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ANOTAÇÕES INTRO E CAPÍTULO 2 – HISTÓRIA DA ÁFRICA

 O autor tem como objetivo repensar a história da escravidão moderna no princípio do


mundo moderno no mediterrâneo. Ampliar o contexto de escravidão em âmbito
mundial.
 Discutir a escravidão branca na berbéria.
 p.8 o autor chama atenção que tanto a escravidão do atlântico, quanto a do
mediterrânico, surgiram praticamente ao mesmo tempo e até pela mesma causa.
 Mesmo já sendo praticada desde os primórdios, somente no início da Era Moderna que
a escravidão dá um salto de qualidade e quantidade.
 A escravidão nas Américas se difere daquela no Magreb pelo fato de ser uma questão
de negócios e não de paixões.
 P.9 na berbéria aqueles que caçavam e comercializavam escravos, esperavam obter
lucro, mas, ao traficar cristãos também havia um elemento de vingança, pelas
injustiças de 1492, pelos séculos de violência nas cruzadas e pelas contínuas batalhas
religiosas entre cristãos e mulçumanos que continuaram a assolar o mediterrâneo até
os tempos modernos.
 O autor pretende mostrar também que o comércio escravagista no mediterrâneo
superou a produção comercial transatlântica durante xvi e xvii, isso considerando
apenas a costa da berbéria. (p.9)
 Mais ou menos que a escravização no mediterrâneo começou a declinar, que o
comércio de escravos transatlântico decolou para valer
 O autor ressalta na introdução que, a escravização branca foi negligenciada e
diminuída sempre com o argumento de que eles não eram tão infelizes assim
 O autor diz na p. 12 que um dos motivos que instigou sua discussão foi o fato dos
estudos terem dado a real importância para as experiencias dos escravos na
escravização americana e transatlântica. (acho que ele quis ir a fundo nos estudos na
escravização branca por essa falta de ponto de vista das experiencias dos escravos e
dessa negligência)
 O livro é dividido em 3 partes principais (Escravidão branca, Berbéria e Itália)
Nossa parte: escravidão branca. Os dois capítulos vão explorar quantos escravos havia,
como eles eram adquiridos, como eles eram escravizados, tanto física, quanto
mentalmente
Capítulo II
 Podemos explorar essa diferenciação entre as motivações da escravidão transatlântica
e do mediterrâneo
Mediterrâneo = por vingança
Américas = questão econômica

 Os líbios eram especialistas na “captura humana” ou no “rapto de cristãos”


