Unidade 1 - Direito Tributario e Trabalhista

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Direito Tributário

Trabalhista
Material Teórico
Conhecendo o Direito Tributário e os Tributos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Tercius Zychan

Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Conhecendo o Direito Tributário
e os Tributos

• Conceito de Direito Tributário


• Tributo
• Princípios Tributários
• Obrigação Tributária
• Base de Cálculo
• Alíquota
• Lançamento Tributário
• Espécies Tributárias

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer o Direito Tributário, seu conceito e os princípios que
permitem seu emprego e interpretação. Iremos saber quais são as
espécies de tributos e como eles são fundamentais para manter o
papel do Estado na satisfação do interesse público.
· Conhecer a forma pela qual os tributos são calculados, estudando as
hipóteses legais de criação e de aplicação. Esses conhecimentos são
fundamentais para uma compreensão detalhada do Direito Tributário.
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alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Conhecendo o Direito Tributário e os Tributos

Conceito de Direito Tributário


O Estado, por intermédio de um governo, inserido em um Estado Democrático
de Direito, é o concretizador e garantidor dos Direitos Fundamentais de um povo.
Podemos exemplificar esses direitos como sendo o direito à saúde, à Educação, à
segurança e ao amparo aos necessitados, entre outros.

Para realizar essa quantidade de obrigações assumidas pelo Estado, existe a


necessidade de uma “fonte de financiamento”, cuja principal é o Tributo.

Por se tratar de uma matéria de sumo interesse público, os denominados tributos


possuem trato legislativo, que vai desde as descrições das espécies tributárias,
previstas na Constituição, até uma série de normas essenciais para sua aplicação.

Em razão desse conjunto de normas e de sua repercussão na sociedade é que se


justifica a existência de um ramo específico do Direito denominado “Direito Tributário”:

Um dos conceitos, que podemos utilizar para a compreensão do Direito Tributário


é o de Rubens Gomes de Souza1:
[...] o ramo do direito público que rege as relações jurídicas entre o Estado
e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se
refere à obtenção de receitas que correspondam ao conceito de tributos.

Diante desse conceito, podemos dizer que o Direito Tributário possui as seguintes
características:
• Ramo do Direito Público;
• Relação jurídica: Estado X Particulares;
• Receitas que correspondam ao conceito de tributo – Art. 3° do CTN.

Tributo
O principal objeto do Direito Tributário é o “tributo”. Vamos conhecê-lo melhor,
utilizando, para isso, o disposto no Artigo 3º do Código Tributário Nacional – CTN:

Vejamos quais são os elementos que constituem esse conceito:


Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

1 SOUZA, Rubens Gomes de. Espécies Tributárias - “Compêndio de Legislação Tributária”. 2ªed. Rio de Janeiro:
Edições Financeiras S. A., 1954. p. 13-4.

8
[...] é toda prestação pecuniária [...]
Diante de nossa Legislação, o tributo é uma prestação de valor monetário, não
existindo em nosso ordenamento jurídico outra forma de sua satisfação (via de
regra), como por exemplo, em serviços.

[...] compulsória [...]


Nascendo a obrigação de se pagar um tributo, ela será obrigatória e, se não
cumprida, permite-se sua exigência pela via judicial, de tal modo que essa obrigação
surge sem nenhuma manifestação de vontade, mas nasce de um mando legal e,
por essa razão, possui a característica de ser compulsória.

[...] em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir [...]


Assim, o pagamento do tributo deverá ser feito em dinheiro, admitindo-se, de
modo excepcional, o pagamento de outra forma, tal como por cheque, entre outros.

Ainda, de modo excepcionalíssimo, esse pagamento pode se dar por “dação


em pagamento2” de bens imóveis, na forma descrita no Artigo 156, XI, do CTN.
[...] um acordo de vontade entre credor e devedor, por meio do qual o
primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá-lo da dívida,
prestação diversa da que lhe é devida.

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

(...)

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições


estabelecidas em lei.

