Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

LINGUAGEM

PROBLEMA 3
1. Entender a etiologia e as características do Desvio Fonológico;

Referencias:

Artigo: DESVIOS FONOLÓGICOS: UMA VISÃO LINGUÍSTICA

INTERVENÇÕES FONOLÓGICAS EM CRIANÇAS COM DESVIO FONOLÓGICO: UMA REVISÃO


SISTEMÁTICA

Livro: Tratado das especialidades em fonoaudiologia, de Irene Queiroz, e Helton Justino

AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM, COM BASE NOS


ASPECTOS DA LINGUAGEM
No desenvolvimento da linguagem, duas fases distintas podem ser reconhecidas: a
pré-linguística, em que são vocalizados apenas fonemas (sem palavras) e que
persiste até aos 11-12 meses; e, logo a seguir, a fase linguística, quando a criança
começa a falar palavras isoladas com compreensão.

O processo de aquisição da linguagem envolve o desenvolvimento de quatro


sistemas interdependentes: o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da
linguagem num contexto social; o fonológico, envolvendo a percepção e a produção
de sons para formar palavras; o semântico, respeitando as palavras e seu significado;
e o gramatical, compreendendo as regras sintáticas e morfológicas para combinar
palavras em frases compreensíveis.

Desenvolvimento normal da linguagem (simplificação das imagens que a professora


Fabi trouxe de referência):

• Até os 6 meses de vida, a comunicação do bebê se dá principalmente pelo


choro principalmente, algumas risadas, um choro diferenciado, mas poucos
balbucios, que surgem por volta dos 4 meses.
• Com 6 meses o bebê já começa a balbuciar, ele já internalizou os estímulos
que aprendeu até ali, e sua visão e audição já estão mais desenvolvidas, além
de seus dotes de imitação, já manifesta seus desejos, e possui mais interação
com seus cuidadores.
• Com cerca de um ano surgem as primeiras palavras com intenção, geralmente
fonemas mais anteriores (bilabiais), expressa suas necessidades, produz
onomatopeias, [kabo]- quando acaba alguma coisa.
• Entre um ano e meio e um ano e oito meses, o vocabulário aumenta
significantemente, surgem frases de duas palavras e a quantidade de palavras
é melhor que a qualidade nessa faixa etária.

“mamãe dá” “papai aqui”

• Com dois anos surgem as primeiras frases, canta músicas simples, começa a
falar sobre si, mas ainda com confusões nos pronomes.
• Com 3 anos a fala da criança já deve ser inteligível pelos adultos, mesmo que
ainda possua alguns erros gramaticais, a criança também já deve saber contar
histórias curtas.
• Com 4 anos a fala é bastante semelhante à dos adultos, consegue contar
histórias mais longas, e entende jogos e regras simples.
• Com 5 anos a fala, já está correta, as frases são mais complexas, e todos os
sons da língua portuguesa já devem ser feitos de forma correta.

Para que tudo isso citado acima ocorra, precisamos de integridade neural, maturação
do SNC, e boa influencias de aspectos sociais, emocionais e ambientais.

Quando não há alterações músculo-esqueléticas, ou neurológicas, classificamos


como desvios fonológicos.

DESVIO FONOLÓGICOS
O desvio fonológico é caracterizado por alterações que ocorrem na fala da criança,
em que esta realizará uma produção inadequada dos fonemas, bem como o uso
inadequado das regras fonológicas da língua. Esse transtorno linguístico é
representado por crianças as quais apresentam alterações na produção da fala, na
ausência de determinados fatores etiológicos como: dificuldade geral de
aprendizagem, déficit intelectual, desordem neuromotora, distúrbios psiquiátricos,
problemas otológicos ou fatores ambientais.

O processo de aquisição da linguagem oral, ou seja, a aquisição fonológica, ocorre


até o momento em que todos os sons da fala são produzidos corretamente. No
Português Brasileiro (PB), o domínio fonológico típico ocorre por volta dos 5 anos de
idade.

A aquisição fonológica não ocorre igualmente para todas as crianças, sendo que
algumas podem apresentar atrasos ou desvios nesse processo.

