Você está na página 1de 16

tópico especial

Técnica do arco segmentado ou do arco contínuo?


Uma abordagem racional

Sergei Godeiro Fernandes Rabelo Caldas1, Alexandre Antonio Ribeiro2, Hallissa Simplício3, André Wilson Machado4

O objetivo desse trabalho é revisar os princípios biomecânicos da técnica do arco segmentado, bem como descrever
situações clínicas onde o uso racional da biomecânica científica é fundamental na otimização do tratamento orto-
dôntico e eliminação dos efeitos colaterais da abordagem com arco contínuo.

Palavras-chave: Ortodontia. Ortodontia corretiva. Biomecânica.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade Como citar este artigo: Caldas SGFR, Ribeiro AA, Simplício H, Machado
ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias AW. Segmented arch or continuous arch technique? A rational approach. Dental
descritos nesse artigo. Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41.

Enviado em: 20 de janeiro de 2014 - Revisado e aceito: 24 de janeiro de 2014


1
Mestre e Doutor em Ortodontia, UNESP/Araraquara. Professor Adjunto de
Clínica Infantil - Ortodontia, UFRN. Professor do Curso de Especialização em » O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente
Ortodontia da UnP. a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.
2
Doutorando em Ortodontia, UNESP/Araraquara. Professor do Curso de
Especialização em Ortodontia, UnP. Endereço para correspondência: Sergei Godeiro Fernandes Rabelo Caldas
3
Mestre e Doutora em Ortodontia, UNESP/Araraquara. Professora Adjunta de Disciplina de Clínica Infantil, Departamento de Odontologia, UFRN
Clínica Infantil - Ortodontia, UFRN. Avenida Senador Salgado Filho, 1787 – Lagoa Nova – Natal/RN
4
Doutor em Ortodontia, UNESP/Araraquara / University of California Los CEP: 59056-000 – E-mail: sergeirabelo@uol.com.br
Angeles (UCLA). Mestre em Ortodontia, PUC Minas. Professor Adjunto de
Ortodontia, UFBA. Professor Colaborador do Mestrado em Ortodontia da UCLA.

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 126 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
Caldas SGFR, Ribeiro AA, Simplício H, Machado AW tópico especial

introdução o decorrer do tratamento — por meio de utilização de


Muitas vezes, principalmente para os iniciantes na elásticos intermaxilares verticais, dobras no arco ou até
especialidade, várias perguntas são bastante comuns: mesmo pela própria evolução dos fios. Porém, cria-se um
Qual técnica deve-se utilizar? Qual a melhor prescrição efeito colateral a ser resolvido, o que demanda maior tem-
de braquetes? Qual tipo de braquete: convencional ou po de tratamento, bem como um dano biológico aumen-
autoligável? E, ainda nesse contexto, quando indicar a tado, com maior possibilidade de reabsorção radicular
utilização de arcos contínuos ou mecânica segmentada? nesses dentes. Assim, nessa situação, é um contrassenso
De fato, é necessário estabelecer o diagnóstico correto utilizar arcos contínuos para nivelamento do canino, in-
das alterações observadas nos pacientes, bem como propor dependentemente do tipo de braquete utilizado.
um plano de tratamento que seja eficaz em um período de Dessa forma, pode-se utilizar uma técnica comple-
tempo o mais curto possível e com o mínimo de injúrias mentar para realizar esse procedimento sem causar efei-
aos tecidos de proteção e sustentação dos dentes. Portan- tos colaterais nos dentes adjacentes. Com o auxílio da
to, independentemente do braquete, prescrição, técnica técnica do arco segmentado (TAS), após a consolidação
ou slot, o que se deve propor é um tratamento adequado. da unidade de ancoragem, apenas o canino é extruído,
Dessa forma, é fundamental conhecer os princípios que com auxílio de um cantiléver ou alça retangular (Fig. 2).
regem cada técnica e suas limitações. Por exemplo, em Diferentemente das técnicas convencionais, que nor-
uma situação clínica cujo canino superior encontra-se em malmente utilizam um arco de uma mesma liga conec-
infravestibuloversão, utilizar um arco contínuo para nive- tando todos os braquetes e tubos adjacentes, a TAS uti-
lar esse dente é um procedimento considerado danoso aos liza segmentos de arco que, por sua vez, são conectados
elementos dentários adjacentes. Nesse exemplo, indepen- uns aos outros, e que não conectam, necessariamente,
dentemente do tipo de braquete utilizado, seja convencio- braquetes e tubos adjacentes. Isso possibilita a combi-
nal ou autoligável, a extrusão do canino ocorrerá, porém, nação de fios de diferentes dimensões, ligas e durezas.
acompanhada da indesejada intrusão e colapso do inci- Fios rígidos e espessos podem conectar conjuntos de
sivo lateral e do primeiro pré-molar (Fig. 1). Vários au- dentes, transformando-os em unidades de ancoragem,
tores podem defender que esses efeitos não acarretariam enquanto fios mais flexíveis podem ser utilizados para a
problema algum, haja vista que seriam solucionados com produção de forças entre essas unidades1.

Figura 1 - A) Utilização de uma mecânica com


arco contínuo para extrusão do canino. B) É pos-
sível observar os efeitos colaterais no incisivo late-
A B ral e no primeiro pré-molar, e uma piora do caso.

Figura 2 - Cantiléver (A) e alça retangular (B)


A B para extrusão do canino.

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 127 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
tópico especial Técnica do arco segmentado ou do arco contínuo? Uma abordagem racional

