Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A VIOLÊNCIA, Uma Visão Sócio-Filosófico Contemporaneidade
A VIOLÊNCIA, Uma Visão Sócio-Filosófico Contemporaneidade
A VIOLÊNCIA:
Uma visão sócio-filosófico da contemporaneidade
Abstract
We live in a world where violence is almost everywhere and in many different ways. But
more importantly, what plagues most people is the violence they experience on the street
when they go to work, study or return home, whether on foot or by public or private transport.
We feel helpless and overwhelmed in the face of so many robberies, break-ins and other
atrocities, hoping that we will never be the next victim. Consequently, this article involves a
dialogue to explain the current violence based on sociology, philosophy and ethics. In his
conception of interpretive sociology, the sociologist Alfred Schutz describes the belief that
this world of meaning does not represent an objective reality, but an interpreted, valid
intersubjective reality. Thus, we do not simply live in a fixed universe, but in a multiverse,
each shaped by a different epistemological style. This theoretical foundation as a basis for
empirical research in the field of current communication. Philosophers and sociologists are
important for us to understand this social misfortune, not because they own the truth, but
because they have the ability to analyze a given subject always with the view of a
biographical source/reference, adding to this the ability to examine all possible answers.
focusing on the most correct position socially speaking. So it teaches others to also reflect and
draw their own conclusions, based on science and not on common sense or "guess", think
about something they don't know and have a way to solve this situation, thinking about the
best way to solve it, or better, to respond by opening up a wide range of possibilities for
reflection and solutions with which to acquire new contacts and knowledge.
Palavras-chaves
Conceituação de Violência; Conflitos; Conflitos Armados; Desigualdade; Paz; Dignidade
Humana; Direitos Fundamentais; Formação Social; Formação Filosófica; Guerra; Intimidação
por Pares; Modernidade; Violência Anômala.
Keywords
Violence Conceptualization; Conflicts; Armed Conflicts; Inequality; Peace; Human dignity;
Fundamental rights; Social Training; Philosophical Formation; War; Peer Intimidation;
Modernity; Anomalous Violence.
Agradecimentos
Sou grato a minha esposa Leidiane que nunca me recusou amor, apoio e incentivo. Obrigado,
todo o amor do meu coração, por compartilhar os inúmeros momentos de ansiedade e
estresse. Sem você ao meu lado o trabalho não seria concluído.
Agradeço a todos os professores por me proporcionar o conhecimento não apenas racional,
mas a manifestação do caráter e afetividade da educação no processo de formação
profissional, por tanto que se dedicaram a mim, não somente por terem me ensinado, mas por
terem me feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça aos professores dedicados aos
quais sem nominar terão os meus eternos agradecimentos.
Agradeço a meu pai Jurandir (in memorian) e minha mãe Maria das Graças por sempre
estarem presentes e me apoiarem no desenvolvimento do meu caráter, sem eles com certeza a
tarefa teria sido muito mais árdua.
A todos em geral, que direta ou indiretamente, fizeram parte de minha formação, o meu muito
obrigado.
Thanks
I am grateful to my wife Leidiane who never refused me love, support and encouragement.
Thank you, all the love in my heart, for sharing the countless moments of anxiety and stress.
Without you by my side, this work would not have been completed.
I thank all the professors for providing me with not only rational knowledge, but the
manifestation of the character and affectivity of education in the process of professional
training, for so much that they dedicated themselves to me, not only for having taught me, but
for having made me learn . The word master will never do justice to the dedicated professors
who, without naming, will have my eternal thanks.
I thank my father Jurandir (in memorian) and my mother Maria das Graças for always being
there and supporting me in the development of my character, without them the task would
certainly have been much more arduous.
To everyone in general, who directly or indirectly, were part of my training, thank you very
much.
