, além de te trazer ao mundo, ela fez você ser minha mulher ideal,
com seus valores e simplicidade, o modelo perfeito de mulher que eu escolhi
para toda vida.
E assim, emocionados, com a sensação única de estarmos prestes a
sermos pais seguimos para maternidade, estava mais do que na hora de
alcançarmos mais um patamar para felicidade.
FIM.
Epílogo

Adriano Albuquerque

Assim como todas as manhãs após lutar com um desejo enorme de me


perder entre as pernas da minha esposa, levanto-me bem devagar para não
acordá-la, já que nossa filha de quase sete meses requer sua atenção por quase
todo o dia e toda esta tarefa, apesar de muito prazerosa, é também bastante
cansativa e eu sei que minha linda precisa descansar o máximo que puder.
Com esta certeza, um pau sedento controlado, e uma força sobrenatural
para aguentar toda tentação, visto uma boxer, um roupão e após escovar os
dentes e lavar o rosto, vou ver minha princesinha.
Ao chegar no quarto, sem nenhuma surpresa, vejo Maria sentada na
poltrona aninhando minha pequena nos seus braços enquanto a alimenta com
uma mamadeira cheia de... Com certeza não é só leite...
— Bom dia, meu filho, acordei e vim ver minha netinha e ela mais
parecia um nabo, como a mãe quando conheci, então, fiz um mingau com
sustança, olha com ela está feliz.
Divirto-me com Maria e me lembro da recomendação da pediatra.
— Mas não era para iniciar o dia com leite, depois papinha de frutas?
Maria revira os olhos, aparentemente parece ofendida e volta a me olhar
com os olhos bem abertos.
— Por um acaso, está querendo me ensinar? Quem foi que criou os
filhos que de tão saudáveis quase nem uma gripe pegavam?
Aproximo-me e acaricio seus cabelos para tentar amenizar a situação.
— Eu sei gatona, mas só me lembrei da recomendação da médica.
Ela volta a revirar os olhos enquanto minha bebê continua sugando o
mingau sem parar e com os olhinhos bem abertos, é obvio que ela está amando
o cuidado da Maria.
— Médico fez medicina, a doutora em maternidade sou eu que agora
sou avó e você só tem um pouco mais de seis meses como pai, vai mesmo
querer me ensinar?
Divirto-me, Maria gargalha, minha princesinha balança as perninhas
grossas e quando vou responder...
— Nós não vamos te ensinar, mãezinha.
Carla beija o rostinho da nossa filha que não tira mais os olhos dela, dá
um abraço meio desajeitado em Maria e vem em minha direção ganhar um
beijo matutino, que me acorda por inteiro, então a envolvo em meus braços e
ficamos bem grudadinhos cheios de desejo, tentando nos comportar.
— Você é uma menina sábia, minha filha. Me conhece bem, sabe que eu
sempre tive certeza que Adriano não ia resistir aos seus encantos e, portanto,
não me questiona até porque eu só acerto.
Nós dois assentimos, em seguida Carla toma nossa menina nos braços,
começa os cuidados matutinos e eu faço questão de ajudá-la.
— Vai ter alguma audiência hoje, amor?
Conto para ela que só tenho em média uma hora para estar no fórum
juntamente com o Dr. Alex o seu antigo colega de trabalho que já está
formado, e com muito pesar, por lembrar do compromisso despeço-me para
me arrumar.
— Te encontro mais tarde, minha linda.
— Com certeza, meu advogato.
Divirto-me quando Carla ainda me chama com o apelido que já nos
rendeu boas gargalhadas, nos beijamos mais uma vez, beijo o rostinho perfeito
da nossa filha e sigo.

