Você está na página 1de 12

RETÓRICA

E
P E R S UA S Ã O

UCP.CRP.FD – 2020/21
Semestre de outono
B I B L I O G R A F I A : Ana Pereira de Andrade
S O U S A , A m é r i c o d e , A P e r s u a s ã o .
C o v i l h ã , U n i v e r s i d a d e d a B e i r a I n t e r i o r, 2 0 0 1
e E d i t o r i a l N ó r d i c a , B r a s i l 2 0 0 3
PENSAR
“(...) Não basta por isso falar fluentemente, colocar bem as palavras, fazer
um discurso que emocione e cative o auditório.
Mais do que construir frases de grande efeito, mais do que dominar as
técnicas do dizer, é preciso saber pensar, articular as razões ou os
argumentos, perceber as eventuais objeções, decidir sobre a sua
pertinência, acolhê-las ou rejeitá-las, segundo se mostrem ou não
passíveis de enriquecerem as respetivas propostas.
E acima de tudo, é necessário ter sempre presente que o falar só faz sentido
se for a expressão de um raciocinar. É esta competência argumentativa
que se assume como requisito da retórica a um tempo eficaz, racional e
livre.”
ESTILOS DE PENSAMENTO

ESTILOS DE PENSAMENTO

NÃO CRÍTICO CRÍTICO


The Grinch | O desmancha-prazeres - The Explorer | O explorador
The Dilettante | O diletante - The Student | O estudioso
The Snob | O snob - The Warrior | O guerreiro
The Emoter | O emotivo - The Navigator | O navegador
The Leech | O sanguessuga - The Detective | O detetive

In FELDMAN, Daniel A. – Critical Thinking: Make Strategic Decisions With Confidence.


CRISP Fifty-Minutes Series, 2009, Axzo Press [Tradução e adaptação por Ana Andrade]
ESTILOS DE PENSAMENTO NÃO CRÍTICO

ESTILOS CARACTERÍSTICAS
O desmancha-prazeres • Possui uma mente fechada (face a outras posições)
(the grinch) • É desconfiado (de tudo quanto é diferente do que pensa)
• É extremamente teimoso e rígido (dificuldade em mudar de opinião)

O diletante • É muito recetivo (a todas as posições) mas vago (no que afirma)
(the dilettante) • Recusa qualquer tipo de disciplina e distrai-se com muita facilidade

O snob • É sobranceiro (as suas posições são definitivamente as melhores)


(the snob) • É arrogante e egoísta
• Confia excessivamente nas suas conclusões

O emotivo • Balança entre crenças diversas, de acordo com o estado de espírito


(the emoter) • Reage (apenas) emocionalmente, inventa desculpas
• Jamais identifica pré-conceitos e nunca examina detalhadamente argumentos

O sanguessuga • Cola o seu pensamento ao de outrem, limitando-se a repeti-lo


(the leech) • Aceita acriticamente informação e evita problemas que considera complicados
•É preguiçoso, passivo e dependente

In FELDMAN, Daniel A. – Critical Thinking: Make Strategic Decisions With Confidence.


CRISP Fifty-Minutes Series, 2009, Axzo Press [Tradução e adaptação por Ana Andrade]
ESTILOS DE PENSAMENTO CRÍTICO

ESTILOS CARACTERÍSTICAS
O explorador • Olha sempre para todos os prismas de um problema ou questão
(the explorer) • Identifica o cerne das situações a resolver
• É curioso e procura sempre alternativas, novos desenvolvimentos

O estudioso •É diligente e faz “trabalho de casa” e corrige os erros que comete


(the student) • Pesquisa novas soluções para os problemas

O guerreiro • É perseverante e tem gosto por novos desafios, que aceita com facilidade
(the warrior) • Gosta de enfrentar problemas complexos

O navegador • Tende a guiar os outros


(the navigator) • Olha em frente e esboça planos de ação

O detetive • Questiona as suas próprias ações e pensamentos


(the detective) • Tolera a ambiguidade
• Busca incansavelmente os elementos menos imediatos

In FELDMAN, Daniel A. – Critical Thinking: Make Strategic Decisions With Confidence.