Introdução
Para entender a violência, precisamos entendê-la, descobrir quais são as principais
causas que venham gerar tal comportamento e sentimento, caso contrário, corremos o risco de
escolher soluções ineficientes que podem acabar mais ainda o problema. Com base nos
preceitos das ciências sociais (sociologia e filosofia), pretendo provar que violência só pode
ser combatida com prevenção, com intervenção de pessoas que não à pratiquem e não a
cultivem em mentes em desenvolvimento.
Assim, com vista ao mundo, SCHÜLTZ (1973) fala de um já interpretado em que
o homem, o animal simbólico (animal symbolicum), é nascido por dentro, e somente pode
orientar-se com a ajuda de relações de apresentações (with the help of appresentational
relations). O autor (1993, p.62) descreve que dentro de nossas experiências atuais, ou nós
poderíamos viver puramente direcionados aos objetos dela, nesse caso a violência, ou nós nos
direcionaríamos às nossas experiências a partir de uma atitude reflexiva, que significa se
tornar um ser humano de fato, assim e nos perguntaríamos a respeito do seu sentido.
All our knowledge of the world, in common-sense as well as in scientific
thinking, involves constructs, i.e. a set of abstractions, generalizations,
formalizations, idealizations specific to the respective levei of thought
organization, strictly speaking, there are no such things as facts, pure and
simple. All facts are from the outset facts selected from a universal context by
the activities of our mind. They are, therefore, always interpreted facts[. . .]
(Schütz, 1973, p. 5).
(Todo o nosso conhecimento do mundo, tanto no senso comum quanto no
pensamento científico, envolve construção, ou seja, um conjunto de abstrações,
generalizações, formalizações, idealizações específicas para o respectivo nível
de organização do pensamento, estritamente falando, não existem coisas como
fatos puros e simples. Todos os fatos são desde o início fatos selecionados de
um contexto universal pelas atividades de nossa mente. São, portanto, sempre
fatos interpretados [. . .])
A violência ocorre quando uma pessoa causa, intencionalmente um dano ou abuso
a outra pessoa, a um grupo de pessoas ou, inclusive e tão perverso quanto, a ela mesma. A
violência pode tomar muitas formas, tais como violência sexual, maus-tratos, bullying, entre
outras perversidades, incluindo aqui atos de guerra e terrorismo.
Atos violentos podem ser estimulados e inibidos por muitos fatores, exemplifico
com a desigualdade de gênero onde elementos religiosos reprimem o conceito de existência
de uma pessoa que não corresponda aos princípios do culto religioso. Aqui claramente relado
a posição sexual e as pessoas transgêneras, que sofrem perseguições a ponto de serem
consideradas por muitos como “aberrações”, porém sofrem violências de pessoas que são
dignas de serem chamadas de aberrações.
Uma das coisas que devemos considerar como premissa é que não existe ser
humano que seja exemplo de violência, isso se deve pelo fato de todo o ser humano ter o
potencial para agir com violência vive em um estado de latência dentro de si, inclusive nas
pessoas que julgamos como “pacificas” que na teoria não teriam nada que pudesse agir ou
praticar à violência, pois isso vai na contramão dos sentimentos humanos, afinal, todos temos
a capacidade de agir com violência de acordo com um determinado fator ou gatilho que traga
esse sentimento à tona.