 Os corsários berberes usavam dos saques e de escravizações como forma de
empreendimento privado corporativo.
 “Essa mescla de captura de escravos e de banditismo mais generalizado foi o que
distinguiu os corsários berberes dos escravistas portugueses, espanhóis, ingleses e
holandeses...’
 “Os traficantes de escravos do atlântico se especializaram em transportar e vender
escravos, mas raramente se envolviam em outros tipos de comércio...”
 “O transporte de escravos do atlântico era um verdadeiro negócio”
 “Os corsários berberes, pelo contrário, nunca conseguiram criar uma logística tão
diversificada de abastecimento e distribuição (...) Em vez disso, eles resolveram lidar
com todo o processo de escravidão sozinhos, desde a captura até o transporte e a
venda”
 Não era exatamente um comércio essa escravização do mediterrâneo e sim um ataque
aos litorais e navios pouco guarnecidos do mundo cristão (uma vingança)
 Quando os berberes navegavam na intenção de saquear, os corsários não tinham
necessidade de nenhum investimento inicial. Não havia nenhum salário em jogo, o
pagamento só era feito se houvesse o saque, senão, ninguém ganhava nada.
 (para mim, a grande diferença esses os dois comércios de escravos (transatlântico e
mediterrâneo) era realmente a motivação. Os beberes só estavam ali para saquear a
fortuna dos cristãos. O comércio de escravos africanos vai além da mão de obra, das
riquezas, mexe com a humanização daqueles que estavam expostos ali.
Não que os brancos não tenham sofrido, e que não tenham sido desumanizados.
Porém, os negros foram julgados pessoas sem alma, pessoas que vieram somente para
sofrer esse tipo de violência.
 Até os escravos recebiam uma pequena porcentagem de cotas por terem sua
mercadoria desgastada
 Mesmo o mediterrâneo sendo muito rico e populoso, a atividade corsária do séc. xvii,
dependia de muita habilidade e sorte. (era uma loteria) poderiam trazer saques em
valores muito altos, ou nada. Muitos investidores faliram por isso
 O autor explica essa fúria dos corsários berberes em relação aos cristãos pela condição
econômica em que muitos viviam.
 Os escravos eram capturados de duas formas: quando os corsários tomavam o navio
em que estavam navegando ou eram raptados em incursões escravistas
 Os estudos sobre a escravidão na costa da berbéria sempre estiveram fortemente
silenciados nas narrativas escritas (abordar o pq do silenciamento das fontes
existentes, relacionando com a questão de raça. Como os brancos iam admitir que
foram um povo escravizado se eles usam a escravidão para legitimar a pureza da
raça?)
 Em relação ao total de europeus escravizados na berbéria, somente 5% eram mulheres.
 Os berberes ofereciam liberdade aos escravos que delatavam os segredos de suas
cidades ou até mesmo informações de familiares e amigos
 Além de se apoderarem de todos os espólios que podiam, os corsários também faziam
questão de devastar todas as cidades e plantações possíveis
 Profanação contra a igreja para demonstrar a superioridade do islã
 Tal ato ajudava a difundir a ideia de que os corsários eram enviados do inferno para
perturbar os cristãos e a sociedade cristã.
 Natureza extrativista da escravidão mediterrânea: logo depois de capturados, esses
escravos eram vendidos à preços baixíssimos, a fim de não morrem imediatamente ou
serem muito sobrecarregados no caminho de volta a berbéria. (muitos familiares
conseguiram recuperar seus parentes, os comprando dessa forma)
 Os corsários não só levavam os habitantes, como revolucionavam as relações dentro
das comunidades, causando danos a longo prazo para essa classe subsistente. (muitos
vendiam tudo o que tinham, até mesmo casa, e pedaços de terra, pediam emprestado
com agiotas, para poder comprar seu familiar e o salvar da escravidão)
 Então além de devastarem toda a região e capturarem os habitantes, ainda mexiam
com a organização social e as relações daquele povo
 Carpinteiros, marujos experientes com embarcações, mestres amadores, contra mestres
eram muito valorizados, sendo vendidos a preços exorbitantes. Tinham senhores que
não os vendiam por dinheiro nenhum.
 Eram mais lucrativas as capturas marítimas do que as terrestres. Na maioria das vezes,
a captura em terra só os dava camponeses e pessoas comuns. Porém, em alto mar
conseguiam escravos mais ricos, até mesmo nobres e clérigos.
 Os mercadores cristãos eram muito valorizados por conta dos possíveis contatos
profissionais que poderiam estar dispostos a pagar por sua libertação.
O mesmo acontecia com nobres e, principalmente, clérigos.

CRUZADAS

Duas vertentes de pensamento para o conceito de cruzadas:

- A primeira pelos tradicionalistas que atribuem as Cruzadas uma ação militar promovida pelo
papa, com intuito de libertar lugares santos, ocorrendo em um alcance limitado de espaço,
tempo e inimigo.

- A segunda pluralista, que interpreta as Cruzadas como um movimento em defesa da Igreja e


de seus interesses, independente de lugar, período ou inimigo.

Objetivo principal reconquistar o território da palestina e Jerusalém os quais estavam sob


domínio dos muçulmanos.
O contexto das Cruzadas se localiza entre os séculos XI e XIII, no período denominado
como Idade Média pela historiografia. Sua definição parte de duas perspectivas, sendo a
primeira, militar pelo papa e tendo o objetivo de libertar locais santificados do domínio
muçulmano e a segunda interpretando as Cruzadas como um movimento em defesa da Igreja
e de seus interesses, independente do lugar ou do inimigo. Ou seja, tendo um sentido ambíguo
de peregrinação e expedição militar.

As cruzadas originam-se da necessidade da instituição católica em retomar os


territórios da Palestina e Jerusalém os quais estavam no controle dos muçulmanos. Para a
igreja, essas terras tidas como santas estavam ameaçadas por estarem longe de seu domínio e
por isso se deu a mobilização das cruzadas para recuperá-las. Portanto, esse período foi
legitimado pela igreja como uma missão divina de salvação daquelas terras santas.

Em “Escravos cristãos, senhores muçulmanos: escravidão branca no Mediterrâneo, na


Costa da Berbéria e na Itália, de 1500 a 1800”, Davis, atrela as motivações da escravidão de
cristãos brancos aos acontecimentos das cruzadas. Segundo ele, “ao traficar cristãos, também
havia sempre um elemento de vingança, quase de jihad – pelas injustiças de 1492, pelos
séculos de violência nas cruzadas que as precederam e pelas contínuas batalhas religiosas
entre cristãos e muçulmanos que continuaram a assolar o mundo mediterrâneo até os tempos
modernos.”

O autor apresenta no texto, a ideia de que a escravidão na Costa da Berbéria teve fortes
motivações religiosas, muito além de econômicas. Aborda que, os corsários saqueavam as
terras e navegações cristãs com o pensamento de que aquela riqueza seria uma forma
reparação a todos os danos consequentes das batalhas religiosas nas cruzadas.

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