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UNIFESP 2015

GABARITO OFICIAL

Versão 1

Língua Portuguesa
1. E 2. E 3. D 4. A 5. B 6. E 7. C 8. B 9. D 10. E
11. C 12. A 13. D 14. E 15. C 16. C 17. B 18. C 19. A 20. E
21. D 22. E 23. A 24. D 25. B 26. D 27. C 28. B 29. A 30. D

Língua Inglesa
31. B 32. C 33. E 34. B 35. C 36. A 37. D 38. C 39. D 40. B
41. A 42. E 43. B 44. E 45. A

Português – Mantendo o padrão


Prova equilibrada abordando os vários aspectos da língua e da literatura. Manteve o
padrão de ser longa, mas sem dificuldade para os candidatos bem preparados.

Inglês – Prova difícil


A escolha de textos seguiu o padrão já consagrado pela instituição. Porém, questões
com enunciados em inglês exigiram do candidato um excelente domínio de vocabulário,
inclusive de palavras raras e formais.
Português Unifesp
ETAPA
QUESTÃO 1 falada é um caso, por assim dizer, democrá-
tico. Ao falar, temos que obedecer à lei do
Está vendo este
maior número, sob pena de ou não sermos
peixe, Garfield? compreendidos ou sermos inutilmente ri-
dículos. Se a maioria pronuncia mal uma
palavra, temos que a pronunciar mal. Se a
maioria usa de uma construção gramatical
errada, da mesma construção teremos que
usar. Se a maioria caiu em usar estrangei-
Este é o último
peixe que eu Entende o que
eu quero
rismos ou outras irregularidades verbais,
compro.
dizer?
assim temos que fazer. Os termos ou expres-
sões que na linguagem escrita são justos, e
até obrigatórios, tornam-se em estupidez e
pedantaria, se deles fazemos uso no trato
verbal. Tornam-se até em má-criação, pois
o preceito fundamental da civilidade é que
(Folha de S.Paulo, 30.09.2014. Adaptado.) nos conformemos o mais possível com as
Considerando-se a situação de comunicação maneiras, os hábitos, e a educação da pes-
entre Garfield e seu dono, a frase, em lin- soa com quem falamos, ainda que nisso fal-
guagem coloquial, que preenche o balão do temos às boas maneiras ou à etiqueta, que
último quadrinho é: são a cultura exterior.
(Fernando Pessoa. A língua portuguesa,
a) Tenho de saboreá-lo bem?
1999. Adaptado.)
b) Devo saborear a ele muito bem?
c) Convém que eu o saboreie bem? QUESTÃO 2
d) Saboreá-lo-ei muito bem?
e) Eu tenho de saborear bem ele? Em sua argumentação, o autor estabelece que
a) a palavra escrita se espelha na palavra
alternativa E falada. Dessa forma, a boa comunicação
O uso do pronome reto em posição de ob- implica reconhecer que fala e escrita são de
jeto direto é típico da linguagem coloquial. mesma natureza.
b) as diferenças entre fala e escrita são mui-
Leia o texto para responder às questões de tas. Dessa forma, a boa comunicação está
números 02 a 04. relacionada ao valor cultural da linguagem.
A palavra falada é um fenômeno natu- c) o fenômeno cultural está contido no natu-
ral; a palavra escrita é um fenômeno cultural. ral. Dessa forma, a boa comunicação diz res-
O homem natural pode viver perfeitamente peito ao uso que cada pessoa faz, de acordo
sem ler nem escrever. Não o pode o homem a com as necessidades cotidianas.
que chamamos civilizado: por isso, como dis- d) os fenômenos naturais precedem os cul-
se, a palavra escrita é um fenômeno cultural, turais. Dessa forma, a boa comunicação de-
não da natureza mas da civilização, da qual a pende de ajustar aqueles às especificidades
cultura é a essência e o esteio. destes.
Pertencendo, pois, a mundos (mentais) e) fala e escrita são domínios distintos. Des-
essencialmente diferentes, os dois tipos de sa forma, a boa comunicação implica conhe-
palavra obedecem forçosamente a leis ou cer e empregar os recursos específicos de
regras essencialmente diferentes. A palavra cada um deles.
Unifesp 3 ETAPA

alternativa E que causou muita polêmica, mostrou a atua-


lidade da obra. Vislumbrou-se vieses inte-
Conforme o texto: “Pertencendo, pois, a
mundos (mentais) essencialmente diferen- ressantes na construção das personagens.
tes, os dois tipos de palavra obedecem for- c) Durante a leitura do livro, houve várias
çosamente a leis ou regras essencialmente dúvidas. O enredo e a temática abordada,
diferentes”. que causou muita polêmica, mostraram a
atualidade da obra. Vislumbrou-se vieses in-
QUESTÃO 3 teressantes na construção das personagens.
d) Durante a leitura do livro, ficaram várias
De acordo com o autor, “ao falar, temos que
dúvidas. O enredo e a temática abordados,
obedecer à lei do maior número”. Atendendo
que causou muita polêmica, mostraram a
a esse princípio, para o português oral con-
atualidade da obra. Vislumbrou-se vieses in-
temporâneo, está adequado o enunciado:
teressantes na construção das personagens.
a) Olvidei-me de trazer seu livro. Assistia a
um filme deveras interessante. Você não se e) Durante a leitura do livro, houveram vá-
sente chateado por isso, não é mesmo? rias dúvidas. O enredo e a temática aborda-
b) Caso assistisse a um filme e esquecesse da, que causou muita polêmica, mostrou a
teu livro... Sentir-te-ias magoado com esse atualidade da obra. Vislumbraram-se vieses
meu comportamento? interessantes na construção das personagens.
c) Cara, @#$&*...! Demorô!!! O fdm nem
tchum... E pá...  E o livro... Nem...  Que
alternativa A
m***a!!! Corrigindo as demais:
d) Me esqueci de trazer seu livro, porque fi- b) “... ficaram várias dúvidas (...) mostraram
quei assistindo um filme. Cê não tá chateado a atualidade da obra. Vislumbraram-se vie-
por causa disso, né? ses...”
e) Nóis ia lê o livro na aula, mais fiquei veno c) “Vislumbraram-se...”
TV, sistino um firme e isquici dele. Ocê tá d) “Vislumbraram-se...”
chateado cumigu não né? e) “... houve várias dúvidas (...) mostraram...”