Carla Albuquerque

Como tirei a licença maternidade de seis meses, mais férias de um mês,


estou contando os últimos dias em casa de forma integral com minha
borboletinha e desde já meu coração fica apertadinho de saudade, mas também
não posso negar que minha rotina de trabalho onde exerço minha função de
assistente social, não me faça falta.
Se antes de me formar já era apaixonada pela área, agora estou muito
mais, principalmente porque cuido diretamente de crianças e mães carentes,
ver o rostinho delas ao serem agraciados com algum benefício, cuidado e
carinho é lindo e enche meu coração de alegria.
— Minha filha, tem certeza que vai levar minha netinha hoje?
Meu pai que a cada dia demonstra ser super protetor comigo e com a
neta, parece inconformado ao me ver toda arrumada para meu compromisso
semanal.
— Tenho pai, absoluta. Quer me acompanhar?
O Sr. Muniz parece um pouco pensativo, até que um sorriso brota em
seu rosto.
— Vou aceitar, nunca fui em um orfanato e será uma oportunidade. – Ele
caminha até a janela e olha um pouco o horizonte. — É nesse orfanato que
você faz aquelas doações mensais?
Confirmo com gestos e carrego minha gordinha para colocá-la no bebê
conforto.
— É sim, lá era bem carente, mas hoje graças a A&A Advogados e a
Muniz Construtora é um lugar super digno.
Vejo que ele fica satisfeito com o que ouve, vem em minha direção e
carrega a bolsa da neta.
— Na verdade a você, filha, que tem esse coração enorme, como a sua
mãe.
Acho graça que tudo de bom que há em mim, ele compara com a mamãe
e os defeitinhos, como ele mesmo brinca, como a minha teimosia, ele diz que
puxei a ele.

Assim que chegamos no orfanato, as crianças ficam felizes ao me ver,


parecem hipnotizadas com minha gordinha linda nos meus braços e
demonstram bastante curiosidade ao observar meu pai, mas logo faço as
apresentações e ele rapidamente tem que lidar com uma chuva de abraços.
Já sentados em quatro fileirinhas, em média cinquenta crianças me
esperam, a tia Lourdes que é meu braço direito toda semana, distribui o lanche
especial entre eles e para minha surpresa, meu pai vai ajudá-la, me deixando
feito boba e com síndrome de Maria. Há anos que não o vejo com esse brilho
nos olhos, será que estou fantasiando muito? Bem, meu histórico é de fantasiar
mesmo, mas enfim ficarei de olho.
— Tia, qual vai ser a historinha de hoje?
Uma menininha linda me tira dos meus devaneios.
— Humm, sabe que não escolhi, qual história de princesa vocês querem
ouvir?
O zumzumzum toma conta do ambiente e em segundos ouço vários
nomes, desde A Bela adormecida, Rapunzel e outras.
— Que tal a Cinderela, tia?
Penso por um momento e adoro a sugestão.
— Adorei e vou contar a história de uma Cinderela que conheci.
Enfeitando os fatos e ocultando vários, conto sobre minha vida, da casa
gigante que tinha que arrumar, das vilãs que enfrentei, do baile no cruzeiro
onde fui como dama mascarada, até meu grande dia, onde me casei.
— E como foi o vestido da princesa?
Uma menininha super curiosa e com os olhos brilhando me pergunta.
— Na verdade foi um vestido mágico, para cerimônia a princesa usou
um vestido com uma saia volumosa linda e na hora da festa o vestido se
transformou em um lindo longo.
Lembro-me bem do olhar de Adriano ao me ver com o vestido sem a
saia volumosa que escondia minhas curvas, ele praticamente me despiu e por
este motivo em pouco tempo fugimos da festa.
— Uauuu e a princesa beijou o príncipe?
Uma outra que só falta suspirar ansiosa me questiona.
— Sim e foi muito lindo no momento. O príncipe sabendo que sua noiva
amava borboletas e o significado que tinha para ela, a surpreendeu. Na hora do
beijo teve uma chuva de mini borboletas confeccionadas de forma que quase
pareciam reais, a princesa sentiu como se sua mãe estivesse presente. – Paro
por um momento contendo a emoção. — E foi lindo.
— Ahhh, eu queria tanto estar neste casamento, tia. Parece que foi bem
legal.
Um menino lamenta.
— Eu também queria, mas agora quero saber se eles tiveram filhos.
Olho para minha menininha que brinca com meus cabelos e ela sorri ao
notar que está sendo observada.
— Tiveram uma linda menina, chamada Catarina, apelidada
carinhosamente de Cat ou borboletinha, ela é o resultado do amor dos seus
pais.
Minha Cat segura meu dedo e me dá o mais lindo sorriso banguelo.
— E eles não vão ter outros filhos para a pequena Cat ter com quem
brincar?
Sou surpreendida com a pergunta e quando vou responder...
— Na verdade o príncipe quer muito mais um filho e eu acho que no
futuro, ele vai pedir esse presente para sua amada.
Sou surpreendida por Adriano, que se ajoelha ao meu lado, me diz
rapidamente que Maria contou onde nós duas estávamos, depois ele faz
carinho em nossa Cat, me beija discretamente, fazendo com que a maioria das
crianças cubram o rosto e em seguida encerro a historinha, elas correm
animadas para o pátio ansiosas por mais brincadeira.
— Nossa história daria realmente um livro, amor, mas acho que se eu
escrevesse ia ser mais adulto.
Certifico-me que não temos mais nenhuma criança por perto e beijo
Adriano de forma apaixonada, e meu corpo só pede por mais.
— Acho que estou ansiosa para escrever mais uns capítulos com você.
Ele carrega nossa menina em um braço, me dá a mão e nós caminhamos
até seu carro, já que meu pai ficou bem entretido em uma conversa com
Lourdes.
— Eu também, amor. Posso escrever o enredo das partes quentes?
Gargalho sentindo minha pele ficando corada.
— Pode, mas eu quero participar ativamente.
É a vez dele se divertir.
— Por favor Sra. Carla Albuquerque, amo muito a sua participação ativa
em todos os atos.
E assim, certos de que temos toda um livro gigante para completar,
seguimos para nossa casa.