Após uma intervenção pontual com a mecânica (aproximadamente ⅓ da distância da crista alveolar ao
segmentada, pode-se optar por continuar o tratamen- ápice, mais próximo da cervical) é de aproximadamen-
to de forma convencional, com arcos contínuos. Por- te 10mm (supondo situações clínicas de normalidade).
tanto, o objetivo do presente artigo é apresentar como Nessa situação, se uma força horizontal de 100gf é apli-
a TAS pode auxiliar os ortodontistas na solução de cada sobre o braquete, o momento da força (M = F x d)
casos específicos, promovendo uma abordagem racio- é igual a 1000gf.mm. Portanto, o dente se movimenta-
nal dos problemas encontrados. rá por inclinação descontrolada. Porém, biomecanica-
mente, por meio de um sistema de forças equivalentes,
PRINCÍPIOS DA TÉCNICA DO é possível movimentar esse dente por translação, mesmo
ARCO SEGMENTADO aplicando a força nos braquetes1,2,3 (Fig. 5).
A TAS, idealizada pelo Dr. Charles Burstone, em Para realizar esse movimento, é necessário eliminar o
1962, consiste de uma sequência de procedimentos or- momento da força, deixando agir apenas a força horizon-
todônticos baseados em princípios mecânicos suporta- tal. Para isso, é necessário realizar uma dobra (gable bend)
dos pelo ramo da Física denominado Mecânica. Assim com o objetivo de criar um binário no interior do slot do
sendo, para compreender efetivamente os princípios da braquete, gerando um momento de -1000gf.mm (sentido
técnica, é fundamental conhecer alguns conceitos, entre contrário ao momento da força). Esse momento gerado é
eles: força horizontal, binário, momento da força, mo- denominado momento do binário. Portanto, o momen-
mento do binário, sistema de força equivalente, propor- to da força e o momento do binário são anulados, agin-
ção momento-força e relação carga-deflexão2. do no dente apenas a força horizontal, que promoverá a
Força horizontal é uma grandeza vetorial que tem a ca- translação do dente (Fig. 5). A razão entre o momento do
pacidade de vencer a inércia de um corpo, modificando binário (-1000gf.mm) e a força horizontal (100gf) é de-
sua posição. Por sua vez, o binário é composto por duas nominada proporção momento-força (MF) e determina
forças não colineares, coplanares, de mesma intensidade e a posição do CRot do dente, sendo, nesse caso, de 10/1
sentidos opostos. Um corpo submetido a um binário tem (valor absoluto). Essa proporção MF é a base científica
a tendência de momento (giro), onde o centro de resistên- para se estabelecer movimentos diferenciais por meio de
cia (CRes) coincide com o centro de rotação (CRot), fa- sistema de forças equivalentes1,2,3 (Fig. 5). Um exemplo
zendo com que o dente experimente uma rotação pura1,2,3. clínico clássico é quando realizamos a retração dos den-
Contudo, quando uma força horizontal é aplicada a tes anteriores. Quando os arcos ortodônticos exercem
um dente e essa força passa fora do CRes, esse gira em a força nos braquetes, os dentes anteriores sofrem um
um movimento denominado de “momento da força”. movimento de retração (força horizontal) e inclinação
Nesse caso, a coroa se movimenta em um sentido e a descontrolada (momento da força). Para manter a incli-
raiz, no sentido oposto, estando o CRot mais apical ao nação axial correta, é necessário aplicar um momento
centro de resistência. Esse movimento é denominado para contrapor essa tendência de inclinação (momento
inclinação descontrolada1,2,3 (Fig. 3). do binário), e isso é realizado por meio da incorporação
Em contrapartida, caso a força passe exatamente no de torque vestibular de coroa (nos braquetes e/ou nos
CRes, esse dente será movimentado de corpo, em um arcos). Idealmente, caso o momento do binário (torque)
movimento denominado de translação (Fig. 4). Nes- entre em equilíbrio com o momento da força (tendência
sa situação, o CRot encontra-se no infinito. Porém, é de inclinação descontrolada), teremos um movimento
conveniente lembrar que é muito difícil estabelecer a de retração por translação.
passagem da força exatamente sobre o CRes. Portanto, Outro conceito bastante importante para o en-
para conseguirmos um movimento de translação, é im- tendimento da TAS é a relação carga-deflexão (CD).
portante estabelecermos um sistema de forças equiva- Observando-se um gráfico tensão-deformação de um
lentes, que possa ser aplicado ao braquete, isso é: um sis- fio ortodôntico, essa relação é caracterizada pela incli-
tema de forças diferente mas que gere o mesmo efeito no nação da reta durante a fase elástica do fio, correspon-
CRes do dente, mesmo que seja aplicado na coroa1,2,3. dente à lei de Hooke (Fig. 6). Portanto, clinicamente,
Didaticamente, para facilitar o entendimento, obser- caracteriza-se pela quantidade de carga (força) perdida
va-se que a distância do braquete do canino até seu CRes quando o dispositivo é descarregado (desativado).

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 128 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
Caldas SGFR, Ribeiro AA, Simplício H, Machado AW tópico especial


CRot

CRot

CRes
Força
CRes

Força

Figura 3 - Movimento de inclinação descontrolada, tendo em vista que a Figura 4 - Movimento de translação, tendo em vista que a força está pas-
força está passando fora do CRes. Observe que o CRot está deslocado para sando exatamente sobre o CRes. Observe que o CRot está no infinito.
apical. (Fonte: adaptado de Martins et al.31). (Fonte: adaptado de Martins et al.31).

Tensão
CRes Fase Plástica
100gf

ra
Ruptu
CRot

ca
CRes CRes
100gf
sti
Elá
10mm
se
Fa

M = 1000gf.mm
100gf
M = -1000gf.mm
CRes
M = 0gf.mm
Deformação

Figura 5 - Exemplo de um sistema equivalente. Um canino submetido a uma Figura 6 - A relação carga-deflexão (CD) de um fio é calculada pela inclina-
força de 100gf (seta azul) a 10mm de seu CRes e mais um binário (gable ção da reta durante sua fase elástica.
bend) de 1000gf.mm se movimenta por translação. Em vermelho, vê-se o
momento da força; em amarelo, o momento do binário; e, em verde, o mo-
mento resultante no CRes. (Fonte: adaptado de Martins et al.31).

Ou seja, quanto maior a inclinação dessa reta (por pontos de aplicação das forças e permite mecânicas mais
exemplo, um fio de aço), a cada milímetro de desativa- previsíveis. Com o aumento da distância, as molas utili-
ção esse perde força mais significativamente. Por outro zadas podem ter suas relações CD diminuídas, possibi-
lado, fios de beta-titânio (β-Ti) apresentam uma me- litando maiores amplitudes de ativação e menor número
nor inclinação da reta, fazendo com que apresentem de ajustes. Esse aumento da DIB também proporciona
uma perda de força menor durante a desativação, ou maior segurança no posicionamento de acessórios e nas
seja, uma relação CD menor. Fios com baixa relação ativações do que as mecânicas convencionais1.
CD são ideais para a mecânica segmentada, haja vis- A vantagem de não se conectarem braquetes adjacentes
ta que tendem a manter os níveis de força satisfatórios (maior DIB) pode ser utilizada para a dissipação seletiva de
durante a desativação do sistema, sem a necessidade de forças e momentos. Diferente das mecânicas de arco contí-
monitoramento frequente ou de ajustes contínuos4,5. nuo, onde as forças reativas são dissipadas ao redor de onde
Além disso, o aumento das distâncias interbraque- a força é aplicada, já que os braquetes são conectados adja-
tes (DIB), em consequência da segmentação e do uso centemente, na TAS pode-se pré-selecionar onde a reação
de tubos auxiliares, proporciona um aumento entre os será dissipada. Forças e momentos reativos da extrusão de

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 129 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
tópico especial Técnica do arco segmentado ou do arco contínuo? Uma abordagem racional

Fluência Alívio de tensão


Estresse constante em longo prazo Deformação constante em longo prazo

L0 L0

L2 L2

L1 ∆L L1 ∆L

Figura 7 - Exemplo de fluência, ou creep. (Fonte: adaptado de Caldas et al.4). Figura 8 - Exemplo de alívio de tensão, ou stress relaxation.