alternativa D QUESTÃO 5
O uso de próclise no início de frase, a au- Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo
sência da preposição “a” após o verbo “as-
de Fernando Pessoa.
sistindo”, a contração do termo “você” e a
presença de marcas de interlocução como Coroai-me de rosas,
“né” tornam o enunciado adequado ao uso Coroai-me em verdade
do português oral contemporâneo. De rosas –
Rosas que se apagam
QUESTÃO 4 Em fronte a apagar-se
Tão cedo!
Assinale a alternativa cujo enunciado aten-
Coroai-me de rosas
de à norma-padrão da língua portuguesa.
E de folhas breves.
a) Durante a leitura do livro, surgiram vá-
E basta.
rias dúvidas. O enredo e a temática aborda-
(As múltiplas faces de Fernando Pessoa, 1995.)
da, que causou muita polêmica, mostraram
a atualidade da obra. Vislumbraram-se vie- O tema tratado no poema é a
ses interessantes na construção das persona- a) necessidade de se buscar a verdadeira ra-
gens. zão para uma vida plena.
b) Durante a leitura do livro, ficou várias b) fugacidade do tempo, remetendo à ideia
dúvidas. O enredo e a temática abordados, de brevidade da vida.
Unifesp 4 ETAPA
c) busca pela simplicidade da vida, repre- alternativa E
sentada pela natureza.
A obra Os sertões, de Euclides da Cunha,
d) brevidade com que o verdadeiro amor
fala sobre a Guerra de Canudos, fazendo
perpassa a vida das pessoas.
uma intersecção entre o jornalismo, a socio-
e) rapidez com que as relações verdadeiras
logia, a história e a literatura. Divide-se em
começam e terminam.
três partes: “A terra”, “O homem” e “A luta”.
alternativa B Assim, é claro que o crítico está se referindo
ao livro, ao dizer: “A descrição minuciosa da
O poema explora a temática da brevidade
terra, do homem e da luta situa-o no nível da
da vida representada pela percepção do su-
cultura científica e histórica.”
jeito poemático de que sua “fronte [está] a
apagar-se / Tão cedo”, ou seja, aponta para a Leia o poema para responder às questões de
passagem do tempo. números 07 a 09.

QUESTÃO 6 Mau despertar

É preciso ler esse livro singular sem a Saio do sono como


obsessão de enquadrá-lo em um determi- de uma batalha
nado gênero literário, o que implicaria em travada em
prejuízo paralisante. Ao contrário, a aber- lugar algum
tura a mais de uma perspectiva é o modo
próprio de enfrentá-lo. A descrição minu- Não sei na madrugada
ciosa da terra, do homem e da luta situa-o se estou ferido
no nível da cultura científica e histórica. se o corpo
Seu autor fez geografia humana e sociolo- tenho
gia como um espírito atilado poderia fazê- riscado
-las no começo do século, em nosso meio de hematomas
intelectual, então avesso à observação de-
Zonzo lavo
morada e à pesquisa pura. Situando a obra
na pia
na evolução do pensamento brasileiro, diz
os olhos donde
lucidamente o crítico Antonio Candido:
ainda escorrem
“Livro posto entre a literatura e a sociolo-
uns restos de treva
gia naturalista, esta obra assinala um fim e
(Ferreira Gullar. Muitas vozes, 2013.)
um começo: o fim do imperialismo literá-
rio, o começo da análise científica aplicada
QUESTÃO 7
aos aspectos mais importantes da socie-
dade brasileira (no caso, as contradições A leitura do poema permite inferir que
contidas na diferença de cultura entre as a) o despertar do eu lírico apaga as más lem-
regiões litorâneas e o interior).” branças da madrugada.
(Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, b) a noite é problema para o eu lírico, per-
1994. Adaptado.) turbado mais física que mentalmente.
O excerto trata da obra c) o eu lírico atribui o seu mau despertar a
a) Capitães da areia, de Jorge Amado. uma noite de difícil sono.
b) O cortiço, de Aluísio de Azevedo. d) o eu lírico encontra na noite difícil uma
c) Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. forma de enfrentar seus medos.
d) Vidas secas, de Graciliano Ramos. e) o mau despertar acentua as feridas e as
e) Os sertões, de Euclides da Cunha. dores que perturbam o eu lírico.
Unifesp 5 ETAPA

alternativa C d) “travada em / lugar algum”  travada


em algum lugar
O mau despertar apontado no título do poe-
e) “Saio do sono como / de uma batalha” 
ma se refere às impressões de ferimentos e
do sono saio como de uma batalha
hematomas provocadas pela noite de difícil
sono, em alusão a “uma batalha / travada alternativa D
em / lugar algum”.
A reescrita do verso sofre alteração, uma
QUESTÃO 8 vez que a expressão “lugar algum” significa
nenhum lugar; ao passo que “algum lugar”
Analisando-se as três estrofes do poema, aponta para uma indefinição, ou seja, qual-
atribui-se a cada uma os seguintes sentidos, quer lugar.
respectivamente,
a) a lembrança do sono – as consequências QUESTÃO 10
do mau sono – a libertação da noite mal dor-
Ciência explica _________.
mida.
Testes mostram que _______
b) a consciência do despertar – as hipóteses de Leonardo da Vinci está
acerca do sono – a tentativa de se restaurar. sumindo
c) a expectativa com o despertar – a certeza (www.uol.com.br, 05.06.2014.
da noite mal dormida – a certeza de um dia Adaptado.)
ruim.
Em conformidade com a norma-padrão da
d) a causa do sono conturbado – a possibi-
língua portuguesa e com o Novo Acordo
lidade de recuperação – a ansiedade pela
Ortográfico, as lacunas do texto devem ser
melhora.
preenchidas, respectivamente, com:
e) a renovação ao despertar – a possibilidade
a) por que – auto-retrato.
de enfrentar o mau sono – a busca por um b) porque – auto-retrato.
dia melhor. c) porquê – autorretrato.
d) por que – auto retrato.
alternativa B
e) por quê – autorretrato.
A consciência do despertar pode ser notada
no primeiro verso do poema: “saio do sono”. alternativa E
Na segunda estrofe, a repetição do termo • “Ciência explica” a razão pela qual: por
“se” cria uma sequência de hipóteses. Por quê (com acento gráfico, pois é a última pa-
fim, na terceira estrofe, o ato de lavar os lavra da frase); “que” tônico.
olhos ”donde / ainda escorrem / uns restos • Após a nova reforma ortográfica, autorre-
de trevas” representa uma tentativa do eu trato se escreve junto, sem hífen, com a le-
lírico de se recuperar da noite de difícil sono. tra “r” dobrada.

