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Mensagem

Poema
«O Mostrengo»
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Pieter Mulier, Tempestade no mar (c. 1690).


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Segunda Parte:
MAR PORTUGUÊS «De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
IV. O Mostrengo Disse o Mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
«Quem vem poder o que só eu posso,
O Mostrengo que está no fim do mar Que moro onde nunca ninguém me visse
Na noite de breu ergueu-se a voar; E escorro os medos do mar sem fundo?»
À roda da nau voou três vezes, E o homem do leme tremeu, e disse:
Voou três vezes a chiar, «El-Rei D. João Segundo!»
E disse, «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo, Três vezes do leme as mãos ergueu,
Meus tetos negros do fim do mundo?» Três vezes ao leme as reprendeu,
E o homem do leme disse, tremendo, E disse no fim de tremer três vezes:
«El-Rei D. João Segundo!» «Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o Mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
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Onde está
o Mostrengo?

«no fim do mundo» — Fim do mundo Simboliza:
conhecido — O mar
— O limite ultrapassado desconhecido
pelos portugueses — O medo
— Os perigos
— A incerteza
As ideias de desconhecido
e enigmático são
O que faz? intensificadas
Voa, chia e ameaça pela escuridão
«três vezes» da «noite de breu»

Expressão repetida
no poema Ideia de perfeição/totalidade/unidade divina

O confronto entre o Mostrengo


e o homem do leme é iniciático

Simbolismo do número 3
Passo necessário num percurso difícil e enigmático
que dará aos Portugueses o domínio dos mares
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O homem Demonstra
do leme Medo + Coragem

Como?
Representa
— Prendendo as mãos ao leme
D. João II
— Repetindo «El-Rei D. João
e
Segundo!»
o povo português
— Respondendo ao Mostrengo

Não tem nome
porque age em
nome de um rei Apesar de se debater
e de um povo — com o terror que lhe inspira
o seu papel não o Mostrengo, enfrenta-o
é individual
António Manuel da Fonseca,
Vasco da Gama (1838).
Representação de todos os medos:
«escorro os medos do mar»
(metáfora)

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