um canino podem, por exemplo, ser dissipadas nos mola- a deformação plástica também é tempo-dependente5,7.
res, em vez de nos incisivos e pré-molares1. Quando um determinado material é submetido a uma
Associado a isso, com o surgimento de novas ligas carga ou estresse constante dentro de seu limite elástico,
metálicas, tornou-se possível obter forças excelentes esse pode sofrer uma deformação progressiva, denomi-
mantendo a mesma secção transversal, sendo introduzido nada de fluência (creep)5,7. A partir de uma perspectiva
o conceito de módulo variável em Ortodontia. As vanta- microscópica, fluência em metais é o resultado de des-
gens do módulo variável incluem o melhor controle dos locamentos na estrutura cristalina do material. Esse fe-
movimentos dentários, em virtude da preferência por fios nômeno microscópico pode ser observado experimen-
retangulares desde o início do tratamento, redução do talmente como um aumento da deformação associado a
número de arcos utilizados durante a mecânica, e confec- um estresse constante (Fig. 7), ou uma diminuição do
ção de dispositivos que produzem menores magnitudes estresse associado a uma deformação constante (stress
de força horizontal e baixa relação CD. Nesse contexto, relaxation) (Fig. 8). A fluência é dependente da inten-
os fios de β-Ti se tornaram indispensáveis na produção sidade do estresse e da temperatura, haja vista que altas
de movimentos dentários biológicos por meio de forças tensões e temperaturas favorecem os deslocamentos. Na
ideais, sendo esses fios os eleitos para a TAS2. maioria das aplicações de Engenharia, a fluência em me-
A liga de β-Ti, comercialmente conhecida como tais se torna uma preocupação somente em temperatu-
TMA, ou titanium molybdenum alloy (Ormco Corpora- ras de pelo menos 30% do ponto de fusão do material,
tion, Glendora, EUA), apresenta propriedades de um haja vista que os componentes estruturais normalmente
fio dito “superior”, tais como: alta recuperação elástica, são submetidos a altas tensões durante a formação para
rigidez inferior à do aço, alta formabilidade e soldabili- uma aplicação específica5,7.
dade sem redução de sua resiliência, além da resistência No caso das molas ortodônticas, dobras agudas geral-
à corrosão. Apresenta recuperação elástica superior à do mente são introduzidas para dar forma ao fio. Essas do-
aço inoxidável, podendo ser defletida duas vezes mais bras concentram o estresse e causam espaçamentos e des-
que esse, sem deformar permanentemente. Além dis- locamentos instáveis na estrutura cristalina nos pontos de
so, libera forças que correspondem, aproximadamente, alta tensão5. Ortodontistas têm tentado superar esse pro-
à metade das forças liberadas pelas ligas de aço para uma blema aplicando tratamento térmico em aparelhos orto-
mesma ativação, fazendo com que sua relação CD seja dônticos de aço inoxidável, para promover o rearranjo
aproximadamente a metade daquela do aço inoxidável6. da estrutura cristalina, aliviando as tensões residuais8.
Contudo, algo que não é lembrado pela maioria dos Outra estratégia muito utilizada é a de aproveitar o efeito
clínicos é que, para a maioria dos materiais, a defor- Bauschinger2, o qual consiste em sobreativar o fio e reali-
mação plástica ocorre se a tensão excede seu limite de zar simulações de ativações, até que o fio assuma a forma
elasticidade5. O que é frequentemente esquecido é que desejada para a aplicação do sistema de forças.

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 130 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
Caldas SGFR, Ribeiro AA, Simplício H, Machado AW tópico especial

Recentemente, essa deformação progressiva em virtu- ser indicada em casos específicos, a fim de solucionar si-
de do alívio de tensão estrutural foi comprovada cientifi- tuações especiais, como extrusão e retração de caninos,
camente, por meio de ensaios mecânicos com molas “T” correção da mordida profunda, verticalização de mola-
de β-Ti pré-ativadas por dobras. Verificou-se redução da res e correção do plano oclusal.
força e momentos gerados, em torno de 15,5 e 17,15%,
respectivamente, já nas primeiras 24 horas. Extrapolando EXTRUSÃO DE CANINOS
esses resultados para a clínica, quando se aplica uma do- Frequentemente, caninos superiores apresentam-
bra aguda para conformar algum acessório ortodôntico, -se impactados, por serem os últimos dentes a irromper
pode-se esperar o relaxamento desse dispositivo e, con- na cavidade bucal, pela complexidade de seu trajeto de
sequentemente, alteração de seu sistema de forças quando erupção ou, ainda, pela falta de espaço adequado para
esse é submetido a uma deformação constante, inicial- seu posicionamento na arcada dentária13.
mente. Nesse caso, sugere-se sobreativá-lo, ou, ainda, Nessas situações, o tracionamento ortodôntico
substituir essa dobra aguda por uma ativação em curva, pode ser realizado por meio da TAS, com o auxílio
ou seja, gradual, sem pontos de estresse significativo8. de um cantiléver ou alça retangular. Como citado an-
Outro ponto que deve ser avaliado cuidadosamente teriormente, a utilização de uma mecânica com fio
é a utilização de modo intercambiável dos fios de β-Ti contínuo, independentemente do tipo de braquete,
disponíveis no mercado. Após a expiração da patente da gera muitos efeitos colaterais nos dentes adjacentes ao
primeira marca comercial de β-Ti (TMA, Ormco Co., canino, devendo ser evitada. Portanto, por meio da
Glendora, EUA), a utilização dessa liga se expandiu dras- TAS, o movimento desejado é conseguido quando se
ticamente, com vasta gama de preços e qualidade9. Embo- aplica uma força diretamente ao dente mal posiciona-
ra existam várias marcas disponíveis para o clínico, pou- do/impactado, enquanto a força reativa é dissipada ou
cos trabalhos foram realizados a fim de se estabelecer as controlada na unidade posterior de ancoragem, pelo
propriedades desses fios10,11,12. Esses estudos, no entanto, aumento do número de dentes agregados ao segmento
compararam as propriedades mecânicas das ligas de β-Ti, e/ou utilização de algum dispositivo de ancoragem.
por meio de testes de tração11,12 ou de flexão de 3 pontos10, Clinicamente, ambos os dispositivos são viáveis e
em segmentos retos de fio. Isso pode não representar o eficazes. Porém, biomecanicamente, apresentam ca-
verdadeiro comportamento das diferentes ligas de β-Ti racterísticas peculiares, que precisam ser compreendidas
quando dobras são colocados nos fios ou quando dese- pelo clínico. O cantiléver pode ser definido como um
nhos mais elaborados são utilizados (molas, alças, canti- segmento de fio de 0,017” x 0,025" de aço inoxidável
léveres, etc.). Em pesquisa recente, quatro fios de β-Ti ou de β-Ti, inserido dentro de um braquete ou tubo na
avaliados (TMA [Ormco Co.], Beta Flexy [Orthometric unidade reativa e amarrado na outra extremidade, por
Imp. Exp. Ltda, Marília/SP], Beta III Wire [Morelli Or- meio de um ponto de contato na unidade ativa (cani-
todontia, Sorocaba/SP] e Beta CNA [Ortho Organizers, no impactado ou mal posicionado). Portanto, onde se
Inc., San Marcos, EUA]) produziram
​​ diferentes sistemas deseja a movimentação propriamente dita, o fio NÃO
de forças quando utilizados em desenho mais elaborado é inserido no slot do braquete. Se a força gerada pela ati-
(mola “T”), devido ao fato de cada um dos fios respon- vação do cantiléver (aproximadamente 40 a 60gf) for
der diferentemente quando uma dobra é confeccionada. direcionada ao longo do CRes do dente, produzirá um
O TMA e o Beta CNA demonstraram proporções MF movimento de translação ou, ainda, quando passar afas-
mais consistentes durante os ensaios. Esse resultado não tado do CRes (aplicada na coroa, na maioria dos casos),
significa que os demais fios não devam ser utilizados cli- promoverá uma tendência rotacional, em virtude do
nicamente, porém, é necessário uma abordagem diferen- momento da força instituído (Fig. 9).
te quando são empregados​​9. Já na unidade reativa, como o fio foi inserido dentro do
Portanto, a TAS, como visto anteriormente, envol- slot do braquete ou tubo, observa-se uma força de intensi-
ve uma série de conceitos mecânicos e particularidades, dade igual e sentido oposto da unidade ativa, assim como
que devem ser compreendidas por quem deseja praticá- o binário gerado dentro do dispositivo quando o braço
-la. Após esse entendimento, sua aplicação é bastante de alavanca do cantiléver ativado é amarrado no dente a
útil durante o tratamento ortodôntico racional, devendo ser movimentado. Esse binário gera um momento que,