CRISP Fifty-Minutes Series, 2009, Axzo Press [Tradução e adaptação por Ana Andrade]
FALAR
A situação retórica será, pois apenas mais uma, de entre
tantas outras situações de vida em que os homens surgem
no confronto de ideias, crenças, valores, opiniões e
interesses, à procura de “um certo equilíbrio entre
conflito e colaboração” nas relações que mantêm entre si.
Para ilustrar a distinção, recorramos a uma figura
relativamente simples de relações humanas, a
conversação, descrevendo o processo que, regra geral, a
caracteriza: “um parceiro fala; o outro replica. O
primeiro responde; o outro replica novamente.
(…)
FALAR
(…)

Se observarmos não só o enunciado isolado como também a


réplica ao mesmo, e todo o diálogo no seu curso como um
todo (...) [comprovaremos que] os pensamentos tanto de
um falante como do outro podem mudar no decurso da
conversa”.
Ora a retórica contém em si a chave compreensiva desse
fenómeno de interinfluências em que, basicamente, se
funda toda a conversação, no decurso da qual, em cada um
dos participantes, se formam pensamentos que neles não
existiam antes ou se desenvolvem outros que já existiam,
mas numa formulação diferente.”
ARGUMENTAR
A argumentação corresponde a um encadear de argumentos
intimamente solidários entre si, com o fim de mostrar a
plausibilidade das conclusões.
Se uma das premissas do raciocínio argumentativo for contestada,
quebra-se essa cadeia de solidariedade, independentemente do
valor intrínseco da tese apresentada pelo orador.
É que uma coisa é a verdade da tese, outra é a adesão que ela
suscita, pois "mesmo que a tese fosse verdadeira, supô-la
admitida, quando é controversa, constitui uma petição de
princípio característica”. E porque a adesão pressupõe consenso,
o orador deve recorrer aos possíveis objetos de acordo para neles
fixar o ponto de partida da sua argumentação.
PERSUADIR
Persuadir (do lat. persuadere) significa convencer, levar
alguém a crer, a aceitar ou decidir (fazer algo), sem
que daí decorra, necessariamente, uma intenção de
o iludir ou prejudicar, tão pouco a de desvalorizar a
sua aptidão cognitiva e acional. Pelo contrário, o ato
de persuadir pressupõe um destinatário que
compreenda e saiba avaliar os respetivos argumentos,
o que implica reconhecer o seu valor como pessoa,
como centro das suas próprias decisões.
(…)
PERSUADIR
(…)
Não subscrevemos, assim, a afirmação de que “o discurso persuasivo
parte sempre, em primeira mão, de uma desqualificação mais ou
menos assumida das capacidades e dos propósitos do outro”. Porque
na “interação a dois”, a persuasão não tem que significar a
desqualificação do persuadido mas sim um confronto de opiniões,
onde os argumentos ou razões invocadas tanto podem merecer
acolhimento como serem liminarmente refutados.
Como em tantas outras situações comunicacionais, a manipulação pode
instalar-se nos discursos persuasivos. Condenar, porém, a persuasão
em abstrato, seria um juízo a priori muito semelhante ao de admitir
uma ilicitude sem ilícito.
CONVENCER
É conhecida a distinção clássica entre convencimento e persuasão, no
âmbito da qual se concebem os meios de convencer como racionais,
logo, dirigidos ao entendimento e os meios de persuasão como
irracionais, atuando diretamente sobre a vontade.
A persuasão seria pois a consequência natural de uma ação sobre a
vontade (irracional) e o convencimento, o resultado ou efeito do ato
de convencer (racional).
Contudo, como lembra Perelman, “aquele que argumenta não se dirige ao
que consideramos como faculdades, como a razão, as emoções, a
vontade. O orador dirige-se ao homem todo...”. Daí que a distinção
entre persuasão e convencimento, quando centrada nos índices de
confiabilidade e validação inerentes ao par racional/irracional, pareça
nada poder vir a acrescentar à compreensão do ato retórico.
CONCEITOS A QUE REGRESSAREMOS:

ACORDOS PRÉVIOS
AUDITÓRIO
PERSUASÃO
MANIPULAÇÃO
ARGUMENTO
DISCURSO
(CONTRA-)ARGUMENTAÇÃO
C. PERELMAN

Você também pode gostar