SANTOS (2002) define a violência como um meio de poder constituído por
múltiplas linhas de poder, e por meio da violência e da coerção realizam relações específicas
entre si e causam danos sociais. o poder permite a emergência da violência. BAUMAN (2001)
foi ambientado na experiência de uma modernidade fluida em que tudo é temporário e fluido,
e a maioria das pessoas enfrenta estados perpétuos de desamparo, inadequação e
vulnerabilidade, fala sobre o drama típico da sociedade moderna. Outras instituições políticas
da própria sociedade dão a devida atenção aos dramas mencionados. Sobre esse discurso da
modernidade, GIDDENS (1991) argumenta que o mundo em que vivemos hoje é tenso e
perigoso, e que isso mina a esperança de que o advento da modernidade nos leve a uma ordem
social feliz e segura. De acordo com a hipótese que consta em FILHO (2001) sobre esse
assunto, a violência ocorre no Brasil em conexão com o passado escravocrata e colonização
da sociedade brasileira e a cultura tradicional herdada baseada no tipo de colonização, assim a
violência torna-se uma linguagem organizacional que leva a uma espécie de senha de
identificação que a distingue. Em consonância com essa confirmação da existência da
linguagem da violência, podemos destacar a análise de PEREIRA (2000) onde ele diz que
existem situações que tornam as pessoas alienadas e hostis à democracia, que mostram as
fronteiras entre as expressões culturais. Assim, há uma linguagem violenta que não só aparece
em conflito que condena a existência de diferentes formas culturais, em que “encontram
modos de expressão, passíveis de exibição privilegiada pela mídia e de assimilação pelo
público, instituindo sentidos e ganhando adeptos.” (PEREIRA, 2000:15).
Por outro lado, ADORNO (2003) considera o debate do legado colonial perigoso,
mas não essencial. Nesse sentido, quando a sociedade brasileira começou a passar pelo
chamado processo de modernização, múltiplas práticas sociais de violência, especialmente a
criminal, passaram a ser vistas como fenômenos relevantes, objetos da ciência e objetos de
intervenção da violência pública, passando a violência sem lugar específico. Ela existe tanto
nos bairros mais prestigiados como nas favelas, abrange o centro e a periferia, e, acima de
tudo, atravessa várias classes sociais. Vários tipos e formas de violência são relatados e
retratados de forma espetacular. Estes incluem roubo, furto, assassinato, sequestro, guerra,
agressão, terrorismo, violência física, violência sexual, violência psicológica e tortura (muitas
vezes perpetrada por autoritários durante regimes e ditaduras), nesse caso exemplificada pela
violência policial, se tornando a mais comumente manifestação de produção da violência
contemporânea. A arquitetura moderna também mostra o medo da violência. Hoje, as casas
não têm muros altos, cercas elétricas ou vista para a rua, mas cães de guarda e sistemas de
alarme. De fato, a arquitetura de espaço aberto se abandona para surgir o espaço para defesa e
proteção, em outras palavras, o espaço passa a ser mais fechado, similar a uma prisão, mas
aqui é para evitar que o mal entre em determinado espaço. Nos bairros e favelas mais pobres,
a violência que não se esconde atrás de cercas e muros está escancarada, e assim “o sabor pela
vida exterior, interioriza-se, e o que se busca, desesperadamente, é a segurança e a defesa.”
(ODALIA, 1985: 10).
MICHAUD (1989) questiona várias causas possíveis de violência classificadas de
acordo com perspectivas antropológicas e sociológicas. A primeira perspectiva dizia respeito
ao surgimento da cultura, aperfeiçoando o instinto, mas tornando-o inútil e perigoso. Essa
abordagem prefere falar sobre agressividade, agressividade, irritabilidade e beligerância. O
comportamento de retirada e fuga se desenvolve após uma ruptura com a animalidade. Ele
enfatiza que, “a agressão acompanha a conquista, a destruição e a exploração. Neste sentido,
há violência no próprio âmago da humanidade, que anima suas invenções, suas descobertas e
sua produção de cultura.” (MICHAUD, 1989:76).
O fenômeno da violência e suas causas devem ser considerados múltiplos.