QUESTÃO 9 Leia o texto para responder às questões de


números 11 a 15.
Assinale a alternativa em que a reescrita dos
versos altera o sentido original do texto. Você conseguiria ficar 99 dias sem o
a) “Não sei na madrugada / se estou ferido” Facebook?
 não sei se ferido estou na madrugada Uma organização não governamental
b) “se o corpo / tenho / riscado / de hema- holandesa está propondo um desafio que
tomas”  se de hematomas tenho o corpo muitos poderão considerar impossível: ficar
riscado 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no
c) “ainda escorrem / uns restos de treva”  Facebook. O objetivo é medir o grau de felici-
uns restos de treva escorrem ainda dade dos usuários longe da rede social.
Unifesp 6 ETAPA
O projeto também é uma resposta aos a) O Facebook realizou experimentos psicoló-
experimentos psicológicos realizados pelo gicos sem o consentimento de seus usuários.
próprio Facebook. A diferença neste caso é b) Os usuários do Facebook sentem-se mais
que o teste é completamente voluntário. felizes quando não acessam a rede social.
Ironicamente, para poder participar, o usuá- c) Os estudos da ONG holandesa têm o pro-
rio deve trocar a foto do perfil no Facebook e pósito de criar uma nova rede social.
postar um contador na rede social. d) O tempo gasto na rede social potencia-
Os pesquisadores irão avaliar o grau de lizou perturbações psicológicas em seus
satisfação e felicidade dos participantes no usuários.
33.º dia, no 66.º e no último dia da abstinência. e) O grau de satisfação e felicidade de uma
Os responsáveis apontam que os usuá- pessoa independe de seu estado emocional.
rios do Facebook gastam em média 17 minu-
tos por dia na rede social. Em 99 dias sem alternativa A
acesso, a soma média seria equivalente a Segundo o texto, “A diferença neste caso é
mais de 28 horas, que poderiam ser utiliza- que o teste é completamente voluntário”, o
das em “atividades emocionalmente mais que sugere que os experimentos feitos pelo
realizadoras”. Facebook não tiveram consentimento.
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
QUESTÃO 13
QUESTÃO 11
Examine as passagens do primeiro parágrafo
De acordo com os pressupostos da campa- do texto:
nha holandesa, o usuário do Facebook • “Uma organização não governamental ho-
a) supera as suas barreiras emocionais na landesa está propondo um desafio”
rede social e garante uma existência com • “O objetivo é medir o grau de felicidade
mais felicidade. dos usuários longe da rede social.”
b) vivencia experiências únicas na rede so- A utilização dos artigos destacados justifica-
cial e a tem como forma de ser mais equili- -se em razão
brado emocionalmente. a) da retomada de informações que podem
c) gasta tempo na rede social e deixa de se ser facilmente depreendidas pelo contexto,
dedicar a momentos mais significativos em sendo ambas equivalentes semanticamente.
sua vida. b) de informações conhecidas, nas duas
d) emprega o seu tempo na rede social para ocorrências, sendo possível a troca dos arti-
trabalhar a emoção e entender melhor suas gos nos enunciados, pois isso não alteraria o
questões de vida. sentido do texto.
e) dedica um tempo exíguo à rede social e c) da generalização, no primeiro caso, com a
tem pouca motivação para atividades mais introdução de informação conhecida, e da es-
realizadoras. pecificação, no segundo, com informação nova.
d) da introdução de uma informação nova,
alternativa C no primeiro caso, e da retomada de uma in-
formação já conhecida, no segundo.
Segundo os responsáveis pelo desafio, ao
e) de informações novas, nas duas ocorrên-
final de 99 dias sem acesso, os usuários
cias, motivo pelo qual são introduzidas de
teriam economizado 28 horas e poderiam
forma mais generalizada.
utilizá-las de forma mais significativa.
alternativa D
QUESTÃO 12
Em “Uma organização não governamental
Uma informação possível de se concluir da holandesa está propondo um desafio”, a
leitura do texto é: passagem introduz uma informação nova,
Unifesp 7 ETAPA
sobretudo por estar na primeira linha do alternativa C
texto; em “felicidade dos usuários longe
O sufixo -inha imprime a ideia de leveza, ra-
da rede social”, o artigo faz clara alusão ao pidez – trata-se de um olhar “por cima”, “rá-
Facebook, termo anteriormente referido pido”. O sufixo -mente indica o modo como
pelo site. as atividades devem ser encaradas.
Considere os enunciados a seguir para res-
ponder às questões de números 14 e 15. QUESTÃO 16
• [...] ficar 99 dias sem dar nem uma “olha- Analise a capa de um folder de uma campa-
dinha” no Facebook. (1.º parágrafo) nha de trânsito.
• [...] que poderiam ser utilizadas em “ativi-
dades emocionalmente mais realizadoras”.
(4.º parágrafo)

