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Ufcd 10379 – Intervenção

Socioeducativa

Formadora: Cláudia Costa


5. Os diferentes códigos
linguísticos

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Durante alguns anos o fracasso escolar das crianças das camadas mais baixas
foi alvo de diversos estudos e pesquisas que chegaram à seguinte conclusão: a
linguagem falada pelos estudantes da classe trabalhadora não era a mesma
linguagem utilizada pela escola. 3
5. Os diferentes códigos linguísticos

 O sociólogo Bernstein encontrou características gerais que, segundo ele,


opunham completamente a linguagem da classe trabalhadora e a
linguagem da classe média.

Daí deriva a teoria dos códigos linguísticos, o restrito e o elaborado.

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“ 5.1. Código elementar ou restrito

É uma forma de linguagem oral relativamente condensada, na qual


determinados significados são restritos e a possibilidade de elaboração
é reduzida.

 O código restrito não é o mesmo que variedade popular, gíria.
 Apresenta ainda as seguintes características:
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Sentenças curtas, gramaticalmente simples, quase sempre
incompletas, sintaticamente pobres e na voz ativa; aplicação
simples e repetitiva das conjunções (assim, então, porque);

Uso restrito de orações subordinadas;

Incapacidade para manter um assunto formal numa sequência oral,


facilitando o surgimento de um conteúdo informativo
desorganizado;

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Uso rígido e limitado de adjetivos e advérbios;

Ocorrência frequente de sequências e expressões


idiomáticas (provérbios, frases feitas);

Uso largo de linguagem não-verbal (gestos,


expressões faciais).

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“ 5.2. Código elaborado

É aquele no qual as possibilidades formais e a sintaxe são muito


menos previsíveis e as possibilidades formais de organização da
sentença são usadas para esclarecer o significado e torná-lo explícito.

 Apresenta, ainda, estes traços:

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Sentenças gramaticalmente complexas, com
ordem gramatical e sintaxe precisas;

Uso variado de conjunções e orações


subordinadas;
Uso frequente de preposições que indicam relações lógicas, bem
como de preposições que indicam contiguidade temporal e
espacial;

Uso variado de adjetivos e advérbios;

Uso variado de pronomes


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A tese de Bernstein é que o fator determinante para o desenvolvimento
dos códigos seria as formas diferentes de socialização que a
criança recebe no ambiente familiar, isto é, haveria formas de
socialização distintas nas famílias de classe média e nas famílias de classe
trabalhadora.

 Essas formas de socialização estariam diretamente relacionadas à


aquisição de ambos ou, de apenas um dos códigos.

Bernstein sustenta que os indivíduos de classe média dominam os dois


códigos, enquanto os indivíduos de classe trabalhadora dominam
apenas o código restrito.
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Nas suas reflexões, o autor salienta a importância do tipo de organização das famílias,
que, segundo ele, são basicamente de dois tipos: a família posicional e a família pessoal.
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Família Posicional
as regras e decisões estão centradas na posição que o
membro ocupa na família (pai, mãe, filho, avó, neto);

As diferenças individuais são fracas e baseiam-se na


autoridade;

Comunicação por meio do código restrito.

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As decisões e os julgamentos estão direcionados às

Família Pessoal
qualidades psíquicas da pessoa, independentemente da
posição que ocupa na família

Comunicação é aberta;

Predomina o código
elaborado.

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Crianças de famílias
Crianças da classe
da classe
média:
trabalhadora:
• Tipo de família • Tipo de família pessoal;
posicional; • São estimuladas a
• Não são estimuladas a verbalizarem as suas
verbalizar os seus subjetividades muito
sentimentos e cedo;
pensamentos; • Usando a linguagem para
• Aprendem, portanto, uma esclarecer e explicitar os
linguagem cujos significados e
significados ficam sentimentos.
implícitos e dependentes
do contexto em que a
comunicação é efetivada. 14
Os diferentes códigos linguísticos

 Em suma, o que vai influenciar decisivamente o


desenvolvimento de um dos códigos é o meio social, ou seja, as
formas de socialização que a criança recebe no seio familiar.

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6. Práticas Pedagógicas

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É hoje consensual que a escola deve
assumir uma perspectiva inclusiva!

 Deve, pois ter em consideração as características


singulares de cada aluno e tentar dar resposta às suas
necessidades.