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 131 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
tópico especial Técnica do arco segmentado ou do arco contínuo? Uma abordagem racional

Figura 9 - A) Sistema de força gerado por um cantiléver (sistema estatica- Figura 10 - Sistema de força gerado por uma alça retangular (sistema estatica-
mente determinado). Nesse sistema, também é observada uma tendência mente indeterminado). A alça retangular ativada (azul claro) deve ser confor-
de palatinização do 13, tendo em vista que a força passa por vestibular do mada de modo que determine a posição final do dente a ser movimentado.
CRes. B) Utilização da barra palatina para controlar os efeitos indesejáveis Quando inserida no slot (azul escuro), sua desativação fará com que o dente
na unidade de ancoragem. seja movimentado para a posição estabelecida pela ativação inicial.

juntamente com a força, deve ser anulado ou minimizado pela forma de sua pré-ativação. Uma vez que a coroa do
pelo reforço de ancoragem na unidade reativa (por exem- canino esteja visível, o cantiléver pode ser trocado pela
plo, utilização de barra palatina), a fim de evitar efeitos alça retangular, de forma que sua movimentação possa
colaterais da mecânica. Portanto, o cantiléver caracteriza- ser controlada tridimensionalmente até seu posiciona-
-se por ser um sistema estaticamente determinado, sendo mento correto na arcada dentária13.
constituído, na unidade ativa, pela força e momento da
força e, na unidade reativa, pela força de mesma inten- RETRAÇÃO DE CANINOS
sidade mas sentido contrário e o momento do binário. Uma situação clínica bastante favorável à utilização
Ele fornece um sistema de forças facilmente visualizado e da TAS, previamente ao uso dos arcos contínuos, é a re-
previsível durante toda a desativação (Fig. 9). tração parcial de caninos com objetivo de dissolução de
A alça retangular é indicada para o controle tridi- apinhamentos anteriores. Caso o ortodontista opte por
mensional de um dente que apresente uma anomalia de realizar toda a mecânica com arcos contínuos e quei-
posicionamento mais significativa. Essa pode ser con- ra evitar a vestibularização dos incisivos, normalmente
feccionada com fio de 0,017” x 0,025" de aço inoxi- faz-se a evolução de arcos contínuos sem a inclusão dos
dável ou β-Ti nas dimensões de 6 a 7mm no sentido incisivos nos arcos. No momento que se tem um arco
cervico-oclusal, e de 8 a 10mm no sentido mesiodistal13. rígido (retangular de aço), inicia-se a retração dos ca-
Ao contrário do cantiléver, a alça retangular é inserida ninos. Outra forma seria a confecção de arcos rígidos
dentro do slot do braquete na unidade ativa. Portanto, passivos na região posterior e nos caninos, permitindo o
nessa situação, além da força, do momento da força, início da retração desde o primeiro mês de tratamento.
também se observa um momento do binário, pela inser- Um ponto extremamente relevante dessa situação
ção do fio dentro do slot. Na unidade reativa, o sistema é é a inclinação mesiodistal dos caninos. Existem três
semelhante ao cantiléver. Esse sistema é denominado es- situações possíveis para esse aspecto: canino com in-
taticamente indeterminado, haja vista que, durante a de- clinação para mesial, onde o ápice está mais distal do
sativação, o sistema de forças pode se apresentar pouco que a ponta da cúspide; canino verticalizado, cujo ápi-
previsível, pela mudança de posição do dente (Fig. 10). ce radicular e ponta de cúspide estão praticamente na
Sendo assim, sugere-se que caninos impactados e mesma posição no sentido mesiodistal; e canino incli-
localizados por vestibular ou lingual, que necessitam nado para distal, com ápice mais para mesial em relação
ser reposicionados, quer seja para lingual ou vestibular, à cúspide (Fig. 11). A utilização de arcos contínuos para
respectivamente, são indicações para o uso do cantilé- as situações de inclinação para mesial e verticalização é
ver. O cantiléver possibilita a aplicação de sistemas de favorável à dissolução do apinhamento e da retração dos
forças na direção desejada, que pode ser determinada caninos (Fig. 11A, 11B). Ao se colocar o arco contínuo

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 132 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
Caldas SGFR, Ribeiro AA, Simplício H, Machado AW tópico especial

