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(Livro 5 Ao 7) - Lobos Do Milênio - Sapir Englard
(Livro 5 Ao 7) - Lobos Do Milênio - Sapir Englard
Sumário
LIVRO 5
1: Cinco anos depois
2: Isso não pode ser real
3: Onde está Jeremy?
4: #AssassinatoNaCasaDaMatilha
5: Ambição de imprensa
6: Jeremy encontrado
7: Incomodados por sogros
8: Visitantes inesperados
9: Caminhando na cena do crime
10: Controvérsia do crisântemo
11: Um pássaro vermelho em uma árvore branca
11: Um pássaro vermelho em uma árvore branca
12: 0 Enigma do Tordo
13: A Desgraçada da Monica Birch
14: Disputa Funeral
15: 0 Funeral
16: Espírito Lupino
17: Uma ameaça para o Alfa
18: A Pesquisa
19: Interrogatório
20: Thanda
21: Retorno do Espião
22: RiffRaff
23: na pista de dança
24: Custódia Policial
25: Uma fenda de dúvida
26: Descobertas
27: Consequências
28: O Vídeo
29: O bem da Matilha
30: O Desafio: Parte Um
31: O Desafio: Parte Dois
Anteriormente em Lobos do Milênio...
A gravidez de Sienna foi confirmada por Jocelyn, que foi
convidada a deixar o Retiro dos Curandeiros como resultado.
Com ciúmes, Michelle revelou a todos que Sienna estava
grávida e insistiu que ela e Josh também começassem sua
família.
Josh tornou-se obsessivo em sua busca por Konstantin e
começou a envolver Michelle. Michelle abandona Sienna
antes do chá de bebê conjunto para se juntar a Josh na caçada.
Josh e Michelle encontraram um homem que afirma ter
sido atacado por Konstantin enquanto trabalhava em um
orfanato, e o vampiro havia levado uma criança.
Nina e Jocelyn voltaram para a Casa da Matilha. Quando
Aiden viu a ex-espiã, ele a atacou. Sienna se transformou para
tentar intervir, mas esqueceu que lobisomens grávidas não
podem se transformar.
Sienna perdeu o bebê.
Ela soube mais tarde que o motivo do aborto não foi porque
ela se transformou, mas devido aos seus poderes divinos.
Pessoas influenciadas por uma divindade são inférteis porque
desequilibram a natureza
Josh e Michelle voltaram para apoiar seus amigos. A busca
de Josh por Konstantin levou-os a acreditar que Konstantin
estava planejando um ataque a Raphael, o Alfa do Milênio.
Eles partiram para Lumen, a capital da Matilha da Costa
Oeste. Durante o confronto com Konstantin, Nina salvou a
vida de Raphael. Rowan, o pai biológico de Sienna, se
sacrificou para salvar Aiden.
Sienna descobriu que era capaz de usar seus recém-
descobertos poderes divinos para destruir Konstantin.
Ela e Aiden decidiram adotar o bebê que Konstantin havia
sequestrado e que era influenciado por alguma divindade.
Eles o chamaram de Rowan, em homenagem ao pai
biológico de Sienna.
Capítulo 1
SIENNA
O borbulhar rítmico da água doce batendo nas rochas e
galhos era hipnótico.
O fluxo contínuo estava frio para meus pés descalços
enquanto eu deixava o rio girar em torno de cada dedo do pé.
A fragrância da floresta me preencheu.
O almíscar da terra úmida e das folhas caídas. Um toque de
jasmim selvagem e madressilva. O rico aroma dos pinheiros.
As florestas estavam vivas.
Aquele era o único lugar que eu poderia ir para ficar longe
de tudo. Minha própria fuga pessoal.
Eu deixei minha mão dançar livremente em torno do
pergaminho do meu caderno de desenho, delineando um
rosto familiar que eu conhecia muito bem.
Eu jamais esqueceria daquela mandíbula cinzelada, do
físico musculoso e dos olhos verdes-dourados.
Aiden.
Meu companheiro.
Cada pincelada do meu lápis o trazia mais em foco,
desencadeando um desejo interno de correr minhas mãos
sobre ele.
Foi ali que tudo começou.
Observando-o de longe, desenhei meu primeiro esboço
dele há oito anos, assim como estava fazendo agora.
Eu ainda conseguia me lembrar de como me senti
envergonhada quando ele me pegou em flagrante, seus olhos
inabaláveis fixos nos meus.
Mesmo assim, ele sabia que estávamos destinados a ficar
juntos.
Eu gostaria que ele pudesse estar aqui comigo agora.
Um calor formigante começando a se agitar por todo o meu
corpo foi o primeiro sinal de que já era quase essa época do
ano novamente.
A Bruma.
A água fria ajudou a suprimir o calor crescente de dentro,
mas logo, nem mesmo isso seria capaz de extinguir meu
desejo crescente.
— Mamãe! — uma voz de criança gritou.
E em um instante, aqueles desejos carnais desapareceram,
dominados por uma sensação muito mais forte do que eu
jamais imaginei.
A maternidade.
Um par de pés correu pela grama quando um querubim de
pele caramelo e cabelo encaracolado pegou minha mão e
olhou para mim com olhos arregalados.
— O que foi, Rowan? — Eu disse carinhosamente.
— Olha! — Ele exclamou, segurando um caracol gigante.
— Uau! Que enorme! Quase não cabe na sua mão!
Ao contrário de Michelle e do resto do pessoal, eu não tinha
medo desse tipo de bicho.
— O nome dele vai ser Vovó! — Ele disse com orgulho.
— Vovó, o caracol? — Eu ri, — Tenho certeza de que seu
avô de verdade ficará feliz em ouvir isso. Você pode dizer a ele
quando o vir mais tarde hoje.
Era difícil imaginar que ele tinha quase seis anos. Dizem que
o tempo voa vendo seus filhos crescerem.
Para mim, passou na velocidade da luz.
— Posso levá-lo para casa? — Ele perguntou com aquele
olhar de cachorro que caiu da mudança.
— Olha, tenho certeza de que a família está sentindo falta
dele. Por que você não o coloca de volta onde achou?
Um olhar de decepção cruzou seu rosto, mas ele não
discutiu e fez o que lhe foi dito.
Ele era uma criança tão brilhante e curiosa. Eu o amava
mais e mais a cada dia que passava.
Eu tive minhas preocupações, a princípio, sobre se eu
poderia ou não amá-lo como uma criança que era minha
própria carne e sangue.
Mas no momento em que ele olhou para cima e sorriu,
esses medos instantaneamente desapareceram.
— Vejo que você conheceu o novo amigo dele, — Selene
disse, enquanto se aproximava de um bosque próximo com
uma cesta de piquenique na mão. Vanessa e River, minhas
únicas sobrinhas, estavam bem ao seu lado. — Desculpe o
atraso. Alguém se recusou a calçar os sapatos, — ela disse
brincando para River, que tinha acabado de fazer três anos.
— Eu te entendo! — Eu ri.
Meu cunhado veio correndo.
— Ei! Então, eu preciso ir, ou vou me atrasar — Oi, Sienna!
— Jeremy disse sem fôlego. — Existe alguma coisa que eu
posso fazer antes de...
— A gente se vira.
— Foi mal por não poder ficar.
— Tranquilo! — Eu respondi.
— Eu já falei, está tudo bem, — Selene disse. — Vá fazer
suas coisas de advogado.
Ela se inclinou e beijou-o ternamente nos lábios, depois deu
um beijinho no nariz. — Só não demore muito... preciso de
você em casa às 7 horas, em ponto.
— Minha reunião pode atrasar, mas farei o que puder.
— Por favor, tente, Jeremy, — ela disse, inclinando-se ainda
mais perto, — Eu já posso sentir a Bruma começando a surgir
nessa cabecinha. E tenho algo especial reservado para você
esta noite.
Ele sorriu. — Eu mal posso esperar, — ele disse antes de
beijar Selene mais uma vez. — Te amo. — 'Também te amo,
— respondeu ela. E Jeremy partiu.
Apesar de quantos anos se passaram, eu ainda não
conseguia me acostumar com a ideia de aqueles dois ficarem
loucos um com o outro, nem queria, mas me fez sorrir
sabendo que eles eram felizes. Eles estavam juntos há muito
mais tempo do que Aiden e eu.
Adorei ver como, depois de todo aquele tempo, eles ainda
estavam apaixonados um pelo outro.
— Rowan fugiu por ali, — Selene apontou, direcionando
seus filhos. — Por que vocês não vão brincar com ele? —
Animados, fizeram o que lhes foi dito.
— Não vejo a hora de começar a Bruma deste ano! — Ela
continuou. — Eu tenho um monte de brinquedos da Passion
Party que mal posso esperar para usar. Se tudo der certo, as
crianças não interromperão, como têm o hábito de fazer.
— Privacidade é um luxo hoje em dia, — respondi. — E por
isso que Rowan vai passar este fim de semana com os avós.
— Não é uma má ideia, — disse ela, estendendo uma toalha
de piquenique.
— Vou deixá-lo depois do almoço. Que tal eu levar Vanessa
e River também? Você sabe que mamãe e papai não vão se
importar.
— Ai, meu Deus! Isso seria ótimo! Obrigada! Isso me dará
mais tempo para me preparar para esta noite, — ela sorriu.
Eu cobri meus ouvidos. — Eu não quero ouvir sobre isso!
Selene riu. Então, para minha surpresa, ela tirou uma
garrafa de champanhe da cesta.
— Olha o que eu achei! — Ela sorriu maliciosamente.
— Não é nem meio-dia!
— Achei que poderíamos comemorar mais cedo! Assim que
Jeremy tiver a papelada final assinada, o Festival de
Fertilidade será oficialmente cancelado, — disse ela, abrindo
a rolha e lançando uma fonte de champanhe no ar.
Ela rapidamente encheu duas taças de champanhe.
O Festival da Fertilidade.
Só de pensar nisso, minha pele se arrepiou. Era difícil
acreditar que já foi considerado uma honra para um Alfa
montar sua companheira na frente de toda a matilha.
Era completamente degradante.
Esta que vos fala tratou de acabar com isso anos atrás, mas
ainda teve que passar por um monte de burocracia para que
tudo estivesse de acordo com a lei.
— Já era hora, — respondi.
— Se não fosse por todos aqueles 'tradicionalistas'
levantando barreiras a cada etapa do processo, ele teria sido
abolido anos atrás.
— Há uma diferença entre ser um 'tradicionalista' e um
completo alienado! — Eu disse pegando um copo.
Selene riu.
— Eu vou beber a isso! — Disse ela, enquanto brindávamos
e bebíamos.
Mas não paramos. Nossos olhos se encontraram e bebemos
todo o copo de um só gole. Tossimos e rimos quando
terminamos.
— Que tal outro? — Selene perguntou enquanto tentava
me servir outro.
— Calma! Vamos nos controlar! Eu não quero sair daqui
cambaleando.
— Tudo bem, seja uma fracote, — ela sorriu.
Mas de repente, um calafrio percorreu minha espinha ao
som de uma criança gritando.
Selene e eu ficamos de pé e nos movemos em direção à
chamada de socorro. Vanessa e River correram e agarraram a
cintura da mãe.
— O que foi? — Selene perguntou. — O que aconteceu? —
Eles balançaram a cabeça e apontaram na direção de onde
vieram.
Saindo de um matagal sombreado, Rowan emergiu com
algo nas mãos.
Quando me aproximei, vi que ele segurava uma gambá
morta. Sua carcaça podre estava coberta de caracóis e vermes.
O cheiro era nauseante. Tive vontade de vomitar.
— Rowan! O que você está fazendo com isso! — Exclamei:
— Largue isso!
Seu olhar era de confusão.
— A cor dele sumiu. Cadê a cor dele...?
Ele não se incomodou com os insetos rastejando em suas
mãos.
AIDEN
— Onde eu assino? — Perguntei a Jeremy durante um
almoço em um restaurante italiano recém-inaugurado.
O advogado da Matilha me entregou uma papelada enorme
e apontou para a linha em branco na última página.
Tive orgulho de saber que uma única assinatura revogaria
oficialmente o Festival da Fertilidade, a primeira de muitas
tradições arcaicas.
Eu não concordei com a postura dura de Sienna contra a
cerimônia, no início, mas acabei aceitando sua linha de
raciocínio.
Ela sabia ser muito convincente.
Em todos os sentidos.
Limpei uma gota de suor da minha testa. Só de pensar em
Sienna eu já sentia uma onda pulsante e um calor por todo o
meu corpo.
A Bruma estava de volta. E mais cedo do que o esperado.
Não que eu estivesse reclamando. Eu só imaginava o que
eu faria com Sienna no minuto em que chegasse em casa...
— Alfa Aiden! — a voz penetrante de Gregory Singh entoou
quando ele se aproximou da minha mesa.
Merda...
Minha Bruma diminuiu imediatamente.
— Uma palavra, por favor, — disse ele enquanto se sentava
sem ser convidado em uma cadeira vazia.
— Você não vai se sentar... — Eu rosnei baixinho.
Singh, uma figura imponente com herança do sul da Ásia,
era o Beta de meu pai quando ele liderava a Matilha.
Ele também foi o líder autoproclamado da facção —
tradicionalista— recém-formada, que se autodenominava
'Vigilância dos Valores'.
Seu grupo, antes na periferia do espectro político, era agora
uma das vozes mais influentes.
— Estou aqui porque—
— Eu sei muito bem porque você está aqui. Você não vai
me fazer mudar de ideia.
— Sr. Singh, — Jeremy interrompeu, — O conselho votou...
— Bem, as pessoas que represento pensam o contrário, —
interrompeu Singh. — Essas instituições datam de centenas,
senão milhares, de anos. Não podem ser desconsideradas por
capricho.
— Levar cinco anos para mudar uma lei dificilmente
constitui um capricho, — respondeu Jeremy.
— E não é só isso. Manter exibições humilhantes como esta
vai contra o que esta Matilha representa, — eu respondi.
— Você está acabando com a identidade da nossa Matilha,
— Singh disse, friamente. — Esse desrespeito flagrante pela
tradição é um tapa na cara de todos aqueles que vieram antes
de nós.
— Nossos antepassados não queriam que vivêssemos da
mesma forma que eles, — continuei, — Eles queriam que nos
melhorássemos — que avançássemos, não retrocedêssemos.
Chute e grite o quanto quiser, mas é hora dessa Matilha
chegar ao século 21.
Em seguida, peguei minha caneta e assinei o documento. O
Festival da Fertilidade não existia mais.
— Pronto. Agora é oficial, — eu sorri.
Apesar do rosto de pedra de Singh, eu sabia que ele estava
cambaleando interiormente. Por um momento, seu olhar se
manteve firme no meu, mas ele desviou o olhar um pouco
antes de ser considerado uma ameaça.
— Isso ainda não acabou, — disse ele, levantando-se,
inesperadamente composto.
— Minha assinatura diz o contrário. Tenha um bom dia.
E depois disso, ele se virou e saiu.
A questão do Festival da Fertilidade, e outras semelhantes,
estavam se tomando mais problemáticas do que eu imaginava.
Nunca subestime o poder da estupidez.
***
SIENNA
Depois de passar a maior parte do dia no rio, deixei todas
as crianças com meus pais e comecei a voltar para a Casa da
Matilha.
Todo o tempo, eu não pude deixar de lembrar da cena que
se desenrolou com Rowan.
Não foi a primeira vez que ele exibiu um comportamento
incomum — principalmente envolvendo trazer para casa e
brincar com animais mortos.
Pelo menos, era o que parecia que ele estava fazendo.
Como ele encontra essas coisas?
Enquanto continuava na estrada, senti minhas palmas
ficarem úmidas e comecei a respirar mais rápido.
Meu corpo inteiro foi atingido por desejos sexuais enormes
por Aiden.
Merda! Agora não!
Eu ainda estava no meu carro.
E dirigir sob o efeito da Bruma pode ser tão perigoso quanto
dirigir embriagado, então eu tive que parar no acostamento
até que pudesse recuperar o controle — pelo menos o tempo
suficiente para voltar para a Casa da Matilha.
Lá, meu companheiro poderia me devastar de todas as
maneiras imagináveis.
Peguei meu celular.
Sienna: Leve essas bunda gostosa para a Casa da Matilha.
Sienna: AGORA.
Sienna: Eu preciso de você dentro de mim.
Sienna: E não estou pedindo.
Sienna: Estou mandando.
Aiden: Bem, vou ter que verificar minha agenda...
Sienna:...
Sienna: Você quer foder ou não?
Aiden: Diga o nome do lugar e eu estarei lá.
Sienna: Me encontra no jardim da Casa da Matilha.
Aiden: Estarei aí em 20
Aiden: Não acabe sem mim.
Sienna: Sem promessas
SIENNA
Capítulo 2
AIDEN
Encontrei Sienna no jardim pelo som de seus gritos. Ela
estava de joelhos segurando um corpo, balançando-o para
frente e para trás.
Ela ficava repetindo: — Não, não, não, não... — enquanto
passava as mãos pelos cabelos da mulher, tentando confortá-
los.
— Sienna, o que foi? O que está acontecendo? Você se
machucou? — Eu perguntei.
Mas ela não respondeu.
— Você viu o que aconteceu?
Mas ainda nada enquanto ela continuava a soluçar e
segurar o corpo com força.
Seu comportamento tomava difícil determinar o que havia
acontecido.
Foi um acidente?
Alguém fez de propósito?
Enquanto meus olhos se ajustavam à escuridão, todo o ar
em meus pulmões de repente saiu correndo quando ficou
claro para quem eram as lágrimas de Sienna.
Selene.
Verificar o pulso dela confirmou o que eu já sabia.
— Sienna, vamos colocá-la no chão.
— Não!
— Eu sinto muito. Mas ela se foi.
— Não diga isso! Não diga isso, Aiden!
Parei por um momento, sem saber o que fazer.
Como Alfa, sentia uma conexão profunda com cada
membro da Matilha. Qualquer perda de vida me feria muito,
como se uma parte de mim fosse cortada. E o fato de ser a
irmã de Sienna deitada aos meus pés...
Senti como se meu coração tivesse se partido em dois.
Eu estava à beira das lágrimas, mas consegui me conter. Eu
precisava ser forte por Sienna. Haveria tempo para lamentar
mais tarde.
— Sienna... você precisa aceitar. É a única maneira de
sabermos o que aconteceu.
— Eu não posso! — ela gritou de volta.
— Sim, você pode. Por favor...
Ela continuou a soluçar enquanto eu a observava
desmoronar por dentro. Minutos se passaram antes que ela
cedesse e gentilmente colocasse o corpo quebrado de Selene
de volta no chão.
A forma como o pescoço de sua irmã estava dobrado era
absolutamente horrível.
Envolvi-me em torno de Sienna para cobrir seu corpo nu
enquanto ela continuava olhando para o corpo sem vida.
Ela derreteu em meus braços e se agarrou a mim, rasgando
minha camisa enquanto chorava.
Peguei meu celular.
Aiden
Venha para o jardim imediatamente.
Aiden
E traga toda a equipe de segurança também
Josh
Claro
Josh
o que foi?
Aiden
VEM LOGO.
Logo, Josh e o resto da equipe de segurança da Matilha
estavam em cena. Olhares de choque e horror percorreram
todo o grupo quando perceberam a tragédia que havia
acabado de acontecer.
Sienna, compreensivelmente, não queria sair do lado da
irmã.
Parecia errado tentar afastá-la, como se aquilo a trouxesse
de volta à realidade, então eu dei a ela espaço para deixá-la
chorar.
Era difícil dizer quanto tempo havia passado, mas ela
finalmente encontrou forças para voltar para a Casa da
Matilha.
Continuamos a vasculhar a área para determinar a causa da
morte.
Concluiu-se que ela caiu da varanda superior — pelo meu
palpite, uma queda de quase seis metros.
Ver seu corpo sem vida enviou calafrios à minha espinha.
Eu falei com ela menos de vinte e quatro horas atrás durante
o jantar.
Como isso pode ter acontecido?
Eu estava devastado pela culpa. Ela, assim como a vida de
todos os outros na Matilha, era minha responsabilidade.
Meu coração partiu pela minha companheira. A dor que a
consumia deve ser insuportável.
Eu queria estender a mão e dizer a ela que tudo ia ficar bem,
mas eu sabia que era mentira.
A vida de Selene, assim como a vida de todos aqueles que
a amavam, mudaria para sempre.
Jurei naquele momento que faria tudo o que pudesse para
descobrir o que aconteceu.
SIENNA
Eu não conseguia me mover.
Sentei-me na sala de estar, enrolada apenas em um
cobertor.
Minhas lágrimas haviam escorrido, mas eu ainda podia
sentir meu coração batendo forte no peito.
Eu estava em perda total e completa.
A luz âmbar que emanava da lareira lavava tudo com um
brilho infernal.
Sombras escuras lançadas pelas chamas dançaram
ameaçadoramente nas paredes, envolvendo-me.
Tirando sarro de mim.
Foi um pesadelo do qual não havia como acordar.
Pessoas ocupadas entravam e saíam, mas tudo era um
borrão.
Vozes falavam, mas eu não conseguia ouvir o que diziam.
Eu tinha quase certeza de que Erica e Mia disseram algo para
mim.
— Sinto muito pela sua perda, — ou o que quer que as
pessoas murmuram quando não sabem o que dizer.
O tempo parou.
Isso está realmente acontecendo?
Sempre tentei estar um passo à frente de qualquer
adversidade que surgisse em meu caminho, mas nada poderia
ter me preparado para isso.
Saber que o capítulo final de sua vida havia sido escrito
parecia irreal. Era como se eu estivesse em uma realidade
alternativa doente e fodida.
Eu só queria rastejar para a cama com ela, como quando
fiquei com medo quando era criança, e esperar que ela fizesse
tudo ficar melhor.
Minha mente continuava tendo visões de Selene caindo
sobre o terraço e eu estendendo a mão para pegá-la, apenas
para errar por meros centímetros.
Se eu tivesse chegado lá mais cedo.
Se eu não tivesse parado ao lado da estrada — Bruma de
merda!
O que ela estava fazendo lá em primeiro lugar?
Um toque familiar roçou meu ombro nu quando um
perfume floral me tirou dos meus pensamentos
autodestrutivos.
Meus olhos encontram os da minha amiga Michelle, que
parecia radiante como sempre.
Ela me pegou nos braços e segurou firme, sabendo
exatamente do que eu precisava.
- Eu sinto muito, Sienna... Não consigo imaginar o que você
está passando. Se você precisar de qualquer coisa...
— Obrigada... — eu consegui murmurar, e ela deixou por
isso mesmo.
Não demorou muito para que minha mãe e meu pai
aparecessem com as crianças.
Apesar dos olhos inchados e da voz trêmula de minha mãe,
ela permaneceu tão composta quanto possível — claramente
tentando ser a mais forte.
Já meu pai era totalmente o contrário. Seus olhos estavam
inchados e o rosto vermelho.
Ele fez o seu melhor para estar ao lado dos filhos de Selene,
dizendo a eles que tudo ia ficar bem, abraçando-os com
amor...
Mas até eles podiam ver que sua angústia interior
combinava com a deles.
Ele segurou minha mãe com força para se apoiar.
Foi então que Rowan veio até mim e pegou minha mão, a
única luz no fim deste túnel escuro.
— Oi, querido... — eu disse amorosamente, colocando
minha mão em sua bochecha. — Você está bem? A vovó e o
vovó lhe contaram o que aconteceu?
Ele assentiu. — Ela perdeu a cor.
— Não entendi, — disse eu, — perdeu a cor?
Ele estendeu o braço e apontou para mim. — Você tem uma
cor. — Ele então começou a apontar ao redor da sala. — Vovó
tem cor, vovó tem cor... Vanessa e River tem cor...
Normalmente, eu poderia entender o que ele estava
dizendo, mas ele estava sendo muito enigmático.
Decidi não dar muita importância a isso, considerando
apenas como fantasias infantis.
— Parece que ele está falando sobre a aura de uma pessoa,
— disse Michelle com entusiasmo, tentando ser útil.
— Sério? — Eu disse, perplexa.
Michelle ficou em silêncio.
Eu sabia que ela gostava de astrologia, cartas de tarô e
outras coisas, mas não conseguia lidar com suas tolices
metafísicas agora.
A presença do meu companheiro chamou minha atenção.
Vê-lo novamente foi reconfortante, mas não o suficiente para
tirar a dor.
Eu disse a Rowan para ir passar um tempo com seus primos
antes que eu fosse falar com Aiden.
— Ei... como você está? — Ele perguntou, ternamente.
Eu não respondi.
— Desculpa. Pergunta idiota... — Ele disse
desconfortavelmente. — Por que não vamos arranjar uma
roupa pra você, — disse ele, apontando para o cobertor
enrolado em mim. — Algo mais confortável
II
Novamente, eu não respondi.
— Você tem razão. Eu sinto muito. Eu não quis dizer... Eu só
queria dizer a você que Jocelyn está realizando a autópsia de
Selene. Vamos ver se podemos entender o que aconteceu
com ela.
— Ela está morta, — eu disse com desdém, olhando para o
nada.
Aiden ficou em silêncio, claramente tentando encontrar as
palavras certas.
— Aiden... eu não queria...
— Está tudo bem, — ele interrompeu. — Isso não é sobre
mim.
Enterrei meu rosto em seu peito, sentindo seu cheiro
inebriante. Eu queria que ele me abraçasse e nunca mais me
soltasse.
— Tudo parece tão surreal... como se eu estivesse apenas
existindo... como se não estivesse realmente aqui.
— Eu posso ter empatia, — respondeu Aiden. — Eu me
senti da mesma forma quando meu irmão morreu...
Eu ainda sinto isso. Isso nunca passa.
Eu gostaria de poder dizer que suas palavras foram
reconfortantes, mas não foram.
— Desculpe... provavelmente não é isso que você queria
ouvir, — disse ele, timidamente.
— Você não precisa se desculpar.
Ele então beijou minha bochecha e passou as mãos pelo
meu cabelo. A sensação trouxe um alívio temporário.
Eu queria me perder em seu toque, mas meus pensamentos
continuavam me levando de volta ao jardim.
Vê-la jogada ali contorcida e desfigurada... Eu não
conseguia tirar essa imagem da minha mente.
E a dor que ela deve ter sentido...
Pensar nisso tomava difícil respirar.
Ela sempre fez parte da minha vida, desde o início.
Ela era meu porto seguro.
Minha confidente.
Minha irmã.
Mas naquele momento, ela se foi.
Foi então que comecei a me sentir claustrofóbica e me
afastei de Aiden. Ele tentou me puxar de volta, mas eu o
afastei.
— O que foi? — ele perguntou.
— Eu não sei. Eu sinto como se tudo estivesse se fechando
ao meu redor.
A sensação começou a se intensificar.
— Que tal pegarmos algo para você comer, — ele sugeriu.
— Não.
— Ou um pouco de chá quente...
— Não quero comer nem beber nada, — disse eu, cada vez
mais frustrada.
— Bem, que tal encontrarmos algo novo para você vestir.
Como eu disse, tenho certeza que você se sentirá melhor
com...
— EU DISSE QUE NÃO PRECISO DE NENHUMA ROUPA,
PORRA!
— PARA! POR FAVOR!
Ele ficou em silêncio.
Agora que eu tinha a atenção de todos, imediatamente me
arrependi de minha explosão.
— Olha... eu sinto muito. Eu não queria — eu sei que sua
intenção foi boa, mas...
Foi então que olhei ao redor da sala e vi aqueles rostos
compridos olhando para mim, sem saber o que fazer comigo,
até que meus olhos pousaram em minha mãe.
Ela estendeu os braços, me chamando para ela.
Minhas emoções tomaram conta quando corri e caí em seu
abraço maternal.
AIDEN
Eu me senti impotente assistindo minha companheira. Eu
gostaria que houvesse algo que eu pudesse fazer, mas eu
sabia que só ela poderia achar o caminho para se recuperar.
— Aiden, — uma voz suave me chamou por trás.
Quando me virei, vi Jocelyn esperando por mim. Seus olhos
estavam tão fundos quanto os de todos os outros. Nem
mesmo a curandeira era imune à crueldade da morte.
— Aiden, eu preciso te dizer uma coisa-
— Espere, — eu disse, levando-a para fora do alcance da
voz de Sienna. — Você descobriu algo? — Eu sussurrei.
— Infelizmente, sim. Após um exame mais detalhado das
feridas defensivas em suas mãos e...
— Feridas defensivas?! — Eu exclamei. — O que isso
deveria significar?
Jocelyn respirou fundo.
— Isso significa que a morte dela não foi um acidente.
Capítulo 3
AIDEN
As luzes fluorescentes da sala de exame ganharam vida,
revelando o corpo pálido e nu de Selene deitado sobre uma
mesa.
Ela foi cortada e dissecada com incisões feitas em várias
partes de seu corpo.
Era difícil vê-la assim, especialmente a forma como seu
pescoço se contorcia.
Eu silenciosamente escapei com Jocelyn para impedir
Sienna de saber o que eu estava fazendo.
Eu sabia que ela iria querer vê-la, mas ela não estava em
condições de vê-la assim... pelo menos por agora.
Josh estava ao meu lado com a mão no meu ombro. Foi um
alívio ter meu Beta ao meu lado.
Apenas alguns raros estavam a par de me ver tão vulnerável.
Nina também estava por perto, ajudando a limpar o sangue
que havia derramado no chão.
Não a tinha visto muito ultimamente. Pelo que pude
perceber, ela passou a maior parte do tempo ali ajudando
Jocelyn.
— Como você pode ver, — Jocelyn disse, pegando uma das
mãos de Selene, — As unhas de seu indicador e dedo médio
foram dobradas para trás. Além disso, se você der uma olhada
nas palmas das mãos, verá novas lacerações que não
poderiam ter sido feitas desde a queda.
— Você tem certeza disso? — Eu perguntei. — Se o que
você está dizendo é verdade, isso significa que foi algo
deliberado.
— Sim, essa seria a conclusão lógica, — disse ela da maneira
mais profissional que pôde, apesar de ter acabado de fazer a
necropsia de uma amiga.
— Suas lacerações e ferimentos na queda parecem ser o
único abuso que ela recebeu.
— — Apenas... — ' Eu zombei, correndo meus dedos pelo
meu cabelo. — Ela perdeu algum pertence?
— Pelo que eu posso dizer, — Jocelyn disse, apontando
para uma mesa com os pertences de Selene. — Não parece
haver nada faltando. A carteira dela ainda estava na bolsa, ela
ainda tinha joias... nada parece fora do lugar.
Parecia que minha mente estava mergulhada em ácido. Os
eventos estavam acontecendo tão rapidamente que era difícil
acreditar no que era real. Meu lobo estava gritando para ser
lançado. Queria separar alguém.
Mas quem?
— Algum de vocês consegue pensar em uma boa razão para
alguém querer machucá-la? — Eu perguntei.
Mas Josh e Jocelyn estavam quietos.
— Ela é uma das pessoas mais doces e atenciosas que
conheço — conhecia... Por que diabos alguém iria querer
matá-la?!
Mas, novamente, minhas perguntas foram recebidas por
um silêncio ensurdecedor.
— Diga-me o que posso fazer, meu Alfa, — disse Josh de
forma tranquilizadora. — Farei tudo o que puder para levar o
assassino à justiça.
Eu me virei e olhei diretamente nos olhos dele. — Eu
preciso de você para ser meus olhos e ouvidos. Descubra
quem fez isso. Não deixe pedra sobre pedra.
— Ah, eu vou encontrá-los, — Josh respondeu com
confiança, — Acredite, eles vão ter o que merecem.
Ele me deu um tapa com firmeza nas costas e começou a
sair, seus pés ecoando pelo chão de ladrilhos enquanto ele
avançava.
Mas então, ele inesperadamente se virou. — Ah, merda...
— O quê? — Eu respondi.
— Alguém falou com Jeremy? Ele ao menos sabe o que
aconteceu?
Porra. Ele estava certo. Com tudo o que aconteceu, eu tinha
me esquecido completamente de Jeremy.
— Difícil dizer... embora, mesmo que ele não tenha sido
informado, ele está sem dúvida sentindo isso, — Jocelyn disse,
olhando para baixo em direção ao corpo.
O vínculo de acasalamento.
Uma das forças mais fortes do universo.
Uma conexão tão poderosa que, no minuto em que um dos
parceiros morre, o outro murcha lentamente até que eles
também não possam mais viver.
Quando as pessoas são marcadas e acasaladas, é para toda
a vida... literalmente.
Uma tragédia inevitável que cai sobre todos os
companheiros sobreviventes, como meu irmão.
Vê-lo partir foi uma das experiências mais difíceis que já
enfrentei.
É por isso que temos protocolos e institutos de saúde
mental para cuidar dos companheiros sobreviventes, para
que possam viver seus últimos dias da maneira mais
confortável possível.
Se admitidos cedo o suficiente, muitas vezes podem evitar
o risco de sofrer uma agonia muito maior.
Uma descida à loucura.
— Não se preocupe, Aiden. Eu vou encontrá-lo, — Josh
disse com confiança.
— Não. Eu preciso de você liderando a investigação. — Eu
olhei para Jocelyn. — Posso contar com você para encontrar
Jeremy?
— Com certeza. Ele não deve estar longe, — ela respondeu.
— Eu vou ajudar a procurar também, — Nina entrou na
conversa.
— Ótimo. — Eu concordei. — Ele vai precisar de toda a
ajuda possível.
SIENNA
Todos ainda estavam reunidos na sala de estar quando
terminei de colocar uma camiseta e uma calça de moletom.
Meu rosto estava a maior bagunça, então tirei toda a minha
maquiagem. Eu não me importava se as pessoas me vissem
sem ela.
Quando entrei nas câmaras, imediatamente me arrependi
de voltar lá embaixo, pois todos os olhos se voltaram para
mim.
Olhares de tristeza e piedade estavam por toda parte.
Eu odiava o jeito que eles olhavam, me colocando no centro
das atenções. Eu sabia que ninguém queria fazer mal, mas a
atenção que estava recebendo me fez sentir pequena e
patética.
Por trás, senti a presença de meu companheiro se
aproximando.
— Precisamos conversar, — ele sussurrou.
Guiando-me para um canto despovoado da sala, ele me
sentou e me contou sobre o que Jocelyn havia descoberto...
que a morte de Selene não foi acidental.
Ouvir a notícia me deixou em choque total e absoluto.
Meu coração começou a bater forte.
Eu não conseguia me mover.
Eu podia sentir cada respiração.
Teria sido uma coisa se ninguém fosse o culpado, mas saber
que alguém intencionalmente lhe causou mal era
inacreditável.
Não fazia sentido.
Quem iria querer machucá-la?
Ela nunca fez mal a ninguém.
Eu não conseguia parar de pensar em seus momentos finais
— como ela deve ter ficado assustada.
O único conforto que tive foi saber que as coisas não
poderiam piorar. Eu tinha chegado ao fundo do poço com esta
nova revelação.
— A imprensa terá um prato cheio com isso, — eu disse. —
Onde está Beatrice? — A Zeta da Matilha, encarregada de
tudo que tinha a ver com relações públicas.
— Ela ainda está em licença maternidade, — respondeu
Aiden.
— E ninguém pensou em encontrar um substituto? —
Aiden ficou em silêncio. — Alguém precisa falar com eles logo
para que possamos ir adiante.
— Estou investigando. Felizmente, a história ainda não se
espalhou.
— Tudo bem, — ouvi a voz da minha mãe dizer, — Todo
mundo pegou suas coisas?
Quando me virei, vi Vanessa e River colocando suas
mochilas. Eu me aproximei.
— Onde você está indo? — Eu perguntei.
— Está ficando tarde, — respondeu minha mãe. — As
crianças deveriam dormir um pouco. Eles já sofreram o
suficiente por hoje. Eu nem contei a eles sobre Jeremy ainda...
Jeremy... eu quase esqueci completamente dele.
Seu destino já estava selado.
Outra tragédia esperando para acontecer. Só de pensar
nisso, meu coração se partiu.
— Mas eu já pedi para arrumarem um quarto para eles, —
eu respondi.
— Sim... mas, seu pai e eu sentimos que seria melhor
afastá-los de tudo... isso. Por enquanto.
— Você quer dizer, de mim? — Eu disse preocupada.
— Sou totalmente capaz de cuidar deles.
— Não foi isso que eu quis dizer, — ela respondeu
rapidamente. — Eu só não queria que eles fossem um fardo
extra em uma situação já tensa.
Ela tentou se manter o mais firme possível, mas a julgar
pela forma como seus lábios e voz tremeram, eu pude sentir
a dor oculta que ela carregava.
Não que eu a culpasse. Afinal, perder uma filha assim...
Eu não sabia o que faria se algo assim acontecesse com
Rowan. Como as pessoas seguem em frente?
Não consigo imaginar como deve ser isso.
— Além disso, vai ser bom ter meus netos por perto, —
disse minha mãe, ajudando Vanessa e River a terminar de se
arrumar.
— Eu também quero ir, — disse Rowan a ela, quando ele se
aproximou.
— Tenho certeza que sim, querido, — respondeu minha
mãe, — mas você é necessário aqui. Sua mamãe precisa que
você cuide dela. — 'Mas eu também quero ir! — Ele gritou. —
Rowan... — mamãe disse, claramente preocupada. — Foi um
dia muito agitado. Talvez amanhã, ok?
Ela então se inclinou para mim e sussurrou: — Sinto muito,
mas simplesmente não posso... não agora. Já vai ser bem
difícil cuidar desses dois.
— Então eles podem ficar aqui—
— Não, — ela interrompeu, — Eu preciso disso.
E foi então que caiu a ficha.
Ela precisava deles porque precisava de Selene.
Tê-los em casa significava que uma parte dela ainda estava
lá.
Não pude evitar de me perguntar se ela sentiria o mesmo
se fosse comigo.
Ela deu à luz Selene.
Eu era apenas um complemento.
Será que ela pensa em segredo que a filha errada
sobreviveu?
Sei que era egoísmo contemplar essa possibilidade, mas
não pude evitar.
Então, respirei fundo e fiz o meu melhor para deixar de lado
esses pensamentos. Eu provavelmente estava apenas
deixando minha paranoia tomar conta de mim. Eu precisava
dormir.
— Tudo bem então... se você precisar de alguma coisa, não
hesite em ligar. — Dei aos meus pais e às crianças um último
abraço de despedida antes de irem para casa.
Logo depois, todos os outros começaram a deixar a Casa da
Matilha.
Michelle ficou por mais tempo, sem surpresa. Era típico
dela ser a última a comparecer aos eventos e a última a sair.
Normalmente, eu achava irritante, mas desta vez me deu
conforto.
Quando todos foram embora, eu tranquei as portas do
corredor e acompanhei Aiden até o sofá, sentando em seu
colo em frente à lareira.
Meu corpo parecia drenado.
Nos abraçamos sem dizer uma palavra, deixando o crepitar
das chamas ser nossa única música.
O peso de tudo o que aconteceu fez minhas pálpebras
pesarem. Comecei a cochilar, mas acordei sacudindo quando
a silhueta de um menino se aproximou.
— Oi, querido, — eu disse a ele. — Você gostaria de sentar
com a mamãe e o papai?
Mas ele não reagiu.
Foi quando percebi que ele não estava olhando para nós,
mas para algo atrás.
— O que foi Rowan? Algo está errado? — Eu disse, virando-
me para olhar.
Um sorriso se espalhou por seu rosto.
— Tia Sei... — ele disse, apontando por cima do meu ombro.
— Rowan... tia Selene se foi. — Foi a primeira vez que eu
tinha dito aquilo em voz alta. — Você entende?
Uma expressão de confusão cruzou seu rosto.
— Rowan?
— Tia Sei disse para beber mais champanhe.
Meu coração parou.
Capítulo 4
Blog do Romi Chamic
ASSASSINATO NA CASA DA MATILHA
Em uma série de eventos chocantes ontem, o blog revelou
um escândalo que se desenrolava na Pack House. Sienna
Norwood, companheira de Aiden Norwood, que alguns
dizem ser o Alfa mais fraco da Matilha da Costa Leste em um
século, descobriu Selene Mercer-Gibbs, sua irmã,
assassinada nos terrenos da Casa da Matilha...
SIENNA
Eu encarei a tela do meu laptop, com as bochechas coradas
e as orelhas zumbindo.
Isso não pode estar acontecendo.
E de repente vi o nome de Selene na tela brilhante, bem ao
lado da palavra — assassinada. —..
Minha garganta, dolorida de tanto chorar, doía, e eu
pressionei a mão na boca.
Por que isso é uma surpresa? Eu sabia que eles começariam
a circular — aqueles abutres da mídia.
Mas, de alguma forma, ver aquilo -
#SeleneMercerGibbs era tendência no Latter, assim como
#AssassinatoNaCasaDaMatilha.
O latido original com o link para o artigo do blog tinha se
tomado viral e sido compartilhado mais de quatrocentas
vezes, e o número ainda estava subindo.
Artigos idênticos estavam surgindo.
Parecia que todos já estavam falando sobre isso e era muito
cedo.
Cliquei para ver os comentários.
Era típico.
Muitos dos artigos e latidos questionavam como a
segurança frouxa na Casa da Matilha tinha permitido que tal
coisa acontecesse.
Esfreguei minhas têmporas e empurrei meus dedos em
meu cabelo.
Eu tinha sido fundamental para reduzir a segurança ao
longo dos anos. O desejo de ser uma mãe superprotetora era
grande, mas eu lutei contra isso.
Eu queria que a vida de Rowan fosse o mais normal possível,
e quem precisa de tanta segurança tendo poderes divinos
para invocar?
Pelo visto, Selene. Minha irmã, que não tinha poderes
divinos para salvá-la quando ela precisou deles.
Aí, Selene. Isso é tudo minha culpa.
Deixei cair meu rosto em minhas mãos, permitindo que um
soluço estremecesse através de mim enquanto meu cabelo
ruivo e espesso caía para frente, uma cortina contra o mundo.
Eu fiz uma careta com o latejar insuportável na minha
garganta.
Parecia a dor do meu remorso.
Todo o meti poder, e não pude salvá-la. Eu te deixei
vulnerável e você foi morta.
Exceto por aquela sensação dolorida e inchada em meu
esôfago, uma dormência se espalhou por mim e eu olhei para
cima.
Com o frio se infiltrando, comecei a ver as postagens com a
#AssassinatoNaCasaDaMatilha.
Cada vez que um novo latido de Selene surgia, eu
estremecia.
Sienna? '
Era Aiden, bonito em seu suéter de casimira roxo escuro e
calça cinza, parado na porta da cozinha.
Eu olhei para ele, o horror e dormência acumulados em
torno do nó na minha garganta, obstruindo minhas cordas
vocais.
— Sienna, o que aconteceu? — Ele perguntou, se
aproximando.
Fechei os olhos com força e balancei a cabeça.
— E simplesmente horrível, — eu sussurrei, meus olhos
ainda fechados.
Foi um alívio, percebi, não olhar para a tela.
Os comentários desagradáveis.
As fotos.
Os artigos acusatórios.
Senti, em vez de ver, Aiden virando-se para o meu ombro.
O ar ao redor de seu corpo estava quente, e eu me inclinei
contra a caxemira que cobria seu peito, esfregando meu rosto
com minhas próprias mãos frias.
— O quê? Que porra é essa? — Eu o ouvi rosnar.
Eu abri meus olhos para ver a que ele estava reagindo. Essa
foto horrível?
Não. O artigo do blog.
— Quem diabos essa pessoa 'Chamic' pensa que é? —
Aiden fumegou.
Ele se afastou de mim e eu senti a perda de sua proximidade
como se fosse cair no vazio que ele deixou para trás.
— Eu deveria fechar esse maldito blog! — Aiden continuou,
cerrando e abrindo os punhos.
Em dias melhores, eu teria argumentado. Eu o teria
afastado da censura. Mas não consegui encontrar o
testamento desta vez.
Meus olhos voltaram para a tela, atraídos como ímãs
relutantes. Toquei no botão para ver minha própria linha do
tempo.
Eu balancei minha cabeça, olhando para meu companheiro.
Pessoas criticando Aiden não eram nenhuma novidade, e ele
sempre permitiu isso — mais do que muitos alfas, na verdade.
Mas eu tinha a sensação de que a generosidade de Aiden
não suportaria o assassinato de Selene tão bem.
Eu mesma tive vontade de alcançar a tela e agarrar o Curtis
Paul e outros semelhantes, que estavam fazendo isso para
atacar o Alfa da Matilha da Costa Leste.
Aiden sem dúvida sentia o mesmo.
— Soube dele? — Aiden perguntou, voltando-se para mim.
Por um momento, não tive certeza de quem ele estava
falando. Então eu olhei de volta para minha tela. Ah. O autor
do blog, é claro.
— Não conheço ninguém chamado Chamic. Você sabe que
evito esse tipo de blog de qualquer maneira.
— Algum novato, — disse Aiden, amargamente. —
Tentando fazer sucesso com Selene. Verme.
Suas mãos estavam em punhos ao lado do corpo, e ele
respirou fundo, soltando o ar lentamente.
Lágrimas picaram meus olhos e Aiden percebeu. Ele fechou
a distância entre nós, estendendo a mão aberta para mim.
— Ei, — ele disse. Quando peguei sua mão, ele me puxou
para fora da cadeira e fechou o laptop. — Ei, vai ficar tudo
bem. Vou encontrar esse Chamic e acabar com isso.
— Ele é um ninguém. O Jornal da Matilha pode ir atrás dos
canais apropriados se quiserem escrever artigos sobre o
assunto. Esse cara, vamos nos livrar dele.
Eu fui para seus braços e Aiden me segurou com força. — E
tudo tão irreal. Eu sinto que estou boiando, — eu sussurrei.
— Eu sei. Eu continuo esperando acordar.
Com uma respiração profunda, me afastei o suficiente para
encontrar seus olhos. — Você ouviu alguma coisa de Jeremy?
Aiden balançou a cabeça. — Estou realmente preocupado.
— Você não acha que ele...
Balançando a cabeça novamente, Aiden disse: — Não.
Ainda não. Nunca ouvi falar que acontecesse tão rápido.
Temos que encontrá-lo. Talvez haja uma maneira...
Eu suprimi uma careta. Quem era eu para discutir com a
esperança de Aiden? Mas eu nunca tinha ouvido falar de um
companheiro sobrevivendo à morte de seu parceiro.
A ideia de Jeremy... sofrendo.
Morrendo.
Meus olhos turvaram e enxuguei as lágrimas.
Como isso pode ser real?
Como as coisas podem ser tão horríveis?
Eu olhei o rosto de Aiden. Seus profundos olhos verdes. Sua
mandíbula grisalha. A luz fria da manhã vinda da janela da
cozinha iluminava suas maçãs do rosto e a linha suave de sua
testa.
Eu morreria, pensei. Eu simplesmente morreria.
Imediatamente.
Aiden parecia saber o que eu estava pensando.
Ele agarrou minhas mãos e apertou-as com força,
pressionando-as contra o peito. Eu podia sentir seu batimento
cardíaco por baixo.
Ele me soltou quando seu celular começou a vibrar.
Por um instante, pensei em sugerir que desligássemos os
aparelhos e nos enterrássemos na cama. Mas Rowan
levantaria logo. Não havia como escapar neste dia.
Eu senti uma dor de cabeça começando atrás dos meus
olhos. Tudo estava muito claro.