Acreditamos que esse fenômeno tem múltiplas causas, incluindo disfunção judicial,
impunidade, educação e saúde precárias, corrupção, influência da mídia, crescimento urbano,
egoísmo, ineficácia da intervenção pública, podendo destacar políticas de prevenção à
violência, tolerância tácita das partes (vítimas, outros, peritos), etc. As notícias a que temos
acesso hoje são apresentadas por atores de atos de violência, por isso é importante não
generalizar ou banalizar o assunto antes da análise, avaliação e reflexão. Então eles são atores
não exclusivos, pobreza e miséria. Precisamos pensar como a violência tem sido introduzida
em nosso cotidiano e como as políticas públicas nacionais e as ações da sociedade civil estão
abordando essa questão. Precisamos abordar não apenas as consequências dessa prática, mas
também suas causas. Em outras palavras, precisamos ir mais longe. Assim a violência é:
a) O fato de agir sobre alguém ou de fazê-lo agir contra a sua vontade
empregando a força ou a intimidação; b) o ato através do qual se exerce a
violência; c) uma imposição natural para a expressão brutal dos sentimentos; d)
força irresistível de uma coisa; e) o caráter brutal de uma ação. […] há
violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem de
maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, acusando danos a uma ou várias
pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua
integridade moral, em suas posses, e/ou em suas participações simbólicas e
culturais. (Michaud,1989:7-10)
ECHENIQUE (2000) descreve que a violência necessita de gatilhos para se
manifestar, e que os gatilhos da sociedade se baseiam nas quatro faces da pirâmide
civilizatória, que são: Ciências; Religião; Política; Artes. Com base nesses quatro conceitos, a
filosofia compreende que o que está sendo relacionado como descoberta é ou não ciência, se
tudo o que está sendo apresentado ao público realmente é arte, se tudo o que tramita politica é
ou não politica e se tudo o que for relacionado a religião é uma crença ou uma heresia. Na sua
concepção, a religião é vista como uma espécie de “espiral”, que vai, desde a sua base,
subindo e comparando de forma filosófica as outras três faces. A religião vai colhendo o que
há de “melhor” em cada conceito e formula suas crenças bases e molda os alicerces de
determinado povo. Então essas quatro faces, quando nos a encaramos com o nosso caráter
bem desenvolvido, nos proporciona uma base de apoio para nos desenvolvermos como ser
humano, isso pode ser relacionar como um verdadeiro cientista que “observa o fenômeno,
depois formula a lei que o define”.
Com o que já foi descrito, podemos pegar os conceitos platônicos para
desenvolver ainda mais nosso tema. Para Platão, o ser humano é uma mistura de luz e sombra,
ou seja, temos um tanto de autocontrole, assim como, o seu oposto é o descontrole, que gerará
uma ação tão verdadeira quanto as ações do autocontrole. Filosofando mais sobre Platão,
podemos considerar que o autocontrole é o que nos diferencia dos animais que nos faz
racionais, e o descontrole é o que nos tornas idênticos aos animais nos transformando em
seres irracionais, em outras palavras, seria como se um ser humano colocasse uma máscara
feroz, uma espécie de lobo em pele de cordeiro.
De acordo com a Psicologia Analítica de Carl Jung, o arquétipo da sombra
representa o “lado escuro” ou uma “sombra” de sua personalidade, o submundo selvagem de
sua alma que guarda as partes mais primitivas de você. Egoísmo, instintos reprimidos,
traumas de infância, decepções que nos assombram, sonhos não realizados. Esta é a parte
enterrada nas camadas mais profundas do seu ser. A sombra é o arquétipo do lado escuro de
sua alma. JUNG (2008) também diz que Nenhuma árvore pode crescer ate o céu sem que suas
raízes desçam ate o inferno. Essa ideia expressa a personalidade oculta que todo ser humano
possui. Na superfície, a maioria de nós é (e acredita que sim) pessoas gentis e amigáveis. Mas
alguns de nós são oprimidos. Esses são instintos genéticos que podem esconder violência,
raiva, ódio e inveja.
A maioria das pessoas está cega por seu lado sombrio e faz coisas sem pensar em
seus motivos. Mas uma vez que você percebe esse lado, é natural tentar silenciar seu lado
mais sombrio, e isso também não é o que JUNG (2008) recomenda. Ele diz que é nosso
trabalho na vida nos aceitar plenamente e integrar nossa “sombra” em nossa personalidade.