com o canino com inclinação para mesial, a tendência é canino na arcada dentária. A descrição completa da bio-
que a coroa seja movimentada para distal, gerando um mecânica da mola “T” é encontrada na literatura, em
diastema entre canino e incisivo lateral, e dissolvendo o trabalhos de Martins et al.1,4,8,14-17
apinhamento (Fig. 11A). Caso o canino esteja vertica-
lizado, não surgirá o diastema, mas, provavelmente, o MORDIDA PROFUNDA
início da retração será mais rápido (Fig. 11B). A mordida profunda é um tipo de má oclusão ver-
Por outro lado, o alinhamento e nivelamento com tical que apresenta etiologia multifatorial e necessita de
arcos contínuos na situação de inclinação do canino diagnóstico diferencial, envolvendo dados faciais, dentá-
para distal (Fig. 11C) deverá piorar ainda mais o apinha- rios, cefalométricos e, principalmente, informações so-
mento, uma vez que a coroa tenderá a ser movimentada bre o posicionamento vertical dos incisivos no repouso,
para mesial. Também é contraindicada a utilização de sorriso e durante a fala18.
elásticos em cadeia ou molas da região posterior para o O tratamento dessa má oclusão pode ser realizado
braquete do canino, visando, assim, evitar a mesializa- por meio da extrusão dos dentes posteriores, intrusão
ção da coroa, pois esses dispositivos tenderiam a inclinar dos incisivos superiores e/ou inferiores, ou uma combi-
ainda mais a coroa para distal. Além disso, durante o ali- nação desses procedimentos18.
nhamento, forças extrusivas e indesejadas na região dos A intrusão de incisivos foi considerada em Ortodon-
incisivos serão incorporadas. tia, durante muitos anos, como um movimento comple-
Sendo assim, sugere-se a utilização da mecânica seg- xo e difícil de ser realizado. De fato, esse é um movimen-
mentada com uso das unidades posteriores de ancora- to tecnicamente elaborado, que deve ser bem planejado.
gem (reativas) e molas “T” pré-ativadas, e ativadas hori- Quando arcos contínuos são utilizados, na maioria das
zontalmente de acordo com cada inclinação mesiodistal vezes, o movimento de intrusão puro dos incisivos não
dos caninos. Por exemplo, na situação da inclinação me- será alcançado, mas sim a extrusão de dentes posteriores.
sial, pode-se apenas ativar a mola “T” horizontalmente Em outras situações, com um adequado trespasse vertical
até a verticalização do canino; no caso de caninos ver- anterior, o alinhamento e nivelamento com arcos contí-
ticalizados, utiliza-se a mola “T” padrão, ou seja, com nuos pode criar uma mordida profunda, pois, se os cani-
pré-ativações (momento) e ativação horizontal, gerando nos estiverem com uma inclinação mesial da raiz acen-
o movimento de translação. Na situação de inclinação tuada (Fig. 11C), ocorrerá um aprofundamento do tres-
distal, pode-se utilizar, inicialmente, apenas pré-ativa- passe vertical na região anterior. Seguindo esse raciocínio,
ções (momento) e, após a obtenção do movimento ra- o uso de arcos para manipular a curva de Spee (com curva
dicular do canino para distal, verticalizando-o, passa-se acentuada no superior e reversa no inferior), independen-
a fazer a ativação padrão da mola “T”. É válido lembrar temente do tipo de liga, promoverá a extrusão dentária
sobre as pré-ativações de antirrotação, a fim de elimi- posterior, principalmente de pré-molares, acompanhada
nar a tendência de giroversão dos caninos, que também da pseudointrusão de incisivos (mais vestibularização do
devem ser trabalhadas de acordo com a disposição do que intrusão pura) (Fig. 12)18.

A B C

Figura 11 - A) Situação em que o canino apresenta inclinação mesial e necessidade inicial apenas de força horizontal. B) O canino verticalizado deve ser movi-
mentado por translação, ou seja, com combinação de força horizontal e momento. C) A inclinação distal do canino indica o uso inicial apenas de momento para
movimento radicular.

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 133 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
tópico especial Técnica do arco segmentado ou do arco contínuo? Uma abordagem racional

Para a realização da intrusão de dentes anterio-


res, existem, basicamente, dois tipos de mecânicas:
o arco contínuo de intrusão e o arco de três peças.
No primeiro, o segmento de arco que promoverá a
intrusão contorna toda a arcada dentária e, na região
anterior, poderá ser ligado aos dentes por meio do
encaixe diretamente nos slots dos braquetes (arco de
Ricketts) (Fig. 13A, 13B, 13C), ou sendo amarra-
do em outro segmento anterior (arco de Burstone)
(Fig. 13D). No segundo sistema, chamado de arco
de três peças, dois cantiléveres de intrusão são con-
Figura 12 - Resumo dos efeitos mecânicos dos arcos para manipular a cur- feccionados (um para cada lado) e encaixados em
va de Spee.
outro segmento na região anterior (Fig. 14).
A escolha em utilizar ou não um segmento de fio
na região anterior, isolando essa área, é uma alternativa
A mecânica muito mais previsível e compreensível. Se o
arco de intrusão for encaixado diretamente nos slots dos
braquetes anteriores (Fig. 13C), torques indesejados po-
derão ser incorporados, além de ser um sistema mecani-
camente mais complexo e indeterminado.
Independentemente do tipo de encaixe na região an-
terior, um bom controle de ancoragem deve ser realizado
devido às forças e, principalmente, aos momentos criados
pelo sistema de intrusão (Fig. 15). O máximo de dentes
B
posteriores deve ser incorporado nos segmentos poste-
riores e, se possível, devem ser utilizados arcos linguais
ou palatinos, para transformar os segmentos posteriores
em um bloco único de ancoragem2. Além disso, o uso do
extrabucal com puxada alta e braço externo curto e angu-
C
lado para cima também pode ser indicado para contrapor
os efeitos adversos dessa mecânica, ou até mesmo o uso de
mini-implantes ou miniplacas.
Segundo Burstone, a chave para o sucesso na intru-
D
são é o controle do sistema de forças utilizado. Especifi-
camente, devem ser utilizadas forças leves e constantes,
e o ponto de aplicação e a direção da força devem ser
cuidadosamente avaliados. Uma magnitude de força de
Figura 13 - Ilustração do sistema de intrusão do arco contínuo: A) arco de 10 a 15gf por incisivo deve ser utilizada. Para calcular o
intrusão superior; B) inferior; C) encaixe nos braquetes; e D) encaixe em
outro segmento de fio. total de força, deve-se somar os dentes que se deseja in-
truir e aplicar a carga correspondente. Devido à impor-
Em uma revisão sistemática, realizada em 2005, tância da magnitude de força para a obtenção de bons
concluiu-se que o movimento de intrusão é viável e resultados clínicos, sugere-se o uso de dinamômetros de
mais fácil de ser alcançado na arcada inferior do que na precisão para calcular a carga adequada2.
superior. Segundo esse estudo, comumente a técnica de Alguns trabalhos pesquisaram o ponto de aplicação da
escolha para a intrusão de incisivos é a segmentada, e força para proporcionar adequada intrusão dos incisivos
intrusão de cerca de 1,5mm dos incisivos superiores e superiores, e seus resultados levaram à criação de uma
1,9mm dos inferiores é alcançada19. afirmação clínica que, muitas vezes, acarreta em erros.

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 134 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
Caldas SGFR, Ribeiro AA, Simplício H, Machado AW tópico especial

Figura 14 - Ilustração do sistema de intrusão do arco de três peças: A) arco Figura 15 - Sistema de intrusão com as forças e momentos criados.
superior; B) arco inferior.