Aiden, parado a poucos metros de distância, murmurou em
seu celular. Ele sentiu meu olhar e o encontrou.
Ele estava me dando um sorriso que brilhou apenas em seu
olhar, não em sua boca. Era um olhar caloroso e me senti um
pouco menos à deriva.
— Ok, estou indo, — disse ele, encerrando a ligação.
— Estou saindo.
— Tudo certo?
— Sim, — disse ele, seus olhos demorando de uma forma
que quase iluminou o calor da Bruma dentro de mim.
Quase, mas a chama gotejou e apagou-se assim que
tremeluziu.
Como eu poderia me permitir sentir algum prazer quando
Selene estava morta?
— Jocelyn e Nina estão procurando por Jeremy, e Josh está
tentando acompanhar o Esquadrão de Caçadores em
colaboração com a polícia, então ele não está na Casa da
Matilha. Eu deveria ir até lá. Talvez eu possa pesquisar mais
sobre esse blog, — continuou Aiden.
Aiden saiu da cozinha e foi para a sala de estar, cruzando
para a porta da frente.
— Você sabe que não precisa ir a lugar nenhum ou fazer
nada hoje, — disse ele enquanto verificava sua carteira e
colocava seu celular no bolso interno de um blazer cinza que
ele tinha vestido.
— Eu acho que há uma criança de cinco anos que pode
discordar, — eu disse, indo atrás dele.
Aiden deu um pequeno sorriso e se virou para a porta,
abrindo-a.
A reação externa foi instantânea.
Ficamos cegos e recuei.
Luzes piscando. Repórteres berrando. Câmeras balançando
para nos capturar.
Um mar de paparazzi.
Estávamos presos.
MICHELLE
Enquanto eu estacionava no final da garagem de Sienna e
Aiden, eu só consegui entrar um pouco porque já havia muitos
carros e vans lá. Meu coração disparou.
Os flashes. As lentes apontaram para mim. Pessoas fazendo
perguntas.
É para isso que nasci.
Estacionei e alisei minha saia azul marinho, tomando
cuidado ao abrir a porta para exibir minhas pernas da melhor
maneira possível.
Flashes me recompensaram enquanto eu saía do Audi. O
modelo do ano passado, infelizmente, mas ainda assim
causaria uma impressão.
— Michelle! Michelle! — Os repórteres chamavam.
Música para meus ouvidos.
— Michelle, é verdade que o Alfa suspeita que alguém em
sua própria Matilha é o responsável?
— Michelle, como está Sienna? Ela teve um colapso
nervoso?
— Michelle, onde está Jeremy?
Dei a todos um sorriso cortês, mas não era o momento de
dizer nada.
Eu apresentei a eles algumas poses indiferentes enquanto
subia para a casa.
Eu mal tinha chegado à porta quando ela se abriu e Sienna
me puxou para dentro.
Sienna estava um caco.
Olhos avermelhados e manchas nas bochechas.
Uma bata toda amarrotada que já tinha sido bem melhor.
Leggings.
Ainda assim, quem poderia culpá-la, dadas as
circunstâncias?
— Ei, Si, — eu disse, dando um abraço nela.
— Ah, Michelle! — Sienna disse, seus olhos brilhando. Sua
voz estava rouca. Ela deve ter ficado acordada a noite toda
chorando.
— Que tal começarmos com um banho e algumas roupas
limpas? — Eu sugeri. Não que ela fedesse. Muito.
— Mas e aquelas — aquelas pessoas? — ela perguntou.
Peguei as mãos de Sienna. Elas pareciam frias e quebradiças.
— É o seguinte. Talvez eu vá lá e peça para eles
desbloquearem a entrada da garagem. Dar a eles uma
pequena coletiva de imprensa?
Nesse momento, Aiden entrou e me deu um aceno.
— O que você acha, Aiden? Devo ser seu secretário de
imprensa não oficial? Beatrice está de licença maternidade,
certo?
Aiden semicerrou os olhos para mim. — Não tenho certeza,
Michelle, — disse ele. — Bea tem todo um sistema. Ela sabe
com quais repórteres falar e quais ignorar...
— Quer dizer, eu sei que você está na revista há dois anos-
— Dois não, três, — eu disse, mas mantive minha voz alegre.
Aiden nunca prestou muita atenção em mim ou em meus
esforços profissionais, e isso era irritante, mas não era hora
de mostrar aborrecimento.
— Ok, três, mas você é uma consultora de publicidade
Gerente de publicidade.
— Certo. Não é realmente um trabalho que interage com a
imprensa...
— Eu interajo com todo tipo de pessoa, — eu disse. —
Tenho que ser assertiva, firme e diplomática...
Aiden suspirou.
Sienna inclinou a cabeça para ele, inclinando-se na minha
direção.
Obrigado, Si. E bom ter seu apoio.
— Aiden, eu posso fazer isso, — disse eu, levantando
minhas sobrancelhas e dando-lhe um pequeno sorriso. —
Deixe-me fazer isso por vocês.
Aiden suspirou. — Quer saber? Tá certo. Eu não me
importaria de delegar tarefas de imprensa para alguém, com
Bea fora.
— Então está resolvido, — eu disse, com um arrepio
subindo pela minha espinha. As coisas estavam muito
desanimadoras agora, mas pelo menos eu tinha uma coisa
para cuidar e fazer a diferença. — Eu cuido disso.
Eu os deixei e saí para a varanda em estilo grego da mansão
Norwood e olhei para os rostos e lentes brilhando em minha
direção.
Jogando meu cabelo castanho ondulado por cima do ombro,
dei a eles meu melhor sorriso — sério e comedido.
— Michelle! Michelle! — Todos eles começaram
novamente.
Eu levantei a palma da mão e os repórteres se acomodaram.
— Bom dia a todos, — eu disse. — Eu espero que estejam
bem. Como tenho certeza de que podem entender, esta é
uma época muito difícil para os Norwoods. Eu mesma estou
chocada — devastada — com o assassinato de Selene.
Eu os tinha na palma da minha mão.
Um rubor inesperado se espalhou por mim.
Prendi minha respiração de surpresa.
Prazer.
Excitação.
Luxúria.
A Bruma!
Agora?!
— É verdade que Jeremy Gibbs está desaparecido, —
consegui dizer. — Alfa Norwood colocou seu melhor pessoal
nisso. Estamos todos muito preocupados e agradecemos as
informações do público.
Olhei diretamente para a maior câmera de TV. Uma onda
de desejo mais forte percorreu meu corpo, fazendo-me sentir
calor.
Merda, isso não é bom.
Capítulo 5
MICHELLE
Meus lábios se separaram e uma respiração profunda
percorreu meu corpo. — Por favor, se você vir alguma coisa...
Jeremy Gibbs está perturbado e precisa de atenção médica
imediatamente. Relate qualquer suspeita à Casa da Matilha
imediatamente.
As narinas de um dos repórteres na frente dilataram-se
quando dei o número do telefone.
Filho da puta. Estou produzindo feromônio.
O pensamento apenas atiçou as chamas, no entanto.
Eu preciso de Josh, pensei, lutando para esconder o quão
excitada eu estava ficando. Todas aquelas câmeras. Todos
aqueles microfones. Todos apontados para mim.
— Michelle, o Alfa tem alguma pista do assassino? — Um
homem com uma camisa listrada ligou.
— Alfa Norwood tem seu melhor homem liderando a
investigação — meu marido, o Beta Josh Daniels. — Apenas
dizer o nome de Josh em voz alta me fez sentir um arrepio. Eu
estava com tanto calor. Enfiei um dedo entre meu colarinho
em forma de V e meu peito.
— Michelle, dizem que Sienna desmaiou de tristeza. Você
pode confirmar?
Só querem saber de Aiden e Sienna.
O pensamento amorteceu um pouco a Bruma, o que foi
bom. Era muito difícil me concentrar quando meu corpo
estava em chamas.
— Sienna está compreensivelmente perturbada, — disse
Michelle. — Ela está fazendo o melhor que pode em um
momento difícil.
Várias pessoas concordaram ao mesmo tempo, suas
perguntas sobrepostas ininteligíveis. Tornou-se opressor.
— Sem mais perguntas hoje, pessoal, — eu disse,
levantando as duas mãos. — E só um recadinho — vocês estão
bloqueando a entrada da garagem. Se não quiserem ser
rebocados, movam seus veículos para que as pessoas possam
entrar e sair, ok?
Eu sorri e pisquei para eles. A série de flashes que se seguiu
acendeu a Bruma novamente.
Merda, eu preciso do Josh.
Enquanto eu caminhava para o meu carro, liguei para ele.
— Oi, amor, — disse ele quando atendeu.
— Me encontre na Casa da Matilha, — eu disse, a voz
ofegante de desejo.
— Agora mesmo.
***
Eu o empurrei contra a parede assim que chegamos em seu
escritório. Sua boca estava no meu pescoço e desceu para o
meu ombro, suas mãos em meus quadris, puxando a saia.
Josh me agarrou e me girou para que minhas costas
pressionassem a tinta fria da parede.
Senti a picada de garras na pele das minhas coxas e meus
olhos se abriram. Ele encontrou meu olhar — seus olhos
estavam amarelados, mudando para lobo.
Comecei a ofegar.
Seu animalismo era tão excitante.
— Porra, Josh, — eu engasguei quando ele puxou a saia
para cima em volta da minha cintura e rasgou minha calcinha.
Ele correu as garras de uma mão pela minha coxa,
deslizando entre as minhas pernas, desenhando as pontas
afiadas sobre a pele macia ali.
Um grito escapou da minha boca e comecei a agarrar seu
cinto.
Ele tinha uma fivela grande e pesada e eu me esforcei para
tirá-la.
Eu sofria por ele. Eu tinha que tirar aquelas calças.
Mas Josh estava de mau humor — agressivo. Ele bateu em
minhas mãos e tirou a fivela ele mesmo.
Seu domínio me excitou.
A Bruma cresceu dentro de mim como uma bolha.
Eu o deixei me virar e me empurrar sobre sua pesada mesa
de ébano.
Ele arrancou minha blusa e quebrou o fecho de trás do meu
sutiã, liberando meus seios.
Normalmente, eu teria ficado puta — aquela blusa era
Prada — mas eu queria tirar aquelas roupas, e não me
importava como ele faria isso.
— Ai, merda, — eu sibilei quando senti suas mãos — sem
mais garras agora — deslizarem entre a minha bunda. Elas se
moveram para baixo e afastaram minhas coxas. Comecei a
choramingar enquanto ele explorava os lábios do meu sexo.
— Josh... — eu respirei.
Ele deslizou dois dedos dentro de mim.
Depois, três.
Eu ofeguei, separando minhas pernas mais, querendo seu
pau.
— Por favor...
— Você quer que eu te foda, Michelle? — ele sussurrou em
meu ouvido.
Então ele puxou meu cabelo.
— Você quer agora?
— Sim! — Eu disse, o que fez a Bruma explodir em mim.
Josh empurrou a palma da mão contra minhas costas, me
curvando sobre a mesa.
Este é um novo movimento.
Havia algo novo nele. E eu gostei.
Em seguida, seu volume pressionou meu sexo.
Minha respiração ofegante acelerou. Fechei os olhos e
ainda podia ver os flashes e as lentes de antes.
Josh colocou dentro de mim.
Duro.
Um grito me escapou, e quando ele começou a meter,
repetidamente, cada penetração me fazia gritar novamente.
Era como ser selvagem. A linguagem se foi. Apenas ruídos
inarticulados.
Senti as garras novamente, nas costas e no quadril.
Ele estava grunhindo enquanto empurrava.
O som dele. A maneira como ele me preencheu, profundo
e forte, com cada empurrão violento. A dor aumentou e meus
gritos ficaram mais altos.
As garras se cravaram e eu gozei, soltando um grito.
O orgasmo passou por mim em ondas de choque.
Ele fez um barulho sufocado, gozando também.
Meu corpo estremeceu e eu gemia de prazer.
— Michelle, — ele engasgou, enquanto a onda de Bruma
diminuía.
Estávamos esparramados sobre a mesa.
Ele se retirou e caiu no chão. Eu deslizei para me juntar a
ele. Sentamos no chão, lado a lado, encostados na mesa.
Eu apertei sua mão. — Eles vão me deixar ajudá-los com a
imprensa.
— Aiden e Sienna? Como eles estão?
— Como você esperaria. Sienna está um desastre e Aiden
está caindo sobre si mesmo para tentar tomar as coisas
melhores para ela de alguma forma.
— Precisamos dele aqui na Casa da Matilha em algum
momento hoje, — Josh disse com um toque de aborrecimento.
— Quer dizer, eu entendo que ele precisa ajudar a
companheira dele, mas ele tem responsabilidades com a
Matilha.
— Quando isso importou para Aiden? E tudo sobre Sienna.
Sempre foi.
Sienna e Rowan.
Sim, — eu concordei.
Josh se espreguiçou. — Sabe, há cada vez mais pessoas
reclamando da ideia de Rowan ser herdeiro de Aiden.
— A facção de Singh, — eu disse com um aceno de cabeça.
— Sim, mas não só ele. Não apenas aquela multidão
conservadora mais velha. Você ficaria surpreso com a
quantidade de jovens lobos que estão embarcando neste
movimento 'Somos Todos Puros'.
Eu estava ciente. Tudo que você precisava fazer era prestar
atenção no Latter para ver o desenrolar.
A infertilidade de Sienna estava minando seriamente a
legitimidade de Aiden como Alfa, e ele se recusava a
reconhecer isso.
— Rowan ainda não mostrou nenhum sinal de
transformação, — eu disse.
— Está tudo uma confusão, — disse Josh.
SIENNA
— Algumas vans de TV saíram, — disse Aiden, olhando pela
janela do quarto enquanto eu estava no meu closet, enrolada
em uma toalha, olhando para minhas roupas.
— Parece que Lexa chegou para cuidar de Rowan também.
Nossa, olhe para eles, se amontoando em volta dela, — ele
acrescentou.
— Eu acho que isso significa que você pode ir para a Casa
da Matilha agora, — eu disse.
Ele apareceu na porta do meu armário. — Eu acho, — ele
disse. — Que não quero deixar você sozinha, ruivinha. Vem
comigo?
Eu fiz uma pequena careta. — Eu não quero sair por aí. Eu
não posso enfrentar essas pessoas.
— Vou mandar todos eles se foderem.
Isso trouxe um sorriso inesperado ao meu rosto. — Não, —
eu disse. — Não faça isso. Você disse a Michelle que a deixaria
cuidar da imprensa. Ela ficaria tão desapontada se você fizesse
todos irem embora.
Aiden sorriu de volta para mim. — Verdade.
— Eu gostaria que pudéssemos sair desta casa. É uma pena
que não podemos simplesmente fugir pelos fundos.
— Por que não? — Aiden disse. — Lexa está aqui. Vou
descer e checar com ela, e então podemos decolar.
— Decolar? — Eu ecoei. — Sim, — disse ele calorosamente,
— Vamos dar uma corrida.
***
Pulamos sobre um tronco caído, ombro a ombro, correndo
pela floresta que conectava nossos terrenos privados aos da
Casa da Matilha.
Nós nos transformamos dentro de nossa casa. Em seguida,
disparamos antes que qualquer um dos repórteres tivesse
chance de reagir.
A sensação de meus músculos trabalhando, o ar correndo
sobre meu pelo, a liberdade de deixar para trás tudo que é
humano — sem roupas, sem palavras e sem
responsabilidades — era exatamente o que eu precisava.
Aiden, com seus pelos pretos brilhando sempre que os raios
de sol os atingiam, passou na minha frente e liderou o
caminho por um tempo.
Então, de brincadeira, mordi seus calcanhares, me
permitindo esquecer tudo por um momento, e ser apenas
uma loba.
Aiden se virou e agarrou-me, brincando comigo. Eu me
controlei e saltei sobre ele, jogando-o de lado, e rolamos
juntos, como filhotes lutando.
Quando a queda terminou, no entanto, estávamos ambos
em corpos humanos novamente.
Corpos humanos nus.
Eu me senti tão bem, deitada em seus braços, minha pele
leitosa contra seus tons de oliva. Seus olhos estavam
semicerrados.
Ele estava excitado.
A Bruma estava pinicando as bordas da minha consciência
e, desta vez, deixei o sentimento crescer.
Pavor e tristeza espreitaram em torno dos meus
pensamentos, mas me agarrei à alegria da corrida.
Eu não queria enfrentar esses sentimentos novamente.
Aiden passou a mão da minha bochecha, ao longo do meu
pescoço, até a borda do meu ombro e, em seguida, desceu
pela minha clavícula até a base da minha garganta.
Eu arqueei minha cabeça para trás e ele beijou o local entre
minhas clavículas.
Sua boca era como veludo, e senti meus mamilos roçarem
seu peito.
O som de um galho quebrando foi o único aviso que
recebemos.
Capítulo 6
AIDEN
Um borrão cinzento nos atingiu. Nós nos separamos e eu
me transformei imediatamente.
Rosnei e avancei para o lobo que nos atacou, mas na minha
próxima respiração, tudo se encaixou no lugar.
Jeremy.
Ele estava louco de tristeza.
Jeremy estava me mordendo, rosnando e fazendo barulhos
de dor. Meu coração batia com o dele.
Em circunstâncias normais, um ataque como aquele teria
significado a morte para ele. Mas essas circunstâncias
estavam longe de ser normais.
Jeremy gritou e se lançou sobre mim — como um lobo
selvagem preso em uma armadilha, ele estava atacando sem
pensar.
Ele estava tão louco, ele era realmente perigoso.
Eu não tinha interesse em lutar com ele, mas precisava
subjugá-lo.
Como eu poderia fazer isso sem machucá-lo, e sem ele me
machucar?
Ou Sienna?
Eu lancei um olhar para Sienna. Ela estava parada ao lado
de uma árvore, observando. Pela expressão em seu rosto, ela
o reconheceu também. Ela encontrou meus olhos e me deu
um aceno de cabeça.
Eu pulei, usando todo o meu peso para derrubar Jeremy.
Ele sacudiu a cabeça e lutou, mas não havia estratégia em seus
movimentos.
Em seu melhor dia, Jeremy não poderia ter me derrubado.
Mas naquele momento, ele estava me fazendo suar para
conseguir pará-lo.
Merda.
Ele pegou minha perna dianteira e seus dentes rasgaram
minha carne.
Eu gritei e rosnei, mostrando as presas.
Jeremy cavou na minha barriga com suas garras traseiras.
Então, em um borrão de vermelho, Sienna entrou na briga.
Não! Fique para trás!
Mas ela o empurrou para longe de mim, e agora ela estava
rolando com ele.
Sienna!
Usando meu ombro como um carneiro, eu a derrubei.
Eu me virei e ataquei novamente, prendendo Jeremy.
Eu apertei minhas mandíbulas em sua garganta, fazendo
com que ele se parasse.
Funcionou, mas e agora?
Se eu o soltasse, ele provavelmente fugiria de novo.
Merda.
O que eu poderia fazer?
SIENNA
Jeremy. Meu deus.
O som de um lobo chorando pode quebrar seu coração?
Talvez, mas meu coração já estava partido. Seus gemidos
apenas faziam os pedaços palpitarem.
Estremecendo, observei enquanto Aiden dominava o lobo
cinzento, prendendo-o e levando sua garganta em suas
mandíbulas de pelo preto.
Eles ficaram assim por um momento.
Então me dei conta. O que Aiden poderia fazer?
Jeremy estava louco. Ele não iria se comportar
racionalmente se Aiden o deixasse ir.
Eu não gostava de usar meu poder a menos que fosse
necessário. Fazia pelo menos um ano desde a última vez.
Mas esta ocasião exigia isso.
Estreitando meus olhos, eu examinei as árvores e arbustos
na área e me concentrei.
Hesitei em uma bétula de casca branca — suas raízes eram
rasas, mas eu queria algo mais macio.
Por fim, me acomodei em uma amoreira. Concentrei-me
em suas raízes, incentivando-os a brotar como se estivessem
crescendo como mudas.
Eles cavaram primeiro sob o solo, depois romperam a
superfície, flexível e cheia de ervas daninhas.
Como cobras finas, as raízes deslizaram pelo chão da
floresta para onde Aiden segurava Jeremy. Enquanto eles se
enrolavam em sua forma lupina, sua força foi deixando-o.
Seu corpo se contorceu e ele se transformou em humano.
Sua pele estava coberta de hematomas e arranhões.
Estar na forma humana não o impediu de gemer de tristeza,
no entanto.
— Obrigado, — Aiden disse para mim enquanto eu
comandava as raízes para se separarem da amoreira e
terminar de envolver Jeremy. Não muito apertado, mas
confortável o suficiente para impedi-lo de escapar.
Seus olhos febris encontraram os meus.
A dor era tão forte que tive que desviar o olhar.
Eu me desconectei da árvore e senti uma onda de exaustão
tomar conta de mim.
Usar meus poderes sempre cobrava um preço.
Com a minha próxima respiração, eu senti o início da dor
em meus ossos.
Eu suprimi um gemido e girei, tentando aliviar o
desconforto, mas não havia como escapar da dor nos ossos
depois de usar meus poderes.
Felizmente, este foi apenas um pequeno ato. A dor não
deveria ficar insuportável ou durar muito tempo.
Eu esperei.
Olhando para trás, para Aiden e Jeremy, vi que meu
companheiro colocou a mão na testa de Jeremy. Um gesto de
simpatia.
Jeremy fechou os olhos.
Sua respiração desacelerou e ele finalmente parou de fazer
aqueles ruídos horríveis.
— Acho que ele desmaiou, — disse Aiden. — Exausto.
— Ele está descontrolado há quase vinte e quatro horas?
— Sim, — reconheceu Aiden. — Vamos levá-lo para a Casa
da Matilha, agora.
JOCELYN
Não é tão incomum quanto você poderia esperar, três
pessoas, uma delas o Alfa, entrando na Casa da Matilha
completamente nuas. Mas essa entrada causou um rebuliço.
Felizmente, a maior parte da imprensa estava acampada no
final do caminho, esperando, então eles perderam quando
três pessoas nuas saíram da floresta.
— Jocelyn! — Eu ouvi Aiden chamando do vasto salão que
servia como um foyer para a Casa da Matilha.
— Jocelyn!
Corri para fora da biblioteca onde estava tentando
encontrar algo — qualquer coisa — sobre o vínculo de
acasalamento que condenava Jeremy a seguir Selene na
morte.
Eu vi o objeto da minha pesquisa, transportado entre Aiden
e Sienna.
Atrás deles, através da porta, uma pequena horda de
repórteres estava atacando.
Pressionei um dos botões do intercomunicador localizados
em pontos estratégicos ao redor da Casa da Matilha.
— Segurança!
Sienna e Aiden tinham Jeremy envolto em raízes finas e
retorcidas.
Sienna havia usado seu poder.
Eu olhei para ela. Ah, sim. A dor nos ossos já havia
começado.
Mas hoje, minha principal preocupação era Jeremy.
Eu dei uma olhada para dois dos quatro seguranças que
apareceram um momento depois. — Peguem uma maca, —
eu disse a eles enquanto corria para o lado de Jeremy.
Em pouco tempo, transferimos Jeremy para minha suíte
médica.
Os guardas me ajudaram a trocá-lo da maca por uma cama
e usei minha tesoura cirúrgica para cortar as raízes dele.
Eu estava tão feliz por finalmente tê-lo ali. Eu não achava
que havia muito que eu pudesse fazer para salvá-lo, mas pelo
menos eu poderia deixá-lo confortável enquanto tentava
encontrar algo.
Qualquer coisa.
SIENNA
De volta à Casa da Matilha.
De volta onde Selene viveu seus últimos momentos.
Eu me vesti sem pensar, puxando uma blusa branca e um
moletom cor de damasco do armário da sala de estar.
Olhando ao redor, pela primeira vez em minha vida, me
perguntei se o espírito de uma pessoa perdura após a morte.
Selene estava me observando agora?
A ideia fez meu coração saltar até a garganta.
Eu esperava que ela estivesse? Ou isso me apavorava?
Meus sentimentos estavam uma bagunça — mais
emaranhados do que as raízes em que envolvi Jeremy.
Luto distorcido com culpa.
Sinto muito, Selene.
Sinto muito por não estar aqui para ajudá-lo.
A culpa transformou-se em raiva.
Quando eu descobrir quem fez isso, vou desmembrá-los.
Aiden entrou então — ele acompanhou Jocelyn e os
guardas para acomodar Jeremy.
Sentei-me em um sofá e observei-o se vestir, incapaz de
apreciar a visão dele como normalmente faria.
Ele escolheu um suéter dourado tricotado com uma lã
ligeiramente felpuda.
Mohair, eu me perguntei? Selene saberia.
Esse pensamento tocou meu coração. Eu engasguei com o
inesperado disso.
Era assim que seria de agora em diante? Associações
aleatórias a Selene esfaqueando como facas quando eu
menos esperava?
Deus.
Eu me senti à deriva.
Se Selene estivesse ali, eu não poderia senti-la.
Como eu teria outra chance de falar com ela?
Em algum túmulo em um cemitério? Em uma fileira e
coluna de sepulturas semelhantes?
A imagem em minha mente era insuportável. Selene,
enterrada sob uma lápide, uma entre centenas.
— Eu a quero no terreno do Alfa, — eu disse em voz alta.
Aiden piscou para mim, no meio do caminho puxando o
suéter.
— O terreno do Alfa? — Aiden disse, alisando-o sobre seu
torso.
Com esforço, superei a angústia que sentia. A dor nos ossos,
ainda presente, na verdade ajudou com isso.
— Sim, — eu disse, esticando uma perna. — Quero poder
visitá-la lá, não no cemitério de Mahiganote.
Michelle entrou na sala então. Ela estava usando uma blusa
emprestada também, eu percebi, e me perguntei se ela havia
se transformado recentemente. — Visitar quem e onde? —
Disse ela, escovando o cabelo por cima do ombro.
Eu vi seus olhos se voltarem para mim — observando o
moletom, a camiseta branca básica.
Desculpe, Michelle. Eu simplesmente não dou a mínima
agora.
— Selene, — eu disse em resposta a sua pergunta. — Eu
não quero visitá-la em um cemitério normal. Eu quero um
pouco de privacidade e algum controle sobre o espaço. Eu a
quero no terreno do Alfa.
Eu não posso acreditar. Como posso estar falando sobre em
qual cemitério ir ei visitar Selene?
Quando eu acordo desse pesadelo?
Esfreguei minhas mãos nos braços, os ossos latejando por
dentro.
A exaustão me puxou para mais fundo no sofá.
— Oh, Si, — disse Michelle. — Não acho que seja uma boa
ideia. A imprensa terá um prato cheio.
— A facção de Singh também não vai gostar, — disse Josh
da porta.
A dor e o cansaço tomavam a perspectiva de discutir com
eles esmagadora.
— E da Selene que estamos falando, — eu disse. — Eu não
me importo com o que a imprensa ou esse tal de Singh
pensam.
— Isso vai irritar um monte de gente, — disse Michelle. —
As pessoas dirão que você está abusando de seu poder para
seu próprio benefício. Isso vai contra a tradição.
— Não seria a primeira vez que iríamos contra a tradição,
— disse Aiden, dando um passo mais perto de mim. — Não
vejo nada de errado com a ideia.
Eu dei a ele um olhar agradecido, respirando
profundamente.
Tudo o que eu queria fazer agora era tirar uma soneca —
me cobrir com cobertores e compressas quentes e acabar
com a dor nos ossos.
Mas então eu ouvi a voz de Rowan no corredor e a de Lexa.
O que eles estavam fazendo aqui?
Com esforço, me levantei e saí da sala de estar.
Com certeza, Rowan estava correndo alguns metros à
frente de Lexa, a jovem babá de cabelos cor de cobre.
Rowan me viu e aumentou sua velocidade. Eu me preparei
para ele me golpear. Ele não decepcionou.
Meus ossos latejaram com o impacto, mas cerrei os dentes
e sorri para ele.
Meu filho de cinco anos olhou para mim, olhos verdes
dançando com alegria, cachos negros como uma auréola ao
redor do rosto.
— Mamãe, — disse ele. — Tia Sellie queria vir ver você.
Meu coração disparou. Eu olhei para cima e encontrei os
olhos de Lexa.
— Ele tem falado sobre a tia Sellie desde que o acordei, —
ela disse, seus ombros arqueando um pouco. — Eu sinto
muito. Eu simplesmente não conseguia pensar em mais o que
fazer a não ser trazê-lo aqui.
— Você tomou a decisão certa, — eu disse, esfregando um
pouco o ombro de Rowan. Eu olhei de volta em seus olhos.
Ele não parecia chateado.
Pensei em espíritos novamente. E se Rowan realmente
visse Selene, de alguma forma?
Quando as coisas começaram a ficar tão desordenadas?
Como posso estar me perguntando se meu filho está vendo
o fantasma da minha irmã?
Posso por favor acordar agora?
— Que tal darmos um passeio? — Eu perguntei a ele.
— Um passeio! Um passeio! — Rowan disse, pulando para
cima e para baixo e pousando mais de uma vez no meu pé.
Eu suprimi um estremecimento.
Enquanto eu firmava Rowan, evitando que ele tropeçasse
enquanto batia em meus pés, eu pensei no comentário que
ele havia feito, me dizendo que Selene disse para beber mais
champanhe.
Algo está acontecendo com ele.
Talvez algo a ver com os poderes divinos.
Preciso descobrir mais, mas como posso fazer isso com tudo
o que está acontecendo?
Peguei meu celular.
Sienna: Erica, preciso da sua ajuda com uma coisa.
Erica: claro, o que você precisar.
Sienna: Eu preciso saber mais sobre pessoas com
habilidades especiais.
Sienna: médiuns talvez
Sienna: pessoas que podem fazer coisas fora do comum.
Sienna: Você acha que pode dar uma fuçada nisso?
Erica: Vou colocar minhas excelentes habilidades de
pesquisa para trabalhar imediatamente, rs
Sienna: veja se consegue descobrir alguma coisa sobre
pessoas com poderes divinos, como eu
Sienna: Eu quero saber quais outros poderes existem
Erica: algum motivo em particular?
Sienna: Estou preocupada com Rowan.
Sienna: Ele está ficando maior agora e acho que seria bom
ter uma ideia do que pode acontecer
Sienna: mas deixa no sigilo.
Erica: Entendi rs
Erica: Não vou deixar ninguém saber.
Sienna: Valeu, Erica.
Erica: Fico feliz em ter algo que posso fazer para ajudar
Erica: Te aviso assim que descobrir algo útil.
AIDEN
Jocelyn me encontrou em meu escritório. Eu estava
sentado à minha mesa, sem fazer nada de útil.
Muito ocupado ficando preocupado.
— Aiden, — disse ela ao entrar.
Não gostei da expressão em seu rosto.
— O que foi? — 'Jeremy, — ela disse com sua voz suave. Eu
não respondi, apenas me levantei para me aproximar. Meus
olhos estavam fixos nela, desejando que ela dissesse qualquer
coisa diferente do que eu sabia que ela diria.
— Ele está mal, Aiden.
Merda.
— Eu não acho que vai demorar muito.
— Não! — Eu lati e ela saltou um pouco.
Jeremy e eu éramos amigos há mais tempo do que eu era
Alfa.
Contei mentalmente... dezoito anos.
Ele não pode simplesmente morrer.
Em voz alta, eu disse: — Não posso aceitar isso.
— Aiden...
— Tem que haver um jeito!
Eu peguei suas mãos. Elas estavam quentes nas minhas, e
ela encontrou meus olhos. Eu poderia dizer que ela queria a
mesma coisa que eu.
— Encontre uma maneira de salvá-lo, Jocelyn. Faça o que
tiver que fazer.
Capítulo 7
SIENNA
Enquanto eu caminhava pelo jardim com Rowan, fiquei de
olho em seu rosto, em busca de sinais de que ele viu coisas
que eu não estava vendo.
Eu observei seus olhos.
Eu observei a maneira como ele se portava.
Observei suas reações às imagens e sons que compartilhei
com ele.
Ele parecia normal. Apenas o típico Rowan, apontando as
árvores que haviam adquirido cores vivas — vermelhas,
laranjas, amarelas — para o outono.
Quando contornamos a ala oeste da Casa da Matilha, vi
uma Mercedes cinza passeando pela longa estrada.
Eu conhecia aquele carro.
Deus me ajude. São Charlotte e Daniel.
Eu não sabia se tinha forças para enfrentá-los agora.
A dor nos ossos era exaustiva.
A morte de Selene pesou sobre mim como uma âncora.
Eu não posso imaginar lidar com o comportamento passivo-
agressivo de Charlotte e a estupidez esnobe de Daniel hoje.
Voltando para dentro da Casa da Matilha, na sala de estar,
encontrei Lexa e entreguei Rowan a ela.
Assim que ela conduziu Rowan para fora, lancei um olhar
para o bar cheio da sala.
Eu bebo bem menos do que antes, mas em tempos de
desespero...
O cansaço causado pelo uso de meus poderes significava
que uma bebida poderia me deixar tonta, mas a dor em meus
ossos venceu minha cautela.
Eu me servi de um uísque — puro — e tomei um longo gole,
estremecendo um pouco. Não era minha bebida favorita, mas
combinava com meu humor.
Então eu fui para o escritório de Aiden, repousando o
uísque em seu recipiente em forma de tulipa.
Se Aiden tinha algo a dizer sobre eu beber no meio do dia,
ele guardou para si mesmo.
Ele sorriu para mim quando eu entrei. Felizmente sem
saber no que estava por vir. Eu considerei avisá-lo, mas ele
descobriria em um minuto de qualquer maneira.
Cheguei apenas um momento antes dos meus sogros —
tempo suficiente para me acomodar contra a parede perto da
janela.
Inclinar-se era minha melhor opção. Eu não queria sentar,
apesar da minha dor. Não valia a pena permitir o desprezo de
Charlotte Norwood.
Mas também não gostava de ficar em pé, tentando
esconder o quão desconfortável fisicamente estava.
Além disso, dessa forma, talvez eu pudesse ignorá-los e
olhar para a folhagem de outono.
Ah, claro, Sienna. E um lobo tigrado mudará sua pelagem
para manchas.
— Aiden, Sienna, — Charlotte cantou. Eu olhei para ela
enquanto ela entrava no escritório antes de seu marido.
Ela usava o cabelo preto preso em um coque alto. Algumas
gavinhas caíram em torno de um fino círculo de bronze, dando
a ela o ar de uma deusa grega.
Ela usava um casaquinho estilo Jackie-0 azul-celeste, com
uma gola felpuda feita de pele de arminho. Sua saia lápis
estava combinando.
Atrás dela, Daniel a seguiu.
O gosto de Daniel sempre foi um desafio quando se tratava
de minhas sensibilidades.
Um paletó de temo branco cobria sua calça azul marinho, e
hoje ele estava vestindo uma gravata ascot verde-clara
estampada com o que pareciam ser abacaxis.
Ele se elevou sobre Charlotte, apesar de seus saltos.
— Mãe, — disse Aiden. Em seguida, um aceno de cabeça
para Daniel. — Pai.
— Aiden, querido, — Charlotte começou, mas para minha
surpresa, Daniel a ignorou.
— Filho, — disse ele, com seu jeito sulista, culto e
levemente macio de falar, — O que é isso que ouvi sobre
enterrar aquela pobre garota no terreno do Alfa?
Eu pisquei.
Gente. A fofoca estava correndo solta naquele dia.
— Josh ligou para você? — Aiden perguntou, franzindo a
testa.
— Esse não é o maior dos problemas, — disse Daniel.
— Aiden, querido, — Charlotte colocou, tentando
recuperar seu papel rotineiro de dominar todas as conversas.
Aiden ergueu a palma da mão para ela e se dirigiu a seu pai.
— Lamento que você tenha vindo até aqui, mas Josh não
deveria ter ligado para você.
— Filho, um bom Beta quer o melhor para a Matilha, e você
tem um bom Beta. Ele sabe que, agora mesmo, seu
julgamento está obscurecido pelas emoções que todos estão
vivenciando, — disse Daniel.
— Você tem que olhar para a situação como um todo, —
Charlotte afirmou com um olhar em minha direção.
— Considere a visão de longo prazo. Esta situação trágica
pode parecer uma crise pessoal, mas suas ações têm um
impacto maior.
— Mãe, — disse Aiden, seu tom de advertência.
Considerei se deveria dizer algo e não consegui encontrar
energia.
— Honestamente, — Charlotte disse com um estalo na
boca. — Já se passaram mais de seis anos, e você ainda a
deixou desprezar a tradição — desta vez, é simplesmente
impensável. Ela está indo além, -ultrapassando seus limites.
— Ela está bem aqui, — eu disse, finalmente encontrando
minha voz.
Acho que falar em terceira pessoa ainda tinha o poder de
me provocar, apesar de como eu me sentia miserável.
— Sinceramente, Sienna, você não pode estar falando sério
sobre tudo isso, — disse Daniel, Virando-se para mim.
Ele estava com as sobrancelhas erguidas de um jeito que
parecia tão surpreso que quase sorri.
Quase.
— Claro estou falando sério. Selene era minha irmã.
Daniel abaixou a cabeça e balançou, se afastando de mim e
colocando as mãos atrás das costas. — Pai, não vejo razão
para excluir Selene do terreno do Alfa... — disse Aiden, mas
sua mãe o interrompeu com um bufo.
— Me poupe! Mas que drama. Nós simplesmente não
podemos enterrar todo mundo que queremos no terreno do
Alfa, Aiden. Sem chance. A Matilha tem uma hierarquia por
uma razão, querida. Você sabe que sim!
Eles não dão a mínima parei Selene.
Algum monstro a assassinou, e tudo que os incomoda é
onde ela será enterrada. — Meu menino, tenho certeza de
que você sabe que Gregory Singh e aqueles que ele
representa não irão tolerar que você atenda aos caprichos de
sua companheira, — Daniel respondeu.
— Que ela tenha tal inclinação é compreensível, dadas as
circunstâncias, — acrescentou. — Mas cabeças mais frias
devem prevalecer.
— Eu não respondo a Gregory Singh! — Aiden estalou.
— Você poderia fazer pior do que ouvir Gregory. — Daniel
o advertiu, levantando um dedo e sacudindo-o. — Ele foi meu
Beta por anos, você sabe.
E um Beta melhor, nunca houve.
— Bem, você acha que Josh está sendo um bom Beta ao
ligar para você, então estou começando a achar que você não
tem padrões muito altos quando se trata de Betas! — Aiden
disse.
— Sério, Aiden? — Disse Charlotte. — Não há necessidade
de ser rude.
Pela primeira vez, era Aiden quem estava perdendo a
paciência com eles, eu observei de uma forma imparcial. Eu
me sentia muito... exausta.
— Charlotte. Daniel, — eu disse, intercedendo.
— Obrigada por reservar um tempo para falar conosco
sobre suas preocupações. Mas, como tenho certeza de que
vocês devem perceber, estamos muito ocupados agora.
Eu dei a eles um pequeno aceno de cabeça e um sorriso de
lábios apertados.
Eles me encararam como se eu estivesse falando em russo.
Com um gesto para a porta, eu disse: — Vou ter que pedir
para vocês saírem.
JOCELYN
O vínculo de acasalamento.
Sempre pareceu tão maravilhoso.
Milagroso.
Mas tem duas arestas. E está aqui — o lado que drena a
vida de Jeremy diante dos meus olhos — essa aresta é a mais
afiada.
O som de arranhar do medidor de pressão arterial saindo
interrompeu meus pensamentos. Hanh, meu melhor
enfermeiro, enrolou o aparelho, olhando na minha direção.
Eu poderia dizer por seus olhos que a leitura estava
perigosamente abaixo do normal.
Hanh nunca expressou dúvidas — ele não era do tipo que
me questiona. Mas eu sabia o que ele pensava.
Tentar encontrar uma cura para a maldição de perder um
companheiro... era impossível.
Hanh fez algumas anotações no prontuário de Jeremy e saiu.
Eu o observei ir de onde eu estava sentada ao lado de
Jeremy.
Não foi a primeira vez que vimos isso.
Lobisomens morriam antes do tempo em acidentes e
doenças e, inevitavelmente, tínhamos que fornecer cuidados
paliativos para seus companheiros.
Colocando minhas mãos no peito de Jeremy, fechei meus
olhos. Com uma respiração profunda, penetrei sua pele com
meus captadores na tentativa de ter uma ideia mais clara de
por que ele estava morrendo.
Antes da morte de Selene, Jeremy era um homem saudável
em seus trinta e tantos anos.
Agora, eu podia sentir seus sistemas vitais falhando.
Ele ainda não estava em um estado crítico, mas estava
caminhando montanha abaixo. Logo, haveria uma avalanche.
E quando isso acontecesse, perderíamos Jeremy para
sempre.
Eu não posso simplesmente sentar e deixar isso acontecer.
Eu não precisava do pedido de Aiden para me convencer a
tentar salvar a vida de Jeremy.
Ele era família.
— Joce?
Liberando os captadores de sondagem que enviei para o
corpo de Jeremy, voltei totalmente a mim.
Abrindo meus olhos, vi Nina parada na porta da sala.
— Oi, querida, — disse ela, dando-me um sorriso hesitante.
Eu senti uma pontada de irritação. Eu não estava com
vontade de sorrir de volta.
Eu não queria falar com ela agora.
Não que ela tivesse feito algo errado. Simplesmente não
era um bom momento.
Eu olhei de volta para o rosto de Jeremy. Seus olhos já
estavam encovados.
Eu não sabia o que fazer.
Como vou salvar Jeremy?
E se eu não puder?
Nina não era uma distração que eu poderia ter naquele
momento.
Eu a ouvi suspirar e ergui os olhos novamente.
Ela estava com os braços cruzados sobre o suéter verde-
maçã. A cor se destacou ao lado de sua pele escura.
— Você está trabalhando demais de novo, — disse ela.
Eu dei a ela um olhar confuso. — Como assim? Estou apenas
sentada aqui.
Nina zombou levemente. — Ah, com certeza. Apenas
sentada. Apenas sentada e preocupada, você quer dizer.
Sondando também, aposto — acrescentou ela, semicerrando
os olhos para mim.
Eu tive que rir um pouco então. — Você me pegou, — eu
admiti.
Eu rolei meu pescoço e ombros e me levantei, caminhando
até ela.
— Você não é uma milagreira, — disse ela.
Meu movimento engatou e levantei minhas sobrancelhas
com isso.
Nina acenou com a mão para mim. — Você sabe o que
quero dizer, — disse ela. — É claro que você fez coisas incríveis
em sua carreira. Você ajudou muitas pessoas. Mas o que
Aiden pediu para você desta vez...
Você simplesmente não entende. Não se trata de Aiden.
— Nina, — eu disse, expirando. — Eu tenho que tentar.
Um músculo saltou na bochecha de Nina quando ela olhou
para longe de mim, para seus próprios braços. — Nina, — eu
disse novamente, colocando a mão em um de seus antebraços
cruzados. — Por favor. Eu sei que é — pode ser impossível
Ela olhou para mim então, com seus olhos castanhos firmes,
mas sem calor.
— Mas é impossível, Joce, e se você se esforçar demais...
— Eu não vou.
Inclinando a cabeça para o lado, ela me deu um olhar
penetrante.
Ela não precisava dizer isso. Eu sabia que ela não acreditava
em mim.
Eu puxei minha mão.
— Por favor, Nina, — eu disse. — Por favor, isso vai ser tão
difícil. Eu não posso lutar com você ao mesmo tempo que
estou lutando contra essa — essa maldição.
— O que você quer que eu faça, fique parada e—
— Não, eu só preciso que você me ajude
— Ajudar você como? Não sou uma curandeira, Joce, e
mesmo que fosse, não poderia salvar Jeremy. E nem você.
Eu dei um suspiro estremecido. — Eu preciso do seu apoio,
Nina. Eu só preciso que você — tente acreditar em mim.
Mordendo o lábio, Nina olhou para baixo novamente.
Isso a afetou, pelo menos.
Ela olhou para mim através dos cílios escuros. — Eu sempre
acredito em você, Joce.
Respirando fundo, ela continuou: — E — eu tentarei apoiá-
la o máximo possível. Definitivamente vou ajudar na
investigação.
Ela estendeu a mão para mim então, pegando minha mão
na dela.
— E se alguém pode realizar este milagre, querida, é você.
SIENNA
Eu acompanhei meus sogros para fora da Casa da Matilha.
Nenhum deles confundiu meu gesto com educação.
Charlotte lançou um último olhar para mim enquanto
Daniel segurava a porta de sua Mercedes aberta para ela. Seus
olhos percorreram a minha roupa. Um suéter de cor damasco.
Seus pensamentos eram óbvios.
Você é um lixo.
Sua família é um lixo.
Você suja minha casa.
Sua família suja o terreno do Alfa.
Senti frio por toda parte.
Assim que o carro seguiu a curva da garagem para fora do
terreno, me virei e marchei para a floresta.
Ninguém precisava de mim agora.
Eu poderia ter um momento para me entregar a um colapso,
certo?
— Ei.
Eu me virei.
Aiden.
Ele estava lá em seu suéter amarelo macio, encostado no
tronco de um grande freixo.
— Achei que você poderia seguir por aqui, ruivinha, — disse
ele com um sorriso e seus olhos gentis.
Fazendo uma careta, fui até ele, enterrando meu rosto em
seu peito.
O suéter coçava um pouco.
Definitivamente mohair, meu cérebro estúpido forneceu, e
eu pensei em Selene, e um soluço ficou preso na minha
garganta.
Os dedos de Aiden deslizaram sob meu queixo, levantando
meu rosto. Eu encontrei seu olhar.
— Você está bem? — ele perguntou.
Tudo o que consegui fazer foi encolher os ombros.
— Meus pais te irritam?
Eu fechei meus olhos com força em outra careta. — Um
pouco, — eu admiti.
Seus lábios pressionaram os meus em um beijo leve. —
Sienna, você sabe que escolhi você há muito tempo, — disse
ele, afastando-se apenas alguns centímetros.
Isso trouxe um leve sorriso ao meu rosto. Eu olhei em seus
olhos, observando os tons brilhantes de verde e ouro.
— O que eu faria sem você? — Eu perguntei.
Sua respiração profunda nos balançou um pouco. — O que
eu faria sem você?
— Nunca vamos descobrir, — eu sussurrei.
Eu pensei em Jeremy.
O vínculo de acasalamento entre ele e Selene o arrastaria
com ela para o esquecimento.
Eu estremeci.
Os braços de Aiden se apertaram ao meu redor.
Sua boca estava na minha, então, e pensei que gostaria de
me afastar, mas não o fiz.
Sem aviso, a Bruma explodiu sobre mim. Isso lavou tudo,
apenas naquele momento, e tudo o que restou foi o desejo.
Desejo por meu companheiro.
Capítulo 8
SIENNA
As mãos de Aiden pareciam quentes e ásperas na minha
pele, despertando-a de seu sono induzido pela dor.
O cheiro de pinheiro nos envolveu na sombra fresca da
floresta.
Estamos sozinhos?
Algum repórter vai nos flagrar?
Mas o desejo por Aiden me pressionou.
Eu o beijei com força e minha boca exigente.
Sentindo minha necessidade, Aiden agarrou meus quadris
com dedos apertados. Ele me empurrou contra o freixo e
arrancou a camiseta.