Durante a aquisição fonológica é esperado que ocorram substituições e/ou omissões


de fonemas (não realização de segmentos e até de estruturas silábicas complexas).
Porém, na aquisição fonológica típica, a criança gradativamente vai superando as
dificuldades e adicionando fonemas ao seu inventário fonológico conforme sua idade
avança. No entanto, algumas crianças continuam apresentando essas alterações
além da idade esperada por motivos diferentes, como por exemplo os desvios
fonológicos.

O desvio fonológico é um evento que ocorre na fala das crianças quando há uma
simplificação das regras fonológicas da língua, por meio de apagamento ou
substituição dos fonemas.

O desvio fonológico é caracterizado por uma dificuldade de organização mental dos


sons da língua e adequação da informação oral recebida, ou seja, há alterações na
fala da criança, em que esta realiza uma produção inadequada dos fonemas, bem
como o uso inadequado das regras fonológicas da língua.

A aquisição fonológica normal é caracterizada por processos fonológicos


considerados simplificações realizadas pela criança, visando facilitar aspectos
complexos da fala dos adultos. Esses processos estão presentes nas primeiras fases
do desenvolvimento linguístico.

À medida que a criança vai aprendendo sua língua, esses processos devem ser
superados, permitindo a adequação para o padrão adulto. Quando os processos
fonológicos naturais não são suprimidos até os 4 anos de idade, essas crianças são
classificadas como portadoras de desvio fonológico.

OBS: os distúrbios fonológicos, fazem parte dos distúrbios dos sons da fala.

ETIOLOGIA
A etiologia do desvio fonológico é desconhecida, embora haja diversos trabalhos
apresentando possíveis fatores influentes, tais como: sexo, idade, otites,
principalmente, o núcleo familiar.
Além disso, fatores psicossociais, como baixo nível educacional dos pais, distúrbios
psiquiátricos, paternidade precoce, famílias incompletas ou com graves problemas
de relacionamento, são apontados como fatores de risco para problemas no
desenvolvimento da linguagem e da fala.

CARACTERISTICAS

Lamprech cita algumas noções fundamentais sobre desvio fonológico:

▪ Desvio (afastamento de uma linha) não é distúrbio (perturbação), no sentido


de que não há uma desordem porque há um sistema, embora inadequado;
▪ Desvio fonológico, é o desvio de um dos componentes da linguagem, e não do
nível articulatório;
▪ O desvio ocorre no desenvolvimento da criança, como parte do processo de
aquisição;
▪ Desvio é de etiologia desconhecida.

Características clínicas de uma criança com Desvio Fonológico:

• Fala espontânea ininteligível, em maior ou menor grau, em crianças com mais


de 4 anos de idade.

Nessa idade a fala costuma ser inteligível para pessoas que não pertencem ao
ambiente familiar imediato da criança.

• Fala apresentando erros resultantes, principalmente, de desvios consonantais


em relação à pronúncia adulta;
• Audição normal para a fala;
• Compreensão adequada da linguagem falada;
• Capacidade intelectual adequada para o desenvolvimento da linguagem
falada;
• Nenhuma anormalidade anatômica ou fisiológica no mecanismo de produção
da fala.
• Inexistência de disfunção neurológica relevante à produção da fala;
• Capacidades intelectuais adequadas para o desenvolvimento da linguagem
falada;
• Capacidades de linguagem expressiva bem desenvolvidas em termos de
vocabulário e de comprimento de enunciados;

É comum crianças com desvios fonológicos apresentarem dificuldades em outras


áreas da Linguagem, como sintaxe, morfologia e léxico. Isso acontece porque, em
alguns casos, o desvio fonológico impede o desenvolvimento nessas áreas.

O que é sintaxe?

A sintaxe é uma parte essencial da gramática que faz o estudo das palavras
dentro das frases e também das orações, e como essas palavras se relacionam
entre si. Além disso, faz o estudo dessa oração dentro do período, permitindo que a
frase tenha sentido e que as palavras estejam na ordem certa dentro da oração

O que é morfologia?

Palavra que conecta dois termos da mesma oração que exercem a mesma função
sintática ou de duas orações diferentes, estabelecendo relação de sentido entre elas.

Exemplos: Ela gritou quando viu a barata. Hoje vai ser sanduíche ou pizza.

O que é léxico?

Léxico é o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. Por exemplo,


temos um léxico da língua portuguesa que é o conjunto de todas as palavras que são
compreensíveis em nossa língua.

