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UNIVERSIDADE DE GUARULHOS

PSICOLOGIA

LUCAS VASCONCELOS AYRES DA SILVA RA: 28287017


MARIA EDUARDA G. CAVADAS RA: 28288959
TURMA: 6º NA – NOITE

RESUMO DO ARTIGO: JOVENS EM VULNERABILIDADES PSICOSSOCIAIS: GRUPO


COMO LUGAR DE ACOLHIMENTO E SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA

GUARULHOS
2022
LUCAS VASCONCELOS AYRES DA SILVA RA: 28287017
MARIA EDUARDA G. CAVADAS RA: 28288959
TURMA: 6º NA – NOITE

RESUMO DO ARTIGO: JOVENS EM VULNERABILIDADES PSICOSSOCIAIS: GRUPO


COMO LUGAR DE ACOLHIMENTO E SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA

Trabalho apresentado à disciplina de


Técnicas de Grupo e Relações Humanas, da
UNIVERSIDADE DE GUARULHOS –
Graduação em Psicologia, como requisito
parcial para avaliação semestral.

Professor: Jeferson Ulisses Barreto


Laurindo.

GUARULHOS
2022
SUMÁRIO

RESUMO..........................................................................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................
RESUMO DO ARTIGO

O trabalho a seguir tem como objetivo um breve resumo sobre os temas abordados
no artigo “Jovens Em Vulnerabilidades Psicossociais: Grupo Como Lugar De
Acolhimento E Subjetivação Política”. Destacamos neste trabalho a análise crítica e a
perspectiva social adotada pelas autoras do referido artigo, que através de seu relato de
estágio explicitam os fatores sócio-políticos, históricos, culturais e econômicos que
culminaram nos problemas multifatoriais da população que participa do Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), onde ocorreu o estágio. Mais além,
demonstram que o grupo como dispositivo de intervenção pode ser uma resposta aos
efeitos da política neoliberal e seu sistema de precarização e privações dos direitos de
indivíduos e grupos alvos desta necropolítica, podendo criar e recriar os laços sociais,
novas linguagens entre o sujeito e o outro, resultando em novas formas de existência e
subjetivação.
Marcela Andrade Gomes, Kátia Maheirie e Bruna Corrêa elaboram um relato das
experiências no estágio que aconteceu em um Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos, imprimindo nele importantes reflexões sobre intervenções grupais, as
(in)determinações dos laços sociais nas formações de grupos e seus efeitos. Para tanto,
partem de uma perspectiva crítica e ampla sobre saúde, demonstrando que o tema é
indissociável da política e dos contextos sociais e históricos-econômicos que constituem a
realidade daquele espaço.
As autoras dividem esse relato de seu estágio em dois momentos principais ao longo
de seu desenvolvimento, a saber: sua fundamentação teórica, nos introduzindo no eixo crítico
em que se articula a análise do artigo, ao passo que descreve as características do programa e
sua ambientação. E o segundo momento, caracterizado pela descrição dos eventos que mais se
destacaram ao longo do período de estágio, assim como todas as adversidades que
circunscrevem as intervenções coletivas, mas também seus efeitos psicológicos, sociais e,
necessariamente, políticos.
Inicialmente, em seu primeiro momento, o tema é introduzido de forma didática
explorando os conceitos mais significantes abordados no relato como o de “vulnerabilidade
social”. Em suma esse conceito representa uma conjuntura extensa de elementos culturais e
políticos que inviabilizam o acesso à serviços e direitos sociais que consequentemente
comprometem seu estado de cidadania assegurado constitucionalmente, seja em seu sentido
micro ou macrossocial (GOMES; MAHEIRI; CORRÊA, 2022, p. 2-3). Aprofundando nas
propriedades da vulnerabilidade social e dos grupos compostos por essa categoria, as autoras
descrevem que este estado de comprometimento da cidadania e da precariedade social não é
um acaso, mas sim uma estrutura dotada de uma racionalidade neoliberal que produz as
condições de cerceamento. O modus operandi do neoliberalismo se enriquece e se sustenta
através da desigualdade econômica e social, na exploração da miséria e sofrimento, assim
como na eliminação dos direitos e exclusão dos grupos alvos de violências inquiridas
objetivamente e direcionadas ao confinamento, repressão, silenciamento e negação dos
diferentes corpos e subjetividades.
Esse conglomerado de ameaças que comprometem de modo multidimensional o
sujeito retorna sobre o conceito de “vulnerabilidades psicossociais” que em síntese são:
“fragilidades psíquicas decorrentes de situações sociais injustas e opressoras que geram
desamparo, sofrimento e violação de direitos” (Ibidem, p. 3). Em resposta a essa condição, as
autoras tomam o grupo como instrumento de intervenção e resistência, promovendo um novo
meio de subjetivação frente ao modelo predatório do capitalismo tardio, ou seja, é a
implicação do grupo como ato político, de acolhimento objetivo e simbólico, e ao mesmo
tempo um espaço de criação e transformador da subjetividade individual e coletiva.
Dado esses valores iniciais e compreendido suas dinâmicas, o relato começa a se
aprofundar na experiência do estágio ao passo que desenvolve seu fundamento metodológico
nas obras de Gilles Deleuze (1925-1995). É nesse ponto que o conceito de grupo se
estabelece. O grupo não adquire valor de objeto em oposição aos sujeitos que o constituem ou
mesmo é abordado de maneira estática, mas sim caracterizado pelo seu movimento de ser, é a
mudança própria do processo dialético entre às “linhas que estabelecem o vai e vem entre o
dizer e o ver” (GOMES; MAHEIRI; CORRÊA, 2022, p. 4 apud DELEUZE, 1996, p. 83).