Com sua boca, ele beliscou e beijou meus seios nus, suas
mãos embalando e levantando-os para ele.
Cravei meus dedos em seus ombros, pressionando minhas
costas nuas na árvore.
— Aiden. Por favor.
Meu domínio de costume havia diminuído. Eu precisava
que ele assumisse a liderança.
Aiden puxou para baixo o moletom. Eu estava nua por baixo.
Será que tem algum repórter por perto?
Será que uma foto aparecerá no Latter?
Meu coração disparou de desejo e medo.
Com cuidado, Aiden me colocou nas folhas que cobriam o
chão da floresta.
Ele passou a língua ao longo da parte interna da minha coxa,
as palmas das mãos acariciando a pele da minha barriga.
Alisando as mãos sobre meus quadris, ele separou minhas
pernas.
A ansiedade por ser descoberta atingiu o limite dos meus
sentidos, mas eu ansiava por seu toque.
Por sentir prazer.
Sua boca, quente e gentil, pressionou contra meu sexo.
Eu esqueci todo o resto.
Ele lambeu entre meus lábios, usando seus dedos para me
separar e acessar a ternura por baixo.
Minha respiração engatou. Meus dedos entrelaçados em
seus cabelos. — Aiden.
Ele deslizou dois dedos dentro de mim, pressionando
contra os músculos tensos. Sua língua sacudiu, um prazer
insistente.
— Aiden, eu...
Ele se afastou um pouco. — Shh. Deixe-me cuidar de você.
Eu não me segurei nem um pouco.
Quando ele pressionou sua língua contra mim novamente,
eu arqueei minhas costas, as unhas cavando nas folhas secas
ao meu redor.
A ponta da língua pressionou e circulou, e ele começou a
empurrar os dedos para dentro e para fora ritmicamente.
Eu gemi, minhas pernas abrindo mais enquanto eu tentava
deixá-lo ter tudo de mim.
Meu prazer estava crescendo.
Ele deslizou seus dedos antes de mergulhar sua língua
dentro de mim.
Um grito saiu da minha garganta e meu corpo se contorceu.
As mãos de Aiden agarraram meus quadris, balançando
comigo, sua língua ainda dentro de mim.
Ondas de prazer elétrico me chocaram. O orgasmo foi
pesado e quase brutal em sua intensidade.
Assim que passou, a sensação de sua boca no meu sexo foi
demais.
Eu me contorci e me libertei dele, me empurrando contra o
freixo.
— Você está bem? — Ele perguntou. — Eu machuquei
você?
Tentei responder, mas engasguei com as palavras.
O que diabos estou fazendo?
— Sienna?
Como você pôde fazer isso? Como você pôde deixar ele te
tirar do sério sendo que Selene está morta?
Sendo que seu assassino ainda está à solta?
Eu trouxe meus joelhos até meu peito, envolvendo meus
braços em torno deles.
— Sienna, fale comigo, — disse Aiden, chegando mais perto.
Estremecendo, levantei meus olhos para seu rosto. — Não
foi nada que você fez, — consegui dizer. — Ah, Aiden. Eu
apenas — Selene.
Aiden estendeu a mão e pegou minha mão, entrelaçando
nossos dedos.
— Selene não ficaria ressentida com você por isso. Ela te
amava, ruivinha.
Lágrimas escorreram de meus olhos, então.
— Ela não iria querer que você se punisse por sua morte.
Especialmente porque você não teve nada a ver com isso.
— Mas eu tive, — eu confessei em um sussurro distorcido
pela dor do meu choro.
— Do que você está falando?
— E minha culpa que ninguém estava lá para salvá-la.
— O quê? Como assim?
Eu encontrei seus olhos. Aiden parecia profundamente
confuso. — Segurança... é minha culpa termos reduzido
tanto...
Capítulo 9
JOSH
Que porra é essa?
Eu encarei o cara que entrou como uma tempestade em
meu escritório.
Inacreditável. O DIT?
Uma nova agência, nascida das frustrações dos humanos
que vivem sob o domínio da Matilha.
Humanos ricos, com meios para financiar uma organização
policial independente e totalmente humana, um contraponto
ao sistema de Esquadrões de Caçadores leais aos Alfas.
Nunca deveria ter acontecido, mas os Alfas discutiram
sobre isso e fizeram um adendo ao Tratado Territorial.
De alguma forma, eles decidiram que seria uma boa ideia
ceder parte de sua autoridade a uma agência externa —
neutra.
Era irritante.
Eu encarei Aiden, desejando que ele expulsasse esse cara
da Casa da Matilha.
— Não vejo nenhuma razão para o DIT se envolver aqui, —
disse Aiden ao agente.
Não é um começo muito forte, Aiden.
— Isso não depende de você, — disse Enzo. Ele deu mais
alguns passos para dentro do escritório, seus olhos
procurando como se esperasse encontrar alguma evidência ali.
— Estou liderando essa investigação, — eu disse. — Eu não
preciso de nenhuma ajuda externa.
Enzo olhou para mim com um sorriso fraco nos lábios.
— A Bruma não está acontecendo? — Ele perguntou.
Eu franzi minha sobrancelha. — O que isso tem a ver com
alguma coisa?
— Um dos motivos pelos quais o DIT foi formado é porque
muitos de nós estamos cansados de ter que esperar que os
negócios sejam feitos enquanto os lobos loucos por sexo
fazem pausas para trepar um com o outro a cada dois minutos,
— disse Enzo.
Eu pisquei.
Virei meus olhos para Aiden.
Ele parecia chocado.
Robert bufou. — Olha, Sr. -' — Agente Especial Enzo.
— Ok, Agente Enzo, — Robert continuou. — Eu também sou
um humano. Eu não procurei você. Selene era minha filha, e
confio em Josh e Aiden para encontrar o assassino.
— Então a vítima era mestiça, — disse Enzo.
Eu vi Robert se encolher.
— Olhe aqui, agente, — começou Aiden.
— Vou precisar ver a cena do crime, — Enzo o interrompeu.
— E as gravações de segurança.
Aiden ficou carrancudo. — Você não pode simplesmente-
— Ah, sim, eu posso, — disse Enzo. — Estou sob a
autoridade do Tratado Territorial, Sr. Norwood.
— Alfa Norwood, — eu rosnei.
— Claro, — disse Enzo. — Vocês, lobos e suas letras gregas.
Parecem um bando de universitários.
Esse cara era inacreditável.
Um mero humano, parado em uma sala na frente de um
lobo Alfa e Beta, em uma Casa da Matilha cheia de mais lobos,
agindo como se ele não fosse despedaçado em segundos se
assim quiséssemos.
Nós nos tornamos muito civilizados.
Muito mansos.
Nós mudamos muito em relação ao nosso verdadeiro eu.
Enzo deu um passo à frente e estendeu um cartão para mim.
— Você é o Beta? Envie a filmagem de segurança para este e-
mail.
Peguei o cartão de Enzo e coloquei na minha mesa.
— Eu estarei na cena do crime se precisarem de mim, —
disse Enzo com um sorriso malicioso e saiu.
Aiden, Robert e eu olhamos para a porta depois que ele saiu.
Robert foi o primeiro a se despertar. — E melhor eu ir.
Melissa precisa de mim.
Ele colocou o celular de Jeremy na minha mesa antes de sair.
Eu me virei para Aiden. — Que porra foi essa? — Eu exigi.
— Josh-
— Você vai mesmo deixar aquele filho da puta miserável se
meter nesta investigação? Ele simplesmente vai para onde
quiser? Andar por toda a nossa cena do crime? Assumir o
caso?
— Josh, — disse Aiden. — Minhas mãos estão atadas.
— Meu deu 5, Aiden!
— Por mais que eu odeie dizer isso, Enzo está certo. Ele está
aqui sob a autoridade do Tratado Territorial. Todos os Alfas
assinaram. Não há nada que eu possa fazer.
— Bem, eu não vou sentar e deixar esse idiota assumir a
investigação.
— Eu não espero que você faça.
Isso me surpreendeu.
— Eu quero que você continue, — disse Aiden. — Eu vou
continuar, também. Apenas tente ficar fora do caminho de
Enzo.
Eu suprimi a vontade de revirar os olhos. 'Pode deixar.
ENZO
Levei meu tempo andando pelo largo corredor da Casa da
Matilha da Costa Leste, deixando para trás o escritório do Beta.
Esses lobos, como todos os lobos, eram podres de ricos.
Tudo que você precisava fazer era olhar ao redor para ver.
Móveis extravagantes. Paredes extravagantes. Lustres
chiques.
Mas eu tinha visto muita merda no meu tempo, e nunca
seria capaz de relaxar na cova de um lobo novamente.
Não depois do que fizeram com meu irmão em Houston,
dois anos atrás.
A violência lá levou à criação do DIT.
Ainda assim, aquele dia não era sobre uma ameaça que os
lobos representavam para os humanos — desta vez eles
mataram um dos seus.
Eu li o relatório inicial do Esquadrão de Caçadores sobre o
assassinato, então eu sabia que o ataque aconteceu do lado
de fora, provavelmente no terraço no lado nordeste da
mansão.
Capítulo 11
SIENNA
Rowan gritou novamente. Aiden e eu fomos para seu
quarto.
Ele estava se contorcendo em suas cobertas, os cachos
castanhos emaranhados na testa, os olhos bem fechados.
Correndo para sua cama, sentei-me de um lado e Aiden do
outro.
Coloquei uma mão calmante no braço de Rowan.
— Que foi, filho? — Aiden disse suavemente.
Rowan piscou e abriu os olhos, e eles se encheram de
lágrimas.
Quando ele começou a chorar, eu o peguei em meus braços,
segurando-o perto.
— Apenas um sonho ruim, — disse Aiden, acariciando suas
costas.
Ele me deu um pequeno sorriso por cima da cabeça de
Rowan, mas eu ainda estava preocupada.
Capítulo 12
SIENNA
Um tordo?
Selene enviou uma mensagem para Jeremy sobre um tordo?
E agora Rowan teve um pesadelo com um tordo?
Eu me senti estranha, como se alguém tivesse me virado de
cabeça para baixo e de volta ao normal.
Exceto mamãe, que estava na pia da cozinha, todos nós nos
sentamos ao redor da mesa, olhando um para o outro como
se um de nós tivesse a resposta.
Algo me incomodou. Onde eu tinha visto algo sobre um
tordo recentemente?
— Eu vi a palavra 'Robin' ou ’tordo' em algum lugar, — eu
disse em voz alta.
Eu senti como se... fosse no meu celular. — O que é que um
tordo pode ter a ver com alguma coisa? — Aiden disse.
Puxando meu celular, eu o desbloqueei e olhei para as
pequenas fileiras de ícones de aplicativos.
Foi algo que eu vi no Latter?
— Parece que o que quer que seja o tordo, não é algo bom,
— disse Erica.
Toquei no ícone Latter.
Ele abriu no meu feed e verifiquei as hashtags de tendência.
Ainda havia #AssassinatoNaCasaDaMatilha e
#SeleneMercerGibbs, mas agora também havia #DIT.
Curtis Paul precisava de um novo hobby.
Eu rolei um pouco mais. Felizmente, cerca de metade dos
latidos não tinha nada a ver com o assassinato de Selene ou o
DIT ou qualquer coisa a ver com minha família.
Parecia que pelo menos algumas pessoas já estavam
seguindo em frente.
De certa forma, eu não gostava disso. Odiava pensar que
Selene seria esquecida.
— Poderia ser algum tipo de código? — Papai perguntou.
— Exatamente.
— Então, o que fazemos?
— Temos que encontrá-lo.
— Como? — Josh perguntou.
— Encontre-me na Casa da Matilha. Precisamos da ajuda de
Nina.
Desliguei e mandei uma mensagem para Nina.
Aiden: Oi, Nina, você ainda está acordada?
Nina: sim
Aiden: Você pode ir à Casa da Matilha?
Nina: Já estou aqui
Aiden: Ótimo, te encontro lá em alguns minutos
Enfiei a cabeça na cozinha e vi Sienna conversando baixinho
com Robert e Erica.
Talvez essa revelação fosse quebrar parte do gelo que se
formou.
— Sienna, estou indo para a Casa da Matilha, — disse.
— Eu vou com você, — respondeu ela.
— Não, fique aqui, — eu disse olhando para Robert. — Eu
duvido que vamos localizar o cara esta noite. Vou me
encontrar com Nina e fazê-la tentar encontrá-lo.
— Ok, — disse Sienna, olhando para seu pai. — Vou ficar,
caso mamãe e papai precisem de ajuda com as crianças.
NINA
— Você consegue achar esse cara? — Aiden me perguntou,
Josh ao seu lado, enquanto olhávamos para o computador de
Aiden em seu escritório. Ele abriu abas com o blog e o canal
YouVision.
— Você pode rastrear o endereço IP do blog, né? — Josh
disse.
— Acho que sim. Talvez, — eu disse. — Depende se Chamic
foi estúpido o suficiente para registrar seu DNS usando seu
nome e endereço reais. Espere, vou fazer uma pesquisa.
Sentei-me na cadeira de Aiden e comecei a trabalhar
usando seu computador.
Depois de um momento, eu estalei minha língua. — Não.
Ele está passando por um serviço DNS e eles colocaram suas
próprias informações lá. Então não vai funcionar.
Aiden se afastou das costas da cadeira, bufando.
— Fica de boa, chefe, — eu disse. — Existem outras
maneiras. Só pode demorar um pouco.
Aiden me olhou. — Você acha que pode encontrá-lo?
— Eu vou dar um jeito, te juro, — eu disse.
Me dá algo para fazer além de me preocupar com Jocelyn,
afinal.
— Quanto tempo? — Josh perguntou.
Eu balancei minha cabeça. — Depende da minha sorte. Vou
ligar para vocês assim que eu tiver alguma coisa, ok?
Eu encontrei os olhos de Josh, e depois os de Aiden. — Você
pode muito bem ir para casa e descansar um pouco esta noite,
no entanto. Se eu conseguir alguma coisa, ligo para você.
— Não importa a hora, — disse Aiden. — Mesmo se for
duas da manhã.
— Entendi, — eu disse.
Eles hesitaram um pouco mais, o que, honestamente, eu
não precisava. Eu trabalho muito melhor sozinha.
Mas, finalmente, eles foram embora.
Virei para o computador e comecei a vasculhar as imagens
e vídeos no blog de Chamic, primeiro.
Eu mudaria para o canal YouVision assim que terminasse de
checar a coleção relativamente pequena do site.
Só preciso de uma localização.
Atualmente, a maioria das fotos e vídeos tem localização,
permitindo que você as rastreie.
Era possível removê-las, mas não parecia que Chamic tinha
feito isso.
Tentei primeiro as fotos de perfil em ambos os sites, mas
adivinha? As fotos eram falsas.
Rapidamente identifiquei que as localizações eram de
escritórios corporativos de algumas empresas de fotografia.
Fácil demais pra ser verdade.
Foi aí que o trabalho difícil começou.
Hora após hora pesquisando as localizações em todas as
fotos possíveis — portanto nenhuma das fotos de Selene, já
que não seriam úteis para localizar Chamic.
Isso daria apenas a localização de Selene quando a foto foi
tirada, como as fotos do corpo dela no jardim.
Mas se uma foto parecia mais pessoal...
Havia uma foto de comida que me deixou saber que Chamic
comeu no Lupin's.
Não achei nada mais útil nas fotos do blog.
Meus olhos ardiam de tanto olhar para a tela.
Minha mente estava fritando.
Eu estava ficando muito cansada.
Eu me deixei dormir por duas horas.
Quando acordei, passei para os vídeos no YouVision.
A maioria eram músicas, com as letras aparecendo na tela,
para pessoas que assistissem com o celular no silencioso. Elas
acusavam Aiden e Sienna de todos os tipos de conspirações
bizarras.
Um mais recente atacou Rowan, declarando-o impróprio
para ser herdeiro, falando que ele não um lobisomem de
verdade... até sugeriu que ele era um alienígena uma hora.
Mas não me deu uma localização útil.
Cerca de cinco horas em minha busca, eu finalmente
encontrei.
Um vídeo muito mais antigo.
Ele mostrava alguns papéis que Chamic coletou espalhados
por seu andar — sua tentativa de provar que ele tinha
evidências esmagadoras de que Sienna estava escondendo
super-habilidades com base em registros médicos que ele
adquiriu na Casa da Matilha.
Era semi-incompreensível.
Mas a localização estava clara.
Liguei para Aiden. 'Peguei ele, — eu disse ao telefone.
— Tô indo pra aí agora.
AIDEN
Eram cerca de sete e meia da manhã quando Josh e eu nos
encontramos na galeria da Casa da Matilha e corremos até
meu escritório, onde Nina ainda estava sentada na frente do
computador.
Ela virou a tela e nos mostrou o mapa que usou para
localizar o blogueiro Chamic.
— Avenida Gleason 5489, suíte cinco, — disse Nina,
batendo na tela. — O safado tá aí.
Josh e eu trocamos um olhar e corremos para o meu carro.
Eu dirigi e meu beta foi comigo. Não dissemos nada. Nosso
objetivo era claro.
Na Gleason, estacionei um quarteirão abaixo e saímos
correndo, ao longo da calçada e para dentro do pequeno
prédio de escritórios, número 5489.
Subimos as escadas até o quinto andar, sem poder esperar
o elevador.
Lá estava ela, a porta do escritório, com uma placa brilhante
de aparência nova que dizia — O Uivo da Verdade.
Trocando um olhar com Josh, juntos atravessamos a porta,
passando por uma recepcionista gritando, para uma porta de
escritório com uma placa do lado de fora que dizia — Robin
Chamic.
Virei a maçaneta e abri a porta, Josh um passo atrás de mim.
Não pude acreditar em quem vi sentado à mesa.
Ela deveria ter ido embora. Exilada.
Mas ela estava lá.
Monica Birch.
Capítulo 13
MONICA
Então, eu estava sentada lá, sabe? Cuidando da minha vida.
Tinha acabado de fazer uma ligação com o produtor de um
programa muito popular com um apresentador muito
conhecido no YouVision, e adivinha quem garantiu um horário
para uma entrevista?
Isso mesmo. Sinceramente.
Olha, não foi fácil.
Eu fiz a coisa do exílio.
Tentei começar uma nova vida na Matilha do Texas.
Eu simplesmente não conseguia produzir nada. Sem
contatos. Sem conexões.
Eu tive que voltar para Mahiganote.
Este era o lugar onde eu conhecia pessoas.
Era aqui que eu tinha fontes.
Esta Matilha — as pessoas que dirigem esta Matilha —
essas são as pessoas sobre as quais eu tinha histórias para
contar.
Então, sim, eu estava de volta.
E sim, eu estive ocupada.
Portanto, não foi totalmente uma surpresa ver o Alfa Aiden
Norwood e seu beta, Josh Daniels, aparecerem.
AIDEN
A desgraçada da Monica Birch.
A mulher que quase arruinou nossas vidas com seu horrível
programa de TV — Companheiras Reais, — um tempo atrás.
— Que porra é essa? — Eu disse. — Você é Robin Chamic?
— Um pequeno anagrama, — a mulher de cabelo
encaracolado disse com uma risada curta.
Ela se levantou, segurando um iPhone.
— Você está nos gravando? — Josh exigiu.
Com um encolher de ombros exagerado, Monica arregalou
os olhos e sorriu. — Pode ser.
— Ok, grave isso, vadia, — eu disse, concentrando toda a
minha raiva nela. — Você matou Selene Mercer-Gibbs.
Estamos aqui para levá-la de volta à Casa da Matilha.
— O quê? — Monica engasgou.
Ela parecia genuinamente surpresa, mas sempre foi uma
manipuladora.
Com um olhar para o celular, ela apertou um botão e o
colocou sobre a mesa.
— Olha só. Meninos...
— Eu sei que eu não presto. Eu não sou nenhuma santa.
Mas esse é o meu trabalho, e às vezes não é exatamente
repleto de integridade jornalística. Mas assassinato? Não
vamos enlouquecer.
— Você a matou para conseguir o furo! — Josh declarou.
— Você passou de 200 seguidores para mais de 50 mil, —
acrescentei. — No Latter? Sim, isso é verdade, — ela disse,
corrigindo.
— Não vou negar que essa coisa toda com Selene tem sido
boa para minha carreira. Mas eu não a matei.
Ela olhou de mim para Josh e de volta para mim.
— Me fala. Que provas você tem que me conectam ao
crime?
— Você tem uma filmagem da cena do crime, — eu disse.
— No meu canal YouVision? — Disse Monica. — E você acha
que isso prova alguma coisa?
Colocando uma mão ao lado da boca, ela baixou a voz para
um sussurro. — Eu tenho uma fonte na Casa da Matilha. Foi
assim que consegui a filmagem.
Foi quando me dei conta.
Eu não tenho nenhuma evidência.
Não há nada que prove que Monica estava envolvida.
Eu olhei para ela. Esta demônio invadiu nosso terreno da
Casa da Matilha e matou Selene.
Exceto...
Como ela teria acessado as fitas de segurança?
Ela pagaria a alguém?
Ela tinha um espião na Casa da Matilha, isso ela admitiu.
Eu gostaria de saber quem era, mas esse tipo de coisa
sempre acontecia.
Isso não significava que quem quer que fosse estaria
disposto a alterar a filmagem de segurança de um assassinato.
Com um grunhido de frustração, me afastei.
Ela tinha razão.
Meu caso contra ela não era sólido.
Eu olhei de volta para ela.
Ela era uma pessoa horrível, desprezível.
Mas não especialmente de aparência forte.
Ela não parecia fisicamente capaz de empurrar Selene para
fora do terraço.
Eu não pude negar.
— Nossa, — eu disse.
— Pois é. Eu também fiquei chocado.
— Ela usou um nome falso para começar seu blog.
Tudo estava começando a fazer sentido.
— Sim, um anagrama, eu acho, — disse Aiden.
Ela voltou para Mahiganote. Começou este blog, mas quase
não tem seguidores. Então, quando Selene morre, ela conta a
história—
Eu arregalei meus olhos. — Então espere—Monica matou
Selene?
Isso fez Aiden balançar a cabeça. — Não, — disse ele. —
Quer dizer, nós a acusamos disso. Mas então, ela apenas —
ela tem razão, não temos provas. Não temos nada que a
conecte ao assassinato.
Eu fechei meus olhos com força por um momento, então
dei a ele um olhar perplexo.
— Do que você está falando? É claro que ela fez isso! Ela
nos odeia. Ela me odeia! Tenho certeza de que a vingança foi
a única coisa em que ela pensou nos últimos seis anos!
— Não estou dizendo que ela não nos odeia. Tenho certeza
que ela adoraria nos arruinar. Para se vingar, — argumentou
Aiden. — Só estou dizendo que não acho que ela matou
Selene. Ela é uma oportunista, Sienna. Não uma assassina.
— Ugh, isso é inacreditável! — Chorei.
— Ela é uma mulher pequena, — disse Aiden. — De jeito
nenhum ela poderia ter empurrado — quero dizer, ela não é
forte o suficiente.
Como ele pode ser tão cego?
Minha raiva aumentou e cerrei os dentes, reprimindo as
palavras ásperas.
— Você acha o quê? Que ela pagou alguém para fazer isso?
Não faz sentido.
Eu não aguento isso. Eu preciso correr Só correr pela
floresta.
Eu encontrei os olhos de Aiden.
O calor se espalhou pelas minhas costas e pescoço
enquanto eu lutava com minha frustração.
Corra, Sienna! Antes de dizer algo, você se arrependerá.
Eu podia sentir o desejo em minhas pernas. Em meus
braços, até.
Me transformar, ser uma loba, correr pela floresta, ficar
livre de tudo, mesmo que apenas por alguns minutos.
Vá! Agora! Apenas se solte.
Mas Aiden estava lá, olhando profundamente para mim.
Ele sabia o quão chateada eu estava. Ele voltou para casa
sabendo que o que ele me disse iria me enfurecer. Mas ele fez
isso de qualquer maneira.
Ele não tentou esconder coisas de mim, para me proteger,
mais.
Ele confiou em mim, mesmo quando sabia que eu
discordaria dele.
Estamos nisso juntos, Aiden e eu.
Fugir não era a escolha certa aqui.
E percebendo isso, me senti mais com os pés no chão do
que há dias.
Aiden está fazendo o seu melhor. Ele quer o assassino de
Selene também.
Eu só sei que ele está errado sobre isso, no entanto.
Eu não tinha certeza do que poderia fazer sobre isso.
Esperar a hora certa? Esperar que Monica Birch escorregue
de alguma forma?
Uma coisa era certa, ela estava prestes a conseguir uma
nova seguidora muito leal.
AIDEN
Achei que Sienna iria fugir.
Esse nível de frustração — era o gatilho de costume.
Desde o momento em que a vi pela primeira vez
desenhando no rio, Sienna sempre fugia quando as coisas
ficavam tensas demais.
Mas ela não fez isso. Ela aguentou firme.
— Ei, eu agradeço por você ter ficado por aqui, — eu disse.
Ela sorriu para mim. — Talvez eu tenha ouvido o chamado
da selva por um segundo.
Eu sorri de volta para ela. — Sim. Você estava pensando em
virar uma loba agora mesmo. Admite.
Suspirando, ela colocou os braços em volta do meu pescoço.
— Você não está errada.
— Por que mudou de ideia?
— Bem... eu percebi... você sempre tentava esconder as
coisas de mim. Para me proteger de verdades duras.
— Eu? Claro que não, — eu protestei. — Ah, claro, foi por
isso que você me disse imediatamente quando descobriu que
Monica Birch era obcecada por você.
— Uh...
— Enfim, — ela continuou, com um brilho nos olhos, —
você não fez isso, desta vez. Então eu senti que — se você
pudesse ser honesto comigo, eu poderia ficar por perto para
te ajudar.
Mesmo que você ainda discorde de mim.
Minha apreciação se aprofundou.
Ela provavelmente já estava tentando descobrir como
perseguir Monica Birch, e nada do que eu dissesse iria impedi-
la.
Como posso protegê-la se ela não vai acreditar em mim
sobre Monica?
Mas era isso.
Sienna realmente não precisava da minha proteção.
Ah, eu sempre a teria de volta, não me entenda mal.
Mas ela era uma força poderosa por direito próprio.
Quem era eu para ficar no caminho dela?
Afinal, talvez eu fosse o único que me engane sobre Monica.
Como se ela lesse minha mente — e aprovasse esse
pensamento — Sienna se inclinou e me beijou.
O amor por Sienna cresceu.
Tudo era tão complicado, exceto meus sentimentos por ela.
Eles eram claros.
Quando ela me beijou, senti calor, segurança, coisas boas.
A Bruma despertou dentro de mim e eu a beijei de volta,
hesitantemente no início, mas como ela não se afastou,
aprofundei o beijo, deslizando minhas mãos em volta de sua
cintura.
Eu espalhei meus dedos, segurando-a pelos lados e
puxando seu corpo para mais perto do meu.
Seus seios pressionaram contra meu peito.
A Bruma se espalhou por mim, insistente.
Eu precisava dela.
Eu precisava tocar cada parte dela, e que ela tocasse cada
parte de mim.
Mudei minhas mãos de sua cintura para suas costelas,
deliberadamente firme e lento para que ela pudesse se virar
se ela não quisesse isso.
Ela não se virou.
Em vez disso, ela abriu mais a boca.
Eu segurei seus seios, mas a sensação do sutiã sob seu
suéter estragou a sensação.
Soltando minhas mãos na bainha de seu suéter, coloquei-
as por baixo, indo para a alça do sutiã.
Sienna suspirou enquanto eu puxava o sutiã e o suéter de
uma vez.
Cambaleamos para o sofá.
Eu a deitei, empurrando meu joelho entre suas pernas e
correndo minha palma sobre sua barriga e o tecido fino da
calça de ioga que ela estava usando.
Sienna fez um barulho de prazer no fundo da garganta.
— Rowan está na escola, — ela soprou em meu cabelo
enquanto eu beijava seu pescoço.
— Ninguém vai nos interromper agora.
Capítulo 14
AIDEN
Eu estava inclinado sobre Sienna, beijando sua garganta
enquanto ela gemia de prazer.
Minhas mãos acariciaram seu abdômen nu, puxando sua
cintura.
A Bruma estava totalmente expandida, bombeando por nós
dois. Minha carne vibrou com isso, ansiando por contato.
Meu pau endureceu.
A impaciência com as calças venceu — eu me afastei dela
para puxá-la.
Sienna se sentou, me ajudando.
Então ela se mexeu debaixo de mim e me empurrou de
volta para o sofá, mexendo no botão e no zíper da minha calça.
Tirei a camiseta e o suéter que vestia enquanto sentia
minhas calças puxarem para baixo.
Eu pretendia agarrá-la novamente, mas ela me empurrou
de volta para o sofá uma segunda vez, um brilho travesso em
seus olhos.
Isso me deu uma sacudida de alegria misturada com
excitação — fazia muito tempo que eu não via aquela
expressão brincalhona.
Nós dois estávamos nus agora.
Eu olhei para ela, observando a beleza de sua pele cremosa,
os seios pesados que roçavam minha cintura enquanto ela
beijava meu peito.
Os beijos se arrastaram para baixo.
Meu deus.
Sua boca já estava vermelha de tanto beijar.
Ela o pressionou na minha barriga.
Seu cabelo de fogo caiu para um lado de sua cabeça,
fazendo cócegas na pele do meu quadril.
— Sienna... — Eu respirei, querendo dizer a ela que ela não
precisava — eu queria cuidar dela -
— Shh, — ela sussurrou. — E sua vez.
A Bruma ondulou através de mim ao som de sua voz.
Ela pressionou seus lábios vermelhos no meu pau, então o
levou para dentro de sua boca.
Capítulo 15
SIENNA
A luz estava muito forte. Muito frio.
Quando saímos pelas portas francesas para o terraço dos
fundos, Aiden, Josh, Rhys e papai carregaram o caixão.
A mídia, impedida de entrar na casa durante o funeral, nos
perseguiu quando saímos.
Em procissão até o pequeno e imponente cemitério no lado
sudeste da propriedade, passamos pelo jardim italiano, onde
encontrei o corpo de Selene.
Eu ouvi gritos e olhei para além das câmeras e repórteres.
Manifestantes segurando cartazes e gritando.
— Sem alfas beta!
— Respeite a tradição!
Quatro pessoas seguravam uma enorme faixa que dizia: —
Nossa Matilha deve ser salva!
Um tanto separados do resto, alguns homens e uma mulher
seguravam cartazes dizendo: — A morte de Selene Gibbs é um
sinal dos nossos tempos!
— Este assassinato é um julgamento!
— Desafiem o Alfa Norwood!
Tropecei e Nelson estava ao meu lado, sua mão cor de
chocolate sob meu cotovelo.
Chegamos ao cemitério, que, felizmente, tinha um muro
alto de pedra ao redor.
Nosso grupo cercou a sepultura enquanto Nelson tomava o
lugar de Aiden com o caixão, e Aiden se colocava na cabeça da
sepultura.
Repórteres apareceram no topo das paredes.
Pisquei para os flashes.
Michelle se separou de nosso grupo e marchou até a
multidão mais densa deles.
— Agora, rapazes, tirem algumas fotos, mas gentilmente
voltem para baixo. Precisamos de um momento de paz,
certo?!
Eu odiei o tom conciliador que ela usou. E ela parecia tão
presunçosa.
Capítulo 16
SIENNA
Observei com horror uma forma azul-esbranquiçada feita de luz e
Bruma projetada do peito do meu filho.
Era um lobo — mas parecia um lobo lendário: monstruoso e
gigantesco, mais alto do que qualquer homem, com presas como um
tigre dente-de-sabre.
Seu pelo eriçado como espinhos.
Era translúcido e ainda brilhava com uma luz misteriosa.
Ele rugiu para os repórteres aglomerados do lado de fora dos
muros do cemitério.
O primeiro rugido fez meus ouvidos zumbirem.
O segundo pareceu uma onda forte rasgando o ar.
O terceiro derrubou a primeira fila de repórteres.
Puta merda.
Rowan ficou parado, observando. Ele ainda estava.
Anormalmente imóvel.
Eu tive que impedi-lo.
Eu agarrei seus ombros. Eu me coloquei entre ele e o lobo.
Nada aconteceu.
— Rowan! — Eu gritei.
Sem resposta.
O terror com o que o lobo de Rowan faria em seguida me
estimulou.
Eu me levantei e invoquei meu poder.
Minha necessidade era urgente e não tentei contê-la.
Estendi uma mão em direção ao chão e outra em direção à hera
no muro do cemitério.
Raízes sob o solo e vinhas da parede dispararam e se encontraram,
tecendo rapidamente para fazer uma barreira entre o lobo de Rowan
e a imprensa.
Cresceu rapidamente, as raízes e trepadeiras serpenteando umas
às outras, algumas engrossando, outras crescendo folhas.
Vagamente, ouvi gritos e exclamações.
O lobo de Rowan, minha única preocupação, curvou os ombros
enquanto a barreira bloqueava sua visão.
Então ele se empinou e começou a rasgar a parede com suas
garras.
Minha mão apertou minha boca.
Merda! O que eu faço?
Eu tenho que pará-lo antes que ele realmente machuque alguém!
Então me dei conta.
O lobo estava mais sólido agora. Sólido o suficiente para rasgar
galhos.
Sem pensar duas vezes, balancei o braço, enviando caules de uma
roseira que alguém plantou do lado de fora do portão do cemitério.
Os caules correram pelo chão e se enrolaram em volta do lobo,
apertando com força.
O lobo uivou.
Com uma ondulação através de sua pele espetada, o lobo pareceu
se expandir, e então a forma dele desabou, linhas azuis
esbranquiçadas estalando de volta para o corpo de Rowan.
As roseiras caíram, vazias de sua captura.
Meu filho desabou, uma pilha no chão.
— Sinto muito, mamãe, — eu o ouvi sussurrar, e então ele ficou
quieto.
Com horror, eu vi... ele estava coberto de feridas feitas pelos
espinhos das rosas.
AIDEN
Eu peguei Rowan. Sienna e eu corremos com ele para a Casa da
Matilha, escada acima para a suíte médica.
Jeremy permanecia em uma das salas.
Entramos na outra, colocando Rowan na cama vazia.
Jocelyn, ainda em um terninho preto, se juntou a nós, verificando
os sinais vitais de Rowan. Ela parecia exausta, com os olhos caídos.
Sienna não olhou para mim.
O que significava que ela estava chateada e com raiva.
Compreensível, eu estava com raiva de mim mesmo.
— Sinto muito, — eu disse a ela enquanto parávamos no canto da
sala enquanto Jocelyn trabalhava. — Eu nunca deveria tê-lo levado
para falar com meus pais.
Sienna balançou a cabeça, ainda sem fazer contato visual.
Meu celular estava vibrando no bolso por quinze minutos. Eu o
peguei e olhei para ele, mais para ter algo para fazer do que por
qualquer curiosidade real.
Eu sabia no que estava por vir.
Vários alertas de fontes de notícias que seguia, bem como o Latter
e o Lobospace.
A maioria das manchetes eram pouco inspiradas:
CAOS NO FUNERAL MERCER-GIBBS
FUNERAL É PRATO CHEIO PARA IMPRENSA
FILHO DE ALFA TEM ATAQUE COM PODERES SOBRENATURAIS
Mas então abri o blog da Monica e me encolhi.
O HERDEIRO DA MATILHA DA COSTA LESTE SOB SUSPEITA
Eu examinei o texto. Ela deu a entender em um parágrafo que
Rowan estava possuído, em outro que ele era um alienígena e em
um terceiro que ele era um humano mundano enganando a todos
com ilusões.
Uma dor de cabeça começou atrás dos meus olhos.
— Certo, ele parece bem, — Jocelyn disse, guardando alguns
instrumentos em sua maleta médica. — Muitos arranhões e furos, é
claro, mas nada que uma pomada antibiótica não resolva.
Pelo menos uma boa noticiei.
— E exausto, — acrescentou ela. — Devíamos deixá-lo dormir.
Vocês dois podem fazer uma pausa. Eu vou deixar um monitor com
ele.
— Eu preciso de uma bebida, — disse Sienna, e eu a segui.
Na sala de estar, acendi uma fogueira enquanto Sienna se servia
de um uísque puro.
Quando terminei, eu a encarei.
Estávamos sozinhos na sala, por algum milagre.
O funeral foi um desastre tão grande que todos preferiram ir para
casa.
Pelo menos a segurança estava mantendo a imprensa afastada.
Sienna deu um gole no uísque, ainda propositalmente sem olhar
para mim.
— Eu nunca deveria ter levado Rowan para falar com meus pais.
Eu estraguei tudo, ok? — Eu disse, um pouco mais agressivo do que
pretendia.
— Sim, você estragou, — ela retrucou para mim.
Eu caminhei até o bar e me servi de uma dose de Patrón.
Bebendo a tequila, saboreei o sabor queimado em minha boca.
— Que dia, — eu respirei.
Um soluço escapou da garganta de Sienna. Ela desabou em um
sofá.
Timidamente, sentei-me ao lado dela.
Ela não se afastou.
Peguei sua mão livre. A outra ainda segurava o uísque. Ela me
deixou envolver seus dedos com os meus.
— Eu também estraguei tudo, Aiden. Você viu o que aqueles
espinhos fizeram com ele?
Eu coloquei minha mão sobre as nossas.
— Você fez o seu melhor, Sienna. Você ouviu Jocelyn. Ele está bem.
Sienna balançou a cabeça.
— Eu não posso acreditar que o machuquei assim.
Ela encontrou meus olhos.
— E logo depois de tudo aquilo. Eu simplesmente não posso
acreditar que eles disseram aquilo, — ela estremeceu, deixando as
lágrimas rolarem por seu rosto sem controle. — E bem na frente dele.
Levei um momento para perceber que ela estava falando sobre
meus pais, não sobre a imprensa. Estendi a mão e enxuguei a lágrima
mais próxima de mim. — Sinto muito, Sienna. De verdade.
— O que há de errado com as pessoas?
Suspirei. — Devíamos conversar sobre o que aconteceu. Não vai
tomar nada mais fácil.
Ela olhou para mim então. — Acho que meu segredo foi revelado.
Ao tomar um gole de sua bebida, sua mão tremia visivelmente.
Sim, e de Rowan. Você tem alguma ideia?
Ela balançou a cabeça e tomou outro gole de uísque.
Observando-a fechar os olhos, tentei encontrar palavras para falar
sobre o lobo de Rowan.
— Nunca vi nada assim, — disse eu.
— Sim, — ela concordou. — É... outra coisa.
— O que nós vamos fazer? — Eu perguntei.
— Eu não sei, — ela disse com uma careta. — Eu não sei o que nós
podemos de fato fazer.
Ela olhou para o copo.
— Ele é perigoso, — ela sussurrou. — Mas ele ainda é nosso filho.
SIENNA
A raiva em relação a Aiden estava se dissipando na esteira da
minha própria vergonha e medo por Rowan.
As mãos de Aiden segurando as minhas pareciam uma corda para
o mundo.
Eu não tinha certeza se queria estar amarrada ao mundo agora,
mas a alternativa estava vagando no espaço, e isso parecia pior.
Como se estivesse lendo meus pensamentos, ele apertou minha
mão.
Meus ossos doíam e eu estava tão cansada.
Aí, Aiden. O que vamos fazer?
Tudo estava uma bagunça.
Tudo.
A única coisa de que tinha certeza era o amor de Aiden por mim.
Colocando o copo de uísque na mesa, inclinei-me e o beijei.
Seus braços me envolveram, e com o fogo crepitando à nossa
frente, foi a primeira vez que me senti aquecida durante todo o dia.
Eu o beijei novamente, e a Bruma se acendeu em meu corpo,
queimando lentamente.
A dor ainda me pesava.
O que eu queria neste momento, mais do que qualquer coisa, era
me sentir conectada a Aiden.
Para sentir seu amor.
Nosso beijo se aprofundou e seus braços ao meu redor se
apertaram.
Mudei meu peso, recostando-me na lateral do sofá, convidando-
o.
Ele seguiu minha dica sem dizer uma palavra, os dedos viajando
ao longo das minhas costas até o zíper do meu vestido.
Em um movimento lento e prolongado, ele abriu o zíper, puxando-
o dos meus ombros.
Com os braços livres, soltei minha gargantilha e foi um alívio
removê-la.
Aiden tirou meu cinto.
Ele tirou suas próprias roupas em seguida, então me cobriu com
seu corpo, me deitando no sofá.
Eu me senti mais seguro desta forma, com Aiden ao meu redor.
Ele era uma parede contra o mundo.
Ele enterrou o rosto no meu pescoço e eu passei meus braços em
volta de suas costas largas, sentindo seu peito pressionado contra o
meu.
Meu sexo latejava, dolorido por ele.
Ele se afastou, beijando minha garganta, sua boca viajando para o
entalhe entre minha clavícula.
Observei o topo de sua cabeça.
Seu cabelo cheirava a canela e algo terroso.
Fechei os olhos, inalando, ouvindo o som de sua boca na minha
pele, sentindo o toque suave de seus lábios.
Então suas mãos começaram a acariciar minha barriga, minhas
coxas.
Entre minhas coxas, para o monte dolorido ali.
Eu estava molhada para ele. Preparada.
Minhas mãos apertaram suas costas, incitando-o a voltar, para me
cobrir novamente.
Mantendo meus olhos fechados enquanto ele me penetrava,
deixei escapar um longo suspiro.
Aiden nos balançou em um ritmo constante, sem pressa.
Isso é o que eu queria.
Conexão.
Nós somos um.
Lágrimas escorreram de meus olhos.
Aiden olhou para mim, encontrando meu olhar, e vi que seus
olhos estavam brilhando também.
Ele me beijou novamente, um beijo profundo e suave.
Meu orgasmo foi brando, um derramamento suave.
Suspirei novamente enquanto isso fluía por mim.
Os movimentos de Aiden aumentaram em velocidade, apenas um
pouco.
Abaixei minhas pernas, me apertando para ele.
Ele engasgou e eu o senti gozar.
Eu o segurei com força.
Ele pressionou seu rosto no meu pescoço, pequenos espasmos
ecoando por seu corpo.
Então ele relaxou, o peso dele caía sobre mim.
Sua respiração aqueceu meu pescoço.
— Hm.
Merda, quem será?
Aiden se ergueu em um braço, olhando por cima do encosto do
sofá.
— Eu sinto muito, Alfa Norwood, — veio a voz de Helena.
Fiquei deitado onde estava.
— Tentei ligar para você, mas ninguém atendeu...
— O que foi, Helena? — Aiden disse em um tom pesado e pouca
paciência. — Ah.
Eu espiei pela borda.
Helena estava parada na porta. Ao lado dela estavam Raphael
Fernandez, o Alfa do Milênio, ao lado de Eve, sua companheira.
Capítulo 17
AIDEN
Enquanto Sienna e eu caminhávamos com Raphael e Eve para o
meu escritório, me perguntei o motivo de sua visita. Suas expressões
transmitiam preocupação, mas também outra coisa.
Algo que eu não conseguia identificar.
— Lamento ter perdido o funeral, — Raphael disse quando todos
nós nos sentamos.
Raphael e Eve ocuparam o sofá moderno cor de ferrugem de
meados do século passado e Sienna e eu nos sentamos em duas
poltronas iguais.
— Sim, nós ouvimos que você compartilhou um adorável elogio,
Sienna, — Eve disse.
Sienna deu um pequeno sorriso e um aceno de cabeça, mas não
disse nada. — Com quem você falou sobre o funeral? — Eu perguntei.
— Certamente você ainda estava voando quando estava
acontecendo?
— O funeral é o assunto do país no momento, — destacou Raphael.
— Não há um membro de Matilha em qualquer parte das Américas
que não esteja sintonizado nas redes sociais.
Em outras palavras, você está se esquivando da minha pergunta.
Não quer revelar quem está falando com você, né?
— Você escolheu fazer algumas... escolhas não convencionais, —
Raphael continuou. — As flores causaram um rebuliço.
— Crisântemos foram uma escolha adorável, — Eve colocou.
— Mas nenhum acônito? — Disse Raphael. — É quase como se
vocês estivessem se distanciando de serem lobisomens.
Cruzando os braços sobre o peito, Sienna balançou a cabeça.
— Eu só queria algo... único para Selene. Algo lindo, mas também...
tranquilo. Acônito é venenoso e — e selvagem. Eu queria algo calmo
e tranquilo.
— Lobisomens dificilmente são criaturas calmas e pacíficas, —
Raphael disse, sem malícia.
— Eu não tenho certeza, — Sienna murmurou.
— A escolha do cemitério também causou muitos problemas, —
Eve disse, dando um tapinha na mão de Raphael.
Eu vi Sienna ficar rígida e achei melhor intervir.
— Eu entendo que é uma ruptura com a tradição, — eu disse. —
Mas essa tradição se formou em um tempo antes deste. Hoje em dia,
a celebridade se tomou uma força.
Eve acenou para mim, seus olhos violetas plácidos e não
julgadores.
— Não poderíamos ter Selene no cemitério de Mahiganote. Você
leu sobre túmulos de celebridades facilmente acessíveis ao público.
Túmulos no Père Lachaise, por exemplo. Eles são profanados
rotineiramente, — eu disse.
— Você deve considerar fazer uma declaração à imprensa dizendo
exatamente isso, — disse Raphael. — Já pode ser tarde demais, no
entanto. Sua reputação sofreu alguns golpes graves nos últimos dias.
Minha reputação?
Ele se virou e olhou para Eve, o amor aparente em seu rosto.
— Eu entendo o ímpeto de seguir seu coração, — ele continuou.
— Minha própria companheira está fora da norma. — Raphael olhou
para mim. — O coração quer o que quer.
— Nós entendemos de onde você está vindo. Viemos aqui porque
estamos preocupados com você, — Eve disse.
— Você precisa colocar sua Matilha sob controle, — Raphael
acrescentou.
— Sob controle? — Eu ecoei. Eu olhei para Sienna. Seu rosto
estava petrificado.
— Você tem um vácuo de poder, Aiden, — Raphael disse.
Franzindo a testa, recostei-me na cadeira.
— Você não está se referindo a Jeremy Gibbs, espero, — eu disse.
— Estou, — Raphael disse. — Você tem que enfrentar o fato de
que precisa de um novo Gamma.
— Jeremy era importante na hierarquia, — Eve assinalada. Ela se
inclinou para frente, erguendo o rosto enquanto gesticulava com as
mãos. — O buraco que ele deixa ameaça desestabilizar toda a
matilha.
— Ele não deixou um buraco, — eu disse, minha voz muito afiada.
— Ele não está morto.
E ele não morrerá. Jocelyn não vai deixá-lo morrer! Ele não vai
partir do mesmo jeito que Aaron.
Meu irmão, que morreu quando sua companheira morreu. Eu não
conseguia suportar a ideia de perder Jeremy da mesma forma.
— Independentemente disso, ele não é capaz de desempenhar
suas funções, não é? — Eve disse.
Com um bufo, eu desviei o olhar. Eu não poderia cogitar a ideia de
substituir Jeremy.
Raphael ergueu as sobrancelhas. — Eu entendo que um terço de
seus membros boicotou o funeral.
Eu zombei. — A facção de Singh e alguns extremistas com ideias
sobre a pureza do sangue.
— Aiden, Alfas mais fortes do que você caíram, — disse Raphael.