[...] que não constitua sanção de ato ilícito [...]


A previsão das denominadas espécies tributárias (tipos de tributos), que
necessariamente nascem da Lei (conhecida como hipótese de incidência tributária),
deve ter por origem uma situação lícita, não podendo, dessa forma, nascer de uma
conduta oriunda de um ato ilícito.

Podemos dizer, por exemplo, que uma multa de trânsito, não é tributo, pois tem
origem numa conduta administrativa ilícita (ilícito administrativo).

2 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações (Parte Geral). São Paulo: Saraiva, 2008. p. 99.

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UNIDADE Conhecendo o Direito Tributário e os Tributos

[...] instituída em lei [...]


Isso significa que somente a Lei pode criar um tributo. Essa característica é uma
decorrência do que se denomina Princípio da Legalidade, previsto no Artigo 150,
Inciso I, da Constituição Federal:
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

[...] cobrada mediante atividade


administrativa plenamente vinculada
Segundo as normas tributárias nacionais e os princípios decorrentes de sua
aplicação, não existe margem para a atuação de vontade pessoal do administrador
público para exigir o cumprimento de uma obrigação tributária.

Dessa forma, a atuação da administração na aplicação das normas legislativas


tributárias está vinculada à Lei.

Resumindo, o administrador público não tem competência de deixar de exigir o


tributo quando for obrigatório fazê-lo, ainda que no campo pessoal possam existir
sentimentos nobres, como a piedade e a consternação com a situação econômica
do contribuinte.

Princípios Tributários
De modo geral, para o Direito, princípios são enunciados normativos, cuja
principal função é ser orientador da compressão da norma jurídica.

Assim, o Direito Tributário possui uma série de Princípios que são fundamentais
para esse importantíssimo Ramo do Direito.

A seguir, vejamos esses princípios.

Princípio da Legalidade
Por esse princípio, existe a necessária autorização do Poder Legislativo, por inter-
médio da Lei, para que o Estado possa criar, majorar, reduzir ou extinguir um tributo.
A Lei tem por incumbência definir todos os aspectos relevantes para que se
possa cobrar o tributo.
Em razão disso, a Lei deverá definir, de modo taxativo e completo, as situações
tributáveis, cuja ocorrência será necessária e suficiente para fazer surgir a obrigação
tributária, bem como a mesma Lei deverá indicar os critérios de sua quantificação.

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Princípio da Anterioridade
Esse princípio é fundamental, sobretudo, para garantir a segurança jurídica
dentro do país, vez que, em razão dele, somente se pode exigir um tributo ou
mesmo aumentá-lo quando a Lei que o criou ou o majorou tenha o início de
sua vigência em um exercício financeiro, mas sua cobrança somente se inicia no
exercício financeiro seguinte.
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

III - cobrar tributos:

(...)

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os


instituiu ou aumentou;

Princípio da Irretroatividade
Nas palavras de Hugo de Brito Machado3: “[...] irretroatividade quer dizer que a
lei há de ser anterior ao fato gerador do tributo por ela criado, ou majorado”.

Os efeitos da Lei Tributária são projetados para o futuro. Por essa razão, na
apuração do crédito tributário, sempre deve ser utilizada a Lei em vigor no momento
em que surge a obrigação tributária.

Princípio da Isonomia
O princípio da isonomia pode ser denominado, também, como princípio da
igualdade, tendo por objetivo propiciar um tratamento justo para os cidadãos.

A principal questão que envolve esta diferenciação, sem dúvida, pode ser
encontrada nas questões que se referem ao tratamento igualitário.

Isso não significa que essa igualdade possa ser vista de forma uniforme, mas, sim,
de forma a gerar efetivamente equilíbrio diante das diferentes qualidades pessoais
dos contribuintes, como muito bem se expressa Roque Carazza4:
[...] isto, não significa, por óbvio, que as leis tributárias devem tratar todas
as pessoas da mesma maneira, mas, tão somente, que precisam dispensar
o mesmo tratamento jurídico às que se encontrem em situações idênticas.