Quando se deseja intruir os quatro incisivos e manter


sua inclinação axial (eliminando a criação de momentos),
5 4 3 2 1 2 3 4 5
deve-se aplicar a força intrusiva na região próxima à distal
dos incisivos laterais. Para gerar intrusão e vestibulariza-
ção, a força deve ser localizada na região mesial ao lateral;
e, para criar intrusão com retroinclinação, a carga deve
estar localizada na região distal ao canino20.
Outro autor também sugere alguns pontos de apli-
cação de força, dependendo dos objetivos desejados, que
variam entre pura intrusão e intrusão acompanhada de 5 4 3 2 1 2 3 4 5
vestibularização ou retroinclinação (Fig. 16)21.
Vale ressaltar que esses pontos de aplicação da força de- Figura 16 - Diferentes pontos de aplicação da força e efeitos mecânicos
nos incisivos: 1, 2 e 3 = intrusão + vestibularização; 4 = intrusão; e 5 = in-
vem ser individualizados para cada situação clínica, pois, trusão + retroinclinação.
dependendo da inclinação axial dos incisivos, esses pontos
podem ser deslocados mais para anterior ou posterior.
Em algumas situações clínicas, não só a intrusão dos
incisivos está indicada, mas, também, a intrusão dos ca- superiores levemente extruídos são mais estéticos do que
ninos. Nesses casos, sugere-se iniciar a correção da mor- os levemente intruídos22. Por outro lado, em algumas si-
dida profunda pelos caninos e, em seguida, os incisivos. tuações clínicas extremamente selecionadas, a intrusão de
Na Figura 17, por exemplo, foram utilizados três segmen- incisivos superiores está bem indicada.
tos (dois posteriores e um nos incisivos, sem incluir os Além das estratégias descritas anteriormente, pode-se,
caninos). Em ambos os lados, foram confeccionados dois também, lançar mão da intrusão e retração simultânea de
cantiléveres com fio de β-Ti para a intrusão dos caninos. incisivos superiores, que está bem indicada não só para a
Em seguida, quando os caninos encontram-se no mesmo intrusão anterossuperior, mas também para sua retração,
plano oclusal dos dentes posteriores, ou sobrecorrigidos, com um ótimo controle da inclinação axial desses dentes23.
são incorporados à unidade de ancoragem posterior, e Nessas situações, além do arco de intrusão de três peças,
prossegue-se com a intrusão dos incisivos. descrito anteriormente, dispositivos de retração, como
Atualmente, a intrusão de incisivos superiores como elásticos em cadeia ou molas, são utilizados, incluindo
recurso único para a correção da mordida profunda tem novas forças e novos momentos no sistema (Fig. 18). De
sido pouco utilizada, pois expor dentes superiores, bem forma semelhante à mecânica descrita na Figura 15, um
como expor uma pequena faixa de tecido gengival, é mais bom controle de ancoragem deve ser implementado para
estético e rejuvenesce o paciente18. Em geral, incisivos contrapor os efeitos colaterais dessa mecânica.

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 135 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
tópico especial Técnica do arco segmentado ou do arco contínuo? Uma abordagem racional

A B

C D

Figura 17 - Ilustração clínica do uso de um cantiléver para intrusão do canino.

após o alinhamento, nivelamento e retração parcial dos ca-


ninos superiores, ocorreu o aprofundamento da mordida.
Nessas situações, a retração dos incisivos torna-se difícil,
devido à falta de trespasses vertical e horizontal, neces-
sários para a retração. Nesse exemplo (Fig. 19C), o arco
de intrusão e retração simultâneas foi utilizado para pro-
porcionar a retração dos incisivos com maior controle da
inclinação axial desses dentes, e não necessariamente pro-
mover intrusão verdadeira. Ao final do caso (Fig. 19D),
percebe-se que a retração foi realizada com correção da
inclinação dos incisivos, enquanto o nível do trespasse
vertical anterior não foi alterado, prevenindo, assim, even-
Figura 18 - Ilustração mecânica das forças e momentos presentes na técni-
ca segmentada de retração e intrusão simultânea de incisivos. tuais impactos deletérios no grau de exposição dos dentes
no sorriso, bem como no repouso e na fala.
Conforme discutido anteriormente, em muitas si-
tuações clínicas, o alinhamento e nivelamento com arcos VERTICALIZAÇÃO DE MOLARES
contínuos pode aprofundar a mordida. Além disso, a re- Atualmente, o movimento de verticalização de mo-
tração parcial de caninos em arcos contínuos, nos casos lares é amplamente realizado, tanto em casos de perdas
de extrações de primeiros pré-molares, também pode precoces de dentes decíduos, seguidas de migrações den-
aumentar o trespasse anterior. A Figura 19 ilustra como, tárias deletérias em pacientes jovens, quanto no tratamento

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 136 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
Caldas SGFR, Ribeiro AA, Simplício H, Machado AW tópico especial

A B

C D

Figura 19 - Ilustração clínica do uso da TAS para retração e intrusão simultâneas de incisivos: A) caso inicial; B) durante alinhamento e nivelamento superior; C) apro-
fundamento da mordida após término do alinhamento, nivelamento e retração parcial de caninos; D) caso finalizado.

ortodôntico de pacientes adultos com perdas dentárias. A utilização de arcos contínuos para verticaliza-
Nessa situação, geralmente associada à inclinação do mo- ção de molares inclinados não é considerada uma boa
lar, verifica-se a extrusão do(s) dente(s) antagonista(s), alternativa, poia a tendência extrusiva sobre o mo-
diminuição do espaço edêntulo, deiscências ósseas na lar a ser verticalizado é alta, principalmente devido
região mesial do molar inclinado, recessão gengival no à pequena distância interbraquetes; e, em caso de in-
molar inclinado, contatos prematuros em relação cên- corporação de mola “T” no arco, verifica-se o efei-
trica e interferências oclusais nos movimentos excur- to extrusivo na região de pré-molares24. Para dimi-
sivos da mandíbula24. Em se tratando de planejamento nuição dos efeitos extrusivos sobre o molar, pode-se
integrado, a equipe odontológica deve decidir se o dente utilizar um cantiléver estendido até a região anterior.
a ser verticalizado será movimentado a fim de fechar o Estudos demonstram que o momento de 1200gf.mm
espaço da perda dentária ou para abertura do espaço para é adequado para verticalização de molares25,26. Caso
reabilitação protética, ou se usará implante. se insira um cantiléver de 30mm, são necessários
É válido relembrar a dificuldade de movimentação me- apenas 40gf de ativação desse para verticalização do
sial dos molares, em virtude de aspectos como reabsorção molar (Fig. 20). Esses 40gf seriam a força intrusiva
óssea alveolar em função do longo tempo da perda do dente, da região anterior e extrusiva no molar. Os pacientes
tornando delgado o osso mesial ao molar a ser verticalizado; mesocéfalos ou braquicéfalos são capazes de eliminar
morfologia radicular desfavorável para movimentação dos ou diminuir esse efeito extrusivo pelo próprio padrão
molares inferiores; maior densidade óssea da mandíbula em muscular; porém, esse é um aspecto ainda pouco elu-
relação à maxila; e o estreitamento da espessura óssea vesti- cidado na literatura. Outro aspecto que deve ser le-
bulolingual de distal para mesial na arcada inferior. vado em consideração é se o dente a ser verticalizado