Sienna se levantou e foi até a janela.
Engoli minha raiva de Raphael e disse: — Não vamos exagerar.
— A 'facção de Singh', como você a chama, e os 'poucos
extremistas', são uma ameaça que você deve levar a sério, —
Raphael disse, projetando um pouco a voz, deliberadamente
certificando-se de que Sienna o ouvisse.
Ela não se virou, mas pude ver a tensão em suas costas e ombros.
— Gregory Singh é um ex-Beta e um homem muito rico, — disse
Raphael. — Você não deve subestimá-lo.
Prendi minha respiração, as palavras de Raphael me atingiram.
Percebi que subestimar Singh era exatamente o que eu estava
fazendo.
Tenho pensado em Gregory Singh como um incômodo. Alguém
facilmente dispensado.
Mas ele é mais do que isso.
— Você acha que Gregory me desafiaria pelo status de Alfa? — Eu
disse.
Sienna se virou para onde estava, perto da janela.
— Ele tem pelo menos cinquenta e cinco anos.
— O filho mais velho de Gregory está na casa dos quarenta, —
disse Eve, — Então acho que ele está perto dos sessenta e cinco, na
verdade.
— Ele pode estar muito velho para ser o Alfa, — Raphael disse. —
Mas ele ainda pode querer você deposto.
Deposto.
Nunca tive um desafiante sério. Como resultado, nunca me
preocupei com isso.
Eu estive cego para tal ameaça se desenrolando bem diante dos
meus olhos?
Com tudo o que aconteceu...
O assassinato de Selene...
A situação de Jeremy...
Rowan...
As maquinações de Singh pareciam tão pequenas.
Mas agora, Raphael me ajudou a perceber. Singh estava tentando
me expulsar.
— Tenho certeza que ele me quer fora, — eu disse, meditando.
Claro que sim. Ele não faz segredo do quanto desaprova a maneira
como estou administrando as coisas.
E como Raphael apontou, ele é um homem rico. Ele tem os
recursos para apoiar um golpe.
Um golpe torna ainda mais provável o sucesso se acontecer em
meio a uma crise.
Como ei crise gerada pelo assassinato de Selene.
E assim, eu tinha um novo suspeito para o assassinato.
SIENNA
Eu gostava de Eve e Raphael e normalmente receberia uma visita
deles, mas não hoje.
Mesmo que minha parte racional soubesse que eles eram sinceros,
suas afirmações de preocupação me fizeram estremecer.
Parecia que unhas se arrastavam em um quadro-negro toda vez
que um deles dizia algo.
Eu queria ir para casa.
Descer o corredor, primeiro, encontrar meu pobre e exausto filho,
e depois ir direto para casa.
A preocupação por Rowan me encheu, quase poderosa o
suficiente para fazer todo o resto.
Por que tudo tinha que ficar tão complicado e difícil?
Lembrei-me de segurar Rowan quando ele era pequeno.
Suas mãozinhas, as pontas dos dedos tão pequenas.
Os pés dele. Os dedos do pé.
Seu rosto precioso, seus pequenos lábios como os de uma boneca.
Eu senti que poderia manter meu bebê seguro, naquela época.
Agora? Eu nem sabia o que realmente estava acontecendo com
ele.
Ele estava vendo coisas que eu não conseguia ver.
Ouvindo coisas que eu não conseguia ouvir.
E as coisas que ele poderia fazer...
Como eu iria mantê-lo seguro agora?
Quer dizer, eu entendo. Nenhum pai pode proteger seu filho para
sempre.
Mas esta situação era um pouco mais volátil do que o normal.
Ele pode projetar um lobo espiritual para fora de si mesmo que
pode causar danos reais no mundo.
E se ele machucar alguém?
E se alguém ficar com medo e machucá-lo?
Eu não aguento.
Mas o que posso fazer?
Estou tão cansada.
Tudo que eu quero é ir para casa.
Levar Rowan para casa.
Nós apenas ficaríamos dentro de casa até que todos se
esquecessem de nós.
Não importa quanto tempo demorasse.
Voltei-me para a janela embaçada, tentando desligar os outros.
Era impossível.
— Você tem sido relaxado, — Raphael disse para Aiden. — Você
deixou que sua preocupação com Sienna o distraísse de seu papel.
Cerrando os dentes, levantei minha mão, desenhando um lobo
com a ponta do meu dedo no vidro.
Lá fora começou a chover.
— O que você sugere que eu faça? — Aiden perguntou.
— Coloque ordem na casa, — Raphael disse. — Você precisa fazer
de Gregory Singh um exemplo.
Exija uma demonstração de lealdade e encontre uma maneira de
estendê-la ao resto da matilha.
Qualquer um que não obedecer... bem, enfrentará as
consequências.
— Pessoas em posições superiores na hierarquia podem ser
rebaixadas, — Eve disse. — Membros leais podem tomar seu lugar.
— Agite tudo, — Raphael disse.
Parecia exaustivo.
Então, o som da voz infeliz de Helena veio pela porta.
— —Já disse, senhor, ele está em reunião! Você não pode-!
A porta do escritório de Aiden se abriu e o Agente Enzo entrou.
Não tentei esconder meu desgosto.
— Alfa Fernandez, duvido que você tenha tido o prazer de
conhecer o Agente Enzo, do DIT? — Eu disse.
— Podemos pular as apresentações, — disse Enzo, com os olhos
estreitos enquanto observava a sala.
Ele ergueu a mão com um envelope pardo.
— Eu tenho um mandado de busca na Casa da Matilha.
— O quê? — Aiden latiu.
Enzo sorriu. — Isso mesmo, Alfa Norwood. E você pode agradecer
ao sua companheira por isso.
Eu fiz uma careta, olhando para ele. — Do que você está falando?
— Aquela pequena exibição que você fez no funeral? — Enzo disse.
Ele estava praticamente cantando.
— Fazendo aquela parede com as raízes e as folhas e tudo?
Um arrepio percorreu minha nuca.
O humano continuou, — Sim, isso abalou algumas pessoas, Sra.
Mercer-Norwood. Fez as pessoas se perguntarem o que mais vocês
estão escondendo. Era exatamente o que eu precisava para
conseguir um mandado.
Capítulo 18
SIENNA
Fique calma, Sienna. Isso é totalmente normal. Não surte.
A polícia estava vasculhando cada centímetro da floresta, terrenos
e edifícios externos da Casa da Matilha.
Eles enxamearam pelos corredores como uma colmeia de
formigas, frias e distantes e totalmente focadas em sua missão.
Encontrar evidências que levariam ao assassino de Selene.
Isso deveria ter me feito sentir aliviada, animada até.
Em vez disso, minhas mãos tremiam incontrolavelmente e havia
uma sensação de torção e reviravolta no fundo do meu estômago.
Eu verifiquei a hora no meu celular.
21: 15.
Como se passaram apenas dez horas desde que estive ao lado do
túmulo de Selene, jogando uma flor em seu caixão?
Dez horas desde a aterrorizante... explosão de Rowan. Se for
assim que vamos chamá-la.
Ele estava dormindo quase continuamente desde o funeral,
acordando apenas por um momento.
Com a equipe de Enzo ocupada fotografando e catalogando tudo
dentro de um quilômetro da Casa da Matilha, Aiden e eu tínhamos
tirado Rowan da suíte médica e nos retirado para uma biblioteca
raramente usada na parte mais antiga da mansão.
Sentado em uma das poltronas de couro macio que circundavam
a lareira, observei Aiden andar inquieto ao redor da sala.
Não tínhamos falado uma palavra em quase meia hora, cada um
perdido em seus próprios pensamentos.
Agora, enrolado no sofá do canto, os cachos negros de Rowan
caíram sobre sua testa.
Seu polegar foi enfiado na boca e eu senti uma onda de amor
quase desesperada por ele.
Foi o suficiente para um punho gelado de medo apertar meu
coração.
O que aconteceu? O que era aquele lobo fantasma branco que
atacou os repórteres? Eles estavam cheios de medo.
E eles estavam certos. Aquele rugido horrível e estridente ainda
ecoava em minha mente.
Eu estava cheia de medo. Por meu filho e o que esse novo poder
significava para ele.
Desde o início, eu havia jurado dar a Rowan uma infância normal
e feliz.
Estava ficando cada vez mais difícil manter esse voto.
Por favor, que eles encontrem algo.
Devia haver pelo menos quinze oficiais treinados trabalhando com
o Agente Enzo, com certeza um deles encontraria algo, qualquer
coisa, que pudesse nos apontar na direção certa.
Talvez algo da Monica...
Por mais que Aiden tenha dito que Monica Birch não estava
envolvida na morte de Selene, eu não conseguia afastar esse
sentimento, esse puxão quase instintivo em meu estômago que me
disse que ela estava longe de ser inocente em tudo isso.
E eu nunca fui de ignorar meus instintos.
O fogo ardia na lareira, mas não conseguia parar de tremer.
Fiquei me lembrando do escrutínio frio de Enzo, seus olhos cinzas
penetrando nos meus com -
Curiosidade?
Compaixão?
Suspeita?
Era impossível dizer, mas fez minha boca ficar seca e meu coração
bater mais rápido no meu peito.
Do que você tem tanto medo, Sienna?
O que você está preocupada que eles possam encontrar?
AIDEN
Eu assisti do canto enquanto meu companheiro continuava a olhar
fixamente para as chamas crepitantes.
Sienna parecia pálida, como se não tivesse dormido - o que era
absolutamente verdade. Seu cabelo vermelho normalmente glorioso
estava bagunçado e despenteado.
Ela ainda era a criatura mais forte e bonita que eu poderia
imaginar, mas eu podia ver o preço que enterrar Selene tinha cobrado
dela.
Nós mal tivemos a chance de discutir o que aconteceu com
Rowan...
Como se pudesse ler meus pensamentos, meu filho começou a se
debater violentamente durante o sono. Ele gritou, uma nota fina e
alta e eu corri até ele.
Os ombros magros de Rowan giraram para frente e para trás,
como se em seus sonhos ele estivesse tentando se afastar de alguém
que o atacava.
Sienna começou a se levantar de seu assento, mas eu fiz sinal para
ela se sentar antes de voltar para meu filho.
Corri minha mão sobre a testa franzida de Rowan e murmurei: —
Está tudo bem, Rowan. Eu estou bem aqui. Você não precisa ter
medo.
Repeti essas palavras calmantes em um tom baixo e, depois de
alguns momentos, os olhos do menino se abriram, verdes brilhantes
e se encheram de lágrimas.
— Papai! — Ele soluçou, puxando-me para ele e enterrando a
cabeça no meu ombro. — Eu sinto muito!
— Shhhh. Nada disso. Está tudo bem, — eu disse as mesmas
palavras que disse a meu filho centenas de vezes antes, depois de
uma centena de pesadelos.
Mas agora eu não tinha mais certeza se estava dizendo a verdade.
Do que Rowan tinha que se desculpar?
Rowan olhou para mim, e seus olhos estavam procurando as
minhas respostas. — A polícia está aqui para me levar embora?
Como ele sabe que a polícia está aqui!?
— Claro que não, Rowan.
— No meu sonho, a polícia veio me levar embora. Eu corri e corri,
mas eles disseram que eu fiz uma coisa ruim e tive que ir embora, —
seu rostinho desmoronou e ele começou a chorar.
— Rowan, olhe para mim, — eu disse com firmeza.
Relutantemente, ele puxou seu olhar de volta para encontrar o meu.
— Você não fez nada de errado, — continuei, — Absolutamente
nada. A polícia está aqui para descobrir quem feriu a tia Sellie. Eles
estão aqui para nos ajudar, — eu disse tudo isso com muito mais
convicção do que realmente sentia.
— E tudo minha culpa, — disse meu filho em um tom exausto e
quebrado que não tinha lugar vindo de uma criança de cinco anos.
As palavras me escaparam, então eu apenas passei meus braços
ao redor de Rowan e o segurei tão firmemente quanto pude.
NINA
Quando Cheguei em casa, fiquei surpresa ao encontrar a porta da
frente destrancada, e ainda mais surpresa quando abri a porta do
meu apartamento e de Jocelyn para encontrá-la sentada na mesa da
cozinha.
Ela não estava em casa desde que encontramos Jeremy no dia
seguinte à morte de Selene. Fui até ela imediatamente e me sentei à
mesa.
Ela não disse uma palavra, nem mesmo reconheceu minha
presença.
— Jocelyn? Ei... Joce, você está bem? — Eu perguntei, hesitante.
Ela estava sentada rigidamente na cadeira de madeira de respaldo
duro, como se temesse que quando relaxasse a tensão que mantinha
seu corpo ereto, ela se quebraria em mil pedaços.
Jocelyn se assustou um pouco, como se acabasse de perceber que
eu estava sentado ao lado dela.
Sem levantar os olhos, ela sussurrou em um tom monótono: —
Eles disseram que eu tinha que ir. — Quem disse que você tinha que
ir? Ir aonde?
— A polícia. Eles vieram para a Casa da Matilha. Eles disseram que
todos tinham que sair, exceto Aiden e Sienna. Implorei que me
deixassem ficar com Jeremy, mas eles disseram que um de seus
oficiais cuidaria dele. Então eu tive que voltar para casa.
Jocelyn disse tudo isso com aquela voz sem tom, como alguém
lendo notícias um tanto mundanas de um teleprompter defeituoso.
Eu tive que fazer algo. Algo para tirá-la desse torpor
— Jocelyn, — eu disse com firmeza, — Vamos para o banheiro.
Vou preparar um banho quente para você com todas as suas bolhas
e sais favoritos. Então, você vai entrar na banheira. Tá bom?
Ela assentiu mecanicamente, mas não fez menção de se levantar
de sua posição rígida à mesa.
Finalmente, eu peguei suas mãos e a puxei pelo corredor até o
banheiro.
No banheiro, abri a água ainda mais quente e acrescentei uma
xícara inteira de óleos com cheiro doce que Jocelyn geralmente
gostava de esfregar em seus membros longos e bronzeados.
Jocelyn se desgastava ajudando outras pessoas. Ela passou a vida
inteira curando todos ao seu redor, e muitas vezes se esquecia de
cuidar de si mesma.
Eu não posso fazer muito. Mas eu posso cuidar de Jocelyn.
No ambiente aconchegante do banheiro, ela pareceu acordar um
pouco e tirou o vestido preto amassado que usava desde o funeral.
Ela havia perdido peso.
Muito peso.
Jocelyn sempre foi esguia, mas agora seus braços eram muito
finos e suas bochechas pareciam encovadas e sombreadas.
Selene morreu há apenas três dias. Como ela mudou tanto em tão
pouco tempo?
Percebi que fazia muito mais tempo do que isso, talvez semanas,
desde que vi minha namorada nua. Essa sensação de torção no meu
estômago voltou.
Como eu não percebi que Jocelyn não estava comendo?
Por enquanto, eu tinha que fazer uma cara de corajosa. — Vamos
colocá-lo na banheira e talvez depois disso, possamos providenciar
algo para você comer! — Eu disse brilhantemente.
Jocelyn tentou o que poderia ser um sorriso, mas parecia mais
uma careta de dor.
Ela submergiu na água fumegante, e agora eu observei quando a
tensão finalmente começou a deixar seus ombros.
Ela soltou um suspiro longo e relaxado. Eu me permiti deixar
escapar um pequeno suspiro de alívio.
Um passo na direção certa.
— Quer que eu lave seu cabelo? — Eu perguntei, pegando a
garrafa, mas mal ousando ter esperança.
Durante anos, lavar o cabelo castanho de Jocelyn na altura da
cintura foi uma experiência sensual para nós duas.
Era algo que não aproveitávamos há mais tempo do que eu
gostaria de pensar.
— Mmmm, sim, por favor, — ela respondeu, olhos fechados e
pescoço embalado pela borda da banheira com pés.
Fiquei tão chocada que quase deixei cair o frasco de shampoo em
sua cabeça.
Eu estava quase vergonhosamente feliz por Jocelyn não poder ver
o sorriso de esperança de cachorrinho que se espalhou pelo meu
rosto.
Peguei um banquinho baixo de seu lugar embaixo da pia e
coloquei na beirada da banheira.
O vapor da água quente enchia o pequeno espaço, nublando os
espelhos e envolvendo a sala em uma nuvem espessa e nebulosa.
Levei um momento para tirar minha jaqueta, suéter e botas.
Vestindo apenas uma camiseta fina e jeans, sentei no banquinho e
coloquei um monte de xampu em minhas mãos.
Enquanto massageava o cabelo de Jocelyn com o gel de sabão,
esfreguei minhas unhas no couro cabeludo dela de uma forma que
sabia que ela amava.
Mal me atrevendo a respirar, eu deslizei meus dedos lentamente
por sua cabeça até o pescoço, mantendo uma pressão suave e
rítmica.
Enxugando a espuma do shampoo, dei um beijo suave em sua
têmpora. A pele era tão pálida que era quase translúcida.
Mudei minhas mãos para seus ombros, amassando os nós de
tensão que se aglomeravam sob a pele até que os senti se soltar e se
soltar.
Meu coração estava martelando no meu peito. Eu ansiava por
sentir Jocelyn me tocar em retorno. Ainda assim, eu sabia que não
era o momento certo.
O que Jocelyn precisava era de sono, comida e amor. Haveria
tempo para outras coisas, uma vez que aquele olhar assombrado
desaparecesse de seus olhos para sempre.
Além disso, ela está prestes a adormecer no banho, -observei
ironicamente. Os olhos de Jocelyn estavam fechados e ela respirava
profundamente.
— Joce, não posso deixar você desmaiar na banheira. Vamos te
levar para a cama.
Ainda sonolenta, Jocelyn se levantou da banheira e pisou na
toalha amarela de pelúcia que estendi para ela.
Ela saiu da banheira e se jogou em meus braços e, por um
momento glorioso, pude sentir o cheiro de seu cabelo recém-lavado
e me lembrar de tempos mais doces.
Ela se afastou e seus olhos castanhos claros estavam cheios de
ternura, mas também de exaustão.
— Vamos te levar para a cama, — eu repeti.
Em nosso quarto, Jocelyn deslizou para baixo de nosso cobertor
acolchoado grosso sem se preocupar em colocar o pijama. Eu cruzei
para a cama e coloquei os cobertores em volta dela.
Beijando-a suavemente na testa, fechei a porta e a deixei
descansar um pouco.
Antes de qualquer coisa, Jocelyn era uma curandeira.
Antes de ser uma amiga.
Uma namorada.
Um amante.
Ela era uma curandeira.
E ela mais uma vez foi confrontada com uma situação que estava
simplesmente além de sua habilidade, além da habilidade de —
qualquer um -de consertar.
Tudo que eu sei é que a última vez que Jocelyn foi confrontada com
uma situação impossível como esta, ela quase se destruiu.
Eu não posso deixar isso acontecer novamente.
Tem que haver algo que eu possa fazer.
Jocelyn era uma curandeira, mas agora eu precisava ser a única a
curá-la.
Eu tinha sido uma espiã uma vez, por motivos que ainda me
davam nojo de pensar.
Talvez eu pudesse me tomar uma espiã novamente, mas agora
seria para ajudar Jocelyn. Para ajudar minha Matilha.
Minha Matilha. Mesmo depois de cinco anos, as palavras ainda
ecoavam estranhamente em meus ouvidos.
Saí de casa e me transformei em loba.
Todos os meus pensamentos sombrios e de autocomiseração
fugiram da minha mente, substituídos pelo instinto claro e frio da
minha forma de loba.
Com o nariz no chão, fui na direção da Casa da Matilha.
Uma equipe inteira de especialistas examinou a cena do crime por
horas e eu não tinha certeza do que esperava encontrar.
Mas era muito melhor do que esperar, sem fazer nada, e assistir
Jocelyn cair no esquecimento mais uma vez.
SIENNA
Havíamos ficado confinados neste minúsculo quarto por quase
duas horas, e eu estava prestes a começar a derrubar as paredes com
minhas próprias garras.
Apenas a presença de Rowan, de olhos arregalados e silenciosa,
me impediu de causar estragos e escapar.
O fogo crepitante, antes uma presença tão viva na sala, agora
zombava de mim com seu calor alegre.
Eu tenho que sair daqui.
No momento em que eu estava pensando se poderia ou não
empunhar uma das lanças de caça ornamentais cruzadas acima do
manto, a porta da sala comunal se abriu.
Aiden e eu nos viramos, mas Rowan encolheu-se em seu assento
quando o agente Enzo entrou, flanqueado por dois policiais
uniformizados.
Meu companheiro estava ao meu lado em um instante — um
braço envolto protetoramente em volta da minha cintura. — Bem,
estamos livres para ir? — Ele perguntou.
Enzo sorriu, e lutei contra a vontade de revirar os olhos.
— Na verdade, a equipe forense acha que vai ficar aqui por um
bom tempo. Os terrenos da Casa da Matilha da Costa Leste são,
como você sabe, bastante extensos.
— Existem todos aqueles túneis secretos problemáticos e
esconderijos nos níveis do porão. E ainda nem começamos a busca
pela sua casa.
— Você nunca disse que iria revistar nossa casa! — Chorei. Eu não
conseguia suportar a ideia do oficial apalpando nossas vidas com
seus dedos insensíveis e indiferentes.
— Com que autoridade você vai revistar a casa do Alfa? — Meu
marido rosnou, dando um passo em direção ao detetive.
Eu balancei minha cabeça. Aiden ainda não tinha entendido. O DIT
tinha autoridade para fazer buscas em nossa casa. Eles tinham
autoridade para fazer praticamente o que quisessem de acordo com
a nova lei.
— Como eu disse antes, Sr. Norwood, — Enzo disse em voz alta,
— Sua companheira foi a última a ver a Sra. Mercer-Gibbs antes de
sua morte. Foi ela também quem descobriu o corpo da Sra. Mercer-
Gibbs.
— Gostaríamos que você ficasse aqui com seu filho adotivo,
enquanto levamos a Sra. Norwood até a delegacia para algumas
perguntas.
— E Mercer-Norwood, e você pode falar comigo já que estou aqui
bem aqui. — Eu assobiei com os dentes cerrados.
— Muito bem então, Sra. Mercer-Norwood. Você virá comigo.
Capítulo 19
CÓPIA DA TRANSCRIÇÃO DE DEPOIMENTO POLICIAL: 3 DE
DEZEMBRO
EXCERTO DA ENTREVISTA ENTRE O AGENTE ANTHONY ENZO E
SIENNA MERCER-NORWOOD
E: ESTA É UMA INTERROGAÇÃO NÃO OFICIAL, MAS É UMA
PRÁTICA PADRÃO GRAVAR QUALQUER COISA QUE ACONTECE NAS
SALAS DE INTERROGAÇÃO. VOCÊ CONCORDA COM A GRAVAÇÃO
DESTA CONVERSA SRA. NORWOOD?
S: SEU MERCER-NORWOOD, E SIM, CONCORDO.
E: SRA. MERCER-NORWOOD, JÁ ESTABELECEMOS QUE VOCÊ ERA
A ÚLTIMA, ALÉM DO SR. GIBBS, PARA FALAR COM OS MORTOS
ANTES DE SUA MORTE. O QUE VOCÊ E SELENE FALARAM SOBRE
ESSE DIA?
S: ESTÁVAMOS NO RIVERBANK COM OS NOSSOS FILHOS.
FALAMOS SOBRE ROWAN, VANESSA E RIO, BASICAMENTE.
E: VOCÊ DISCUTIU OS NEGÓCIOS DA MATILHA?
S: EU ACHO QUE NÃO... FALAMOS SOBRE O FESTIVAL?
E: O FESTIVAL DA FERTILIDADE QUE VOCÊ FINALMENTE
CONSEGUIU CANCELAR PARA ESTE ANO. FIQUEI FURIOSO COM A
NOTÍCIA. EU LI A RESPEITO NO MEU ESCRITÓRIO EM LUMEN.
S: QUE BOM PARA VOCÊ.
E: COMO SELENE SE SENTIU SOBRE O CANCELAMENTO DO
FESTIVAL? SEU MARIDO É O CONSELHO JURÍDICO DA MATILHA
AFINAL, OU PELO MENOS ERA. ISTO DEVE TER TORNADO A VIDA
DELA MUITO ESTRESSANTE.
S: SELENE É [PAUSA] ERA MINHA IRMÃ. ELA APOIOU MINHAS
DECISÕES.
E: MAS ELA NÃO ERA SUA IRMÃ DE VERDADE; ERA, SRA.
NORWOOD?
S: QUE COISA HORRÍVEL PARA DIZER! SELENE E EU CRESCEMOS
JUNTAS -
E: RESPONDA À PERGUNTA. ELA ERA SUA IRMÃ BIOLÓGICA?
S: COMO VOCÊ E O MUNDO INTEIRO SABE, FUI ADOTADA.
E: E CRESCENDO VOCÊ JÁ SE SE SENTIU UMA ESTRANHA EM SUA
FAMÍLIA?
S: NÃO. NUNCA! COMO EU ACABEI DE DIZER QUE FOMOS
CRIADOS JUNTAS. SELENE FOI MINHA MELHOR AMIGA DE TODA A
MINHA VIDA...
E: NÃO HÁ NECESSIDADE DE FAZER DRAMA.
S: VAI PARA O INFERNO.
E: E AGORA? COMO ESTÁ A RELAÇÃO ENTRE SUA FAMÍLIA
DEPOIS DA MORTE DE SUA IRMÃ?
S: O QUE ISSO TEM A VER?
E: SIENNA, ESTOU TENTANDO AJUDÁ-LA AQUI. NÃO POSSO
DESCOBRIR QUEM MATOU SUA IRMÃ SE VOCÊ NÃO COOPERAR
S: VOCÊ ME TIROU DO LADO DO MEU MARIDO E FILHO NO DIA
DO FUNERAL DA MINHA IRMÃ E AINDA ESPERA QUE EU COOPERE?
E: ESPERO QUE VOCÊ PARE DE FAZER PERGUNTAS E COMECE A
RESPONDER A MENOS QUE VOCÊ QUER QUE FIQUEMOS AQUI A
NOITE TODA.
[SILÊNCIO]
E: VAMOS VOLTAR PARA A SUA FAMÍLIA SRA. NORWOOD. SEU
FILHO ROWAN TAMBÉM É ADOTADO, SIM?
S: VOCÊ JÁ SABE A RESPOSTA A ESSA PERGUNTA, TAMBÉM. ISSO
NÃO TEM SENTIDO.
E: ROWAN É ADOTADO PORQUE VOCÊ É INCAPAZ DE TER
FILHOS?
S: JÁ CHEGA! POR QUE ESTOU AQUI? POR QUE VOCÊ NÃO ESTÁ
QUESTIONANDO MONICA BIRCH? ELA É QUE ESPALHA TODAS
ESTAS MENTIRAS. ELA AMEAÇOU MINHA FAMÍLIA ANTES!
E: JÁ QUESTIONAMOS A SRTA. BIRCH. ELA ESTAVA BASTANTE
DISPOSTA A COOPERAR CONOSCO APÓS OS EVENTOS DO FUNERAL
ONTEM. ELA TAMBÉM PODE NOS FORNECER UM ÁLIBI SÓLIDO
PARA O MOMENTO DA MORTE DA SRA. GIBBS.
S: ISSO NÃO É POSSÍVEL. SEI QUE ELA TEM ALGO A VER COM
TUDO ISSO. QUAL ERA SEU ÁLIBI?
E: SE QUER MESMO SABER, MS BIRCH OCASIONALMENTE
ENTREGOU UM VÍDEO COM TEMPO DE ELA ENTRANDO EM UM
BANCO QUINZE MINUTOS ANTES DA HORA APROXIMADA DA
MORTE.
S: MAS ISSO É APROXIMADO!
E: E PASSEIO DELA SAINDO DO EDIFÍCIO QUASE UMA HORA
DEPOIS.
[PAUSA LONGA]
E: FOI BASTANTE UMA CENA QUE SEU FILHO ADOTADO CAUSOU
NO FUNERAL ONTEM.
COMO SUA FAMÍLIA REAGIU AO SABER QUE ROWAN É [PAUSA]
INCOMUM?
S: DEIXE-O FORA DISSO!
Blog da Monica Birch
COMPANHEIRA DO ALFA LEVADA PELA POLÍCIA!
A comunidade Yapper explodiu nas primeiras horas da noite
passada quando Sienna Mercer-Norwood, companheira do Alfa
Aiden Norwood da Costa Leste, foi fotografada sendo ajudada a
subir na parte de trás de uma viatura policial!
Fontes internas nos dizem que Sienna, a primeira na cena do
terrível assassinato de sua irmã na semana passada, estava sendo
escoltada até a delegacia de polícia local para interrogatório.
Embora não possamos confirmar que a Sra. Norwood está presa,
certamente estaremos esperando por quaisquer novos
desenvolvimentos, pois este caso continua abalando a Matilha!
Aquela vadia.
Eu deveria saber que Monica Birch iria descobrir sobre Enzo
levando Sienna para a estação.
Primeiro o artigo sobre Rowan. Agora isso.
Ela pode não ter matado Selene. Mas eu ainda deveria ter rasgado
todo o escritório dela com minhas garras nuas quando tive a chance.
— JOSH! — Eu rugi em uma voz que eu sabia por experiência
anterior que podia ser ouvida por todo o caminho na ala leste da Casa
da Matilha.
Uma dor de cabeça já estava se formando em meu crânio.
Depois de alguns momentos, Josh irrompeu em meu escritório,
batendo a porta com força suficiente para sacudir a moldura.
— Sim, meu Alfa, — disse ele com os dentes cerrados. Seu rosto
estava vermelho como uma beterraba.
— Uau, Josh, você está bem? — Eu perguntei com preocupação
genuína. Meu Beta parecia estar a um fio de cabelo de perdê-lo
inteiramente.
— Eu estou bem, — ele sibilou, então inalou longa e
profundamente antes de continuar com uma voz mais calma, —
aquele bando de hienas sarnentas disfarçadas como um Esquadrão
de Caçadores destruiu meu escritório. Parece que uma bomba
explodiu lá.
Meu próprio escritório estava em um estado semelhante de
ruínas. As equipes que recolhem evidências não foram gentis em sua
varredura na Casa da Matilha, e eu já tinha recebido cinco
reclamações de outros lobos sobre propriedades destruídas.
— Por que você deixou um bando de humanos entrai- no terreno
em primeiro lugar, eu nunca vou entender parece que ficamos fracos
quando eles podem simplesmente entrar aqui e explorar o lugar! —
Josh continuou em um tom que era meio indignação, meio
choramingo.
Pressionei meus dedos na ponte do meu nariz. A dor surda em
minha cabeça estava se tomando menos um visitante e mais um
residente de longa data.
— Sim, a polícia é altamente inconveniente. Mas você sabe o que
atualmente estou achando mais problemático, Josh? E que pareço
me lembrar de contratar sua companheira como secretária de
imprensa da Matilha, e ainda assim, toda vez que desbloqueio meu
maldito celular, vejo outro artigo como este.
Viro o monitor do meu computador, que já foi atualizado, para
exibir mais uma manchete sinistra:
COMPANHEIRA DO ALFA SUSPEITA NA TERRÍVEL MORTE DA
IRMÃ
— Por favor, me explique como Michelle acha que isso é 'controlar
a situação da mídia'. Porque, a meu ver, esses blogueiros estão
piorando a cada dia!
— Bem, eles têm muito o que falar. A coisa no funeral ontem
— Não teve nada a ver com a morte de Selene, — eu rosnei.
Josh empalideceu. Ele sabia que tinha falado muito.
— Minhas desculpas, meu Alfa. Eu estava apenas dizendo que
controlar a mídia se tornou mais complicado desde o funeral.
— Monica Birch sempre operou com os níveis mais baixos de
integridade, e agora uma Matilha de blogueiros sedentos de sangue
está seguindo seu exemplo.
Nisso, pelo menos, meu Beta estava absolutamente correto. Eu
aprendi anos atrás que você não podia lutar contra a imprensa. —
Então o que você sugere? — Eu perguntei, inclinando-me para frente
e olhando para ele diretamente.
Sem hesitar, como se estivesse simplesmente esperando ser
convidado, Josh saltou para frente.
— Eu convocaria uma reunião de todo o conselho, — disse Josh,
— Traga Michelle aqui. E Gregory Singh. Tente puxar Jocelyn da
cabeceira de Jeremy. Por enquanto, temos que operar com um
conselho de matilha limitado, mas podemos pelo menos obter
todos-
— Certo. Combinado. E a sua reunião. Você a executa. Mas espero
que você encontre uma maneira de virar a maré dessa bagunça a
favor de Sienna.
— A favor do Matilha, — ele atirou de volta com uma sobrancelha
levantada.
— Quando você colocará na sua cabeça que o que é melhor para
Sienna é o que é melhor para a Matilha? — Suspirei pesadamente.
Por quanto tempo meu beta se permitiria ser ameaçado pela
minha companheira?
Eu não tinha tempo para lidar com as inseguranças de Josh agora.
Estar no comando de algo poderia ajudá-lo a fortalecer seu ego frágil.
— Junte todos. Você que manda, Beta.
JOSH
— Não acho que seja uma boa ideia...
— Talvez, em vez disso, pudéssemos tentar-
— Temos que pensar sobre o que é melhor para a Matilha
Ninguém ousaria interromper o Alfa durante uma reunião.
Eu cerrei meus dentes e cavei meus dedos um pouco mais fundo
na madeira escura do pódio.
Essa reunião durava menos de vinte minutos e estava
rapidamente se dissolvendo no caos.
Não ajudou que todos continuassem olhando para Aiden, que
estava parado de lado.
Ele estava de costas, e ele estava olhando fixamente pela janela
para o terreno perto de onde Selene foi morta.
Há quanto tempo Aiden Norwood e eu nos conhecemos, que ele
não pode me defender apenas uma vez?
Eu tinha convidado Gregory Singh, que estava digitando
ociosamente em seu celular. Ele mal disse uma palavra, mas pude
ver por sua postura atenta que ele estava ouvindo com atenção.
Jocelyn, Rhys e Nelson estavam todos esperando que o Alfa
assumisse, liderasse a reunião como ele sempre fizera.
Eles ainda não podiam ver o quão fraco ele havia se tomado.
— Acho que temos que lembrar que, apesar de Sienna estar na
delegacia, ela não foi acusada de nada.
— Nossa primeira prioridade é fortalecer a própria Matilha, para
mostrar a Matilha da Costa Leste em uma luz mais positiva, — eu
disse, tentando manter minha voz calma.
— Todos no Latter estão dizendo que Sienna foi presa.
— Todos nós sabemos que Sienna não fez nada para machucar
Selene.
— Não podemos simplesmente deixá-la lá para apodrecer.
Pelo amor de Deus, sobrou alguém em toda a Matilha que não
estava totalmente focado na maldita Sienna Norwood?
Apenas Michelle, minha linda companheira.
Ela estava atentamente empoleirada na beira de sua cadeira, seus
olhos fixos nos meus. Ela estava usando uma saia de couro vermelha
com uma fenda longa em um lado e, enquanto eu observava, ela
mudou sutilmente de posição, expondo o comprimento de uma coxa
cremosa.
Senti um arrepio percorrer minha espinha enquanto minha Bruma
ganhava vida. Michelle me lançou um sorriso sexy.
Mais tarde, eu a comeria aqui mesmo nas câmaras do conselho.
Mas primeiro, era hora de mostrar a esta Matilha que um Beta
poderia exigir respeito.
Peguei aquela faísca de Bruma e usei para incutir confiança em
minha voz.
— A primeira coisa a ser feita é fazer com que Sienna pareça mais
simpática para o mundo. No momento, tudo que se sabe é que sua
irmã está morta e houve um 'incidente' no funeral.
— Como nossa secretária de imprensa, acho que é do nosso
interesse que Michelle conceda uma entrevista para um desses blogs.
Todos os olhos estavam focados em mim — agora o poder da
Bruma estava correndo em minhas veias.
Eu me senti feliz, mas essa era a hora errada de ficar de pau duro.
Eu me ajustei, desconfortável atrás do pódio de madeira e
continuei.
Arrisquei uma olhada rápida para Aiden. Ele não tinha reagido de
forma alguma.
Ele está ouvindo?
Limpei a garganta e continuei: — Michelle pode falar como amiga
íntima e pessoal de Sienna. Ela pode ajudar a mídia a ver Sienna sob
uma luz melhor. Ela também pode...
Antes mesmo de terminar de falar, houve gritos de dissidência.
Eu levantei minhas mãos pedindo silêncio, mas eles me ignoraram.
Senti meu rosto esquentar.
Eles aprenderão a me respeitar
A pesada porta da sala de reuniões se abriu, interrompendo minha
linha de pensamento e fazendo com que os outros membros do
conselho pulassem em seus assentos.
Charlotte e Daniel Norwood entraram na sala como se fossem
seus donos.
Como de costume, o nariz de Charlotte estava tão alto que ela
corria o risco de morcegos voarem por suas narinas. Daniel estava
vestindo um temo de três peças de corte caro e uma expressão de
aborrecimento e dor.
Atrás deles, em saltos agulha afiados, veio uma mulher alta e bem-
vestida com pele morena reluzente.
Seu cabelo estava puxado para trás em um coque severo, e por
trás da armação estilosa de seus óculos, seus olhos castanhos
chocolate mostravam um desdém frio enquanto ela olhava ao redor
da sala cheia de lobos.
Então seus olhos se fixaram nos meus e seu lábio superior se
curvou em um sorriso inconfundível.
— Sente-se, filhote. Os adultos estão aqui, — A estranho disse em
uma voz gelada.
Capítulo 20
AIDEN
Como?
Como meus pais sempre conseguiam localizar o pior momento
exato para enfiar o nariz na minha vida? Para embalar a vida?
Estava começando a parecer uma espécie de superpotência
mutante. A incrível habilidade de se precipitar e tomar tudo cem
vezes pior.
Josh estava gaguejando de seu lugar na cabeceira da mesa
enquanto Charlotte e Daniel se acomodavam em duas cadeiras
vazias.
A mulher desconhecida que tinha entrado com eles prosseguiu
para a frente da câmara do conselho, onde encontrou o olhar furioso
de meu Beta com um de diversão distante.
Ela tinha uma pele de cor escura impecável e notei uma
semelhança imediata com Gregory Singh em seus grandes olhos
castanhos.
— Quem é você, hein? — Josh exigiu. Sem piscar, ela respondeu:
— Thanda Singh, advogada. Estou aqui para representar os
interesses da Matilha da Costa Leste, bem como da Sra.
Mercer-Norwood.
Thanda Singh falava com um sotaque cortante da Nova Inglaterra
que respingava influência e dinheiro antigo. Ela não se ofereceu para
apertar as mãos. Nem Josh.
— Thanda é nossa advogada pessoal, — minha mãe interrompeu.
— E minha filha mais nova, — acrescentou Gregory, confirmando
minhas suspeitas.
— Thanda se formou como melhor da turma na Cornell. Quando
entrei em contato com seu pai sobre a gravidade da situação em
curso, ele insistiu que Thanda fosse contratada para substituir
Jeremy Gibbs.
Como se ele fosse facilmente substituível.
Respirei fundo e cerrei os punhos, cravando as unhas com força
na carne das palmas das mãos até a onda de raiva passar.
Esforçando-me para esconder o fato de que estava apertando
minha mandíbula, me virei para o novo advogado.
— Infelizmente, — eu disse, — a autoridade para contratá-lo não
está com meu pai. Ou seu pai. Eu sou o Alfa desta Matilha. Não vou
permitir que você enfraqueça minha autoridade interrompendo esta
reunião por mais um momento.
Fiz um gesto em direção à porta aberta, esperando que pela
primeira vez pudesse ser tão fácil.
— Se você me permitir a oportunidade, Alfa Norwood, acredito
que posso ser de uma utilidade valiosa para você neste momento
crítico.
Thanda encontrou meus olhos pela primeira vez e pude ver
imediatamente por que sua presença irritou Josh tanto.
Ela era definitivamente uma dominante.
O que quer que ela fosse além disso, ainda era um mistério.
Thanda continuou falando no mesmo tom: — Principalmente
quando se trata de fazer com que Sienna volte para casa
imediatamente para ficar com sua família.
Isso chamou minha atenção.
Sienna tinha partido há apenas algumas horas e parecia que todo
o meu mundo estava desmoronando.
Eu não posso lidar com tudo isso sozinho. Eu preciso da minha
companheira.
— Tudo bem, — eu rebati. — Você fica. Mãe, pai. Precisamos
conversar em particular.
JOCELYN
Todos nós ouvimos os gritos abafados vindos do corredor
enquanto Aiden discutia com seus pais sobre o que era melhor para
a Matilha.
Eu verifiquei meu celular.
Sete novas mensagens de Nina.
Nina: Onde você está?
Nina: Você conseguiu algo para comer pelo menos?
Nina: Quer que eu leve algo para você aí na Casa?
Nina: Eu poderia pegar uma pizza...
Nina: Ou sushi do nosso lugar favorito!
Nina: Jocelyn...?
Nina: Gostaria que você falasse comigo.
Eu gostaria de poder falar com minha namorada também, mas eu
simplesmente não conseguia fingir interesse em comida ou dormir.
Não quando havia tanto que eu poderia potencialmente estar
fazendo para ajudar meu paciente.
Acordei algumas horas depois de adormecer em casa e
imediatamente voltei para a Casa da Matilha.
A equipe forense do DIT havia terminado sua investigação da sala
médica e do laboratório no porão, e eu pude voltar para o lado de
Jeremy.
Limpei todas as minhas notificações e coloquei meu celular de
volta na minha bolsa. Já haviam se passado quarenta e cinco minutos
desde que cheguei às câmaras do conselho, e a reunião nem tinha
começado.
Como muitos dos meus esforços ultimamente, isso foi uma total
perda de tempo.
Era como se eu estivesse gastando toda a minha energia subindo
uma colina que ficava cada vez mais íngreme quanto mais eu corria.
Nina achava que eu corria o risco de me perder de novo.
Todos pensaram que eu estava apenas fazendo uma vigília no leito
de morte.
Ninguém queria ver a verdade.
Estou mais forte agora. Posso ver coisas que não via antes.
Jeremy não tinha recuperado a consciência desde a noite em que
atacou Aiden e Sienna sem pensar na floresta.
Depois do caos e da confusão causados pelos investigadores do
DIT, eu precisava encontrar um lugar mais silencioso para continuar
procurando o espírito de Jeremy.
Ele estava agora em uma das camas de enfermagem nos níveis
mais baixos do Casa da Matilha.
Sua respiração estava se tomando cada vez mais superficial
enquanto o vínculo eterno entre companheiros lentamente o levava
deste mundo para o próximo.
Às vezes, em momentos de silêncio, era como se eu pudesse sentir
o espírito de Jeremy correndo por seu corpo.
Quase como se estivesse pairando logo abaixo da superfície,
esperando a chance de se libertar e se juntar a sua companheira.
Eu não poderia deixar isso acontecer.
Jeremy e eu nos conhecíamos desde sempre. Eu ajudei no parto
de suas filhas.
O pensamento de suas filhas de repente órfãs era mais do que eu
poderia suportar.
Eu passei horas na biblioteca nos últimos dias, vasculhando os
arquivos da curandeira procurando por tudo e qualquer coisa que
pudesse lançar alguns como laços de acasalamento.
Passei ainda mais horas meditando, tentando ver se conseguia
encontrar uma maneira de meu espírito falar com o dele.
Na maioria das vezes, não havia nada além de escuridão enquanto
eu procurava em sua mente.
Mas, uma ou duas vezes, tive certeza de ter sentido algo piscando
ali, algum eco distante ressoando em minha consciência.
Não era muito, mas era o suficiente para que eu não desistisse
ainda.
Eu olhei ao redor da sala de conferências. Josh estava furioso. Meu
coração estava com ele, mas eu sabia que se tentasse confortá-lo,
isso só pioraria as coisas.
A bela e jovem advogada, Thanda, ocupou o lugar de Josh na
cabeceira da mesa.
Ela se sentou na grande cadeira de couro, cheia de expectativas,
ignorando os olhares de Josh e silenciosamente esperando que Aiden
retomasse para que a reunião pudesse continuar.
Seu pai, Gregory, digitou uma mensagem em seu celular com um
olhar de concentração suprema.
Michelle também observava Thanda, e sua energia era de ciúme
ao observar as roupas de corte requintado da outra mulher.
Todos os presentes, até Rhys e Nelson, tinham mais experiência
em lidar com a imprensa do que eu.
E todos aqui sabiam mais do que eu sobre as questões jurídicas
em torno do Esquadrão de Caçadores.
Meus talentos eram um desperdício naquela sala. Eu me levantei
para sair.
— Aonde você vai? — Rhys perguntou com um olhar preocupado.
— Eu preciso checar meu paciente. Se algo importante precisar da
minha atenção, por favor, venha me chamar. Mas preciso estar com
Jeremy agora.
— Jocelyn... não há nada que você possa fazer por ele, — disse
Rhys, com a sobrancelha franzida. — Você sabe disso, certo?
Bem, eu não vou chegar mais perto de ajudar Jeremy sentada
nesta sala de conferências.
— Sim, claro, — respondi com um sorriso.
AIDEN
Eu estava no corredor, tentando argumentar com meus pais,
quando vi Jocelyn tentando escapar das câmaras do conselho e
descer o corredor.
Eu queria chamá-la, mas ela parecia tão cansada e abatida que eu
não queria impedi-la dos deveres de cura que eu sabia que ela
valorizava acima de tudo.
Em vez disso, voltei-me para Charlotte.
— Vou ouvir o que Thanda tem a dizer antes de tomar qualquer
decisão final sobre contratá-la ou não, — eu disse: — Mas você não
pode ficar aqui e continuar agindo como se se importasse. Você virou
as costas para esta matilha há muito tempo.
— É tudo o que pedimos, querido, — disse minha mãe,
perfeitamente calma agora que sentia que havia marcado um ponto
a seu favor.
— E eu o aconselharia a ouvir com atenção qualquer conselho que
Gregory Singh lhe der, filho. Afinal, ele era meu Beta, antigamente.
— Ele ainda tem uma tremenda influência dentro dos círculos
mais conservadores da Matilha, — meu pai acrescentou, limpando
uma partícula invisível de poeira da lapela de seu temo caro.
— Eu sei, pai. Acredite em mim, você deixou esse ponto bem claro.
Suspirei. Isso não estava nos levando a lugar nenhum.
Se Gregory Singh é tão importante para ele...
Se as opiniões de Gregory Singh fossem muito mais importantes
do que as minhas...
— Vou permitir que Gregory participe das reuniões do conselho
até que esta situação com a morte de Selene seja resolvida, e o
Agente Enzo volte para Lumen, onde ele pertence, — eu concedi,
mais para encerrar essa conversa do que qualquer outra coisa.
E, com sorte, essa investigação terminaria em breve. Eu me
perguntei novamente como Sienna estava se saindo com o
questionamento do Agente Enzo.
Minha companheira tinha um coração ardente, mas os eventos da
semana passada a deixaram abalada. Eu precisava tirá-la de lá o mais
rápido possível.
— Voltem para o hotel de vocês. Deixe-me voltar a esta reunião
para que possamos limpar essa bagunça.
— Boa sorte, — disse minha mãe, incapaz de resistir à tentação de
revirar os olhos.
Juntos, meus pais caminharam pelo corredor. Deixando-me agora
diante de uma sala cheia de pessoas em quem eu não tinha certeza
se podia confiar.
