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Estudo de obras literárias UFU Prof.

Jorge Alessandro
Estudo da obra

Prof. Jorge Alessandro

Queremos dizer a verdade e, no entanto, não dizemos a verdade.


Descrevemos algo buscando fidelidade à verdade e, no entanto, o
Viagem pelo contexto
descrito é outra coisa que não a verdade.
(Thomas Bernhard)
Alguns apontamentos sobre a Síndrome de Down
Um filho é como um espelho no qual o pai se vê, e, para o filho, o
pai é por sua vez um espelho no qual ele se vê no futuro.
(Soren Kierkegaard) No século XIX, o médico inglês John Langdon Down foi
nomeado diretor de uma clínica para crianças com deficiência
mental nos arredores de Londres. Ali, teve oportunidade de
estudar os sintomas dos pequenos pacientes. Em 1862,
O Autor registrou o caso de um deles: baixa estatura, dedos curtos e
pálpebras atípicas. Mais tarde, a doença do garoto ficaria
Cristovão Tezza (Lages-SC, 1952). Romancista, conhecida pelo nome do médico, o primeiro a descrevê-la.
contista e professor. Muda-se para Curitiba aos 11 anos de A causa genética da síndrome de Down, porém, só
idade. Seus primeiros contatos com a arte se dão na seria descoberta um século depois. Em 1959, o pediatra
adolescência por meio, sobretudo, do teatro: em 1968 passa francês Jérome Lejeune constatou que crianças com a
a integrar o Centro Capela de Artes Populares (Cecap), síndrome possuíam três cópias do cromossomo 21, em vez
dirigido por Wilson Rio Apa, no qual permanece até 1977. de duas.
Rompendo com elementos tradicionais do teatro, o grupo Por muito tempo, pessoas com síndrome de Down - ou
apresenta-se em locais públicos da cidade de Curitiba, trissomia do cromossomo 21 - foram consideradas
dialogando, à sua maneira, com as culturas hippie, beatnik e "retardadas" e portanto incapazes de levar vida normal. Mas
com as artes de vanguarda dos anos 1960. Ainda na essa visão começou a mudar. Psicólogos, médicos e
adolescência, Tezza participa da primeira peça da professores especializados em educação especial sabem
dramaturga Denise Stoklos, além de outras montagens hoje que um diagnóstico na infância não significa
teatrais. Em 1974 viaja a Portugal para estudar letras na necessariamente que a criança terá poucas opções na vida -
Universidade de Coimbra. No entanto, a universidade desde que ela tenha acesso a uma educação especial. E na
encontra-se fechada devido à Revolução dos Cravos, logo sociedade, crianças com Down vêm sendo mais aceitas
Tezza passa um ano viajando pela Europa. como normais.
Na década de 1980 leciona, na área de letras, na Limitações físicas continuam a ser um desafio para
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Paraná quem tem a síndrome. O tônus muscular baixo em geral faz
(UFPR). Em 1988 publica seu primeiro livro de com que a língua fique para fora da boca. Há também
ficção, Trapo, que o torna reconhecido nacionalmente. problemas nas juntas, na visão, audição e tireóide, além de
Seguem outros títulos bem-sucedidos e premiados, sensibilidade maior da pele, em geral muito clara. Cerca de
como Aventuras Provisórias e O Filho Eterno. metade dos portadores de síndrome de Down sofre de
Em 2009 abandona a vida acadêmica para dedicar- cardiopatias congênitas. Mas os avanços da medicina na
se exclusivamente à literatura. Seu romance mais segunda metade do século XX dobraram sua expectativa de
recente, Um Erro Emocional, é publicado em 2010, e em vida de 25 para 50 anos e ela será ainda maior no caso da
2011 lança o volume de contos Beatriz. ausência de problemas cardíacos. Para a maioria, no
entanto, o maior desejo - e o maior desafio - é ter uma vida
mental e social satisfatória.