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 137 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
tópico especial Técnica do arco segmentado ou do arco contínuo? Uma abordagem racional

permite desgastes na face oclusal, como presença de de um cantiléver duplo27. Nessa mecânica, um dos can-
restaurações extensas, ou seja, se é um dente que fu- tiléveres é utilizado como na mecânica convencional
turamente será uma coroa metalocerâmica, permitin- de verticalização de molar, e o outro é ativado, gerando
do alguma extrusão porque será desgastado. uma força intrusiva para o molar. Assim, o efeito extru-
A Figura 21 ilustra uma situação clínica dos efeitos sivo do cantiléver convencional é anulado pelo segundo
colaterais na oclusão em decorrência das perdas do pri- cantiléver. O ponto negativo dessa opção é o incômodo
meiro molar e segundo pré-molar inferior. Durante o para o paciente, causado pelo uso concomitante dos dois
alinhamento e nivelamento, o segundo molar não foi dispositivos (Fig. 22, 23).
incluído no arco contínuo. Em seguida, foi usado um
cantiléver de β-Ti, com dupla finalidade: 1) verticali-
zação do molar e abertura de espaço para reabilitação
com implante; e 2) correção do plano oclusal do seg-
mento anterior, realizada devido à inserção do cantilé-
ver na região da linha média, gerando forças intrusivas 30mm
nessa área (Fig. 21B, 21C). Quando o molar encontra-
va-se próximo ao plano oclusal, arcos contínuos foram
40gf
utilizados para a continuação do tratamento e adequa-
da finalização (Fig. 21D, 21E, 21F).
Em situação que não permite nenhuma extrusão do
M=Fxd
molar, pode-se lançar mão do auxílio de molas ou can- M = 40 x 30
tiléveres apoiados sobre mini-implantes, cuja linha de M = 1200gf.mm

ação das forças passe abaixo do CRes do molar, gerando


força resultante intrusiva sobre o molar. Outra possibi-
Figura 20 - Figura ilustrativa da composição do momento gerado pelo can-
lidade para eliminação da força extrusiva é a utilização tiléver para verticalização do molar.

A B C

D E F
Figura 21 - Ilustração clínica do uso de um cantiléver para verticalização do elemento 37.

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 138 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
Caldas SGFR, Ribeiro AA, Simplício H, Machado AW tópico especial

40gf

Figura 22 - Figura ilustrativa do efeito intrusivo causado pela ativação do Figura 23 - Figura ilustrativa da anulação dos efeitos verticais sobre o molar
segundo cantiléver inserido no tubo cruzado, anulando o efeito extrusivo a ser verticalizado.
do primeiro cantiléver.

CORREÇÃO DO PLANO OCLUSAL limítrofes, onde a queixa principal do paciente não é


A inclinação do plano oclusal é um dos problemas facial, assim como nas alterações dentárias, uma abor-
mais desafiadores durante o tratamento ortodôntico. dagem puramente ortodôntica pode ser utilizada com
São citados como causas os problemas estritamente den- grande previsibilidade29.
tários, tais como a perda e/ou anquilose do dente anta- Com a popularização dos mini-implantes, a solução
gonista, hábitos bucais deletérios, colagens ortodônticas desses problemas passou a ser realizada de forma mais
inadequadas gerando alinhamentos dentários assimétri- previsível e com excelentes resultados30. Contudo, exis-
cos ou, ainda, as desarmonias esqueléticas e/ou a com- tem outros recursos biomecânicos possíveis, sem a ne-
binação desses fatores28. Nos casos de assimetria facial cessidade da utilização de ancoragem esquelética para o
esquelética, na grande maioria das vezes, observa-se tratamento das inclinações do plano oclusal. A utiliza-
uma alteração significativa do plano oclusal maxilar e/ou ção racional da biomecânica por meio da TAS e canti-
mandibular. As patologias da ATM (artrite reumatoide, léveres assimétricos é uma opção viável. Como pode ser
hiperplasia condilar, osteocondromas, reabsorção con- observado na Figura 24A, a paciente apresenta alteração
dilar, entre outras) e síndromes/deformidades craniofa- na inclinação do plano oclusal, sendo a assimetria do sor-
ciais são os fatores etiológicos primários mais comuns riso a sua queixa principal. Devido à ausência de queixas
da assimetria facial com comprometimento do plano faciais, foi sugerida uma abordagem puramente dentária
oclusal. De fato, observa-se, inicialmente, um compor- da alteração, por meio de cantiléveres assimétricos.
tamento anormal da mandíbula, seja em pacientes em Inicialmente, foi realizado o alinhamento e nive-
crescimento ou não. Contudo, como forma de com- lamento e preparo de ancoragem da unidade reati-
pensar essa alteração, o plano oclusal maxilar também va com uma barra palatina. Quando se alcançou o fio
é comprometido, com o intuito de tentar equilibrar as 0,019” x 0,025", o arco foi seccionado, formando três
alterações mandibulares28,29. segmentos (do 16 ao 14, 13 ao 21, e 22 ao 25). O ele-
A abordagem terapêutica dessas patologias depende mento 27 não foi incluído no alinhamento e nivelamen-
da estrutura que provocou a alteração, assim como da to inicial, estado unido ao 16 por meio da barra palatina.
gravidade dessa. Nos casos de alterações faciais signi- O segmento dos elementos dentários 13 ao 21 foi mo-
ficativas, a correção dentária pode até ser conseguida vimentado por meio de um momento no sentido horário,
com o auxílio de mini-implantes ou miniplacas; con- com o ponto de aplicação da força entre o 13 e o 12, sen-
tudo, não haverá melhora na estética facial. Dessa for- do observada uma intrusão maior nessa região. A força
ma, uma abordagem associando Cirurgia Ortognática aplicada foi de 70gf, com auxílio de um cantiléver con-
e Ortodontia é indicada. Porém, em casos esqueléticos feccionado com fio de β-Ti de 0,017” x 0,025" (Fig. 24).

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 139 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
tópico especial Técnica do arco segmentado ou do arco contínuo? Uma abordagem racional

A B C

D E F

G H I
Figura 24 - Ilustração clínica do uso de cantiléveres duplos assimétricos. A, B, C) Caso inicial; D, E, F) intrusão do lado direito e extrusão no lado esquerdo
para correção do plano oclusal; G, H, I) caso após aplicação da mecânica.

No segmento dos elementos dentários 22 a 25, Considerações Finais


a movimentação foi realizada por meio de um momen- O ortodontista de hoje em dia deve ficar alheio a
to no sentido anti-horário, com o ponto de aplicação dogmas conceituais e estar acessível a novas informações
da força entre o 22 e o 23. A força extrusiva aplicada que possam auxiliá-lo para que o tratamento ortodôn-
nesse ponto foi realizada com o auxílio de um cantilé- tico seja o mais eficaz possível. Saber controlar efeitos
ver confeccionado com fio de aço de 0,017” x 0,025". colaterais é um dos pontos mais críticos da terapia orto-
Para se conseguir maior flexibilidade e diminuir a rela- dôntica, e esses, de fato, são responsáveis pelo atraso no
ção CD, foi inserido um helicoide no fio, sendo aplica- tratamento e perda de controle em muitos casos.
da força de 80gf (Fig. 24D, 24E, 24F). Além das situações mostradas anteriormente, exis-
Os efeitos colaterais da mecânica foram balanceados tem outras inúmeras possibilidades de utilização da me-
por meio de barra palatina que, assim como no lado di- cânica segmentada em Ortodontia, tais como retração
reito, foi reforçada com auxílio de um arco de estabili- anterior, utilização de barra palatina e arco lingual re-
zação de aço de 0,019” x 0,025" dos elementos dentários movível (correção de giros, distalização, expansão ou
16 ao 14. O tempo total da abordagem foi de três meses, contrações do arco), extrusão de incisivos, entre outras.
seguido por recolagem de alguns braquetes e novo ali- Portanto, entender os princípios da biomecânica cientí-
nhamento e nivelamento (Fig. 24G, 24H, 24I). fica é o alicerce para alcançar ótimos resultados clínicos

