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Professor:

Lucas Lüdtke
CRP 07/18054
Especialista em Psicologia Cognitivo-Comportamental -
UFRGS
Mestre em Promoção da Saúde - UNISC
lucasludtke@hotmail.com;
Psicologia Cognitivo-Comportamental II

UNIDADE 5 - ENTREVISTA E TÉCNICAS


TERAPÊUTICAS

5.5 – Técnicas para evocação e avaliação de crenças.

Referências:
BECK, J. S. Terapia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed,
1997. PP 146-199.
WRIGHT, J. H.; BASCO, M. R.; THASE, M. E.
Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental: um
guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008. PP 137-156.
IDENTIFICANDO E MODIFICANDO AS CRENÇAS
INTERMEDIÁRIAS

crenças podem ser classificadas em duas categorias:


crenças intermediárias (compostas por regras,
atitudes e suposições)
e crenças centrais (idéias absolutistas, rígidas e
globais sobre si próprio e/ou outros).

As crenças intermediárias, embora não sejam tão


facilmente modificáveis quanto os pensamentos
automáticos, são ainda mais maleáveis do que as
crenças centrais
Conceituação cognitiva

para ajudar o terapeuta a planejar a terapia, tornar-se


hábil em escolher intervenções apropriadas e superar
os pontos “Emperrados” quando falham intervenções
padrão

o terapeuta começa formulando uma conceituação,


que conecta logicamente os pensamentos
automáticos a crenças de nível mais profundo
o terapeuta deveria começar preenchendo um
Diagrama de Conceituação Cognitiva (Figura 10.1)
tão logo tenha reunido dados sobre os pensamentos
automáticos, emoções, comportamentos e/ou crenças
típicas do paciente

Esse diagrama retrata, entre outras coisas, o


relacionamento entre as crenças centrais, as crenças
intermediárias e os pensamentos automáticos atuais.

Ele provê um mapa cognitivo da psicopatologia do


paciente e ajuda-o a organizar a aglomeração de
dados apresentados.
“Se isso for verdade, então o quê?”
“O que há de tão ruim em -”
“Qual é a pior parte sobre -”
“O que isso significa sobre você?”
Técnica da Seta Descendente

 Identificando Crenças Centrais a Respeito do Self

Situação (do Registro do Pensamento)


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O que isso significa ou diz a meu respeito?



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O que isso significa ou diz a meu respeito?



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O que isso significa ou diz a meu respeito?



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O que isso significa ou diz a meu respeito?



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Técnica da Seta Descendente

 Identificando Crenças Centrais a Respeito dos Outros

Situação (do Registro do Pensamento)


_____________________________________
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O que isso significa ou diz a respeito das outras pessoas?



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O que isso significa ou diz a respeito das outras pessoas?



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O que isso significa ou diz a respeito das outras pessoas?



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O que isso significa ou diz a respeito das outras pessoas?



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Técnica da Seta Descendente

 Identificando Crenças Centrais a Respeito do Mundo

Situação (do Registro do Pensamento)


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_____________________________________

O que isso significa ou diz a respeito do mundo?



____________________________________

O que isso significa ou diz a respeito do mundo?



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O que isso significa ou diz a respeito do mundo?



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O que isso significa ou diz a respeito do mundo?



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Procurando pela expressão de uma crença em um
pensamento automático.
Provendo a oração condicional (“Se” / “ou”...) de uma
suposição e pedir ao paciente para completá-la.
Identificando diretamente uma regra.
Usando a técnica da flecha descendente.
Reconhecendo um tema comum entre os
pensamentos automáticos.
Perguntando ao paciente qual ele pensa ser a sua
crença.
Revisando o questionário de crenças do paciente.
Decidindo Quanto a Modificar uma Crença

• Qual é a crença?

• Quão fortemente o paciente acredita nela?

• Se é forte, quão amplamente ela afeta a sua vida?