O romance O filho eterno aborda a questão na década


de 80, quando as informações sobre a síndrome eram
poucas e o preconceito falava mais alto.

PARA LER MAIS:


http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/diferentes_e_e
speciais.html

http://www.movimentodown.org.br/
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Análise temática O fantasma da NORMALIDADE. O pai sempre havia
recusado a ideia de normalidade mas agora ela é sua prisão.
GÊNERO  Autobiografia ou Romance? Faz exames de reavaliação na esperança de um erro.
O filho eterno é um texto “escancaradamente autobiográfico”,
uma ficcionalização de uma experiência pessoal.
O livro não possui o caráter de confissão. Ao escrever em 3ª
pessoa, Tezza transforma o romance autobiográfico em Importante!
ficção. O autor utiliza um tom honesto e sem constrangimentos
pra falar sobre um assunto marcado por desinformações,
sentimentalismos, preconceitos e lugares-comuns como
O tema central  A realidade de um jovem escritor ao criar um filho que é Down. No princípio revela sua
receber a notícia de que seu primeiro filho é portador da rejeição de forma brutal: “pacotinho suspirante”, “a coisa”,
Síndrome de Down e o doloroso caminho que aquele faz até “aquela criança horrível”, “esse”, “simulacro de normalidade”
a aceitação libertadora. enfim, nominações que levam o narrador a concluir que é
um “escritor sem obra, [...] e agora pai sem filho”.

O personagem central (PAI): jovem de 28 anos,


A tentativa de aceitar o cotidiano: Aderem a programas
estudante de letras e escritor, sustentado pela mulher,
de estímulo e treinamento. Mudança de casa, a nova
imaturo, teimoso, idealista e inconstante.
gravidez, o afastamento (Florianópolis).
“Alguém provisório, talvez; alguém que, aos 28
anos, ainda não começou a viver. [...] ele não tem O desenvolvimento motor e a dificuldade com a
nada, e não é ainda exatamente nada”. (p. 9). linguagem. O pai também tem dificuldades com seus livros
(recusas dos editores e fracassos). Durante um tempo Felipe
Aspectos desenvolvidos na trama do personagem: estuda na mesma escola da irmã, mais tarde a escola
A vida profissional: Mestrado, professor universitário. anuncia a necessidade de escola especial.
A vida literária: abandono da poesia, livros escritos, recusas
das editoras (persistência), publicações e princípio de
reconhecimento. Desaparecimento do filho: o desespero e a descoberta
Lembranças do passado: vandalismos adolescentes, da dependência. (Salto temporal) Felipe = Peter Pan (eterna
envolvimento com drogas, grupo de teatro, o período na criança). Incapacidade de abstração.
Europa: Portugal e Alemanha (imigrante ilegal), envolvimento
“Só descobriu a dependência que sentia pelo
político (pensamento anarquista) e o retorno ao Brasil
filho no dia em que Felipe desapareceu pela
(relojoeiro em Antonina/PR) primeira vez... ainda em pânico... que agora lhe
toma por inteiro, a pior sensação imaginável na
vida – quase a mesma sensação terrível do
O Nascimento do filho é o nascimento do homem.
momento em que o filho se revelou ao mundo, da
Momento de euforia e revisão da vida. A ideia de um filho é
qual ele jamais se recuperará completamente...”
diferente de um filho. (pág. 161)