2. Entender a etiologia e as características do Atraso de Linguagem;

Referências:

Artigo: ATRASO DE LINGUAGEM E DESVIO FONOLÓGICO: UM CONTINUUM OU DUAS


PATOLOGIA DISTINTAS?

Artigo: DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO ORAL EM CRIANÇAS

Pós-graduação: Dificuldades de Linguagem Acessos e Processos de aproximação à


língua

Atrasos da linguagem podem ocorrer devido a vários problemas, tais como: retardo
mental, perda auditiva, atraso na maturação, desordem expressiva da linguagem
(afasia), bilinguismo, autismo, mutismo eletivo, paralisia cerebral e deprivação
psicossocial. Estudos descrevem como sendo a perda auditiva e o retardo mental as
duas causas mais frequentes de dificuldade na aquisição da linguagem e/ou fala.

A linguagem é uma habilidade inata, sendo composta por 5 componentes, sendo eles:
pragmática, semântica, morfologia, sintaxe e fonologia.

Quando se refere ao atraso de linguagem a criança terá um atraso no


desenvolvimento de algum dos componentes ou em todos os componentes. É
considerado atraso de linguagem quando as competências linguísticas da criança
não estão de acordo com a sua idade, ou seja, apresenta um nível de linguagem
inferior ao ideal para a sua idade.

As crianças que apresentam esse atraso, parecem estar ao nível de uma criança mais
nova, como se estivesse numa etapa anterior à sua, mas paralela ao desenvolvimento
normal, e a sua evolução é gradual e uniforme.
ETIOLOGIA
A etiologia do atraso de linguagem ainda não é bem definida, contudo, já se sabe que
essa envolve fatores intrínsecos e extrínsecos.

Dentre eles:

▪ Hereditariedade – atualmente uma das justificativas da recorrência familiar das


alterações de linguagem, inclusive o atraso de linguagem, pode estar ligada a alguns
dos genes.

▪ Interações entre pais e filhos – é de extrema importância a interação entre pais e


filhos, uma vez que a qualidade e a quantidade desta atitude influenciam diretamente
o desenvolvimento da linguagem nas crianças.

▪ Problemas respiratórios – infecções ou respiração oral.

▪ Problemas auditivos – infecções do ouvido no período de aquisição da fala ou


surdez.

▪ Problemas motores – freio de língua curto.

▪ Problemas psicológicos – carência efetiva e insegurança (crianças emocionalmente


imaturas podem não aprender a falar por temer as relações comunicativas, ou talvez,
pela dificuldade em encontrar as palavras para expressar seus sentimentos).

▪ Transtornos psiquiátricos

▪ Transtornos neurológicos – autismo e alterações neurológicas que afetem a


cognição.

▪ Estresse dos cuidadores – quando o nível de estresse é passado para as crianças


através de atividades comunicativas, transformando-as em estressantes.

▪ Nível socioeconômico familiar – crianças mais desfavorecidas economicamente


têm maior probabilidade de desenvolver atraso de linguagem, devido a dois fatores:
a baixa escolaridade dos cuidadores e a falta de participação dos mesmos no
cotidiano da criança, tornando a estimulação da linguagem menos frequente.

Quanto à etiologia que desencadeia estes atrasos, é de origem variada. Contudo,


pode-se agrupar algumas causas de forma simples: variação relativa ao ambiente
familiar que pode resultar de superproteção familiar, de abandono familiar,
separações, morte de membros da família ou défices linguísticos; variáveis
socioculturais resultantes da falta de estruturação linguística, do baixo nível
sociocultural ou de situações de bilinguismo mal integrado; e de outras variáveis
como por exemplo, fatores hereditários.

CARACTERISTICAS
São várias as caraterísticas que se podem assinalar nas crianças com atrasos no
desenvolvimento da linguagem, nomeadamente:

• Aparecimento das primeiras palavras depois dos 2 anos de idade;


• A associação de palavras não aparece até por volta dos 3 anos de idade;
• Vocabulário ainda reduzido aos 4 anos
• Desinteresse em comunicar;
• Compreensão da linguagem superior à expressão;
• Importante desenvolvimento do gesto como meio de comunicação;

Atrasos da linguagem podem ocorrer devido a:

• Deficiência Intelectual;

• Perda auditiva;

• Atraso na maturação;

• Desordem expressiva da linguagem (afasia e apraxia)

• Bilinguismo;

• Autismo;

• Mutismo eletivo ou seletivo;

• Paralisia cerebral;

• Privação psicossocial;

• Síndromes.