 Neste sentido, a implementação do Decreto-lei n.º


54/2018 veio reforçar esta perspetiva.

 O mesmo defende princípios e valores inclusivos, através


da implementação de medidas de política educativa que
enquadrem a ação das escolas e comunidade educativa.
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Este decreto de lei abandona uma conceção mais restrita de medidas
de apoio apenas para alunos com “necessidades educativas
especiais”.

Assume ainda o pressuposto


de que qualquer aluno pode
Assume agora uma visão mais alargada, necessitar de medidas de
pensando na Escola como um todo. suporte à aprendizagem ao
longo do seu percurso
escolar.

Mobilização de
Não há outros recursos Reforço do papel
categorização de como: emprego; dos pais como
alunos; saúde; formação determinante!
profissional.
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“  O Decreto-lei n.º 54/2018 trouxe uma mudança de paradigma,
introduzindo uma nova abordagem nas práticas educativas e nas
diferentes respostas dadas aos alunos.

6.1. Abordagem Multinível



 A abordagem multinível é orientada para o sucesso de todos os alunos.

 Trata-se de uma abordagem centrada nas intervenções de caráter universal,


dirigidas a todos os alunos e da responsabilidade de todos os que intervém
no seu processo educativo.
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As medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão são organizadas em três
níveis de intervenção: universais, seletivas e adicionais.

Diferenciaçã
o
Medidas Universais Pedagógica,

Intervenção com
foco académico ou Acomodações
comportamental em curriculares;
pequenos grupos.

Promoção do
Enriqueciment
comportamento
o curricular;
pró social; 20
Medidas Seletivas Percursos
curriculares
diferenciados

Adaptações
Apoio curriculares
tutorial não
significativas

Antecipação e o Apoio
reforço das psicopedagógico
aprendizagens
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Frequência do
Medidas Adicionais ano de
escolaridade
por
disciplinas

Desenvolvimento de
Adaptações
competências de
curriculares
autonomia pessoal e
significativas
social

Desenvolvimento de Plano
metodologias e estratégias individual de
de ensino estruturado transição
22
Estes níveis variam em termos do tipo, intensidade e frequência das
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intervenções e são determinados em função da resposta dos/as alunos/as às
A mobilização das medidas de  A avaliação formativa assume assim
um papel muitíssimo importante.
diferente nível é decidida ao longo do
percurso escolar do aluno, em função A mesma irá fornecer evidências
relevantes acerca da eficácia das ações e
das suas necessidades educativas.
estratégias implementadas pela Escola,
bem como, dos progressos dos alunos.
Medidas de diferentes níveis podem
A definição de medidas de suporte à
ser aplicadas simultaneamente em
aprendizagem e à educação inclusiva é
caso de necessidade. realizada pelos docentes.
Mas…
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 …Conta com a colaboração dos pais ou encarregados de educação e
outros técnicos que intervém diretamente com o aluno.

 Desse modo, apela-se assim para a responsabilização de todos no


processo educativo e sucesso escolar do aluno.

Outra das mudanças introduzidas pelo Decreto-lei n.º 54/2018 é a criação


da equipa multidisciplinar de apoio à educação inclusiva.

Da equipa permanente fazem parte:


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Um docente que coadjuva com o diretor

Um docente de educação especial

Três membros do conselho pedagógico com funções de


coordenação pedagógica de diferentes níveis de ensino

Um psicólogo.

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Cabe a esta equipa, entre outras funções:

Propor as medidas de suporte à aprendizagem;

Acompanhar e monitorizar as mesmas;

Prestar aconselhamento aos docentes e orientá-los para


práticas pedagógicas inclusivas;

Elaborar os documentos definidos pelo decreto-lei.


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Com a mudança de paradigma introduzida pelo decreto- lei esbate-se a
categorização e a segregação dos alunos com maiores dificuldades
(anteriormente designadas por necessidades educativas especiais).

 Outro dos aspetos que merece alguma


reflexão é o facto de, com a
implementação deste diploma, o papel
A verdade é que todos os alunos do professor se tornar fulcral no
apresentam necessidades, sejam processo de aprendizagem do aluno.
elas mais ou menos marcadas.
Vai passar a privilegiar-se a sua
autonomia e o poder de decisão.

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