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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA

PEDAGOGIA

MARIA CAROLINE RIBEIRO PAES

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR FRENTE ÀS TEORIAS E CONCEPÇÕES


PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS.

JUNDIAÍ
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA
PEDAGOGIA

MARIA CAROLINE RIBEIRO PAES

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR FRENTE ÀS TEORIAS E CONCEPÇÕES


PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS.

Produção textual interdisciplinar individual


objetivando promover a reflexão sobre a
necessidade do conhecimento para a formação
do professor frente às teorias e concepções
pedagógicas contemporâneas.

JUNDIAÍ
2021
INTRODUÇÃO

Vivemos um novo tempo. A sociedade mudou e, dia-a-dia, precisa se adaptar


aos efeitos dos vastos recursos tecnológicos que modernizam as ações e
influenciam a vida de todos. Isso não é diferente quando analisamos o cotidiano
escolar. Neste contexto, o professor, um dos principais protagonistas do processo
educativo, precisa cotidianamente rever sua prática pedagógica, influenciada
diretamente pela modernização dos sistemas, pela inovação tecnológica e pelo
imediatismo que tudo isso traz para as relações humanas.

Deste modo, esta reflexão tem por objetivo trazer um olhar para este
profissional que, no momento atual precisa reinventar sua prática, adaptando-a a
este novo contexto social, influenciado principalmente pela inovação tecnológica e
suas implicações sobre a vida das pessoas. Para tal, é importante analisar o
processo de construção social e histórico da profissão docente, pois, segundo Paulo
Freire, “não há atualidade nacional que não seja processo histórico” (FREIRE, 2012,
p. 25). Além disso, algumas questões precisam ser analisadas e debatidas, pois
permeiam as relações e a profissão docente. Assim, observar os impactos causados
pelo surgimento das novas teorias curriculares, o processo de construção das
práticas pedagógicas, o currículo escolar e a importância da avaliação de
aprendizagem sobre o processo educativo, podem levar a uma reflexão fundamental
que tragam subsídios para a mudança da prática docente e consequente melhoria
da qualidade da educação oferecida em nossas escolas.
As implicações históricas sobre a prática docente atual

Sabemos que é através da história que podemos voltar ao passado e analisar


suas implicações sobre o presente. Desde a época dos jesuítas, a educação e
consequentemente a função docente, vem passando por diversas mudanças
ocasionadas pelos momentos históricos pelos quais passamos. Apesar desta
influência histórica e das mudanças causadas por ela, muitos resquícios ainda
pairam sobre a prática docente atual, pois,

[...] esse pensar, alimentado pelo presente, trabalha com “os fragmentos do
pensamento” que consegue extorquir do passado e reunir sobre si. Como
um pescador de pérolas que desce ao fundo do mar, não para escavá-lo e
trazer à luz, mas para extrair o rico e estranho, às pérolas e o coral das
profundezas, e trazê-los à superfície, esse pensar sonda as profundezas do
passado – mas não para ressuscitá-lo tal como era e contribuir para a
renovação das coisas extintas. (ARENDT apud STEPHANOU; BASTOS,
2005, p. 416).

Deste modo, lançar uma luz sobre o passado significa analisá-lo para
entender o presente, de modo a tentar modificá-lo para aprimorar e melhorar os
resultados das práticas hoje desenvolvidas. Para a educação este fato é
fundamental. Com a mudança hoje vista em nossa sociedade, impactada
principalmente pelo avanço tecnológico, pela urbanização acentuada e pela prática
capitalista do consumo, a escola precisa reinventar-se para atender a demanda
atual, não cabendo mais em seu contexto práticas oriundas de um passado distante.
Por outro lado, é fundamental observar os registros históricos para, refletindo sobre
eles, propor mudanças que possam aprimorar o trabalho hoje realizado pelos
professores em nossas escolas.

Estas representações históricas, ou seja, este conhecimento do passado


contribui para que o educador possa entender o seu papel presente, além de
oportunizar uma positiva reflexão sobre todas as implicações causadas sobre sua
prática docente. Nóvoa, um dos grandes defensores da prática reflexiva e da
socialização de experiências, afirma que,

O mínimo que se exige de um educador é que seja capaz de sentir os


desafios do tempo presente, de pensar a sua ação nas continuidades e
mudanças do trabalho pedagógico, de participar criticamente na construção
de uma escola mais atenta às realidades dos diversos grupos sociais.
(NÓVOA, 1996, p. 01).
Nesta afirmação, Nóvoa (1996) ressalta que para estudar o passado, ou seja,
o estudo histórico devemos analisar se os vestígios deixados foram estabelecidos
em um espaço-tempo, visto que em cada momento histórico, a educação atendeu a
determinados objetivos que correspondiam a visões de homem e de mundo,
constituindo assim, relações entre fatos passados e presentes, “não como uma
investigação do passado em si, mas de indícios a partir dos quais o historiador
interpreta o passado” (ABBUD. 2008, p.6).