Notícia da síndrome de Down: fato irreversível e


inevitável. A primeira reação é a rejeição e a vergonha. IDEIA Destaca-se o papel da arte: A pintura e o teatro (a vida
SALVADORA: crianças com Down vivem menos. Morte = como teatro)  criação de um estilo e a expressão de uma
liberdade. visão de mundo. O pai descobre que o grande talento de
Felipe é a afetividade.
“…algumas características… sinais importantes…
vamos descrever. Observem os olhos, que têm a prega
nos cantos, e a pálpebra oblíqua… o dedo mindinho
das mãos, arqueado para dentro… achatamento da
O Futebol: O interesse pelo futebol estimula Felipe na
parte posterior do crânio… a hipotonia muscular… a construção de uma identidade (time), na forma de lidar com
baixa implantação da orelha e… O pai lembra sentimentos (euforia e aceitação da derrota), fidelidade,
imediatamente da dissertação de mestrado de um imprevisibilidade. Além de ajuda-lo na socialização e na
amigo da área de genética - dois meses antes fez a noção de geografia, uso do calendário e na alfabetização.
revisão do texto, e ainda estavam nítidas na memória as
características da trissomia do cromossomo 21,
chamada de síndrome de Down, ou, mais popularmente
- ainda nos anos 1980 - “mongolismo”, objeto do
trabalho.”
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Descreve-se como um “filhote retardatário dos anos
Um dos motes importantes da trama de O filho eterno é 70”, e se vê como um poeta cafona, gorado em sua
que o PAI, assim como o FILHO, também percorre um profissão, sustentado pela esposa que sobrevive de aulas
caminho de treinamento para a vida. A descoberta de que particulares e revisões textuais de “teses e dissertações de
todos somos portadores de limites tem o poder de quebrar os mestrado sobre qualquer tema”.
preconceitos. O Pai é personagem introvertido, ansioso, que tem
dificuldades para demonstrar seus sentimentos. Um homem
Eu também estou em treinamento, ele pensa, de vinte e oito anos, que bebe e fuma compulsivamente. Vê a
lembrando mais uma recusa de editora. A vida real solidão como um projeto de vida, para assim demonstrar sua
começa a puxá-lo com violência para o chão, e ele ri aversão à sociedade, e a literatura como fuga da realidade.
imaginando-se no lugar do filho, coordenando braços
e pernas para ficarem pé no mundo com um pouco Um militante sem causa, um escritor sem projetos realizados
mais de segurança (p. 130). que não consegue viver de seu próprio trabalho.
Felipe é apresentado pelo narrador pelas
características de um portador de síndrome de down.
Segundo o pai: “é uma pedra silenciosa no meio do
Estudo da narrativa caminho”.
O narrador invade os pensamentos do pai
TEMPO testemunhando todos os acontecimentos de sua vida, de
forma invisível está presente em todos os cenários da
► O Tempo da narrativa se alterna entre cronológico e narrativa, assim expõem ao leitor, os sentimentos, as
psicológico  Ao passo que Felipe cresce, aprende andar, emoções e as aflições de criar um filho com necessidades
desenvolve a fala e inicia a vida escolar, o narrador nos conta especiais em uma época que pouco se sabia sobre a
passagens da adolescência do pai (Flash back). Síndrome.
O narrador admite que a morte do menino seria um
ESPAÇO alívio e o ódio furioso que o acomete fica explícito. Focando o
universo familiar e hospitalar o narrador estabelece uma
► A narrativa do tempo presente acontece em sua maior relação com os rituais dos sacrifícios religiosos e aponta o
parte no ambiente familiar, na cidade de Curitiba. As caráter de encenação/representação de papéis tanto dos
principais mudanças de espaço ocorrem com as pais, quanto dos médicos e enfermeiros.
interrupções do tempo cronológico, transportando-se para Assim, os primeiros capítulos exploram as reações
situações diversas, como a passagem por Portugal e adversas do pai e marido as quais, num crescendo de
pela a Alemanha, os trabalhos, os estudos, a infância em inconformismo, apelam para registros do vazio e da solidão.
Santa Catarina e o primeiro amor vivido na ilha da O menino, que o leitor vem a saber, posteriormente, tratar-se
Cotinga. de Felipe, é, no início, designado como “pacotinho
suspirante”, “a coisa”, “aquela criança horrível”, “esse”,
NARRADOR “simulacro de normalidade”, enfim, nominações que levam o
narrador a concluir que é um “escritor sem obra, [...] e agora
► O Filho eterno é narrado em 3ª pessoa – narrador pai sem filho” (p. 41). Entretanto, a brutalidade com que
onisciente a partir da perspectiva (foco narrativo) do pai. questiona a “anormalidade” do filho volta-se, especularmente,
como reflexão sobre a própria normalidade.
► Predominância do discurso indireto livre: confundem-se as Os pais começam uma peregrinação em busca de
vozes do narrador e do protagonista. (Fluxo de consciência) clínicas especializadas em programas de estimulação e
exercícios de reabilitação. O leitor é informado tanto sobre as
► O narrador invade os pensamentos do pai testemunhando deficiências específicas que acometem os portadores de tal
todos os acontecimentos de sua vida, de forma invisível está síndrome – em termos de visão, audição, tato, linguagem,
presente em todos os cenários da narrativa, assim expõem relações sexuais –, quanto sobre as limitações que os ditos
ao leitor, os sentimentos, as emoções e as aflições de criar “normais” têm no trato com essas pessoas. A educação de
um filho com necessidades especiais. Felipe é, em contrapartida, a educação do pai em busca de si
mesmo.
ENREDO

