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Terapia

Racional
Emotiva
Prof. Dr..: André Barcaui e Profa. Dra.
Mônica Portella

Coordenação:
Profa. Dra. Mônica Portella

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Agenda
• Introdução

• Fundamentos da T.R.E.

• Pensamentos Irracionais

• Técnicas Cognitivas

• Técnicas
Emocionais/Experimentais
• Técnicas comportamentais

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Albert Ellis
(1913 – 2007)

• Inicialmente especializado em terapia de


casais e sexo
• Pai comerciante, viajava muito e mãe
distante (bipolar). Tomava conta dos outros
2 irmãos
• Jovem tímido
• Autor de 75 livros:
o Sexo sem culpa (1958)
o O folclore do sexo (1951)
o The American Sexual Tragedy (1954)
o Homossexualidade: suas causas e curas (1965)
o Manual of Rational-Emotive Therapy (1977)
o Overcoming Resistance: rational-emotive with difficult
clients (1985)
o Albert Ellis site: http://www.albertellis.info/

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Objetivos da TRE

“Ajudar o cliente na identificação de seus


pensamentos “irracionais" ou disfuncionais e
ajudar-lhe a substituir tais pensamentos por outros
mais racionais” ou efetivos, que lhe permitam
conseguir, com maior eficácia, metas de tipo pessoal
como ser feliz, estabelecer relações com outras
pessoas, etc.”

LEGA, L. in CABALLO, V., 2007, p.425

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Origem das
Crenças Irracionais
• Assume-se que todos as pessoas demonstram alguma
disfunção, em graus diferenciados

• Fatores que influenciam no pensamento irracional e


emoções negativas:
o Genética
o Primeiras experiência de vida
o Contingências do ambiente e aprendizagem social

• Não é imprescindível entender a origem e as causas de


um fenômeno (interpretações dos acontecimentos)

• Desmistificação e questionamento das maneiras habituais


de interpretar a realidade

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Considerações
• A ideia de ter escolha sobre seu sentimento não é comum a todo cliente,
bem como a ideia da responsabilidade por suas reações

• Crenças Irracionais para TRE são formadas por aquelas que não estão
de acordo com a lógica e ao método empírico-analítico, além de não
serem funcionais para o indivíduo (autodestrutivas).

• 3 principais CIs segundo A.Ellis (2005, p.32):


1. Existe uma extrema necessidade para qualquer ser humano
adulto ser amado ou aprovado virtualmente por qualquer
outra pessoa significativa em sua comunidade;
2. Deve-se ser inteiramente competente, adequado e realizado
em todos os aspectos possíveis para se considerar dotado de
valor;
3. É terrível e catastrófico quando as coisas não são do jeito
que a gente gostaria que fossem. 6
Dicotomias

• “Posições na vida”: cognições mais básicas que


condicionam valores e hábitos interpretativos

• As posições da vida são dicotômicas e as pessoas


tendem a se posicionar em um dos pólos:

• Exigência x Preferência: aceitar limitações e desfrutar o que


pode ser desfrutado
• “Eu” como objeto (“sou um...”, es un...”) x “eu” como
contexto potencial
• Vontade Imediata x Hedonismo responsável
• Determinismo x Efeito causador

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A Teoria A-B-C

B
A
Belief
Adversidade
(crença)

C
Consequência

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Ponto Axial de Intervenção
Crenças podem ser racionais ou irracionais.
As crenças racionais (CR) são flexíveis,
adaptativas, consistentes com a realidade
social e nos ajuda a atingir nossas metas.
Crenças irracionais (CI) são rígidas,
dogmáticas, inconsistentes com a realidade
social e geralmente atrapalham o atingimento
das metas.

Trabalhar as CIs que estão representados na forma de atitudes


irracionais e que se associam a conclusões falsas, com base em um
ou mais erros cognitivos.

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Exemplo do modelo A-B-C

A = Adversidade
Sua melhor amiga não responde a seus telefonemas.

B = Crença
“Ela está chateada comigo. Não quer mais ser minha amiga”.

C = Consequência
Fica chateada, triste e paralisada o dia todo.

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Reinterpretação do Modelo A-
B-C
A = Adversidade
Sua melhor amiga não responde a seus telefonemas.

B = Crença
“O celular dela deve estar maluco. Assim que ela receber o recado vai me
ligar”.

C = Consequência
Não se aborrece e continua suas atividades normalmente.

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ABSTRAÇÃO Mudando Crenças

CONTESTAÇÃO
CRENÇAS
PROCURAR CONTESTADAS
ABSTRAIR E
COM ÊXITO
PENSAR EM
OUTRA COISA. DIFICILMENTE
REINCIDIRÃO.