Nóvoa ainda defende a História da Educação como precursora das outras


ciências da educação, defesa esta realizada por meio de quatro ideias principais
(1999 apud GATTI Jr 2008, p. 226-227),

1. “[...] A História da Educação deve ser justificada, em primeiro


lugar, como História e deve procurar restituir o passado em si mesmo, isto
é, nas suas diferenças com o presente... [...]”.
2. “A História da Educação pode ajudar a cultivar um saudável
ceticismo, cada vez mais importante num universo educacional dominado
pela inflação de métodos de modas e de formas educativas [...]”.
3. “A História da Educação fornece aos educadores um
conhecimento do passado coletivo da profissão, que serve para formar a
sua cultura profissional. Possuir um conhecimento histórico não implica ter
uma ação mais eficaz, mas estimula uma atitude crítica e reflexiva”.
4. “A História da Educação amplia a memória e a experiência, o
leque de escolhas e de possibilidades pedagógicas, o que permite um
alargamento do repertório dos educadores e lhes fornece uma visão da
extrema diversidade das instituições escolares do passado [...]”.

Em outras palavras, “estudamos o passado para entender o presente e o


passado em si mesmo, pois podemos compará-los, mas não julgá-los” (SILVA,
2013). Todas estas reflexões são fundamentais para que o professor possa
conhecer a formação da sua profissão para entendê-la e transformá-la, aprimorando
cada vez mais sua prática pedagógica.

As teorias curriculares e a prática docente: análise e inferências

Ao longo da história, após estudos e análise da escola e da prática docente,


várias teorias curriculares surgiram. Estas, consequentemente, geram grandes
implicações sobre o trabalho pedagógico realizado pelo professor. Este, antes
concebido como um transmissor de saberes, voltados para a reprodução de
conteúdos, agora precisa repensar seu papel educativo, numa postura mais crítica e
transformadora.

Se olharmos para o currículo, este começou efetivamente a ser discutido a


partir da década de 1920 e 1930, com as reformas promovidas pelos pioneiros da
Escola Nova, numa tentativa de romper com a escola tradicional, que visava a um
ensino para a reprodução de conteúdos, para a transmissão de conhecimentos já
sistematizados e acumulados pela humanidade. (MOREIRA, 1990). O papel do
professor a partir da teoria tradicional, segundo Eyng (2007, p. 118), “[...] pode ser
resumido como ‘dar a lição’ e ‘tomar a lição’, não se apresentando maiores
preocupações em vincular as informações com o contexto social onde o sujeito
está.” Já a Escola Nova, que veio opor-se à visão tradicional da educação, tendo
como precursor Anísio Teixeira, trouxe inovações no pensamento sobre o currículo,
na perspectiva de organizá-lo, priorizando os interesses e as necessidades das
crianças. Segundo afirmações de Moreira, (1990, p. 88) “[...] pela primeira vez
disciplinas escolares foram consideradas instrumentos para o alcance de
determinados fins, ao invés de fins em si mesmas, sendo-lhes atribuído o objetivo de
capacitar os indivíduos a viver em sociedade.”

Numa perspectiva de modernização, democratização, industrialização e


urbanização da sociedade, o movimento Escola Nova apresenta um enfoque na
aprendizagem dos alunos de modo ativo, conforme afirma Romanowski (2007, p.
53):

O professor é visto como mediador para promover essa


aprendizagem. O aluno é o centro do processo escolar; o professor é um
facilitador, artista ou profissional clínico que deve empregar sua sabedoria,
experiência e criatividade para agir na promoção das condições do
desenvolvimento, para a aprendizagem dos seus alunos. A prática docente
acontece na valorização das relações e dos processos cognitivos; o próprio
professor é considerado um aprendiz.

Apesar de ainda hoje observarmos a prática tradicional no trabalho


desenvolvido em nossas escolas, este movimento possibilitou um novo olhar sobre a
função docente. Este deixa de ser o centro da relação ensino-aprendizagem,
empírico da perspectiva tradicional, para colocar-se enquanto aprendiz, que aprende
enquanto proporciona atividades em que é o mediador entre o conhecimento e a
descoberta do alunado.
Mesmo diante destas implicações trazidas pelo movimento citado, o ensino
tradicional ainda fez-se presente por longo tempo nas escolas brasileiras, tendo
resquícios vislumbrados ainda hoje no processo educativo. Olhando para o
movimento histórico nacional, percebemos também a influência do tecnicismo sobre
a educação brasileira, motivada pela busca do lucro e da produção em massa.
Ciência e tecnologia ficaram à mercê do capital, com controle do trabalho e do modo
de produção. Somente quando surgiram os movimentos organizados pelas classes
trabalhadoras em busca de reivindicações é que a educação volta para o debate
social. Neste contexto, a criticidade surgiu com intensidade, num modelo pedagógico
que busca “a formação de sujeitos mais autônomos, capazes de intervir na realidade
existente e transformá-la.” (PINHEIRO, 2009).

Conforme PINHEIRO (2009), “falar em teoria crítica remete a citar Paulo


Freire, um grande pensador, que se preocupou intensamente com a educação
popular, com os problemas educacionais brasileiros e que contribuiu
significativamente para a teoria crítica do currículo.” De acordo com o pensamento
de Freire, “para que ocorra uma mudança significativa na educação, é preciso
transformar a maneira como o ensino está sendo concebido, para uma forma de
emancipação, como prática de liberdade.”