Quando o grupo é circunscrito sob esta ótica, podemos defini-lo como “dispositivo”,
ou seja, absorve-se as propriedades de ação de um aparato de força motriz. O dispositivo é
dinâmico, ativo e capaz de realizar operações de modificação. Portanto, um grupo como
dispositivo é caracterizado pela criação de subjetividades, seja em seu aspecto sensível e
material, com na estética de existência, ou em seu aspecto de formação de singularidades por
meio das transformações de linguagem (Ibidem, p. 4).
Com a metodologia estabelecida, Marcela Andrade Gomes, Kátia Maheirie e Bruna
Corrêa compreendem a necessidade de intervenções que propiciem espaços para a articulação
do dispositivo, ou seja, disposição de tempo e espaço para realizar encontros nas
dependências do SCFV que suscitassem encontros de discursos e subjetividades. Com as
convergências e divergências de histórias, afetos e palavras trocadas no decorrer dos
encontros alinhados com uma proposta de escuta receptiva e acolhedora por parte das
estagiárias, laços sociais entre os participantes começaram a serem tecidos.
Eventos delicados ocorreram no processo que destacaram a importância de uma
escolha ética na condução do projeto. Distanciar-se de práticas de regulação, normatização e
correção são necessários para que se efetive o reconhecimento mútuo da cidadania e
autonomia de cada integrante do grupo, conferindo ao grupo segurança exteriorizar seus
desejos com a certeza de que não serão punidos ou hostilizados (Ibidem, p. 5). Vínculos
intersubjetivos superam delimitações burocráticas, e, quando bem estabelecidos, independem
de orientações ou intermédios para sua perpetuação, é o dispositivo dialético acontecendo ao
passo em que o grupo se emancipa dos encontros protocolares e dos responsáveis pelas
oficinas. Assim ocorreu no caso em que as atividades do grupo poderiam ser parcialmente
interrompidas por conta das férias de uma estagiária, porém o grupo se organizou
espontaneamente para garantir que todas as demandas intragrupais para a continuidade das
oficinas fossem supridas, se empoderando dos papeis sociais formados em coletivo (Ibidem,
p. 6).
Um ambiente colaborativo e coletivo é proporcionalmente inverso às lógicas de
competição e performance estimuladas pelo capitalismo tardio. A concorrência contínua,
predatória e impessoal de “todos contra todos” oriunda de um perverso sistema que lucra com
o sofrimento psíquico encontra uma forte resistência frente ao desenvolvimento do grupo
como dispositivo de criação e ressignificação simbólica. Esse ato que caracteriza o
movimento de ser do grupo é também um ato político que assume uma postura de embate
com a desigualdade e a exploração das mazelas sociais.
Desvencilhar-se dos discursos hegemônicos que costumeiramente reiteram gestos de
violência e silenciamento dos oprimidos é um primeiro passo para a criação e reinvenção de
si, é integrar-se e tornar-se consciente dos espaços políticos que exercemos no âmbito
coletivo. No estágio, as autoras Marcela Andrade Gomes, Kátia Maheirie e Bruna Corrêa
descrevem situações notórias de transformações subjetivas e políticas ao longo do tempo. No
projeto, assuntos que tangem as formações de desejos e suas interdições sociais foram pautas
protagonizados por Renato de 19 anos e Amanda de 13 (Ibidem, p. 7). Ambos foram
sujeitados ao longo de suas vidas e inúmeras manifestações de ódio e descriminação a
expressões de afeto homoafetiva, sendo compelidos a uma heteronomatividade. É um
verdadeiro cerceamento cultural das pluralidades de desejo e reconhecimento.
Renato, para evitar sofrer ataques homofóbicos, mascarava seus objetos de desejo para
se adaptar a moralidade predominante. No decorrer do estágio, incialmente no âmbito
privado, mas culminando na liberdade para tratar desses assuntos no espaço coletivo, Renato,
em uma posição espontânea e corajosa, se apropria de sua realidade interna e social
assumindo sua homossexualidade publicamente. Os impactos das falas abertas de Renato
sobre sua homoafetividade produziu no dispositivo grupal uma nova configuração, revelando
gradualmente que o ódio e preconceito que outra jovem integrante do grupo, a Amanda,
destilava contra Renato não passava de uma formação contraria que reprimia seus próprios
desejos homoafetivos (Ibidem, p. 7).
Por fim, concluímos que as intervenções em grupos podem ser fundamentais para a
retomada de conscientização e politização, mas para sua exequibilidade é necessário um
constructo coletivo e cooperativo, além de acolhimento ao sofrimento psíquico, ético e
político sofrido pelas populações mais vulneráveis. Junto ao acolhimento, a escuta é uma
ferramenta indispensável para propiciar espaços de circulação de ideias e afetos sem
recriminação, valorizando a produção cultural e as demandas que partem do discurso do
sujeito. Ou seja, o grupo é um dispositivo que “dá lugar à palavra, pautado na ética e
compromisso com o sujeito que a pronuncia enquanto uma singularidade” (Ibidem, p. 5). O
trabalho interventivo do psicólogo deve se afastar das práticas corretivas e normativas,
compreendendo que sua participação deve buscar “incluir a cidadania sem excluir o sujeito”
(Ibidem, p. 5).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOMES, Marcela Andrade; MAHEIRIE, Kátia; CORRÊA, Bruna. JOVENS EM


VULNERABILIDADES PSICOSSOCIAIS: GRUPO COMO LUGAR DE ACOLHIMENTO
E SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA. Psicologia em Estudo, [S. l.], v. 27, 2022. DOI:
10.4025/psicolestud. v27i0.47375. Acesso em: 23 set. 2022.

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