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Técnicas Cognitivas
• DEBATE
• FUNCIONAL: avaliar a crença irracional, comportamento ou emoção que está
levando o cliente distante de onde ele deseja chegar na vida.
• EMPÍRICO: “Quais são as evidências?”; “Onde está escrito?”, “Onde estão as
provas?”
• LÓGICO: só porque o cliente quer que alguma coisa aconteça de certa maneira, não
significa que vai ocorrer dessa maneira. Onde está a lógica de que “X” vem depois de
“Y” ?
• FILOSÓFICO: abordar outras áreas da vida do paciente que não estejam
problemáticas, um teste de realidade

• CARTÕES DE ENFRENTAMENTO

• TÉCNICA “PARA!”

• MARCAR PARA “MAIS TARDE”


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Debatendo as Crenças
Irracionais(Passo 1)
Evidências Alternativas Decatastrofização Utilidade

• Procurar evidências que sustentem a convicção.


• A forma mais convincente de contestar uma convicção negativa é
demonstrar que é factualmente incorreta.
• Quais são as provas que sustentam essa suposição?
• Terapeuta deve listar pontos que contradizem a crença com o
paciente.
• Paciente fecha os olhos e vivencia as evidências contrárias.

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Debatendo as Crenças Irracionais
(Passo 2)
Evidências Alternativas Decatastrofização Utilidade

• Consiste em procurar alternativas para a adversidade.


• Objetivo é desfazer o hábito destrutivo, aperfeiçoando a
capacidade de criar alternativas.
• Existe uma maneira menos destrutiva de ver a situação?
• Foco do trabalho em possíveis causas: modificáveis, específicas
e impessoais.
• Paciente fecha os olhos e vivencia as alternativas.

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Debatendo as Crenças Irracionais
(Passo 3)
Evidências Alternativas Decatastrofização Utilidade

• Usada quando a convicção negativa estiver correta.


• Consiste em examinar as implicações realistas da
situação, sem catastrofizar.
• As implicações negativas são realistas?
• Se algo negativo ocorrer como vou lidar com isso?
• Pode ser feita com ou sem o uso do humor.
• 80% dos clientes apresentam melhora até este passo.

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Debatendo as Crenças Irracionais
(Passo 4)
Evidências Alternativas Decatastrofização Utilidade

• Consiste em procurar a utilidade da convicção.


• Se a mesma não for útil, trabalhar a mudança comportamental e cognitiva
da convicção.
• As vezes a convicção negativa é verdadeira, mas não é útil e mantém um
comportamento disfuncional.

• Ex.: “sou gulosa”  convicção verdadeira que mantém o comportamento


de comer. Como mudar a situação? O que fazer para mudar?
• Procurar alternativas para lidar com a situação ou usar o “PARA!”.

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Técnica “PARA!”
• Na percepção do pensamento automático
negativista (erro cognitivo), dizer: “PARA!”
(parada de pensamento)

• Mudar o foco da atenção (distração): sair do


ambiente em que está , fazer uma outra coisa ou
pensar em algo agradável

• Descrever detalhes do ambiente para si mesmo ou alguém do seu lado, e


ou até mesmo com imaginação e bom humor

• Se conjugar a interrupção do pensamento com um estímulo físico (puxar


um elástico, falar a palavra pare, bater uma palma etc.) o resultado é
melhor e duradouro.
* Portella, M, 2010, p.30-31.
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Marcando para
“mais tarde”
• Quando o pensamento da adversidade
aparecer marque uma hora “mais tarde”
para refletir sobre a situação. Depois
disso, se o pensamento reaparecer: “
Pensarei sobre isso mais tarde...a tal
hora.”

• Também pode escrever os pensamentos


perturbadores no instante em que eles
ocorrerem. A combinação de passá-los para o
papel e fixar uma hora para pensar neles
mais tarde funciona cortando as ruminações.

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Técnicas
Emocionais/Experimentais
• IMAGENS RACIONAIS-EMOTIVAS (IRE)
• Fechar os olhos e se imaginar na situação problemática que teve que enfrentar
• Pedir para nomear seus sentimentos desconfortantes: raiva, agonia, etc.
• Pedir para alterar esses sentimentos para outras emoções negativas, porém mais razoáveis, mais
adaptáveis (incomodado e não com raiva, por exemplo)
• Primeira pergunta do Terapeuta após o exercício: “como você se sentiu ao final da
experiência?”
• Praticar 30 dias, todos os dias

• ROLE PLAY

• HUMOR

• EXTERIORIZAÇÃO DE VOZES

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Exteriorização de Vozes

• Peça a um amigo que externe suas crenças


negativas

• Conteste as crenças que ele exteriorizar em


voz alta.