QUESTÃO 14

Nos dois trechos, utilizam-se as aspas, res-


pectivamente, para
a) indicar o sentido metafórico e marcar a
fala coloquial.
b) enfatizar o discurso direto e marcar uma
citação.
c) marcar o sentido pejorativo e enfatizar o
sentido metafórico.
d) assinalar a ironia e indicar a fala de uma
pessoa.
e) realçar o sentido do substantivo e indicar
uma transcrição.

alternativa E
Em “olhadinha” as aspas funcionam para
demarcar tanto a velocidade do ato quan-
to seu caráter proibitivo. Já em “atividades Explicitando-se os complementos dos ver-
emocionalmente mais realizadoras” as as- bos em “Eu cuido, eu respeito.”, obtém-se,
pas são utilizadas para marcar a opinião dos em conformidade com a norma-padrão da
responsáveis pelo desafio. língua portuguesa:
a) Eu a cuido, eu respeito-lhe.
QUESTÃO 15 b) Eu cuido dela, eu lhe respeito.
c) Eu cuido dela, eu a respeito.
Analisando-se o emprego e a estrutura das d) Eu lhe cuido e respeito.
palavras “olhadinha” e “emocionalmente”, e) Eu cuido e respeito-a.
é correto afirmar que os sufixos nelas pre-
sentes indicam, respectivamente, sentido de alternativa C
a) morosidade e intensidade. • Cuidar é verbo transitivo indireto regido
b) modo e consequência. pela preposição de (que se combina com o
c) rapidez e modo. pronome reto ela: “dela”).
d) intensidade e causa. • Respeitar é verbo transitivo direto e rece-
e) afeto e tempo. be o pronome oblíquo a como objeto direto.
Unifesp 8 ETAPA
Leia o texto para responder às questões de Ah! foi bem curta – sobretudo para
números 17 a 21. mim… Esses dez anos esvoaram-se-me
Cumpridos dez anos de prisão por um como dez meses. É que, em realidade, as ho-
crime que não pratiquei e do qual, entanto, ras não podem mais ter ação sobre aqueles
nunca me defendi, morto para a vida e para que viveram um instante que focou toda a
os sonhos: nada podendo já esperar e coisa sua vida. Atingido o sofrimento máximo,
alguma desejando – eu venho fazer enfim a nada já nos faz sofrer. Vibradas as sensações
minha confissão: isto é, demonstrar a minha máximas, nada já nos fará oscilar. Simples-
inocência. mente, este momento culminante raras são
Talvez não me acreditem. Decerto que as criaturas que o vivem. As que o viveram
não me acreditam. Mas pouco importa. O ou são, como eu, os mortos-vivos, ou – ape-
meu interesse hoje em gritar que não assas- nas – os desencantados que, muita vez, aca-
sinei Ricardo de Loureiro é nulo. Não tenho bam no suicídio.
* Cherchez la femme: Procurem a mulher.
família; não preciso que me reabilitem. Mes-
(Mário de Sá-Carneiro. A confissão de Lúcio, 2011.)
mo quem esteve dez anos preso, nunca se
reabilita. A verdade simples é esta.
QUESTÃO 17
E àqueles que, lendo o que fica expos-
to, me perguntarem: “Mas por que não fez No texto, o narrador sugere que tinha sido
a sua confissão quando era tempo? Por que condenado por um crime
não demonstrou a sua inocência ao tribu- a) praticado pelo poeta, de quem tomou a
nal?”, a esses responderei: – A minha defe- responsabilidade para que este pudesse fu-
sa era impossível. Ninguém me acreditaria. gir com a mulher amada, isento de culpa.
E fora inútil fazer-me passar por um em- b) motivado por questões amorosas, sobre
busteiro ou por um doido… Demais, devo o qual não emitiu um posicionamento claro
confessar, após os acontecimentos em que que negasse ou confirmasse a sua culpa.
me vira envolvido nessa época, ficara tão c) ocorrido acidentalmente, fruto da percep-
despedaçado que a prisão se me afigurava ção equivocada de que o poeta estaria em
uma coisa sorridente. Era o esquecimento, um romance proibido com a sua mulher.
a tranquilidade, o sono. Era um fim como d) praticado pela esposa do artista, a quem
qualquer outro – um termo para a minha acreditava que deveria recair a pena, mas
vida devastada. Toda a minha ânsia foi pois não dispunha de provas suficientes para po-
de ver o processo terminado e começar cum- der incriminá-la.
prindo a minha sentença. e) marcado pelo mistério, que teve como ví-
De resto, o meu processo foi rápido. Oh! timas o poeta e a mulher, e que contou com
o caso parecia bem claro… Eu nem negava uma defesa confusa e permeada de incon-
nem confessava. Mas quem cala consente… sistências.
E todas as simpatias estavam do meu lado. alternativa B
O crime era, como devem ter dito os
jornais do tempo, um “crime passional”. Conforme o 4 o parágrafo, o narrador “nem
Cherchez la femme*. Depois, a vítima um negava nem confessava” o crime, que era
poeta – um artista. A mulher romantizara-se “como devem ter dito os jornais do tempo,
um ‘crime passional’”.
desaparecendo. Eu era um herói, no fim de
contas. E um herói com seus laivos de misté-
QUESTÃO 18
rio, o que mais me aureolava. Por tudo isso,
independentemente do belo discurso de de- No primeiro parágrafo, afirma-se: “eu ve-
fesa, o júri concedeu-me circunstâncias ate- nho fazer enfim a minha confissão”. Tal con-
nuantes. E a minha pena foi curta. fissão se materializa textualmente em
Unifesp 9 ETAPA
a) uma argumentação confusa, com oscila- • “E um herói com seus laivos de mistério”
ção dos tempos verbais entre presente, pas- (5.º parágrafo)
sado e futuro, relacionados a situações da • “nada já nos fará oscilar.” (6.º parágrafo)
vida do narrador. No contexto em que estão empregados, os
b) uma narrativa objetiva, com predomínio de termos em destaque significam, respectiva-
verbos nos tempos passado e presente, rela- mente,
cionados a situações conhecidas do narrador.
a) ocasionalmente – vestígios – transformar.
c) uma narrativa subjetiva, com predomínio
b) possivelmente – marcas – afastar.
de verbos no tempo passado, relacionados a
c) eventualmente – características – mudar.
situações das quais participara o narrador.
d) uma argumentação racional, com predo- d) imperiosamente – tipos – descobrir.
mínio de verbos no tempo presente, relacio- e) certamente – indícios – variar.
nados a situações analisadas pelo narrador.
e) uma descrição pessoal, com predomínio de alternativa E
verbos no tempo presente, relacionados a situa- Por sinonímia, nota-se a seguinte relação:
ções que marcaram a existência do narrador. “Decerto”  certamente;
alternativa C “laivos”  indícios;
“oscilar”  variar.
Com forte marca pessoal (subjetividade),
Lúcio narra os acontecimentos que envol- QUESTÃO 21
veram sua prisão, ocorrida dez anos antes.
Há, no texto, o predomínio de verbos no Quando se quer chamar atenção para o