Quão fortemente ela afeta sua vida?
Se é forte, eu deveria trabalhar sobre ela agora?
O paciente está pronto para trabalhar a seu respeito?
E provável que ele será capaz de avaliá-la com
suficiente objetividade neste momento?
Nós temos tempo suficiente na sessão de hoje para
começar a trabalhar sobre ela?
Ela se encaixa nos itens que restam no nosso roteiro
ou o paciente aceitaria adiar a discussão do nosso
item do roteiro para ganhar tempo e explorarmos essa
crença?
Educando os Pacientes Sobre as Crenças

enfatiza que
há uma extensão de crenças potenciais a serem
adotadas e que as crenças não são
inatas e sim aprendidas, podendo, então, ser
revisadas
Mudando Regras e Atitudes em Forma de
Suposições

T: Então, você acredita fortemente que deveria fazer


as coisas você mesma (regra) e que seria terrível
pedir ajuda (atitude).
T: O que significaria para você pedir ajuda, por
exemplo, com seu trabalho na faculdade, em vez de
fazê-lo você mesma?
P: Significa que eu sou incapaz.
T: Neste momento, quanto você acredita nesta idéia:
“Se eu peço ajuda eu sou incapaz?”
Examinando Vantagens e Desvantagens das
Crenças

É comum e útil para os pacientes examinar as


vantagens e as desvantagens de continuar a manter
uma determinada crença.
O terapeuta, então, luta para minimizar ou abalar as
vantagens ao enfatizar e reforçar as desvantagens
Formulando uma Nova Crença

A fim de decidir que estratégias


usar para modificar uma crença
determinada, o terapeuta formula
claramente para si qual seria uma
crença mais adaptativa

Ele pergunta a si mesmo:


“Que crença seria mais funcional
para o paciente?”
Algumas das estratégias utilizadas para modificar as
crenças são as mesmas que as usadas para modificar
os pensamentos automáticos, mas há também
algumas técnicas adicionais que incluem:

1. Questionamento socrático
2. Experimentos comportamentais
3. Continuum cognitivo
4. Role-play racional-emocional
5. Usar os outros como um ponto de referência
6. Dramatizar “como se”
7. Auto-revelação
Continuum Cognitivo para Modificar Crenças
Usando Outras Pessoas como um Ponto de
Referência para a Modificação de Crenças

Quando os pacientes consideram as crenças de


outras pessoas, frequentemente eles obtêm uma
distância psicológica das suas próprias crenças
disfuncionais e
Começam a ver uma inconsistência entre o que eles
acreditam que é verdadeiro ou certo para si mesmos e
o que eles mais objetivamente acreditam que é
verdadeiro a respeito de outras pessoas.
AS CRENÇAS CENTRAIS

são as idéias mais centrais da pessoa a respeito do


self,
e alguns autores referem-se a elas pela denominação
de esquemas.
Beck (1964) diferencia os dois conceitos sugerindo
que
os esquemas são estruturas cognitivas dentro do
pensamento,
cujo conteúdo específico são as crenças centrais.
as crenças centrais negativas essencialmente se
encaixam em duas categorias amplas:
as associadas a desamparo e as associadas ao
fato de não ser amado

Essas crenças se desenvolvem na infância à medida


que a criança interage com outras pessoas
significativas e encontra uma série de situações que
confirmem essa idéia
As crenças centrais negativas podem vir à tona
apenas durante momentos de aflição psicológica

Frequentemente, ao contrário dos pensamentos


automáticos, a crença central que os pacientes
“sabem” ser verdade sobre si mesmos
não é totalmente percebida até que o terapeuta
descasque as camadas,
Continuando a perguntar pelo sentido dos
pensamentos do paciente
os paciente também podem ter as crenças centrais
negativas sobre outras pessoas e seus mundos,
como, por exemplo,
“As outras pessoas não são confiáveis”;
“As outras pessoas vão magoar-me”;
“O mundo é um lugar corrompido.”
As crenças centrais negativas são
usualmente globais,
supergeneralizadas e
absolutistas
Quando uma crença central é
ativada, o paciente é facilmente
capaz de processar informações
que a apoiam,
mas ele frequentemente falha em
reconhecer e distorce as
informações que são contrárias
à crença central
Ao identificar e modificar as crenças centrais, o
terapeuta, no transcorrer da terapia, faz o seguinte:

1. Mentalmente levanta hipóteses de qual categoria


de crença central (“desamparo” ou “não-
amabilidade”) os pensamentos automáticos
específicos parecem ter surgido.

