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A psicologia da educação e a

psicologia do ensino
Prof. Drª Sidneya Magaly Gaya
IFRS Campus Vacaria
Objetivos:

 estudar, explicar e compreender os processos de mudança comportamental que


se produzem nas pessoas como uma consequência da sua participação em
atividades educativas. O que confere uma entidade própria à psicologia do
ensino é a natureza e as características das atividades educativas que existem na
base dos processos de mudança comportamental estudados.
A psicologia do ensino

 designa a parcela da psicologia da educação que estuda os processos de


mudança produzidas nas pessoas como resultado da sua participação em
atividades educativas escolares.
 De um lado, há autores que entendem a psicologia da educação e a psicologia
do ensino como o resultado da seleção, entre o conjunto de princípios e de
explicações que as diferentes áreas ou especialidades da psicologia (psicologia
do desenvolvimento, da aprendizagem, social, da personalidade, das diferenças
individuais, etc.) proporcionam, dos que são particularmente relevantes e
pertinentes para a educação e para o ensino. Logicamente, nesse caso, a
psicologia da educação e a psicologia do ensino não constituem âmbitos
específicos de conhecimento, vindo a apresentar-se, mais adiante, como um
campo de aplicação da psicologia.
 Para outros autores, longe de se limitar a transferir à educação um
conhecimento psicológico já elaborado, a finalidade principal da psicologia da
educação e da psicologia do ensino consiste em gerar um conhecimento
específico sobre os processos educativos, utilizando como um instrumento de
indagação e de análise os princípios e as explicações da psicologia.
 Nesse caso, a psicologia da educação e a psicologia do ensino adquirem uma
posição epistemológica diferente e configuram-se como disciplinas específicas
com alguns objetivos, alguns conteúdos e alguns programas de pesquisa que
lhes são próprios. Embora as concepções próximas a ambos os extremos
permaneçam atuais, o desenvolvimento histórico da psicologia da educação e da
psicologia do ensino mostra uma tendência clara a um distanciamento
progressivo das proposições em prol de considerá-las como simples campos de
aplicação da psicologia, sem que se possa afirmar, não obstante, que tenham
conseguido um consenso suficientemente amplo em relação aos critérios que
devem presidir as relações entre o conhecimento psicológico e a teoria e a
prática educativas; ou, dito de outra forma, em relação ao lugar que a psicologia
da educação e a psicologia do ensino ocupam no conjunto de disciplinas
psicológicas e educativas.
Origens e evolução da psicologia da educação e da psicologia do ensino
 A explicação aristotélica ... ... adaptada ao cristianismo pelos pensadores
medievais é objeto de novos desenvolvimentos feitos por alguns dos mais
importantes pensadores dos séculos XVI e XVII: Bacon, Descartes e, sobretudo,
John Locke.
 O ponto de partida dessa teoria é que o conhecimento consiste na pesquisa da
verdade mediante a compreensão dos nexos existentes entre os
acontecimentos temporais.
 A correspondência entre pensamento e realidade como fonte e origem de todo
conhecimento encontra-se já em Platão, que postula a existência de algumas
idéias inatas às quais se pode chegar mediante um processo denominado
noesis. Aristóteles, por outro lado, afirma, em De memoria et reminiscentia, que
o conhecimento tem origem nas evidências proporcionadas pelos sentidos.
 Nessa mesma obra, Aristóteles trata da aprendizagem, das leis de associação,
da memória e da influência da experiência sobre o ato de conhecer e identifica
as funções cognitivas – sensação, memória, imaginação, etc. – como um
dynamis, termo grego equivalente ao latino facultas, que significa “poder para
fazer alguma coisa”.
 John Locke, na sua obra Essay concerning human understanding, publicada em
1690, atualiza e amplia a idéia aristotélica segundo a qual as sensações são a
fonte de todo o conhecimento. Durante o século XVIII, a teoria é objeto de
novas formulações e controvérsias, até que, ao final daquele século, chega-se a
um certo acordo a respeito do tipo de faculdades ou de “poderes para fazer
alguma coisa” que configuram o psiquismo humano: a inteligência, as emoções
e a vontade.
 Em resumo, como destaca Bowen (1979, p. 308), “a mente considera-se
separada da realidade e alcança o conhecimento quando as suas faculdades
inatas, o seu poder criativo de síntese ou a sua capacidade de integração
podem reunir os dados do mundo externo recebidos pelos sentidos em um
mapa mental que corresponde a essa realidade exterior”.
 A explicação do psiquismo como faculdades tem, logicamente, a sua correlação
em uma teoria educativa que, dentre as suas idéias essenciais, possui as
seguintes:
 a) Em primeiro lugar, postula-se que a realidade pode ser reduzida a algumas
estruturas essenciais identificáveis com a observação dessa realidade. Essas
estruturas, que constituem o conhecimento verdadeiro da realidade, podem ser
descritas com uma linguagem simbólica, a qual pode adotar diversas formas
(discurso lingüístico, equações matemáticas, fórmulas químicas, etc.). A tarefa
dos alunos, cujo psiquismo se caracteriza pela faculdade de manipular símbolos
e operar adequadamente com tais símbolos, consiste, precisamente, em
aprender essas representações simbólicas que descrevem as estruturas da
realidade.
 b) Em segundo lugar, os alunos diferem significativamente entre si, o que
explica, em boa medida, a sua diferença de rendimento na aprendizagem.
 c) Em terceiro lugar, e como uma conseqüência dos pontos anteriores, o
currículo está formado por um conjunto de “representações simbólicas da
realidade”, organizadas e ordenadas logicamente para facilitar que os
estudantes apreendam essas representações.
 d) Finalmente, a teoria das faculdades proporciona uma justificativa ao método
da disciplina formal: a finalidade principal do ensino deve ser a de exercitar as
faculdades dos alunos, o que conduz a selecionar e priorizar os conteúdos que
supostamente podem contribuir, em grande medida, para desenvolver a
atenção, a concentração, o raciocínio, a memória, etc., ou quaisquer outras
faculdades que se queira exercitar nos alunos.

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