(utilizando provas contrárias, explicações alternativas,


descatatrosfizando, e vendo a utilidade da crença)

• O amigo pode interromer para contestar suas contestações. Replique.


• Reserve cerca de 20 min para o exercício.

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Técnicas Comportamentais
• EXERCÍCIOS DE EXPOSIÇÃO A VERGONHA (Shame Attacking)

• TAREFAS DE CASA PARADOXAIS

• EXPOSIÇÕES
• Gradual
• Ao vivo
• In vitro
• Inundação

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A-B-C (D-E) *

A B C D
Acontecimento Ativante Crenças Irracionais sobre Consequência Debate das Idéias
a experiência emocional/comportament Irracionais
Uma amiga conta para al
outra que vai sair com “Eu devo ser uma “Onde está a evidência de
outro homem e, portanto, porcaria de pessoa que em função do fim do
quer terminar o mesmo” Depressão relacionamento, eu sou
relacionamento “Eu nunca mais vou achar uma porcaria, ou nunca
uma mulher como ela” vou ser capaz de arrumar
“Ela não me quer, logo, outra pessoa? “
ninguém mais vai me
querer” “Porque o fim deste
Hostilidade relacionamento me faria
uma pessoa pior ou ela
uma pessoa pior?”

E
Nova Consequência Emocional ou Efeito

TRISTEZA: “ok, nós tivemos um feliz relacionamento e estou triste


de ter terminado, MAS também tinha seus problemas e agora posso
partir para um novo” ou
INCÔMODO: “É incômodo que ela esteja vendo outra pessoa, mas
não intolerável ou tão horrível”

* Adaptado de Ellis, 2005, p/41.


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Entender CIs x
Mudanças Comportamentais
• Uma coisa é a compreensão intelectual das CIs, outra coisa é muda-las
ão.
de fato. ducaç
• O fato das CIs terem sido originadas pela própria pessoa, aumenta sua
Psicoe
força de verdade indiscutível. a.
quênci
ABC.
Conse
diário

1.
e
um
Crença
Fazer
.idade,
cliente
Advers
do
entre
vida

2.
o
na
relaçã
mente
ar a
diaria
• Verific
m
opera
24 ´s
os ABC
TRE em Grupo
• DR.RACIONAL: cada pessoa do grupo escreve uma
pequena carta sobre um de seus problemas. Distribui-se as
cartas, que são respondidas por escrito, por outra pessoa, com
base no pensamento racional.

• “POSITIVE TALK”: cada membro do grupo deve falar


positivamente sobre si mesmo por 2 minutos inteiros (se
modificar ou desqualificar a si mesmo, paga mais 30s).

• DEBATE ANÔNIMO: as pessoas passam CIs em um pedaço de papel para um líder. O


líder lê em voz alta e o grupo tenta debater. A regra é que se você concorda com a CI, deve
permanecer calado.

• APRENDENDO COM OS ERROS: pensar em uma situação que não lidou


habilmente. Fechar os olhos e relembrar os sentimentos da ocasião. Abrir os olhos e anota-los no
papel, compartilhando com o grupo. Deixar que os demais ajudem na identificação de CIs. O que
seria ideal que tivesse acontecido na ocasião? Desenvolver uma lista de CRs que se ajustariam ao
momento vivido.

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Razões de Dificuldade no
Trabalho Terapêutico
• Propensão biológica ao(s) distúrbio(s)

• Baixa tolerância a frustração, não suportando o tempo


e o esforço necessários a mudança

• Podem entender a melhoria como “perigosa”, já os


tira da posição confortável de não tomar riscos

• Podem estar mais interessados na aprovação e


manutenção do carinho terapêutico

• Podem ser hostis com outros, que os empurram em


direção a mudança

• Podem não concordar com o tipo de terapia


desenvolvido * ELLIS, A. 2005, p.44.
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Dificuldades do Terapeuta
• Não saber identificar ou manejar os esforços mal-
sucedidos do cliente ao fazer as tarefas de casa

• Adotar uma atitude muito filosófica e pouco


compreensível

• Passar de um problema a outro sem solucionar o


anterior

• Não ser o suficientemente repetitivo e persistente

• Não ajudar o cliente a aceitar que os sentimentos


negativos de incômodo são uma parte implícita da
mudança de atitude

* DRYDEN, N. 1999, p.128.

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