Então podemos reconhecê-lo e trabalhá-lo cara a cara. Se a ignorarmos e a deixarmos ir
inconscientemente, ela pode roubar nosso equilíbrio e nossas chances de sermos felizes.
Esconder seus demônios internos os torna mais ferozes. Se os silenciarmos, eles acabarão por
assumir o controle de nós. Eles apresentam imagens de si mesmos que não gostamos ou com
as quais não concordamos. Quanto mais autoconsciente, você fica com medo de enfrentar
seus piores motivos.
Como ser humano temos uma mistura de bem/bom e mal/mau, e como seres
distintos uns dos outros, temos doses maiores ou menores de ambos em na mistura de cada
um. Evoluir como ser humano é, exatamente, gerir dentro de cada um de nós um espaço que
seja destinado a ser aquilo que seja contrário de tudo que a resposta seja “não”, ao contrário
que venha a nos desvirtuar do que é ser um ser humano, que somos e queremos ser
preenchidos por tudo o que significa bem/bom que, como seres humanos, conquistamos em
todos esses milhares de anos de evolução e apagar tudo o que seja “sombra”, tudo o que nos
remete a selvageria do alvorecer da humanidade.
A violência não é percebida ali mesmo onde se origina e ali mesmo onde se
define como violência propriamente dita, isto é, como toda prática e toda idéia
que reduza um sujeito à condição de coisa, que viole interior e exteriormente o
ser de alguém, que perpetue relações sociais de profunda desigualdade
econômica, social e cultural. Mais do que isto, a sociedade não percebe que as
próprias explicações oferecidas são violentas porque está cega ao lugar efetivo
de produção da violência, isto é, a estrutura da sociedade brasileira (CHAUÍ,
2003:52).
Não estão sob nosso controle as coisas que os homens consideram bens ou males,
estão sob nosso controle as coisas que nos permitem transformar em bens ou males as que não
estão sob nosso controle, essas coisas ele chama de “escravas” pois não têm vontade própria
nem qualquer poder sobre si mesmas já que estão submetidas ou às leis do cosmos ou à
vontade alheia, as opiniões alheias.
Sobre as opiniões alheias, Epicteto, eu diria que quem se aborrece com insultos e
zombarias, buscar elogios (comumente chamado de puxa-saco), tenta agradar a isto ou aquilo,
e luta por questões de status, paga um alto preço: sua liberdade. Porque se acredita que sua
felicidade depende da aprovação dos outros, o indivíduo passa a ser ditado e escravizado pelo
exterior.
Podemos sintetizar essa porção do texto como que o ser humano que é dominado
pelo “eu animal” faz com que o processo de violência e vítima se perpetue, porque sempre
voltará o seu instinto de violência para uma determinada vítima, sempre haverá um humano
que será, na visão desse humano dominado, digno de sua ira. Ao tomar consciência disso e
começar a trabalhar corretamente podem corrigir, tornar um humano digno, faz com que
tornemos nossa sociedade digna.
Maior do que quem vence mil batalhas é quem vence a si mesmo é conhecida de
todos, pois é mencionado por muitas pessoas como uma frase motivacional, e realmente é.
Mas a frase da doutrina budista é contextualizada onde apenas conseguindo derrotar seu maior
inimigo você conseguirá ser um humano, esse inimigo está dentro de cada um de nós, esse
inimigo é a violência, aquele sentimento latente mas presente que dominamos ou deixamos
nos dominar, ou seja, subordinamos o nosso “eu animal” através da lucidez, da generosidade,
da inteligência e da criatividade.