3 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 13.ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p. 29.
4 CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 28.ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
p. 477.

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UNIDADE Conhecendo o Direito Tributário e os Tributos

Princípio da Capacidade Contributiva


Esse princípio procura promover a denominada “Justiça Fiscal”, fazendo com
que, ao serem criados os tributos, sempre que possível, eles possuam formas
diferenciadas de valores a serem pagos, adotando como critério de diferenciação a
capacidade econômica do contribuinte.

O princípio da capacidade contributiva pode ser bem observado no parágrafo


primeiro do Artigo 145 da Constituição Federal:
Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:

(...)

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão


graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei,
o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Obrigação Tributária
Obrigação é a relação jurídica que se estabelece entre um sujeito ativo (credor),
que pode exigir de um determinado sujeito passivo (devedor) uma prestação de
caráter patrimonial (objeto) em virtude de uma causa que pode ser a vontade da
parte (ex voluntate) ou a vontade da lei (ex-lege)5.

Existem duas espécies de obrigações tributárias; uma denominamos principal e


a outra acessória.

No tocante à “obrigação principal”, ela tem origem na ocorrência de um fato


gerador provocando, consequentemente, a necessidade do pagamento do tributo
ou de uma penalidade pecuniária.

Já quanto à “obrigação acessória”, não importa em pagamento de tributo,


mas incide em uma obrigação de fazer ou não fazer. É apenas um meio para
que a autoridade tributária possa obter elementos para que o valor do tributo seja
calculado e fiscalizado.

O descumprimento de uma obrigação acessória gera uma multa, que se converte em


obrigação principal. Um exemplo de obrigação acessória é a emissão de Nota Fiscal
que dará a exata base de cálculo para se determinar o valor da obrigação tributária.

São elementos que dão fundamento à formação da obrigação tributária: a lei, o


fato gerador, o sujeito ativo e o sujeito passivo.

5 FABRETTI, Láudio Camargo. Código Tributário Nacional Comentado. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2005. p.148.

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Fato Gerador
Fato Gerador trata-se da incidência, no mundo real, do fato descrito na norma
hipotética (Lei), fazendo surgir a obrigação tributária:
CTN

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei


como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Para o entendimento do que vem a ser o “fato Gerador”, é muito conveniente


enfatizar o que diz Hugo de Brito Machado6:
Realmente, não existe dever jurídico que não tenha seu “fato gerador”.
Direito subjetivo e dever jurídico são efeitos da incidência da norma, que se
dá quando no mundo fenomênico se concretiza a situação hipoteticamente
nela descrita. Não existe obrigação jurídica que não seja resultado da
incidência de uma norma. E incidência não há sem fato. Norma e fato
nela previsto geram direito. Deveres, obrigações e os correspondentes
direitos subjetivos. É assim na fenomenologia jurídica em geral e também
no direito tributário.

Sujeito Ativo
O Sujeito Ativo, via de regra, é aquele que cria o tributo, podendo exigir seu
cumprimento.
CTN

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público,


titular da competência para exigir o seu cumprimento.

Sujeito Passivo
O Sujeito Passivo é aquele que promove o fato gerador descrito na norma (Lei),
fazendo surgir a obrigação de pagar tributo.

Por exemplo, uma pessoa é proprietária de um apartamento – ele é o contribuinte


do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano:
CTN

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao


pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que


constitua o respectivo fato gerador;

6 MACHADO, Hugo de Brito. Fato gerador da obrigação acessória. Revista Dialética de Direito Tributário, São
Paulo, nº 96, p. 29, set. 2003.

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UNIDADE Conhecendo o Direito Tributário e os Tributos

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua


obrigação decorra de disposição expressa de lei.

Se o fato gerador for praticado por incapaz, a responsabilidade em cumprir a


obrigação tributária deverá ser de seu responsável legal (conforme Artigo 134,
inciso I, do CTN):
Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento
da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente
com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem
responsáveis:

I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

Base de Cálculo
A Base de cálculo irá fornecer o critério para se definir o quantum (valor) da
obrigação tributário.