tempo passado. Objeto Direto que precede o verbo, costu-
QUESTÃO 19 ma-se repeti-lo. É o que se chama Objeto Di-
reto Pleonástico, em cuja constituição entra
Segundo o narrador afirma, a prisão lhe ser- sempre um pronome pessoal átono.
viria para (Celso Cunha e Lindley Cintra. Nova gramática do
a) amenizar os transtornos pessoais que ar- português contemporâneo, 2000.)
ruinaram a sua existência.
b) mostrar a todos que estava sendo injusti- Verifica-se a ocorrência de objeto direto pleo-
çado e que deveriam rever o caso. nástico em:
c) coroar a sua existência de erros e desacer- a) “As que o viveram ou são, como eu, os
tos, impossível de ser recomposta. mortos-vivos, ou – apenas – os desencantados”
d) reverter a seu favor a simpatia do júri e b) “Esses dez anos esvoaram-se-me como
ter um novo julgamento em breve. dez meses.”
e) colocá-lo em equilíbrio com a justiça dos
c) “Por tudo isso, independentemente do
homens e a justiça divina.
belo discurso de defesa, o júri concedeu-me
alternativa A circunstâncias atenuantes.”
Segundo o texto: d) “Simplesmente, este momento culminan-
“Demais, devo confessar, após os aconte- te raras são as criaturas que o vivem.”
cimentos em que me vira envolvido nessa e) “Atingido o sofrimento máximo, nada já
época, ficara tão despedaçado que a prisão nos faz sofrer.”
se me afigurava uma coisa sorridente”.
alternativa D
QUESTÃO 20 Trata-se da única alternativa que apresenta
Observe as passagens do texto: um pronome pessoal átono para a retomada
• “Decerto que não me acreditam.” (2.º pa- de uma expressão anterior: “este momento
rágrafo) culminante” = “o”.
Unifesp 10 ETAPA
Para responder às questões de números 22 a QUESTÃO 22
24, leia as opiniões em relação ao projeto de
adaptação que visa facilitar obras de Macha- Em relação à questão da facilitação das
do de Assis. obras machadianas, a leitura comparativa
Texto 1 dos textos deixa claro que eles
Isso é um assassinato e eu endosso. A a) mantêm alguns pontos de concordância,
autora [da adaptação] quer que a Academia havendo em 3 uma clara evidência de que
se manifeste. Para ela, vai ser a glória. Mas se deve coibir essa iniciativa.
vários acadêmicos se manifestaram. Eu me b) externam uma visão bastante romantiza-
manifestei. Há temas em que a instituição da, o que se pode confirmar com a defesa
não pode se baratear. Essa mulher quer que que 2 faz do alcance do projeto.
nós tenhamos essa discussão como se ela c) expressam o mesmo ponto de vista, o que
estivesse propondo a ressurreição eterna de pode ser confirmado em 3 pela anuência ao
Machado de Assis, como se ele dependesse apoio do Ministério da Cultura.
dela. Confio na vigilância da sociedade. Va- d) divergem quanto ao apoio financeiro,
mos para a rua protestar. defendido claramente em 2, velado em 3 e
(Nélida Piñon. http://entretenimento.uol.com.br) negado veementemente em 1.
Texto 2 e) apresentam posicionamentos diferentes,
É melhor que o sujeito comece a ler sendo que 1 expressa sua ideia de contrarie-
através de uma adaptação bem feita de um dade de forma bastante radical.
clássico do que seja obrigado a ler um texto
ilegível e incompreensível segundo a lin-
alternativa E
guagem e os parâmetros culturais atuais. Cada texto revela um posicionamento dife-
Depois que leu a adaptação, ele pode pegar rente de seus respectivos autores:
o gosto, entrar no processo de leitura e even- • Texto 1: “Isso [a adaptação] é um assassi-
tualmente se interessar por ler o Machadão nato e eu endosso.”
no original. Agora, dar uma machadada em • Texto 2: “É melhor que o sujeito comece
um moleque que tem PS3, Xbox, 1000 canais a ler através de uma adaptação bem feita...”
a cabo e toda a internet à disposição é sim- • Texto 3: “Não defenderia, jamais, que
plesmente burrice. Secco (...) fosse impedida de realizar seu
(Ronaldo Bressane. http://entretenimento.uol.com.br) projeto, mas não me parece que a propos-
ta devesse merecer apoio do Ministério da
Texto 3
Cultura...”
Não defenderia, jamais, que Secco [au-
Porém, no primeiro texto, a autora é mais
tora da adaptação] fosse impedida de rea-
radical na defesa de seu ponto de vista: “Va-
lizar seu projeto, mas não me parece que a
mos para a rua protestar.”
proposta devesse merecer apoio do Minis-
tério da Cultura e ser realizada com a ajuda
QUESTÃO 23
de leis que, afinal, transferem impostos para
a cultura. Trata-se, na melhor das hipóteses, Examine os enunciados:
de ingenuidade; na pior, de excesso de “sa-
gacidade”. Não será a adulteração de obras, • “Vamos para a rua protestar.” (Texto 1)
para torná-las supostamente mais legíveis • “Não será a adulteração de obras, para
por ignorantes, que irá resolver o problema torná-las supostamente mais legíveis por ig-
do acesso a textos literários históricos – mes- norantes” (Texto 3)
mo porque, adulterados, já terão deixado de O termo “para”, em destaque nos enuncia-
ser o que eram. dos, expressa, respectivamente, sentido de
(Marcos Augusto Gonçalves. a) movimento e finalidade.
http://www.folha.uol.com.br) b) modo e conformidade.
Unifesp 11 ETAPA
c) tempo e comparação. ofício, natural do Rio de Janeiro, onde teria
d) movimento e comparação. morrido na penúria e na obscuridade, se so-
e) conformidade e finalidade. mente exercesse a tanoaria.”
b) “Entre o queijo e o café, demonstrou-me
alternativa A Quincas Borba que o seu sistema era a des-
“para a rua protestar” denota o direciona- truição da dor. A dor, segundo o Humanitis-
mento do verbo intransitivo “ir” (vamos); já mo, é uma pura ilusão. Quando a criança é
“para torná-las supostamente mais legíveis ameaçada por um pau, antes mesmo de ter
por ignorantes” indica a finalidade da adulte- sido espancada, fecha os olhos e treme; essa
ração de obras. predisposição, é que constitui a base da ilusão
humana, herdada e transmitida.”
QUESTÃO 24 c) “Dito isto, expirei às duas horas da tar-
de de uma sexta-feira do mês de agosto de
Examine a passagem do texto 2: 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Ti-
“e eventualmente se interessar por ler o Ma- nha uns sessenta e quatro anos, rijos e prós-
chadão no original. Agora, dar uma macha- peros, era solteiro, possuía cerca de trezen-
dada em um moleque” tos contos e fui acompanhado ao cemitério
Os dois termos em destaque, derivados por por onze amigos.”
sufixação, reportam a Machado de Assis. Tal d) “Não houve nada, mas ele suspeita algu-
recurso atribui aos substantivos, respectiva- ma coisa; está muito sério e não fala; agora