Diante de todas estas implicações sobre o currículo, cabe ao professor buscar


afirmar-se enquanto profissional que atua como agente transformador, assumindo
uma postura que possibilite refletir sobre sua prática cotidiana, para aprimorá-la e
transformá-la de modo a cada vez mais formar cidadãos que possam ser sujeitos de
mudança e transformação. Mas, como garantir um prática reflexiva e
transformadora?

O papel da avaliação na prática docente: agindo e refletindo

Conforme explicitado no decorrer deste texto, o professor sempre teve sua


prática atrelada às mudanças sociais e aos contextos históricos causadores destas
mudanças. Numa sociedade atual moldada pelo avanço tecnológico, pelas grandes
mudanças sociais, o que traz impactos diversos nas relações humanas, além do
imediatismo e consumismo exacerbado, fruto da prática capitalista e neoliberal, a
prática docente necessita ser repensada e reinventada. Neste contexto a avaliação
contínua e formativa necessita ser uma prática cotidiana, pois é somente refletindo
sobre suas ações que o professor consegue analisa-las e modifica-las. A avaliação
precisa permear todas as ações educativas. Assim, ao lançar um olhar sobre sua
gestão da sala de aula, sua prática docente e sua intervenção junto ao alunos, é que
o professor pode exercitar a prática reflexiva que leva a uma mudança de postura e,
consequentemente, a uma melhoria da qualidade do ensino oferecido.

O processo de reflexão – ação – reflexão precisa ser uma constante.


Conforme já dito, somente refletindo sobre sua prática é que o professor irá
conseguir modifica-la. Porém, outras questões também precisam ser citadas, que
corroboram com uma mudança de postura e com o aprimoramento da prática
docente. Um planejamento bem elaborado, pensado e construído a partir de uma
avaliação diagnóstica bem feita, da observação e dos registros realizados pelo
professor, o que culmina numa documentação pedagógica rica e consistente, aliada
à socialização de experiências com seus pares, pois a troca possibilita a percepção
de novas ideias, posturas e concepções, levam o professor a pensar modificações
sobre sua prática cotidiana, o que resultará num trabalho mais efetivo e consistente
com seus alunos.

Sabemos que estamos vivendo uma sociedade nova, moderna e tecnológica,


onde as relações são permeadas pelo imediatismo e pelo desejo de ter. Formar
sujeitos que possam transformar este cenário é um grande desafio e a escola, junto
com o fazer docente, precisam, num processo de avaliação contínuo e reflexivo,
repensar o papel do professor e sua prática para que a sociedade possa cada vez
mais receber sujeitos que possam atuar sobre ela, transformando-a.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente texto traz uma importante reflexão sobre a formação docente e as


diversas implicações que podem ou não aprimorar seu trabalho cotidiano no
ambiente escolar.

O pequeno recorte história da educação brasileira aqui citado mostra a


trajetória da escola e da consequente atuação docente até os dias atuais. De uma
educação tradicional, a qual tem o professor enquanto o centro de processo de
ensino aprendizagem, enquanto transmissor de saberes, voltados para a reprodução
de conteúdos até contexto atual, onde este passa a ser o mediador do
conhecimento, numa prática que busca tornar o ensino e a aprendizagem mais
críticos, buscando formar sujeitos autônomos, capazes de intervir na realidade
existente, transformando-a. Para tal, este caminho necessita ser acompanhado por
um processo avaliativo contínuo e reflexivo, onde o olhar apurado do professor, o
planejamento de atividades lúdicas e diferenciadas e a socialização de experiências,
num processo de trocas contínuas e formativas, sejam os grandes precursores de
uma prática transformadora.
REFERÊNCIAS

ABBUD, Maria Luiza Macedo. A história da educação como disciplina nos


cursos de formação de professores. ANPED SUL 2008. VII Seminário de
Pesquisa da Região Sul. UNIVALI/Itajaí - SC. jun.2008, p.1-8.

Apresentação: Por que a história da educação?. In: STEPHANOU, Maria;


BASTOS, Maria H. C. (Orgs.). Histórias e Memórias da Educação no Brasil, vol. II:
Séc. XIX. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

EYNG, A. M. Currículo escolar. Curitiba: Ibpex, 2007.

FREIRE, Paulo. Educação e Atualidade Brasileira, 1956. ROMÃO, Eustáquio


(Org.). São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2012.

MOREIRA, A. F. B. Currículos e programas no Brasil. 3. ed. São Paulo: Papirus,


1990.

NÓVOA, António. História da educação: percursos de uma disciplina.


Lisboa/Portugal. Universidade de Lisboa. Texto traduzido em 1996.

PINHEIRO, Geslani Cristina Grzyb. Teoria curricular crítica e pós-crítica: uma


perspectiva para a formação inicial de professores para a educação básica.

SILVA, Amanda Oech. A importância do ensino da história da educação no


curso de pedagogia para a formação de professores. XI Congresso Nacional de
Educação – EDUCERE, 2013.

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