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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental
Curso de Engenharia Ambiental

MECÂNICA DOS SÓLIDOS


MECÂNICA DOS SÓLIDOS

Professores: Carlos Antônio Taurino de Lucena


                     Orlando de Cavalcanti Villar Filho
MECÂNICA DOS SÓLIDOS Profs. Carlos Antônio Taurino de Lucena / Orlando Villar

CAPÍTULO III – VIGAS ISOSTÁTICAS


3.1 INTRODUÇÃO

Do ponto de vista de natureza geométrica, os elementos estruturais básicos podem ser


distinguidos em quatro grandes classes:

A primeira classe compreende os


elementos de volume, peças
contínuas, conhecidas como blocos,
em que as três dimensões no espaço
são da mesma ordem de grandeza,
vide Figura 1.1. Blocos, sapatas de
fundação, consolos, etc.
Figura 1.1 - Blocos - CORRÊA (1991)
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Bloco de coroamento de cabeça de estacas


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A segunda classe compreende os elementos de superfície, ou Folhas, em que uma das


dimensões, espessura, é bem menor que as outras duas que são da mesma ordem de grandeza,
ilustrados na Figura 1.2. A representação dos elementos de superfície se dá pela sua superfície
média e tais elementos se subdividem em placas, chapas e pilares parede (quando a superfície
média é plana) e cascas (quando a superfície média possui curvatura não nula). Lajes, paredes
de reservatórios, etc.

Figura 1.2 - Folhas – CORRÊA (1991)


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Exemplos de estruturas em forma de casca


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A terceira classe compreende os elementos lineares ou Barras, que possuem uma de suas
dimensões bem maior que as outras duas, por exemplo, o comprimento é igual ou maior que o triplo da
maior dimensão da seção transversal do elemento, que pode ser representado por seu eixo longitudinal
vide Figura 1.3. Normalmente tem seu comprimento limitado pelo centro de seus apoios ou por
interseção com o eixo longitudinal de outro elemento. Vigas e pilares

Figura 1.3 - Barras – CORRÊA (1991)


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A quarta classe são as Barras com seções de parede delgada, que compreende as peças em que
cada uma das três dimensões é de uma ordem de grandeza diferente das demais. Essas peças
possuem paredes de espessura bem menor que uma dimensão principal da seção transversal, que
por sua vez deve ser de ordem de grandeza inferior à dimensão longitudinal, como mostrado na
Figura 1.4. Perfis de aço, aplicados nas construções com estrutura metálica,

Figura 1.4 - Barras de parede delgada – CORRÊA (1991)


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3.2 Classificação das estruturas de barras


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3.3 VIGAS
Uma viga é um elemento estrutural linear, geralmente com eixo horizontal, com a função principal de
receber cargas verticais provenientes das lajes e transmiti-las aos pilares. Trabalham
preponderantemente à flexão.

3.3.1 Classificação das vigas

Isostáticas – São resolvidas com as equações da estática

Hiperestáticas – Não são resolvidas apenas com as


equações da estática. Envolvem mais que três incógnitas
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3.3.2 Tipos usuais de vigas isostáticas

Simplesmente apoiada ou bi Simplesmente apoiada ou Em balanço ou engastada


apoiada. l = vão da viga bi apoiada com balanço
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3.6 Força resultante e momento de 3.7 Força resultante e momento de


carga uniformemente distribuída carga uniformemente variável

  =   =c
𝐶 𝑅
 = = = ∑
  𝑀 𝐴 =𝑀 𝐴  = = =

 = = 2  = = 2  = =  = =
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3.8 ESFORÇOS INTERNOS

Esforços internos em S
Esforço Cortante V
Momento Fletor M

Equilíbrio da parte esquerda Equilíbrio da parte direita

Esforço cortante O valor numérico de V é igual à soma algébrica das forças, em sua direção, que
estão à esquerda da seção
O valor numérico de M é igual à soma algébrica dos momentos de todas as
Momento fletor
forças externas que estão à esquerda da seção
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EXEMPLO 3.1 Calcular os esforços internos na seção S, distante 3,0m do apoio A, da viga da figura.