mente, sentido de saiu. Sorriu uma vez somente, para Nhonhô,
a) pejo e intimidade. depois de o fitar muito tempo, carrancudo.
b) ironia e simpatia. Não me tratou mal nem bem. Não sei o que
c) humor e reverência. vai acontecer; Deus queira que isto passe.
d) simpatia e ironia. Muita cautela, por ora, muita cautela.”
e) tamanho e humor. e) “Por exemplo, um dia quebrei a cabeça
de uma escrava, porque me negara uma
alternativa D colher do doce de coco que estava fazendo,
O sufixo utilizado em “Machadão” pode e, não contente com o malefício, deitei um
assumir vários significados, inclusive indi- punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito
car aproximação e simpatia pela figura de da travessura, fui dizer à minha mãe que a
Machado de Assis, o que é adequado ao escrava é que estragara o doce ‘por pirraça’;
contexto. Já em “machadada”, o sufixo as- e eu tinha apenas seis anos.”
sume significado irônico, pois indica um
grau de violência (golpe com machado) para alternativa B
introduzir na cabeça, à força, o conteúdo ela- De acordo com o Dicionário Houaiss,
borado da obra. filosofismo é uma “introdução de conside-
rações filosóficas onde elas não têm cabi-
QUESTÃO 25 mento.” É ainda “filosofia sem fundamento,
falsa”. No texto da alternativa B, a argumen-
O crítico Massaud Moisés assinala o filoso-
tação do narrador enquadra-se plenamente
fismo como uma das características de Me-
nessa definição.
mórias póstumas de Brás Cubas, romance que
inaugura a produção madura de Machado QUESTÃO 26
de Assis. Tal filosofismo pode ser identifica-
do na passagem: “A pessoa é presa por pirataria – e aí a ca-
a) “O fundador da minha família foi um cer- deia mostra filmes piratas?”, denunciou o
to Damião Cubas, que floresceu na primei- americano Richard Humprey, condenado a
ra metade do século XVIII. Era tanoeiro de 29 meses de prisão por distribuir conteúdo
Unifesp 12 ETAPA
pirateado na internet. O presídio onde ele Entretanto Lisboa rojava-se aos meus
está, em Ohio, foi pego exibindo uma cópia pés. O pátio do palacete estava constante-
ilegal do filme O lobo de Wall Street. mente invadido por uma turba: olhando-a
(Superinteressante, julho de 2014.) enfastiado das janelas da galeria, eu via lá
branquejar os peitilhos da Aristocracia, ne-
A fala do condenado revela grejar a sotaina do Clero, e luzir o suor da
a) a sua deliberação pessoal para pagar pe- Plebe: todos vinham suplicar, de lábio abjeto,
las contravenções e lutar contra a pirataria a honra do meu sorriso e uma participação
em todos os setores. no meu ouro. Às vezes consentia em receber
b) a sua vontade de livrar-se da contraven- algum velho de título histórico: – ele adianta-
ção, o que se torna impossível a ele com a va-se pela sala, quase roçando o tapete com
pirataria na prisão. os cabelos brancos, tartamudeando adula-
c) o seu desencanto com a vida do crime, já ções; e imediatamente, espalmando sobre o
que até mesmo na cadeia é obrigado a con- peito a mão de fortes veias onde corria um
viver com a pirataria. sangue de três séculos, oferecia-me uma filha
d) o seu inconformismo com a contradição bem-amada para esposa ou para concubina.
entre o que se prega como certo e o que se Todos os cidadãos me traziam presentes
pratica, no caso da pirataria. como a um ídolo sobre o altar – uns odes vo-
e) a falta de critérios mais específicos para tivas, outros o meu monograma bordado a
condenar uma pessoa por piratear conteú- cabelo, alguns chinelas ou boquilhas, cada
dos livres da internet. um a sua consciência. Se o meu olhar amorte-
cido fixava, por acaso, na rua, uma mulher –
alternativa D era logo ao outro dia uma carta em que a
O pressuposto é que o presídio, por repre- criatura, esposa ou prostituta, me ofertava
sentar a ordem, não deveria usar cópias pi- a sua nudez, o seu amor, e todas as compla-
ratas, realizando uma contravenção, o que cências da lascívia.
leva Richard Humprey a se indignar. Os jornalistas esporeavam a imagina-
ção para achar adjetivos dignos da minha
Leia o trecho do conto “O mandarim”, de grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei
Eça de Queirós, para responder às questões a ser o celeste Sr. Teodoro; então, desvairada,
de números 27 a 29. a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste
Então começou a minha vida de milio- Sr. Teodoro! Diante de mim nenhuma cabeça
nário. Deixei bem depressa a casa de Mada- ficou jamais coberta – ou usasse a coroa ou
me Marques – que, desde que me sabia rico, o coco. Todos os dias me era oferecida uma
me tratava todos os dias a arroz-doce, e ela presidência de Ministério ou uma direção
mesma me servia, com o seu vestido de seda de confraria. Recusei sempre, com nojo.
dos domingos. Comprei, habitei o palacete (Eça de Queirós. O mandarim, s/d.)
amarelo, ao Loreto: as magnificências da
minha instalação são bem conhecidas pelas QUESTÃO 27
gravuras indiscretas da Ilustração Francesa.
Tornou-se famoso na Europa o meu leito, Ao descrever a sua vida de milionário, o
de um gosto exuberante e bárbaro, com a narrador
barra recoberta de lâminas de ouro lavra- a) reconhece que as pessoas se aproximam
do e cortinados de um raro brocado negro dele com mais respeito e cautela, fato que o
onde ondeiam, bordados a pérolas, versos deixa desconfortável, por sua natureza hu-
eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa milde.
no interior, derrama ali a claridade láctea e b) sente-se lisonjeado pelo tratamento cerimo-
amorosa de um luar de Verão. nioso de que é alvo constante, sobretudo por-
[...] que as pessoas são honestas em seu proceder.
Unifesp 13 ETAPA
c) ironiza as relações de interesses decorren- QUESTÃO 29
tes da sua nova condição social, deixando
evidente que as pessoas se humilham pe- Assinale a alternativa que apresenta uma
rante ele. correta análise de passagem do texto.
d) ignora a forma como os mais pobres o a) Em “que, desde que me sabia rico, me
interpelam, pois não consegue identificar os tratava todos os dias a arroz-doce” (1.º pará-
contatos sem interesses monetários. grafo), a locução conjuntiva em destaque es-
e) despreza a falta de veneração à sua pes- tabelece relação de tempo entre as orações.
soa, principalmente pelos mais bem nas- b) Em “e ela mesma me servia, com o seu
cidos, que não o veem como pertencente à vestido de seda dos domingos” (1.º parágra-
aristocracia. fo), o termo em destaque pode ser substi-
tuído por “mesmo”, sem prejuízo de sentido