Josh ainda era meu melhor amigo e aliado, mas nem sempre se
podia confiar nele para pensar racionalmente.
Sua companheira sempre serviria primeiro a seus próprios
interesses.
Assim como Gregory.
Nelson e Rhys eram meus amigos há anos, mas nunca tínhamos
sido próximos e, recentemente, eles pareciam cada vez mais
estranhos.
E havia muitas cadeiras vazias ao redor da mesa.
Jeremy.
Jocelyn.
Sienna.
Todas as pessoas que eu havia procurado anteriormente em busca
de conselho não conseguiam me aconselhar agora.
Entrei e fechei a porta com um baque. — Você, — eu disse,
acenando com a cabeça para Thanda Singh, — Você tem um minuto
para me explicar por que eu deveria contratá-la como advogada
temporária da Matilha.
Seus olhos castanhos escuros penetraram nos meus novamente,
e eu senti um arrepio involuntário com a falta de emoção que
encontrei lá.
— Eu faço seu amor voltar pra casa em uma hora.
SIENNA
— Você diria que sua irmã tinha um relacionamento próximo com
seu sobrinho adotivo? — O agente Enzo tossiu e tamborilou as unhas
no metal duro da mesa da sala de entrevista.
— Eu respondi a essa pergunta três vezes, Agente Enzo.
— Estamos aqui há nove horas. Eu gostaria de ir para casa. —
Tentei manter minha voz o mais calma possível, mas estava se
tomando cada vez mais difícil.
Enzo tinha feito as mesmas perguntas de maneiras ligeiramente
diferentes durante a maior parte de nossa entrevista.
Tudo levou de volta a mim, meu relacionamento com Selene, com
meus pais, com Jeremy.
Com Rowan.
Quanto mais eu tentava manter meu filho fora da conversa, mais
Enzo parecia decidido a arrastá-lo de volta.
Sua insistência em se referir a Rowan como meu filho adotado,
como o sobrinho adotivo de Selene me fez desejar rasgar seu rosto
áspero em pedaços.
Não ajudou o fato de ele ter consumido café suficiente nas últimas
nove horas para abastecer um pequeno avião.
Enzo estava se tomando cada vez mais nervoso e repetitivo. E eu
estava perigosamente perto de perder minha paciência.
— Você pode ir para casa quando quiser, Sra. Norwood. Como eu
disse antes, esta é uma entrevista não oficial. Você está livre para sair
quando quiser, — disse o agente.
Agora seu tom mudou para um profundo pesar: — Infelizmente,
se você decidir encerrar nossa entrevista antes que eu sinta que
todas as minhas perguntas foram respondidas, temo que terei que
ligar para os Serviços de Proteção à Criança.
— Afinal, precisamos garantir que seu filho esteja em um
ambiente seguro e estável.
Sua voz poderia estar cheia de preocupação, mas seus olhos eram
de uma pederneira cinza quando encontraram os meus.
Minhas garras, que estavam coçando para romper minha pele, de
repente encolheram quando o significado das palavras de Enzo foi
absorvido.
— O que você está dizendo? — Eu perguntei surpresa.
— Absolutamente nada, Sra. Norwood. Nada que precise se tomar
um problema se você não quiser.
— Como eu estava perguntando, como era o relacionamento de
seu filho adotado com a tia? — Enzo se recostou na cadeira,
esperando pacientemente minha resposta.
Eu congelei.
Imaginei meu filho chorando enquanto era arrastado para fora de
sua casa por uma assistente social indiferente.
Um peso frio e pesado de medo caiu em meu estômago.
Eu estava presa.
Capítulo 21
SIENNA
Depois daquela primeira — sugestão, — Enzo não falou em ligar
para o Serviço de Proteção à Criança novamente.
Ele não precisava, e nós dois sabíamos disso.
Depois de mais duas horas de idas e vindas, a hostilidade na sala
de interrogatório atingiu tal intensidade que, em algum momento,
ambos alcançamos algum tipo de calma surreal e furiosa.
Nossa sessão de perguntas e respostas começou a parecer cada
vez mais com uma luta de boxe, com Enzo buscando qualquer
abertura em potencial e eu constantemente girando, tentando evitar
que ele se aproximasse demais.
Foi uma batalha. Entre uma mamãe loba encurralada em um
canto e o bastardo que havia ameaçado seu filhote.
— Por que você esperou tanto antes de denunciar a morte da sua
irmã?
— Eu não sei. Eu não percebi quanto tempo havia passado.
— Por que você perturbou a cena do crime?
— Eu não estava pensando em uma cena de crime. Eu estava
pensando na minha irmã.
— Você costuma ter um desprezo tão descuidado pela lei, Sra.
Norwood?
— Eu sempre tentei seguir o...
Sem aviso, a porta fina de alumínio da sala de entrevista se abriu
com força suficiente para que eu pulasse cerca de trinta centímetros
no ar.
Uma mulher alta e impecavelmente vestida, alguns anos mais
velha do que eu, estava parada na porta, olhando para o Agente Enzo
com frio desprezo.
— Quem é você? — Ele gritou, respirando uma nuvem de café na
direção da estranha, que franziu o nariz em desgosto.
Ela o ignorou totalmente e, em vez disso, falou diretamente para
mim.
— Sra. Mercer-Norwood? Meu nome é Thanda Singh. Seu
companheiro me contratou como advogada interina da Matilha. O
que me toma sua advogada.
— Agora, por favor, venha comigo, estamos saindo. Presumo que
esteja tudo bem para você, Agente Enzo?
Agora o tom de Thanda estava cheio de doçura ácida. — Afinal,
você segurou minha cliente por quase doze horas para um simples
interrogatório 'não oficial'.
— Isso é altamente incomum, você não diria? A menos, é claro,
que você tenha uma ordem judicial justificando por que está
mantendo minha cliente aqui por um período desnecessariamente
longo?
As bochechas de Enzo coraram. — Sim, bem, acho que podemos
parar por aí esta noite, certo, Sra. Norwood?
— E Mercer-Norwood, — Thanda respondeu sem perder o ritmo.
Lutei para esconder meu sorriso de satisfação enquanto a observava
arquear uma sobrancelha condescendente em direção ao detetive
derrotado.
— Claro. Sra. Mercer-Norwood, — ele disse para mim, sua voz
pingando com falsa sinceridade, — Certifique-se de nos avisar caso
tenha planos de deixar a cidade. Compreende?
— Perfeitamente, — eu disse, tentando e provavelmente falhando
em corresponder ao comportamento imparcial de Thanda.
Provavelmente ajudou o fato de Thanda estar vestida da cabeça
aos pés com Marc Jacobs e, ao contrário de mim, tinha tomado
banho em algum momento nas últimas trinta horas.
Juntas, minha nova advogada e eu navegamos para fora da
delegacia com nossas cabeças erguidas como imperatrizes.
— Isso foi incrível, — eu disse, lançando um olhar em sua direção.
Ela não encontrou meu olhar, mas o mais leve traço de um sorriso
apareceu no canto da boca de Thanda.
— Sim, — disse ela ironicamente, — foi.
***
Sienna
ESTOU LIVRE!
Aiden
Você está bem?
Sienna
Estou fedorenta e cansada, mas estou bem.
Sienna
Obrigada pela advogada! Quem é ela?
Aiden
A advogada dos meus pais. E a filha de Gregory.
Sienna
Sienna
Você confia nela?
Aiden
Agora, acho que precisamos dela.
Aiden
Onde você está?
Sienna
Com Thanda. Ela está me levando para casa.
Sienna
Então eu acho que ela está voltando para a Casa da Matilha
Sienna: Onde está Rowan?
Aiden: Jardim de infância. Melissa deve pegá-lo às 4
Sienna: Por que eu não tomo banho e vou buscá-lo?
Sienna: Podemos encontrar você em casa.
Aiden: Tem certeza que não prefere tirar uma soneca?
Sienna: Não, estou muito ligada para dormir.
Sienna: Vou buscar Rowan e vejo você no jantar!
Sienna: Eu te amo, Aiden.
Aiden: Eu também te amo, ruivinha.
Eu não queria dizer a Aiden que por — muito ligada para dormir,
— eu realmente quis dizer — prestes a ter um ataque de ansiedade.
Assim que me soltei do banco do passageiro do reluzente Lexus
prateado de Thanda Singh, a adrenalina que me mantivera alerta nas
últimas doze horas sob o interrogatório do agente Enzo de repente
evaporou.
Agora, sozinha no quintal cercado de minha casa, comecei a
tremer incontrolavelmente.
Meu estômago se contraiu e se contorceu, lembrando-me que eu
não comia nada há quase vinte e quatro horas.
Pelo menos a imprensa não conseguiria me encontrar ali.
O sol da tarde parecia horrivelmente forte depois das luzes
fluorescentes da delegacia de polícia.
Dentro da minha casa, a desordem cotidiana de nossas vidas foi o
suficiente para me levar às lágrimas. Tirei os sapatos e tirei meu
vestido preto manchado de suor bem no meio do saguão.
Segurei o tecido macio em minhas mãos por um momento,
engolindo uma onda intensa de tristeza.
Selene nunca me perdoaria se eu apenas amasse o vestido que ela
desenhou e o jogasse no canto.
Eu não queria trazer a memória daquela sala de interrogatório
suja mais para dentro da casa do que o absolutamente necessário,
então me contentei em pendurar o vestido do funeral no armário da
frente.
Minha pele parecia estar coberta de sujeira, e eu me dirigi para o
chuveiro, livrando-me do meu sutiã e calcinha sujos ao longo do
caminho.
Tentei evitar me olhar no espelho do banheiro, mas vi o suficiente
para saber que meu cabelo parecia uma árvore para onde uma
família de esquilos havia se mudado recentemente.
Uma vez debaixo da água quente, tentei lutar contra minhas
lágrimas de exaustão, mas elas correram pelo meu rosto e se
misturaram com a água do chuveiro.
***
Quarenta minutos depois, eu me senti pelo menos um pouco
melhor enquanto dirigia até a frente de tijolos vermelhos do jardim
de infância de Rowan.
Eu estava mais limpo de qualquer maneira. Eu rapidamente puxei
meu longo cabelo ruivo para trás em uma trança e coloquei uma
calça jeans e meu moletom enorme favorito.
Estacionei o carro e caminhei até a cerca de arame que cercava o
playground. Eu vi meu filho brincando sob o sol forte de dezembro.
Rowan e seu amigo Amir, filho de Nelson, estavam movendo
metodicamente uma série colorida de caminhões de plástico de um
lado da caixa de areia para o outro.
Sua língua saiu do lado da boca enquanto ele se concentrava em
alinhar todos os caminhões em uma fileira.
Então eu observei quando ele parou para admirar seu trabalho.
Ele se inclinou para trás e colocou as duas mãos atrás da cabeça em
um gesto que era o espelho exato de Aiden.
Uma sensação estranha cresceu dentro de mim enquanto
observava Rowan brincando inocentemente na areia.
Um sentimento que era em partes iguais: amor feroz e medo
corrosivo.
Foi algo que experimentei com frequência desde que me tomei
mãe.
Amor por meu filho, que poderia desfrutar de uma tarde
ensolarada de outono sem se preocupar com o mundo.
Medo de que sua infância despreocupada terminasse muito
rapidamente.
Essas duas emoções poderosas estavam agora misturadas com
uma nova compreensão...
Que meu filho estava abrigando um grande e terrível poder.
NINA
Depois de quatro horas de Jocelyn não retomando minhas várias
ligações e mensagens de texto, eu decidi ir para a Casa da Matilha.
Minha esperança era convencer minha namorada a comer alguma
coisa, então coloquei uma caixa de seus biscoitos de chocolate
duplos favoritos na minha bolsa.
Ele bateu fortemente contra minha coxa quando me aproximei da
Casa da Matilha. Decidi verificar seu escritório na ala leste primeiro.
Se a reunião tivesse demorado muito, ela ainda poderia estar lá.
Além disso, posso ouvir algo útil.
Há muito tempo, aprendi a andar de uma maneira que não atraía
atenção.
O truque era parecer que você pertencia, mas não era digno de
nota.
Você ficaria surpreso com a quantidade de lugares em que
consegui entrar apenas carregando um grande conjunto de chaves
tilintantes.
Ou um esfregão e um balde.
Os olhos das pessoas simplesmente saltam para fora de você se
pensarem que você é — um dos ajudantes.
A maioria da Matilha sabia de mim, como sabiam que Jocelyn
tinha uma namorada chamada Nina, mas eu tentei ficar fora da Casa
da Matilha tanto quanto possível ao longo dos anos.
Eu participava de várias funções da Matilha de vez em quando,
mas no geral, ninguém realmente me conhecia.
Isso também foi uma vantagem quando me virei e subi as escadas
e desci o longo corredor que abrigava os oficiais do Conselho
Superior.
Mesmo depois de ser perdoada por Aiden e acolhida pela Matilha,
eu sempre podia ver os pensamentos dançando nos olhos dos
membros de alto escalão da Matilha quando eles percebiam quem
eu era.
A ladina.
A Ômega.
A estranha.
A única pessoa que eu realmente esperava não encontrar era Josh,
que ainda não tinha deixado de me tratar com a maior hostilidade.
Havia uma porta marcada Manutenção em um lado do corredor.
Por favor, esteja aberta.
A maçaneta girou facilmente em minha mão. Soltei um suspiro de
alívio e rapidamente entrei no armário do zelador.
Fechei a porta atrás de mim.
Um minuto depois, verifiquei se a barra estava limpa antes de sair
da pequena sala. Desta vez, eu estava com um avental de borracha e
um frasco de limpador de vidros.
Carregando essas armas formidáveis, eu me dirigi para a câmara
do conselho principal, mantendo minha cabeça baixa e meus olhos
desviados.
Parecia que a sorte estava comigo duas vezes.
Vozes vinham da sala de conferências.
Eu rastejei o mais perto que ousei da porta aberta, tomando
cuidado para manter minha postura solta e natural.
Como se toda governanta passasse seus dias se escondendo atrás
de portas.
— Eu não concordei com isso. Parece haver muitas coisas que você
falhou em me dizer antes de eu voar para cá, — uma voz de mulher
disse em um sussurro abafado.
— As coisas ficaram um pouco mais complicadas, mas no final das
contas a situação permanece inalterada, — respondeu uma voz
masculina.
A mulher então disse algo que não pude ouvir direito, e o homem
respondeu com a mesma calma. Eu fui capaz de distinguir as palavras
sibiladas, — As coisas estão em movimento — antes de uma mão
pesada cair no meu ombro.
Cada instinto do meu corpo me disse para gritar e esmagar meu
atacante com a garrafa de desinfetante, mas de alguma forma eu
lutei contra o pânico e me virei para ver Aiden Norwood olhando
para mim com um olhar de profunda confusão.
Tive que agir rápido e rezar para que Aiden me acompanhasse.
Eu levei um dedo aos lábios e gesticulei em direção às câmaras do
conselho.
O Alfa era muitas coisas, mas devagar não era uma delas. Ele
acenou com a cabeça uma vez e entrou na sala de reuniões como se
fosse o dono.
Se bem que ele meio que era.
— Gregory! — Ele explodiu com uma voz surpresa. — Thanda! O
que vocês dois ainda estão fazendo aqui? Você está impedindo a
equipe de cumprir suas obrigações!
Essa foi a minha deixa.
De cabeça baixa, olhos desviados, entrei atrás de Aiden.
Um homem mais velho e uma mulher de cerca de trinta e cinco
anos, para quem não dei uma boa olhada, estavam parados no canto
da câmara do conselho.
Pelo que eu poderia dizer, eles tinham olhos castanhos escuros e
pele cor de oliva semelhantes, então presumi que fossem parentes.
Como eu esperava, eles olharam para mim e imediatamente me
rejeitaram como indigna de reconhecimento.
Em vez disso, o homem se virou para Aiden, — Desculpe por
manter sua equipe esperando. Thanda e eu esperamos ter uma
conversa particular com você para discutir o que podemos esperar
que aconteça nos próximos dias.
— Claro, — disse Aiden com um aceno de cabeça, — Se você
quiser esperar por mim no meu escritório, estarei com você em
apenas um momento.
Assim que eles avançaram pelo corredor e fora do alcance da voz,
ele se virou para mim.
— Não tenho tempo para perguntar o que você está fazendo aqui
ou por que está se passando por faxineira, — disse ele. — Basta
responder a uma pergunta, posso confiar em você?
Eu balancei a cabeça com firmeza, — Com certeza, Alfa.
— Espero que sim. Não pareço ter muitos amigos entre os meus
hoje em dia... — Aiden parou de falar.
Então seu tom ficou sério. — Tome cuidado. Se você for pega, não
sei se posso protegê-la.
Eu balancei a cabeça novamente e dei a ele um sorriso sombrio.
— Eu entendo.
SIENNA
Passei os próximos trinta minutos apenas assistindo Rowan jogar.
Ele não me viu, tão absorto estava em todas as coisas fascinantes que
o mundo tinha para mostrar a ele.
Sua professora, a Srta. Gillespie, era uma jovem com cabelos loiros
cor de mel e um sorriso charmoso e sem dentes.
Eu a vi sair da escola e começar a andar em minha direção,
carregando uma das grandes pastas de papel manilha que os
professores costumavam usar para guardar as obras de arte dos
alunos.
Meu sorriso inicial de saudação morreu em meus lábios quando
percebi a postura tensa da Srta.
Gillespie e a maneira como ela movia os lábios como se estivesse
falando sozinha.
Eu imediatamente presumi o pior.
— O que há de errado com Rowan? — Eu perguntei em uma
respiração rápida. Olhei de volta para meu filho, que ainda estava
brincando baixinho na caixa de areia.
— Nada! — Ela foi rápida em responder, mas então hesitou,
claramente desconfortável.
— Tivemos uma sessão de desenho livre hoje, — ela continuou, —
Eu estava... incomodada com alguns dos desenhos que Rowan fez.
Também assustou algumas das outras crianças, — a professora
finalmente conseguiu dizer.
Ela me entregou a pasta de papel manilha e eu a peguei com a
mão trêmula.
Eu olhei para os desenhos de Rowan, e então minha mão foi para
minha boca enquanto uma das fotos flutuava lentamente na grama.
Em violentos tons de vermelho e preto, Rowan desenhou Selene.
Ou melhor, ele havia desenhado a cena da morte de Selene.
Em detalhes impressionantes e com um grau de controle que
nenhuma criança de cinco anos poderia possuir.
O gramado.
A balaustrada de mármore.
O corpo quebrado no centro.
Ele havia desenhado o assassinato de Selene como se ele mesmo
o tivesse visto.
Capítulo 22
SIENNA
Às cinco e meia da manhã seguinte, desisti de fingir que ia dormir
mais.
O mais silenciosamente que pude, tentando não perturbar o
ronco suave de Aiden do outro lado da cama, levantei-me e caminhei
suavemente para a cozinha.
O céu ainda estava negro como carvão, o sol estava a horas de
nascer. Decidi fazer uma xícara de chá quente para acalmar meus
nervos.
Enquanto colocava a chaleira no fogo e classificava os vários
sabores de chá, pensei novamente nos desenhos que a professora de
Rowan havia me mostrado.
Eu os tinha escondido em uma caixa de materiais de costura que
nenhum de nós tocava há anos, e fui agora e peguei a caixa no
armário do corredor.
Furtivamente, ouvindo atentamente os passos que vinham pelo
corredor, tirei os desenhos da caixa e os estudei novamente.
De alguma forma, usando nada além de giz de cera, Rowan havia
retratado Selene exatamente como eu a havia encontrado naquela
tarde, uma semana atrás. Ele foi desenhado como se fosse de cima,
mas eu podia ver claramente os degraus de pedra, os vidros
quebrados, as partes de madeira dos andaimes de construção.
O pescoço de Selene estava dobrado em um ângulo obsceno. Seus
olhos eram marcas negras.
Isso era impossível.
Tínhamos sido meticulosos em evitar que Rowan visse a
enxurrada constante de mídia em torno da morte de sua tia.
Nunca tínhamos contado a ele exatamente como ela morreu.
Era impossível para meu filho ter a menor ideia de como era o
corpo de Selene.
Muito menos desenhá-lo com detalhes surpreendentes.
A chaleira começou a assobiar e corri para desligar o fogão antes
que o barulho acordasse alguém.
Eu queria dizer a Aiden. Eu deveria ter contado a ele no segundo
em que cheguei em casa com Rowan, mas as coisas estavam tão
complicadas agora que eu não podia suportar sobrecarregá-lo com
mais uma preocupação.
Isso não é nada.
Rowan ouviu alguém falando sobre a cena do crime de Selene e
sua imaginação preencheu os detalhes.
Desenhar era uma forma natural de as crianças expressarem suas
emoções. Rowan estava simplesmente triste e assustado com a
perda de sua única tia.
Isso não é nada.
Impulsivamente, segurei os desenhos com as duas mãos. Eu os
rasguei ao meio, depois ao meio novamente.
Eu rasguei até que a arte de Rowan não fosse nada mais do que
confete vermelho e preto que se espalhava pela pia.
Ligando o triturador de lixo, derramei a água quente na pia até
que cada pedaço de papel fosse lavado e sumisse de vista.
Isso não é nada.
Talvez, se eu dissesse isso várias vezes, pudesse me convencer de
que era verdade.
Erica: Oi, gente! Isso vai soar meio estranho, mas preciso da sua
ajuda
Michelle: O que está acontecendo?
Mia: É, o que foi?
Erica: Você se lembra daquele cara do Halloween? Troy?
Michelle: Não, mas você tem que nos lembrar de todos os seus
namorados??
Mia: Cale a boca Michelle.
Mia: Eu me lembro dele. Que que tem?
Erica: Ele toca baixo nessa banda.
Erica: Eles vão se apresentar em um bar no centro esta noite...
Michelle: E...?
Erica: E eu esperava que vocês viessem comigo.
Erica: Eu sei que é muito cedo...
Erica: mas eu prometi que estaria lá e seria ótimo se fosse com as
minhas migas...
Mia: Erica, claro que vou com você
Mia: Harry está aqui para cuidar das crianças.
Mia: Esta semana foi horrível.
Mia: Não sei vocês, mas preciso de uma distração.
Erica: Tem certeza Mia?? Não é muito cedo?
Michelle: Concordo com a Mia.
Michelle: Selene não iria querer que a gente ficasse sentada
chorando.
Michelle: Ela gostaria que a gente saísse e fosse feliz.
Erica: Uau. Obrigado Michelle.
Michelle: Noite das mães!
Erica: Vou soltar um alfinete.
Erica: A banda dele continua às onze. Quero me encontrar às 10
Mia: Legal. Vejo vocês hoje à noite!
Erica: Sienna, eu entendo perfeitamente se você quiser ficar de
fora.
Mia: Sim, querida. Não tem presas pra decidir.
Michelle: Mas se quiser sair, adoraríamos ver você!!!
Eu gemi enquanto olhava para a sequência de mensagens que
tinha chegado no início desta tarde.
Eu ainda estava na cama, tendo passado a maior parte do dia
dormindo em um esforço para compensar todas as reviravoltas da
noite anterior.
Aiden bateu na porta antes de abrir uma fresta e enfiar a cabeça
para dentro.
— Olá, Bela Adormecida, — ele disse com um sorriso, — você
perdeu o jantar. Pedimos pizza. Com azeitonas pretas e cebolas
extras, porque nosso filho é estranho.
Ele fez uma careta ao dizer as palavras em voz alta.
E ele nem sabia toda a verdade.
— O que está acontecendo com as meninas? — Ele perguntou,
apontando para o meu celular.
— Ah, não é nada. Erica tem um encontro. Ela convidou Mia e
Michelle para assistir o cara tocar em uma banda no centro da cidade,
— respondi, desligando meu celular e colocando-o embaixo do
travesseiro.
— E elas não te convidaram? — Ele veio e se sentou ao meu lado
na cama.
— Elas me convidaram, mas Aiden, eu não posso sair para ver um
show. Minha irmã morreu há seis dias. A imprensa ficaria louca se
me visse em um bar.
— Foda-se a imprensa, — ele rosnou. — Michelle estará lá. Talvez
ela ganhe seu novo pagamento pelo menos uma vez.
— Além disso, não parece meio errado sair e ouvir música em um
momento como este?
Aiden encolheu os ombros. — Eu me lembro depois que Aaron
morreu... eu senti que uma parte de mim deveria morrer também.
Como se o fato de eu estar me sentindo feliz, desonrasse a memória
dele de alguma forma. Sabe?
Eu inclinei minha cabeça contra o ombro de Aiden e balancei a
cabeça. Minha garganta apertou e eu sufoquei um soluço.
— No final das contas, foi como se as paredes começassem a se
fechar. E eu só precisava de uma maneira de liberar toda aquela
energia reprimida. Então, você sabe o que eu fiz?
Agora Aiden olhou para mim com um olhar ligeiramente culpado.
— O que? — Eu perguntei com uma sobrancelha levantada.
— Eu me envolvi em muitas brigas. Acho que devo ter batido na
metade das crianças na escola.
— Aposto que Charlotte e Daniel amaram isso, — respondi
secamente.
Ele riu, mas depois me olhou sério: — Sienna, o que estou dizendo
é que se você precisa sair, ficar com suas amigas e ouvir música, isso
não é irresponsável. É natural.
Eu podia sentir todas as minhas dúvidas se dissipando enquanto
Aiden falava. Eu não conseguia mais fugir dos meus problemas. Eu
estava muito velha para isso.
Mas eu poderia pelo menos deixá-los de lado por uma noite.
— E quanto a Rowan? — Eu perguntei.
— Estou aqui, lembra? Posso cuidar do meu próprio filho esta
noite. Mas se isso faz você se sentir melhor, posso pedir a Lexa que
fique até mais tarde. Ela ficaria mais do que feliz em ajudar; ela ama
Rowan.
Eu sabia que Aiden era mais do que capaz de cuidar de Rowan. Ele
fazia isso o tempo todo quando eu trabalhava até tarde na galeria.
Ainda assim, falei com Lexa e ela concordou alegremente em
passar a noite e dormir no quarto de hóspedes.
— Você tem certeza de que está tudo bem? — Eu perguntei pela
décima segunda vez enquanto estava em nosso closet.
Puxei um vestido verde esmeralda e preto sobre meus ombros.
Ele se juntou firmemente na cintura antes de cair para uma saia
de tule frouxamente drapeada que girava e se movia em torno das
minhas coxas enquanto eu colocava um par de brincos pretos
pendurados.
Eu estava começando a sentir um pouco de entusiasmo, mas
continuava sendo puxado para trás por pensamentos de culpa.
— Porque eu não preciso ir. Aiden sério, olhe para mim!
— Mas eu tô olhando, — disse ele com um sorriso repentino
vigoroso que me fez sorrir de volta. Seus olhos se moveram do meu
cabelo ruivo solto para as botas pretas desleixadas que eu estava
calçando no momento.
Por uma fração de segundo, pensei ter sentido minha Bruma
ganhar vida, mas então a sensação passou e suspirei com resolução.
— Vou me atrasar se não for embora, — disse ao meu
companheiro.
Aiden me beijou profundamente nos lábios.
— Divirta-se, — respondeu ele.
***
Eu nunca tinha ido ao RiffRaff, o bar no lado sul da cidade onde o
ficante da Erica estava tocando.
No momento em que entrei, meus ouvidos foram agredidos pelo
barulho de guitarras elétricas e bateria.
Eram apenas dez e meia, mas a pequena pista de dança já estava
apinhada de pessoas, todas parecendo estar usando roupas que
haviam sido cuidadosamente rasgadas e presas com alfinetes.
De repente, me senti horrivelmente vestida com meu vestido
verde escuro e botas, mas então vi outra garota usando o que parecia
ser um vestido de baile rosa neon dançando com um homem em um
temo de três peças.
Minha ansiedade diminuiu um pouco.
Este era um lugar — para todos os tipos.
A atmosfera do clube, em geral, era de anarquia vagamente
contida, o que, de uma forma estranha, era incrivelmente atraente.
Sem regras. Sem expectativas.
Liberdade, mesmo que apenas por um momento, da dor e do
estresse que ultimamente pareciam companheiros constantes.
Um borrão voador de cabelo castanho apareceu do nada e me
abordou. Tive de dar três passos para trás para recuperar o equilíbrio
antes que Michelle nos jogasse no chão.
— SIENNA! — Ela gritou a plenos pulmões. Ela me puxou para uma
sala lateral menor decorada com banquetas pretas frágeis e pesadas
mesas de bilhar de madeira.
O barulho da banda estava um pouco abafado ali, e eu balancei
minha cabeça para limpar os ecos da música pulsante.
— Eu nunca pensei que você viria! Ah, Sienna, estou tão feliz em
ver você! Mia e Erica já estão aqui.
— Estamos esperando a banda do Joey começar! Eles são os
próximos! Ai, meu deus, espere até você conhecer Joey. O que Erica
vai pensar a seguir!
— Por que estamos apenas parados aqui? Vamos pegar uma
bebida para você!
Tudo isso foi dito em uma onda de entusiasmo sem fôlego tão
genuína que eu não pude me conter. Comecei a rir e puxei minha
amiga para um abraço apertado.
Foi a primeira vez que ri, de verdade ri desde a morte da minha
irmã, e foi maravilhoso. Eu ri de novo, cedendo à sensação inebriante.
Ela começou a rir também e me abraçou de volta. Ficamos ali
parados por um momento, relembrando nossos anos de amizade.
Eu não sei como eu conseguiria superar isso sem minhas amigas.
— Adoraria uma cerveja, mas não posso enlouquecer esta noite.
Quero passar a maior parte de amanhã na minha galeria.
Na verdade, não tinha pensado na minha galeria até este
momento.
Percebi que uma longa tarde passada pintando, separando
minhas emoções, parecia a ideia mais perfeita do mundo.
Uma maneira de começar a cura.
Pedi minha bebida e Michelle e eu nos dirigimos para o fundo do
bar, onde Mia e Erica se reuniram com um pequeno grupo de
homens, todos segurando instrumentos.
Erica estava conversando animadamente com um homem baixo e
bronzeado.
Ele tinha cabelos loiros descoloridos que caíam em dreadlocks
retorcidos ao redor de seu rosto, e ele estava usando uma camiseta
do Grateful Dead tingida de roxo.
Michelle balançou as sobrancelhas dramaticamente, — Esse é o
Troy. Sua banda será a próxima. Nossa amiga decidiu que ele é
definitivamente 'O Cara Certo'. — Eu tive que virar as costas para que
Erica não me visse rindo.
Por mais rude que fosse rir, Michelle tinha razão.
Troy parecia a última pessoa na Terra que deveria estar
namorando minha tímida amiga estudiosa. Comecei a andar em
direção a Erica e Mia, mas Michelle segurou meu braço. — Posso
falar com você por um segundo?
Ela rapidamente disse: — E sobre o seu advogado.
— Thanda? O que tem ela? — Eu perguntei. — Como você sabe
sobre ela?
— Eu estava lá ontem quando ela arruinou totalmente a grande
reunião de Josh. Ela é a maior vadia.
Além disso, você sabia que ela era filha de Gregory Singh?
— Quer dizer, eles têm o mesmo sobrenome, então eu meio que
imaginei. Mas o que isso tem a ver com alguma coisa? — Eu
perguntei, confusa com aonde Michelle queria chegar com tudo isso.
— Josh odeia Gregory. Ele diz que Gregory está sempre tentando
minar Aiden.
— Podemos falar sobre isso... não agora? — Eu disse com um
suspiro. Eu realmente não queria lidar com isso agora.
Michelle parecia furiosa.
Puts.
Eu precisava encontrar uma maneira de suavizar isso antes que a
tempestade tropical Michelle chegasse ao continente.
— Deixa eu te dizer uma coisa., — eu disse, passando meu braço
pelo dela e virando minha amiga de volta para a pista de dança, — E
se eu prometer ficar esperta com a guarda sobre Thanda e você vier
dançar comigo?
Ela deu de ombros com petulância, mas depois sorriu e agarrou
meu braço em troca.
— Aposto dez dólares que Erica enfia a língua na garganta daquele
cara até o final da noite! — Ela disse com aquele sorriso malicioso
voltando ao seu rosto.
Erica e Mia nos viram, gritavam loucamente e agitavam os braços
para se juntar a elas.
A banda tinha acabado de se aquecer e, quando chegamos ao
palco, eles começaram a tocar uma música punk-rock que exigiu
muitos pulos e batidas de cabeça.
Eu senti uma pontada de culpa.
Mas foi varrido pelas guitarras insistentes enquanto minhas
amigas e eu íamos para a pista de dança.
***
Trinta minutos depois, eu já sabia que ficaria rouca na manhã
seguinte de tanto gritar junto com o barulho da música pulsante.
Saí do emaranhado suado na pista de dança e fui em direção ao
bar. Terminei minha primeira cerveja e sinalizei para o barman
pedindo outra.
Meu coração estava batendo forte no ritmo da música, e levei um
momento para limpar a umidade do meu rosto.
Eu estava tão feliz por ter decidido vir hoje à noite.
Dançar, permitindo-me flutuar em um mar agitado de pessoas
anônimas, foi o mais perto que Cheguei de sentir verdadeira alegria
por dias.
A banda de Troy era realmente muito boa, e a multidão continuou
a aumentar conforme a noite avançava.
O baterista terminou seu solo jogando suas baquetas para o ar e
pegando-as. A banda depois foi pra uma pegada mais lenta, uma
velha música do Guns N 'Roses que eu amava.
Enquanto o vocalista cantava a letra, eu senti uma pequena
cintilação na minha virilha, semelhante à que senti com Aiden em
nossa casa.
Aquela pequena faísca insistente da Bruma.
Em vez de explodir como antes, desta vez rugiu para a vida como
uma chama brilhante. Imediatamente, um rubor escarlate se
espalhou pelo meu peito e eu senti uma umidade entre minhas coxas.
Aqui, no meio dessa multidão pulsante e faminta, era o último
lugar onde eu queria que isso acontecesse.
Mas contra a minha vontade, eu podia sentir aquele fogo familiar
queimando em minhas veias. Engoli em seco quando a Bruma
ameaçou assumir o controle.
Eu tenho que sair daqui.
Abandonando minha cerveja no bar, me levantei e fui em direção
à saída. Ondas de desejo já estavam começando a me dominar.
Fechei os olhos e respirei longa e profundamente para tentar me
recompor.
Tudo que eu tinha que fazer era voltar para casa.
Pras mãos de Aiden. Seu toque era tudo que eu ansiava neste
momento.
Abri meus olhos e vi meu companheiro parado na entrada do bar.
Capítulo 23
SIENNA
Os olhos verde-oliva de Aiden examinaram a multidão lotada até
que caíram sobre mim. Eu derreti sob a intensidade de seu olhar.
No tempo que levou para piscar, Aiden caminhou através do bar
até que ele estava bem na minha frente. Não estávamos nos tocando,
mas eu podia sentir o calor irradiando de seu corpo.
Senti meu próprio corpo respondendo quando a Bruma passou
por mim.
A banda começou outra música e Aiden se aproximou até que
nossos corpos estivessem separados por meros centímetros de
espaço.
Ele se inclinou até que seus lábios roçaram minha orelha,
enviando ondas de choque por cada centímetro de mim.
— Você está linda, — disse ele em um sussurro vigoroso.
O choque de vê-lo ali limpou minha mente de tudo, exceto a
Bruma.
Apenas olhar para Aiden foi o suficiente para fazer minhas coxas
começarem a tremer.
Ele estava vestindo jeans azul escuro e uma camiseta que exibia
os músculos esculpidos de seus braços. Notei várias mulheres
olhando meu companheiro com apreciação.
Mas Aiden tinha olhos apenas para mim. — Eu estava sentado em
casa quando percebi que precisava estar onde você estava, — disse
ele simplesmente. — Rowan está dormindo e a babá está ficando
com ele.
Ele traçou um dedo levemente ao longo da linha da minha
mandíbula e uma deliciosa sensação de formigamento correu para
cada canto do meu corpo.
— Temos a noite inteira para nós mesmos, — ele continuou,
arrastando aquele dedo provocador ao longo da linha da minha
clavícula.
Meus lábios se separaram e fechei os olhos com a sensação.
Quando os abri, pude ver a força da minha Bruma refletida no olhar
de Aiden.
— Bem, o que devemos fazer com a nossa noite de liberdade? —
Eu perguntei.
Ele me deu um sorriso diabólico, então envolveu um braço em
volta da minha cintura e me puxou para ele até que estivéssemos
pressionados um contra o outro. Eu podia sentir o contorno duro do
volume, uma vez que esticava através de sua calça jeans.
Então ele deu um passo para trás e me ofereceu sua mão.
— Vamos dançar.
***
Na pista de dança, nós nos juntamos à multidão de homens e
mulheres batendo os pés freneticamente enquanto gritavam,
pulavam e se lançavam ao som das batidas das guitarras elétricas.
Aiden e eu fomos empurrados para frente e para trás enquanto as
pessoas abriam caminho para a frente do palco.
As luzes eram enormes e quentes, projetando um caleidoscópio
de amarelos, vermelhos e verdes sobre a multidão.
Era uma bagunça caótica, suada e claustrofóbica.
Foi totalmente inebriante.
Encontramos uma pequena abertura e nos aproximamos. Eu virei
minhas costas para Aiden e pressionei contra ele.
Ele e eu começamos a nos mover com a música enquanto nossa
Bruma combinada continuava crescendo entre nós.
Também não éramos os únicos.
Vários casais encontraram seus próprios pequenos bolsos de
espaço.
Eu já podia ver mãos vagando sobre corpos, membros suados
emaranhados.
A música pulsante ofereceu um alívio.
Aiden colocou as mãos em volta dos meus quadris e me puxou
para perto, esfregando meu corpo contra o dele.
Nenhum de nós era dançarino muito competente, mas não
importava.
A batida da bateria nos atingia e eu estava completamente
entregue às mãos de Aiden enquanto corriam o comprimento do
meu torso sobre o tecido do meu vestido.
Eu engasguei e joguei minha cabeça para trás contra o ombro de
Aiden enquanto suas mãos se moviam para baixo, colocando minha
bunda sob as tiras soltas de tule que compunham a saia do meu
vestido.
Seus dedos no tecido macio da minha calcinha chutaram minha
Bruma para um nível totalmente novo e eu gemi alto, um som
engolido pelo rugido da multidão.
Estávamos cercados por pessoas que podiam notar a qualquer
segundo o que estávamos fazendo, mas todos eles desapareceram
com tanto ruído de fundo sem sentido.
Naquele momento, me tomei outra pessoa. Alguém cujos
problemas, responsabilidades e pesar eram um eco distante.
Essa outra parte de mim assumiu o controle.
Eu estava nadando em um mar de Bruma.
Eu estava tão molhada.
Eu apertei minha bunda na virilha de Aiden, amando a sensação
de sua proximidade.
Separei minhas pernas um centímetro, e um dos dedos de Aiden
puxou minha calcinha para um lado e pressionou contra mim.
Não podemos fazer isso.
Seremos pegos.
Incapaz de falar, eu balancei minha cabeça contra seu ombro.
Devagar, dolorosamente devagar, ele enfiou um dedo dentro de
mim.
AIDEN
Os joelhos de Sienna ameaçaram se dobrar quando deslizei meu
dedo mais fundo dentro dela.
Eu a puxei para mais perto, segurando-a em meus braços.
Minha Bruma estava queimando em minhas veias, e eu não sabia
por quanto tempo seria capaz de evitar rasgar as tiras finas do
vestido de Sienna e mergulhar nela.
Eu queria fazer isso durar o máximo que eu pudesse.
Eu empurrei um segundo dedo dentro de seu calor liso e me
deleitei com a maneira como ela se contorceu contra mim.
Meu pau esticou contra o jeans da minha calça jeans, e pressionei
meus quadris com mais força contra os dela.
Sienna abriu um pouco mais as pernas e eu esfreguei meu polegar
em seu centro.
Senti seus músculos apertarem em torno dos meus dedos
empurrando suavemente enquanto uma onda de prazer a percorria.
Furtivamente, olhei para as pessoas que nos cercavam, mas a
multidão lotada estava alheia aos nossos movimentos cada vez mais
urgentes.
Todos neste bar estavam ocupados demais procurando sua
própria fuga, através da música, do álcool ou do sexo.
Ninguém percebeu quando a mão de Sienna se moveu de seu
lugar ao redor do meu pescoço e foi descansar na minha virilha.
Eu gemi e afundei minha cabeça na nuvem macia de seu cabelo.
Seus dedos se torceram e começaram a puxar meu zíper para baixo.
Uma parte do meu cérebro questionou o que aconteceria se
fôssemos pegos.
Se a música parasse e as luzes se acendessem e fôssemos expostos
no meio da pista de dança.
Em seguida, as pontas dos dedos de Sienna roçaram meu pau, e
cada pensamento fugiu do meu cérebro enlouquecido por sexo
enquanto outra onda de pura luxúria balançava meu corpo.
Eu podia sentir o cheiro de sua Bruma, o cheiro cru e animal de
sua pele.
Sienna se virou para ficar de frente para mim.
Seus olhos azuis estavam escuros de desejo quando ela estendeu
a mão para baixo na abertura da minha calça jeans e envolveu a mão
em volta do meu eixo.
Eu reajustei meu aperto e continuei movendo meus dedos para
dentro e para fora dela.
Outra onda de eletricidade passou por mim quando ela começou
a mover a mão ao longo do meu comprimento rígido. Minha
respiração ficou irregular e pesada enquanto ela me acariciava para
cima e para baixo.
Uma das minhas mãos ainda estava enterrada nas dobras
molhadas de Sienna.
Com a outra eu a agarrei com força, um homem se afogando
agarrado a um colete salva-vidas.
Com um crescendo triunfante, a banda terminou sua música e
imediatamente começou outra.
A música mudou, diminuiu a velocidade e a multidão enfurecida
de pessoas parou de pular estrondosamente para cima e para baixo.
As luzes diminuíram. Todos começaram a balançar no ritmo
enquanto o vocalista principal cantava a letra de uma velha canção
do Nine Inch Nails.
Tirei meus dedos do sexo apertado de Sienna e a senti gemer de
desaprovação contra meu ombro antes de enfiá-los mais fundo.
Mudei minha outra mão para o lado de seu seio e apertei
suavemente. Eu podia sentir o contorno de seus mamilos rígidos
através do tecido fino de seu vestido.
Por um momento infinito, ficamos assim, pressionados juntos,
nossas mãos percorrendo os corpos uma da outra, escondidas do
resto do bar pela multidão de pessoas dançando.
Sienna ficou na ponta dos pés para que sua boca ficasse no meu
ouvido.
— Eu preciso de você, Aiden, — ela sussurrou sem fôlego.
— Eu preciso de você aqui, — ela continuou.
— Agora.
SIENNA
Aiden gemeu em meu ouvido e mordeu avidamente meu pescoço.
— Como quiser, — ele rosnou. Eu mal conseguia entender suas
palavras.
Ele me agarrou pelos quadris novamente com as duas mãos e me
girou para que minha bunda fosse pressionada mais uma vez contra
sua protuberância latejante.
Eu ainda estava na ponta dos pés, sentindo um vazio onde os
dedos de Aiden estiveram.
Ele equilibrou meu peso com uma das mãos. Com a outra, ele
arrumou a saia do meu vestido de forma que ainda escondesse
minhas coxas nuas de vista.
Eu passei meus braços em volta do seu pescoço enquanto ele
cuidadosamente deslizava seu pau para fora da abertura em sua
calça jeans e o colocava sob o meu vestido.
Ele pressionou dolorosamente contra a abertura do meu sexo.
— Me diga o que você quer. — Sua respiração estava quente no
meu pescoço.
Eu me inclinei para trás e nossos olhos se encontraram, e nada
existia, exceto nós dois.
— Eu quero sentir você dentro de mim, — eu sussurrei
desesperadamente.
E então sua cabeça inchada me abriu.
Eu chorei alto, mas não importava porque todos ao meu redor
estavam gritando com a música.
Aiden passou os braços em volta de mim e afundou ainda mais em
minhas profundezas.
Joguei minha cabeça para trás novamente e me rendi
inteiramente à Bruma.
Eu girei meus quadris no ritmo da batida crescente dos tambores,
sentindo o comprimento de Aiden enquanto ele se movia dentro de
mim.
Ele me puxou para mais perto e eu podia sentir seu batimento
cardíaco martelando através de sua camiseta.
Estávamos trancados no lugar, incapazes de nos mover muito sem
atrair atenção para nós mesmos.
Aiden balançou os quadris para frente e para trás, movendo-se
para dentro e para fora de mim em pequenos movimentos que
enviaram fogos de prazer irradiando até a ponta dos meus pés.
A lentidão deliberada do ato adicionado à emoção enquanto
queimávamos com cada nova sensação que passava por nós.
Minha paixão estava atingindo o auge.
Empurrei meu corpo com mais força contra o de Aiden.
Sua respiração se acelerou em meu ouvido.
Seus dedos cravaram na pele da minha cintura.
Com um grito sem fôlego, contornei-o.
Ondas de prazer pulsaram por mim e eu tremia
incontrolavelmente, completamente dominada pelo orgasmo mais
poderoso que eu tive em anos.
— Porra, Sienna! — Aiden enterrou a cabeça no meu cabelo e eu
senti uma sensação pulsante no meu corpo quando ele explodiu
dentro de mim.
Ficamos parados no meio da pista de dança por um longo tempo
depois disso, consumidos um pelo outro.
Em todos os lados de nós, a multidão dançou.
***
O sol estava brilhando através das cortinas brancas da janela do
nosso quarto quando acordei na manhã seguinte.
Demorou um pouco para os eventos da noite passada
borbulharem em minha mente.
Quando o fizeram, corei de prazer e constrangimento com a
memória de como totalmente, descaradamente, Aiden e eu
tínhamos permitido que nossa Bruma ao extremo.
O tabu e a memória exibicionista disso foi o suficiente para me
fazer começar a tremer de novo.
Eu me estiquei na cama, saboreando a sensação alegre e
agradavelmente dolorida que pulsava em meus membros.
Depois do sexo arrepiante no clube, Aiden e eu tínhamos de
alguma forma voltado para nossa casa.
Mandamos Lexa para casa e verificamos uma vez se Rowan
dormia suavemente sob seus cobertores.
Então caímos descontroladamente um sobre o outro repetidas
vezes, parando apenas quando o som fraco do canto dos pássaros
começou a rolar pela janela.
Rowan levantaria a qualquer momento. Eu olhei para Aiden. Sua
mandíbula cinzelada estava aberta e ele roncava baixinho.
Eu sorri e decidi deixar meu companheiro dormir por mais
algumas horas.
Sentindo-me revigorada e energizada, vesti o roupão xadrez
vermelho do meu companheiro e fui para a cozinha.
Peguei pão, ovos e leite e comecei a caçar canela.
Eu ia fazer rabanadas, o Aiden adorava.
A dor por minha irmã havia cimentado um lugar permanente em
meu coração, mas pela primeira vez desde a morte de Selene, me
senti capaz de engolir sua terrível perda e aguardar o dia que estava
diante de mim.
Eu estava planejando mentalmente uma tarde de desenho na
minha galeria quando a campainha tocou.
Então tocou novamente.
