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A Formação Da Bíblia
A Formação Da Bíblia
A questão canônica envolve a quantidade de livros que pertencem à Bíblia. Logo, o termo
“cânon” refere-se à lista autorizada dos livros que formam a Bíblia. Obviamente, foram
escritos de maneira individual por vários autores durante um longo período. Mas como
foram reunidos e quem decidiu quais formariam o cânon da Escritura?
1. Sua origem. Essa palavra vem do termo grego kanon, que se referia a uma régua ou
instrumento de medição. Logo, passou a significar uma regra de ação (Gl 6.16; Fp 3.16).
2. A história do uso dessa palavra. Na Igreja primitiva, a palavra cânon era usada para
referir-se aos credos. Na metade do século 6, passou a ser usada para se referir à Bíblia;
ou seja, a lista de livros aceitos e reconhecidos como integrantes da Bíblia.
3. Seu significado. Na verdade, a palavra cânon tem duplo significado. Refere-se à
lista de livros bíblicos que passaram por certos testes ou regras e, por isso, foram
considerados autorizados e canônicos. Mas também significa que essa coleção de livros
canônicos passou a ser nossa regra de vida.
4. Fechamento do cânon. Desde o ano 397, a Igreja cristã considera que o cânon da
Bíblia está completo. Nesse caso, então deveria ser fechado. Portanto, não podemos
esperar que outros livros sejam descobertos ou escritos e abrir novamente o cânon para
acrescentá-los aos 66 livros. Mesmo que outra carta de Paulo fosse descoberta, não seria
considerada canônica. Afinal de contas, Paulo deve ter escrito muitas cartas durante sua
vida além daquelas que estão no Novo Testamento; ainda assim, a Igreja não as incluiu
no cânon. Nem tudo o que um apóstolo escreveu foi inspirado, pois os escritos eram
inspirados, não o autor. Além disso, nem tudo o que eles redigiram foi necessariamente
inspirado por Deus.
Alguns livros mais recentes, como os usados pelas seitas, são colocados em pé de
igualdade com a Bíblia, mas não foram inspirados e, portanto, não podem esperar ser
incluídos no cânon das Escrituras. Certamente, essas alegadas “declarações” ou visões
proféticas, que alguns afirmam ser provenientes de Deus, hoje em dia não podem ser
inspiradas nem consideradas parte da revelação divina, nem ter qualquer tipo de
autoridade como os livros canônicos.
1. Sua importância. Esses rolos (ou manuscritos) mostram que os livros do Antigo
Testamento foram reconhecidos como sagrados no período entre o Antigo e o Novo
Testamento.
2. Seu número. Cerca de 175 dos 500 rolos do mar Morto são bíblicos. Existem muitas
cópias de vários livros do Antigo Testamento e todos os livros veterotestamentários
estão representados nos rolos, com exceção de Ester.
A FORMAÇÃO DA BÍBLIA (O CANÔN)
3. Seu testemunho. A existência de livros bíblicos entre os rolos não é, por si mesma,
uma prova de sua canonicidade, pois também existem alguns livros não canônicos entre
eles. No entanto, muitos dos rolos do mar Morto são comentários de livros canônicos.
Isso parece indicar que foi reconhecida uma distinção entre livros canônicos e não
canônicos. Além disso, 20 dos 39 livros do Antigo Testamento são citados ou chamados
de Escritura. Em resumo, os rolos dão uma evidência positiva da canonicidade de quase
todos. As exceções são os livros de 1 e 2Crônicas, Ester e Cantares de Salomão.
C. Outras evidências
1. O prólogo de Eclesiástico. Esse livro não canônico refere-se a uma divisão tripla dos
livros (ou seja, a Lei, os Profetas e os chamados “hinos e preceitos para a conduta
humana”), conhecidos pelo avô do autor (c. de 200 a.C.).
2. Filo. O escritor Filo referiu-se a essa divisão tripla por volta do ano 40.
3. Josefo. O historiador Josefo (37–100 d.C.) afirmou que os judeus consideravam
sagrados apenas 22 livros (que possuem exatamente o mesmo texto dos 39 livros que
temos em nosso Antigo Testamento, mas com uma divisão diferente). Josefo incluiu
cinco livros do Pentateuco, treze “Profetas” (Josué, Juízes incluindo Rute, Samuel, Reis,
Crônicas, Esdras/Neemias, Ester, Jó, Isaías, Jeremias, inclusive Lamentações, Ezequiel, os
doze profetas menores e Daniel) e quatro “hinos a Deus e preceitos para a conduta
humana” (Salmos, Cântico dos Cânticos de Salomão, Provérbios e Eclesiastes).
4. O Sínodo de Jâmnia. Jamnia (90 d.C.) era uma escola de rabinos que discutia a
canonicidade. Alguns questionavam se era correto aceitar (como estava sendo feito)
Ester, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Essas discussões diziam respeito ao cânon já
existente.
5. Os pais da Igreja. Os pais da Igreja aceitaram os 39 livros do Antigo Testamento. A
única exceção era Agostinho (400 d.C.), que incluiu os apócrifos (os livros “extras” do AT
presentes na Bíblia usada pelos católicos). Porém, reconheceu que esses escritos não
tinham autoridade total. Os livros apócrifos não foram reconhecidos como parte do
cânon até o Concílio de Trento (de 1546), mas foram aceitos apenas pela Igreja Católica.