FIM... De verdade.
Carta da autora

Querida leitora, fico feliz que chegou até aqui e espero que
tenha curtido a Carlinha e o Adriano.
“O Advogado”, é o primeiro livro da “Série Amores
Proibidos”, porém é livro independente, pois cada titulo é focado
em um casal.
Mas devo avisar, todos os personagens se conhecem, então é
bem provável que você verá uma certa interação entre eles e
futuramente no livro “O Diretor” você vai acabar com a saudade
dos personagens daqui.
Nos mais, espero te encontrar em outras páginas e para ficar
por dentro das novidades, me sigam nas redes sociais.
Beijos,
K Mendez
Facebook – Kalie Mendez
Instagram - @kalie_mendez_
Wattpad – KalieMendez
Agradecimentos

Quem tem as Advoguetes na vida, tem tudo. E esta frase é a


mais pura verdade e descreve toda a minha gratidão.
Quem seria K Mendez sem elas?
Quando comecei a postar o livro em uma plataforma de
leitura gratuita, não imaginei que seria tão abraçada, muito menos
que “O Advogado” chegaria a quase três milhões de leituras e
seria o #1 durante semanas. Foi uma linda surpresa.
Morro de medo de citar nomes e esquecer alguém, mas alguns
eu preciso.
Nat e Van, se eu pudesse colocaria as duas em potinhos, vocês
são presentes de Deus para mim.
Paty e as meninas do “Divulgando com amor” que corações
enormes vocês têm... Muito obrigada por todo apoio.
Lucas Viana, você é tão fofo e abraçou o livro com tanto
carinho que me emocionou. Você sempre será meu AdvoGATO e
nem preciso explicar o motivo do apelido.
Minha família e Deus, vocês são tudo para mim.
Agora, as meninas que fazem parte do meu esconderijo
secreto The Powerful Girls... Sim, temos a nossa liga!
Helena, você arrasa como Mulher Maravilha. Fundadora da
Liga da Justiça, líder das Amazonas e ainda arranja um tempinho
para ser embaixadora da paz na ONU... Você entendeu e viva a
Paz!
Juliana, minha Tempestade (Tinha que ser você por causa do
nome). Seus incríveis poderes a tornam capaz de controlar todos os
aspectos do tempo, seja em solo terrestre ou alienígena. Você é uma
aliada formidável em qualquer equipe.
Maísa ou melhor, Super Girl, entre a alegria de uma jovem e
a força e confiança de uma super-heroína. Sua luminosidade,
valentia e espírito positivo perante as adversidades a tornam
essencial no universo... Só poderia ser você!
Elaine, você é minha Mulher Invisível, Dinda. Tu és a alma da
liga. Além do superpoder que lhe dá o nome, você consegue criar e
manipular campos de força invisíveis de acordo com sua
concentração, seja para proteção ou ataque. Juntas, temos que
vencer muitos campos invisíveis...
Enfim, amo vocês
S2
Próximo Lançamento

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