alternativa C ao texto.
Dentre outros exemplos que enfatizam a c) Em “olhando-a enfastiado das janelas da
ironia do narrador em relação aos lisboetas, galeria” (2.º parágrafo), o pronome em des-
podemos citar o verbo “rojar” (rastejar) em: taque recupera o substantivo “Lisboa”.
“Entretanto Lisboa rojava-se aos meus pés”. d) Em “era logo ao outro dia uma carta em
que a criatura” (3.º parágrafo), a expressão
QUESTÃO 28 em destaque pode ser substituída, de acordo
com a norma-padrão, por “cuja”.
“Os jornalistas esporeavam a imaginação e) Em “derrama ali a claridade láctea e amo-
para achar adjetivos dignos da minha gran- rosa de um luar de Verão” (1.º parágrafo), o
deza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser advérbio em destaque recupera a expressão
o celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a “versos eróticos de Catulo”.
Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr.
Teodoro!” alternativa A
Nesta passagem do último parágrafo, iden-
A alternativa A está correta, uma vez que
tifica-se uma
a substituição de “mesma” por mesmo
a) hipérbole, por meio da qual o narrador
interferiria na concordância nominal com o
enfatiza a intensidade de atenção recebida
pronome “ela”; o pronome oblíquo “a” se
da imprensa portuguesa.
refere a “uma turba”, e não a “Lisboa”; o
b) gradação, por meio da qual o narrador
pronome relativo “em que” conota lugar e
reforça a ideia de bajulação posta em prática
não posse; o advérbio “ali” recupera anafo-
pelos jornais portugueses.
ricamente “leito”.
c) ironia, por meio da qual o narrador refuta
o tratamento que lhe dispensavam os jorna- QUESTÃO 30
listas portugueses.
d) redundância, por meio da qual o narra- Leia o soneto de Cruz e Sousa.
dor deixa entrever o modo como as pessoas
lhe especulavam a vida. Silêncios
e) antítese, por meio da qual o narrador ex- Largos Silêncios interpretativos,
plica as contradições dos jornais portugue- Adoçados por funda nostalgia,
ses ao tomarem-no como assunto. Balada de consolo e simpatia
Que os sentimentos meus torna cativos;
alternativa B
O narrador, por meio de adjetivos dispostos Harmonia de doces lenitivos,
de forma gradativa (sublime – celeste – ex- Sombra, segredo, lágrima, harmonia
traceleste), expressa ironicamente a bajula- Da alma serena, da alma fugidia
ção da imprensa portuguesa. Nos seus vagos espasmos sugestivos.
Unifesp 14 ETAPA
Ó Silêncios! ó cândidos desmaios, nhas eleitorais, que atualmente são os maio-
Vácuos fecundos de celestes raios res doadores de políticos e partidos.
De sonhos, no mais límpido cortejo... (Gabriela Guerreiro. “Senado acaba com doação
de empresas em campanhas eleitorais”.
Eu vos sinto os mistérios insondáveis www.folha.uol.com.br, 16.04.2014. Adaptado.)
Como de estranhos anjos inefáveis Texto 2
O glorioso esplendor de um grande beijo! O sistema político brasileiro tem sido sub-
(Cruz e Sousa. Broquéis, Faróis, metido a permanente interferência do poder
Últimos Sonetos, 2008.) econômico. Na democracia, deve prevalecer
A análise do soneto revela como tema e re- a igualdade. O voto de cada cidadão deve ter
cursos poéticos, respectivamente: valor igual. O sistema político em que não há
a) a aura de mistério e de transcendentalida- igualdade é aristocrático, não democrático.
de suaviza o sofrimento do eu lírico; rimas No passado, apenas a elite econômica podia
alternadas e sinestesias se evidenciam nos participar da política, elegendo seus represen-
versos de redondilha maior. tantes. O chamado “voto censitário” excluía
b) o esforço de superação do sofrimento coe- da vida pública amplos setores da sociedade.
xiste com o esgotamento das forças do eu líri- O processo de democratização levou à aboli-
co; assonâncias e metonímias reforçam os con- ção do voto censitário, mas ainda não foi ca-
trastes das rimas alternadas em versos livres. paz de evitar que, por meio de mecanismos
c) a religiosidade como forma de superação formais e informais de influência, a política
do sofrimento humano; metáforas e antíte- seja capturada pelo poder econômico.
ses reforçam o negativismo da desagregação O financiamento privado de campanhas
existencial nos versos livres. eleitorais é o principal instrumento formal
d) a apresentação da condição existencial do para que isso ocorra. No sistema brasileiro
eu lírico, marcada pelo sofrimento, em uma atual, tanto empresas quanto pessoas físicas
abordagem transcendente; assonâncias e ali- podem fazer doações. Evidentemente, os
terações reforçam a sonoridade nos versos maiores doadores podem interferir de modo
decassílabos. muito mais incisivo no processo de tomada
e) o apelo à subjetividade e à espiritualida- das decisões públicas do que o cidadão co-
de denota a conciliação entre o eu lírico e o mum. Grandes empresas podem fazer com
mundo; metáforas e sinestesias reforçam o que sua agenda de interesses prevaleça no
sentido de transcendentalidade nos versos parlamento. O parlamentar que obteve esse
de doze sílabas. tipo de financiamento tende a se converter
em um verdadeiro representante de seus
alternativa D interesses junto ao Legislativo e, muitas ve-
Revestido de um ar de mistério e buscan- zes, ao próprio Executivo. Isto é inevitável
do romper os limites da própria condição no atual sistema, que, com o financiamento
(transcendência), o autor vale-se de recur- privado de campanhas, legitima a conver-
sos poéticos (assonância e aliterações), são do poder econômico em poder político
para sugerir a sacralização de um beijo. Isto e, por essa via, em direito vigente, de obser-
em um soneto clássico, em versos decas- vância obrigatória para todos.
silábicos, com rimas fixas. As doações por pessoas jurídicas são
totalmente incompatíveis com o princípio
REDAÇÃO democrático. Os cidadãos, não as empresas,
são titulares de direitos políticos. Apenas
Texto 1 eles, por conseguinte, deveriam poder par-
O Senado aprovou nesta quarta-feira ticipar do processo político.
(16.04.2014) projeto que veda a doação de (Sérgio Fisher. “O financiamento democrático das
empresas ou pessoas jurídicas para campa- campanhas eleitorais”. www.tre-rj.gov.br. Adaptado.)
Unifesp 15 ETAPA
Texto 3 interferência do poder econômico nos plei-
As relações do poder econômico com a tos eleitorais.
área política despertam um conflito de valo- (Teori Zavascki. “Voto-Vista (Supremo Tribunal
res que tracionam em sentidos opostos. Se é Federal)”. www.stf.jus.br. Adaptado.)