Largando os ovos que estava mexendo, corri para abrir a porta
antes que quem quer que fosse acordasse meu companheiro e meu
filho.
Parado na minha porta, mais uma vez flanqueado por dois
policiais uniformizados, estava o agente Enzo.
Havia um sorriso de satisfação estampado em seu rosto que
congelou o sangue em minhas veias.
— Aiden! — Eu gritei.
Ouvindo o alarme na minha voz, Aiden estava fora da cama e no
corredor quase que instantaneamente, vestindo apenas um par de
shorts esportivos desbotados.
Sem aviso, o agente Enzo me agarrou pela carne do meu braço e
me girou bruscamente.
Gritei de choque e dor quando meus pés descalços fizeram
contato com a pedra fria do lado de fora da nossa porta.
Ouvi o tilintar de metal e, em seguida, finas argolas de aço presas
em meu pulso.
Eu tinha visto pessoas algemadas centenas de vezes na televisão
e no cinema, mas a realidade era impossível de digerir.
Aiden rugiu de raiva e deu um passo ameaçador em direção ao
homem mais velho, mas Enzo o silenciou com suas próximas palavras.
— Sienna Norwood, você está presa pelo assassinato de Selene
Gibbs.
Capítulo 24
SIENNA
Eu estava de volta à mesma sala de interrogatório imunda onde o
agente Enzo me interrogou há apenas dois dias.
O próprio Enzo estava sentado do outro lado da mesa, olhando
para mim com os olhos injetados de sangue.
Eu não disse uma palavra desde que ele me colocou nas algemas
uma hora atrás.
Ele me empurrou na parte de trás da viatura da polícia tão
rapidamente que mal tive tempo de dizer adeus a Aiden.
Ele mal me deu tempo para vestir uma calça jeans e uma velha
blusa cor de pêssego.
Eu tinha enfiado meus pés descalços em meus Reeboks.
Eu nem estava usando sutiã.
Cada instinto do meu corpo estava me dizendo para explodir de
raiva.
Eu queria me transformar em loba e assistir o medo surgir nos
olhos de Enzo enquanto eu o rasgava por me separar da minha
família mais uma vez.
Em vez disso, envolvi-me no mesmo cobertor de calma forçada
sob o qual me refugiei na última vez em que estive naquela sala
horrível. Obriguei-me a sorrir pacificamente de volta para Enzo.
Ele fechou a cara em troca.
Ele não poderia dizer uma palavra até que minha advogada
chegasse, e ele sabia disso.
Como se convocada pelos meus pensamentos, Thanda Singh
entrou na sala.
Ela parecia profissionalmente composta, como sempre, em uma
saia lápis branca e uma blusa vermelho-rubi com uma gola que
chegava à garganta.
Ela me deu um aceno seguro que imediatamente me fez sentir um
pouco mais à vontade.
Então ela falou diretamente com o Agente Enzo.
— Acabei de falar com seus superiores no Departamento de
Investigações Territoriais e eles me informaram sobre a situação
atual.
— Se você não se importar, Agente Enzo, seria muito gentil de sua
parte nos ceder a sala por um momento para que eu possa conversar
com minha cliente.
As palavras de Thanda eram doces, mas sua voz estava cheia de
veneno.
Enzo se levantou bruscamente, fazendo com que a cadeira de
metal barata gritasse em protesto.
Com um último sorriso de escárnio para trás, ele deixou a sala de
interrogatório e bateu à porta atrás de si.
Thanda imediatamente puxou sua cadeira descartada. Ela se
inclinou para perto de mim, falando baixinho e bem rápido: — Eles
encontraram o celular de Selene.
Meu queixo caiu. — O quê! Onde?
— No seu escritório na Casa da Matilha. — Thanda continuou.
Seus lábios mal se moviam enquanto ela falava.
Seu tom era grave e urgente, tão diferente da voz tranquila que
ela costumava falar com o agente Enzo.
Ela estava claramente preocupada que alguém estivesse ouvindo
nossa conversa.
Meu coração parou. Uma onda fria de adrenalina tomou conta de
mim.
Estremeci e olhei em volta, de repente com medo de que outra
pessoa ouvisse nossas palavras.
Tomando nota da postura defensiva de Thanda, inclinei-me para
frente até que nossas testas estivessem quase se tocando.
No mesmo sussurro sem tom, Thanda explicou o que havia
acontecido.
Ontem à noite, enquanto Aiden e eu estávamos transando como
adolescentes excitados no bar, houve mais uma ligação anônima
para o Departamento.
Uma voz digitalmente alterada havia deixado uma mensagem
dizendo que eles tinham me visto com o celular de Selene na Casa da
Matilha.
Enzo foi pessoalmente e encontrou o celular, completamente
quebrado, atrás de um livro em meu escritório.
A coisa toda era tão ridícula que bati com os punhos na frágil mesa
de metal.
Um rugido de raiva cresceu na minha garganta, mas Thanda foi
mais rápida.
— Obviamente, — disse ela, — ninguém no DIT realmente
acredita que você seja culpada pelo assassinato de sua irmã. Isso não
passa de uma enganação e todos sabem disso, exceto o Agente Enzo.
Isso chamou minha atenção.
Eu me inclinei para frente. — Enzo pensa que sou culpada. Estou
na prisão. Isso parece muito mais do que enganação, Thanda, — eu
disse com os dentes cerrados.
Thanda revirou os olhos. — O agente Anthony Enzo está neste
trabalho há muitos anos. Ele perdeu a capacidade de ver as coisas
como elas realmente são.
Eu não sabia exatamente o que isso significava, mas realmente
não parecia importante já que eu estava na cadeia.
Eu respirei fundo e pressionei minhas palmas na superfície
marcada da mesa.
Tentando desesperadamente evitar que meus pensamentos
saíssem do controle, perguntei: — Então, como faço para sair daqui?
Thanda me olhou bem nos olhos e sussurrou em um tom que tive
de me esforçar para entender.
— Disseram-me na sede que faltava parte do celular. Eles
encontraram um pedaço de plástico quebrado no slot de cartão de
memória do celular.
— Sim, Jeremy colocou um em seu celular porque ela tirava cerca
de trezentas fotos de seus designs de moda todos os dias. E cerca de
quinhentas fotos de Vanessa e River, — eu respondi com uma
punhalada interior de tristeza.
— As pessoas com quem conversei dizem que encontrar este
cartão SD agora é sua prioridade. Eles acham que talvez Selene tenha
tirado uma foto de seu agressor antes de ser morta.
Minha pulsação começou a acelerar tão rapidamente que me
deixou tonta.
— Eles acham que ela pode ter tirado uma foto? — Eu repeti em
descrença.
— Por que mais alguém deixaria o celular em seu escritório, mas
levaria o cartão SD? — Thanda perguntou.
Ela se inclinou para trás e retornou seu tom de voz normal e frio.
Eu balancei a cabeça, tentando processar todas essas novas
informações.
— O Aiden sabe de tudo isso? — Eu perguntei de repente.
— Ele será a primeira pessoa para quem ligarei depois de deixar
este escritório, — disse Thanda.
— Obrigada. — Fiquei estranhamente grata por sua atitude direta
durante esse período de caos.
— Não me agradeça ainda, — disse Thanda com um aceno de
cabeça.
— Sinto muito, Sienna, mas parece que você terá que ficar aqui
por enquanto. A tempestade da mídia em torno deste caso é muito
grande.
— Enzo convenceu um juiz de que você deveria ficar na prisão
enquanto se aguarda outra varredura completa em sua casa e na
Casa da Matilha. A fiança já foi negada.
***
NINA
Observei Jocelyn passar um pano frio na testa de Jeremy.
Ela estava dando banho nele suavemente durante a última hora,
cantarolando uma melodia calmante sob sua respiração o tempo
todo.
Depois de mais um dia de mensagens ignoradas, eu finalmente me
cansei de não saber o que minha namorada estava fazendo.
Como ela estava se segurando.
Quando eu apareci nas câmaras médicas do porão da Casa da
Matilha na noite passada, eu meio que esperava que Jocelyn
estivesse com raiva de mim por invadir seu espaço pessoal.
Em vez disso, ela sorriu e me deu um abraço.
Havia uma luz estranha em seus olhos que eu não tinha visto antes,
um tipo de energia maníaca que levantou arrepios sinistros ao longo
da carne dos meus braços.
A última vez que falei com ela pessoalmente, na noite em que lhe
dei o banho, Jocelyn estava desanimada, quase catatônica de fadiga
e fracasso.
Agora ela esvoaçava pela pequena baía de cura, esfregando os
músculos flácidos de Jeremy e conversando com ele como se ele
pudesse ouvi-la.
Como se ele não estivesse à beira da morte.
Com sua palidez cerosa e olhos fundos, Jeremy já parecia morto.
— E mais tarde, vou lhe dar outra massagem profunda. E vou ver
se não consigo encontrar onde coloco meus cristais de meditação.
Aposto que eles vão te ajudar a trazer alguma energia boa e positiva,
— Jocelyn disse enquanto se sentava ao lado da cama de Jeremy.
Ela não estava falando comigo.
Anteriormente, eu havia tentado perguntar a ela exatamente qual
propósito esse diálogo unilateral constante poderia fornecer.
Pela primeira vez que pude me lembrar, Jocelyn havia gritado
comigo.
— Por que todo mundo fica perguntando por que eu me
preocupo? Vocês todos apenas querem que eu o deixe aqui sozinho?
Ninguém percebe que ele está sofrendo!? — Ela gritou, seu lindo
rosto vermelho e inchado com lágrimas não derramadas.
Eu mantive minha boca fechada desde então, e apenas fiquei
quieta no canto, esperando por uma chance de ajudar.
Meu celular vibrou no meu bolso.
Sem olhar para cima, Jocelyn disse em um tom firme: — Você
poderia usar isso lá fora? Está perturbando nossa meditação.
Nossa meditação?
Saí para o corredor e verifiquei meu celular.
Aiden: Eles prenderam Sienna
Aiden: Encontraram o celular da Selene no escritório dela
Aiden: falta o cartão de memória
Aiden: Você consegue encontrar?
Nina: Por que eu?
Nina: Talvez Josh fosse melhor...
Aiden: Você disse que eu podia confiar em você.
Aiden: Eu preciso de sua ajuda
Nina: Onde devo procurar?
Aiden: Em algum lugar que Enzo não pensaria em olhar
Nina: Isso não ajuda muito
Aiden: Eu sei. Desculpa
Nina: Vou dar uma farejada
Nina: Te aviso se eu encontrar alguma coisa
Aiden: Se você encontrar alguma coisa, venha até mim primeiro!!
Desliguei meu celular, tentando compreender o que Aiden estava
me pedindo para fazer.
Ele queria que eu encontrasse um cartão de memória, menor do
que a unha do meu dedo do pé.
Em algum lugar na Casa da Matilha.
Eu nem sabia por onde começar.
Eu não queria abusar da sorte depois de tropeçar naquela
conversa estranha entre Gregory Singh e sua filha, então evitei as
seções da Casa da Matilha onde os oficiais de alto escalão
geralmente se reuniam.
Coloquei minha cabeça de volta na ala médica. — Sienna foi presa!
— Eu disse a Jocelyn.
Eu realmente não esperava que ela largasse tudo e fugisse do lado
de Jeremy, mas ainda estava chocada com o nível de indiferença na
voz de Jocelyn quando ela respondeu calmamente: — Nossa, que
coisa horrível.
O que estava acontecendo com ela?
Minha ansiedade anterior por seu bem-estar estava rapidamente
dando lugar ao medo de que ela estivesse, mais uma vez, colocando
muito de seu coração e alma em seu trabalho como curandeira.
— Sim... — Eu respondi lentamente, — é bem horrível.
Sem resposta.
Eu limpei minha garganta. — Escute, estou me sentindo meio
presa aqui. Eu estava pensando em correr para tirar algumas das
teias de aranha do meu cérebro. Quer vir comigo?
— Não. Obrigada, Nina, mas sou necessária aqui, — disse ela no
mesmo tom plácido.
Eu estava esperando essa resposta, mas ainda doía ser descartada
com tanta facilidade.
— Tá bom, eu volto em algumas horas. Quer que eu traga um
sanduíche ou algo assim?
Sem resposta. Jocelyn já havia retomado a seus murmúrios suaves
enquanto corria as mãos ritmicamente sobre a forma caída de
Jeremy.
Saí e fechei a porta atrás de mim.
JOCELYN
Mal ouvi Nina sair da sala.
Uma parte de mim se sentiu péssima pela preocupação e
ansiedade que eu sabia que isso estava causando a ela.
Mas toda vez que eu tentava fugir, tentava comer, dormir ou
beijá-la, eu sentia o puxão.
Como uma voz insistente na parte de trás da minha cabeça que
estava constantemente sussurrando isso hoje.
A próxima hora.
A próxima meditação.
Seria aquela que finalmente me permitiria romper a barreira
invisível e me conectar com o espírito perdido e ferido de Jeremy.
Cada vez mais eu podia senti-lo, disparando aqui e ali enquanto
concentrava todas as minhas energias em alcançá-lo.
Eu queria, precisava de sua permissão para cortar o vínculo de
acasalamento entre ele e Selene.
Era a única maneira de salvá-lo. Eu tinha certeza.
Mais uma vez a sós com meu paciente, preparei-me mentalmente
e me preparei para buscar sua inquieta presença em movimento
mais uma vez.
Eu segurei minhas mãos alguns centímetros acima da pele de
Jeremy, pairando enquanto tentava fazer contato com sua alma.
Comecei respirando profundamente e abrindo minha mente
completamente.
Eu estendi a mão com meu espírito de cura, clamando em uma
voz silenciosa para Jeremy responder.
Seu corpo já havia desistido, mal se agarrando à vida.
Eu precisava persuadir sua essência espiritual a criar raízes
novamente, a se reconectar com uma forma física.
Mas primeiro eu tinha que encontra-lo.
Jeremy. E a Jocelyn. Estou aqui parei ajudar.
Repeti essas palavras várias vezes até que elas formassem um
canto ritualístico em minha mente.
EstouAquiParaAjudar.
EAJocelynEstouAquiParaAjudar.
Nada. Claro.
Nunca dá em nada.
Baixei a cabeça quando uma onda de fracasso tomou conta de
mim.
Mas então...
Mais fraco que um sussurro.
Efêmero como a névoa.
Uma voz gritou de volta.
... Jocelyn...
... não consigo ver...
Meu coração começou a martelar no meu peito.
Era Jeremy.
Eu estendi a mão e ele estendeu a mão de volta.
Engoli em seco e concentrei todos os meus esforços em manter
nossa conexão tênue.
Jeremy?
E a Jocelyn.
... Jocelyn?...
... Onde?...
... Não consigo ver...
Minha boca estava seca. Nunca esperei realmente fazer contato e
agora não tinha ideia de como proceder.
Eu estou no Casa da Matilha. Todos estão na Casa da Matilha.
... Selene?...
Como responder?
Selene quer que você fique. Ela quer que você fique com Vanessa
e River. Todos nós queremos que você fique aqui, Jeremy.
... Selene...
Lágrimas encheram meus olhos e escorreram pelo meu rosto.
Havia tanta dor e tristeza nessa voz que ecoava de maneira distante.
Eu tinha que ajudá-lo.
Mas antes que eu pudesse pensar no que dizer em seguida, a voz
de Jeremy voltou, um pouco mais alta e mais forte do que antes.
... Jocelyn... não...
Não o quê?
... não... confie...
Não confie em quem!
... não confie...
... eles mataram... Selene...
Quem! Gritei em minha mente. Quem matou Selene?
Mas a voz estava ficando mais fraca, como um rádio antigo que
perdia a recepção.
Jeremy? Jeremy!
... Selene...
E então um grito e uivo interminável de raiva e dor ecoou em
minha mente com tanta força que me levou para trás.
Caí no chão e bati com a cabeça nos ladrilhos de pedra fria.
Por um longo momento, não senti mais nada.
Capítulo 25
AIDEN
Sentei-me em um banco do parque, observando Rowan construir
solenemente uma torre de gravetos e folhas secas.
Era uma linda tarde de inverno. Devíamos estar aproveitando o
último pouco de calor que o sol tinha a oferecer.
Em vez disso, meu filho e eu ficamos em silêncio e preocupados.
Ele mal tinha falado uma palavra desde manhã, quando acordou e
descobriu que sua mãe havia partido.
Sienna e eu sempre tentamos não mentir para Rowan, então eu
disse a ele apenas que mamãe tinha que falar com a polícia
novamente.
Eu não suportaria contar a verdade a ele.
Na prisão.
Minha companheira está na prisão e não há nada que eu possa
fazer
Nada, exceto tentar ficar forte por Sienna e cuidar de Rowan até
descobrirmos como tirá-la de lá.
Quando eu sugeri com falsa alegria que fôssemos ao parque, meu
filho deu de ombros miseravelmente.
Eu também estava começando a ter dúvidas sobre a ideia.
O campo gramado estava cheio de grupos de pais e filhos, todos
se aquecendo ao sol do final da tarde.
Eu pude ver a amiga de Sienna, Mia, com seu companheiro e
meninas gêmeas fazendo um piquenique perto do lago com patos.
O filho de Nelson, Amir, estava rindo com Nicholas Daniels, filho
de Josh, enquanto eles pisavam alegremente na lama deixada pelas
chuvas recentes.
Rowan estava sentado sozinho sob um aglomerado de salgueiros,
construindo preguiçosamente sua torre de madeira cada vez mais
alta.
Não passou despercebido por mim que, alguns dias antes, Rowan
estaria espirrando na lama bem ao lado dos outros meninos.
Estávamos no parque há quase quarenta e cinco minutos, e
nenhum dos amigos de Rowan o convidou para brincar com eles.
Nenhum de seus pais veio falar comigo também.
Passaram-se menos de oito horas desde que Sienna foi levada
algemada pelo Agente Enzo, mas provavelmente levou menos de
oito minutos para que a notícia de sua prisão começasse a se
espalhar pela Matilha.
Todos estavam mantendo uma distância cautelosa.
Eu realmente não me importava se minha Matilha estava
fofocando sobre mim pelas minhas costas, mas o fato de que estava
afetando a felicidade do meu filho fez minhas garras coçarem para
saltar de debaixo da minha pele.
Para me distrair, verifiquei meu celular, esperando por uma
mensagem de Nina.
Nada. Claro.
Nada além de mentiras piores ainda sendo espalhadas por Monica
Birch e seu bando de chacais.
Pedir a Nina que encontrasse o cartão de memória perdido do
celular de Selene não era nada mais do que uma busca impossível, e
nós dois sabíamos disso.
Mesmo se o assassino de Selene não tivesse levado com ele, os
investigadores forenses certamente o teriam encontrado em sua
busca exaustiva na Casa da Matilha.
Eu simplesmente não conseguia pensar em outro lugar para
começar.
Tudo o que tínhamos para prosseguir era um texto enigmático que
já levava a um beco sem saída e uma pequena lasca de plástico azul
que poderia estar em qualquer lugar em um raio de dezesseis
quilômetros.
Se ainda existisse.
Merda.
O que vamos fazer?
Eu apoiei meus braços em meus joelhos e abaixei minha cabeça
em minhas mãos. Fiquei assim por um longo momento, apenas
respirando.
Eu encarei as formigas enquanto elas enxameavam pela grama
seca aos meus pés, tentando processar tudo o que estava
acontecendo.
Tentando ver o caminho a seguir.
Fui sacudido dos meus pensamentos sombrios pelo som de
risadas provocantes.
Olhando para cima, vi Nicholas e Amir parados perto de Rowan.
Nicholas estava apontando para Rowan e dizendo algo que eu não
consegui entender.
Amir, o filho de seis anos de Nelson, estava rindo junto com
Nicolas, mas parecia desconfortável quando Rowan começou a se
levantar.
Eu também me levantei, mas não entendi imediatamente. Eu
gostava de dar a Rowan a chance de resolver sozinho pequenas
diferenças com seus amigos.
Ele precisaria das habilidades de negociação para quando se
tomasse Alfa depois de mim.
Meu filho era pequeno, mas magro, e seus punhos minúsculos
estavam cerrados de raiva enquanto ele enfrentava os meninos
maiores.
Rowan nunca foi uma criança violenta e fiquei completamente
chocado quando de repente ele empurrou Nicholas Daniels no peito.
O menino mais velho deu um passo para trás, sem rir mais.
Naquele momento, caminhei em direção às crianças. — Rowan!
— Gritei, mas ele não me ouviu ou optou por não me ouvir.
O filho de Josh empurrou Rowan para trás com força.
Rowan perdeu o equilíbrio e caiu no chão, pousando bem em cima
de sua torre cuidadosamente construída.
Seu rosto ficou vermelho como um tomate e eu o vi lutando
contra as lágrimas.
— Ei! — Eu gritei com Nicholas. Agora, outros pais começaram a
espiar de suas toalhas de piquenique, tentando identificar a origem
da comoção.
Nicholas olhou para mim e eu vi arrependimento imediato em
seus olhos quando ele percebeu que tinha sido pego.
Não é grande coisa. Eu posso suavizar isso.
Enquanto eu caminhava pela lama em direção às crianças, um
cheiro estranho encheu o ar.
Como o ozônio.
Ou um raio prestes a cair.
Não.
Com o pânico crescendo, olhei para meu filho.
Rowan ficou completamente rígido na grama seca. Seus olhos
estavam fixos no menino que o empurrou.
O cheiro crepitante de queimado se intensificou.
Sem aviso, Nicholas Daniels subiu meio metro no ar.
Seu cabelo loiro girava em torno dele em um círculo assustador.
Seu rosto era uma máscara imóvel de medo.
Então, mais rápido do que eu poderia reagir, Nicholas foi lançado
para trás com uma força incrível.
Seu braço atingiu o tronco de um salgueiro e ouvi um estalo
nauseante quando o osso se partiu.
Ele parou a cerca de seis metros de distância.
Todos os olhos estavam voltados para Nicholas.
Seu rosto estava mortalmente branco com o choque quando ele
agarrou seu braço quebrado.
Então, coletivamente, eles se viraram para olhar para meu filho.
Rowan estava inconsciente na grama lamacenta.
***
Afundei em uma das cadeiras de madeira duras que se alinhavam
à mesa da cozinha.
Minhas mãos tremiam incontrolavelmente. Eu os coloquei na
mesa à minha frente e tentei acalmar as marteladas em meu peito.
Eu consegui tirar Rowan do parque e voltar para casa, mas o
estrago estava feito.
Depois de um longo momento de tensão silenciosa e fervente, o
parque silencioso explodiu em um pandemônio absoluto.
Pais e filhos gritando começaram a correr sem pensar pelo parque
ensolarado.
Outros começaram a tirar fotos de Nicholas ou a gravar vídeos
descrevendo o que acabaram de ver.
Fiquei protetoramente sobre meu filho, bloqueando-o dos olhos
famintos das pessoas e de suas câmeras.
O choro de Nicholas foi suave, tão baixo que me surpreendeu a
princípio e me permiti ter esperança de que talvez o menino não
estivesse gravemente ferido, afinal.
Mas o ângulo não natural de seu braço não podia ser negado.
Violette, a babá de Josh e Michelle, começou a chorar e gritar em
francês, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Eu não tinha ideia do que ela estava dizendo, mas o olhar
assustado e acusatório em seus olhos enquanto ela me observava
levantar a forma inerte de Rowan do chão não precisava de
interpretação.
Nem precisei olhar em volta para ver todos os outros pais, até
Nelson e Mia, nos observando com cautela. Seus olhares
desconfiados estavam quentes nas minhas costas enquanto eu
silenciosamente carregava Rowan de volta para o carro e afivelou
seu corpo inconsciente em seu assento de elevação.
Eles estavam todos segurando seus próprios filhos, ansiosamente,
como se esperassem que Rowan acordasse de repente e os atacasse
também.
O pior é que eu tinha medo da mesma coisa.
Eu estava com medo de que fizessem algo com meu filho, mas
agora havia uma pequena, fenda em minha mente que estava com
medo dele também.
Eu caí na mesa da cozinha, toda a energia reprimida deixando meu
corpo com pressa.
Eu, Sienna, todos nós ficamos tão envolvidos no choque e na
tristeza do assassinato de Selene que deixamos de reconhecer o
comportamento cada vez mais estranho de Rowan.
A maneira como ele parece ver as coisas em seus sonhos, coisas
que ele não pode saber.
Insistindo que Selene está falando com ele.
Aquele terrível lobo espiritual no funeral...
E agora isso.
Essas — ocorrências — não apenas estavam se tomando mais
frequentes, mas também mais fortes.
Tínhamos que fazer algo.
Eu tenho que fazer algo.
Sienna e eu sempre planejamos lidar com as habilidades de Rowan
suavemente se ele alguma vez as desenvolvesse.
Havíamos conversado sobre treinar Rowan enquanto ele crescia,
para que ele pudesse aprender a controlar seus poderes
gradualmente.
Ele tinha sido um bebê tão feliz e normal. E ele cresceu e se tornou
uma criança feliz e normal.
Mas agora...
Nosso tempo está acabando.
Eu não conseguia definir exatamente como eu sabia, mas cada
instinto que eu tinha estava uivando que algo terrível estava se
aproximando.
Eu teria que realmente fazer Rowan entender a seriedade de suas
ações de uma forma que garantisse que ele sempre se lembraria.
E teria que ser agora.
Corri minhas mãos pelo meu cabelo, desejando que houvesse uma
maneira melhor.
Talvez houvesse, mas simplesmente não tive tempo para
encontrá-lo.
Eu teria que assustar meu filho.
ROWAN
Em meus sonhos, eu estava correndo.
Correr pela floresta tão rápido que parecia voar e quando olhei
para baixo, em vez dos meus pés normais eu tinha patas de lobo
brancas.
Eu gostava quando sonhava em ser um lobo.
Eu gostava de como podia correr rápido, muito mais rápido do que
quando estava acordado.
Então tia Sellie estava no meu sonho. Ela parecia triste e cansada.
Ela sempre parecia triste e cansada agora.
Tia Sellie queria me mostrar algo, então eu a segui, mas eu não
queria ir.
Ela sempre me mostrava a mesma coisa. E isso me deixava com
medo.
Eu podia ver a Casa da Matilha, onde papai trabalhava, e podia ver
as grandes escadas nos fundos.
Fechei meus olhos de lobo porque não queria ver, mas tia Sellie
disse que eu tinha que olhar porque era MUITO IMPORTANTE, então
abri meus olhos só um pouquinho.
A tia Sellie dos sonhos estava ao lado de outra tia Sellie. Esta
estava deitada no chão como se estivesse dormindo, só eu sabia
porque mamãe me disse que ela não estava dormindo. Ela estava
morta.
E MORTA significa que você vai embora para sempre. Como meu
peixinho dourado que eu tinha quando era bebê.
Mas meu peixinho dourado não apareceu nos meus sonhos e tia
Sellie, sim.
Agora ela estava apontando e eu podia ver Nicky e ele estava
chorando, e eu sentia muito, mas era tarde demais.
Eu não queria machucá-lo, mas fiz.
Meu lobo saiu e machucou Nicky.
Eu queria pedir desculpas, mas a babá de Nicky estava gritando e
as palavras eram estranhas, mas no meu sonho eu podia entendê-
las.
Ela disse que eu era RUIM.
Ela disse que eu era um MONSTRO.
Ela disse que as pessoas iam me levar embora.
Assim como a mamãe.
Então eu acordei e estava na minha cama e papai estava lá.
— Rowan, — disse ele com uma voz profunda e adulta, — preciso
falar com você.
Seu rosto parecia uma nuvem de tempestade.
— O que aconteceu, Garoo? — Eu perguntei.
— Você machucou Nicholas, — disse papai, — você quebrou o
braço dele.
Eu balancei a cabeça e queria chorar, mas eu não era mais um
bebê, então tentei não chorar.
— Sinto muito, papai. Eu não queria...
— Rowan, isso NÃO IMPORTA! — Papai gritou.
Papai nunca gritou comigo.
Seu rosto estava zangado, mas também assustado, e ele ainda
gritava: — Você quebrou o braço dele, Rowan! Você não tocou nele,
mas eu vi você! Todo mundo viu você! O que você fez?
Eu queria contar ao papai sobre o meu lobo e como o lobo era tão
forte, muito mais forte do que eu.
E às vezes o lobo ficava com raiva como quando todas aquelas
pessoas com câmeras estavam deixando a mamãe furiosa.
Ou quando Nicky me provocou e disse que minha mãe nunca
voltaria para casa.
Mas eu não sabia como.
Agora papai estava na minha cama e me agarrou pelos ombros.
Não doeu, mas eu não conseguia me mover, e o rosto do papai
estava bem perto do meu.
— Rowan, você nunca pode fazer algo assim novamente. Você me
entende? NUNCA!
Seus dedos cravaram em meus ombros e agora doeu um pouco.
Eu podia ver como papai estava assustado e não pude evitar.
Comecei a chorar e chorar.
Então papai me soltou e me puxou para um abraço. Eu ainda
estava chorando e papai escovou meu cabelo com a mão e me
apertou com mais força. — Sinto muito, Rowan. Eu te amo, — disse
ele.
Mas não importava e eu não conseguia parar de chorar.
Porque seus olhos eram iguais aos da babá de Nicky no meu sonho.
E mesmo que suas palavras fossem diferentes, eu sabia que ele
estava dizendo a mesma coisa.
Eu era RUIM.
Eu era um MONSTRO.
E isso significava que eles viriam me levar embora. Assim como a
mamãe.
AIDEN
O peito do meu filho arfava e tremia enquanto ele soluçava
incontrolavelmente em meus braços.
Aiden Norwood, você é o pior lobo que existe.
Mas eu não sabia o que fazer além disso. Essa habilidade, esse —
poder— estava muito além da minha compreensão.
E minha companheira não estava aqui para ajudar.
Sentei-me na cama de Rowan por um longo tempo, alisando
suavemente seus cachos pretos e macios.
Eventualmente, seus soluços lamentáveis diminuíram e sua
respiração tornou-se lenta e moderada.
Ele chorou até dormir.
Tentando perturbá-lo o mínimo possível, deixei meu filho
adormecido e o coloquei delicadamente de volta sob os cobertores.
Claro, ele ainda estaria exausto depois de tudo o que tinha
acontecido.
Com um suspiro profundo, eu me levantei e observei meu filho
dormindo inocentemente sob seus lençóis do Elmo vermelhos.
Ele tinha apenas cinco anos. Ele não deveria ter que carregar tais
fardos ainda.
Um flash de cor chamou minha atenção.
No canto, Sienna instalou uma pequena estação de arte, para que
Rowan pudesse desenhar ou pintar quando quisesse.
Lexa normalmente mantinha essa área arrumada e organizada,
mas um pedaço de papel estava parcialmente desdobrado sobre a
mesa.
Por nenhuma razão que eu pudesse identificar, meu pulso
começou a acelerar.
Eu fui até a pequena mesa infantil, peguei o grande pedaço de
papel e vi o que ele continha.
Então olhei de volta para meu filho, e aquela fenda escura de
dúvida que havia aparecido antes em minha mente se expandiu em
um abismo.
Capítulo 26
SIENNA
Horror passou por mim enquanto eu tentava processar as palavras
de Aiden.
Rowan tinha machucado outra criança.
Machucado gravemente.
Meu doce filho, que adorava cantar canções de ninar e não
conseguia amarrar os sapatos, quebrou o braço de Nicholas.
Sem colocar a mão nele.
Eu não pude acreditar. Eu não teria acreditado, exceto pelo olhar
assombrado nos olhos de Aiden.
Ele tinha aparecido na delegacia há meia hora, e eu tive que lutar
contra uma onda de lágrimas quando o guarda me conduziu até a
sala de visitas.
Agora, com a notícia do ataque perturbador de Rowan no parque,
algumas daquelas lágrimas escaparam do meu controle rígido e
escorreram pela minha bochecha.
Eu rapidamente as limpei.
— Tem mais uma coisa, — disse Aiden com uma careta, tirando
um quadrado de papel dobrado do bolso da camisa.
Ele só teve que desdobrar uma vez para eu saber exatamente o
que era.
Minha mão disparou e agarrou o papel dele e o enfiou embaixo da
mesa.
— Onde você achou isso? — Eu assobiei baixinho.
As sobrancelhas de Aiden se ergueram, — No quarto de Rowan,
em sua mesa de desenho.
Seu olhar mudou para desapontamento.
— Você sabia, não é? Sobre esses desenhos.
Meu silêncio foi toda a confirmação de que ele precisava.
Ele soltou um assobio baixo. — Sienna, como você não me
contou?
— Eu ia te contar! Se você não percebeu, estou um pouco
ocupada! — Fiz um gesto ao meu redor para a sala mal iluminada da
prisão.
Respirando fundo, tentei controlar a raiva sempre presente que
estive lutando o dia todo.
A raiva morreu em seus olhos. Aiden balançou a cabeça. — Não
importa agora. Tudo o que importa é descobrir como Rowan está
envolvido em tudo isso.
— Envolvido com o quê? Com Selene? Aiden, como você pode
dizer isso? Ele é apenas um garotinho!
— Ele pegou aquele garoto sem tocá-lo, Sienna. Ele simplesmente
o pegou e jogou como um maldito saco de farinha! Você não pode
continuar dizendo que ele é apenas um garotinho. Precisamos
protegê-lo.
— O Enzo sabe? — Eu perguntei.
— Provavelmente. Está tudo na Internet. Mas ele não pode
exatamente acusar Rowan de machucar psiquicamente alguém,
então, pelo menos, isso nos dá algum tempo.
O papel ainda estava na minha mão. Eu me senti enjoada, mas
precisava saber o que Rowan havia desenhado.
Furtivamente, mantendo o desenho debaixo da mesa, lentamente
o desdobrei.
Mais uma vez, Rowan desenhou a cena do crime de Selene com
uma quantidade inquietante de detalhes e habilidade.
Mas houve diferenças.
Eu examinei esses novos detalhes, tentando desesperadamente
dar sentido às imagens impossíveis que eu estava vendo.
Os desenhos que me foram mostrados pela professora de Rowan
eram principalmente imagens em close do rosto e do corpo de
Selene. Isso era muito diferente.
Enquanto o corpo de Selene ainda era a imagem central, ele havia
representado toda a varanda dos fundos da Casa da Matilha em tons
de marrom, vermelho e preto.
E azul.
Eu olhei mais de perto. Inconfundivelmente, escondido sob o
andaime marrom no canto superior esquerdo da imagem estava um
pequeno quadrado colorido de azul.
Era o único pedaço de azul no desenho, e não estava na forma de
gota de chuva que Rowan sempre usava para a água.
Aiden estava me observando atentamente. Eu encontrei seu olhar
e levei um dedo aos lábios.
Tentando não amassar o papel, tirei-o de debaixo da mesa e
coloquei-o voltado para baixo na superfície de metal.
Com um dedo trêmulo, apontei para o pequeno quadrado azul.
Aiden olhou para o desenho, depois de volta para mim,
balançando a cabeça em confusão.
Então a compreensão o atingiu e ele bateu as palmas das mãos na
mesa de metal.
O guarda, que estava olhando preguiçosamente pela janela, girou
e sua mão foi para o bastão pesado em seu quadril.
Aiden imediatamente ergueu as mãos.
— Desculpe, policial. Eu estava apenas... oprimido pensando em
minha companheira trancada aqui.
Ele era um péssimo mentiroso, mas o guarda revirou os olhos e
voltou a sonhar acordado.
— Eu tenho que ir, — Aiden sussurrou apressadamente.
Ele já estava de pé e vestindo seu casaco de inverno.
— Eu sei. Eu te amo, — eu disse, arriscando a ira do guarda e
puxando Aiden para um beijo forte e feroz.
— Eu também te amo. Vamos descobrir quem matou Selene. Nós
vamos tirar você daqui. Eu prometo.
AIDEN
Aiden: cartão de memória na cena do crime
Aiden: olhe perto da construção
Aiden: Eu acho que foi chutado para baixo do andaime
Nina: Como você poderia saber disso?
Aiden: Longa história
Aiden: Tipo... muito longa
Aiden: Todos os olhos estão em mim e em Sienna agora
Aiden: Não consigo procurar.
Aiden: Preciso da sua ajuda.
Nina: Vou hoje depois de escurecer.
Eu desliguei meu celular.
Meu coração estava disparado no meu peito.
Rowan realmente conseguiu desenhar a única coisa que
estávamos procurando?
De alguma forma, parecia terrivelmente conveniente.
Mas, novamente, seu desenho do tordo já havia nos levado a
descobrir a identidade online de Monica Birch.
No momento, eu não tinha absolutamente nada mais a fazer.
Respirei fundo, instável, e esperava estar fazendo a escolha certa.
E não ter enviado Nina para o perigo.
MICHELLE
Qualquer outro dia, os cliques das câmeras teriam feito minha
Bruma cantar em minhas veias.
Qualquer dia menos hoje.
Eu estava fervendo de raiva mal reprimida enquanto estava na
frente de uma horda de repórteres.
Eles se reuniram do lado de fora do hospital com suas vans de
notícias, microfones e sorrisos presunçosos.
Suas vozes foram levantadas em simpatia coletiva.
— Michelle, como está seu filho? — Perguntou uma mulher com
óculos enormes.
Eu a encarei inexpressivamente.
Meu filho, meu filho, estava deitado em uma cama de hospital.
Seu antebraço estava engessado do pulso ao cotovelo.
O médico disse que não haveria nenhum dano duradouro, mas ele
era um idiota.
Eu só sabia que Rowan Norwood havia prejudicado Nicholas
permanentemente.
No mínimo, ele certamente ficaria traumatizado para o resto da
vida.
E esses homens e mulheres bem-vestidos estavam empurrando
seus microfones na minha cara e gritando por minha atenção.
— Sra. Daniels! Michelle! — Gritou um repórter. — É verdade que
o Alfa do Milênio está voando para o Baile de Inverno para lidar
pessoalmente com este assunto?
Raphael? No Baile de Inverno? Desde quando!?
Eu sorri. Um bom secretário de imprensa deve ser capaz de mentir
de forma convincente.
— O Alfa do Milênio sempre demonstrou a maior preocupação
com o bem-estar de sua Matilha. Tenho certeza de que Alfa
Fernandez investigará este terrível incidente a fundo, — respondi
sem perder o ritmo.
Meu sorriso se alargou. Eu nasci para isso.
— Michelle! Você pode confirmar se Rowan Norwood está
saudável e ileso após os eventos em Wakefield Park hoje cedo? —
Perguntou um repórter com cabelo loiro platinado.
Por que todos estão tão preocupados com o bem-estar de Rowan?
A meu ver, ele deveria ser severamente punido por ter feito mal a
Nicholas.
Meu lábio começou a se curvar em uma careta, mas eu forcei de
volta em um sorriso. — Eu não recebi nenhum relatório sobre o bem-
estar de Rowan Norwood, — eu disse docemente.
— Sim, mas certamente alguém sabe se o herdeiro da Matilha...
Senti meu sangue começar a ferver. Meu comportamento
profissional escorregou, e palavras raivosas caíram em ouvidos
atônitos...
— Herdeiro da Matilha da Costa Leste? Você viu o que aquele vira-
lata fez com meu filho! Ele não passa de uma aberração!
As mandíbulas dos repórteres ao redor caíram quase em uníssono.
O triunfo feroz cresceu em meu peito antes que todo o peso das
minhas palavras precipitadas atingissem o alvo.
Houve um momento de silêncio atordoante, então uma explosão
de flashes e comentários gritados surgiram como uma onda
enquanto minhas palavras raivosas eram transmitidas ao vivo na
televisão.
NINA
Vestindo jeans preto e um moletom com capuz preto, deixei a
relativa segurança das árvores e rastejei pelo gramado dos fundos da
Casa da Matilha.
Vestir-me como faxineira não me salvaria desta vez.
Se eu fosse pega, provavelmente acabaria sentada na prisão ao
lado de Sienna.
Eu tinha que fazer aquilo rápido.
Aiden disse para olhar perto do andaime de construção de
madeira que abraçava a parede leste da Casa da Matilha.
O local onde Selene foi assassinada não estava mais isolado com
fita amarela da polícia, e o vidro e o sangue haviam sido lavados.
Como se nunca tivesse acontecido.
Um soluço subiu na minha garganta, mas eu continuei forte e o
sufoquei.
Não há tempo para lágrimas.
O andaime foi organizado quase como uma treliça de rosas, com
barras cruzadas que criaram um efeito de escada.
Havia plataformas em vários estágios onde os operários faziam
suas reformas.
Concentrei minha atenção no chão, tentando espiar entre as
tábuas finas de madeira e as mais grossas que ancoravam a estrutura
extensa.
Aiden tinha dito algo sobre o cartão sendo chutado para o
andaime.
Eu não fazia ideia de como ele havia arranjado essa informação,
mas já tinha muita merda acontecendo ultimamente, então quem
era eu para questioná-lo, não é?
As pranchas de madeira estavam baixas, mas fui capaz de me
apoiar nos cotovelos e rastejar alguns metros para frente.
Pensei no que tinha visto brevemente da equipe de busca de Enzo.
Nenhum deles seria pequeno ou ágil o suficiente para navegar neste
labirinto baixo.
Meu coração começou a bater.
Talvez Aiden esteja certo.
Movendo-me com cuidado para evitar lascas da madeira áspera,
me aproximei da parede da Casa da Matilha.
Eu estava a apenas três metros de onde Selene teria caído naquele
dia.
Se o cartão de memória tivesse de alguma forma escorregado
para fora do celular quando o invasor o quebrou, ele poderia ter
acabado em algum lugar por aqui.
Minha linha de visão foi obscurecida por uma grande coluna
decorativa e tentei girar em torno dela.
Prendi minha respiração.
Caído inocentemente nas lajes, havia um pequeno quadrado do
tamanho da minha unha do polegar.
Com as mãos trêmulas, peguei o pedaço de plástico azul e o
segurei na palma da minha mão.
Faltava uma lasca de um lado e havia uma rachadura fina ao longo
do comprimento do cartão.
Merda. Por favor, não quebre.
Era uma loucura pensar que tanta coisa dependia de algo tão
pequeno.
Do bolso do meu moletom, tirei o pequeno pedaço de pano que
peguei no meu caminho para fora da porta naquela noite.
Com infinito cuidado, embrulhei o cartão SD no pano e coloquei-
o cuidadosamente no bolso de trás. Uma batida distante soou de
algum lugar na Casa da Matilha e eu me assustei, lembrando do
perigo que enfrentaria se fosse encontrado.
Especialmente agora que eu potencialmente tinha a verdade
sobre a morte de Selene.
Hora de ir.
Ainda de joelhos e cotovelos, virei-me cuidadosamente e voltei
pelo labirinto de pranchas de madeira.
Uma vez limpa, corri o mais rápido que pude pela vasta extensão
de gramado e para a floresta.
Eu não parei até que as luzes fracas da Casa da Matilha
desapareceram de vista.
Meu coração ainda estava batendo forte no meu peito enquanto
eu tirava meu celular do bolso.
Nina: CONSEGUI
Nina: O que eu faço agora?
Nina: Você pode me encontrar??
Aiden:!!!
Aiden: Nina...
Aiden: Não sei como te agradecer.
Nina: Aiden... está rachado.
Nina: Não sei se vai funcionar...
Nina: Você pode me encontrar?
Aiden: Não posso deixar Rowan.
Aiden: A babá saiu hoje.
Nina: Por que eu simplesmente não dou para o Enzo?
Aiden: Aiden: NÃO!!!
Não até eu saber o que tem nele.
Nina: Tudo bem. Eu vou para casa. Vou ver se consigo fazer
funcionar.
Nina: Mas já te aviso. Consertar um cartão de memória quebrado
não é uma tarefa fácil.
Aiden: Você pode guardar segredo por mais um dia?
Aiden: Ligarei para você amanhã se puder.
Aiden: Caso contrário, falamos amanhã à noite no Baile de Inverno.
Aiden: Obrigado, Nina. Eu não vou esquecer isso.
Suspirei e fechei meu celular. Meu corpo ansiava por dormir, mas
parecia que a noite estava longe de acabar.
SIENNA
— Boa noite, Sra. Norwood.
A voz do Agente Enzo me tirou do sono.
Eu tinha me revirado por horas na cama de estrado fino e tinha
acabado de cair em um leve cochilo.
Eu me levantei e fui até o Agente Enzo.
— Você tem permissão para falar comigo sem minha advogada?
— Eu perguntei mal-humorada.
— Pensei em falar com você pessoalmente, antes de envolvermos
a Sra. Singh, — disse Enzo. Sua voz estava estranhamente arrastada
e me perguntei se ele tinha bebido.
Não o deixe intimidar você.
— Prefiro esperar a chegada da minha advogada, — disse eu,
friamente.
A boca de Enzo baixou e ele se aproximou das barras da cela. —
Tem a ver com seu filho, Sra. Norwood. — Foi como levar um chute
no peito. De repente, não havia ar em meus pulmões.
— O que tem Rowan?
— Recebi um envelope pelo correio esta noite, Sra.
Norwood. Continha dois documentos.
Enzo revelou um grande envelope pardo que segurava nas costas.
— O primeiro pedaço de papel é uma carta da babá de seu filho.
Eu fiquei simplesmente confusa. — Da Lexa?
Enzo acenou com a cabeça. — Ela largou o emprego hoje depois
de saber sobre o incidente entre seu filho e Nicholas Daniels. Você
sabia disso?
Eu balancei minha cabeça, ainda sem entender o que estava
acontecendo.
— Aparentemente, ela estava muito preocupada com sua
segurança para continuar com o emprego. Ela também incluiu isso
Enzo puxou um pedaço de papel de desenho coberto com rabiscos
pretos e vermelhos.
Meus joelhos cederam e eu afundei no colchão fino.
— Você se importaria de explicar como seu filho foi capaz de
desenhar a morte de sua tia com detalhes tão horríveis? — Enzo
perguntou. Sua voz era de aço frio.
Eu não conseguia respirar. Eu não conseguia pensar.
Apenas uma coisa importava.
Eu tenho que proteger Rowan.
Mesmo que isso significasse ficar aqui, longe da minha família.
Mesmo que isso significasse que todos pensariam que eu era
culpada.
Eu protegeria meu filho.
Eu olhei o Agente Enzo diretamente em seus olhos cinzentos
duros. Tentando soar o mais sincera possível, respondi a ele.
— Temo que você esteja enganado, Agente Enzo. Rowan não fez
esses desenhos.
Eu ofereci um pequeno sorriso.
— Eu fiz.
Capítulo 27
AIDEN
Devia ter rasgado Monica Birch membro por membro enquanto
tive a chance.
Girei o monitor do meu computador para que Josh e Gregory
Singh pudessem ler as últimas atualizações de Monica Birch.
Eu convoquei os dois ao meu escritório na primeira hora da manhã.
Deixei Rowan com Melissa e Robert, que relutantemente
concordaram em deixá-lo passar a noite lá.
O peso da morte de Selene ainda pesava sobre todos, e agora, com
Sienna na prisão, às vezes me preocupava que seus pais cedessem
com o esforço.
Mas com Lexa fora, não havia muita escolha.
Sua partida abrupta ainda doía.
Principalmente depois que ela se encarregou de apunhalar Sienna
e eu bem em nossas costas, logo depois de partir.
Falando em traição...
— Josh, você gostaria de comentar sobre o fato de que sua
companheira, minha suposta assessora de imprensa, se referiu ao
meu filho como um 'vira-lata' na frente de trinta repórteres?