• O atraso de linguagem pode também não ter causa conhecida, nesse caso, chama-
se transtorno específico de linguagem.

CLASSIFICAÇÃO:

Nieto (1990) citada em Ruiz (1997 cit in Bautista) classifica os atrasos no


desenvolvimento da linguagem em diferentes graus de severidade. A saber:

- Dificuldades de articulação associadas a uma alteração na construção de frases.


Por norma estas dificuldades são de caráter temporário e espontaneamente
ultrapassadas;

- Dificuldades de articulação que estão associadas a um desenvolvimento verbal


lento, com défices de vocabulário e de memória auditiva. As crianças pertencentes
a este grupo necessitam de tratamento especializado;
- Dificuldades articulatórias associadas a défices de expressão e compreensão
verbal. Este grupo de crianças necessita igualmente de tratamento especializado.

3. Entender a etiologia e as características do Distúrbio Específico de Linguagem.

REFERÊNCIAS:
Artigo: DISTÚRBIO ESPECÍFICO DE LINGUAGEM: A RELEVÂNCIA DO
DIAGNÓSTICO INICIAL

O Distúrbio Específico de Linguagem (DEL), é uma dificuldade persistente para


adquirir e desenvolver a fala e a linguagem. Aparentemente a criança possui todas as
condições para falar, mas ela não consegue ou apresenta muita dificuldade neste
processo. Houve recentemente, uma mudança na terminologia e o DEL passou a ser
nomeado como TDL - Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem.

Segundo a literatura, o distúrbio específico de linguagem (DEL) é caracterizado por


importantes prejuízos, que se configuram como atrasos e alterações persistentes na
aquisição da linguagem, na ausência de patologia que desencadeia tal atraso ou
alteração.

O DEL pode apresentar grande variabilidade nas manifestações clínicas, estando na


dependência do grau de gravidade do caso, e pode ser mutável durante o
desenvolvimento. Algumas crianças apresentam dificuldades apenas na expressão,
outras na expressão e compreensão da linguagem.

As crianças com DEL apresentam maturação de linguagem atrasada em pelo menos


12 meses em relação à idade cronológica, no entanto, não tem déficits intelectuais
ou sensoriais, distúrbios invasivos do desenvolvimento, dano cerebral evidente, e,
além disso, apresentam condições sociais e emocionais adequadas. Crianças com
DEL levam um tempo maior no reconhecimento, recuperação, formulação e produção
das palavras, devido à lentificação no processamento das informações, que pode
estar relacionada a falhas nas representações semânticas e na organização
cognitiva.

O termo “específico” refere-se justamente a esta suposta natureza restrita dos


déficits encontrados no DEL: as crianças não têm deficiências sensoriais, cognitivas,
neurológicas, ou socioemocionais que respondam por seus problemas de linguagem.
Trata-se, portanto, de um distúrbio que demanda o conhecimento da aquisição e do
desenvolvimento da linguagem para poder ter diagnóstico preciso, pois, no DEL o
desempenho da linguagem das crianças não é compatível com sua capacidade
intelectual não-verbal.

Nesse sentido, a identificação do DEL continua a ser um desafio, mesmo em crianças


mais velhas, pois, além das deficiências de linguagem não serem diagnosticadas
precocemente, muitas vezes, a intervenção só tem lugar quando ocorre o baixo
desempenho escolar e dificuldades de leitura, que são mais facilmente identificadas.
O progresso no funcionamento da linguagem, no entanto, ficará limitado dada a
menor plasticidade cerebral.

O DEL manifesta-se de modo muito diversificado em cada caso e é um quadro que


pode ser modificado. O diagnóstico é realizado a partir da exclusão de todas as outras
causas prováveis de atraso de linguagem, como alterações auditivas,
ausência/escassez de estímulos, alterações sensoriais, lesão neurológica, déficit
intelectual, transtornos psiquiátricos ou ainda Transtorno do Espectro Autista.

Você também pode gostar