Assim quando florescer o potencial humano, nada que se opõe a ele pode ser
vitorioso, isso porque a natureza humana usada em todo o seu potencial tem poder
extraordinário, então devemos acreditar e desenvolvê-la, trabalhar as suas possibilidades para
que possamos encontrar as respostas, e isso é melhor para aqueles que amamos e para nós
mesmos. Isso é crescer como seres humanos de modo que com essas ações beneficiamos toda
a humanidade e ajudamos para que todos os problemas sejam resolvidos.
Vencer essa violência interna significa dominar o “eu animal”, esse sentimento
que nos escraviza e limita o “eu humano”, afinal o nosso “eu animal” é violento com o nosso
“eu humano”, você quebra essa primeira violência as outras todas violências se tornam mais
fáceis de quebrar. Sempre o externo é uma consequência do interno, em suma, o homem doma
animais na natureza e tem o poder de domar o seu instinto interno.
Devemos entender a inteligência, afinal a inteligência significa escolher dentre
inúmeras vozes que tem dentro de você quem é você, seu ato de inteligência é sua identidade,
escolher quem você é, principalmente no meio de tudo aquilo que sugerem a você.
Lembrando que você não vive de instintos, não é um ser passivo, muito menos é uma fera
violenta, você deve ser um ser humano que domina os fatores brutais através da inteligência,
da criatividade e da atenção. A cultura, a educação e a civilização deveriam se somar para
fazer aflorar esse elemento para que o humano assumisse as rédeas da resolução dos seus
problemas.
Conclusão
Basicamente esse é o que pretendo trazer para o leitor desse artigo, gostaria de
trazer uma reflexão, que todos reflitam um pouco a respeito dessa intensa batalha que estamos
cotidianamente combatendo entre nosso feroz mas domável “eu animal” contra o pacifista
mas destemido “eu humano”. Percebam que as soluções apontadas são sempre soluções que
não trabalham com a ideia de fazer o ser humano crescer como ser humano, mas sim como
um animal que deve confrontar tudo com violência. É como se fossem dois touros batendo
chifres um com o outro, ou então se tornar a presa indefesa ou se tornar a fera violenta,
lembre que nem um dos dois resolve, afinal, em ambos os casos, vai gerar a destruição.
Quando você opta pelo humano você vai terminar em construção, isso porque
todas as coisas se harmonizam, todas as coisas são colocadas em seu devido lugar. O animal é
dominado, mas não é eliminado, ele está lá agindo com ferocidade a todo o momento e você
sempre tendo que domá-lo. Suas melhores energias são canalizadas e percebemos que o
“cavaleiro” conduz o “cavalo” e chegamos todos juntos no ápice da pirâmide. Uma sentença
da filosofia que ofereço para terminar é sempre usar as “saídas humanas”, não deixando cair
naquele sofismo de ter sido excluído, ou isso ou aquilo. Existe sempre uma terceira opção, em
geral mais elevada, que é a ponta do triângulo, nem passivo e nem feroz, apenas seja humano,
e com isso encontramos soluções consistentes, brilhantes e duradoras.
Referências:
ADORNO, S. A violência na sociedade brasileira: um painel inconcluso em uma
democracia não consolidada. In: Sociedade e Estado. Brasília: UnB, v.X(2), p.299-
342, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 08 Out. 2022.
ANJOS, Erly Euzébio dos. A banalização da violência e a contemporaneidade. In:
CAMACHO, Thimoteo (org.). Ensaios sobre violência. Vitória: EDUFES, 2003
ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo e posfácio de
Celso Lafer. 10.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
________. Sobre a violência. Tradução de André Duarte. Rio de Janeiro: Relume
Dumará, 1994.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
________. Liquid Fear, Cambridge: Polity Press, 2006.
________. Desafios educacionais da modernidade líquida. Revista Tempo Brasileiro,
Rio de Janeiro, n. 148, p. 41-58, jan./mar., 2002.
BLAVATSKY, H. P.. A Voz do Silêncio. Brasil: Pensamento, 2014.
BORGES, Jorge Luis. Obras completas. Buenos Aires: Emecé Editores, 1994.V.3.