Cálculo das reações

 
↑=0  + -20-20x1-10x1-10=0
 + =60
 
=0  
-20x5,5-20x1x4-10x1x2-10x0,5=0
 =35,83 kN  =24,17 kN
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Método prático para cálculo

Usando as forças à esquerda da seção

V = 35,83 - 20 – 20x1 = -4,17 kN

M = 35,83x3 - 20x2,5 - 20x1x1 = 37,49 kN.m

Usando as forças à direita da seção

V = -24,17 + 10 + 10x1 = -4,17 kN


M = 24,17x3 - 10x2,5 - 10x1x1 = 37,51 kN.m
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Leis de variação para esforço cortante e momento fletor ao longo do comprimento de uma barra reta

 =30 kN
 =15 kN

 Trecho AC (0 m)    

  - = -

  M - = -
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Leis de variação para esforço cortante e momento fletor ao longo do comprimento de uma barra reta

 Trecho CD (1,5 m)

  30 – 15 = 15
M30x
  – 15(x-1) = 15x + 15

  15 kN

 Trecho DE (2,5 m)

  30 – 15 -10 = 5
  M30x – 15(x-1) - 10 (x-2,5) =
  5 kN
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Leis de variação para esforço cortante e momento fletor ao longo do comprimento de uma barra reta

 Trecho EF (3,5 5,5m)


  30 – 15 -10 – 10()= -10x+40
M30x
  – 15(x-1) - 10 (x-2,5) –
= - + 40x - 21,25

 Trecho FG (5,5 m)

  30 – 15 -10 – 20 = -15
M30
  – 15(-1) - 10 (-2,5) –
(- 4,5) = -15+130
  40 kN.m
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Leis de variação para esforço cortante e momento fletor ao longo do comprimento de uma barra reta

 Trecho GB ( 7m)

  30 – 15 -10 – 10x2= -15


M  – 15 - 10 – =
- + 90

  15 kN.m

1) Num trecho descarregado, o esforço cortante é constante, enquanto o momento fletor é uma reta.
2) Num trecho com carga uniformemente distribuída, o esforço cortante é uma reta inclinada e o
momento fletor uma parábola do 2º grau.
3) Num trecho com carga triangular, o esforço cortante varia segundo uma parábola do 2º grau e o
momento fletor segundo uma parábola do 3º grau.
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Leis de variação para esforço cortante e momento fletor ao longo do comprimento de uma barra reta

4 Nas seções de carga transversal concentrada, o esforço cortante apresenta uma descontinuidade
igual ao valor desta carga.
5) Nas seções de carga momento aplicada, o momento fletor apresenta uma descontinuidade de
valor igual a essa carga momento.

3.9 RELAÇÃO ENTRE MOMENTO FLETOR E ESFORÇO CORTANTE


Viga AB bi apoiada
DCL de CC´ trecho de da viga AB
 = 0   x=0

   lim Δ 𝑉 =− lim 𝑤
Δ x →0 Δ 𝑥 Δx→0

A derivada da força cortante em um


ponto é igual ao valor da carga com o
sinal trocado
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 =0   =0  = M + =0

 lim Δ 𝑀 = lim Δ 𝑀 + 𝑤 Δ 𝑥 Δ𝑀 Δ𝑥
Δ x →0 Δ 𝑥 Δx →0 Δ𝑥 ( 2 )  lim 𝑉 = lim
Δ x →0 Δ x →0
( Δ𝑥
+𝑤
2 )  

A derivada da momento fletor é igual ao esforço cortante na mesma seção.

3.10 DIAGRAMAS DE MOMENTO FLETOR (DMF) E DE ESFORÇO CORTANTE (DEC)


valores obtidos nas seções de transição
Diagrama é a representação de carga
gráfica do esforço ao longo do lei de variação do esforço em cada
comprimento da estrutura trecho da estrutura.

seção de carga concentrada


seções de transição de carga carga momento aplicada
início e fim de carga distribuída
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Com o diagrama a obtenção do esforço numa seção qualquer,


Importância dos diagramas bem como do esforço máximo, é imediata. Numa viga de
concreto, o DMF também vem indicar a posição da armadura
necessária para resistir os esforços de tração.
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momento fletor positivo do lado inferior (fibra distendida).


momento fletor negativo do lado superior (fibra distendida)
Convenção para o traçado
Esforço cortante positivo do lado superior
Esforço cortante negativo do lado inferior
Exemplo 3.6 – Viga bi-apoiada com carga uniformemente distribuída

Reações de apoio

Expressões gerais

 Momento Fletor (

2
  𝑞𝑙
𝑀
  𝐴 =0 𝑀
  𝐵 =0 𝑀 𝑚á 𝑥 =
8
 Expressão função de
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  𝐴 = 𝑞𝑙 =𝑄 𝐵
𝑄
Reações de apoio 2