Eu me esforcei para manter minha voz calma, mas Josh não pôde
deixar de notar que minhas garras estavam cavando trilhas
profundas na madeira da minha mesa.
Meu Beta gaguejou, resmungou e se desculpou.
Foram tantas desculpas inúteis.
— Nem é preciso dizer que Michelle não pode mais falar com a
imprensa. Vou deixar Sienna decidir se o assunto vai acabar aí.
Josh ficou com o rosto vermelho e começou a intervir, mas
levantei a mão para silenciá-lo.
Em vez disso, voltei-me para Gregory Singh.
Por mais que eu odiasse trabalhar com ele, seu apoio foi essencial
para o que eu tinha em mente.
— Onde está sua filha, Sr. Singh? Sienna foi presa há mais de 24
horas. Disseram-me que Thanda era a melhor. Eu estava errado em
confiar nela?
Errado em confiar em você?
Mesmo a essa hora da manhã, Gregory estava equilibrado e
sereno.
— Thanda está atualmente em uma reunião a portas fechadas
com um contato muito importante da polícia. Garanto a você, ela
está trabalhando incansavelmente para o bem de sua companheira
e da Matilha.
Tenho certeza que ela está trabalhando para você primeiro.
Mas meus aliados eram fracos e eu pegaria o que pudesse.
— Certo. Obrigado, Gregory, — eu dei a ele um aceno de cabeça
antes de continuar. — Agora, falemos de outros assuntos.
Inclinei-me para frente e me preparei para a tempestade que se
aproximava.
— Decidi cancelar o Baile de Inverno.
JOSH
Eu sabia.
Eu tinha certeza, porra.
Assim que Aiden me enviou uma mensagem de madrugada e disse
a mim e a Gregory para irmos para a Casa da Matilha, eu sabia que
ele tentaria cancelar o Baile de Inverno.
Quando Aiden Norwood se tornou tão covarde?
Meu queixo caiu mesmo assim.
Por mais que eu soubesse que meu Alfa havia perdido contato
com sua Matilha, ainda não conseguia acreditar o quão longe ele
realmente tinha ido.
— Você não pode cancelar o Baile de Inverno.
Gregory falou primeiro, me dando tempo para controlar minha
frustração.
Depois de tantos anos, eu estava ficando muito bom nisso.
As garras de Aiden já estavam de fora, e então elas lascaram um
pouco mais sua mesa.
— Não posso? — Ele perguntou em voz grave e ameaçadora.
Gregory encontrou o olhar furioso do Alfa com sua habitual
indiferença calma.
Quando ele falou, seu tom era desdenhoso. — Claro que não. O
Baile de Inverno é uma tradição nesta Matilha há gerações. Até
mesmo considerar o cancelamento é completamente ridículo.
Estremeci com a condescendência na voz de Gregory.
Eu assisti Aiden lutar com sua raiva.
Eu teria que ter muito cuidado.
Ele deu um suspiro profundo e falou com os dentes cerrados. —
Como Alfa desta Matilha, tenho autoridade para cancelar todo e
qualquer evento da Matilha, Sr. Singh.
— Sim, você já demonstrou isso abolindo o Festival da Fertilidade.
Se bem me lembro, o retorno disso foi... significativo.
Aiden estremeceu. Gregory tinha razão e sabia disso.
Todo o corpo de Aiden tremia com uma fúria mal contida.
A maioria dos lobos estaria a quilômetros de distância com o rabo
enfiado entre as pernas.
Gregory deu um sorriso sem humor e continuou: — Alfa Norwood,
não preciso falar sobre as consequências políticas do cancelamento
de um evento tão impregnado da tradição da Matilha como o Baile
de Inverno.
— EU NÃO ME IMPORTO COM AS CONSEQUÊNCIAS! — Aiden
rugiu, finalmente perdendo a paciência.
Ele pegou um peso de papel de vidro pesado de sua mesa e o
atirou na parede, onde se estilhaçou em mil cacos brilhantes.
— MINHA CUNHADA ESTÁ MORTA. MEU AMIGO ESTÁ
MORRENDO. MINHA ESPOSA ESTÁ NA CADEIA. MEU FILHO DE CINCO
ANOS ESTÁ SOB ATAQUE E VOCÊ QUER FALAR SOBRE TRADIÇÃO?
Cada músculo de seu corpo estremeceu com uma fúria mal
contida.
Eu lancei um olhar para Gregory, que encontrou o olhar assassino
do Alfa com um de civilidade fria.
Por um longo momento, os dois homens se encararam.
Cabia a mim desarmar a tensão e salvar o que poderia ser salvo da
situação.
— Aiden, você está certo. — Eu disse logo.
Ele sacudiu a cabeça surpreso.
Ele não estava mais acostumado a me ter do lado dele.
Eu aproveitei o momento. — E o pior momento possível para o
Baile de Inverno. Ainda estamos todos de luto por... por Selene. E
Jeremy.
Um peso frio de tristeza envolveu meu coração enquanto eu
falava. Eu respirei fundo e continuei.
Tudo dependia das minhas próximas palavras.
— Mas eu acho que também precisamos dar à nossa Matilha algo
para comemorar. Precisamos olhar para frente, e o Baile de Inverno
é uma boa maneira de fazer isso, — eu disse, me forçando a
encontrar os olhos brilhantes de Aiden.
— Além disso, — eu terminei apressadamente, — o baile é daqui
a mais ou menos doze horas. Já está tudo arranjado e pago.
Aiden ainda estava cheio de tensão, mas ele soltou um longo
suspiro e afundou em sua cadeira de couro. Gregory acenou com a
cabeça em aprovação e cruzou as mãos sob o queixo. — Seu Beta
está certo, Alfa Norwood.
Pelo menos alguém pode ver isso.
Ele juntou as mãos sob o queixo e disse: — Talvez possamos
chegar a um acordo.
— Permita que o Baile de Inverno prossiga esta noite. Sua
presença só será necessária para a cerimônia de abertura. O Sr.
Daniels pode ficar em seu lugar pelo resto da noite.
Meu coração começou a bater tão forte que me perguntei se eles
poderiam ver através da minha camiseta.
Nós dois assistimos Aiden.
Ele deu outro suspiro pesado e revirou os olhos dramaticamente.
— Josh pode fazer a cerimônia de abertura? Parece errado ficar na
frente de toda a Matilha sem minha companheira ao meu lado.
Gregory deu ao Alfa outro sorriso de boca fechada. — Eu não me
preocuparia muito com isso, Alfa Norwood. Na verdade, acho que
Sienna estará em casa, onde pertence, em breve.
JOCELYN
Algo está errado.
Desde que acordei no chão frio da ala médica, eu me sentia...
estranha.
Como se algo estivesse rastejando sob minha pele, coçando para
se libertar.
Cocei preguiçosamente meu braço e concentrei minha energia na
meditação.
O que quer que tenha acontecido naquela noite, foi
completamente sem precedentes.
Eu havia feito contato — embora brevemente — com o espírito
de Jeremy.
Eu não podia parar agora, não quando esta poderia ser minha
última chance de salvá-lo.
Sentado na frente do corpo caído de Jeremy, ficou claro que ele
tinha muito pouco tempo.
Ele não comia há dias, e eu só consegui fazer com que gotas de
água passassem por seus lábios rachados e inchados.
Minha cabeça girava de tontura. Eu me sentia fraca.
Provavelmente porque eu mal comia há dias.
Com uma onda de culpa, lembrei-me de Nina.
Ela me trouxe um sanduíche, mas eu não conseguia me lembrar
quando.
Quando foi a última vez que a vi? Falei com ela?
Toquei nela?
Em breve. Eu prometi a mim mesma.
Assim que salvei Jeremy.
Eu me concentrei nele novamente, procurando o espírito que
estava circulando inquietamente sob sua pele.
Aqui está.
Estava mais forte do que antes e um sorriso apareceu no meu
rosto.
Não conseguia me lembrar da última vez que sorri.
Jeremy? E a Jocelyn? Estou aqui.
Silêncio.
Jeremy? Você pode me ouvir? Eu quero te ajudar.
Eu podia definitivamente sentir sua presença, e era mais forte do
que antes.
Então, por que ele não respondia?
Expandi minha mente e tentei novamente.
Jeremy? Eu preciso que você ouça minha voz.
Eu preciso que você aguente firme.
Fiz uma pausa e foquei, procurando em minha consciência por
aquela conexão que experimentei antes.
Então, uma energia avassaladora, uma tempestade de raiva,
tristeza e pesar se abateu sobre mim com a força de um maremoto.
Eu podia sentir essa presença rastejando pela minha boca, meus
ouvidos, até que cada poro da minha pele estava se afogando nela.
Pela segunda vez em dois dias, o mundo escureceu e eu senti o
chão de pedra subir ao meu encontro.
Antes que tudo escurecesse, ouvi uma vozinha que não era meu
próprio sussurro no fundo da minha mente.
Sinto muito, Jocelyn.
SIENNA
Fracos raios de sol brilhavam através da janela gradeada da prisão.
Eu sorri com determinação implacável.
Eu tinha sobrevivido à minha primeira noite na prisão.
O estalido agudo dos saltos ecoou pelo corredor.
Thanda. Graças a deus.
Sentei-me na cama estreita e estremeci quando meus músculos
doloridos gritaram em protesto.
Posso ter sobrevivido, mas foi uma noite longa e incômoda de
pouco descanso.
Thanda apareceu. Eram apenas oito da manhã, mas ela parecia
pronta para conquistar o mundo jurídico em um terninho azul
marinho e sapatos de salto alto Christian Louboutin.
Uma pequena parte de mim a odiava por sempre parecer tão
arrumada, sendo que eu provavelmente parecia que tinha dormido
em uma lixeira.
Mas eu adorava quando ela não perdia tempo com conversa fiada
e ia direto ao ponto.
— Prepare-se, Sra. Mercer-Norwood. Você vai para casa.
Eu suspirei.
— Como? O que você fez?! — Eu disse freneticamente.
Um oficial uniformizado apareceu ao lado de Thanda. Ele passou
um cartão pela fechadura de segurança da cela da prisão e a porta
de metal se abriu.
Ela deu a ele um olhar penetrante e ele imediatamente
desapareceu de vista, nos deixando sozinhas mais uma vez.
— O que você fez? — Repeti minha pergunta com mais urgência
enquanto Thanda se demorava um momento na entrada da cela da
prisão.
— Ontem à noite, você solicitou a presença de seu advogado
quando falou com o agente Enzo. Isso é verdade? — Ela respondeu.
— Sim... mas como você sabe disso? Estávamos sozinhos.
— Ninguém está realmente sozinho mais, Sra.
Mercer-Norwood. — Thanda disse enigmaticamente: — Basta
dizer que quando o agente Enzo negou a você seu direito a um
advogado, ele infringiu a lei. Ele não vai incomodar você de novo.
Eu queria gritar e pular de felicidade, mas consegui manter a
calma: — Que notícia maravilhosa. Obrigada, Thanda. De verdade.
Ela deu de ombros e foi o gesto mais humano que eu já a vi fazer.
— Esse é o meu trabalho. Agora, há mais uma coisa que você precisa
saber antes de partirmos.
Meu coração afundou. — Está tudo bem com Rowan?
— Seu filho está bem. Isso tem a ver com a Sra. Daniels.
— Michelle? Ai, meu Deus, ela está bem!? — Imediatamente
imaginei minha amiga ferida ou pior.
Thanda tirou o celular da bolsa branca Gucci. Ela colocou um vídeo
do blog O Uivo da Verdade e, em seguida, me entregou o celular.
Eu não conseguia acreditar no que estava vendo.
Minha melhor amiga, chamando meu filho de vira-lata.
Uma aberração.
— Só mostro isso porque a Sra. Daniels está esperando do lado de
fora. Vários membros da imprensa estão com ela.
Eu balancei a cabeça com firmeza e devolvi o celular. — Obrigado
por me dizer. Eu cuidarei disso.
Quinze minutos depois, eu estava piscando sob o sol da manhã.
Nunca estive mais grata por seu calor suave.
Exatamente como Thanda havia dito, Michelle estava parada no
estacionamento. Havia cinco repórteres com ela e, quando me viram,
gritaram imediatamente.
Cinco câmeras estavam agora voltadas para mim.
Fique calma, Sienna. Não faça nada de que se arrepende.
Michelle correu para mim. Havia culpa em seu rosto, mas estava
misturada com otimismo ardente.
Fique calma.
— Sienna! Estou tão feliz em ver você fora daquele lugar horrível!
— Ela disse, então pelo menos teve a decência de abaixar o olhar.
— Eu esperava que pudéssemos conversar. Eu disse coisas
terríveis. Eu estava com raiva...
Fique calma.
— Você está demitida. — Eu disse com todo o controle que pude
reunir.
Recuei e dei um tapa no rosto de Michelle com todas as minhas
forças.
Capítulo 28
AIDEN
Eu estive andando de um lado para o outro no chão do meu quarto
inquieto por quase uma hora quando ouvi o clique suave da porta da
frente abrindo e fechando.
Em um instante, estava fora da sala e no corredor.
Minha companheira estava parada na porta de nossa casa.
Sienna olhou para cima e seus olhos estavam brilhando.
Meu coração se encheu de orgulho.
Eles tentaram te derrubar, mas você é a mulher mais forte que
conheço.
Eu dei um passo em sua direção.
Ela correu para os meus braços.
Nós nos beijamos avidamente, nos deleitando em nosso
reencontro.
— Onde está Rowan? — Foram suas primeiras palavras.
Sorri com a devoção constante de meu companheiro por nosso
filho.
— Ele está na escola. Robert vai buscá-lo. — Murmurei em seu
ouvido.
Eu queria arrancar a roupa dela, mas relutantemente interrompi
o abraço.
— Devíamos pegar algo para você comer, — eu disse a ela.
Sienna balançou a cabeça. Com dedos apressados e desajeitados,
ela começou a abrir os botões da blusa.
— Eu não estou com fome, — ela sussurrou. — Aquele lugar era...
Aiden, eu nem posso falar sobre isso ainda. Agora, tudo que eu quero
é me sentir eu mesma novamente.
Sua camiseta esfarrapada caiu no chão. Ela não estava usando
sutiã.
Eu fiquei imediatamente duro como uma rocha.
Ela me beijou de novo, quase desesperadamente.
— Eu só preciso me sentir viva. — As mãos de Sienna estavam em
meu cinto agora.
Meu pau se contraiu ansiosamente quando ela puxou meu zíper e
envolveu sua mão em volta de mim.
Eu ainda não tinha dito uma palavra. Ver minha companheira,
tocá-la era quase demais para lidar.
— Eu te amo, — eu consegui sufocar antes que uma onda de
desejo me levasse para longe.
Com facilidade, levantei Sienna do chão. Ela envolveu suas longas
pernas em volta da minha cintura e continuamos nos beijando
enquanto eu a carregava para o nosso quarto.
Outra noite no bar, Sienna e eu fodemos como adolescentes com
tesão.
Desta vez, eu queria fazer amor com minha companheira.
SIENNA
Várias horas embaçadas depois, me senti melhor do que há dias.
Aiden e eu ficamos juntos sob nosso chuveiro. Água com sabão
escorreu pelos músculos esculpidos de seu abdômen.
Eu segui a trilha de bolhas com meus olhos, percebendo com uma
pontada de luxúria que ele ainda estava parcialmente duro.
Nós tínhamos nos afogado um no outro, cochilando e acordando
apenas para cair um sobre o outro mais uma vez.
Uma umidade que não tinha nada a ver com a água quente do
chuveiro se espalhou entre minhas pernas.
Aiden deve ter lido minha mente, porque ele me puxou para mais
perto. Fiquei na ponta dos pés e o beijei enquanto outra onda de
desejo me percorria.
Do quarto adjacente, o celular de Aiden começou a tocar.
Saco.
Tivemos a sorte de aproveitar nossas horas roubadas antes que o
mundo fosse interrompido.
— Você provavelmente deveria atender, — eu disse com um
suspiro.
Aiden acenou com a cabeça e começou a lavar apressadamente o
sabão de seu corpo. — Talvez seja Nina. Ela encontrou o cartão de
memória do celular de Selene.
O QUE!!??
Antes que eu pudesse começar a processar esta revelação
chocante, Aiden girou para fora do chuveiro e estava enrolando uma
toalha em volta da cintura.
Eu rapidamente me enxaguei e saí do chuveiro, seguindo meu
companheiro para o quarto.
Ele pegou o celular e franziu a testa enquanto tocava
insistentemente de novo.
— E a Srta. Gillespie, — disse ele brevemente.
— Professora de Rowan? — Verifiquei a hora no relógio do nosso
quarto.
Eram 3: 25. As aulas terminaram há quase trinta minutos.
Aiden acenou com a cabeça, já segurando o celular no ouvido
enquanto ligava para a Sra. Gillespie de volta.
Ela atendeu quase imediatamente, e eu pude ouvi-la falando em
frases curtas e cortadas.
A sobrancelha de Aiden franziu enquanto ele ouvia. — O que você
quer dizer com Rowan ainda está no jardim de infância?
Corri para o lado dele, puxando seu braço enquanto o pânico subia
em minha garganta.
Ele colocou o celular no viva-voz para que eu pudesse ouvir a
professora de Rowan.
— Como eu disse, o avó de Rowan não veio buscá-lo na escola esta
tarde. Eu fiquei esperando...
— Rowan está bem? — Eu a cortei no meio da frase.
— Ele está absolutamente bem. Ele está me ajudando a decorar a
sala de aula para o Natal. Mas está ficando tarde e...
— Estou indo, — interrompi de novo, sem me importar se fui rude.
— Nos vemos em breve. E bom saber que você está em casa, Sra.
Mercer-Norwood, — a Sra. Gillespie disse calorosamente, então
desligou.
Aiden me puxou para um abraço rápido e apertado. Nós dois
começamos a vestir nossas roupas.
Eu enrolei meu cabelo molhado em um coque bagunçado na parte
de trás do meu pescoço.
— Por que meu pai não pegou Rowan? — Eu perguntei
preocupada.
— Ele provavelmente esqueceu. Eles têm muito em que pensar.
Ele me beijou e pegou seu celular e as chaves da mesa de
cabeceira.
— Eu sinto muito, mas eu tenho que ir para a Casa da Matilha
também. O Baile de Inverno começa em três horas. Eu meio que fiz
uma grande cena sobre isso enquanto você estava... enquanto você
estava fora. Eu provavelmente deveria aparecer e ajudar.
— Sério, não posso acreditar que devo colocar um vestido de baile
e dançar como se nada estivesse acontecendo, — eu gemi e revirei
os olhos.
Tudo que eu queria era ir buscar meu filho e passar a noite inteira
acariciando-o e assistindo desenhos animados.
— Eu sei. E completamente ridículo. Mas só temos que estar lá
para a dança de abertura. Podemos estar em casa e de moletom às
onze. Onze e trinta no máximo.
Juntos, saímos pela porta. Aiden subiu em seu carro e ligou o
motor.
— Espera! — Gritei enquanto me lembrava do que ele havia dito
antes. Ele baixou a janela.
— O que você quis dizer com Nina encontrou o cartão de
memória? Você não pode simplesmente soltar essa bomba e não me
dizer o que é que tá acontecendo!
— Nina encontrou o cartão, mas está rachado. A última coisa que
ouvi é que ela iria tentar fazer funcionar. Explicarei todos os detalhes
esta noite depois do baile. Eu prometo.
Ele se inclinou para fora da janela e me beijou ferozmente.
Isso teria que servir por agora. Eu balancei a cabeça e recuei para
que Aiden pudesse dirigir em direção à Casa da Matilha.
Meu pulso estava acelerado no meu peito. Pode ser isso.
O cartão de memória pode ser a chave para encontrar o assassino
de Selene.
Eu tive que fechar meus olhos contra a onda de tristeza que senti
ao pensar no nome da minha irmã.
Isso ficaria mais fácil?
Abri meu celular e comecei a digitar uma mensagem.
Sienna
Mãe? A escola de Rowan acabou de ligar.
Sienna
Eles disseram que papai não foi buscar Rowan na escola??
Sienna
Estou indo para lá agora, mas está tudo bem?
Mãe
???
Mãe
Não tenho ideia.
Mãe
Ele disse algo sobre ir visitar o túmulo de Selene.
Mãe
Mas isso foi horas atrás...
Sienna
Saindo agora para pegar Rowan.
Sienna: Odeio perguntar, mas posso trazê-lo para sua casa?
Sienna: Aiden e eu temos que ir ao baile estúpido esta noite.
Mãe: Não sei se é uma boa ideia.
Sienna:???
Sienna: Estou desesperado. A babá saiu.
Sienna: E eu acabei de sair da prisão a propósito...
Sienna: brigado por notar
Sienna: Desculpe. Isso foi rude.
Mãe: Traga Rowan aqui. Seu pai e eu podemos cuidar dele quando
ele chegar em casa.
Sienna: Obrigada, mãe. Eu te amo.
Mãe: Eu também te amo, querida
NINA
Droga.
Bati minha testa cansadamente contra a mesa da cozinha onde eu
havia instalado meu computador.
A porra do cartão de memória não funcionava na porra do meu
laptop. Ou, pelo menos, não sabia como fazer funcionar.
Alguém mais proficiente em tecnologia provavelmente poderia
ter consertado isso horas atrás.
Desejei desesperadamente de novo poder levar o cartão a um dos
membros da Matilha encarregados da segurança.
Mas Aiden Norwood foi claro.
Ninguém mais poderia saber.
Eu já havia pensado em colocar o cartão no meu celular, mas ele
teria que se encaixar no lugar com alguma força.
Meu maior e mais angustiante medo era que o minúsculo pedaço
de plástico se partisse ao meio ao longo da estreita rachadura que
percorria seu comprimento.
Não ajudou o fato de eu ter dormido por menos de três horas e
minhas mãos estavam tremendo de exaustão.
Fechei meus olhos e suspirei pesadamente, minha testa ainda
descansando contra a madeira quente da mesa.
Meu corpo inteiro doía.
Com pesar. Com tristeza.
Assim que tudo estiver feito, vou tirar Jocelyn daqui.
Precisamos de férias.
Em algum lugar muito, muito longe.
Como Fiji.
Eu sonhei acordada com Jocelyn tomando banho de sol em uma
ilha tropical, sua pele brilhando e bronzeada pelo sol do Pacífico.
Ou podemos ir parei as montanhas. Sempre quis aprender a
esquiar...
Minha imagem mental sonolenta mudou para uma de minha
namorada em uma jaqueta de inverno fofa, sua câmera antiquada
desajeitada pendurada no pescoço.
Câmera.
Eu pulei da cadeira tão rápido que ela caiu para trás.
Eu não parei para pegar. Eu já estava correndo para o quarto.
A Nikon de Jocelyn tinha todo tipo de funções imagináveis.
É óbvio que teria um slot para um cartão de memória.
Nina Castillo, você é uma idiota do caralho. Me xinguei por não ter
pensado nisso antes.
A bolsa de lona da câmera de Jocelyn estava na prateleira de cima
do armário do nosso quarto. Eu a peguei e abri o zíper.
Retirei a câmera e a examinei. Era mais pesada do que parecia.
E tinha mais botões e indicadores do que a porra de um foguete.
Calma. Respirei fundo e tentei desacelerar meu batimento
cardíaco estrondoso.
Ali, na lateral da câmera, havia uma capa de plástico para as
baterias.
Eu a abri e quase chorei quando vi não um, mas dois slots onde
um cartão SD poderia deslizar.
Gentilmente, quase com reverência, trouxe a câmera de volta
para a mesa da cozinha.
O quadrado de plástico azul estava inocentemente colocado sobre
a mesa, felizmente inconsciente de sua própria importância.
Por favor. Por favor, funciona.
O cartão deslizou suavemente para o seu lugar na câmera.
Por favor.
Liguei a câmera e observei a luz verde acender.
Eu não conseguia respirar.
A tela de LED piscou com um branco ofuscante e, em seguida, um
pequeno bloco de texto apareceu.
Dispositivo de memória externa detectado. Como você gostaria de
proceder?
Puta merda.
Respirei fundo e toquei no ícone ao lado das palavras — Abrir
pasta e visualizar arquivos.
Houve uma breve pausa durante a qual todo o meu corpo ficou
tão rígido de tensão que pensei que poderia começar a vibrar.
Em seguida, miniaturas mostrando centenas de fotos e vídeos
apareceram na tela.
Caralhocaralhocaralho.
Funcionou.
Toda a tensão acumulada deixou meu corpo em uma inundação.
Meus joelhos dobraram e eu afundei no chão de madeira, ainda
segurando a Nikon com as duas mãos.
Funcionou, porra.
Eu rolei pelas fotos.
Elas eram quase todas de Selene e sua família.
Meu estômago doeu, mas eu deixei minha dor de lado por
enquanto.
Rolei até o final do arquivo.
A última miniatura era um vídeo.
Estava marcado com uma data.
15/12/2024.
O dia em que Selene foi assassinada.
Cliquei no arquivo para abri-lo e o vídeo começou a ser
reproduzido.
Uma mulher de aparência familiar estava falando com uma figura
em um moletom com capuz.
A segunda pessoa estava de costas para a câmera, mas eu podia
ver o rosto da mulher claramente.
Eu não tinha certeza.
Eu não a via há anos.
Mas parecia a porra da Monica Birch.
Eu cliquei em um botão para habilitar o áudio e vozes soaram no
minúsculo alto-falante da câmera.
— Me arranje a informação e eu me certificarei de que a mídia
esteja a seu favor, — disse a mulher à figura encapuzada.
Eu poderia dizer pelo tom maldoso. Era de fato Monica Birch.
O que diabos ela tem a ver com tudo isso?
— Como você pode ter certeza? — Uma voz masculina respondeu.
Eu conhecia aquela voz...
— Estou neste negócio há quinze anos. Você acha que eu não sei
como fazer as pessoas acreditarem no que eu digo para elas
acreditarem? — Monica disse.
Observei enquanto o homem se mexia ligeiramente.
Seu perfil apareceu.
Senti uma onda de horror quando percebi que conhecia o homem
de moletom com capuz.
Josh Daniels.
Capítulo 29
NINA
Meu coração parou no meu peito.
Um toque surdo começou a ecoar em algum lugar da minha mente.
Rebobinei o vídeo e o reproduzi desde o início.
A tênue e inútil esperança de que de alguma forma eu tivesse me
enganado foi imediatamente esmagada.
Era Josh.
Beta de Aiden e amigo de longa data.
Discutindo sobre — mídia — com Monica Birch, a quem eu pensei
que não era permitida a menos de 80 quilômetros de Mahiganote.
Aumentei o volume e escutei, quase sem respirar. — Eu sou dona
de um dos blogs mais populares da Nova Inglaterra, mesmo que
tenha que me esconder sob um pseudônimo.
— Você acha que eu não sei como fazer as pessoas acreditarem
no que eu digo para elas acreditarem? — A Monica do vídeo
perguntou novamente com desdém.
— Eu realmente não me importo como você faz isso, mas eu
preciso que todos os lobos da Matilha... Não, porra, eu preciso que
todos os lobos do pais vejam porque isso tem que acontecer. Precisa
ser justificável, — Josh respondeu em um silvo raivoso.
Um sorriso sinistro se espalhou pelo rosto de Monica. — Sr.
Daniels, quando 'Robin Chamic' terminar, o mundo inteiro verá como
é um verdadeiro líder. E em troca, você sabe o que combinamos.
Meu coração disparou descontroladamente no meu peito. O que
eles estavam falando parecia muito com...
Traição.
Na tela, Josh acenou a mão com desdém.
— Tá, tá, — disse o beta, — depois do Baile de Inverno você terá
acesso exclusivo a mim e à minha companheira. Foi ideia de Michelle
que trabalhássemos juntos em primeiro lugar. Ela está muito
animada em voltar à televisão.
— Você vai ter sua horda de fãs gritando de volta, não se preocupe,
— Josh continuou.
Na tela, Josh cerrou os punhos.
— Vai valer a pena. Vai valer a pena, — disse ele, falando sozinho.
— Vai valer a pena quando eu for Alfa.
Naquele momento Selene deve ter feito algum tipo de som,
porque a cabeça de Josh de repente virou para o lado.
Ele a viu.
Observei o rosto de Josh enquanto ondas de diferentes emoções
passavam por ele.
Primeiro, houve um choque total.
Então, ele percebeu exatamente o que Selene tinha visto. O que
ela tinha filmado.
Depois, medo, ao perceber que havia sido capturado.
E, finalmente, uma máscara negra de ódio se estabeleceu em suas
feições de menino.
Naquele momento, o vídeo inclinou e houve um borrão de
movimento quando Selene girou o celular para mostrar seu rosto.
Eu engasguei em voz alta quando a vi.
Selene estava viva naquela tela.
Tão maravilhosamente, vibrantemente viva, que me atingiu como
um golpe físico.
Seus olhos estavam arregalados de medo.
A tela ficou preta.
O vídeo acabou.
Ah, Selene. Sinto muito.
Minha dor rapidamente se transformou em raiva.
Joshua Daniels, o que você fez?
A adrenalina correu por mim.
Eu me pus de pé. Minhas pernas tremiam, mas sacudi meus
nervos e vesti o casaco e os sapatos apressadamente.
Coloquei a câmera, com sua carga devastadora, delicadamente de
volta na bolsa de lona, que pendurei no peito.
Você vai pagar por isso. Josh.
Eu prometo.
Pensei em algo que ele disse na gravação.
— Depois do Baile de Inverno...
Que estava programado para começar em menos de uma hora.
É onde Josh estava planejando fazer sua jogada?
Nina: AIDEN!
Nina: FIZ 0 CARTÃO FUNCIONAR
Nina: Onde você está?
Nina: Não vá ao Baile de Inverno!
Nina: Não confie no Josh.
Nina: osh matou Selene!!
Nina: Aiden?
Nina: AIDEN!!!
Meu estômago se revirou.
Já era tarde demais?
Eu tinha prometido a Aiden que nunca envolveria ninguém em
nossa busca pelo assassino de Selene.
Mas ele não estava atendendo ao celular.
Se ele já estava no Baile de Inverno, já estava em perigo.
Não era mais hora de agir com cautela.
Então tomei minha decisão e saí pela porta.
***
Dez minutos depois, um moleque cheio de espinha na cara me
apontou a direção do quarto de hotel do agente Enzo.
Bati e um momento depois a porta se abriu, liberando um odor de
suor rançoso e álcool no corredor.
O agente Enzo mal registrou minha presença.
Ele cruzou de volta para a mesa arranhada e amassada que estava
servindo como uma escrivaninha e sentou-se pesadamente em uma
cadeira arranhada e afundada.
Ele não disse uma palavra.
Ele nem mesmo olhou para mim.
Meus olhos se voltaram para a garrafa quase cheia de uísque que
estava aberta sobre a mesa.
Então, de volta ao Agente Enzo, que olhou para mim com olhos
frios e calculistas.
— Agente Enzo, eu tenho algo que você precisa ver.
— Sério? — Sua voz não tinha a calúnia que eu esperava. Era
afiada e cínica.
Bom. Pelo menos ele não estava bêbado.
Tirei a bolsa da câmera dos ombros e coloquei-a sobre a mesa.
Abrindo o zíper, removi cuidadosamente a Nikon e a coloquei de lado.
— Eu achei o cartão de memória do celular de Selene, — eu disse
de uma vez.
O agente Enzo estava mortalmente silencioso enquanto entendia
minhas palavras.
Eu respirei fundo. — Há um vídeo. Mostra uma conversa entre
Joshua Daniels e Monica Birch. Acho que você precisa assistir.
Peguei a câmera, mas a mão de Enzo disparou.
— Você está me dizendo que tem provas de um crime e optou por
mantê-las espalhadas por uma maldita câmera digital! — Sua
mandíbula cinzelada estava cerrada com força.
Meu queixo caiu. — Eu... eu tive que fazer. Está rachado. Eu tentei
de tudo, tipo quatro dispositivos diferentes
Ele me cortou. — Tá, cala essa boca por um segundo e deixe-me
pensar!
Olha a coragem desse cara! Mas eu não sabia para onde mais
recorrer, e ele parecia saber o que estava fazendo.
Enzo fez uma pausa, abriu uma cerveja e deu um longo gole.
Meu celular vibrou no bolso, mas eu o ignorei.
— Considere-se com sorte, senhorita... desculpe, quem é você?
— Jessica, — a mentira estava em meus lábios imediatamente. —
Jessica Jones.
Sua boca se curvou para um lado. — Sim. Eu tenho certeza que
você é.
Meu celular vibrou no bolso novamente. Minha boca estava seca.
— Senhorita... Jones, eu poderia prendê-la por esconder provas.
Mas você me pegou de bom humor, então por que não me deixa
cuidar disso a partir daqui.
Com outro gole de cerveja, Enzo deu as costas, dispensando-me.
— De nada, — eu disse sarcasticamente.
Eu não pude evitar.
Mas ele já havia se esquecido de mim, sua intenção focada
exclusivamente na câmera à sua frente.
Meu celular vibrava.
Frustrada, eu enrolei minhas mãos em punhos.
Eu não tinha mais o cartão de memória.
Aiden ficaria furioso.
Mas ele poderia ficar furioso mais tarde, quando ainda fosse Alfa.
Deixei a porta do escritório de Enzo aberta e saí de lá.
E o celular continuava vibrando.
Espere, pode ser Aiden.
Tirei meu celular do bolso tão rápido que quase o deixei cair.
Não era Aiden.
Era Jocelyn.
Jocelyn: Jeremy se foi.
Jocelyn: Jeremy está aqui
Jocelyn: socorro
Jocelyn: casa
É o quê?
Algo estava errado.
Fiquei parada no estacionamento, dilacerada.
Eu precisava chegar até Aiden, para avisá-lo sobre o plano de Josh
para o Baile de Inverno.
Mas fiquei seriamente perturbada com aquelas mensagens. Até
que ponto Jocelyn se esforçou em sua tentativa infrutífera de salvar
Jeremy?
Eu tinha que chegar até ela.
Enzo está com a câmera, disse a mim mesma com firmeza.
Mesmo que ele seja um bêbado e um idiota, ele ainda é um agente
do DIT
Ele saberá o que fazer. Melhor do que você.
Ele pedirá reforços e um batalhão de oficiais estará no Baile de
Inverno em quinze minutos.
Pulei no meu carro e dirigi até Jocelyn.
ENZO
Derramando dois dedos de uísque na caneca de café em minha
mesa, usei a câmera para assistir ao vídeo que a loba curvilínea de
pele escura tinha me dado.
Era curto, menos de noventa segundos de duração. Mas naquele
breve espaço de tempo, fui salvo.
Tomei um gole de minha bebida e saboreei o sabor da vitória.
Todos aqueles idiotas empurradores de lápis em Lumen teriam
que limpar a baba de suas bocas assim que eu trouxesse Joshua
Daniels.
Pegar aqueles filhos da puta era a única coisa que me restava.
Desde que eles rasgaram meu irmão em pedaços.
Meu primeiro instinto foi ir com armas em punho.
Mas primeiro eu teria que ter cuidado.
Tecnicamente, eu não estava mais no caso.
A notícia chegara de meus superiores no DIT esta manhã.
Aquela advogada vagabunda telefonou e informou que eu havia
negado sua presença à Sienna Norwood.
Eu ainda pretendia descobrir como aquela vadia pretensiosa sabia
disso.
Pensei em chamar os espertões em Lumen, mas decidi deixá-los
ser os primeiros a me parabenizar quando aparecesse no Baile de
Inverno prendendo Joshua Daniels.
Pensei em levar a câmera comigo, mas no final decidi colocá-la em
um espaço entre a antiga TV de antena parabólica e a parede do
quarto do motel.
Melhor prevenir do que remediar.
Eu me levantei e a sala se inclinou um pouco antes de se endireitar.
A notícia da minha redenção me deixou tonto.
Eu balancei minha cabeça para limpar a neblina e saí do motel.
Ninguém falava comigo. Nunca na vida.
Eles eram todos um bando de bastardos chupadores de saco.
Eu caminhei sobre a grama seca em direção ao meu velho Chevy
de confiança.
Então parou de repente.
Meu carro, meu lindo bebê, estava tombando pesadamente para
o lado.
Eles não seriam...
Eles fizeram!
Um daqueles malditos vira-latas sarnentos e assassinos tinha feito
um corte feio em ambos os pneus do lado do motorista.
— PORRA de lobisomens! — Eu gritei aos céus.
Eu caí de joelhos ao lado dos pneus estragados do meu carro e
bati meu punho no pavimento até que senti a pele rachar sobre os
nós dos meus dedos.
Esta foi a gota d'água.
Eles vão pagar por isso.
Comecei a caminhar pela floresta escura em direção à Casa da
Matilha.
JOSH
A conquista do poder só acontece por meio de uma combinação
de trabalho árduo, muita coragem e a capacidade de convencer os
outros de que você sabe o que é melhor para eles.
Mas estaria mentindo se dissesse que a sorte também não é um
fator importante.
Por exemplo, foi pura sorte eu ter visto Selene na floresta naquele
dia. Pura sorte de ter conseguido cuidar da situação a tempo.
Má sorte para ela, mas Selene não precisava morrer.
Ela poderia ter entregado o celular, mas ela recusou.
E eu não podia deixar aquele vídeo vazar.
Teria destruído meses de planejamento cuidadoso, sem
mencionar que me colocaria atrás das grades por traição.
Como eu disse... sorte.
Tomar o poder também significa ouvir seus instintos.
Então, quando meu intestino começou a gritar comigo enquanto
eu estava a caminho do Baile de Inverno, prestei atenção.
A noite estava fria e fresca, e eu decidi caminhar até a Casa da
Matilha pela floresta.
Para saborear esses últimos momentos de calma antes da
tempestade.
Eu já estava usando meu smoking feito à mão e as abotoaduras de
ouro maciço brilhantes que Michelle havia me dado no nosso
aniversário.
Minhas mãos estavam quentes em luvas de couro preto.
Folhas secas sussurravam sob as solas dos meus sapatos sociais e
ondas de adrenalina corriam pelo meu corpo enquanto eu
caminhava por entre as árvores.
Logo, tudo seria diferente.
Eu seria o Alfa.
Aiden tinha perdido contato com seu Matilha há muito tempo, ele
não era capaz de ver que havia perdido seu amor.
E seu respeito.
Parei sob um carvalho esparramado e me inclinei contra a casca
áspera de seu tronco.
Tudo iria terminar esta noite.
Era para o bem da Matilha.
Mas isso não significava que eu não saborearia o sabor da derrota
de Aiden Norwood.
Eu ainda mal conseguia acreditar que finalmente estava
acontecendo.
A batida de botas pesadas soou atrás de mim.
Cauteloso como sempre, me afastei atrás do carvalho e observei
o agente Anthony Enzo entrar em vista.
Observei quando ele passou pelo carvalho que estava servindo
como meu esconderijo.
Seus ombros estavam curvados e ele pisava com raiva no mato.
De uma forma estranha, eu estava meio grato a Enzo.
Depois da morte completamente desnecessária de Selene, pensei
que estava fodido.
Até que esse estúpido inútil apareceu e estragou tudo
perfeitamente.
Outro golpe de sorte.
Mas o que ele estava fazendo indo em direção à Casa da Matilha,
quando Gregory Singh já havia me informado que Enzo tinha sido
suspenso da força?
Aquela cócega do instinto me disse para descobrir.
Saí de trás do carvalho.
— Agente Enzo! — Eu chamei, acenando alegremente.
Ele piscou para mim, tentando ver através da escuridão com seus
olhos humanos patéticos.
Quando ele percebeu quem eu era, sua mão foi imediatamente
para o quadril.
Mas a pistola de serviço, que normalmente ficava no coldre,
estava ausente.
Afinal, ele havia sido suspenso da força policial.
Eu sorri.
Enzo hesitou, mas continuou como se ainda tivesse alguma
autoridade aqui.
— Joshua Daniels, você está preso pelo assassinato de Selene
Gibbs. — Ele manteve uma distância cautelosa, sabendo como eu
que ele estava completamente desarmado.
Meu primeiro pensamento foi mudar para minha forma de lobo e
rasgar sua garganta com minhas presas nuas.
Mas rasgar esse smoking não estava nos planos.
Além disso, Michelle me mataria.
Suspirei pesadamente.
Tirei minha jaqueta de smoking justa e a dobrei cuidadosamente
em um galho de árvore.
Então, como um touro atacando, corri para o Agente Enzo.
Ele reagiu mais rápido do que eu imaginava, rápido o suficiente
para se esquivar do meu primeiro ataque.
Ele se virou para mim, fechando os punhos e erguendo-os em uma
pose clássica de boxeador.
Corri para ele novamente. Enzo deu um soco que foi selvagem e
fez contato com nada além do ar enquanto eu o derrubava no chão.
Ele lutou, atacando com punhos, joelhos e pés, mas eu fui mais
rápido.
Eu tranquei minhas mãos, ainda em suas luvas de couro, em volta
do pescoço de Enzo e comecei a apertar.
O rosto do agente adquiriu um satisfatório tom de roxo e ele
puxou minhas mãos com toda a força.
Mas a força de um homem não é nada comparada à força de um
lobisomem.
Mudei, apenas ligeiramente, para a minha forma de lobo.
Apenas o suficiente para sentir aquela onda primordial de energia
fluir pelo meu corpo.
Eu apertei com força.
As mãos de Enzo bateram fracamente nas minhas.
Eu cerrei meus dentes enquanto seus olhos reviravam em sua
cabeça.
Senti um estalo sob minhas mãos enquanto esmagava sua
traqueia.
Ficou mole.
Fiquei ali, com as mãos na garganta do detetive morto, não sei
quantos minutos.
Eventualmente, meu coração acelerado desacelerou, embora
continuasse batendo de forma irregular no meu peito.
Então, toda a força de meus membros acabou e comecei a tremer
incontrolavelmente.
O que aconteceu?
Tudo tinha sido tão rápido.
Minhas costas roçaram na casca áspera do carvalho.
Quando eu me afastei do corpo de Enzo?
O corpo.
Merda.
Não tinha tempo para lidar com o corpo.
O que significava outra potencial cena de crime. De um policial
dessa vez.
Fodeu. Fodeu.
Isso não deveria acontecer.
Ninguém deveria ter se machucado.
Mas agora era tarde demais para voltar atrás.
As coisas já tinham ido longe demais.
Eles estão contando com você. Josh.
Eu teria que lidar com Enzo amanhã.
As coisas seriam muito diferentes no dia seguinte.
Quando eu fosse Alfa.
A sensação de fraqueza e tremor começou a deixar meus ossos.
Quando eu fosse Alfa.
Quando Aiden Norwood finalmente seria forçado a me ver como
eu realmente era.
Poderoso.
Respeitado.
Um líder.
Respirei fundo para me acalmar.
Respirei de novo.
Parando para recuperar minha jaqueta, deixei Anthony Enzo onde
ele estava morto no chão.
Fui para a Casa da Matilha.
Michelle estava esperando por mim do lado de fora da entrada
dos fundos. Seus olhos se arregalaram de surpresa e alarme quando
ela viu meu rosto suado, os leves traços de sujeira em minhas calças.
— O que aconteceu? — Ela perguntou, com urgência.
— Uma complicação. Não se preocupe meu amor. Eu cuidei disso.
— Puxei minha companheira para perto e a beijei suavemente.
Ela imediatamente começou a golpear as manchas de terra em
minhas roupas.
Tentei não imaginar o cadáver de Enzo.
A hora havia chegado.
Estendi meu braço para Michelle, e ela o segurou com um sorriso
secreto.
— Preparado? — ela perguntou.
— Preparado.
Nossos lábios se juntaram uma última vez antes de prosseguirmos
de braços dados para o Baile de Inverno.
Capítulo 30
MICHELLE
Meu corpo inteiro formigou de excitação enquanto minha
companheira e eu caminhávamos pela Casa da Matilha.
Eu me dei uma olhada em um longo espelho dourado. Meu
vestido era uma organza prateada cintilante com uma cauda
arrebatadora que caía em cascata atrás de mim.
Meu longo cabelo castanho estava organizado em um ninho
complicado de tranças e cachos entrelaçados.
Perfeito.
Eu engasguei de alegria quando entramos no salão de baile
brilhante. Josh disse que o Baile de Inverno deste ano superaria
todos os outros, mas eu não esperava o esplendor opulento em
exibição esta noite.
O espaço já enorme parecia duas vezes maior, graças à adição de
dezenas de espelhos em molduras douradas brilhantes.
Centenas de velas tremeluziam em arandelas elegantes,
emprestando um ambiente romântico aos casais que já giravam ao
som de uma orquestra de seis instrumentos que tocava em um palco
elevado.
Meu coração batendo forte subiu outro entalhe enquanto eu
bebia tudo.
Eu queria saborear este momento. O último momento antes de
me tomar a companheira do Alfa da Costa Leste.
Foi uma longa estrada.
E o custo foi tão alto.
Eu deixei esse pensamento de lado e beijei meu companheiro na
bochecha.
— Eu tenho que encontrar Gregory, — Josh sussurrou em meu
ouvido.
Sua respiração estava quente na minha pele. Revirei os olhos
enquanto minha Bruma ronronava pelo meu corpo.
— E eu vou encontrar Sienna assim que ela chegar aqui, —
respondi com firmeza.
— Certifique-se de fazer isso, — ele avisou em voz baixa. — Tudo
depende de você chegar até ela antes que ela perceba o que está
acontecendo.
Meu companheiro saiu em meio à multidão de pessoas.
Toquei o ponto dolorido na minha bochecha onde Sienna tinha me
dado um tapa.
Ela pagaria por esse erro esta noite.
Fui para o bar, onde um homem bonito em libré verde esmeralda
estava servindo bebidas.
Nunca pude resistir a um open bar.
— Duas taças de champanhe, por favor, — respondi quando ele
perguntou o que eu gostaria.
Ele acenou com a cabeça e encheu duas taças de cristal de uma
garrafa aberta que estava, junto com pelo menos cinquenta outras,
em uma grande banheira de gelo.
Peguei as taças e atravessei o salão de baile.
Encontrando um canto isolado bloqueado por uma coluna de
pedra imponente, coloquei os copos na mesa com cuidado.
Da minha bolsa, retirei um minúsculo frasco de plástico.
No fundo havia meia polegada de pó marrom.
Eu sabia que Josh era forte o suficiente para vencer Aiden
Norwood a qualquer momento.
Mas uma ajudinha não fazia mal.
Minha mão só tremia um pouco enquanto eu derramava acônito
em pó em uma das taças de champanhe.
NINA
Eu estacionei na garagem da minha casa e corri para dentro.
O apartamento estava escuro e silencioso.
— Jocelyn?
Não houve resposta.
A luz da lua, eu podia ver os cacos de vidro quebrado no corredor.
Aproximei-me mais na ponta dos pés e um punho gelado de medo
apertou meu coração.
Uma das muitas molduras que decoravam o corredor estava
quebrada no chão.
Eu o peguei e minha boca ficou seca.
Era uma fotografia da cerimônia de acasalamento de Jeremy e
Selene.
Eles estavam sorrindo com os braços em volta de Jocelyn e Josh,
que estavam na festa de casamento.
A fotografia havia sido quebrada em um padrão circular, quase
como se alguém a tivesse perfurado.