CHAUI, Marilena. Ética e violência. Teoria & Debate, São Paulo, Fundação Perseu
Abramo, n. 39, p 32-41, out/nov/dez. de 1998.
________. Ética, Política e Violência. In: CAMACHO, Thimoteo (org.). Ensaios sobre
Violência. Vitória: EDUFES, 2003. pp. 39-59
CORSANO, M. Glaukos. Miti greci di personaggi omonimi. Roma: Ateneo, 1992.
CROSBY, Alfred W. Imperialismo ecológico. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
ECHENIQUE, Michel. As raízes da violência: conhecer para evitar. Belo
Horizonte/MG: Nova Acrópole, 2000.
EPICTETO. Manual de Epicteto: ou recordações estoicas para o bem viver. Belo
Horizonte: Nova Acrópole, 2016.
EURÍPEDES: Théâtre Complet. Paris: GF – Flammarion, vol I e II, 1989.
FILHO, C.M. Violência fundadora e violência reativa na cultura brasileira. São Paulo
em Perspectiva (online). São Paulo, v.15, n.2, p.20-27, 2001. Disponível em:
<http://www. scielo.br>. Acesso em: 08 Out. 2022.
FORRESTER, Viviane. O horror econômico. São Paulo: Ed. UNESP, 1997.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 19ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora Unesp,
1991.
HEGENBERG, Leônidas. Filososofia moral: metaética. Rio de Janeiro: E-papers,
2010a.
IDOETA, P.A. A história que deu origem ao mito da ligação entre vacinas e autismo;
BBC Brasil, São Paulo. 24-jul-2017. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-40663622; Acesso: 13/10/2022.
JARES, Xésus. Educação para a paz: sua teoria e sua prática. Porto Alegre: Artmed,
2002.
JUNG, C. G. O Eu e o Inconsciente. Tradução de Dora Ferreira Da Silva, 21.ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
LEVI, Primo. Os afogados e os sobreviventes. São Paulo: Paz e Terra, 1990.
MARX, K. and ENGLES, F. The Communist Manifesto, trans. S. Moore, London:
Penguin (1985).
MICHAUD, Y. A violência. São Paulo: Ática, 1989. 119p.
MORIN, Edgar; KERN, Anne B. Terra-Pátria. Porto Alegre: Sulina, 1995.
ODALIA, N. O que é violência. São Paulo: Nova Cultural: Brasiliense, 1985. 95p.
OVÍDIO. Les Métamorphoses. Paris: Les Belles Lettres, 2002.
PEREIRA, C.A.M. Introdução. In: PEREIRA, C.A.M. [et al.]. Linguagens da
violência. Rio de Janeiro: Rocco, p.13-22, 2000.
PLATÃO. La République. Paris: Les Belles Lettres, 1959.
PONTING, Clive. A green history of the World. Londres: Penguin Books, 1991.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
________. O processo civilizatório. Etapas da evolução sociocultural. São Paulo:
Companhia das Letras, 2001.
SANTOS, J. V dos. Microfísica da violência, uma questão social mundial. In: Ciência
e Cultura (online). São Paulo, v.54, n.1, p.22-24, Jun-Set 2002. Disponível
em:<http://www.cienciaecultura.bvs.br/scielo>. Acesso em: 08 Out. 2022.
SCHÜTZ, A. Der sinnhafte Aufbau der sozialen Welt. Eine Einleitung in die
Verstehende Soziologie. Frankfurt am Main Suhrkamp, 1993.
________. Collected Papers I. The Problem of Social Reality. The Hague: Martinus
Nijhoff, 1973.
WIEVIORKA, Michel. O novo paradigma da violência. Tempo Social; Sociologia.
USP, São Paulo, 9 (1), p. 5-41, maio de 1997.
ZIZEK, S. Iraq: the Borrowed Kettle, London and New York: Verso, 2005.