Expressões gerais
 Esforço cortante (

  𝐴 = 𝑞𝑙
𝑄   𝐵 =− 𝑞𝑙
𝑄
2 2

DEC
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 Processo gráfico para traçado da parábola do


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Exemplo 3.7 – Desenhar o DMF da viga mostrada

 
=0
6  R A −10 𝑥 6 𝑥 3+10 − 40=0 𝑅
  𝐴 =35 𝑘𝑁
↑=0
   R A + R 𝐵=60 𝑅  𝐵=25 𝑘𝑁
𝑀
  𝐴 =10 𝑘𝑁 . 𝑚 𝑀
  𝐵 =40 𝑘𝑁 .𝑚
𝑉 𝑉
  𝐵=− 25 𝑘𝑁
  𝐴 =35 𝑘𝑁

DEC
DMF
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Exemplo 3.9 Para a viga da figura:


a) Traçar os diagramas de esforços solicitantes
b) Determinar a seção em que ocorre o máximo momento fletor positivo e calcular o valor deste
momento fletor máximo

DEC DMF
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  𝑀 𝐷 =0 8  𝑅 𝐵 − 20 𝑥 4 𝑥 10− 20 𝑥 4 𝑥 2=0 𝑅
  𝐵=120 𝑘𝑁


  𝐹 𝑦 =0    𝑅 𝐷 =40 kN
𝑒 𝑑
𝑉
  𝐵=− 20 𝑥 4=− 80 𝑉
  𝐵=− 20 𝑥 4+ 120=40 𝑘𝑁  

 kN

 𝑀 𝐴 =0   𝐵 =−20 𝑥 4 𝑥 2=−160 𝑘𝑁 .𝑚 𝑀
𝑀   𝐶 =− 20 𝑥 4 𝑥 6+120 𝑥 4=0 𝑘𝑁 . 𝑚

 𝑥 = 4 − 𝑥  𝑥=2 𝑚
40 40

𝑀
  𝑚 á 𝑥 =40 𝑥 2 − 20 𝑥 2 𝑥 1

 𝑀 𝑚 á 𝑥 =80 𝑘𝑁 .𝑚

𝐷𝐸𝐶
 
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3.13 MOMENTO FLETOR E ESFORÇO CORTANTE MÁXIMOS ANALITICAMENTE

Conhecendo a relação entre Observando as leis de Traçando vários diagramas


MF e EC variação entre os esforços

O esforço cortante máximo numa viga ocorre numa das seções de apoio

Nos balanços, os momentos fletores são negativos e o máximo ocorre


nos apoios destes balanços
Nos vãos o momento fletor tende ser positivo, caso aconteça, seu
máximo ocorrerá na seção de força cortante nula ou numa seção de
transição de carga

Pela natureza do esforço cortante, Para o momento fletor, deve-se considerar o


seu valor máximo, a considerar, máximo positivo, traciona as fibras inferiores, e o
será o maior em módulo máximo negativo, traciona as fibras superiores.
Grande importância no caso de materiais frágeis
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1) Cinco forças atuam em um mesmo ponto, três delas


conhecidas e duas incógnitas. Determine a
intensidade e sentido das forças incógnitas, de
modo a manter o equilíbrio do ponto. As forças
inclinadas fazem um ângulo de 40 graus com a
horizontal. Utilize na sua solução os sentidos
inicialmente propostos na Figura abaixo.

3) Desenhar os diagramas de momento


fletor e esforço cortante para a viga da   Determinar F e de modo que a
2)
figura. Determinar analiticamente o valor resultante seja 10 kN vertical
do momento máximo.
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4) Determine a tração no cabo AB do 5) Uma força de 500 kN é aplicada em A, fazendo


sistema estrutural abaixo um ângulo de 30 graus com a horizontal. e outra
força de 200 kN é aplicada em B, como mostra a
Figura abaixo. Determine: a) o momento em D
causado por ambas as forças; b) desconsidere
agora qualquer força atuante no sistema. Que força
vertical deveria ser aplicada em E, de modo a
provocar o mesmo momento obtido no item a)? ; c)
ainda desconsiderando qualquer força atuante no
sistema, qual o menor valor da força aplicada em E
causaria esse mesmo momento obtido no item a?

6. Determine as reações de apoio na


estruturas plana isostática abaixo

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