— Jocelyn! — Chamei de novo, mais alto.
Corri pelo corredor. Havia uma luz fraca sob a porta do quarto.
Abri a porta e recuei surpresa.
Jocelyn estava em nosso quarto.
Só eu poderia dizer imediatamente que algo estava muito, muito
errado.
Eu esperava encontrá-la angustiada, triste pelo peso de perder
Jeremy.
Em vez disso, Jocelyn estava parada no meio da sala com uma
expressão de raiva quase maníaca no rosto.
— Jocelyn, o que há de errado? Você está bem? — Eu perguntei.
Ela não respondeu, mas eu praticamente podia sentir a raiva
irradiando de sua pele.
Seus olhos estavam estranhos, desfocados, mas ardendo com
intensidade.
Ela não parecia alguém que acabara de perder um amigo querido.
Ela parecia alguém que tinha enlouquecido.
Eu dei um passo para trás involuntariamente.
— Meu deus, Jocelyn! — Eu suspirei. — O que aconteceu!
Minha namorada abriu a boca e minha pele se arrepiou de horror
quando uma voz profunda e baixa falou em vez da dela.
— Selene...
— E quanto a Selene? O que está acontecendo?
— Eles... mataram... ela... — a voz falou em um arranhar
enferrujado, como se cada palavra fosse uma luta dolorosa.
Naquele momento, percebi que não estava mais falando com
Jocelyn.
O que ela fez?
— Quem é você? — Minha voz era um sussurro sem fôlego.
Jocelyn, ou o que quer que estivesse falando através dela, não
respondeu.
Ela deu um passo em minha direção.
Eu dei mais um passo para trás. Agora minhas costas estavam
contra a parede do corredor.
Rápido, incrivelmente rápido, ela saltou.
O punho de Jocelyn atingiu o lado da minha cabeça com uma força
impressionante.
O tapete azul claro do corredor correu para me encontrar e então
tudo ficou preto.
AIDEN
Os membros da minha Matilha giravam ao redor do salão de baile
em todas as suas roupas requintadas.
Eu tive que admitir. Josh tinha feito um trabalho muito bom.
Vi alguns homens usando chapéus altos e brilhantes e fivelas de
cinto impecáveis. Ele até conseguiu que alguns membros da Matilha
do Texas comparecessem ao baile, e eles eram notoriamente difíceis
de lidar.
Eu estava relutante em entregar mais responsabilidades ao meu
Beta, insistindo por anos que poderia equilibrar o trabalho de Alfa
com os deveres de ser um companheiro e pai.
Talvez eu tenha que revisitar essa ideia. Talvez Josh pudesse
assumir mais algumas das tarefas do dia a dia de administrar a
matilha.
Eu vi Raphael parado sozinho perto de uma das grandes janelas de
vidro que levavam ao terraço.
Eve não estava com ele desta vez. Esta não era uma visita social.
Amanhã veríamos exatamente o que o Alfa do Milênio pretendia
fazer sobre a turbulência que engolfava a Matilha da Costa Leste.
Não era uma conversa que eu esperava.
Vislumbrei Michelle enquanto ela se movia no meio da multidão
de pessoas conversando com um vestido que deve ter custado uma
fortuna.
Ela me notou e mudou de curso, vindo na minha direção.
Hesitei, sem saber o que fazer.
Eu pessoalmente não suportava Michelle e até Sienna finalmente
estava farta.
Parte de mim apenas a queria fora de nossas vidas para sempre.
Mas ela estava vindo em minha direção com duas taças de
champanhe e um sorriso tão tímido e esperançoso que não pude
deixar de suspirar.
Michelle sempre seria Michelle.
E isso significava que ela sempre pensaria em si mesma primeiro.
Como Alfa, não tive esse luxo.
Ela ainda era a companheira do meu Beta.
Era importante que não houvesse mais tensão entre os membros
do meu círculo íntimo.
Por enquanto, pelo menos, isso incluía Michelle.
Ela me alcançou e estendeu uma das taças de cristal na minha
direção.
— Parece que você está precisando de uma bebida, — disse ela.
— Eu realmente gostaria de uma bebida, — eu disse, esperando
que ela não pudesse detectar a falsa leviandade em minha voz.
Michelle sorriu. Seus dentes eram brancos e brilhantes, como se
tivessem sido feitos profissionalmente.
— Eu quero tanto enterrar o passado. Sinto muito sobre Rowan.
Vou falar com Sienna na primeira chance que tiver. Saúde? — Ela
ergueu o copo.
Resisti à vontade de revirar os olhos e bater meu copo com o dela.
O champanhe estava crocante na minha língua, mas deixou um
gosto amargo e desagradável na boca.
O sorriso de Michelle se espalhou ainda mais por seu rosto.
SIENNA
Eu mal tinha entrado no Baile de Inverno quando Michelle estava
ao meu lado.
Meu primeiro instinto foi abraçar minha amiga mais antiga, antes
de me lembrar do quão pouco ela pensava naquela amizade.
— Sienna! Estou tão feliz por você estar aqui. Eu tenho que falar
com você, garota. E tipo muito importante! — Ela disse em uma
pressa sem fôlego.
Apesar de tudo, me virei para olhar para Michelle, observando seu
vestido de baile prateado de tirar o fôlego.
Eu disse a mim mesma que tinha apenas vinte minutos para me
preparar para esta festa.
Mas não havia como negar que eu parecia uma senhora ao lado
dela em meu vestido de jade discreto e pérolas.
Eu tinha escolhido este vestido porque era um dos designs de
Selene, mas eu me pergunto se eu interpretei mal o dress code
daquela noite.
Todos ao meu redor usavam vestidos longos.
Quando foi que o Baile de Inverno virou uma novela de época?
— Eu realmente não quero falar com você agora, Michelle. Talvez
possamos resolver as coisas mais tarde, mas por enquanto preciso
de espaço.
Ela assentiu com simpatia. — Eu sei. Eu tenho sido a maior vaca.
Por favor, me dá só uns dois minutos?
Ugh. Como fui capaz de perdoar Michelle tantas vezes?
Acho que é isso que os amigos fazem.
Ainda assim, o equilíbrio parecia um pouco unilateral.
— Dois minutos, Michelle.
— Ai, meu deus, obrigada. Venha comigo, eu tenho que te mostrar
uma coisa!
Ela agarrou minha mão com entusiasmo e me puxou para fora do
salão de baile para uma sala próxima.
O quarto estava escuro e vazio. Michelle tirou o celular da bolsa
Prada e bateu rapidamente na tela.
Então ela me mostrou uma foto e, por um momento, não tive ideia
do que estava olhando.
Era um homem sentado em uma cadeira de madeira resistente.
Seus pulsos foram amarrados nas costas e seus tornozelos
amarrados às pernas da cadeira. Uma bolsa preta cobria sua cabeça.
— O que é isso? — Eu perguntei a Michelle.
Ela esfregou a tela com uma unha bem cuidada e a imagem mudou.
Era o mesmo, exceto que o capuz preto tinha sido removido.
Eu pisquei.
Meu coração começou a bater de forma irregular no meu peito.
Minha boca ficou seca.
Pai?
Como assim?
Levantei os olhos do celular para ver Michelle olhando para mim
com um sorriso triste.
— O que? O que...? — Gaguejei.
Minha mente simplesmente não conseguia entender o que estava
vendo.
Michelle acenou com a cabeça para minha perplexidade.
— Não se preocupe. Ele está perfeitamente seguro. Por enquanto,
— ela disse, e de repente sua voz estava diferente.
Estava calma e paciente, sem nada da excitação agitada que ela
havia demonstrado antes.
— Por que? — Eu consegui respirar.
— Para garantir sua cooperação, é claro. — Michelle se sentou em
uma das poltronas luxuosas que decoravam a sala.
Ela estava totalmente inquieta. Eu queria dar um tapa nela
novamente.
— Minha cooperação?
— Sim. Veja, não podemos permitir que você use esses loucos
poderes divinos, né?
Era como atravessar um nevoeiro. Nenhuma das suas palavras fez
sentido.
— Você... você sequestrou meu pai? — Eu perguntei em
perplexidade.
— Eu não diria assim, — ela respondeu com um aceno de mão.
— Não queremos machucá-lo! Só precisamos que você se controle.
Josh não pode permitir que você use seus poderes divinos para
perturbar as coisas! Não é justo! — 'Não é justo...? — Eu respirei. Eu
me senti tonta Mas então a raiva começou a crescer, aquecendo meu
sangue e despertando minhas habilidades divinas. Eles rosnaram
com ferocidade mortal.
Eu hesitei.
Estávamos no meio de um prédio de pedra. Todas as outras vezes
em que usei meus poderes para invocar raízes ou cipós da terra,
estava ao ar livre.
Eu era forte o suficiente?
Não importa.
Eu não podia arriscar que machucassem meu pai.
— Espere, com assim 'nós'? Você e Josh? Qual é o seu plano? —
Eu exigi.
Então Michelle se levantou novamente, reorganizando
cuidadosamente as dobras do vestido. — Eu gostaria de poder
explicar tudo, mas está quase na hora!
— Hora de quê! — Eu estava gritando agora, mas a voz dela não
aumentou.
— Para um novo Alfa.
Capítulo 31
AIDEN
Minha pele estava quente.
Senti uma dor insistente e dilacerante em meu estômago.
Algo estava errado comigo.
Minha visão ficou turva e eu balancei minha cabeça, tentando ver
claramente através do redemoinho de cores feito pelos dançarinos
que rodopiavam.
Onde está Sienna? Preciso encontrar minha companheira.
Tropeçando um pouco, abri caminho no meio da multidão.
Outra onda de náusea se apoderou de mim.
Minha respiração veio em suspiros curtos.
Eu tenho que sair daqui.
Eu estava quase na porta quando a música da orquestra foi
cortada, deixando um silêncio repentino...
Eu me virei para ver Josh em pé no palco elevado.
Ele tinha um microfone em uma das mãos e com a outra
gesticulava para que os músicos saíssem da plataforma.
Então ele virou-se para a multidão que assistia com um sorriso de
menino.
— Bem-vindos, todos, ao Baile Anual de Inverno deste ano, —
disse ele.
Meu pulso estava batendo forte em meus ouvidos e minha visão
estava cada vez mais turva nos cantos.
O que está acontecendo?
Josh continuou, — Desculpem-me por interromper o
entretenimento da festa, mas há algo importante que eu preciso
dizer.
Agora todos os olhos estavam se voltando para o meu Beta
enquanto ele caminhava com confiança pelo palco.
— Esta Matilha tem um problema, e acho que todos nesta sala
sabem o que é, — disse ele.
— Por muito tempo, nós nos afastamos das tradições que nos
tomam a Matilha que somos.
— Por muito tempo, temos assistido como a liderança deste
Matilha, nossa Matilha desmantelou a identidade cultural que
tínhamos em nossos corações!
Eu me esforcei para entender o que Josh estava dizendo em meio
às ondas de dores violentas que agora percorriam meus braços e
pernas.
— Eu tenho sido amigo de Aiden Norwood por mais de vinte anos.
Então, vocês sabem que estou dizendo a verdade quando digo que
nosso Alfa atual falhou em seu dever.
O quê? Minha mente está girando.
O que ele estava dizendo?
Josh estava aumentando seu tom de voz em um nível febril.
— Estou diante de vocês hoje, meus companheiros lobos, para
dizer que não tenho mais fé na liderança de Alfa Norwood.
Seus olhos brilharam intensamente.
Eu finalmente entendi.
Meu amigo me traiu.
Josh? Não. Não faça isso.
Não me faça matar você.
— Eu desafio Aiden Norwood pelo direito de liderar a Matilha da
Costa Leste da maneira que a lideramos por gerações!
— Eu o desafio a lutar pelo título de Alfa.
Que assim seja.
JOSH
Houve um suspiro coletivo com minhas palavras. Meus olhos
foram para Gregory Singh.
Ele me deu um único aceno de cabeça, mal movendo a cabeça.
Alívio tomou conta de mim.
Em todos os lugares as cabeças giraram para Raphael Fernandez,
onde ele ficou separado de todos os outros na parede oposta da sala.
Ter o Alfa do Milênio aqui para este momento também não fazia
parte do plano.
Seu rosto estava estrondoso.
Mas ele conhecia a lei da Matilha melhor do que ninguém.
Era raro hoje em dia, mas a tradição era forte.
Se a maioria dos membros aprovasse um desafio ao Alfa atual, isso
deveria ser permitido.
Prendi minha respiração.
— SIM! — Uma voz soou.
— Desafio! — Gritou outra.
Um por um, os membros da facção de Gregory Singh expressaram
sua aprovação ao desafio.
Mais da metade.
Agora, como espectadores em uma partida de tênis, todos os
olhos se voltaram para Aiden.
Ele ficou orgulhoso e alto enquanto caminhava para o palco, mas
pude ver que ele estava suando muito.
Eu sempre soube que ele era fraco.
Eu ainda sentia um tremor de medo quando observei o olhar
furioso em seu rosto.
E havia algo mais ali, algo que parecia terrivelmente com
decepção.
Ele subiu os degraus curtos, tropeçando um pouco sobre o último.
Aiden virou-se para enfrentar a multidão de espera.
Eles olharam para ele implacavelmente.
— Aceito o desafio, — disse ele alto o suficiente para que todos
pudessem ouvir.
— Você vai morrer por isso, Josh, — ele sussurrou apenas por mim.
Então ele explodiu em um turbilhão furioso de presas e garras e
pelo preto desgrenhado.
Mudei para minha própria forma de lobo a tempo de me preparar
para seu ataque.
SIENNA
Eu observava impotente como Aiden e Josh caíam brutalmente
um sobre o outro.
O som de mandíbulas estalando e respirações ofegantes ecoou
pelo vasto salão de baile.
Circundando o palco em três lados estavam os membros da
Matilha da Costa Leste.
Que haviam acabado de aprovar este desafio.
Eu queria arrancar os olhos de cada um de seus crânios.
Aiden tinha vantagem em tamanho, mas Josh era rápido e ágil.
Seu lobo loiro claro agarrou os tornozelos de Aiden, mas Aiden o
afastou, rosnando ameaçadoramente.
Então sua pata da frente pareceu ceder e ele cambaleou para o
lado.
O medo envolveu meu estômago como um punho de ferro.
— Aiden está se sentindo bem? — Michelle apareceu à minha
esquerda.
Eu estava tão focada na batalha feroz acontecendo no palco que
mal registrei sua presença até que ela falou novamente.
— Josh vai matar Aiden, você sabe, — sua voz caiu para o mais
básico dos sussurros. — Já me assegurei disso.
— Você estava certa, Sienna, acônito é muito perigoso para se
manter por perto.
Eu me virei para olhar para ela, os olhos arregalados de choque.
Fiquei surpresa por ainda ser capaz de sentir o choque depois de
tudo o que aconteceu naquela noite.
Essa revelação, acima de tudo, foi demais.
A verdadeira extensão de sua traição ultrapassou todos os limites.
Isso me dilacerou de tristeza, mas fervendo logo abaixo estava a
raiva crescendo rapidamente.
Senti a energia da minha Divindade subir à superfície, estalando o
ar com a tensão.
Eu vou destruir essa cadela odiosa e seu companheiro cruel e
qualquer um que ficar no meu caminho.
Um rugido ensurdecedor veio do palco e me virei para ver Aiden
sangrando muito por um longo corte em sua coxa.
Voltei-me para Michelle. — Você não queria que fosse justo!?
Ela encolheu os ombros. — Talvez eu tenha colocado a sorte um
pouco ao meu favor.
Eu ainda não conseguia acreditar que essas palavras insensíveis
vinham de alguém em quem confiava.
Alguém que amei.
— Todos esses anos, Sienna, você me ignorou. Você me deixou de
lado várias vezes. Lembre-se de como você cancelou o Companheiras
Reais exatamente quando as pessoas estavam começando a me
notar! Lembre-se de Konstantin!
Não tô acreditando. Eu me encolhi.
— Michelle, tudo isso foi há anos...
Mas Michelle não estava mais prestando atenção em mim. Ela
estava focada na luta brutal entre os lobos na plataforma.
Deixando-a para trás, corri para a beira do palco.
O cheiro espesso e acobreado de sangue quase me fez vomitar.
Aiden estava lutando para ficar de pé.
Josh não deu a ele abertura. Seu lobo de pelos brancos atingiu
Aiden, jogando-o de lado.
Aiden atacou com presas pontiagudas e trancou os dentes ao
redor do tornozelo de Josh.
Josh rosnou e se virou para agarrar as mandíbulas travadas de
Aiden.
Com uma explosão de energia violenta, Aiden ergueu sua enorme
cabeça, puxando Josh do chão.
Então ele hesitou.
Apenas por um momento.
Era tudo o que Josh precisava.
O lobo pálido recuperou o equilíbrio em um piscar de olhos.
Antes que Aiden pudesse reagir, Josh estava sobre ele.
Ele saltou, derrubando Aiden no chão antes que ele tivesse a
chance de se defender.
Josh cerrou os dentes em volta da garganta negra e desgrenhada
e deu um rosnado baixo e prolongado.
Meu coração parou.
Isso não pode estar acontecendo.
Aiden bateu com sua cauda de lobo duas vezes na plataforma de
madeira, depois ficou mole.
Admitindo derrota.
JOSH
Eu ganhei.
Eu derrotei Aiden Norwood.
Eu era o novo Alfa da Matilha da Costa Leste.
Eu mudei de volta para minha forma humana, sem me preocupar
em esconder minha nudez.
O salão de baile ficou em silêncio.
Aiden Norwood estava espancado diante de mim.
Minha nova Matilha curvou suas cabeças, reconhecendo-me
como Alfa.
O poder cantou em minhas veias, tão intenso que fez minha
cabeça girar.
Eu ganhei.
Depois de tudo, toda a dor, confusão e morte.
— Eu, por meio deste... reivindico a posição... de Alfa. — Eu
ofeguei até as vigas, dirigindo-me à minha Matilha pela primeira vez.
Eles esperaram, em silêncio, ao meu comando.
Mostre a eles como um verdadeiro Alfa lidera seus lobos.
— E como meu primeiro ato, decidi poupar a vida de Aiden
Norwood. — Eu balancei a cabeça em direção ao lobo
semiconsciente aos meus pés.
Um murmúrio percorreu a multidão com meu ato de misericórdia.
Encontrei os olhos de Michelle, arregalados de choque e raiva.
Não havíamos discutido isso.
Sempre hesitei em matar Aiden. Os laços de fraternidade foram
quebrados irremediavelmente, mas ele ainda era meu amigo mais
antigo.
Decidi ser gentil.
— Aiden Norwood, — eu proclamei: — Você é a partir deste
momento banido desta Matilha sob pena de morte.
SIENNA
Os homens e mulheres reunidos ficaram em silêncio absoluto
depois de suas palavras.
Ignorando seu olhar de triunfo, empurrei Josh e corri para o lado
de Aiden.
Ele ainda estava na forma de lobo, respirando superficialmente e
sangrando por meia dúzia de cortes.
O ferimento em sua perna era o mais preocupante — já havia
manchado o pelo ao redor de um vermelho carmesim escuro.
— Aiden? Aiden você tem que se levantar! Temos de ir!
Eu não tinha ideia de quanto acônito Michelle tinha dado a ele,
mas ele estava claramente precisando desesperadamente de um
curandeiro.
Eu tinha que levá-lo para Jocelyn o mais rápido possível.
Eu o sacudi novamente.
Aiden despertou de seu torpor.
Ele cambaleou para ficar de pé.
Mudei para o meu próprio lobo, destruindo o último vestido que
minha irmã havia desenhado, e me preparei contra o corpo pesado
de Aiden, apoiando-o enquanto caminhávamos para fora do salão de
baile.
Ninguém disse uma palavra.
Foi como se tivéssemos deixado de existir.
Eu lancei um último olhar para trás em direção a Josh.
O novo Alfa.
Michelle se juntou a ele na plataforma.
Ela estava completamente nua.
Juntos, eles deram as mãos enquanto a Matilha se curvava mais
uma vez diante deles.
Em seguida, ambos se transformaram em seus lobos.
Josh se posicionou atrás de seu companheiro.
Seus pelos loiros ainda estavam salpicados com o sangue de Aiden.
Com um uivo, ele a montou em plena visão da Matilha.
Ela uivou também e então outros começaram a se desfazer de
suas roupas elegantes, mudando até que o cavernoso salão de baile
estava cheio de lobos uivantes.
Eu olhei para meu companheiro.
Eu não tinha ideia de como Aiden ainda estava consciente, mas
ele devolveu meu olhar apavorado.
Em seus olhos doloridos, vi o mesmo pensamento que gritava em
minha mente.
Ainda tínhamos um ao outro.
Precisávamos chegar a Rowan.
Precisávamos sair dali.
Saímos da Casa da Matilha e corremos para a floresta.
Um coro de uivos ecoou em nossos calcanhares.
****
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Meu Alfa me odeia
2021
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somada a ansiedade pelo livro 2 que inspirou a existência do
nosso grupo de traduções. Nosso objetivo é incentivar o
amor pela leitura, nosso arquivo conta com títulos bem
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Grupo sem fins lucrativos. Somente autores estrangeiros.
A venda dos livros é proibida.
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⁸
6ª TEMPORADA
Sumário:
SIENNA
Nós corremos.
Precisávamos de ajuda.
Precisamos de um plano.
NINA
O que.....
O que aconteceu?
Onde estou?
Por que minha cabeça dói tanto?
E então...
Eu fui atacado?
Onde está Jocelyn !?
“CASA”
Silêncio.
Esperar.
Passos. Amassando o cascalho do lado de fora
da casa ..
Calma, Nina.
A campainha tocou.
Huh??
Ponto justo.
E eu faria.
Em nada.
A voz dela ficou cada vez mais alta até que ela
começou a gritar. Seus olhos castanhos
estavam arregalados e assustados.
“Mas eles não podem ter permissão para
deixar a Costa Leste, você não vê !?” ela
continuou. “Eles vão reunir apoio para apoiá-
los! Vamos perder tudo! Nossos filhos vão ficar
órfãos!”
NINA
Consciência.
CASA.
***
Exceto papai.
Alguem sabe.
Ainda em minha forma de lobo pálido, cheirei
profundamente novamente, procurando pelos
cheiros reveladores de carne recentemente
morta.
Alpha Daniels.
Finalmente.
E suas verdades.
Para sempre.
SIENNA
AIDEN
Josh.
Makadewa.
MICHELLE
Eu inventei isso.
Eu precisava de Josh.
Josh: E o TIB
Michelle: ...
Josh: Sry.
Michelle: ....
Michelle: Srsly?
JOSH
SIENNA
SIENNA
Rogues.
Rogues.
MICHELLE
De fato, como?
SIENNA
SIENNA
***
Ninguém poderia.
Oh meu Deus.
THANDA
Primeiros dias.
As ordens do pai deveriam ser obedecidas sem
questionamento.
Um espião.
Eu sorri. Meu pai certamente me
recompensaria por isso.
SIENNA
***
Mia: ...
Érica: VOCÊ ESTÁ FALANDO SÉRIO!!
Erica: FODA-SE
Michelle: Mia ??
Altura de começar.
SIENNA
Rowan !?
JOSH
Sempre sussurrando.
THANDA
Maldito seja.
Lealdades.
***
NINA
SIENNA
A lua minguante pairava baixa no céu sobre o
lago.
Nenzo?
ROWAN
Na mamãe.
Eles pareciam assustados. Eles pareciam muito
assustados agora.
SIENNA
NINA
JOCELYN
Eu estremeci.
“Eles pagariam.”
Jeremy, quem são “eles”?
Proteja ela...
SIENNA
“Sim...?” Eu respondi.
Ultraje.
Josh.
AIDEN
MICHELLE
SIENNA
ROWAN
Fique quieto.
SIENNA
Ajude ela.
NINA
Da poltrona surrada.
Nada.
Pense, Nina.
Nada.
Porra.
Tocar.
Cama de motel.
NINA
SIENNA
AIDEN
“Sienna?”
SIENNA
“Jeremy ...”
***
Rowan estava aninhada ao lado de Aiden na
cabine de cura. Tena e Lily colocaram Jocelyn
em uma maca, ainda amarrada nas pernas com
vinhas que eram macias como veludo, mas
fortes como aço.
“Isso ... o que quer que seja agora, não era ela.
Não era nosso amigo.” Ele dirigiu suas palavras
para Tena.
AIDEN
Até agora.
SIENNA
Não apropriado?
“Ele é muito ... forte. Quer ... Josh ...” ela disse
em uma voz firme. “Não posso ... segurar”
Com uma força tremenda, Jocelyn jogou os
braços para fora, jogando Aiden e eu de costas.
NINA
“O que aconteceu?”
JOSH
“JOSH!”
SIENNA
***
SIENNA
A parede.
Ele usou a outra mão para posicionar seu pau
contra o meu calor úmido.
MICHELLE
***
SIENNA
Já era tempo.
“Devemos nós?”
SIENNA
“Preparar.”
MICHELLE
Nós mesmos
Amador.
SIENNA
JOSH
Nós falhamos.
A corrida.
A procura.
O medo.
Nós falhamos.
“Nós perdemos.”
Capítulo 16:
JOSH
Houve acenos.
“ E? “Eu rebati.
MICHELLE
Havia mais de duzentas menções a mais em
minhas notificações e todas pareciam estar no
mesmo sentido.
Um cara.
O Values Watch era tão sexista. Eles queriam
apenas homens em posições de alto escalão.
Yeah, ótimo.
“Eu não tive nada a ver com isso! Por que eles
estão me culpando?
“É isso.”
SIENNA
Jesus, cinco?
SIENNA
Minha bunda.
O que...?
A bunda de Michelle.
Um movimento rolante.
Que diabos?
Caramba, esse era o meu pau!
“O que.
“Que porra.
“Farley.”
Espere um minuto.
“Michelle.” Eu disse, inclinando minha cabeça
para o lado e sorrindo enquanto tentava
manter meu tom calmo. “Michelle. Diga-me
que você não sabia que esse vídeo vazou.”
THANDA
Acasalamento.
Eu pisquei.
Meu pai olhou para mim com expectativa.
Isto é inacreditável.
“Sério, Thanda, pelo menos tente ver o quadro
maior.”
SIENNA
Entre a multidão.
“NÃO!”
“Sim!”
Os outros me ecoaram:
“Resistir!”
“Nós lutamos!”
“Sim! Resista!”
SIENNA
Eu vacilei.
“O que?”
Estou sonhando?
E outro.
ALUNOS EXECUTAM WALK-OUT SIMULTÂNEO
E outro.
PROTESTOS NO CÉU: ATIVISTA ANTI-DANIELS
USA AVIÃO PARA ESCREVER MENSAGEM NO
CÉU
Thanda: Nina
Thanda: Nina
Merda.
***
“Eles me libertaram.”
AIDEN
Me contradiga.
“Eu sei, tem sido muito difícil”, disse ela, com
os olhos cheios de amor e preocupação.
“Vinte.”
“Isso mesmo.”
Longe de tudo.
Sem custos.
SIENNA
Nós dormimos.
MELISSA
Estou morrendo.
Estou morrendo.
Asfixia.
**Avó?”
Estou morrendo!
Ajude-me!
AJUDE-ME
“Ela?”
Querido Deus, o que ele está vendo agora?
SIENNA
Eu acordei.
Foi Nina.
JOSH
Um de muitos sacrifícios.
Não Sienna.
O que.
Suspirou.
Aperto fraco.
Ah.
Um emprestimo.
MICHELLE
Então eu engasguei.
“Curtis! Curtis, você está atendendo?” Chorei.
Apontando.
MONICA
Eu estava sozinho.
Outro sacrifício.
SIENNA
“Pare!” Eu gritei.
Remotos.
Rasgar!
Então eu o vi.
Pai!
“Papai!” Eu exclamei.
“Obrigado.”
JOSH
Provavelmente
Cameraman “, sugeri.
THANDA
Nina: ...
Nina: onde
Thanda: sim
Nina: quando
Me ligue ansioso.
Bits.
Eu fugi.
MELISSA
THANDA
Eu a beijei de volta.
Oh inferno.
Eu choraminguei.
Começou a lamber.
???
Não muito longe, um homem pagou a uma
mulher para colocar seu pênis em sua boca e
movê-lo para dentro e para fora até que ele
gozasse.
Uau.
MICHELLE
@Michelle AwesomeDaniels – A
desinformação por aí fazendo #Sienna ser
algum tipo de herói é simplesmente nojenta!
Meu amigo #AlphaJoshDamels está trazendo
honra de volta para o #ECPI Pessoas que não
podem ver isso são apenas # tristes!
Digitando.
@Michelle AwesomeDamels – Fodam-se todos
vocês! Não estou lendo suas respostas! Foda-se
Sienna! Ela vai explodir no inferno!
JOSH
“Desligue-os?”
SIENNA
Assassinos e estupradores?
JOCELYN
Jeremy!
Jeremy, vamos conversar sobre isso!
Nós escutamos.
“Bem, Beta Singh, para onde o Alfa
desapareceu?” uma voz masculina que eu não
reconheci perguntou.
Jeremy!
SIENNA
Que diabos?
“SEM Ids!”
“BLOODLINES SÃO PARA FASCISTAS”
Imediatamente.
SIENNA
Eu me virei.
Mais ninjas.
“AFASTE-SE DO CARRO
“Merda!” Eu engasguei.
Sinto muito, Aiden.
Tudo doeu.
Eu estava indefeso.
Fomos capturados.
JOCELYN
Ninguém me pegou.
Eu parei.
Eu os vi imediatamente.
Oh não.
Jeremy assumiu.
Capítulo 25:
MICHELLE
“Uau”, eu disse.
Arrepiante.
Porra FINALMENTE.
Isto.”
“Sienna!”
Foi demais.
JEREMY
Vingança.
A excitação me estimulou.
No poço escondido na parede sul do corredor
central.
Não pego.
Desculpe, Jocelyn.
“Merda!” Eu assobiei.
Eu congelo.
AIDEN
No papai.
“Mamãe!” Eu apontei.
Ela parecia tão cansada. Ela estava toda laranja
e havia uma coisa ruim em seu pescoço. Isso a
estava machucando.
AIDEN
NINA
Eu vi a transição.
Juntos.
AIDEN
ROWAN
“Subir?” Eu sussurrei.
Ela acenou com a cabeça.
AIDEN
Ia ser apertado.
***
À mão ...
Merda.
Eu precisava de algum tipo de escudo.
Ou uma distração.
A casa da matilha.
Tentando escapar.
SIENNA
Muitos morreram.
JEREMY
Eles recuaram.
Selene se foi.
Eu abaixei a arma.
Oh.
O ódio.
Eu olhei para Josh.
Tudo mudou.
Vê-la:
Selene!
Para sempre.
SIENNA
“NÃO!”
Josh sorriu.
SIENNA
Eu me afastei da visão.
Em vez disso, voltou-se para Aiden.
Nós o salvaremos.
No meu.
Seu amor por mim brilhando, apesar do vidro
terrível espalhando-se em seu olhar.
Não me deixe.
Por favor.
Eu irei em breve.
Onde pertencemos.
***
Eu levantei-me.
Palavras.
“Não me olhe assim!” Michelle gritou. “Isso é
tudo culpa sua, Sienna!”
Continua a lutar.
SIENNA
***
“Venha,” eu disse a River, que se recusava a
sair de sua cadeirinha.
Eu os evitei perfeitamente.
Eu não negaria a eles o direito de participar de
um dia em homenagem a seu filho Aiden, mas
não queria nada com eles depois da maneira
como trataram Rowan.
Entre no grupo.
TELEGRAM
⁸
Sumário:
1: Sex-Ed
2: Principal Guyotte
3: O Fantasma na Biblioteca
4: O convite inesperado
5: Briga de Família
6: Dores no namoro
7: Teenage Wasteland
8: O relógio
9: algo podre
10: O Sabor do Sangue
11: Crash and Burn
12: Espero que seja seu
13: School Daze, School Haze
14: Preparação
15: The Yule Dance
16: Coração Assombrado
17: Viagem ruim
18: Podemos ser heróis
19: velhos e novos amigos
20: Dark Match
21: Sem prêmios de paternidade
22: Fallout
23: Nossa estranha família
24: Toque Invisível
25: Clicando no lugar
26: Fúria da Mãe
27: Inimigo Ressuscitado
28: E no final
29: Sacrifício por Amor
30: Parte 1: Primeira neve
31: Parte 2: Uma Nova Aventura
Capítulo 1:
SIENNA
Abdômen esculpido.
Cabelo escuro e despenteado.
Meu companheiro.
Aiden Norwood.
“Alpha Mercer-Norwood?”
“Não!” Chorei.
BANG!
***
Sienna: ....
Sienna: eu acho
ROWAN
E tudo em Yapper:
“Mesmo?”
A névoa.
Ninguém respondeu.
Morango?
Chiclete?
Sua língua estalou para molhar aqueles lábios
brilhantes, e uma onda de calor correu sobre
mim.
“Mas
Eu pisquei. “O que...?”
Cabelo escuro.
Aiden Norwood.
Capítulo 2:
ROWAN
SIENNA
Nina: Ei patroa
Sienna: ??
Suspirou.
O pescoço dela.
Seus seios.
Controle-se!
Isso é um truque?
“Está bem.”
SIENNA
Mãe. Porra.
Nina: Ei patroa
“Mãe, FODA-SE!”
“Cuidado com a linguagem”, disse River
zombeteiramente do banco de trás.
ROWAN
Lentamente, eu me virei.
Era ele.
“Olá filho.”
Capítulo 3:
ROWAN
Um tumor cerebral
SIENNA
ROWAN
“IR!”
Estranho também. “
ROWAN
NINA
“Pego.”
SIENNA
“Claro.”
Depois que destruímos a casa da matilha
durante a derrubada de Josh, eu a restaurei
como era quando Aiden era alfa.
Eu respirei fundo.
Eu esperei.
Ele se inclinou para frente nos cotovelos. “A
verdade é que não conseguia parar de pensar
em você.”
ROWAN
Sienna: obrigada
Para ela.
Com ela.
Paciência.
Não se entregue.
NINA
Sienna suspirou.
Provavelmente ambos.
Sorriso.
ROWAN
Nada aconteceu.
“Maldição.”
Porra.
Eu desci as escadas.
SIENNA
Adolescentes.
***
“Posso entrar?”
Da lição de casa. “
ROWAN
Nada.
ROWAN
A ajuda?
Meus dedos tremeram quando os tirei do
rosto. O fantasma estava olhando para mim,
seus lábios franzidos em nojo.
SIENNA
Mia: ??
Sienna: Acho que o Diretor Guyotte estava
meio ... me dando em cima hoje.
Mia: eu imaginei
Mia: ....
Sienna: o quê?
Sienna: oi
Sienna: claro.
ROWAN
“Pronto,” eu disse.
O tio dos Danielses morava em uma enorme
cabana de dois andares à beira de um pequeno
lago.
Ava?
SIENNA
AIDEN
Verdadeiramente.
Eu havia vigiado minha família durante anos,
tentando protegê-los do perigo.
Eu me afastei do bar.
ROWAN
Merda!
“Ei,” respondi.
Capítulo 7:
ROWAN
*Ei.”
Sai dessa!
“Sim, totalmente.”
Nós o seguimos.
Oh Aiden.
Guyotte:
ROWAN
Eu sorri de volta.
Me ligando.
“Konstantin.”
Capítulo 8:
NICHOLAS
Cabeça.
Ele assentiu.
Adeus, mamãe.
ROWAN
“Konstantin.”
Seu pai?
Boa.
SIENNA
“Quem é esse?”
VANESSA
A lanterna apagou-se.
Capítulo 9:
SIENNA
Sienna: me desculpe
GUYOTTE
“Maldição!” Eu rugi.
Eu não poderia me importar menos com o
telefone.
De precisar.
Especial
Muito arriscado.
Para levá-la na frente de uma multidão? A
mece do alfa, nada menos?
Eu sorri.
Algo podre.
Monstruoso.
Mal.
OK. Foco.
No relógio!
Lá!
Olhos vermelhos.
“Rowan!”
A visão evaporou, deixando para trás uma
sensação interminável de dor e medo.
O vidro estilhaçou.
O relógio parou.
“Não!” Chorei.
Sem pensar, eu libertei meu espírito lobo.
KONSTANTIN
Livre.
E faminto.
O menino ...
Aquele que me libertou.
Os poderes da divindade.
Perfeito.
GUYOTTE
Para atraí-la.
SIENNA
Ninguém poderia.....
Merda.
***
Lucas: Dude
Lucas: ....
“Sim eu também.”
AIDEN
GUYOTTE
Habilidades?
Vanessa.
Nu.
Ok, eu disse.
Uma risada oleosa e vitoriosa ricocheteou em
meu crânio.
ROWAN
Armário.
Não é?
Nina: Ei!
Sienna: Estarei aí em 20
Dominante.
Confiante.
Alfa.
Dominante!
Confiante!
Alfa!
Eu recuei em choque.
“Ummm ... ok.” Ava disse, olhando para mim
como se eu fosse uma psicopata. “Vejo você
mais tarde, Rowan.”
GUYOTTE
Me consumiu.
E quanto a Vanessa?
ROWAN
Os joelhos.
Dominante. Confiante.
ROWAN
Eu mesmo.
Sexy.
De repente, senti uma energia vindo de ...
algum lugar.
“Rowan?”
GUYOTTE
ROWAN
Neblina da puberdade.
Perfeito.
SIENNA
E a escola?
Oh Deus, é a névoa!
VANESSA
Mas isso não significa que foi fácil. Não era fácil
para nenhum lobisomem resistir à névoa.
Como a tia Si fez isso por tantos anos antes de
conhecer o tio Aiden?
Eu concordei. “Vamos.”
Lute, Vanessa.
ROWAN
Eu poderia cheirá-la.
Ava.
A rigidez em minhas calças latejou
repentinamente.
Dominante.
Era disso que meu pai estava falando.
“Diz.” Eu rosnei.
“Eu vou ao Baile de Inverno com você”, ela
ofegou.
É isso.
ROWAN
Ela me beijou.
Eu precisava de mais.
Continuamos nos beijando, cambaleando para
trás até que o metal frio de um armário de
academia pressionou contra minhas costas.
Eu estava pronto.
“Muitas garotas tentam ... resistir à névoa e”
ela ofegou por ar- “salvar a si mesmas ... para a
dança.”
Três dias.
***
Mãe: Oi docinho!!
Rowan: ??
Rowan: ....
Rowan: Merda!
AIDEN
Rowan tinha.
Sienna: Ei mamãe!
Mãe: Oi menina
Mãe: A guerra ainda está acontecendo em sua
casa?
Sienna:
Sienna:
***
Encontrei Rowan em seu quarto lutando com a
gravata.
ROWAN
ROWAN
“A dança?”
Eu não deveria.
“Absolutamente.” Eu disse, me
surpreendendo. Mas recentemente eu estava
cheio de surpresas.
“Sempre.”
“Exceto...”
“É maravilhoso”, respondi.
Desembarace-se, Norwood.
Você conseguiu.
Estaríamos sozinhos.
E então...
“Esse é o plano.”
ROWAN
Sem resposta.
É isso.
Ela estava lá.
Ava!
GUYOTTE
ROWAN
Arquibancadas.
Merda.
Lucas.
Merda dupla.
Dele.
“É ... é isso?!”
AIDEN
E garganta.
Nada.
Aiden?
ROWAN
Noah-uh.
“Droga. Bloqueado.”
Boa.
Infelicidade.
Muitos deles.
ROWAN
“Porra.”
Preciso de ajuda!
Rowan: Há zumbis
Rowan: NÃO
A rachadura aumentou.
RIVER
“O que?” Eu exigi.
Nada!”
Os zumbis chegaram.
E então grita.
Vanessa.
MERDA
Levantando as duas pernas do chão, golpeei
sua cabeça com os dois pés.
“Rio?” Eu respirei.
Bem maldita.
Nós ganhamos.
Eu fiz isso?
SIENNA
Eu concordei.
ROWAN
Caretas.
Apontando e sussurrando.
“Doido!”
Era Brad Bowers.
Eu quase pertencia.
Eu relaxei no assento.
Talvez eu pudesse lidar com ser uma aberração
se tivesse pelo menos um bom amigo.
Nós entramos.
“O que?” Eu disse.
Oh.
GUYOTTE
AIDEN
O cabideiro.
Uau.
Uau.
Nada.
Puta merda.
As cortinas?
Uau.
NADA.
SIENNA
ROWAN
Assustado, eu me virei.
Era Ava.
Estou desesperado.
“Eu só queria ser a única a dizer a você”, disse
ela.
Desesperado.
“Sim,” eu respirei.
SIENNA
Eu concordei.
“Eu sei.”
ROWAN
“Ei,” eu disse.
Dei de ombros.
ROWAN
Me machuque. Chame-o. “
Eu não tinha ideia de como fazer isso, é claro.
Acender velas?
Canta um mantra?
Aplausos, aplausos?
Suspirou.
Nada aconteceu.
Pai.
Pai!
Abrindo meus olhos, vi que Varsity Guy havia
aparecido. Ele estava parado a alguns metros
de distância, olhando para mim.
Pai?
“Pai,” eu respirei.
GUYOTTE
E para quê?
Nós falhamos.
Eu recebi em troca?
O porão.
Thawch!
Suspirou.
Thawch! Thawch!
O morto-vivo estava se jogando contra a porta
e emitindo gemidos gorgolejantes.
Uau.
Uau.
Foi um inferno.
BATER!
Eu fiz isso.
ROWAN
Rowan: ei
Clivagem aparecendo.
SIENNA
Vanessa?
VANESSA
Ah Merda.
Alguém morreu?
Bruto.
SIENNA
Eu concordei.
ROWAN
Eu hesitei.
Devo abordá-lo e arriscar envergonhá-lo? Ou
deixá-lo em paz, quando talvez precise de um
amigo?
“Eles me expulsaram.”
Capítulo 22:
ROWAN
“Nicholas Daniels?”
Eu me aproximei.
Os pais dele.”
Nicholas me agarrou.
GUYOTTE
Como? Eu perguntei.
“O menino vai passar dias fora da escola. Pense
nas possibilidades.”
SIENNA
Doente, talvez.
Eu reprimi um gemido.
Na escola?
Lucas disse.
Gabinete do diretor?
Eu suspirei.
Puta merda.
De jeito nenhum.
LUCAS
SIENNA
“Entre.”
Sentamos lá juntos.
ROWAN
Bloqueando os fantasmas.
Ver fantasmas fazia parte de mim.
Suspirou.
“Mãe, eu ...”
Aiden?
Dança de Yule. “
O cheiro de Aiden.
Eu o cheirei no estúdio.
Oh meu Deus.
O que?
Eu estava cambaleando.
Não é justo
“Rowan! Volte!”
Droga.
Aiden.
Que diabos?
“Aiden?” Eu sussurrei.
Oh Deus.
ROWAN
SIENNA
O beijo me oprimiu.
LUCAS
Adrenalina.
Vanessa choramingou.
VANESSA
Era ele.
Querido Deus.
Seus olhos brilharam vermelhos.
Algo estranho.
Olhando para baixo, vi um telefone com a tela
quebrada.
Eu vi estrelas.
Quando eu os fechei?
Jogando minha cabeça. Eu gritei com ele,
tentando morder, mas a tontura tomou conta
de mim.
Rowan.
A porta se fechou.
SIENNA
Eu pisquei, perplexo.
Lucas?
“Sienna!”
O que?
GUYOTTE
Triunfo.
Afinal!
Ela é minha.
Eu hesitei.
SIENNA
Lodo preto?
Konstantin?
KONSTANTIN!.
Konstantin, o monstro que fingiu ser meu
amigo para poder invadir minha mente e
tentar roubar meus poderes.
Eu queria sacudi-la.
LUCAS
GUYOTTE
Gritos se seguiram.
BATIDA!
SIENNA
Vida e morte?
Hoje não.
AIDEN
Proteja o alfa.
Encontre as crianças.
Se eu falhar
Vou perder minha Matilha.
Então eu a vi.
**Isso é terrível.”
“O que?” Eu exigi.
Rowan. Vanessa.
Ah Merda.
Meus executores.
Konstantin os matou.
GUYOTTE
AIDEN
E eu era inútil.
GUYOTTE
Nada?
Ele a mataria?
Vanessa é MINHA!
CLAIRE
Sangue respingado.
Foco, Claire.
Cabelo crespo.
O que?
Claire.
LUCAS
“Luke! Pare!”
Eu reconheci a camiseta.
Rowan!
CRUNCH
Eu estava desanimado.
NINA
Era só eu agora.
Sozinho de novo.
Konstantin.
SIENNA
Movimento.
VANESSA!
A esperança acendeu.
Vanessa.
SIENNA
RACHADURA
Eu estremeci com o som que fez.
Merda.
ROWAN
Tudo doía.
O desequilíbrio nauseante me abalou.
Onde estou?
O medo floresceu.
Pai? Ajude-me!
***
“Rowan!”
Eu mudei.
“Mãe”, eu sussurrei.
Acima.
ROWAN
Eu precisava de Sienna.
O SUFICIENTE.
NÃO.
NÃO!
ROWAN
Um grito me puxou.
Eu não aguentava.
Envolvendo meus braços com força em volta
dos joelhos, enterrei meu rosto, mas foi inútil.
AIDEN
SIENNA
Vanessa.
Rio
Rowan.
Rowan?
Olhando em volta, vi meu filho amarrado a
uma mesa.
Oh Deus.
O pânico cresceu.
ROWAN
SIENNA
ROWAN
Uma luz.
“Rowan.”
Então eu fiz..
SIENNA
Aiden.
Eu me virei e congelei.
A voz de Aiden.
SIENNA
“Não”, eu sussurrei.
“Aiden!” Eu gritei.
Espere um minuto.
Um puxão forte.
Eu nunca sobreviveria.
Eu balancei e caí.
Eu olhei em volta.
“Não”, eu solucei.
Aiden se foi.
“Onde?” Eu consegui.
“Para o cemitério!”
***
Nada ainda.
BAQUE!
BAQUE!
BAQUE!
Minha mão voou para minha boca quando vi a
laje da tumba estremecer.
E levante.
Aiden.
Ele olhou para cima, encontrando meus olhos
com seus próprios olhos verdes dourados
inconfundíveis.
Eu te amo muito.
Aiden riu.
Meu coração.
Aquela risada!
Lágrimas saltaram de meus olhos novamente.
Eu ri com ele.
***
“Acabei de perceber.”
Sim Sim!
Como eu sobrevivi?
Foi demais.
Meu companheiro.
Enfim, enfim, estou com você de novo.
Capítulo 30:
SIENNA
Aiden?
É um sonho.
Um sonho perfeito.
Eu o queria tanto.
Preocupação.
Elation.
Foi demais.
AIDEN
Eu estou vivo.
Ela fez.
SIENNA
Selene.
Jeremy.
Irmão de Aiden.
Emily.
Fiquei consolado em saber que havíamos
encontrado justiça para cada um deles e que
sempre estariam em nossos corações.
É muita alegria.
A multidão suspirou.
Meu companheiro.
Finalmente.
ROWAN
“Uau”, eu disse.
Lucas gemeu.
Suspirou.
Emoção, resolução.
....Fim....
... Você acabou de terminar a
temporada 7 de The Millennium
Wolves! Você sabia que existem
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