O enredo gira em torno de duas personagens Importante!


principais: pai e filho. Quem é o Filho Eterno?
A abertura do romance se dá com a voz da esposa - É Felipe, eternamente menino, imerso em seu mundo
anunciando ao pai a chegada iminente do filho, ao mesmo fantasioso e sua inocência canhestra.
tempo em que vai construindo a figura desse pai-narrador, - É o pai, sempre em busca de sua verdadeira
através de um discurso amparado em termos que expressam identidade, em constante construção pois, como
dúvidas, incompletudes e indefinições. aprendiz, se faz filho também.
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Em dado momento, ao narrar o desaparecimento de criança – como todo recém-nascido – feia. É difícil imaginar
Felipe, faz um retrospecto dessa fuga e, retornando ao que daquela coisa mal-amassada surja como que por
momento de seu nascimento, associa e equipara as encanto algum ser humano, só pela força do tempo”
sensações como se fossem “o sentimento do abismo”. A
A) A aversão que o pai sente pelo filho não é só porque o
possibilidade da perda do filho permite ao narrador avaliar o
menino é diferente, mas também porque ele não queria
valor desta perda.
filhos.
Enfim, quem é esse filho eterno? É Felipe,
B) A narrativa tem início nos anos 50, com um aspirante a
eternamente menino, na fatídica vivacidade de sua inocência
bailarino, que é surpreendido pela notícia do seu primeiro
canhestra, ou é o pai a procurar, numa encruzilhada sem
filho ter síndrome de Down.
destino e verdadeira identidade?
C) No dia do nascimento de seu filho, o pai assume o papel
A ambiguidade do título, reforçando a dimensão de
de anti-herói calhorda, hipócrita e insensível (ou
abertura, permite uma dupla resposta e investe no ludismo
simplesmente politicamente incorreto) ao rejeitar e
como solução conclusiva. O futebol – o jeito brasileiro de
menosprezar aquele ser diferente, tratando-o como um
brindar a vida, “esse nada que preenche o mundo” (p. 218) –,
estorvo para os seus planos de sucesso, liberdade e
une pai e filho num afeto quente e compartilhado. Atleticano
sociabilidade.
fanático, o futebol “passou lentamente a ser para o Felipe
D) O pai chama o filho de algo, a coisa, um ser insignificante,
uma referência de sua maturidade possível” (p. 219).
criança horrível, pequeno monstro, pedra inútil, deficiente
Acompanhando os passos do filho, o pai identifica as
mental, absolutamente nada, pequeno leproso, problema a
noções e qualidades possibilitadas pelo futebol: a
ser resolvido, idiota e pequena vergonha entre outros.
confirmação de uma identidade, a capacidade de lidar com a
E) O pai chega a torcer para que o menino morra.
frustração; a noção de novidade e de imprevisível, a noção
de tempo e a socialização.
02. Leia atentamente o trecho abaixo, retirado de O filho
Ao contrário do início do romance, quando o pai olha
eterno, de Cristovão Tezza. Marque a única alternativa
amargo e ressentido para o filho “mongolóide”, agora,
certa em relação ao trecho, ao autor e ao romance como
chegado ao término do livro, o narrador confere a si e ao filho
um todo.
o dom do jogo da vida bem como a possibilidade de abertura
– maturação/amadurecimento – que só o tempo é capaz de Um ser que se move no deserto, ele talvez escrevesse, com
proporcionar. alguma pompa, para definir a própria solidão. A solidão como
um projeto, não como uma tristeza. Eu ainda não consegui
ficar sozinho, concluí com um fio de angústia- e agora (ele
olha para a porta basculante, sem pensar) nunca mais.
Importante! Começou há pouco a escrever outro romance, Ensaio da
Ao falar sobre o crescimento e desenvolvimento do
paixão, em que – ele imagina passará a limpo a sua vida. E a
primogênito, o autor apresenta algumas informações
dos outros, com a língua da sátira. Ninguém se salvará. Três
sobre a síndrome de Down (pouco conhecida e
capítulos prontos.
compreendida nos anos 80 – “Mongolismo”) e mostra
É um livro alegre, ele supõe. Eu preciso começar, de vez por
que, apesar de serem lentos e demorados, os avanços
todas, ele diz a ele mesmo, e só escrevendo saberá quem é.
de Filipe são gratificantes.
Assim espera. São coisas demais para organizar, mas talvez
justo por isso ele se sinta bem, feliz, povoado de
sonhos.(p.16)
TEZZA, Cristovão. O filho eterno. Rio de janeiro: Record, 2011.

