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Sistemas Sensoriais e as agnosias

Bruno Fernandes Borginho, Esp.


Introdução
• Os processos mentais humanos são sistemas
funcionais complexos que requerem o
funcionamento combinado de áreas individuais
do cérebro. Sendo essencial determinar a
contribuição dada por cada área do cérebro para
esse sistema funcional complexo e estabelecer
que fatores de atividade mental são da
responsabilidade deste ou daquele sistema
cerebral.
(Luria, 1981)
Percepção

Percepção é a capacidade de conferir significado

a estímulos detectados pelos canais

sensoriais. Ela representa a interpretação das

sensações.
Percepção visual
• Embora nosso sistema visual nos forneça uma
representação unificada do mundo ao nosso
redor, essa representação tem múltiplas
facetas.
Percepção visual
• Os objetos que vemos têm forma e cor. Eles
têm uma posição no espaço e, às vezes,
movem-se. Para que vejamos cada uma
dessas propriedades, os neurônios em alguma
parte do sistema visual devem ser sensíveis a
elas. Além disso, uma vez que temos dois
olhos, temos, na verdade, duas imagens
visuais em nossa cabeça, e, de alguma forma,
elas devem mesclar-se.
Sistema visual
• O sistema visual dos mamíferos começa pelo
olho. No fundo deste órgão, encontra-se a
retina, a qual contém fotorreceptores
especializados na conversão de energia
luminosa em atividade neural.
Sistema visual
• Em um certo sentido, cada olho tem duas
retinas superpostas, uma especializada em
baixos níveis de iluminação, como o que
experimentamos do crepúsculo até o
alvorecer do dia, e outra especializada em
altos níveis de iluminação e na detecção da
cor, geralmente utilizada durante o dia.
Sistema visual
• Independentemente da hora do dia, contudo,
o sinal de saída da retina não é uma
representação fiel da intensidade da luz que
sobre ela incide. A retina é, sobretudo,
especializada na detecção de diferenças na
intensidade da luz que cai sobre diferentes
porções dela. O processamento de imagens
começa na retina muito antes de qualquer
informação visual alcançar o resto do
encéfalo.
Sistema visual
• Os axônios dos neurônios retinais reúnem-se
em feixes, constituindo os nervos ópticos,
encarregados de distribuir a informação visual
(na forma de potenciais de ação) à diversas
estruturas encefálicas que realizam diferentes
funções.
• Algumas dessas estruturas estão envolvidas na
regulação dos ritmos biológicos,
sincronizando-os com o ciclo claro-escuro
diário; outras estão envolvidas no controle da
posição do olho e de suas propriedades
ópticas. Contudo, a primeira estação sináptica
na via que serve à percepção visual ocorre em
um grupo de células do tálamo dorsal, o
núcleo geniculado lateral ou NGL. A partir do
NGL, a informação ascende ao córtex cerebral,
onde será interpretada e lembrada.
Percepção visual
• A via que
trabalha para a
percepção visual
consciente inclui
o núcleo
geniculado lateral
(NGL) do tálamo
e o córtex visual
primário,
também
chamado de área
17, V1 ou córtex
estriado.
Percepção visual
• Projeção retinofugal: nervo óptico, o quiasma
óptico e o tracto óptico.

• Os nervos ópticos de ambos os olhos se


combinam para formar o quiasma óptico, que
se localiza na base do encéfalo,
imediatamente à frente de onde se posiciona
a glândula hipófise.
Percepção visual
Percepção visual
• No quiasma óptico, os axônios que se
originam nas porções nasais das retinas
cruzam de um lado para o outro.

• Decussação.

• Parcial no caso da projeção retinofugal


Percepção visual
Percepção visual – Campo visual
Percepção visual – Campo visual
• O campo visual completo é toda a região do
espaço (medida em graus de ângulo visual)
que pode ser vista com ambos os olhos
olhando diretamente para a frente.

• Hemicampos visuais

• Campo visual binocular


Via visual
Via visual
• Axônios do tracto –conexões com hipotálamo
• Outros 10 % atravessarem o tálamo, indo
inervar o mesencéfalo.
• A maior parte - núcleo geniculado lateral
(NGL) do tálamo dorsal - córtex visual
primário. (radiação óptica).
• Lesões: cegueira em parte ou em todo o
campo visual.
Córtex visual
• O NGL tem um único
alvo sináptico principal:
o córtex visual primário.

• Área 17 de Brodmann
superfície medial do
hemisfério ao redor do
sulco calcarino.