Para Luciano Amaro7, “Base de Cálculo”:


[...] é a medida é a medida da grandeza do fato gerador. Dizemos legal
porque é base de cálculo, dentro das possíveis medidas do fato gerador,
aquela que tiver sido eleita por lei.

Por exemplo, a base de cálculo do IPTU será o valor venal do imóvel.

Alíquota
A alíquota, definida em percentual, incidindo sobra a base de cálculo irá definir
o quantum da obrigação tributária a ser pago pelo sujeito passivo.

Lançamento Tributário
A obrigação tributária, como visto, surge quando se pratica o comportamento
previsto na hipótese de incidência tributária (Lei). O quantum da obrigação será
definido diante de uma equação, que leve em conta a base de cálculo e a alíquota
a ser empregada.

Com o surgimento da obrigação tributária, seu devedor deverá solvê-la e, por via
de consequência, será gerado crédito tributário a determinado sujeito ativo.

7 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 11.ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 264.

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Quanto ao “Lançamento”, para Luciano Amaro8
A ocorrência do fato gerador dá nascimento à obrigação tributária. Em
diversas situações, porém, embora ocorrido o fato gerador, a lei tributária
não requer do sujeito passivo nenhum pagamento se e enquanto não
houver, por parte do sujeito ativo, a prática de um específico ato jurídico,
que se reflete num escrito formal (isto é, um documento escrito, na forma
prevista em lei), do qual se deve dar ciência ao sujeito passivo, a fim de
que este fique adstrito a, no prazo assinalado (no próprio documento ou
em lei), satisfazer o direito do credor, sob pena de serem desencadeados
os procedimentos tendentes à cobrança via constrição judicial.

Nestes casos, não obstante se tenha tido o nascimento da obrigação


tributária, com a realização do fato gerador (p. ex., alguém deter a
propriedade de certo imóvel urbano construído), o indivíduo só será
compelível ao pagamento do tributo pertinente (IPTU) se (e a partir de
quando) o sujeito ativo (Município) efetivar o ato formal previsto em lei,
para determinação do valor do tributo, dele cientificando o sujeito passivo.
Antes da consecução desse ato, embora nascida a obrigação tributária, ela
está desprovida de exigibilidade.

Espécies Tributárias
A Constituição Federal, em seu Artigo 145, delimita três espécies de tributos:
impostos, taxas e contribuições de melhoria. Não obstante, a própria Constituição
prevê outras espécies, como a cobrança de empréstimos compulsórios, de compe-
tência legislativa exclusiva da União (Artigo 148 CF):
Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,


efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
ao contribuinte ou postos a sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão


graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei,
o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

8 Op. cit., p. 323-4.

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UNIDADE Conhecendo o Direito Tributário e os Tributos

A doutrina e os Tribunais inserem, também, como espécie tributária, as


denominadas “Contribuições Sociais”.
Art. 149 - Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais,
de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e
sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições
a que alude o dispositivo.

A seguir, iremos conhecer um pouco mais sobre as espécies tributárias.

Impostos
Trata-se de um tributo não vinculado, ou seja, não existe a ideia de uma específica
contraprestação estatal para que exista a obrigação tributária:
CTN

Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte.

Taxas
Estamos diante de uma espécie tributária, diferentemente do imposto, que exige
a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado
ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Ou seja, existe efetiva ou potencial contraprestação do ente público, para nascer


a obrigação tributária. Essa mencionada contraprestação é oriunda de um serviço
prestado ou em razão do exercício do poder de polícia do respectivo ente público.
CF

Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


instituir os seguintes tributos:

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,


efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
ao contribuinte ou postos a sua disposição;

§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Com relação à taxa de serviço, como se nota, poderá ser oriunda de um serviço,
cuja prestação pode ser efetiva ou potencial:
• Efetiva: quando o contribuinte de fato utiliza o serviço público;
• Potencial: mesmo não sendo de fato utilizado pelo contribuinte, é compulso-
riamente colocado à sua disposição.