Questões A) O trecho apresenta um tema que se desenvolve na obra,


que é a solidão dos escritores no Brasil, pois através do
01. Leia o excerto abaixo, retirado do livro O filho eterno, personagem principal, Tezza discute as questões de
de Cristóvão Tezza, associe-o com o enredo e assinale a produção da obra literária no Brasil;
alternativa INCORRETA. B) Ao utilizar a primeira pessoa, o autor faz uma escolha
quanto ao tipo de narrador que marcará seu texto e será
“A primeira criança de um casamento é uma aporrinhação responsável pelo tom confessional da obra, já que o autor
monumental – o intruso exige espaço e atenção, chora tem um filho com síndrome de Down;
demais, não tem horário nem limites, praticamente nenhuma C) Ao citar uma outra obra sua já publicada, o autor utiliza
linguagem comum, não controla nada em seu corpo, que vive uma estratégia muito comum na literatura contemporânea,
a borbulhar por conta própria, depende de uma quantidade que é a digressão, e leva o leitor a refletir sobre o processo
enorme de objetos (do berço à mamadeira, do funil de de criação, um tema que perpassa O filho eterno;
plástico às fraldas, milhares delas) até então desconhecidos D) O trecho antecede o nascimento de Felipe e retrata um
pelos pais, drena as economias, o tempo a paciência, a momento em que se constrói uma ponte entre o fazer literário
tolerância, sofre males inexplicáveis e intraduzíveis, instaura e o fazer-se pai, relação que se estenderá pelo texto e será
em torno de si o terror da fragilidade e da ignorância, e fundamental para a construção do amor entre pai e filho;
afasta, quase que aos pontapés, o pai da mãe. É uma
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E) Neste livro, Tezza deixa de lado uma característica que é que representam de modo crítico a complexidade da vida
constante em sua obra: o diálogo com outras artes, que social.
geralmente aparece em forma de citações, marcando a D) A obra demonstra influência do Arcadismo por exaltar a
intertextualidade em sua obra. noção de que as pessoas são naturalmente boas e
permanecem assim, enquanto estão distantes das falsas
03. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes conquistas da civilização moderna.
afirmações sobre o romance O filho eterno, de Cristóvão
Tezza. “A manhã mais brutal da vida dele começou com o sono que
se interrompe - chegavam os parentes. Ele está feliz, é
( ) O romance conta a trajetória do pai de um menino com visível, uma alegria meio dopada pela madrugada insone,
Síndrome de Down, em sua busca de aceitar e amar o filho mais as doses de uísque, a intensidade do acontecimento, a
deficiente. sucessão de pequenas estranhezas naquele espaço oficial
( ) Diferentemente do que o pai escritor sempre planejara, que não é o seu, mais uma vez ele não está em casa, e há
o futebol, não a literatura, acaba por ser o elo entre pai e agora um alheamento em tudo, como se fosse ele mesmo, e
filho, ajudando, inclusive, Felipe a se alfabetizar. não a mulher, que tivesse o filho de suas entranhas - a