2. Especifica a crença central (para si mesmo )


usando as mesmas técnicas que usa para identificar
as crenças intermediárias do paciente.
3. Apresenta para o paciente sua hipótese sobre a(s)
crença(s) central(is), solicitando sua confirmação ou
não;
à medida que o paciente oferece dados adicionais
sobre situações atuais e de infância e suas reações a
elas,
O terapeuta refina a sua hipótese a respeito da crença
central.

4. Educa o paciente sobre crenças centrais em geral e


sobre sua crença central específica;
orienta o paciente no presente para monitorar a
operação da sua crença central.
5. Começa a avaliar e modificar a crença central com
o paciente; auxilia-o a especificar uma nova crença
central mais adaptativa;
examina a origem infantil da crença central, sua
manutenção ao longo dos anos e sua contribuição
para as dificuldades atuais do paciente;
continua a monitorar a ativação da crença central no
presente;
5. usa métodos “racionais” para reduzir a força da
antiga crença central e
para aumentar a força da nova crença central, usa
técnicas experienciais ou “emocionais” com afeto
intensificado
quando o paciente não mais acredita em uma crença
central “racional” ou “intelectualmente”, mas ainda
acredita nela de maneira “emocional”.
EDUCANDO O PACIENTE SOBRE AS CRENÇAS
CENTRAIS E MONITORANDO SUAS OPERAÇÕES

É importante para a paciente entender o seguinte


sobre sua crença central:

• Que isso é uma idéia, não necessariamente uma


verdade.
• Que ela pode, com convicção, acreditar nisso, até
mesmo “sentir” que é verdade e ainda assim que
ela seja, em grande parte ou inteiramente, não-
verdadeira.
• Que a crença central está enraizada em eventos
da infância e que pode ou não ter sido verdadeira
no momento em que a paciente imediatamente
veio a acreditar nela.
• Que a crença central continua a ser mantida através
da operação dos seus esquemas, nos quais o
paciente prontamente as reconhece em forma de
dados que a apoiam enquanto ignora ou reduz dados
em contrário.
• Que ela e o terapeuta, trabalhando juntos, podem
usar uma variedade de estratégias ao longo do tempo
para mudar essa idéia, de modo que a paciente possa
ver a si mesmo de uma forma mais realista.
MODIFICANDO AS CRENÇAS CENTRAIS E
FORTALECENDO AS NOVAS
Desenvolvendo Metáforas
Os terapeutas podem ajudar os pacientes a distanciar-
se de crenças centrais refletindo sobre uma situação
diferente.
Uma paciente acreditava que ela deveria ser má
porque, quando criança (e adulta), sua mãe a tratava
muito mal.
Foi útil para ela refletir sobre a estória de Cinderela,
na qual uma madrasta má trata uma criança bastante
mal
sem que a criança tenha cometido erros ou que
efetivamente tenha sido má
Testes Históricos da Crença Central

É frequentemente útil fazer o paciente examinar como


uma crença originou-se e foi mantida ao longo dos
anos (Young, 1990).

O terapeuta ajuda o paciente a buscar (e reestruturar)


as evidências que pareceram apoiar a crença central
a partir de uma idade precoce e também a revelar
evidências que a contradiziam
Reestruturando Memórias Antigas

Para muitos pacientes clínicos, as técnicas “racional”


ou “intelectual” que já foram apresentadas são
suficientes para modificar uma crença central.
Para outros, técnicas “emocionais” especiais ou
experienciais, nas quais o afeto do paciente é
estimulado, são também indicadas.
Uma dessas técnicas envolve role-play, reencenar um
evento para ajudar o paciente a reinterpretar uma
experiência traumática anterior.
Em suma, as crenças centrais requerem um trabalho
sistemático consistente.
Algumas técnicas, aplicáveis à reestruturação de
pensamentos automáticos e crenças
intermediárias, podem ser usadas em combinação
com técnicas mais especializadas orientadas
especificamente em direção a crenças centrais

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