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 140 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41
Caldas SGFR, Ribeiro AA, Simplício H, Machado AW tópico especial

com o mínimo de efeito colateral. Nesse contexto, a Agradecimentos


TAS faz-se necessária e fundamental, sendo um recurso Agradecemos ao grupo de professores de Ortodon-
auxiliar à técnica do arco contínuo, na solução de diver- tia da UNESP/Araraquara, por nos ensinarem o fasci-
sas situações clínicas. nante mundo da biomecânica científica!

Referências

1. Martins RP, Martins IP, Martins LP. Biomecânica da mola T em Ortodontia. 16. Martins RP, Buschang PH, Martins LP, Gandini LG Jr. Optimizing the design
In: Almeida MR. Ortodontia clínica e biomecânica. Maringá: Dental Press; of preactivated titanium T-loop springs with Loop software. Am J Orthod
2010. p. 423-74. Dentofacial Orthop. 2008;134(1):161-6.
2. Burstone CJ, Van Steenbergen E, Hanley KJ. Modern Edgewise Mechanics & 17. Martins RP, Buschang PH, Viecilli R, Santos-Pinto A. Curvature versus V-bends
The Segmented Arch Technique. Glendora: Ormco; 1995. in a group B titanium T-loop spring. Angle Orthod. 2008;78(3):517-23.
3. Marcotte M. Biomechanics in Orthodontics. Philadelphia: BC Decker; 1990. 18. Brito H, Leite HR, Machado AW. Sobremordida exagerada: diagnóstico
4. Caldas SGFR, Martins RP, Galvão MR, Vieira CIV, Martins LP. Force system e estratégias de tratamento. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial.
evaluation of symmetrical beta-titanium T-loop springs preactivated by 2009;14(3):128-57.
curvature and concentrated bends. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 19. Ng J, Major PW, Heo G, Flores-Mir C. True incisor intrusion attained during
2011;140(2):e53-8. orthodontic treatment: a systematic review and meta-analysis. Am J Orthod
5. William D, Calllister J. Materials Science and Engineering: an introduction. Dentofacial Orthop. 2005;128(2):212-9.
Hoboken: Wiley; 2006. 20. Vanden Bulcke MM, Burstone CJ, Sachdeva RC, Dermaut LR. Location of
6. Burstone CJ, Goldberg AJ. Beta titanium: a new Orthodontic alloy. Am J the centers of resistance for anterior teeth during retraction using the laser
Orthod. 1980;77(2):121-32. reflection technique. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1987;91(5):375-84.
7. Earthman JC. Creep and stress-relaxation testing. In: Mechanical testing and 21. Santos-Pinto A. Pergunte a um Expert. Rev Clín Ortod Dental Press.
evaluation. Ohio: ASM Handbook; 2000. p. 359-424. 2004;3(4):8-19.
8. Caldas SGFR, Martins RP, Viecilli RF, Galvão MR, Martins LP. Effects of stress 22. Machado AW, McComb RW, Moon W, Gandini LG Jr. Influence of the
relaxation in beta-titanium orthodontic loops. Am J Orthod Dentofacial vertical position of maxillary central incisors on the perception of smile
Orthop. 2011;140(2):e85-92. esthetics among orthodontists and laypersons. J Esthet Restor Dent.
9. Caldas SGFR. Comportamento mecânico da mola “T” de beta-titânio: 2013;25(6):392-401.
influência da marca comercial e do alívio de tensão estrutural [tese]. 23. Shroff B, Lindauer SJ, Burstone CJ, Leiss JB. Segmented approach to
Araraquara (SP): Universidade Estadual Paulista; 2013. simultaneous intrusion and space closure: biomechanics of the three-piece
10. Johnson E. Relative stiffness of beta titanium archwires. Angle Orthod. base arch appliance. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;107(2):136-43.
2003;73(3):259-69. 24. Ruellas ACO. Biomecânica aplicada à clínica. Maringá: Dental Press; 2013.
11. Juvvadi SR, Kailasam V, Padmanabhan S, Chitharanjan AB. Physical, 25. Romeo DA, Burstone CJ. Tip-back mechanics. Am J Orthod. 1977;72(4):414-21.
mechanical, and flexural properties of 3 orthodontic wires: an in-vitro study. 26. Sakima T, Martins LP, Sakima MT, Terada HH, Kawakami RY, Ozawa
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010;138(5):623-30. TO. Alternativas mecânicas na verticalização de molares. Sistemas de
12. Verstrynge A, Van Humbeeck J, Willems G. In-vitro evaluation of the material força liberados pelos aparelhos. Rev Dental Press Ortod Ortop Maxilar.
characteristics of stainless steel and beta-titanium orthodontic wires. Am J 1999;4(1):79-100.
Orthod Dentofacial Orthop. 2006;130(4):460-70. 27. Melsen B, Fiorelli G, Bergamini A. Uprighting of lower molars. J Clin Orthod.
13. Santos-Pinto A, Raveli DB, Martins LP, Gandini Júnior LG. A utilização do 1996;30(11):640-5.
cantilever e alça retangular para tracionamento de caninos. In: Grupo 28. Bishara SE, Burkey PS, Kharouf JG. Dental and facial asymmetries: a review.
Brasileiro de Professores de Ortodontia e Odontopediatria, editor. Angle Orthod. 1994;64(2):89-98.
39º Anais do Encontro do Grupo Brasileiro de Professores de Ortodontia e 29. Burstone CJ. Diagnosis and treatment planning of patients with
Odontopediatria. 2008; out 10-13. Curitiba; 2008. asymmetries. Semin Orthod. 1998;4(3):153-64.
14. Martins RP, Buschang PH, Gandini LG, Jr. Group A T-loop for differential 30. Takano-Yamamoto T, Kuroda S. Titanium screw anchorage for correction
moment mechanics: an implant study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. of canted occlusal plane in patients with facial asymmetry. Am J Orthod
2009;135(2):182-9. Dentofacial Orthop. 2007;132(2):237-42.
15. Martins RP, Buschang PH, Gandini LG Jr, Rossouw PE. Changes over time 31. Martins RP, Martins LP, Martins IP. Biomecânica da mola T em Ortodontia.
in canine retraction: an implant study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. In: Almeida M. Ortodontia Clínica e Biomecânica. Maringá: Dental Press;
2009;136(1):87-93. 2010.

© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics 141 Dental Press J Orthod. 2014 Mar-Apr;19(2):126-41

Você também pode gostar