• V1 e córtex estriado.
Fluxos de informações visuais
• O fluxo dorsal parece servir para a análise do
movimento visual e para o controle visual da
ação.

• Acredita-se que o fluxo ventral esteja


envolvido na percepção do mundo visual e no
reconhecimento de objetos
Fluxo de informações visuais
Fluxo Dorsal
• Área V5 ou MT: processamento especializado
do movimento de objetos.
• Área temporal superior medial (MST), há
células com seletividade para movimento
linear (como em MT), movimento radial (tanto
centrípeto quanto centrífugo) e movimento
circular (tanto no sentido horário quanto no
sentido anti-horário).
Fluxo Dorsal
• 1. Navegação.

• 2. Orientação do movimento dos olhos.

• 3. Percepção do movimento.
Fluxo Ventral
• Paralelamente ao fluxo dorsal, uma
progressão de áreas desde V1, V2 e V3,
correndo ventralmente em direção aos lobos
temporais, parece ser especializada na análise
de outros atributos visuais que não o
movimento.
• A Área V4: seletividade de orientação e de cor.
Percepção tanto da forma quanto da cor.
• Acromatopsia.
Fluxo Ventral
• Área IT: reconhecimento de faces. Giro fusiforme
(37)

• os sinais de saída da área IT seguem para


estruturas do lobo temporal, envolvidas no
aprendizado e na memória; a própria área IT
pode ser importante tanto para a percepção
visual quanto para a memória visual. O
reconhecimento de um objeto claramente
envolve uma combinação ou comparação de
informações sensoriais que chegam com
informações armazenadas.
Fluxo Ventral
• Experimentos mais recentes revelaram que
há, na verdade, cerca de meia dúzia de áreas
no córtex dentro e próximo à área IT, as quais
são principalmente sensíveis à faces, e
neurônios em cada região apresentam
distintos graus de sensibilidade à identificação
de faces e de outros atributos, como o lado da
cabeça que é visto (esquerda, direita, de
frente, por detrás).
Fluxo ventral – áreas da face
Percepção auditiva
• As aferências do gânglio espiral entram no
tronco encefálico pelo nervo vestibulococlear.
No nível do bulbo, cada axônio ramifica-se de
modo a fazer sinapse simultaneamente com
neurônios do núcleo coclear posterior e do
núcleo coclear anterior, ipsilaterais à cóclea,
de onde os axônios se originam.
Percepção auditiva
• Uma via particularmente importante dos
núcleos cocleares ao córtex auditivo, as
células do núcleo coclear ventral, projetam
seus axônios à oliva superior (também
chamada de núcleo olivar superior) de ambos
os lados do tronco encefálico. Os axônios dos
neurônios olivares ascendem pelo lemnisco
lateral (um lemnisco é um conjunto de
axônios) e inervam o colículo inferior, no
mesencéfalo.
Percepção auditiva
• Muitos axônios eferentes do núcleo coclear
posterior seguem por uma rota similar à via do
núcleo coclear anterior, mas a via posterior segue
diretamente, sem parar na oliva superior. Embora
existam outras vias dos núcleos cocleares ao
colículo inferior com outros núcleos de
retransmissão intermediários, todas as vias
auditivas ascendentes convergem para o colículo
inferior. Os neurônios do colículo inferior enviam
seus axônios ao núcleo geniculado medial (NGM)
do tálamo, o qual, por sua vez, projeta-se ao
córtex auditivo.
Córtex auditivo
• Os axônios que deixam o NGM se projetam ao
córtex auditivo através da cápsula interna em
um arranjo denominado radiação acústica. O
córtex auditivo primário (A1) corresponde à
área 41 de Brodmann no lobo temporal.
Córtex auditivo
Córtex auditivo
• Em geral, os neurônios da área A1 estão
sintonizados de maneira relativamente precisa
para a frequência sonora e possuem
frequências características que cobrem todo o
espectro de som audível. Na representação
tonotópica de A1, as baixas frequências estão
representadas rostral e lateralmente, ao passo
que as altas frequências estão representadas
caudal e medialmente.
Córtex auditivo
• Em seres humanos, o déficit primário que
resulta de uma perda unilateral de A1 é a
incapacidade para localizar a fonte da qual
emana um som. Pode ser possível determinar
de qual lado da cabeça vem um som, mas há
pouca habilidade para localizar o som de
forma mais precisa. A realização de tarefas
como a discriminação da frequência ou da
intensidade do som está próxima do normal.

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