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Além disso, o serviço pode ser:
• Serviço específico: o contribuinte sabe efetivamente por qual motivo está
pagando o serviço. Exemplo: fornecimento de energia elétrica;
• Serviço divisível: quando pode ser utilizado separadamente, individualmente,
por cada contribuinte. É possível se apurar individualmente quanto cada
contribuinte utiliza esse serviço. Exemplo: serviço de coleta de esgoto.

Quanto à taxa em razão do denominado exercício do Poder de Polícia, inicial-


mente, é necessário, para uma exata compreensão, que venhamos a conceituar
esse poder. Para tanto, recorreremos ao Artigo 78 do CTN, que assim a define:
Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes,
à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público,
à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia


quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável,
com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

São exemplos:
• Taxa de Inspeção Sanitária: exigidas para verificação do órgão de saúde
pública de determinado município, para constatar que certo restaurante, bar
ou congênere cumpre as normas específicas para o exercício da atividade a
que se destinam;
• Taxa de Alvará: exigida pela municipalidade, para autorizar que determinado
estabelecimento comercial possa exercer suas atividades, pois cumpre as
normas locais.

Contribuição de Melhoria
Esta espécie tributária está vinculada à realização de uma obra pública que gera
valorização de imóvel privado, tendo como base de cálculo o total da despesa para
a realização da obra e o quantum foi valorizado o imóvel.
CF

Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


instituir os seguintes tributos:

(...)

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

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UNIDADE Conhecendo o Direito Tributário e os Tributos

Empréstimo Compulsório
Como espécie tributaria, o Empréstimo Compulsório terá como fato gerador a
ocorrência das hipóteses de incidência tributária descritas em uma Lei Complementar
que o instituir.

O fato gerador desse empréstimo leva em conta a ocorrência de uma calamidade


pública, uma guerra etc., ou seja, os fatos geradores são diversos dos tributos de
modo geral, tem por objetivo a apuração de recursos para custear situações adversas.
CF

Art. 148 - A União, mediante lei complementar, poderá instituir


empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade


pública, de guerra externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante


interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b.

Parágrafo único - A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo


compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
O Tributo e suas Espécies
https://goo.gl/aTTH6A
Natureza Jurídica de Tributo
https://goo.gl/37LJbw
Constituição Federal de 1988
https://goo.gl/zaRrL
Obrigação Tributária e seus Aspectos Legais
https://goo.gl/v3usm3
Classificação dos Tributos em Espécie
https://goo.gl/jNqSTX

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UNIDADE Conhecendo o Direito Tributário e os Tributos

Referências
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 11.ed. São Paulo Saraiva, 2005.

BRASIL. Código Tributário Nacional – CTN, de 26 out. 1966. Senado Federal.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 17Jul 2017

______. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 out. 1988. Sena-


do Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 17Jul 2017.

CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 28.ed.


São Paulo: Malheiros, 2012.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 24.ed. São Paulo:


Saraiva, 2012.

CHAVES, Fábio Coutinho. Planejamento Tributário na Pratica: Gestão Tributaria


Aplicada. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

FABRETTI, Láudio Camargo. Código Tributário Nacional Comentado. 5.ed.


São Paulo: Atlas, 2005.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações (Parte Geral). São Paulo:
Saraiva, 2008.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 13.ed. São Paulo:


Malheiros, 1998.

______. Fato gerador da obrigação acessória. Revista Dialética de Direito


Tributário, São Paulo, n. 96, set. 2003.

PEREIRA, Luciano de Almeida. Direito Tributário Simplificado. São Paulo:


Saraiva, 2011. (e-book).

SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.

SOUZA, Rubens Gomes de. Espécies Tributárias – Compêndio de Legislação


Tributária. 2.ed. Rio de Janeiro: Edições Financeiras S.A., 1954.

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