certo afirmar que o poder econômico pode Com base nos textos apresentados e em seus
interferir negativamente no sistema demo- próprios conhecimentos, escreva uma dis-
crático, favorecendo a corrupção eleitoral e sertação, empregando a norma-padrão da
outras formas de abuso, também é certo que língua portuguesa, sobre o tema:
não se pode imaginar um sistema democrá- O FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS
tico de qualidade sem partidos políticos for- ELEITORAIS POR EMPRESAS DEVE SER
tes e atuantes, especialmente em campanhas PROIBIDO?
eleitorais, o que, evidentemente, pressupõe
comentário
a disponibilidade de recursos financeiros
Dois dos três textos da coletânea expuseram
expressivos. E, sob esse ângulo, os recursos
as opiniões de seus autores sobre a questão
financeiros contribuem positivamente para
de empresas financiarem campanhas eleito-
a existência do que se poderia chamar de de-
rais e, consequentemente, interferirem ou
mocracia sustentável. Como lembra Daniel
não no chamado processo democrático: o de
Zovatto, “embora a democracia não tenha Sérgio Fisher, contra esse financiamento; o
preço, ela tem um custo de funcionamento do jurista Teori Zavascki, argumentando que,
que é preciso pagar”. mesmo com a proibição de doações, seria
Eis aí, pois, o grande paradoxo: o di- ilusão imaginar-se que não haveria interferên-
nheiro pode fazer muito mal à democracia, cia do dinheiro de empresas nas eleições.
mas ele, na devida medida, é indispensável Com um tema bastante original, a Unifesp
ao exercício e à manutenção de um regime exigiu do candidato que se posicionasse e
democrático. É ilusão imaginar que, decla- discutisse um dos aspectos mais polêmicos
rando a inconstitucionalidade da norma e controversos do cenário político brasileiro.
que autoriza doações por pessoas jurídicas, Não se pode qualificá-la como uma proposta
se caminhará para a eliminação da indevida fácil!

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