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PÓS DA HISTÓRIA Elisa
PÓS DA HISTÓRIA Elisa
1.Introdução.....................................................................................................................................4
1.2. Metodologia..........................................................................................................................4
2.1.FORMA.....................................................................................................................................6
2.2.Conteúdo................................................................................................................................7
3. Conclusão....................................................................................................................................9
4. Referências bibliográficas.........................................................................................................10
1.Introdução
A Literatura Africana de Língua Portuguesa é uma construção baseada na colonização e na
descolonização, nas guerras de libertação e no desejo de uma identidade que represente os
anseios e quereres de um povo colonizado. É uma tentativa de mostrar que a África não é um
país inferior como muitos teóricos e escritos tentam desenhar ou já desenharam no imaginário de
estudantes, pesquisadores e escritores. Essa tese da inferioridade vem desde o pensamento de
Hegel citado por ZERBO (1982), quando afirmou que a África não fazia parte do mundo, da
História. Defendia-se ou construíam a ideia que o negro não podia contar sua história, não
gostava de trabalhar.
1.1.Objectivos
Objectivo geral
Objectivos específicos
1.2. Metodologia
Para o presente trabalho optou-se pela leitura do Módulo da Literatura Africana em Língua
Portuguesa, uso da pesquisa do tipo bibliográfico. De acordo com Mutimucuio (2008.p 29), a
pesquisa bibliográfica “procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas
em documentos (desenvolvida a partir de material já elaborado).”
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2. História da literatura africana
O primeiro momento da formação da literatura colonial na África lusófona pode ser chamado de
período de alienação (1850-1900), segundo Manuel Ferreira (1987,p.33), nesse estágio da
produção literária, “o escritor africano encontra-se em estado quase absoluto de alienação,
incapaz de se libertar dos modelos europeus.
Este último, é o momento do resgate dos valores tradicionais ancestrais, combinados aos valores
adquiridos no período colonial, já que é impossível reverter os efeitos da colonização. De
indivíduo despersonalizado e coisificado, possuidor de profundo complexo de inferioridade em
relação à sua cultura, o africano passa a indivíduo que se reencontra com suas raízes, que elabora
uma nova identidade cultural, reconstrói a sociedade e a cultura africanas incorporando os
elementos de diferentes origens que agora a compõem. As tradições ancestrais são revalorizadas
e as contribuições da cultura da antiga metrópole são incorporadas a elas, reorganizando e
reorientando a diversidade para regenerar a cultura e o povo africano.
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2. Análise literária do texto PÓS DA HISTÓRIA de escritor Rui de Noronha
Sobre a sua biografia, António Rui de Noronha, nascido a 28 de Outubro de 1909, em Lourenço
Marques (hoje, Maputo), e falecido a 25 de Dezembro de 1943, na mesma cidade, desde logo
mostrou e deixou transparecer, na sua vida e na sua escrita, um temperamento recolhido, uma
personalidade introvertida e amargurada. Foi, sem dúvida, um homem infeliz.
Nota-se neste autor, uma inovação, pelo facto de, pela primeira vez, um autor expressar-se “sem
papas na língua” sobre os problemas do africano (moçambicano) para o africano. Tenhamos
como exemplo o poema “Surge et ambula” e “Carregadores”. Entretanto, Rui de Noronha,
também se plasmou em formas mais libertas de constrangimentos e versou temas relacionados
com tradições nativas de Moçambique, como no caso do celebrado poema «Quenguelequêzê».
Nota-se também a inversão de certa mitologia propagandística da história colonial que Rui de
Noronha operou poeticamente, desfazendo a versão de um Mouzinho de Albuquerque como
herói destemido e de um Ngungunhane, imperador, derrotado, dominado e humilhado
2.1.FORMA
A forma do prosado é o de um soneto clássico. Isso quer dizer que o poema divide-se em quatro
estrofes os primeiros dois sendo quartetos, os últimos dois tercetos. O esquema de rima é o do
soneto inglês, no qual o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo com o quarto dentro de
cada quarteto. A escolha de usar a rima inglesa em vez da rima tradicional portuguesa, ajuda na
demonstração, que De Noronha não necessariamente acha a cultura portuguesa única em poder
fazer arte, insinuando que a moçambicana pode fazer o seu estilo único também desde que caiba
no modo geral. Os tercetos terminais do poema escreveram-se usando rima na forma de “a,a,b —
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c,c,b”. Rimando primeiro “corvos” com “sorvos”, logo “terreno” com “Nazareno” e na posição
“b” “sonâmbula” com “ambula”.
2.2.Conteúdo
Nas primeiras estrofes, de Noronha contrasta a Europa e a África, dizendo que todo “progresso
caminha” em um, enquanto o outro encontra-se num “sono…infinido”. A linguagem usada pelo
autor em descrever a África faz imagem mental igual ao de Europa na época, palavras como
“mistério… fera…terra e escuridão” com a frase “A selva faz de ti sinistro eremitério”,
demonstram como foram vistos os africanos, e como a sua inabilidade de abandonar as suas raízes
“selvagens” causaria heranças contínuas e sinistras.
Em Gaza, principalmente entre os anos de 1885 e 1896,constituiu – se o maior e mais atuante
foco de resistência ao domínio lusitano na África Austral ; Gungunhane foi a figura escolhida e
talhada pelo poeta para exaltação da resistência, conforme ilustram as estrofes do poema que se
segue, intitulado “PÓS da História “.
PÓS DA HISTÓRIA
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Aos pés do vencedor caiu chorando.
No texto acima, Rui de Noronha remete aos comportamentos de Quêto, Manhude (Mahume),
Gungunhane (Ngungunhane ) e Impincazamo (Impibekassano) é até mesmo à própria queda do
império de Gaza a partir da chave metonímica com vistas a que se passa inferir que, sob o olhar
do autor, a heroicidade manifesta nas mortes dos conselheiros de Ngungunhane, a altivez
observada na fria postura do imperador dos vátuas, o lamento emocionado da mãe adotiva do
régulo e a inevitável queda de Gaza aludem, respectiva e consecutivamente, à valentia da gente
nativa da África Austral, à altivez dos negros, ao compadecer – se da mãe África em virtude da
perda de um filho ilustre e à derrota dos povos nativos africanos ante a cobiça e a perversidade
dos invasores europeus.
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3. Conclusão
A literatura africana consolida-se como um importante instrumento de acesso ao universo
histórico do continente. A narrativa aqui analisada permite o reconhecimento de certos padrões
da acção colonial, no que se refere às estratégias de aproximação, domínio e efeitos subjectivos
sobre a história cultural do continente, uma vez que a colonização também cultural do povo
africano se tornou um mecanismo estratégico de manutenção de poder político.
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4. Referências bibliográficas
CRAVEIRINHA, José. Antologia poética. Organização de Ana Mafalda Leite. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2010.
LARANJEIRA, José Pires. Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa. Lisboa:
Universidade Aberta, 1995.
MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. 2 ed. São Paulo: Ática, 1988.
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