( ) A maior frustração do pai reside no fato de Felipe ser sensação boa, mas irremediável ao mesmo tempo, vai se
filho único, e sua esposa não poder mais engravidar. transformando numa aflição invisível que parece respirar com
( ) O pai, frequentemente, envergonha-se porque Felipe ele. Talvez ele, como algumas mulheres no choque do parto,
não consegue manter uma conversa coerente com as não queira o filho que tem, mas a ideia é apenas uma
pessoas e não tem noção da passagem do tempo. sombra. Afinal, ele é só um homem desempregado e agora
tem um filho. Ponto final.”
A sequência correta de preenchimento dos parênteses é:
A) F – V – V – F 06. Sobre o texto, é correto o que se afirma em:
B) F – V – F – V A) No texto narrado em primeira pessoa, o narrador intercala
C) V – F – V – F suas claudicantes tentativas de erguer-se por si mesmo
D) V – V – F – V depois de alienar-se de todos os acontecimentos da
E) V – F – F – V madrugada.
B) A cena descrita no texto situa o pai desempregado, que
04. Sobre a obra O filho eterno, de Cristóvão Tezza, acorda ainda insone com a chegada dos parentes à sua
assinale a alternativa INCORRETA: casa.
A) Com a aparência de um relato autobiográfico, a obra traz C) A mulher do homem desempregado apresenta sintomas
uma narração em 3ª pessoa. de depressão pós-parto e rejeita o filho que havia nascido de
que não evita maiores digressões considerando o drama madrugada.
vivido entre pai e filho e seus efeitos. D) Trata-se de um fragmento do livro “O Filho Eterno”, cuja
B) O personagem Felipe oferece ao seu pai a oportunidade personagem principal é um escritor fracassado, "alguém
de repensar seu trabalho de ficcionista e, sobretudo, sua provisório", cujo primeiro filho nasce com Síndrome de Down.
função de progenitor e de educador.
C) O filho eterno relacionado no título da obra tanto pode ser
Felipe, em vista das características de sua anomalia, como
pode ser o pai, em vista da percepção de seus constantes
momentos de inexperiência e de despreparo diante da vida.
D) O pai assume, em um relato íntimo e confessional em 1ª
pessoa, que não haverá possibilidades de concórdia entre
ele, seu filho e a família indiferente ao drama gerado pela
doença de Felipe.

05. Assinale a alternativa CORRETA considerando a Contatos:


possível influência de certos estilos de época da
literatura brasileira sobre a obra O filho eterno, de E-mail: livrovivo@hotmail.com
Cristóvão Tezza. www.facebook.com/jorgelivrovivo
A) A obra demonstra influência do Romantismo pela ânsia
por desvelar uma realidade nacional politicamente injusta e Whatsapp: (38) 99179-4259
descrente do poder do cidadão comum. Site: jorgealessandro.wix.com/livrovivo
B) A obra demonstra influência do Modernismo por debochar
e ironizar certos convencionalismos nocivos aos escritores
preocupados com a vida dos desfavorecidos.
C) A obra demonstra influência do Realismo por traçar
retratos psicológicos atormentados e por explorar dramas

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